Resolução da FTG 17 (27603)

Propaganda
Ficha de trabalho de grupo 17 – A Cognição: A Emoção e a Hipótese
do Marcador Somático
Carmen Guilherme, Liliana Bonito, Marta Palma, Natércia Rodrigues, Miguel
Castilho, 12ºA
1- De acordo com Paul Fraisse e Jean-Piaget, as situações que podem
desencadear reações emocionais são de três tipos: novas, insólitas e
inesperadas. Em qualquer uma destas, o organismo não está preparado
para enfrentá-las. A urgência da resposta que estas situações exigem faz
com se desencadeiem reações emocionais. Estas são imediatas,
espontâneas ou automáticas/mecânicas: fugir ou lutar é uma resposta
automática perante uma situação perigosa que suscitou a emoção de
medo num sujeito. As respostas racionais, eventualmente mais
elaboradas e adequadas são colocadas em segundo plano, pois são mais
lentas. As respostas emocionais são rápidas, pois é a urgência das
circunstâncias que assim o exige.
2- Os afetos são fenómenos psicológicos que nos permitem apreciar os mais
diversos aspetos da realidade em termos de agradável ou desagradável,
pelo que determinam o desejo de nos aproximarmos ou de os evitarmos.
Os afetos estão ligados às vivências emocionais das pessoas e aos seus
sentimentos. O afeto traduz uma sensação subjetiva e imediata (positiva
ou negativa) que cada pessoa experimenta em relação a outras pessoas,
objetos
e
situações.
Os
afetos
regulam
e
orientam
o
nosso
comportamento. Por exemplo, há objetos que têm um valor significativo
para cada pessoa, e há relutância em desfazermo-nos deles em virtude da
carga afetiva que representam. Um relógio pode estar completamente
estragado, todavia, uma pessoa decide conservá-lo porque foi uma oferta
dos seus pais quando concluiu a escola primária. Os afetos são também
predisposições para as relações com outras pessoas: tendemos a sentir
maior atração por certas pessoas do que por outras – há pessoas pelas
1
quais nutrimos maior simpatia e outras que nos despertam uma
profunda antipatia.
Uma emoção é uma reação curta e intensa do organismo em relação a
um acontecimento inesperado, a qual é acompanhada de uma tonalidade
afetiva agradável ou desagradável. Uma emoção é um processo de
resposta transitório, brusco e agudo, desencadeado por uma perceção
(externa
ou
acompanhada
interna),
de
ou
alterações
representação
somáticas
(real
ou
imaginária),
(glandulares,
musculares,
respiratórias e vasomotoras). Exemplos de emoções são a ira, o medo, a
surpresa, a tristeza, a alegria, o desprezo, entre muitas outras. As
emoções têm um valor adaptativo, comunicacional, social e cultural:
estão presentes em toda a vida psicológica das pessoas e, sobretudo,
influenciam a nossa capacidade de planear e tomar decisões.
3- Segundo o neurocientista António Damásio, as emoções são de natureza
fisiológica, enquanto os sentimentos são de natureza racional, implicam
atos de cognição consciente. As emoções dizem respeito a um conjunto
de alterações com que o corpo responde de modo imediato e automático
a uma situação inesperada do meio ambiente. Os sentimentos respeitam
à tomada de consciência, ou experiência racional, do que se passa no
organismo quando estamos a viver estados emocionais.
4- As emoções básicas são as mais próximas dos impulsos naturais do
homem, possuem uma base inata, por conseguinte, são comandadas pelo
hipotálamo e pela secção simpática do sistema nervoso autónomo, sem
que interfira qualquer esforço de racionalização, ou de deliberação
racional consciente. Atualmente reconhece-se que as duas estruturas
mais importantes, mas não as únicas, para a emoção são a amígdala e o
chamado córtex orbito frontal (a região do córtex pré-frontal ligada ao
sistema límbico). Admite-se atualmente que as emoções utilizam
circuitos neuronais que ultrapassam largamente o sistema límbico, ou
2
“cérebro das emoções”. As emoções básicas são designadas também por
“emoções puramente cerebrais”, de forma a distingui-las de sentimentos.
Na investigação científica das emoções básicas, os psicólogos fixaram
pelo menos dois critérios: 1 – a época em que se manifestam no ser
humano (a fase de desenvolvimento), pois as emoções básicas são as que
surgem cedo, antes que a aprendizagem social se faça notar. 2 – O
número de pessoas em que se manifestam. As emoções básicas são as
que aparecem na generalidade das pessoas, independentemente da
cultura a que pertencem. O trabalho de Charles Darwin (1872, A
Expressão da Emoção no Homem e nos Animais) foi pioneiro neste
último critério: concluiu que há um conjunto de emoções básicas ou
universais que se manifestam em diferentes povos de diferentes culturas.
Mais recentemente, o psicólogo Paul Ekman, nos finais da década de 60,
confirmou a hipótese de Darwin – há emoções universais, independentes
dos processos de aprendizagem e da cultura onde se observam (por
exemplo, a cólera, a alegria, o medo, a surpresa, a tristeza e o desgosto).
Há crianças com cegueira congénita que apresentam as mesmas
expressões emocionais das crianças que veem. Os bebés apresentam
desde muito cedo uma série de expressões emocionais faciais muito
semelhantes às dos adultos. Estas evidências parecem confirmar um
património comum emocional e a sua expressão facial. Refira-se
igualmente que a expressão emocional é uma questão de género: as
mulheres conseguem exprimir melhor, com mais facilidade, as emoções
– e percebem melhor as emoções expressas nas outras pessoas. Um bom
exemplo disso é o facto de as mulheres sorrirem e vocalizar antes dos
homens. O sorriso, nos homens, é mais racionalizado e intencional:
expressa o desejo de domínio, é instrumento de exibição e de afirmação
de domínio. O sorriso nas mulheres é mais sentimental e espontâneo,
salientando a necessidade de afeto e ternura.
3
5- As emoções secundárias são constructos mentais, derivam das emoções
básicas ou primárias. Segundo o investigador Robert Plutchik, as
emoções secundárias distinguem-se das emoções básicas pelo grau de
intensidade. Por exemplo, o medo é uma emoção básica. Com menor
intensidade, o medo torna-se em timidez, e, com maior intensidade,
torna-se terror ou pânico. Segundo António Damásio, as emoções
secundárias envolvem já processos de aprendizagem, representações de
estímulos e respostas anteriores, avaliadas como boas ou más. Por outras
palavras, as emoções secundárias implicam já a intervenção do córtex
cerebral e estão presentes nos processos de decisão e deliberação. As
emoções secundárias também são designadas por emoções sociais,
embora a sua origem não se deva apenas a fatores de ordem social e
cultural, ou a processos de aprendizagem/educação: também se
encontram emoções sociais noutros animais, como chimpanzés,
golfinhos, leões, lobos, cães e gatos. As emoções secundárias também
podem
ser
biologicamente
programadas,
embora
não
o
sejam
exclusivamente. O que importa referir é que a influência dos fatores
socioculturais na construção das emoções secundárias (e a sua mímica) é
mais significativo, ou preponderante, do que os fatores inatos/genéticos.
6- As principais alterações fisiológicas que acompanham os processos
emocionais são as seguintes: 1 – respiração ofegante. O ritmo respiratório
intensifica-se para que o oxigénio abasteça os vários órgãos. 2 – Tremores
musculares. 3 – Rubor ou palidez do rosto. 4 – Dilatação das pupilas. 5 –
Aceleração do ritmo cardíaco. A afluência de sangue ao coração, ao
sistema nervoso e aos músculos contribui para se pensar e agir com
maior rapidez. 6 – Aumento da pressão arterial. 7 – Decréscimo da
secreção salivar, provocando secura na boca e na garganta. 8 – Libertação
de açúcar pelo fígado, o que incrementa a energia muscular. 9. Reações
Pilo motoras. 10. Alterações na resistência elétrica na pele. 11 –
Alterações na composição química do sangue. 12 – Alterações no
4
processo de digestão. 13 – Estimulação das glândulas endócrinas,
designadamente
das
suprarrenais
que
segregam
adrenalina
e
noradrenalina que reforçam a ação da secção (divisão) simpática.
7- O sistema nervoso autónomo, através da sua secção simpática, mobiliza
os
recursos
do
corpo,
preparando-o
para
a
ação.
Atuando
independentemente da vontade, acelera o ritmo cardíaco, fazendo subir
a pressão sanguínea; inibe a secreção salivar e estimula a transpiração;
faz dilatar as pupilas; estimula o fígado para libertar açúcar no sangue e
as suprarrenais para segregar adrenalina.
8- O sistema nervoso central participa no controlo das emoções através de
algumas das suas estruturas constituintes. Assim, o Sistema Ativador
Reticular (SAR) tem como função avaliar informação sensorial,
chamando a atenção do córtex para as informações que são suscetíveis de
desencadear emoções. O sistema límbico, em especial, o hipotálamo,
ativa o sistema simpático para desencadear as alterações fisiológicas
imprescindíveis à defesa orgânica em estados de emergência. O córtex
cerebral também intervém, mas de preferência nas emoções secundárias,
ou seja, naquelas em que a manifestação das emoções implica
aprendizagem e algum controlo racional. Por exemplo, o neuropsicólogo
Richard Davidson explorou uma hipótese sobre a localização das
emoções positivas e negativas. Num estudo realizado em 2000 provou
que a maior ativação do córtex pré-frontal direito está associada a
emoções negativas, ao passo que a ativação do hemisfério esquerdo está
mais ligada à expressão de emoções positivas. Esta é a hipótese da
“assimetria cerebral”. O hemisfério direito está mais envolvido do que o
esquerdo nas funções de interpretação e compreensão do material
emocional. O sistema nervoso central participa no controlo das emoções
quer no seu nível básico, quer no plano secundário. Quando estamos
dominados pelo desejo, ou pela raiva, quando estamos tolhidos de medo,
é o sistema límbico que nos governa. Mas, quando nos sentimos
5
culpados por termos mentido a um amigo, quando nos comovemos com
uma notícia, um filme, um livro, ou uma música, quando tomamos
decisões e planeamos o futuro, em função do que entendemos ser para
cada um de nós o que é a felicidade ou a justiça (representações mentais
ou valores), é sem dúvida o córtex que nos orienta. O córtex orbitofrontal, situado na região pré-frontal, ligado ao sistema límbico, assume
um
papel
importante
no
planeamento
e
na
coordenação
de
comportamentos destinados a atingir objetivos – contribui para a
autorregulação ao antecipar e avaliar o valor potencial da recompensa
(ou prejuízo) de um dado comportamento. Assume papel especial nas
respostas emocionais às diferentes situações sociais.
9- A emoção e a expressão facial têm uma relação de comunicação. Muitas
vezes é dito que não há melhor laboratório para a investigação das
emoções humanas do que o próprio rosto. As emoções, para serem
reconhecidas, têm de ser publicamente expressas, comunicadas. Os
movimentos
dos
músculos
do
rosto
humano
assumem
uma
complexidade extrema e é nesta combinatória que a expressividade das
emoções possui um lugar privilegiado. É a expressão facial que permite
que a emoção que está a ser vivida por uma pessoa seja reconhecida por
outras. A cólera, por exemplo, é acompanhada pelo rubor da face, franzir
da testa e cerrar dos dentes; o medo denuncia-se pela palidez, pelo
arregalar dos olhos, suor e espumar da boca. O rosto humano é o palco
da nossa identidade, é a parte que mais mostramos aos outros durante
toda a vida. Se houvesse a possibilidade (imaginária, claro está) de
apagar as feições do nosso rosto com uma “borracha facial”, tornar-nosíamos indistintos uns para os outros, irreconhecíveis. A par das
expressões faciais, faz parte da manifestação da emoção toda uma
atitude corporal que dá contexto e torna mais significativa a expressão
do rosto: gestos, expressão do olhar, tom e intensidade da voz, etc.
Conhecer as várias tonalidades da expressão do rosto humano é uma
6
competência necessária para aprender a distinguir as pessoas autênticas
das pessoas que mentem. A expressão das emoções pode ser espontânea
e autêntica, ou pode ser voluntariamente fabricada com o intuito de
iludir. Contudo, o rosto e a sua expressão podem denunciar o carácter
verdadeiro ou falso das emoções. Alguns estudos parecem indicar que a
expressão emocional adquire matizes diferentes em ambas as partes do
rosto: a parte direita (zona mais pública da face) reflete as emoções que o
sujeito quer que os demais percebam, enquanto a parte esquerda é a
zona mais privada da expressão das emoções. Esta assimetria facial
podem
ser
verificada
quando
alguém
manifesta
voluntária
e
fingidamente uma emoção (mais acentuada no lado direito), ou na
expressão espontânea de emoções negativas (mais acentuadas no lado
esquerdo do rosto). Quando se pretende mascarar uma emoção negativa
com um sorriso, tal é apenas possível na intenção, porque o palco que é o
rosto vai denunciar tal atitude sem qualquer tipo de contemplações. O
sorriso verdadeiro leva tempo a aparecer e a desaparecer do rosto, é
simétrico, o seu início é longo, tal como o seu desaparecimento. Por outro
lado, o sorriso falso aparece e desaparece rapidamente, é congelado,
exagerado, assimétrico, com expressões mistas e indiscrições nãoverbais. Podemos tentar ocultar as nossas emoções, mas não podemos
ocultar o rosto. Que o diga a tristemente célebre Leonor Cipriano, que
divulgou publicamente o desaparecimento da sua filha de 8 anos, Joana,
por várias vezes. A polícia judiciária considerou que a mãe estava a
mentir e optou por considerá-la autora material da morte da criança. Um
dos motivos prende-se, precisamente, com a expressão facial exibida pela
mãe de Joana em diversos canais de televisão. “A miúda saiu para fazer
compras e nunca mais apareceu em casa. Ela deve ter sido levada por
alguém que a abordou na rua, mas Deus é grande e ela há-de voltar”,
disse Leonor Cipriano, de olhos baixos e rosto inexpressivo, a
denunciarem uma frieza invulgar em momentos de desespero e dor.
7
Terá sido, aliás, este desprendimento emocional manifestado pela
mulher que levantou a primeira de muitas suspeitas dos inspetores.
10- Harold Schlosberg chegou à conclusão que muitas expressões faciais
podem ser identificadas e rigorosamente descritas, o que permite
categorizar as emoções em função da tonalidade afetiva (A - D, eixo
agradável-desagradável), da conduta (reação) que provocam (eixo R – A,
rejeição-atração) e os graus da intensidade da vivência das emoções.
Estes critérios permitiram a Harold Schlosberg organizar visualmente as
expressões emotivas num sistema de dois eixos perpendiculares (A – D e
R – A) em que a intensidade das emoções aumenta a partir do
cruzamento dos eixos para a periferia.
A experiência subjetiva da emoção é, em primeiro lugar, um evento
mental que só é acessível ao próprio sujeito. É um evento vivido na
primeira pessoa. Ora, em segundo lugar, temos o problema da
comunicação dessa mesma experiência – se só o próprio sujeito é capaz
de aceder à vivência da emoção, então, só ele é capaz de relatar os
aspetos conscientes do que se passa consigo mesmo. Enfim, isto é
equivalente a dizer que ninguém é capaz de sentir por nós mesmos,
apesar de muitas pessoas, no nosso quotidiano, expressarem um
sentimento de compaixão (no limite, isso quereria dizer sofrer o mesmo
tipo de emoções no lugar de outra pessoa). Se é verdade que ninguém,
na realidade pode sentir por nós, todavia não deixa de ser verdade que
podemos comunicar o que sentimos para que outras pessoas
compreendam os nossos estados emocionais. Mas, o problema é que a
comunicação é, em si mesmo, um ato subjetivo, pessoal, e na maior parte
dos casos realizado numa linguagem pouco objetiva. Por maior boa
vontade que tenhamos, a descrição dos nossos estados emocionais
subjetivos carece de rigor. Há vários obstáculos que impedem a
existência de objetividade no relato dos estados emocionais subjetivos. 1
8
– As pessoas têm dificuldade em observar-se a si próprias, a introspeção
é instável, especialmente em momentos de grande tensão/ansiedade.
Quando o conseguem fazer, estão a modificar a emoção, pois a tomada
de consciência de um fenómeno interior faz com que ele se altere – na
verdade, qualquer exercício de introspeção acaba por ser realmente um
olhar retrospetivo, uma retrospeção que altera, com a interpretação
pessoal, aquilo que foi anteriormente vivido emocionalmente. 3 – Muitas
descrições são feitas com base na memória, o que faz correr o risco de se
falhar: quanto maior for o desfasamento temporal da experiência
emotiva, menor será a capacidade de proceder à sua descrição correta. 4
– Nem sempre as pessoas dispõem de linguagem adequada para
transmitir com fidelidade o que se passa consigo. Pessoas diferentes
possuem modos diferentes de expressão que não são coincidentes para
descrever o mesmo fenómeno.
11- Fala-se da universalidade das emoções a propósito das emoções básicas,
isto é, daquelas que se manifestam muito cedo no homem e que se
observam na generalidade das pessoas de diferentes culturas. Trata-se de
emoções que têm base inata e cujo controlo é feito essencialmente pelo
Sistema Ativador Reticular (SAR) e pelo sistema límbico, em particular, o
hipotálamo, que coloca em ação o sistema simpático. O carácter universal
das emoções foi enunciado por Charles Darwin e comprovado,
posteriormente, pelo antropólogo Paul Ekman, que organizou trabalhos
a nível internacional, nos quais pessoas de diferentes culturas
identificaram de modo semelhante fotografias de rostos reveladores de
emoções. O trabalho de Charles Darwin (1809-1882) no campo das
emoções foi realizado porque o cientista inglês pensava que havia uma
relação das emoções com a evolução das espécies. É na obra de 1872, A
Expressão da Emoção no Homem e nos Animais que apresentou os
resultados mais substanciais das suas pesquisas. Utilizando várias fontes
e metodologias, Darwin procurou traços comuns na expressão das
9
emoções entre os diferentes povos primitivos, recolheu dados junto dos
psiquiatras sobre a manifestação das emoções em doentes mentais,
registou as reações dos seus filhos face a situações que lhes provocavam
alegria, frustração, agressividade, etc. A partir destes dados, e ainda de
fotografias de pessoas em estados emocionais, procurou comparar a
expressão das emoções humanas com a expressão dos animais,
sobretudo com as expressões emocionais dos macacos, produzindo um
verdadeiro catálogo de emoções. Darwin distinguiu seis emoções
primárias ou universais: a alegria, a tristeza, a surpresa, a cólera, o
desgosto e o medo. Darwin descreveu, para cada uma destas emoções, as
suas manifestações fisiológicas: a postura corporal, as expressões faciais,
os movimentos, etc. Um indivíduo encolerizado comunica através do
tom de voz, da mímica facial, da tensão muscular e dos movimentos, que
está preparado para a agressão. Todas as manifestações corporais, no
caso, têm um valor adaptativo fundamental na história da espécie
humana, sendo determinantes para a nossa sobrevivência. Paul Ekman,
ao investigar a expressão de emoções numa tribo da Nova Guiné, o povo
Foré, procedeu à comparação com indivíduos norte-americanos, tendo
concluído que havia emoções e modos da sua expressão muito
semelhantes, apesar de as duas culturas serem bastante diferentes. Estas
evidências corroboraram a hipótese darwiniana.
12- A cultura faz com que a expressão das emoções se regule por normas
específicas. Tais normas são particularmente visíveis a nível das emoções
secundárias e definem, por exemplo, onde e quando o riso ou o choro
são adequados ou inadequados, em que situações o ciúme e a inveja são
tolerados, a que propósito é lícito ter medo, etc. Otto Klineberg dá
exemplos de gestos e sinais usuais em dadas culturas para exprimir
emoções que entre nós têm significados diferentes. David G. Meyers
considera que se admitirmos uma linguagem universal para expressar
emoções, as culturas diferem no modo e na intensidade com que a usam.
10
Como exemplo, levantar o polegar em público pode expressar uma
concordância, ou pedir boleia na estrada, para a cultura europeia na
generalidade dos países enquanto que na Grécia ou na Turquia é
considerado um gesto insultuoso que provoca raiva ou violência por
parte dos interpretes.
11
Download