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MACROECONOMIA I
LEC201
LICENCIATURA EM
ECONOMIA 2004/2005
RESOLUÇÃO
Exame
20 Janeiro 2005
GRUPO I
1.
Diz-se que existe uma situação de “armadilha da liquidez” quando a
sensibilidade da procura de moeda face à taxa de juro é infinita e, então, a
função LM é horizontal.
Esta situação ocorre quando a taxa de juro está tão baixa (e a cotação dos
títulos está tão elevada) que os agentes económicos estão convencidos de que
a taxa de juro apenas poderá, no futuro, subir (as cotações dos títulos apenas
poderão descer).
Por isso, se é injectada mais moeda na economia, os agentes estão dispostos a
deter essa liquidez na sua totalidade (procuram essa moeda adicional) mesmo
sem que ocorra qualquer redução da taxa de juro, porque entendem que o custo
de oportunidade de deter liquidez é mínimo (só pode subir) e que usar essa
liquidez para comprar títulos é ilógico porque estariam a comprar activos cujo
preço de mercado só poderá, na sua convicção, descer.
Assim sendo, em “armadilha da liquidez” o Banco Central perde a capacidade de
afectar a taxa de juro e, portanto, de afectar o produto real da economia, já que
o canal taxa de juro–procura agregada é o único meio de transmissão da política
monetária neste modelo (e provavelmente o principal no mundo real).
Graficamente, a função LM não se altera quando existe variação da quantidade
de moeda injectada na economia:
1
Armadilha da liquidez: eficácia nula da
política monetária
i
LM0 =
LM1
i0= i1
IS
Y0 =
Y
Y
Em “armadilha da liquidez” a política orçamental tem, pelo contrário, eficácia
máxima, já que um aumento do défice público não gera qualquer impacto sobre
a taxa de juro e, portanto, o crowding-out é nulo. Graficamente, se a LM é
horizontal, uma deslocação da IS proporciona uma variação do produto real de
equilíbrio extremamente elevada, já que a taxa de juro não varia:
i
Armadilha da liquidez: eficácia máxima
da política orçamental
LM
i0= i1
IS0
Y0
Y1
IS1
Y
2
2.
O trilema de que o enunciado fala decorre do facto de ser impossível para
qualquer nação manter em simultâneo: i) independência do controlo da política
monetária doméstica, ii) um regime de câmbios fixos e iii) mobilidade
internacional de capitais (liberdade de circulação de capitais). Qualquer par
formado com as proposições i), ii) e iii) exige que a terceira seja falsa.
Por exemplo, verificando-se ii) e iii), a política monetária independente não terá
qualquer eficácia. De facto, neste contexto, uma medida de política monetária
expansionista (contraccionista) levará a uma descida (subida) da taxa de juro
doméstica, tornando os activos denominados em moeda nacional relativamente
menos (mais) atractivos. Dada a liberdade de circulação internacional de
capitais, haverá uma diminuição (aumento) das entradas líquidas de capitais, um
aumento da oferta (procura) de moeda nacional no mercado cambial e,
consequentemente, uma pressão para a sua depreciação (apreciação). Uma vez
que num regime de câmbios fixos o Banco Central está comprometido com um
objectivo para a taxa de câmbio, aquele intervirá no mercado cambial para
defender a paridade, comprando (vendendo) moeda nacional em troca de
divisas. Tal levará a uma redução (expansão) da massa monetária, que só
terminará quando o efeito inicial da política monetária tiver sido anulado.
Para o caso da política expansionista com mobilidade imperfeita de
capitais/grande economia, teremos (por maioria de razão, o mesmo se passará
com mobilidade perfeita)
(a): efeito da política monetária expansionista e
(b):efeito da defesa da paridade.
3
i
IS
LM0 ≡ LM2
LM1
(a)
(b)
BP = 0
Y
4
GRUPO II
1.
Saldo da Balança de Rendimentos = RLE = PNBcf – PIBcf
Sabendo que:
PNBcf = 97362 milhões de euros (dado)
PIBcf = Rem. + EBE = 57061 + 42843 = 99904 milhões de euros,
temos que RLE = 97362 - 99904 = -2542 milhões de euros
Resolução alternativa (I)
RLE = PNBpm - PIBpm
Sabendo que:
PIBpm = CFN + FBC + X – Q = 115546 milhões de euros
Impostos Indirectos liq. subsídios (s/ produtos e importação) = PIBpm – VAB
= 15748 milhões de euros.
PNBpm = PNBcf + Impostos Indirectos liq. subsídios (s/ produção) +
Impostos Indirectos liq. subsídios (s/ produtos e importação) = 113004
milhões de euros,
temos RLE = 113004 - 115546 = -2542 milhões de euros.
Resolução alternativa (II)
Cap/Nec Financiamento da Nação = Bal. Corrente + Bal. Capital
Cap/Nec Financiamento da Nação = (X - Q) + Bal. Transf. Correntes + Bal.
Rend. + Bal. Transf. Capital - Aq. liq. Cessões Activos Não Financ. Não Prod.
-10058 = (36536 - 49505) + (4978 -1464) + Bal. Rend. + (2068 - 147) - (-18)
5
Bal. Rend. = -2542 milhões de euros.
A Balança de Rendimentos regista a crédito os rendimentos de propriedade, i.e.,
rendas juros e lucros, e remunerações do trabalho recebidos do Resto do Mundo
e a débito os rendimentos de propriedade e remunerações do trabalho pagos ao
Resto do Mundo, ou seja, regista os rendimentos primários (i.e., que remuneram
os factores produtivos) distribuídos por agentes económicos não residentes a
agentes residentes, subtraídos dos rendimentos primários distribuídos por
agentes económicos residentes a agentes não residentes, durante um ano. Em
2003, os pagamentos excederam os recebimentos em 2542 milhões de euros.
2.
Identidade fundamental: I = S
SBN - FBC = -Sext.
Sabendo que:
-Sext = Bal. Corr. = (X - Q) + Bal. Transf. Correntes + Bal. Rend. = (36536 49505) + (4978 -1464) – 2542 = -11997 milhões de euros.
E que:
FBC = 33703 milhões de euros (dado)
SBN = RDBN – CFN = 116518 – 94812 = 21706 milhões de euros
(Cálculos auxiliares: RDBN = PIBpm + RLE + Transf. Corr. Líq. = 115546 - 2542
+ (4978 - 1464) = 116518 milhões de euros, com PIBpm = CFN + FBC + X – Q =
115546),
temos SBN – FBC = -11997 = -Sext..
A identidade fundamental, segundo a qual qualquer diferença entre a poupança
bruta da Nação e o investimento bruto em determinado período tem que ser
compensada pela poupança do Resto do Mundo, significa que os fluxos líquidos
dos agentes macroeconómicos têm, por definição, que estar saldados. Visto de
outra forma, a oferta de bens e serviços tem sempre que igualar a procura
efectiva, isto é, todos os bens e serviços que são produzidos têm que ser
vendidos (ou acumulados em stock).
6
3.
Partindo da definição de deflator do PIB:
deflator implícito do PIB t
=
PIB nominal (preços correntes) t
PIB real (preços constantes) t
temos que a taxa de inflação (π) será igual a :
π = tx. var. deflator do
def. PIB t
PIB =
def. PIB t-1
⇔
π =
(PIB nom.t / PIB real t ) x 100
-1=
(PIB nom.t-1 / PIB real t-1 ) x 100
PIB nom.t
PIB real t
PIB nom. t-1
PIB real t-1
n +1
-1
-1 ⇔
r+1
⇔
(π + 1) = (n + 1) (r + 1) ⇔
⇔
π ⋅ r + r +π +1 = n +1
⇔
π ≈ n−r
⇔
Para o ano de 2003, vem:
n = (PIB 2003 nominal) / (PIB 2002 nominal) - 1 = 115546/108029 - 1 = 7%.
r = tx. var. PIBpm 2003(preços 2000) = 3% (dado)
Logo,
Tx. inflação 2003 ≈ 7% - 3% = 4%.
(Cálculo auxiliar: PIBpm 2002 = CFN + FBC + X – Q = 108029)
7
GRUPO III
1.
K=0 => -100+10i=0
LM:
i=10
(185/1)=0.2Y-1.5i
185+15=0.2Y
Y=1000
BP=0: NX+K=0
Sendo K=0,
NX=0
480(1/e)-0.48Y=0
(1/e)=480/480
(1/e)=1
e=1
A taxa de câmbio nominal é dada por
e=e’(P/Pf)
e’=e(Pf/P) => e’=1*(1/1)
e’=1
2. 2.1.
i
LM
BP=0
(BP=0)1
IS
IS1
IS2
Y
A redução do investimento privado constitui um choque negativo da procura de
bens e serviços, que faz deslocar a IS para a esquerda, para IS1. Essa
perturbação reduz o produto, Y, o que melhora a balança corrente, NX, mas faz
descer a taxa de juro, i, e assim deteriora a balança de operações financeiras
não monetárias, K, de tal forma que a economia entraria em défice de balança
de pagamentos não monetários.
Então, dado o regime cambial em vigor, a taxa de câmbio e’ (e igualmente a taxa
de câmbio real, e) deprecia-se, ou seja, diminui.
A depreciação na moeda doméstica (∆-e’) e dos produtos domésticos (∆-e)
melhora as exportações líquidas, NX, o que significa que a procura agregada se
eleva por esta via, e, portanto, a IS desloca-se um pouco para a direita, IS2.
Dada a depreciação cambial, não se exige agora taxas de juro tão elevadas,
8
para cada nível de rendimento, para que a balança de pagamentos esteja
equilibrada, ou seja, a linha BP=0 desloca-se um pouco para baixo, (BP=0)1.
O novo equilíbrio ocorre, então, para LM-IS2-(BP=0)1, e pode calcular-se assim:
IS:
Y=16+0.8*(1-0.15)Y+200-3.6i+140+480(1/e)-0.48Y
Dado ∆-I=0.2*200=40
∆Y=0.8*(1-0.15) ∆Y-3.6∆i+480*∆(1/e)-0.48∆Y-40
LM:
(185/1)=0.2Y-1.5i
Com ∆-I:
0=0.2∆Y-1.5 ∆i
BP=0:
480(1/e)-0.48Y-100+10i=0
Com ∆-I:
480 ∆(1/e)-0.48 ∆Y+10 ∆i=0
da LM obtém-se a seguinte relação entre as variações de Y e i no equilíbrio:
∆i=0.1333(3) ∆Y
substituindo-se na expressão das alterações na BP=0,
∆(1/e)=(-0.8533(3)/480)∆Y
∆(1/e)=-0.00178∆Y
substituindo as duas últimas expressões na da variação da IS, obtém-se:
∆Y=0.2 ∆Y-3.6*0.1333(3)∆Y+480*-0.00178∆Y-40
∆Y=0.2 ∆Y-0.48∆Y-0.8533(3)∆Y-40
∆Y= -40/2.133(3)
∆Y= -18.75
e assim, substituindo na LM:
∆i=0.1333(3) *(-18.75)= -2.5
e substituindo na expressão da BP=0:
∆(1/e)=-0.00178*(-18.75)
∆(1/e)=0.033375
(1/e)=1.033375
e=0.967703
Os novos níveis de Y e i são: Y=981.25, i=7.5, e assim as balanças pedidas são:
NX= 480*1.033375 – 0.48*981.25
K= -100 +10*7.5
NX = 25
K = -25
9
2.2.
Havendo mobilidade internacional dos capitais perfeita, a taxa de juro doméstica
nunca poderá divergir da internacional, e assim,
i=if
i = 10
passa a ser a nova expressão da função BP=0, ou seja, a nova condição de
equilíbrio da balança de pagamentos não monetária, que todo e qualquer
equilíbrio global tem de verificar.
Assim, verificar-se-á sempre que ∆i=0.
No caso de câmbios flexíveis, esta e as restantes condições de equilíbrio são
asseguradas por variações de Y e da taxa de câmbio, e.
IS:
∆Y=0.2 ∆Y+480 ∆(1/e) –40
LM:
1.5*0=0.2∆Y
∆Y=0
De novo na IS:
0=480 ∆(1/e) –40
∆(1/e)=0.0833(3)
(1/e)=1.0833(3)
e=0.923077
A frase é, então, verdadeira: um choque da procura de bens e serviços não gera
qualquer efeito sobre o produto real, se houver câmbios flexíveis e mobilidade
perfeita dos capitais com o exterior.
Isto é assim porque se houvesse uma diminuição exógena do investimento tal
pressionaria o produto, Y, e a taxa de juro, i, para a diminuição, mas quando
esta desse sinais de ir descer ocorreriam saídas líquidas instantâneas e
ilimitadas de capitais financeiros, que fariam depreciar a moeda do país
fortemente – mais fortemente do que se houvesse mobilidade não perfeita, para
0.923077, em vez de 0.967703 – o que levaria o produto a recuperar dos efeitos
do choque inicial.
Esta recuperação iria anular completamente os efeitos do choque inicial, já que
só com o mesmo produto é que a taxa de juro se manteria no nível de equilíbrio.
No caso de câmbios fixos, as condições de equilíbrio – incluindo ∆i=0 - são
asseguradas por variações de Y e da quantidade de moeda, já que a taxa de
câmbio nominal (e a real) não pode variar e o Banco Central intervém no
10
mercado cambial por forma a manter a taxa de câmbio do mercado igual à
paridade:
IS:
∆Y=0.2 ∆Y-3.6*∆i+480*∆(1/e)-40
Dado que ∆i=0, por haver mobilidade perfeita de capitais,
e dado que ∆(1/e)=0, por se estar num regime de câmbios fixos,
0.8∆Y=-40
LM:
∆Y=-50
∆(M/P)=0.2 ∆Y-1.5 ∆i
∆(M/P)=0.2 *(-50)
∆(M/P)=-10
A parte final da frase está, então, igualmente certa.
O choque negativo da procura, que pressionaria Y e i para a diminuição e
geraria movimentos imediatos e ilimitados de saída de capitais ameaçaria por
esta via a manutenção da paridade da taxa de câmbio, pressionando a moeda
nacional para a depreciação.
No entanto, neste regime cambial o Banco Central está comprometido com a
defesa da paridade e por isso terá de, forçosamente, vender divisas contra
moeda nacional, no mercado cambial. Esta intervenção fará diminuir a
quantidade de moeda nacional existente na economia, o que é de facto
equivalente a uma política monetária contraccionista – deslocação da LM para a
esquerda –, política que se junta ao choque negativo da procura provocando
uma diminuição do nível de equilíbrio do produto real.
No final a economia terá registado uma significativa descida do produto real
sustentável, tendo percorrido um caminho para a esquerda ao longo da linha
BP=0, pelas deslocações da IS e da LM neste sentido.
11
GRUPO IV
1.
A curva ASCP contém o conjunto das combinações de produto real e nível de
preços que asseguram a maximização do lucro pelas empresas, para um dado
nível de salário nominal.
Para maximizar o lucro, a procura de trabalho por parte das empresas deverá
ser tal que:
Pmg N = w/P
200 – 2N = 75/P
N = 100 – 37,5/P
Substituindo N na função de produção, vem:
Y = F(N) = 200 * (100 – 37,5/P) – (100 – 37,5/P)2
Y = (100 – 37,5/P) * [200 – (100 – 37,5/P)]
Y = (100 – 37,5/P) * (100 + 37,5/P)
Y = 10000 – 1406,25 / P2
2.
2.1.
Situação inicial de equilíbrio:
Y = YN = 9375
AS: Y = 10000 – 1406,25 / P2 => P = 1,5 (ou substituindo Y na AD)
[LM: i = 16,25 + 0,01 * 9375 – 150/1,5 => i = 10]
Sg = T – G = 0,2 * 9375 – 2025 = -150
Alteração de política:
Objectivo: Sg = 0 (ou ∆Sg = 150)
Instrumento: ∆-G
Efeitos esperados: ∆-Y; ∆-P; ∆-i (breve justificação)
12
Quantificação da medida e dos efeitos:
•
Objectivo: Sg = 0 => 0,2 Y – G = 0 => G = 0,2 Y
•
IS : Y = C + I + G
[1]
Y = 312,5 + 0,625 * (Y – 0,2Y) + 2600 – 25 i + G
•
[2]
LM : a expressão analítica não se altera, mas, conforme se vai verificar, é
desnecessária a sua utilização...
•
AS: Y = 10000 – 1406,25 / P2
•
Sabe-se que ∆P = -0,067, pelo que P = 1,433
•
Substituindo em [3], vem Y = 9315,19
•
Substituindo em [1], vem G = 1863
•
Finalmente, substituindo em [2], vem i = 4,72
[3]
Em suma:
•
Medida: ∆ G = -162
•
Efeitos : ∆Y = -59,81
∆i = -5,28
∆P = -0,067
(Em alternativa, a resolução poderia ser feita considerando, em lugar dos níveis
absolutos das variáveis, as suas variações: teria, nesse caso, de se ter particular
cuidado com o cálculo das variações de quocientes, nomeadamente ∆(1406,25/P2) na curva ASCP; também aqui se tornaria desnecessária a utilização
da curva LM).
2.2.
Equilíbrio no longo prazo:
•
Y = YN = 9375
•
Substituindo Y na curva IS, com G = 1863, vem i = 3,52
13
•
Substituindo Y e i na curva LM, cuja expressão analítica não se alterou face
ao apresentado no enunciado, vem P = 1,409
•
No longo prazo, o mercado de trabalho está em equilíbrio, pelo que o salário
real se encontra no nível de equilíbrio, que é o inicial => w/1,409 = 75/1,5 =>
w = 70,45.
Processo de ajustamento no médio prazo:
No curto prazo, a diminuição dos gastos públicos conduz a uma descida
dos níveis de preços e de produto real (AD0 => AD1; E0 => E1).
No novo ponto de equilíbrio, verifica-se Y1<YN (desemprego) e
w0/P1>w0/P0 (salário real aumenta face ao valor de equilíbrio). Nestas
circunstâncias, as empresas pressionarão, na ronda de negociações seguinte, à
descida do salário nominal, de modo a repor o valor do salário real de equilíbrio
(isto é, w1/P1 = w0/P0). Desta forma, torna-se-lhes possível aumentar o nível de
produção para cada nível anterior de preços, procurando mais trabalho:
graficamente, observa-se uma deslocação da curva ASCP para baixo. Como
consequência, verifica-se um aumento do produto real e uma nova diminuição
do nível de preços, atingindo-se um novo ponto de equilíbrio (E2).
Em E2, volta a verificar-se Y<YN e aumento de w/P, pelo que ocorre um
ajustamento semelhante ao atrás descrito, o qual se repete até que Y=YN e w/P
= w0/P0 (Ef).
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P
ASLP
AS0 (w=75)
AS1 (w1=75)
ASf (wf=70,45)
E0
1,5
1,433
1,409
E1
E2
Ef
AD0
AD1
9315 9375
Y
Nota: por simplificação, AD e AS são representadas por linhas rectas, quando de
facto são curvas...
3.
A curva de Phillips de curto prazo (SP) descreve o conjunto das combinações
possíveis de produto real e taxa de inflação, para uma dada taxa de inflação
esperada.
De uma forma sucinta, apresenta-se, de seguida, a dedução gráfica da SP a
partir do modelo geral AS/AD (por simplificação, estas curvas são traduzidas por
linhas rectas):
15
P
ASCP1(w=w1)
E2
P1
P0
E2
ASCP0(w=w0)
E1
E0
AD2
AD1
AD0
π
Y
Y0=YN
SP(πe=π1)
SP(πe=0)
E1
π1
π0 = 0
E0
Y0=YN
Y1
Y
Inicialmente, verifica-se equilíbrio de longo prazo, com a economia a
situar-se no ponto E0 (Y0 = YN; P0), a que corresponde o ponto E0 (Y0=YN; π0=0)
no referencial (Y,π).
Admita-se um aumento da procura agregada (por exemplo, por via de um
acréscimo dos gastos públicos). A curva AD desloca-se para a direita e o
produto real e o nível de preços aumentam. O ponto de equilíbrio da economia
torna-se, agora, E1 (Y1; P1), o que significa que para ter um nível de produto
superior, é preciso verificar-se um aumento do nível geral de preços, o mesmo é
dizer uma maior taxa de inflação (Y1, π1).
A subida do nível de preços levará os trabalhadores a exigir, na ronda de
negociações seguinte, uma elevação do salário nominal, por forma a repor o
nível de salário real: a curva ASCP desloca-se para a esquerda.
16
Se o aumento da procura agregada for transitório, observar-se-á um
processo de ajustamento gradual (até se ter Y=YN) idêntico ao descrito na
questão 2.2., com a economia a situar-se sucessivamente para a esquerda ao
longo da linha AD1.
Contudo, a economia pode manter-se, agora, com Y=Y1 e π=π1: “basta”
para isso que o aumento da procura agregada seja permanente, provocando o
deslocamento sucessivo para cima da curva AD (E2 no referencial de cima;
mesmo E1 em baixo).
Se, no referencial de baixo, se unirem todos os pontos obtidos para
diferentes níveis de crescimento da procura agregada, encontra-se a curva de
Phillips de curto prazo. Note-se, contudo, que só é válida enquanto se
mantiverem as expectativas quanto à taxa de inflação: uma subida de πe levaria
SP para a esquerda (provavelmente tal sucederia com a percepção de que o
choque da procura referenciado seria permanente), enquanto uma descida de πe
deslocaria SP para a direita.
FIM
17
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