Universidade Federal de Campina Grande Centro de Ciências e Tecnologia Programa de Pós-Graduação em Matemática Curso de Mestrado em Matemática Base Para as Identidades Polinomiais das Matrizes Triangulares em Blocos com Z2-Graduação por Rivaldo do Nascimento Júnior sob orientação de Prof. Dr. Sérgio Mota Alves Dissertação apresentada ao Corpo Docente do Programa de Pós-Graduação em Matemática - CCT - UFCG, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Matemática. Campina Grande - PB Abril/2009 Base Para as Identidades Polinomiais das Matrizes Triangulares em Blocos com Z2-Graduação por Rivaldo do Nascimento Júnior Dissertação apresentada ao Corpo Docente do Programa de Pós-Graduação em Matemática - CCT - UFCG, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Matemática. Área de Concentração: Álgebra Aprovada por: Prof. Dr. Sérgio Mota Alves (UFCG) Orientador Prof. Dr. Antônio Pereira Brandão Júnior (UFCG) Prof. Dr. Vandenberg Lopes Vieira (UEPB) Universidade Federal de Campina Grande Centro de Ciências e Tecnologia Programa de Pós-Graduação em Matemática Curso de Mestrado em Matemática Abril/2009 ii Abstract In this work we present a general model for the superalgebra of upper triangular matrices and show how to obtain the product of two T -ideals as the kernel of a homomorphism between two algebras. Next, we show how to obtain the polynomial identities for the algebra of the block-triangular matrices with ordinary identities of the algebras of its main diagonal. iii Z2 -grading from the Resumo Neste trabalho apresentaremos um modelo genérico para a superálgebra das matrizes triangulares superiores e mostraremos como obter o produto de dois como o núcleo de um homomorsmo de álgebras. T -ideais Em seguida, mostraremos como obter as identidades polinomiais para a álgebra das matrizes triangulares em blocos com Z2 -graduação a partir das identidades ordinárias das álgebras de sua diagonal principal. iv Agradecimentos Inicialmente, gostaria de externar minha eterna gratidão àqueles que são os responsáveis pela minha existência. Incentivadores primeiros, compreenderam como ninguém o valor que a educação possui, abrindo novos horizontes a uma vida futura. Qualquer conjunto de palavras seria incompleto para registrar aqui os meus mais sinceros agradecimentos aos meus pais, Rivaldo do Nascimento (Dudu) e Josefa Rodrigues (Nicinha). À minha esposa, pelo incentivo, pelo apoio, pela dedicação e pela compreensão da minha ausência nesses anos todos de graduação e mestrado. A você Luciana, todo o meu amor, carinho e gratidão por ter cado ao meu lado, nos bons e maus momentos desta longa jornada. Ao Saudoso Departamento de Matemática e Estatística - DME, hoje Unidade Acadêmica de Matemática e Estatística - UAME, por ter me proporcionado uma excelente formação acadêmica. Agradeço a cada professor que contribuiu, de uma forma ou de outra, para a minha formação. Em especial, ao Prof. Luiz Mendes de Albuquerque Neto, por orientar-me como bolsista do Instituto do Milênio em Matemática por dois anos, pelo incentivo e pelo exemplo de prossional que é. Aos funcionários da UAME, pelo apoio e amizade. Em especial a D. Argentina, pelo exemplo de simpatia e pelas conversas na biblioteca do Departamento. A todos que fazem a UAME, a minha gratidão. A todos os meus colegas de graduação, em especial a Emerson, pelas noites de estudo em sua residência, a Josemar e Sérgio Minzé, pela amizade inconteste, apoio e incentivo. Aos meus colegas de Pós-graduação, Suene, Joseane e Leomaques pela ajuda, pelo apoio, incentivo e amizade. A David Lobão, pelos estudos, pela amizade, pelo exemplo de perseverança, e por ter me cedido diversas vezes a sua residência sempre que precisei. Fiquem certos de que a realização deste trabalho, não seria possível sem v a ajuda e o apoio que recebi de cada um. A todos vocês, minha eterna gratidão. Ao Prof. Sérgio Mota Alves, meus sinceros agradecimentos pelas disciplinas ministradas na graduação e na Pós-graduação, pela orientação deste trabalho e pelo incentivo. Ao Prof. Antônio Brandão, pela leitura e correção deste trabalho, pelas disciplinas ministradas e pelo incentivo. Ao Prof. Vandenberg Lopes Vieira, por ter aceito compor a banca examinadora deste trabalho, pela leitura atenta e pelas sugestões. A todos que contribuíram, direta ou indiretamente, para a realização deste trabalho, o meu muito obrigado! vi "Uma vida em que se cometem erros não é apenas mais digna, mas muito mais útil do que aquela em que se vive sem fazer nada." George Bernard Shaw vii Dedicatória Aos meus pais, pelo apoio incondicional por todos esses anos. viii Sumário 1 Introdução 1 1.1 Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 1.2 Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 1.3 Contribuições . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 1.4 Metodologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 1.5 Organização da Dissertação 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 Conceitos Preliminares 3 2.1 Conceitos básicos sobre álgebras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 2.2 Módulos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 2.3 Produto Tensorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 2.4 Álgebras com identidades polinomiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 2.5 Variedades e álgebras relativamente livres . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 2.6 Identidades polinomiais homogêneas, multilineares e próprias . . . . . . 20 2.7 Identidades graduadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 2.8 A Teoria de Kemer . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26 2.9 Álgebras genéricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 3 O Teorema de Lewin 3.1 31 O Teorema de Lewin . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 4 Base Para as Identidades Polinomiais das Matrizes Triangulares em Blocos com Z2 -Graduação 37 4.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37 4.2 O resultado principal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 4.3 Exemplos 43 4.4 Comentários nais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ix 43 Bibliograa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . x 44 Capítulo 1 Introdução Neste capítulo, vamos expor o objeto de nosso estudo e realizaremos uma breve discussão a seu respeito. Ponderamos os objetivos e a metodologia do nosso trabalho e oferecemos um esquema de sua organização. 1.1 Apresentação Em 1987, Kemer apresentou a sua densa teoria sobre a estrutura dos T -ideais, esse trabalho tornou-se importante não só por responder armativamente ao famoso problema de Specht, que indagava sobre a existência de base nita para as identidades polinomiais de álgebras associativas sobre corpos de característica zero, mas por ter tratado das álgebras primos na classe dos T -primas, T -ideais. T -ideais que nada mais são que álgebras cujos são Kemer em seu trabalho também mostrou a importância de superálgebras na teoria das álgebras com identidades polinomiais (ordinárias) sobre corpos com característica zero. Em particular, ele estabeleceu que para qualquer PIálgebra R existe uma superálgebra nitamente gerada A0 ⊗ E0 ⊕ A1 ⊗ E1 A = A0 + A1 possuem as mesmas identidades polinomiais. Aqui, tal que R e E = E0 ⊕ E1 é a álgebra de Grassmann de um espaço vetorial de dimensão innita com sua Z2 - graduação natural. O presente trabalho apresenta um estudo dos resultados obtidos nos artigos [5] e [11] onde obtemos informações sobre as superálgebras e seus respectivos T -ideais. construindo o modelo genérico para tais álgebras e o outro descrevendo o superidentidades a partir dos T -ideais T2 -ideal Um das das álgebras que fazem parte da sua diagonal principal. 1 1.2 Objetivos Apresentar um modelo genérico e a base para as identidades polinomiais das matrizes triangulares em blocos com Z2 -graduação. 1.3 Contribuições O presente trabalho, além de disponibilizar um texto em português referente a esta linha de pesquisa, apresenta o que de novo se tem feito na mesma, dando um possível direcionamento de pesquisa a tal objeto de estudo. 1.4 Metodologia Metodologicamente, o estudo é de natureza quantitativa, sobretudo explicatória visto a principal nalidade ter sido desenvolver conceitos, com vistas a formulação de novos esboços para estudos posteriores. Buscou-se através de uma pesquisa bibliográca compreender e entender as superálgebras e suas superindentidades, realizando um aprofundamento teórico. A pesquisa foi desenvolvida principalmente a partir dos artigos: Lewin em [11] e Di Vincenzo e Drensky em [5]. Deste modo, após denida a questão motivadora e os objetivos de pesquisa foi determinado o plano de trabalho. 1.5 Organização da Dissertação No Capítulo 2, expomos os conceitos preliminares inerentes a este trabalho. No Capítulo 3, apresentamos o Teorema de Lewin e sua demonstração. Por m, o Capítulo 4, é destinado à apresentação da base das identidades polinomiais das matrizes triangulares em blocos Z2 -graduadas, bem como a um pequeno resumo do que está sendo estudado sobre o assunto na atualidade. 2 Capítulo 2 Conceitos Preliminares Nosso objetivo neste capítulo é relembrar denições e resultados importantes para uma melhor compreensão do texto. Em geral, não apresentaremos demonstrações, e em casos mais importantes, indicaremos as devidas referências bibliográcas. 2.1 Conceitos básicos sobre álgebras Iniciamos com a denição do objeto central de nossos estudos. Denição 2.1.1 binária Diremos que um ∗ : A×A → A K -espaço vetorial A é uma álgebra sobre K , ou simplesmente α ∈ K e quaisquer a, b, c ∈ A, valer: (1) (a + b) ∗ c = a ∗ c + b ∗ c; (2) a ∗ (b + c) = a ∗ b + a ∗ c; (3) α(a ∗ b) = (αa) ∗ b = a ∗ (αb). Para simplicar a notação, vamos escrever Seja A munido de uma operação denominada de multiplicação, tem estrutura de (ou Denição 2.1.2 A, uma K -álgebra, ab que A K -álgebra é uma álgebra) se, para qualquer ao invés de a ∗ b. diremos que: a, b ∈ A; (1) A é comutativa se ab = ba (2) A é associativa se (ab)c = a(bc) (3) A é unitária se existir 1A ∈ A tal que 1A a = a1A = a para qualquer a ∈ A (vamos escrever 1 ao invés de 1A ). para quaisquer para quaisquer 3 a, b, c ∈ A; Em praticamente todo texto vamos trabalhar com álgebras associativas unitárias tendo corpo de base innito. Assim, no que segue, a menos que seja feita menção explícita em contrário, o termo álgebra deverá ser entendido como uma K -álgebra associativa unitária. Denição 2.1.3 K -subálgebra de Um A, K -subespaço AB ⊆ B , B de uma álgebra se tiver estrutura de álgebra, isto é, se a operação binária de se vetorial A. ou seja, se denimos ideal à direita O subespaço B B A será denominado uma for fechado com respeito será denominado um ideal à esquerda de A, ax ∈ B para quaisquer a ∈ A e x ∈ B . De modo similar, de A. Um ideal bilateral será simplesmente denominado de ideal. Denição 2.1.4 aplicação Sejam σ:A→B A e B duas álgebras. tal que, para todos a, b ∈ A, σ(a + b) = σ(a) + σ(b) σ(1A ) = 1B . σ : A ,→ B . E mais, Um mergulho de e A em B é uma temos σ(ab) = σ(a)σ(b). Denotaremos um mergulho da álgebra A na álgebra B por: Nos próximos sete exemplos recordamos as denições de algumas álgebras e subálgebras que serão utilizadas no decorrer do texto. Exemplo 2.1.5 Seja V álgebra de Grassmann (ou por {1, ei | i ∈ N} K -espaço vetorial com base enumerável {ei | i ∈ N}. A exterior) E = E(V) é a álgebra gerada como espaço vetorial um satisfazendo as relações ei ej = −ej ei Mais ainda, se char K = 2, Além disso, todos i, j ∈ N. impomos: e2i = 0 Observe que para para todo i ∈ N. D = {1, ei1 . . . eir | 1 ≤ i1 < · · · < ir ; r = 1, 2, . . . } é uma base para E . se Vn é um subespaço de V gerado por {e1 , . . . , en } denotaremos por E(Vn ) sua correspondente álgebra de Grassmann. Exemplo 2.1.6 Z(A) = {a ∈ A | ax = xa, ∀x ∈ A} é uma subálgebra de A denominada o centro de A e seus elementos são ditos ser centrais. Se A = E (álgebra de Grassmann) é fácil ver que Z(E) = E0 , onde E0 é o subespaço de E gerado pelo conjunto D0 = {1, ei1 . . . eir | 1 ≤ i1 < · · · < ir ; r = 2, 4, . . . }. O conjunto 4 Exemplo 2.1.7 denotado por K -espaço Mn (K), munido O n×n vetorial das matrizes com entradas no corpo K, com a multiplicação usual de matrizes, tem estrutura de álgebra. Exemplo 2.1.8 vetorial das matrizes n×n com entradas na álgebra de Mn (E), munido com a multiplicação usual de matrizes, tem estrutura de álgebra. Sendo a, b ∈ N com a + b = n, é fácil vericar através de multiplicação de matrizes, que o K -subespaço de Ma+b (E) ( ! ) A B Ma,b (E) = | A ∈ Ma (E0 ), B ∈ Ma×b (E1 ), C ∈ Mb×a (E1 ), D ∈ Mb (E0 ) , C D Grassmann E, K -espaço O denotado por tem estrutura de álgebra. Aqui, E1 é o subespaço de D1 = {ei1 . . . eir | 1 ≤ i1 < · · · < ir Observamos que os elementos de Exemplo 2.1.9 de E1 E gerado por r = 1, 3, . . . }. ; anticomutam entre si. a, b ∈ N com a+b = n, é fácil vericar através de multiplicação matrizes, que o K -subespaço de Ma+b (E) ( ! ) A B Aa,b = | A ∈ Ma (E), B ∈ Ma×b (E 0 ), C ∈ Mb×a (E 0 ), D ∈ Mb (E) , C D Sendo tem estrutura de álgebra. Aqui, Exemplo 2.1.10 0 A Seja álgebra com unidade. denota a álgebra de Grassmann sem unidade. uma álgebra sem unidade. Com efeito, seja vetoriais. Denimos em quaisquer E0 A Podemos mergulhar 0 A = K⊕A A 0 numa como soma direta de espaços a seguinte multiplicação, para quaisquer 0 a, b ∈ A e para α, β ∈ K , (α, a)(β, b) = (αβ, αb + aβ + ab). Assim, (1, 0) é unidade de 0 A obtida a partir de Exemplo 2.1.11 e a inclusão 0 A ,→ A é um mergulho. Diremos que Ma Mb = A B 0 C Ma Mb Denição 2.1.12 A é por adjunção da unidade. Consideramos agora a subálgebra de ( Denotaremos por A Ma+b (K) denida por: ! ) | A ∈ Ma (K); B ∈ Ma×b (K) a subálgebra de Ma Mb e C ∈ Mb (K) . obtida considerando B = 0. Φ : A → B de álgebras é um homomorsmo, se Φ(ab) = Φ(a)Φ(b) para quaisquer a, b ∈ A, e além disso Φ(1A ) = 1B . Analogamente às demais estruturas algébricas, chamaremos Φ de isomorsmo quando Φ for um homomorsmo bijetor, mergulho quando Φ for injetor, endomorsmo quando Φ for um homomorsmo de A em A, e automorsmo quando Φ for um endomorsmo Uma transformação linear bijetor. 5 2.2 Módulos Nesta seção, apresentaremos o conceito de módulo sobre um grupo G qualquer, expondo alguns resultados. Em seguida, estendemos este conceito para álgebras. Denição 2.2.1 G um grupo, M um espaço vetorial sobre um corpo K e “ · ” uma aplicação de G × M em M . O espaço vetorial M é chamado um G-módulo (à esquerda) sobre K se para quaisquer g e h em G, m e n em M e α em K as seguintes Sejam condições são satisfeitas: e · m = m, onde e é a identidade (ii) (gh) · m = g · (h · m); (iii) g · (αm) = α(g · m). (i) Denição 2.2.2 submódulo de M se Teorema 2.2.3 M, Seja N Seja G um grupo. é um N Um subconjunto G-módulo G um grupo. G; de Se sob as operações N G-módulo M induzidas de M . de um é um subconjunto não-vazio de um é um G-módulo então as seguintes armações são equivalentes: N é um submódulo de M ; (ii) N é fechado com relação por elementos de G. (i) Denição 2.2.4 à adição, à multiplicação por escalar e à multiplicação G um grupo e M e N dois G-módulos sobre um corpo K . Uma aplicação ϕ : M → N é um homomorsmo de G-módulos se para quaisquer m e n em M , α em K e g em G, as seguintes condições são satisfeitas: Sejam ϕ(m + n) = ϕ(m) + ϕ(n), O núcleo de conjunto ϕ ϕ(αm) = αϕ(m) é o conjunto e escrevemos Proposição 2.2.5 ϕ(g · m) = g · ϕ(m). Kerϕ = {m ∈ M : ϕ(m) = 0} ϕ(M ) = {ϕ(m) : m ∈ M }. G-módulos e Se ϕ e a imagem de ϕ é o é bijetora, dizemos que é um isomorsmo de M∼ = N. G é um grupo e ϕ : M → N é um homomorsmo de G-módulos, então Kerϕ é um submódulo de M e ϕ(M ) é um submódulo de N . Além disso, Kerϕ = 0 se, e somente se, ϕ é injetora. Prova: Se As demonstrações de que submódulo de N ϕ(m − n) = 0 e, são triviais. Se Para isso, tomemos ϕ é um submódulo de Kerϕ = 0 consequentemente, Supondo agora ϕ(m) = ϕ(0). Kerϕ e ϕ(m) = ϕ(n), m − n = 0, ou seja, M e de que com m = n. m e n ϕ(M ) é um M, então em Portanto, ϕ é injetora. injetora, temos que mostrar que o único elemento de m ∈ kerϕ. Donde, segue que Daí, ϕ(m) = 0. m = 0. 6 Mas como ϕ(0) = 0, kerϕ é 0. concluímos que Denição 2.2.6 A uma K -álgebra com unidade, M um espaço vetorial sobre K e “·” uma aplicação de A×M em M . O espaço vetorial M é chamado um A-módulo (à esquerda), se para quaisquer a e b em A, m e n em M e α em K , as Sejam K um corpo, seguintes condições são satisfeitas: 1 · m = m, onde 1 é a unidade de A; (ii) (a · b) · m = a · (b · m); (iii) (a + b) · m = a · m + b · m; (iv) a · (m + n) = a · m + a · n; (v) α(a · m) = (αa) · m = a · (αm). (i) De modo similar, denimos um A-módulo mais é do que um um B -módulo M Seja A B, M se N é um A e, ao mesmo tempo, com a associatividade compatível. uma álgebra com unidade. é um submódulo de (A, B)-bimódulo nada Um à esquerda com relação a álgebra à direita, com relação a álgebra Denição 2.2.7 módulo B -módulo (à direita). Um subconjunto A-módulo N de um A- sob as operações induzidas de M. Teorema 2.2.8 A uma álgebra com identidade. Se N é um subconjunto nãovazio de um A-módulo M , então as seguintes armações são equivalentes: (i) N é um submódulo de M ; (ii) N é fechado com relação à adição, à multiplicação por escalar e à multiplicação por elementos de A. Seja Denição 2.2.9 aplicação M, α em Sejam ϕ:M →N K e a em A A uma conjunto ϕ ϕ(αm) = αϕ(m) e Se ϕ Prova: ϕ(a · m) = a · ϕ(m). e a imagem de ϕ é o é bijetora, dizemos que é um isomorsmo de M∼ = N. Se A é uma álgebra com identidade e ϕ : M → N de M e ϕ(M ) A-módulos, então Kerϕ é um submódulo N . Além disso, Kerϕ = 0 se, e somente se, ϕ é injetora. homomorsmo de submódulo de N A-módulos. Uma para quaisquer m e n em e Kerϕ = {m ∈ M : ϕ(m) = 0} ϕ(M ) = {ϕ(m) : m ∈ M }. Proposição 2.2.10 M as seguintes condições são satisfeitas: é o conjunto módulos e escrevemos com unidade, é um homomorsmo de módulos se ϕ(m + n) = ϕ(m) + ϕ(n), O núcleo de K -álgebra Semelhante à demonstração da Proposição 2.2.5. 7 é um é um 2.3 Produto Tensorial Nesta seção, apresentamos o conceito de Produto Tensorial de espaços vetoriais, estendendo o mesmo para álgebras. Sejam A e B espaços vetoriais sobre um corpo é também um espaço vetorial sobre K, K. O produto cartesiano A×B considerando a soma como (a1 , b1 ) + (a2 , b2 ) = (a1 + a2 , b1 + b2 ) e a multiplicação por escalar como λ(a, b) = (λa, λb). Este espaço é chamado soma direta de Denição 2.3.1 (A × B)+ { X Sejam A e B A e B. espaços vetoriais sobre um corpo K. Indicamos por o conjunto nab (a, b); nab ∈ Z e nab 6= 0 para um número nito de pares ordenados (a, b)}. (a,b)∈A×B Observação 2.3.2 X Se denimos a soma de dois elementos de mab (a, b) + (a,b)∈A×B então (A × B)+ X X nab (a, b) = (a,b)∈A×B (A × B)+ por (mab + nab )(a, b), (a,b)∈A×B é um grupo abeliano. Observação 2.3.3 Cada elemento X nab (a, b) pode ser escrito como (ai , bi ). i=1 (a,b)∈A×B Denição 2.3.4 n X A e B espaços vetoriais sobre um corpo K . Denimos HA×B + como o subgrupo de (A × B) gerado por todos os elementos dos tipos: (i) (a1 + a2 , b1 ) − (a1 , b1 ) − (a2 , b1 ); (ii) (a1 , b1 + b2 ) − (a1 , b1 ) − (a1 , b2 ); (iii) (λa1 , b1 ) − (a1 , λb1 ). Para quaisquer a1 e a2 em A, b1 e b2 em B e λ em K . Denimos A ⊗ B = (A × B)+ /HA×B como o produto tensorial de A e B . Denotamos por a ⊗ b cada elemento (a, b) + HA×B de A ⊗ B . Sejam Observação 2.3.5Obviamente A⊗B é um grupo abeliano. Além disso, cada elemento n X X nab (a, b) + HA×B pode ser escrito como ai ⊗ b i . i=1 (a,b)∈A×B 8 Denição 2.3.6 A Sejam B e espaços vetoriais sobre um corpo ψ : A×B → G abeliano. Dizemos que a aplicação A, b1 e b2 em B e λ em K as seguintes (i) ψ(a1 + a2 , b1 ) = ψ(a1 , b1 ) + ψ(a2 , b1 ); (ii) ψ(a1 , b1 + b2 ) = ψ(a1 , b1 ) + ψ(a1 , b2 ); (iii) ψ(λa1 , b1 ) = ψ(a1 , λb1 ). em Proposição 2.3.7 A Sejam e B ψ A aplicação (A × B)+ → G 0 ψ : A ⊗ B → G, ψ Vamos provar que 0 a B. e b em Claramente, Lema 2.3.8 G um grupo abeliano. Se existe um único homomorsmo de para quaisquer a em A 0 X nab (a, b) = e b em B. ψ : ψ(nab (a, b)). (a,b)∈A×B HA×B dada por está contido no núcleo de ψ. Consideremos a 0 ψ (x + HA×B ) = ψ(x). está bem denida. Se x + HA×B = y + HA×B , então x − y ∈ 0 ψ A a2 0 ψ(x−y) = 0 implica ψ(x) = ψ(y), ou seja, ψ (x+HA×B ) = ψ (y +HA×B ). É fácil ver que em e X Observemos que o subgrupo todo a1 denindo (a,b)∈A×B Logo, um grupo pode ser estendida a um homomorsmo de grupos ψ HA×B . G é bilinear se para quaisquer espaços vetoriais e aplicação e condições são satisfeitas: ψ : A × B → G é uma aplicação bilinear, então 0 0 grupos ψ : A ⊗ B → G tal que ψ (a ⊗ b) = ψ(a, b) Prova: K ψ Sejam 0 é um homomorsmo de grupos e que 0 ψ (a ⊗ b) = ψ(a, b), para é única. 0 A, B , A e B 0 espaços vetoriais. Se 0 ψ1 : A → A e ψ2 : B → B 0 são transformações lineares, então existe um único homomorsmo de grupos, denotado por em 0 ψ1 ⊗ ψ2 : A ⊗ B → A ⊗ B A e b em B . Prova: ψ Vamos denir 0 , tal que 0 (ψ1 ⊗ ψ2 )(a ⊗ b) = ψ1 (a) ⊗ ψ2 (b), ψ : A×B → A ⊗B 0 por ψ(a, b) = ψ1 (a) ⊗ ψ2 (b). para todo Obviamente, é bilinear. Logo, pela Proposição 2.3.7, existe um homomorsmo de grupos de em 0 A ⊗B 0 a A⊗B possuindo a propriedade estabelecida. Claramente, este homomorsmo é único. Teorema 2.3.9 Se A espaço vetorial sobre e B K, são espaços vetoriais sobre um corpo K, então A ⊗ B é um n X com multiplicação por escalar denida por (ai ⊗ bi ) = λ i=1 n X ((λai ) ⊗ bi ). i=1 9 Prova: Dado λ K, em ψλ : A → A por ψλ (a) = λa. Como ! ψλ n n X X λ (ai ⊗ bi ) = (ψλ ⊗ idB ) (ai ⊗ bi ) . denimos transformação linear, denimos i=1 n n X X λ (ai ⊗ bi ) = ((λai ) ⊗ bi ). ψ2 : B → B 0 Sejam 0 a em Prova: ψ 0 ψ1 ⊗ ψ2 : A ⊗ B → A ⊗ B A e b em B . Vamos denir B 0 é um espaço vetorial sobre espaços vetoriais. Se K. 0 ψ1 : A → A e 0 0 , tal que ψ : A×B → A ⊗B 0 por (ψ1 ⊗ ψ2 )(a ⊗ b) = ψ1 (a) ⊗ ψ2 (b) ψ(a, b) = ψ1 (a) ⊗ ψ2 (b). para Obviamente, é bilinear. Logo, pela Proposição 2.3.7, existe um único homomorsmo de grupos 0 0 ψ : A⊗B → A ⊗B b e A⊗B está bem denida, temos que o são transformações lineares, então existe uma única transformação linear, denotada por todo ψλ ⊗ idB Como A, B , A Logo, i=1 i=1 i=1 produto por escalar está bem denido e Teorema 2.3.10 é uma em B. 0 tal que 0 ψ (a ⊗ b) = ψ(a, b) = ψ1 (a) ⊗ ψ2 (b), para todo a em A e Além Disso, n n n n X X X X 0 0 ψ (λ (ai ⊗ bi )) = ψ ( ((λai ) ⊗ bi )) = ψ ((λai ) ⊗ bi ) = ψ1 (λai ) ⊗ ψ2 (bi ) = 0 i=1 i=1 i=1 i=1 n n n X X X 0 (λψ1 (ai )) ⊗ ψ2 (bi ) = (λ(ψ1 (ai ) ⊗ ψ2 (bi ))) = (λψ (ai ⊗ bi )) = i=1 λ n X i=1 i=1 n X ψ (ai ⊗ bi ) = λψ ( ai ⊗ bi ). 0 0 i=1 Portanto, ψ 0 i=1 é uma transformação linear. transformação linear desejada. Claramente, Teorema 2.3.11 Se A e B ψ1 ⊗ ψ2 ψ1 ⊗ ψ2 = ψ 0 , temos a é única. K , então: b1 , . . . , bm são são espaços vetoriais sobre um corpo a1 , . . . , am são vetores linearmente independentes de A e m X B tais que ai ⊗ bi = 0, então bi = 0 para todo i ∈ {1, . . . , m}; (i) Se de Denindo vetores i=1 a1 , . . . , am são vetores de A e b1 , . . . , bm são vetores linearmente m X B tais que ai ⊗ bi = 0, então ai = 0 para todo i ∈ {1, . . . , m}; (ii) Se de independentes i=1 {e1 , . . . , en } é uma base de A e {f1 , . . . , fn } é uma base de B , então {ei ⊗fj ; 1 ≤ m n X X i ≤ m e 1 ≤ j ≤ n} é uma base de A ⊗ B . Além disso, se a = αi ei e b = βj f j , (iii) Se i=1 então a⊗b= m X n X αi βj (ei ⊗ fj ). i=1 j=1 10 j=1 Prova: Para provar a parte independentes de (i), em função da base ψk (a, b) = αk b, onde {a1 , . . . , am } ∪ A. αk Como ai ⊗ b i = 0 , i=1 para todo i ∈ {1, . . . , m}. temos que é o coeciente de Claramente, ψk ψk : A × B → B a quando escrevemos a Seja ak , é bilinear. Logo, pela Proposição 0 0 ψk : A × B → B tal que ψk (a ⊗ b) = ψk (a, b). m X 0 0 b k = ψk ( ai ⊗ bi ) = ψk (0) = 0. Portanto, bi = 0 2.3.7, existe um homomorsmo de grupos m X i=1 Analogamente provamos a parte Para provar a parte (iii), é uma base de A ⊗ m X n X 1≤j≤n um conjunto de vetores linearmente A tais que {a1 , . . . , am } ∪ A é uma base de A. aplicação dada por j ≤ n} A consideremos ( tais que B. (ii). B = {ei ⊗ fj : 1 ≤ i ≤ m e 1 ≤ vamos mostrar que Suponhamos, que existam coecientes γij (ei ⊗ fj )) = 0. γij , 1 ≤ i ≤ m e Logo, i=1 j=1 m X n X γij (ei ⊗ fj ) = i=1 j=1 m X n X (ei ⊗ γij fj ) = i=1 j=1 i, temos que 1 ≤ j ≤ n. Portanto, Portanto, para cada m X n X ei ⊗ ( γij fj ). i=1 n X γij fj = 0, j=1 de onde concluímos que γij = 0 j=1 para 1≤i≤m e Vamos provar que B gera B A ⊗ B. é linearmente independente. m X Sejam αi ei ∈ A a= e b= n X i=1 βj f j ∈ B . j=1 Logo, a⊗b= m X αi e i ⊗ i=1 n X j=1 βj fj = m X (αi ei ⊗ i=1 n m X X n X βj f j ) = m X n X j=1 (αi ei ⊗ βj fj ) = i=1 j=1 αi βj (ei ⊗ fj ). i=1 j=1 Assim, é fácil ver que qualquer elemento p X ai ⊗ b i i=1 como uma combinação linear de elementos de B. Portanto, de de A⊗B pode ser escrito B gera A ⊗ B e é uma base A ⊗ B. Sejam cartesiano A e B A × B álgebras associativas com unidade sobre um corpo K. O produto é também uma álgebra associativa com identidade sobre considerando a soma como (a1 , b1 ) + (a2 , b2 ) = (a1 + a2 , b1 + b2 ), a multiplicação como 11 K, (a1 , b1 ) · (a2 , b2 ) = (a1 a2 , b1 b2 ) e a multiplicação por escalar como λ(a, b) = (λa, λb). Teorema 2.3.12 Se A B e são álgebras associativas com identidade sobre um corpo induzida A ⊗ B é uma álgebra associativa com por (a1 ⊗ b1 )(a2 ⊗ b2 ) = (a1 a2 ⊗ b1 b2 ). Prova: Fixando K, então quaisquer a1 em a2 A e e b2 , b1 denimos em ψ1 ⊗ ψ2 : A ⊗ B → A ⊗ B B. em (a, b) A⊗B em Como homomorsmo de grupos em A e b em B. ψx a2 A em e b2 em e ψ2 B, ψx : A ⊗ B → A ⊗ B É fácil ver agora que e com multiplicação ψ2 (b1 ) = b1 b2 para são transformações lineares. Logo a2 ⊗ b 2 . revertemos o procedimento, xando por ψx (a, b) = x(a ⊗ b) para qualquer é bilinear, pela Proposição 2.3.7, temos que existe um 0 A aplicação Teorema 2.3.13 ψ1 Claramente, ψ1 (a1 ) = a1 a2 por ψx : A × B → A ⊗ B e denindo A × B. ψ2 e dene multiplicação à direita por Fazendo isto para todo x ψ1 K, identidade sobre 0 ψx tal que 0 ψx (a ⊗ b) = ψ(a, b) para todo corresponde à multiplicação à esquerda por A⊗B a x. é uma álgebra associativa com identidade. 0 0 A, B , A e B álgebras associativas com identidade. Se 0 0 ψ1 : A → A e ψ2 : B → B são homomorsmos de álgebras, então existe um único 0 0 homomorsmo de álgebras ψ1 ⊗ ψ2 : A ⊗ B → A ⊗ B tal que (ψ1 ⊗ ψ2 )(a ⊗ b) = ψ1 (a) ⊗ ψ2 (b) para quaisquer a em A e b em B . Prova: ψ Sejam Vamos denir é bilinear. 0 ψ : A×B → A ⊗B 0 0 em A e b em por ψ(a, b) = ψ1 (a) ⊗ ψ2 (b). Obviamente, Logo, pela Proposição 2.3.7, existe uma única transformação linear ψ : A⊗B → A ⊗B a 0 0 tal que 0 ψ (a ⊗ b) = ψ(a, b) = ψ1 (a) ⊗ ψ2 (b) para quaisquer B. Além disso, 0 ψ ((a1 ⊗ b1 )(a2 ⊗ b2 )) = (ψ1 ⊗ ψ2 )((a1 ⊗ b1 )(a2 ⊗ b2 )) = (ψ1 ⊗ ψ2 )(a1 a2 ⊗ b1 b2 ) = ψ1 (a1 a2 )⊗ψ2 (b1 b2 ) = ψ1 (a1 )ψ1 (a2 )⊗ψ2 (b1 )ψ2 (b2 ) = (ψ1 (a1 )⊗ψ1 (a2 ))(ψ2 (b1 )⊗ψ2 (b2 )) = 0 0 (ψ1 ⊗ ψ2 (a1 ⊗ b1 ))(ψ1 ⊗ ψ2 (a2 ⊗ b2 )) = ψ (a1 ⊗ b1 )ψ (a2 ⊗ b2 ). Assim, é fácil ver que ψ 0 é um homomorsmo de álgebras. Denindo temos o homomorsmo desejado. Claramente, 12 ψ1 ⊗ ψ2 é único. ψ1 ⊗ ψ2 = ψ 0 , 2.4 Álgebras com identidades polinomiais Nesta seção, introduziremos as álgebras com identidades polinomiais, uma classe muito importante de álgebras. Pois, além de surgirem como uma generalização das álgebras nilpotentes, comutativas e as de dimensão nita, elas mantém várias das boas propriedades destas classes. Denição 2.4.1 KhXi X = {x1 , x2 , . . . , } de variáveis não associativa livre, isto é, KhXi tem como base Para o conjunto denotará a álgebra comutativas, os elementos da forma x i 1 . . . xi n ; xi j ∈ X ; n = 0, 1, 2, . . . e a multiplicação denida por (xi1 . . . xik )(xj1 . . . xjl ) = xi1 . . . xik xj1 . . . xjl onde KhXi são denominados de polinômios. 0 subespaço KhXi ⊂ KhXi gerado pelos elementos xit , xjs ∈ X. Os elementos de O xi1 . . . xin ; xi j ∈ X ; da forma n = 1, 2, . . . é uma subálgebra denominada de álgebra associativa livre sem unidade. Observe que a álgebra KhXi denida acima é, noutras palavras, a álgebra dos polinômios não comutativos. Denição 2.4.2 f (x1 , . . . , xn ) ∈ KhXi (ou a expressão f (x1 , . . . , xn ) = 0) é denominado uma identidade polinomial da álgebra A, se f (a1 , . . . , an ) = 0 para quaisquer a1 , . . . , an ∈ A. Uma álgebra com identidade polinomial (PI-álgebra) é uma Um polinômio álgebra que satisfaz uma identidade polinomial não trivial. Seguem alguns exemplos importantes de álgebras com identidades polinomiais, ou seja, de PI-álgebras. Exemplo 2.4.3 comutador Toda álgebra comutativa f (x1 , x2 ) = [x1 , x2 ] = x1 x2 − x2 x1 Exemplo 2.4.4 A álgebra de Grassmann E mostra para E . usando os elementos da base de é uma identidade polinomial Exemplo 2.4.5 corpo innito para A K E é uma identidade polinomial para A. é uma PI-álgebra, pois um cálculo direto que o polinômio f (x1 , x2 , x3 ) = [[x1 , x2 ], x3 ] E 0 a álgebra de Grassmann sem unidade sobre um p char K = p 6= 0. Então, f (x) = x é uma identidade polinomial (Regev, [6]) Seja com é uma PI-álgebra, pois o polinômio 0 E. 13 Exemplo 2.4.6 A álgebra M2 (K) satisfaz a identidade f (x1 , x2 , x3 ) = [[x1 , x2 ]2 , x3 ] conhecida como a identidade de Hall. A vericação é simples, basta observarmos dois fatos: (1) Se a, b ∈ M2 (K), a ∈ M2 (K) M2 (K). (2) Se Exemplo 2.4.7 e então tr([a, b]) = 0; tr(a) = 0, então a2 = λI2 onde I2 é a matriz identidade de (Teorema de Amitsur-Levitzki, [6]) A álgebra polinômio standard de grau Mn (K) satisfaz o 2n s2n (x1 , . . . , x2n ) = X (−1)σ xσ(1) . . . xσ(2n) σ∈S2n onde σ. S2n {1, 2, . . . , 2n} e (−1)σ é o sinal da permutação k sob a forma, sm , para todo k , quando m < 2n. é o grupo das permutações de Ademais, não satisfaz identidades Exemplo 2.4.8 Uma Exemplo 2.4.9 Uma K -álgebra A é dita ser uma Nil-álgebra se para cada a ∈ A n existe um número natural n tal que a = 0. O menor inteiro n com tal propriedade é denominado índice de nilpotência do elemento a. Uma álgebra A é uma Nil-álgebra n de índice n se a = 0 para todo a ∈ A. Toda Nil-álgebra de índice limitado n é uma n PI-álgebra, pois satisfaz o polinômio f (x) = x . K -álgebra A é dita ser nilpotente se existe um natural xo n tal que o produto de quaisquer n elementos de A é igual a zero. O menor natural n com tal propriedade é denominado o índice de nilpotência da álgebra A, e A é denominada uma álgebra nilpotente de classe n − 1. Toda álgebra associativa nilpotente de classe n − 1 é uma PI-álgebra, pois ela satisfaz o polinômio f (x1 , . . . , xn ) = x1 . . . xn . (Observamos que neste exemplo e no anterior, as álgebras consideradas não possuem unidade.) Aqui mencionamos brevemente que o clássico Teorema de Nagata, Higman, Dubnov e Ivanov, arma que em característica 0, toda Nil-álgebra de índice limitado, é nilpotente. Para ver mais detalhes Capítulo 8 de [6]. Teorema 2.4.10 (Regev,[14]) O produto tensorial A = A1 ⊗ A2 de duas PI-álgebras é uma PI-álgebra. Após vários exemplos de PI-álgebras, surge uma pergunta inevitável: Existem álgebras que não são PI-álgebras? A resposta é sim. A álgebra KhXi, por exemplo, não satisfaz nenhuma identidade polinomial não nula. Isto pode ser compreendido por um argumento simples. Suponhamos, por absurdo, que 14 f (x1 , . . . , xn ) seja uma identidade polinomial não nula de i = 1, . . . , n, KhXi. Assim, o que é um absurdo, pois f (f1 (x1 ), . . . , fn (xn )) = 0 onde fi (xi ) = xi para f (x1 , . . . , xn ) 6= 0. O próximo teorema mostra que toda álgebra de dimensão nita é também uma PI-álgebra. Teorema 2.4.11 Seja A uma álgebra de dimensão nita, digamos n. Então, ela n + 1, isto é, o polinômio X sn+1 (x1 , . . . , xn+1 ) = (−1)σ xσ(1) . . . xσ(n+1) . satisfaz o polinômio standard de grau σ∈Sn+1 Prova: Da denição de polinômio standard é imediato que ele é igual a zero, se dois de seus argumentos forem iguais. Por multilinearidade, é suciente vericarmos numa {e1 , . . . , en }. base de A, digamos dois dos eij são iguais. Daí, Denição 2.4.12 sn+1 Um ideal I Observe que de uma álgebra Como de I é dito ser um T-ideal, se isto é, se Φ(I) ⊆ I for para todo Φ : A → A. Teorema 2.4.13 Prova: Φ A A, é tal que ao menos A. é identidade polinomial para invariante sob todos os endomorsmos endomorsmo sn+1 (ei1 , . . . , ein+1 ) Sejam O ideal T (A) das identidades da álgebra f (x1 , . . . , xn ) ∈ T (A) e obtemos que, Observação 2.4.14 A Se é um T-ideal de Φ : KhXi → KhXi Φ(f (x1 , . . . , xn )) = f (Φ(x1 ), . . . , Φ(xn )) a1 , . . . , an ∈ A, A e é uma álgebra e I um endomorsmo. f (a1 , . . . , an ) = 0 Φ(f (x1 , . . . , xn )) ∈ T (A). Portanto, é um ideal de A, KhXi. para quaisquer Φ(T (A)) ⊆ T (A). então o quociente A/I tem estrutura de álgebra. Teorema 2.4.15 Prova: Sejam Se I é um T-ideal de f (x1 , . . . , xn ) ∈ I e KhXi, então, f1 , . . . , fn ∈ KhXi. I = T (KhXi/I). Como f (f1 , . . . , fn ) ∈ I , temos que f (f1 + I, . . . , fn + I) = f (f1 , . . . , fn ) + I = I. Logo, I ⊆ T (KhXi/I). obtemos Por outro lado, supondo-se que I = f (x1 + I, . . . , xn + I) = f (x1 , . . . , xn ) + I . T (KhXi/I) ⊆ I . Portanto temos a igualdade. 15 f (x1 , . . . , xn ) ∈ T (KhXi/I), Donde, f (x1 , . . . , xn ) ∈ I . Logo Denição 2.4.16 Seja B um conjunto gerador de T (A) para uma álgebra A. Diremos B é uma base de identidades de A. Se B não contém propriamente nenhuma base de A, B será denominada uma base minimal de T (A). Se S é um subconjunto de KhXi, o T-ideal gerado por S é denotado por hSiT . Noutras palavras, hSiT é o ideal de KhXi gerado pelos polinômios que {f (g1 , . . . , gn ) | f (x1 , . . . , xn ) ∈ S; gi ∈ KhXi}, ou ainda, hSiT = {h1 f (g1 , . . . , gn )h2 ; f (x1 , . . . , xn ) ∈ S, gi , h1 , h2 ∈ KhXi, para i = 1, . . . , n}. f ∈ KhXi pertence a hSiT dizemos que f segue de S , ou que f conseqüência de S . Dois subconjuntos de KhXi são equivalentes se eles geram Se um polinômio é uma o mesmo T-ideal. Um dos principais problemas da teoria de identidades polinomiais é encontrar, para uma dada álgebra, bases para suas identidades polinomiais. Seguem alguns exemplos de bases de identidades polinomiais. Exemplo 2.4.17 (veja, [6]) A álgebra M2 (K) quando K é um corpo de característica zero, tem por base minimal s4 (x1 , x2 , x3 , x4 ) Exemplo 2.4.18 e h(x1 , x2 , x3 ) = [[x1 , x2 ]2 , x3 ]. Regev e Krakowski, em [6], mostraram que sobre corpos com característica zero todas as identidades da álgebra de Grassmann seguem da identidade polinomial [[x1 , x2 ], x3 ] = 0. Este último resultado generaliza-se facilmente para o caso de corpos innitos com característica positiva e diferente de dois (quando char(K) = 2, a álgebra é comutativa, logo não muito interessante do ponto de vista da PI teoria. Neste caso, um raciocínio simples mostra que qualquer identidade polinomial que não seja conseqüência da comutatividade, implica na nilpotência da álgebra). Ressaltamos ainda que a álgebra de Grassmann E de um espaço vetorial V de dimensão innita é um exemplo de uma PI-álgebra que não satisfaz nenhuma identidade standard, quando o corpo base é de característica zero. Quando, char K identidade standard de grau p + 1. = p > 2, a álgebra E satisfaz a Um teorema devido a Kemer, veja [10], arma que neste último caso, toda PI-álgebra satisfaz alguma identidade standard. Em 1950, Specht [16] formulou o seguinte problema para álgebras associativas sobre corpos de característica zero: identidades polinomiais? Toda álgebra possui uma base nita para suas Esta pergunta, que cou conhecida como o problema de 16 Specht, passou a ser uma das questões centrais da teoria de identidades polinomiais e foi nalmente respondida de modo positivo por Kemer em 1987 (veja, [9]). Por volta de 1973, Krause e Lvov, separadamente, provaram que este problema tem resposta positiva para álgebras nitas. A resposta para o problema de Specht é negativa no caso de álgebras sobre corpos innitos e de característica positiva. Não vamos entrar em detalhes sobre o avanço na resolução do problema de Specht, pois o assunto merece atenção especial, envolvendo métodos e técnicas sosticadas, e não está diretamente relacionado com o conteúdo da presente dissertação. Mais adiante, faremos uma exposição resumida sobre alguns pontos da teoria desenvolvida por Kemer, com a nalidade de justicar o nosso interesse no estudo das identidades em álgebras matriciais e de Grassmann. 2.5 Variedades e álgebras relativamente livres Nesta seção, apresentaremos as variedades (de álgebras associativas) que classicam as PI-álgebras de acordo com as identidades que estas satisfazem. Dentro das variedades, encontram-se seus elementos mais importantes, as álgebras livres. Através destes conceitos, desenvolve-se o estudo das álgebras e suas identidades polinomiais. Denição 2.5.1 F e para cada álgebra A e cada ϕ : F → A estendendo h. Neste Denição 2.5.2 Seja denida pelo conjunto de I; O conjunto F é livre se existe X ⊆ F tal que X gera aplicação h : X → A existe um único homomorsmo caso, dizemos que F é livremente gerada por X . Dizemos que uma álgebra I I um subconjunto de KhXi. A variedade de I é a classe de todas as álgebras que satisfazem álgebras var(I) cada identidade é o conjunto de identidades que denem a variedade var(I). A variedade trivial é a classe de álgebras que contém apenas a álgebra nula (noutras palavras, é a variedade denida pelo conjunto Observação 2.5.3 É fácil vericar que o conjunto qualquer homomorsmo da álgebra livre Denição 2.5.4 Se KhXi). V KhXi KhXi está contido no núcleo de numa álgebra da variedade var(I). é uma classe de álgebras, o conjunto T (V) = {f ∈ KhXi | f ∈ T (A) é um ideal de I para cada A ∈ V} chamado ideal das identidades que denem a variedade 17 V. O próximo teorema mostra que toda variedade tem uma álgebra livre. Teorema 2.5.5 KhXi/T (V) (2) A álgebra Sejam Π à X é injetora; KhXi/T (V) x1 x2 e é livre na variedade V com conjunto gerador livre dois elementos distintos de A Consideramos uma álgebra não nula existe homomorsmo Ψ : KhXi → A contido no núcleo de Ψ, Φ ◦ Π = Ψ. Π : KhXi → uma variedade não trivial de álgebras e a projeção canônica. Então, (1) A restrição de Prova: V Sejam de V tal que X Π(x1 ) = Π(x2 ). tais que e um elemento não nulo Ψ(x1 ) = a e Ψ(x2 ) = 0. a de A. Como Φ : KhXi/T (V) → A existe um homomorsmo Π(X). Então, T (V) está para o qual Mas, a = Ψ(x1 ) = Φ ◦ Π(x1 ) = Φ ◦ Π(x2 ) = Ψ(x2 ) = 0 o que é uma contradição. Portanto A álgebra KhXi/T (V) KhXi e Π(X). T (V). para o qual A∈V Sejam Φ : KhXi → A. Ψ ◦ Π = Φ, pois restrito a X Π(X) é injetora. V e pertence a desde que Vamos mostrar que esta álgebra é livre em é álgebra livre com conjunto gerador a um homomorsmo Π é gerada pelo conjunto satisfaça todas identidades de conjunto gerador livre x1 = x2 e σ X, uma aplicação de a aplicação Se x ∈ X, em σ◦Π : X → A Existe um homomorsmo T (V) ⊆ Ker(Φ). Π(X) A. V , com Como estende-se Ψ : KhXi/T (V) → A temos que Ψ(Π(x)) = Ψ ◦ Π(x) = Φ(x) = σ ◦ Π(x) = σ(Π(x)) ou seja, o homomorsmo procurado. Portanto, conjunto gerador livre Ψ estende a aplicação KhXi/T (V) σ. Logo, Ψ é o homomorsmo é uma álgebra livre na variedade V, tendo como Π(X). Uma variedade de álgebras é claramente fechada sob as operações de tomar subálgebras, imagem homomórca e produto cartesiano. Uma variedade é gerada por uma classe de U U de álgebras se toda álgebra de V V de álgebras pode ser obtida das álgebras por uma seqüência nita de aplicações das operações citadas acima. Denotamos este fato por uma álgebra V = var(U), A. ou por V = var(A) quando a classe U contém apenas O clássico Teorema de Birkho (veja, [6]) demonstra que uma classe 18 não vazia de álgebras é variedade se, e somente se, ela é fechada com respeito às três operações acima descritas. No próximo Teorema, listamos algumas das propriedades básicas das variedades (omitimos a prova, pois a mesma é bastante direta). É importante frisar que ele só é válido devido ao conjunto Teorema 2.5.6 Sejam X U1 e ser innito. U2 duas classes de álgebras e V uma variedade de álgebras. Então, (1) T (U1 ) = ∩A∈U1 T (A) = T (var(U1 )); (2) U1 ⊆ U2 ⇒ T (U2 ) ⊆ T (U1 ); (3) U1 ⊆ V ⇔ T (V) ⊆ T (U1 ); (4) Se F é uma álgebra livre em Corolário 2.5.7 Se A V, então T (V) = T (F ). é uma álgebra, então T (var(A)) = T (A). Vários resultados e denições apresentados nesta seção podem ser generalizados para álgebras não necessariamente associativas (álgebras de Lie, Alternativas, entre outras), sobre anéis comutativos com identidade. de Jordan, Porém, como as álgebras tratadas neste texto são principalmente a álgebra de matrizes e a álgebra de Grassmann, nós restringimos as denições às álgebras associativas sobre corpos. Denição 2.5.8 álgebra relativamente livre de Y ). UY (V) ∈ V é chamada uma livre na classe V (livremente gerada por posto de UY (V). Y, UY (V) é Para um conjunto xo A cardinalidade de Y V, se é chamada o a álgebra A proposição a seguir caracteriza as álgebras relativamente livre em qualquer variedade. Proposição 2.5.9 qualquer e J V a variedade KhY i gerado por Sejam o ideal de denida por {fi | i ∈ I}, Y um conjunto {fi (g1 , . . . , gni ) | gi ∈ KhY i; i ∈ I}. U = KhXi/J é a álgebra relativamente livre em V Y = {y + J | y ∈ Y }. Duas álgebras relativamente Então, a álgebra com conjunto de geradores livre livres de mesmo posto em V são isomorfas. Prova: 19 (1) Vamos mostrar que e sejam U ∈ V. g1, . . . , gn ∈ F Seja onde g j = gj +J fi (g 1 , . . . , g n ) = 0. Logo, U. polinomial para Daí, fi (x1 , . . . , xn ) uma das identidades que denem V com gj ∈ KhY i. Isto mostra que Ψ : Y → A Θ(y) = Ψ(y) e estendemos Θ F. Sejam A Denimos a função uma álgebra de Θ : Y → A Isto é sempre possível, porque Para provar que Ψ mostrarmos que J ⊆ Ker(Θ). KhY i f ∈ J, ui fi (g i1 , . . . , g in )vi Θ) é álgebra associativa livre. pode ser estendido a um homomorsmo Seja V pondo a um homomorsmo (também denotado por Θ : KhY i → A. X é identidade U ∈ V. uma função arbitrária. f= fi (g1 , . . . , gn ) ∈ J . fi (x1 , . . . , xn ) = 0 (2) Agora vamos provar a propriedade universal de e Então, U → A, é suciente isto é, onde gij , ui , vi ∈ KhY i. i∈I Para que em (3) Se ri1 , . . . , rin ∈ A, o elemento fi (ri1 , . . . , rin ) é igual a zero em A, e isto implica Θ(f ) = 0, V, isto é, J ⊆ Ker(Θ) livremente gerada por |Y | = |Z|, com e U ' UY (V) é a álgebra relativamente livre Y. Y = {yi | i ∈ I} e Z = {Zi | i ∈ I}. Sejam FY (V) e FZ (V) suas correspondentes álgebras relativamente livres. Sendo ambas relativamente livres, podemos denir homomorsmos Ψ : FY (V) → FZ (V) pondo Ψ(yi ) = zi e Φ(zi ) = yi . Assim, e Ψ Φ : FZ (V) → FY (V) e Φ são isomorsmos. A partir de (1), (2) e (3) temos o requerido. Observação 2.5.10 gerado por A partir da Proposição 2.5.9, temos que o T-ideal de {fi | i ∈ I} KhXi consiste de todas as combinações lineares dos elementos sob a forma ui fi (gi1 , . . . , gin )vi onde gij , ui , vi ∈ KhXi. 2.6 Identidades polinomiais homogêneas, multilineares e próprias Nesta seção, vericamos que sob determinadas condições podemos simplicar as identidades que estamos trabalhando. À primeira vista, estes resultados parecem 20 apenas simplicar as técnicas, mas sua importância vai muito além disso, como veremos no decorrer do texto. Denição 2.6.1 k exatamente Um monômio vezes. monômios tem grau linear em xi M tem grau em xi se, a variável k em xi , degxi f = k . Um polinômio é homogêneo de grau k xi . em Denotamos este fato por é um polinômio de grau Denição 2.6.2 k 1 em xi ocorre em se todos os seus Um polinômio é xi . xi , Um polinômio é multihomogêneo, se para cada variável seus monômios têm o mesmo grau em xi . M todos os Um polinômio é multilinear se é linear em cada variável. O grau de um polinômio é o grau do seu maior monômio. Denição 2.6.3 KhXi de grau n e xk uma variável de f . Pn Podemos escrever f como uma soma, f = i=0 fi , onde cada polinômio fi é homogêneo de grau i na variável xk . O polinômio fi é a componente homogênea de grau i em xk do polinômio f . Os Sejam polinômios f um polinômio de multilineares e multihomogêneos desempenham um papel importante na busca de bases para as identidades polinomiais sobre determinados tipos de corpos. Este fato, já observado por Specht em 1950, está desenvolvido no próximo lema. Lema 2.6.4 componente Pn f (x1 , . . . , xm ) = i=0 fi (x1 , . . . , xm ) ∈ KhXi, homogênea de f com grau i em x1 . K i = 1, 2, . . . , n (i) Se o corpo contém mais que seguem de n fi é a fi = 0 onde onde Seja elementos, então as identidades f = 0; (ii) Se a característica do corpo é zero ou maior que o grau de f, então f = 0 é equivalente a um conjunto de identidades polinomiais multilineares. Prova: (i) Seja distintos I = hf iT α0 , . . . , α n de o K. T -ideal de KhXi gerado por f . Como f (αj x1 , x2 , . . . , xm ) = I n X é um T -ideal, Escolhemos n+1 elementos obtemos que αji fi (x1 , x2 , . . . , xm ) ∈ I ; j = 0, 1, . . . , n. i=0 Consideramos estas equações como um sistema linear com incógnitas 0, 1, . . . , n. Como n 1 α0 · · · α0 1 α1 · · · α1n Y = (αj − αi ) .. .. . . . . . . . . i<j n 1 αn · · · αn 21 fi para i = é um determinante fi (x1 , x2 , . . . , xm ) ∈ I , de de Vandermonde que é diferente de 0, temos fi = 0 ou seja, as identidades polinomiais que cada são conseqüências f = 0. (ii) Pela parte (i), podemos assumir que k = degx1 f . Escrevemos fi (x1 , x2 , . . . , xm ) fi (y1 + y2 , x2 , . . . , xm ) ∈ I f (y1 + y2 , x2 , . . . , xm ) = k X é multihomogêneo. Seja sob a forma fi (y1 , y2 , x2 , . . . , xm ) i=0 onde fi Como é a componente homogênea de grau i em y1 . Logo, fi ∈ I para i = 0, 1, . . . , k . degyj fi < k ; i = 1, 2, . . . , k−1 ; j = 1, 2, podemos aplicar argumentos indutivos e obtemos um conjunto de consequências multilineares de f = 0. Para ver que estas f = 0 é suciente observarmos k fi (y1 , y2 , x2 , . . . , xm ) = f (y1 , x2 , . . . , xm ) i identidades multilineares são equivalentes a e que o coeciente binomial é diferente de 0, pois temos por hipótese que ou char K que char(K) = 0 ≥ deg(f ). f gera o A seguem de suas Observamos que o item (i) do lema acima signica que o polinômio mesmo T -ideal que o gerado pelos polinômios Corolário 2.6.5 (i) Se o corpo Seja K A fi para i = 0, 1, . . . , n. uma álgebra. Então, é innito, então todas identidades polinomiais de identidades multihomogêneas; (ii) Se o corpo A K tem característica zero, então todas as identidades polinomiais de seguem de suas identidades multilineares. Quando a álgebra é unitária podemos restringir a nossa busca de identidades polinomiais a um determinado tipo de polinômios, conforme explicamos a seguir. Denição 2.6.6 n é denido indutivamente a partir de [x1 , x2 , . . . , xn ] = [[x1 , x2 , . . . , xn−1 ], xn ] para n > 2. O comutador de comprimento [x1 , x2 ] = x1 x2 − x2 x1 tomando Um polinômio f ∈ KhXi é chamado polinômio próprio (ou comutador), se ele é uma combinação linear de produtos de comutadores, isto é, f (x1 , . . . , xm ) = X αi,..,j [xi1 , . . . , xip ] . . . [xj1 , . . . , xjq ] ; αi,..,j ∈ K. (Assumindo que 1 é um produto de um conjunto vazio de comutadores). Denotamos por B(X) o conjunto de todos os polinômios próprios de 22 KhXi. O próximo lema mostra a importância dos polinômios comutadores para encontrar uma base das identidades de uma álgebra unitária. Sua prova não é complicada e pode ser encontrada em ([6], proposição 4.3.3, pp 42-44). A demonstração está baseada no fato que KhXi é a álgebra universal envolvente de LhXi, conhecido como Teorema de Witt. Lema 2.6.7 Se A é uma álgebra unitária sobre um corpo innito, então todas as identidades polinomiais de em T (A) ∩ B(X)). Se A A seguem das suas identidades próprias (ou seja, daquelas é uma álgebra unitária sobre um corpo de característica 0, então todas as identidades polinomiais de A seguem das suas identidades próprias multilineares. 2.7 Identidades graduadas Ao estudarmos identidades polinomiais ordinárias, em alguns momentos é interessante tratarmos de outros tipos de identidades, através das quais podemos obter informações sobre as identidades ordinárias. Desta idéia surgiram, por exemplo, as identidades polinomiais fracas, as identidades com involução e as identidades com graduação (graduadas). O nosso interesse nas últimas é que as mesmas estão relacionadas com as ordinárias. Nesta seção, vamos trabalhar com tais identidades e fazer um breve resumo da importante teoria estrutural dos Kemer. No que segue, xamos G Denição 2.7.1 Uma álgebra Denição 2.7.2 Um subespaço T -ideais desenvolvida por como um grupo abeliano aditivo. A é dita ser G-graduada, se A = ⊕g∈G Ag onde Ag é subespaço de A para todo g ∈ G e Ag Ah ⊆ Ag+h para todos g, h ∈ G. Um elemento a ∈ ∪g∈G Ag é chamado homogêneo. Para todo elemento homogêneo a, temos a ∈ Ag para algum g ∈ G. Dessa forma, o grau homogêneo de a é denido como sendo g , e P denotamos wG (a) = g . Se a = ag ∈Ag ag , chamamos ag de componente homogênea de grau g em a. B de uma álgebra G-graduada A é dito ser G- graduado, se B= X Bg onde Bg = B ∩ Ag , g∈G os quais denominaremos de subespaços homogêneos. Denição 2.7.3 homomorsmo Uma aplicação G-graduado, se Φ Φ : A → B é um homomorsmo que 23 G-graduadas é chamada satisfaz Φ(Ag ) ⊆ Bg para entre álgebras todo g ∈ G. De modo análogo, denimos isomorsmo, endomorsmo e automorsmo G-graduado. Os próximos dois lemas são de demonstrações imediatas. Lema 2.7.4 Sejam A uma álgebra G-graduada e B uma subálgebra de A. As seguintes armações são equivalentes: (1) B é subálgebra (2) B é álgebra G-graduada G-graduada de A; tal que Bg ⊆ Ag para todo (3) As componentes homogêneas de cada elemento de (4) B g ∈ G; B pertencem a B; é gerada por elementos homogêneos. Lema 2.7.5 uma álgebra Se I G-graduado de uma álgebra G-graduada A, considerando (A/I)g = {a + I/a ∈ Ag }. é um ideal G-graduada Observação 2.7.6 então A/I é Φ : A → B um homomorsmo G-graduado de álgebras. Então, o Ker(Φ) é um ideal G-graduado de A e Φ(A) é uma subálgebra G-graduada de B tal que (Φ(A))g = Φ(Ag ). Noutras palavras, pelo Lema 2.7.5, vale a versão graduada do teorema do Isomorsmo, isto é, a álgebra quociente A/ ker Φ é isomorfa (como álgebra graduada) a ImΦ = Φ(A). Seja Em seguida, apresentaremos alguns exemplos de álgebras graduadas. Desde que uma mesma álgebra pode ter diferentes graduações, estes exemplos serão importantes para apresentarmos as graduações que usaremos no decorrer do texto, também denominadas de graduações canônicas (ou usuais). Exemplo 2.7.7 A álgebra de Grassmann Exemplo 2.7.8 A partir da graduação do Exemplo 2.7.7 construiremos uma E é Z2 -graduada. De fato, seja E0 o subespaço de E gerado por {1, ei1 . . . eik | 1 ≤ i1 < · · · < ik ; k = 2, 4, . . . } e seja E1 o subespaço de E gerado por {ei1 . . . eik | 1 ≤ i1 < · · · < ik ; k = 1, 3, . . . }. Assim, E = E0 ⊕ E1 e facilmente podemos vericar que Ei Ej ⊆ Ei+j para todos i, j ∈ Z2 graduação para o quadrado tensorial da álgebra de Grassmann E. Z2 - Para tanto é suciente considerarmos (E ⊗ E)0 = (E0 ⊗ E0 ) ⊕ (E1 ⊗ E1 ) e (E ⊗ E)1 = (E0 ⊗ E1 ) ⊕ (E1 ⊗ E0 ). Usando o fato que o produto tensorial é distributivo em relação a soma direta, é imediato vericar que E ⊗ E = (E ⊗ E)0 ⊕ (E ⊗ E)1 . 24 Além disso, verica-se diretamente que (E ⊗ E)i (E ⊗ E)j ⊆ (E ⊗ E)i+j E⊗E Portanto a álgebra Exemplo 2.7.9 é A álgebra para todos i, j ∈ Z2 . Z2 -graduada. M1,1 (E) é Z2 -graduada. De fato, consideramos M1,1 (E) = (M1,1 (E))0 ⊕ (M1,1 (E))1 , onde ( a 0 0 d (M1,1 (E))0 = ! ) ( | a, d ∈ E0 e 0 b c 0 (M1,1 (E))1 = ! ) | b, c ∈ E1 , e vericamos diretamente que (M1,1 (E))i (M1,1 (E))j ⊆ (M1,1 (E))i+j Exemplo 2.7.10 para todos i, j ∈ Z2 . {Xg | g ∈ G} uma família de conjuntos disjuntos e enumeráveis. Considerando X = ∪g∈G Xg , a álgebra KhXi é denominada de álgebra livre G-graduada. Para uma variável x ∈ X , denimos wG (x) = g se x ∈ Xg . Recordamos que o conjunto de monômios {1, xi1 . . . xik | xij ∈ X e n = 1, 2, . . . } é uma base de KhXi. Para um tal monômio, digamos m = xi1 . . . xin , denimos Pn wG (m) = j=1 wG (xij ) como sendo o grau homogêneo do monômio. Se g ∈ G, denotamos por KhXig o subespaço gerado pelos monômios de grau g . Observando Seja que KhXig KhXih ⊆ KhXig+h concluímos que KhXi Denição 2.7.11 I é de fato G-graduada. Um ideal I numa álgebra G-graduada A é chamado de G-graduados de A, é invariante por todos os endomorsmos todo endomorsmo G-graduado Φ Denição 2.7.12 Um polinômio expressão graduada f (x1 , . . . , xn ) = 0, A, se f (a1 , . . . , an ) = 0 O conjunto TG (A) g, h ∈ G, para todos é para todo de isto é, TG -ideal se Φ(I) ⊆ I para A. 0 6= f = f (x1 , . . . , xn ) ∈ KhXi, ou mesmo a uma identidade polinomial G-graduada da álgebra G- ai ∈ Agi , onde de todas as identidades denominado de ideal das identidades gi = wG (xi ) G-graduadas G-graduadas 25 de A da álgebra e é um A. i = 1, 2, . . . , n. TG -ideal de KhXi, De modo análogo ao caso ordinário, as álgebras com identidades polinomiais graduadas possuem as mesmas propriedades no que diz respeito a polinômios lineares, polinômios homogêneos, etc. h ∈ KhXi h TG é TG -ideal pertence ao polinômios consequência de f gerado por (ou f em G-graduadas Assim, por exemplo, dizemos que segue de KhXi. {fi (xi1 , . . . , xin ) ∈ KhXi | i ∈ I} graduadas satisfazendo as identidades de álgebras h fi = 0, T -ideais, variedades, f como identidade graduada) se Bem como, dado um conjunto de a classe para todo V i, de todas as álgebras G- é chamada uma variedade determinada pelo sistema de identidades {fi | i ∈ I}. Deste modo, adaptamos as propriedades das identidades ordinárias para as identidades graduadas. Os resultados a seguir fornecem informações sobre identidades ordinárias a partir de identidades graduadas. Lema 2.7.13 identidades Prova: A Sejam G-graduadas Sejam B duas álgebras G-graduadas com TG (A) e TG (B). Se TG (A) ⊆ TG (B), e f (x1 , . . . , xm ) uma identidade qualquer de b1 = X b1 g , . . . , b m = g∈G Como f ∈ T (A), X A T -ideais de T (A) ⊆ T (B). respectivos então e bmg ∈ B. g∈G temos que X X xmg ) ∈ TG (A) ⊆ TG (B) f( x1g , . . . , g∈G daí, vem que, Portanto, f (b1 , . . . , bm ) = f ( g∈G P P g∈G bmg ) = 0. T (A) ⊆ T (B). Corolário 2.7.14 Se Observação 2.7.15 TG (A) = TG (B), então T (A) = T (B). (Contra-exemplo) Consideramos na álgebra de Grassmann duas graduações. A primeira é a trivial onde g∈G b1g , . . . , y1 y2 = y2 y1 Z2 -graduação E = E0 ⊕ E1 , E a segunda é a graduação não é uma identidade graduada. Portanto, uma mesma álgebra pode ter identidades graduadas diferentes conforme sua graduação. 2.8 A Teoria de Kemer Nesta seção faremos um breve resumo sobre a teoria estrutural dos T -ideais desenvolvida por Kemer para álgebras sobre corpos de característica zero. No que 26 segue, K denotará um corpo de característica zero. O leitor interessado poderá encontrar mais informação nas monograas [3] e [9]. A teoria desenvolvida por Kemer mostrou que as PI álgebras sobre corpos de característica 0, satisfazem muitas propriedades boas que as aproximam às álgebras comutativas. Começamos com os conceitos de T -ideais T -primos e T -semiprimos, que têm um papel extremamente importante nessa teoria. Denição 2.8.1 Diremos que: T -ideal S J ⊆ S; (1) Um (2) Um que é T -semiprimo T -ideal I é T -primo J1 ⊆ I ou J2 ⊆ I . se, para qualquer se, para quaisquer T -ideal J , J n ⊆ S implicar que T -ideais J1 , J2 , J1 J2 ⊆ I implicar Os próximos resultados podem ser encontrados nas seções 2 e 3 do Capítulo I de [9], e recomendamos este livro para mais detalhes e informações sobre esta teoria. Teorema 2.8.2 (1) Seja (Kemer) V = 6 ∅ uma variedade. Então V = Nm W , onde Nm é a maior variedade m, W é a maior duas variedades N M consiste das cujo quociente A/I está em M; de todas as álgebras nilpotentes de índice menor ou igual a V e o produto de I contido em N e subvariedade semiprima de álgebras A tendo um ideal T -ideal I é semiprimo são T -primos. (2) O (3) Os únicos se, e somente se, T -ideais T -primos I = I1 ∩ · · · ∩ I q A = A0 ⊕ A1 T -ideais Ij não triviais são: T (Mn (K)) , T (Mn (E)) Se onde os é uma álgebra Z2 -graduada, e T (Ma,b (E)). então E(A) = A0 ⊗ E0 ⊕ A1 ⊗ E1 é denominada o envelope de Grassmann de A. Kemer demonstrou ainda os seguintes resultados, veja [9]. (1) Todo T -ideal uma álgebra não trivial coincide com o Z2 -graduada T -ideal e nitamente gerada; 27 do envelope de Grassmann de (2) O T -ideal T -ideal de qualquer álgebra de alguma álgebra Z2 -graduada Z2 -graduada (3) De (1) e (2), segue que todo e nitamente gerada coincide com o de dimensão nita; T -ideal não trivial coincide com o T -ideal do envelope de Grassmann de alguma álgebra Z2 -graduada de dimensão nita. Dentre as consequências mais importantes dos resultados acima está a resposta armativa para o problema de Specht. Como visto anteriormente, a hipótese sobre a característica do corpo ser zero permite-nos trabalhar apenas com identidades multilineares, e assim podemos fazer uso das boas propriedades da multilinearidade. No desenvolvimento da teoria de Kemer estas propriedades foram bastante utilizadas. Uma questão interessante é o quanto esta teoria depende das identidades multilineares. Observamos que essa questão está fortemente relacionada com uma possível generalização dos resultados obtidos por Kemer para álgebras sobre corpos innitos de qualquer característica. Convém observar que, em característica positiva, a teoria de Kemer não se aplica diretamente, um dos obstáculos é o surgimento de novos T -ideais T -primos, chamados de T -ideais irregulares, cuja descrição completa é ainda um problema em aberto. No entanto, vimos que identidades polinomiais graduadas podem ser usadas no estudo das identidades polinomiais ordinárias em álgebras sobre corpos de qualquer característica. Ressaltamos que recentemente foi provado por Belov [2], Grishin [8] e Shchigolev [15] que o problema de Specht resolve-se em negativo sobre corpos de característica positiva. 2.9 Álgebras genéricas Podemos observar no resumo sobre a teoria de Kemer a importância das PIálgebras Mn (K), Mn (E) e Ma,b (E). Existem construções algébricas genéricas para as álgebras relativamente livre destas álgebras. Para a álgebra matrizes genéricas introduzidas por Procesi [13], e para Mn (K) esta é a álgebra das Mn (E) e Ma,b (E) as construções genéricas foram dadas por Berele [1]. Outro caso importante para nossos objetivos é a construção dada por Lewin [11] para Um (A) quando T (A) = T (A1 )T (A2 ). Vamos fazer um breve resumo sobre estas construções e para mais casos, veja o Capítulo 4 28 deste trabalho e as referências citadas acima. Veja também [12] para aplicações. Sejam ∅. Y = {y1 , y2 , . . . } X = Y ∪ Z, Tomando e Z = {z1 , z2 , . . . } KhXi denotamos por Frequentemente, denominamos os elementos de ímpares. x ∈ Y w(x) = 1 x ∈ Z. se de pondo w(x) = 0 se de 1-variáveis. Y também são f = x1 x2 . . . xk Se f KhXi = KhXi0 ⊕ KhXi1 pelos monômios pares e Seja é de par se w(f ) = 0, Z2 -graduada, onde e de ímpar se KhXi0 w(f ) = 1. é o subespaço de w em Z2 , isto é, gerado KhXi1 é o subespaço de KhXi gerado pelos monômios ímpares. A = A0 ⊕A1 uma álgebra w(a) = 0 ou 1. A álgebra ab = (−1)w(a)w(b) ba Exemplo 2.9.2 Assim, KhXi Z2 -graduada. Os elementos de são denominados de homogêneos. Além disso, cada elemento homogêneo grau é um w(f ) = w(x1 )+w(x2 )+· · ·+w(xk ) (aqui consideramos a somatória módulo 2), e chamamos Denição 2.9.1 Z X. Z de pares e os elementos de Deste modo, os elementos de denominados de 0-variáveis e os de monômio, denimos Y Y ∩Z = a álgebra livre gerada por w = wZ2 : X → Z2 Noutras palavras, denimos e conjuntos de variáveis com A para todos a A0 ∪A1 possui um é dita supercomutativa, se a, b ∈ A0 ∪ A1 . A álgebra de Grassmann é sem dúvida o exemplo mais importante de álgebra supercomutativa. Denição 2.9.3 KhXi = KhXi0 ⊕ KhXi1 a álgebra livre Z2 -graduada denida como acima. Para os monômios f, g ∈ KhXi, consideramos as relações f g = w(f )w(g) (−1) gf e seja I o ideal Z2 -graduado gerado por estas relações. Quando p char K = p > 0, adicionamos {yi | yi ∈ Y } ao conjunto de geradores de I . A álgebra KhY ; Zi = KhXi/I é naturalmente Z2 -graduada (pois herda a graduação de KhXi) e Seja é chamada de álgebra livre supercomutativa. Lema 2.9.4 Sejam K[Y ] a álgebra de polinômios comutativos gerada por a álgebra de Grassmann gerada pelo espaço vetorial com base K[Y ] ⊗ E(Z) KhY ; Zi e Prova: Seja sobrejetor. Sejam e E(Z) Então, as álgebras são isomorfas. Ψ : K[Y ] ⊗ E(Z) → KhY ; Zi = KhXi/I Ψ(a ⊗ b) = ab + I . Z. Y a aplicação denida por É imediato que esta aplicação é um homomorsmo (de álgebras) a = y1 . . . yn ∈ K[Y ] Fazendo as substituições é subconjunto da base de e y1 = · · · = yn = 1 E, temos que b = z1 . . . zm ∈ E(Z), e z1 = e1 , . . . , zm = em ab 6∈ T2 (E). álgebra livre supercomutativa, temos que I = ∩Q, 29 ambos não nulos. onde {e1 , . . . , em } KhXiI é a T2 -ideais das Por outro lado, como onde Q corre sobre os álbegras supercomutativas. Em particular, Ψ, I ⊆ T2 (E) e disto segue a injetividade de como queríamos. Lema 2.9.5 (a) A álgebra de todas as álgebras álgebra tal que KhY ; Zi é canonicamente Z2 -graduadas Z2 -graduada Φ(Y ) ⊆ A0 e livre na classe supercomutativas. Noutras palavras, para toda A = A0 ⊕ A1 , supercomutativa Φ(Z) ⊆ A1 e Z2 -graduada toda função Φ : Y ∪Z → A pode ser estendida a um homomorsmo de álgebras; Y = {y1 , y2 , . . . }, Z = {z1 , z2 , . . . } e xi = yi + zi , onde i = 1, 2, . . . ; Então, toda função Φ : xi → A = A0 ⊕ A1 ; i = 1, 2, . . . pode ser estendida a um homomorsmo homogêneo de KhY ; Zi → A de álgebras Z2 -graduadas. (b) Seja Prova: Veja introdução de [1]. Sejam n e m inteiros positivos e consideramos os conjuntos (q) Y = {yij | i, j = 1, . . . , n; q = 1, . . . , m} e (q) Z = {zij | i, j = 1, . . . , n; q = 1, . . . , m}. Combinando a construção de Procesi com a de Berele, denimos as seguintes matrizes com entradas em (1) As n×n KhY ; Zi: matrizes genéricas n X Aq = (q) yij Eij onde q = 1, . . . , m; i,j=1 (2) As n×n matrizes genéricas com entradas supercomutativas Bq = n X (q) (q) (yij + zij )Eij onde q = 1, . . . , m; i,j=1 (3) As (a, b)-matrizes genéricas (n = a + b) n X (q) Cq = tij Eij , i,j=1 onde (q) (q) tij = yij Teorema 2.9.6 se (i, j) ∈ ∆0 e (q) (q) tij = zij se (i, j) ∈ ∆1 e q = 1, . . . , m. (Procesi (i) e Berele ((ii),(iii))) A1 , . . . , Am é isomorfa à álgebra relativamente denida por Mn (K), isto é, a álgebra Um (Mn (K)); (i) (veja [13])A álgebra gerada por livre de posto m na variedade B1 , . . . , Bm é isomorfa à álgebra relativamente livre denida por Mn (K), isto é, a álgebra Um (Mn (E)); (ii) (veja [1])A álgebra gerada por de posto m na variedade C1 , . . . , Cm é isomorfa à álgebra relativamente livre denida por Mn (K), isto é, a álgebra Um (Ma,b (E)). (iii) (veja [1])A álgebra gerada por de posto m na variedade 30 Capítulo 3 O Teorema de Lewin Nste capítulo apresentaremos um teorema devido a Lewin em [11], que mostra como obter o produto de dois ideais como o núcleo de um homomorsmo de álgebras. Este trabalho motivou o trabalho de Di Vincenzo e Drensky (veja [5]) que apresentaremos no próximo capítulo. 3.1 O Teorema de Lewin Sejam A e B duas K -álgebras produto dos T -ideais T (A)T (B) K -álgebra C contendo AeB com T -ideais T (A) é ainda um tal que T -ideal. e T (B), respectivamente. O Nosso objetivo é construir uma T (C) = T (A)T (B), tal construção foi apresentada por Lewin em [11]. Seja KhXi Denotemos por livres R1 e a álgebra associativa livre, onde R o KhXi-bimódulo i ≥ 1, é um conjunto enumerável. livre com conjuntos enumeráveis de geradores R2 . Assim, existe uma única aplicação linear para X δ : KhXi → R denida por satisfazendo: δ(f g) = f δ(g) + δ(f )g para todos f, g ∈ KhXi. Observe que δ(x1 x2 ) = x1 δ(x2 ) + δ(x1 )x2 = r1 x2 + x1 r2 . De modo similar, temos que δ(x1 x2 x3 ) = r1 x2 x3 + x1 r2 x3 + x1 x2 r3 31 δ(xi ) = ri e indutivamente, obtemos δ(xi1 xi2 . . . xin ) = n X xi1 xi2 . . . xij−1 rj xij+1 . . . xin . j=1 KhXi. Então, estendemos por linearidade, para todo Considere a aplicação linear ψ : KhXi → KhXi R 0 KhXi denida por f δ(f ) f → ψ(f ) = Vejamos que ψ 0 f é um homomorsmo de álgebras. De fato, sejam f, g ∈ KhXi, e observe que ψ(f g) = f g δ(f g) 0 fg = Mais ainda ψ(1) = Portanto ψ f g (δ(f )g + f δ(g)) 0 fg 1 δ(1) 0 1 = 1 0 0 1 = ψ(f )ψ(g). . é um homomorsmo de álgebras. Considerando dois ideais tem estrutura de Sejam ΠU U e V de KhXi temos que o espaço quociente R U R+RV ( KhXi , KhXi )-bimódulo livre com base {ri + (U R + RV ); i = 1, 2, . . . }. U V e ΠV as projeções canônicas de U e V em KhXi, respectivamente. Considere a aplicação δ 1 : KhXi → R U R + RV denida por δ 1 (f ) = δ(f ) + (U R + RV ). Assim, a aplicação δ1 é também uma derivação, ou seja, δ 1 (f g) = δ 1 (f )(g + I) + (f + I)δ 1 (g) onde I = U R + RV. Isto implica que a aplicação Ψ : KhXi → KhXi U 32 0 R U R+RV KhXi V denida por f → Ψ(f ) = 0 δ 1 (f ) ΠU (f ) ΠV (f ) é um homomorsmo de álgebras. A partir de agora vamos mostrar que inicialmente que se está em KerΨ. f não pertence a Isso mostra que U, Ker(Ψ) = U V . então KerΨ ⊂ U . ΠU (f ) 6= 0 Para tanto, observe e consequentemente Analogamente, vemos que f não KerΨ ⊂ V . f ∈ U e g ∈ V temos que 1 1 ΠU (f ) δ (f ) Π (g) δ (g) 0 0 U = . Ψ(f g) = Ψ(f )Ψ(g) = 0 ΠV (f ) 0 ΠV (g) 0 0 Por outro lado, se Daí, temos que U V ⊂ KerΨ ⊂ U ∩ V. Logo, para concluir a prova é suciente mostrar que a base B de KhXi formada por todos os monômios em linearmente ordenada, da seguinte forma ordenação linear na base a>b se V ∩ KerΨ ⊂ U V . deg(a) < deg(b) B: ou X. x1 < x 2 < . . . . e a Considere também X Dena agora a seguinte Para quaisquer dois elementos deg(a) = deg(b) Considere a, b ∈ B dizemos que é estritamente maior que b na ordem lexicográca à direita. Agora vamos estabelecer uma ordenação linear no conjunto geradores de R da seguinte maneira: de todos produtos forma: ari b com a, b ∈ B . ari b < crj d se, Seja f ∈ KhXi e c = bw1 C⊂B para algum Para qualquer c ∈ C, Então, uma b < d ou b = d e ri < rj f1 seja e de R ou b = d e ri = rj o maior monômio de de modo que um monômio w∈V K -base consiste Esta base também pode ser ordenada da seguinte um polinômio qualquer e seja agora um subconjunto v∈V e somente se, r1 < r2 < . . . . R0 = {r1 , r2 , . . . } dos c∈C se c = v1 e f; a < c. Dena para algum b 6= 1. ac ∈ V xo com a1c = c. o primeiro termo do tipo bc = ba1c = (bac )1 , c ∈ C e, consequentemente, v 1 > (v − bac )1 , 33 Então qualquer v∈V possui o que implica em v − bac ∈ V , V pelo fato de transnita, concluímos que o conjunto dos ser ideal. Portanto, utilizando indução ac , c ∈ C, com gera V como um KhXi- módulo à esquerda. V Como KhXi, é um ideal não trivial de monômio de grau positivo e pode ser escrito como Note que dc 6∈ C pela denição de C. c ∈ C temos que qualquer c = xi d c onde dc ∈ B Por conveniência, denotaremos e xi é um xi ∈ X . por xc e ri = δ(xi ) = δ(xc ) = rc . Seja R0 B a base do KhXi-módulo ordenação podemos decompor R0 B livre à esquerda T = RKhXi. Usando a em três partes, como segue B1 = {rc dc ; c ∈ C}, B2 = {rbc; r ∈ R0 , b ∈ B, c ∈ C} e B3 = {rb; r ∈ R0 , b ∈ B, rb 6∈ B1 ∪ B2 }. Observe que B1 e B2 são disjuntos, pois se xc bc1 = xc dc ∈ C . implica que rbc1 = rc dc , c1 ∈ C , Mas como temos bc1 = dc , então xc bc1 6∈ C , e isso o que é uma contradição. Usando a decomposição acima, construímos uma nova base para Observe que a1c = xc dc primeiro termo de B1 por e δ(a1c ), δ(a1c ) = δ(xc dc ) = δ(xc )dc + xc δ(dc ). é igual a δ(xc )dc = rc dc . (vbc )1 = bc e tomamos 0 Portanto, Tomando mostramos que bc, com b∈B e c ∈ C, tomamos K3 = B3 , 0 →b) entre os elementos de B1 ∪ B2 o K = K1 ∪ K2 ∪ K3 gera não trivial entre os elementos da base de Observe que os elementos K2 é uma base de Sendo K T como um vbc , com RKhXi. b∈B R0 V = span{K2 } uma base de vbc = bac ∈ V , Assim, existe uma e K1 ∪ K2 , tal que com argumentos simples de redução ao primeiro termo, KhXi-módulo Por outro lado, qualquer relação não trivial entre os elementos de Logo, (δ(ac ))1 , A partir disso, podemos substituir K2 = {r(vbc )1 ; r ∈ R0 , b ∈ B, c ∈ C}. correspondência biunívoca (b b = b. como segue: K1 = {δ(ac ); c ∈ C}. Agora para qualquer monômio com T, T = RKhXi, e e Portanto, c ∈ C, K K livre à esquerda. leva a uma relação é uma base de formam uma base linear de V. RV = KhXiR0 V = KhXi(span{K2 }). temos U R = U KhXiR0 KhXi = U R0 KhXi = U K = U K1 ⊕ U K2 ⊕ U K3 34 T. e U R + RV = U K1 ⊕ KhXiK2 ⊕ U K3 . v ∈ V ∩ KerΨ. Agora, seja as propriedades da derivação bc ∈ KhXi, δ δ 1 (v) = 0, Então δ(v) ∈ U R + RV . Usando P v na soma v = c∈C bc ac com isto é, e a decomposição de obtemos que δ(v) = δ( X b c ac ) = X δ(bc ac ) = X δ(bc )ac + X bc δ(ac ), X bc δ(ac ). ou seja, podemos escrever δ(v) = Av + Bv , Av ∈ RV Daí, temos que e onde Av = X Bv ∈ KhXiK1 , δ(bc )ac e Bv = e como δ(v) ∈ U R + RV , obtemos que Bv ∈ (U R + RV ) ∩ KhXiK1 . Agora, (U R + RV ) ∩ KhXiK1 = (U K1 ⊕ KhXiK2 ⊕ U K3 ) ∩ KhXiK1 , donde Bv ∈ U K1 . segue que todo de K1 são independentes à esquerda, pertence a U. Logo, Mas, como os elementos bc , pela expressão de Bv , v= X δ(ac ) bc ac ∈ U V. Isso conclui a prova. Temos provado o seguinte teorema devido a Lewin. Teorema 3.1.1 r1 , r2 , . . . , R U eV Seja e sejam (KhXi, KhXi)-bimódulo ideais de KhXi. Sejam um ΠU : KhXi → KhXi U e livre ΠV : KhXi → com geradores livres KhXi , V os correspondentes epimorsmos canônicos. Considere ainda, a derivação δ : KhXi → R denida por seja δ 1 : KhXi → R , U R + RV denida por δ 1 (f ) = δ(f ) + (U R + RV ). 35 δ(xi ) = ri para i≥1 e Então a aplicação linear Ψ : KhXi → KhXi U 0 R U R+RV KhXi V ! , denida por f → Ψ(f ) = é um homormosmo de álgebras e ΠU (f ) δ 1 (f ) 0 ΠV (f ) Ker(Ψ) = U V . 36 ! , Capítulo 4 Base Para as Identidades Polinomiais das Matrizes Triangulares em Blocos com Z2-Graduação Neste capítulo vamos apresentar uma base para as Identidades Polinomiais das Matrizes Triangulares em Blocos com Z2 -graduação. Os resultados são devido a Di Vincenzo e Drensky, e podem ser encontrados em [5]. 4.1 Introdução Seja K um corpo. Em nosso caso, uma superálgebra sobre do que uma álgebra associativa Ai Aj ⊆ Ai+j para todos iej A com uma no grupo aditivo K, nada mais é Z2 -graduação A = A0 + A1 , Z2 . Não assumiremos que isto é, A0 ∩A1 = {0}. Kemer mostrou a importância de superálgebras na teoria das álgebras com identidades polinomiais (ordinárias) sobre corpos com característica zero. estabeleceu que para qualquer PI-álgebra Em particular, ele R existe uma superálgebra nitamente gerada A = A0 +A1 tal que R e A0 ⊗E0 ⊕A1 ⊗E1 possuem as mesmas identidades polinomiais. Aqui, E = E0 ⊕E1 é a álgebra de Grassmann de um espaço vetorial de dimensão innita com sua Z2 -graduação natural. Até o trabalho de Di Vincenzo e Drenski, em [5], as bases para as identidades Z2 -graduadas de uma álgebra supercomutativa A eram conhecidas em alguns poucos casos (veja [4] e [18] para exemplos) Sejam R1 e R2 álgebras associativas sobre um corpo 37 K e seja M um (R1 , R2 )- bimódulo livre. Encontraremos uma base das identidades polinomiais Z2 -graduadas para a superálgebra das matrizes triangulares superiores quadradas de ordem dois A= com a Z2 -graduação R1 M 0 A0 = R1 0 0 R2 assumindo que conhecemos bases dos e A1 = A21 = 0, 0 M 0 0 , T -ideais T (R1 ), T (R2 ) identidades polinomiais ordinárias das álgebras de classe 2. , R2 natural É fácil ver que R1 , R2 e T (R1 ) ∩ T (R2 ) e R1 ⊕ R2 , das respectivamente. isto é, a componente ímpar da superálgebra A é nilpotente Portanto, este fato pode ser considerado como um primeiro passo para um estudo sistemático das identidades das superálgebras com componente ímpar nilpotente. É no espírito do resultado do Capítulo anterior que obteremos uma descrição da superálgebra relativamente livre da variedade de superálgebras geradas por A. Isto pode ser considerado como análogo ao caso das álgebras relativamente livres em matrizes triangulares, estabelecido por Lewin, e detalhado no Capítulo anterior deste trabalho. Sobre um corpo de característica zero, as bases das identidades polinomiais ordinárias para a álgebra das matrizes triangulares superiores foi encontrada por Mal'cev e, para as matrizes de ordem dois por Razmyslov e um dos autores em [4]. Aplicaremos estes resultados para obter bases para as superidentidades das álgebras das matrizes triangulares em blocos A= com a (1) Z2 -graduação R1 e e N R2 R1 N 0 R2 , natural, nos seguintes casos: são as matrizes triangulares superiores de ordem a álgebra das matrizes de ordem (2) R1 = R2 = N = M2 (K); (3) R1 = N = M2 (K) e R2 p por q, com p e q, respectivamente, p > q; é a álgebra das matrizes triangulares superiores de ordem dois. 38 4.2 O resultado principal Sejam variáveis Y = {y1 , y2 , . . . }, Z = {z1 , z2 , . . . } y1 , y2 , . . . associativa livre e z1 , z2 , . . . KhXi, w de elementos de dita uma identidade (ou superidentidade) se c1 , . . . , c n ∈ A 1 . U2 (A) = por A. Consideremos as possui uma natural, KhXi0 pertence a w ∈ KhXi1 é par e se o número é Z2 -graduada para a álgebra supercomutativa f (b, c) = f (b1 , . . . , bm , c1 , . . . , cn ) = 0 Denotaremos por Z2 -graduação w = x i 1 x i 2 . . . xi n Z A álgebra f (y, z) = f (y1 , . . . , ym , z1 , . . . , zn ) ∈ KhXi destas entradas for ímpar. Um polinômio A = A0 + A1 , X, onde um monômio se o número de entradas em X = Y ∪ Z. como pares e ímpares, respectivamente. gerada livremente por KhXi = KhXi0 ⊕ KhXi1 , e T2 (A) o T2 -ideal para todos b1 , . . . , bm ∈ A0 das superidentidades de A e e por KhXi a superálgebra relativamente livre da variedade de superálgebras gerada T2 (A) Usaremos as mesmas notações y1 , y2 , . . . e z1 , z2 , . . . para os geradores de U2 (A). No caso ordinário, escreveremos as notações como acima, excluindo o índice 2. Os dois próximos teoremas constituem os principais resultados do nosso trabalho. Teorema 4.2.1 K Sejam R1 e R2 PI-álgebras (ordinárias) associativas sobre um corpo de característica positiva e seja M o A= munida com a Z2 -graduação A0 = (R1 , R2 )-bimódulo ! R1 M , 0 R2 livre. Seja natural R1 0 0 R2 ! e A1 = 0 M 0 0 ! . T -ideais T (R1 ), T (R2 ) e T (R1 ) ∩ T (R2 ) com bases {fl11 ; l1 ∈ L1 }, {fl22 ; l2 ∈ L2 } e {fl ; l ∈ L}, respectivamente. Então, o T2 -ideal das identidades polinomiais Z2 -graduadas de A tem como base o seguinte conjunto Considere ainda os {z1 z2 , fl (y), fl11 (y)z1 , y1 fl22 (y); l1 ∈ L1 , l2 ∈ L2 , l ∈ L}. Prova: Como Para quaisquer A1 = M e12 e A21 = 0, r1 , . . . , rml ∈ A0 , obtemos que existem z1 z2 = 0 é uma identidade para 1 2 r11 , . . . , rm ∈ R1 , r12 , . . . , rm ∈ R2 l l ri = ri1 e11 + ri2 e22 , i = 1, . . . , ml . Logo, 39 tais que A. fl (r) = fl (r1 )e11 + fl (r2 )e22 = 0, pois fl ∈ T (R1 ) ∩ T (R2 ). A para De modo análogo, fl11 (y)z1 = 0 e z1 fl22 (y) = 0 são identidades e z1 z2 , fl (y), fl11 (y)z1 , z1 fl22 (y) ∈ T2 (A), para qualquer l1 Seja ∈ L1 , l2 ∈ L2 , l ∈ L. f (y1 , . . . , ym , z1 , . . . , zn ) = 0 componente homogênea de grau q em uma identidade z1 , . . . , zn . Z2 -graduada de A e seja f (q) Vamos mostrar que todo f (q) a segue de {z1 z2 , fl (y), fl11 (y)z1 , z1 fl22 (y); l1 ∈ L1 , l2 ∈ L2 , l ∈ L} Se Como q > 1, então qualquer monômio de f (q) contém uma subpalavra zp1 yi1 · · · yik zp2 . zp1 yi1 · · · yik , zp2 ∈ (KhXi)1 , conseqüência de que f = f (0) + f (1) . identidades Se se, Como Z2 -graduadas q = 0, isto é, então f (q) = 0 segue de A0 ∩ A1 = {0}, para f (0) (y1 , . . . , ym ) = 0 f (0) (u) ∈ T (R1 ) ∩ T (R2 ) zp1 yi1 · · · yik zp2 = 0 z1 z2 = 0. então é uma Logo, podemos assumir f (0) = 0 e f (1) = 0 são ambas A. f (0) (r1 )e11 + f (0) (r2 )e22 = 0 Logo de z1 z2 = 0, a superidentidade para todo A se, e somente com i = 1, . . . , m. é uma identidade para ri1 ∈ R1 , ri2 ∈ R2 , e a superidentidade f (0) (y) = 0 é uma conseqüência {fl (y); l ∈ L}. Finalmente, se f (1) q = 1, isto é (y1 , . . . , ym , z1 , . . . , zn ) = ki n X X fij1 (y)z1 fij2 (y), ki > 0. i=1 j=1 neste caso, considerando as componentes misturadas de assumir que n = 1, f (1) (y, z1 , . . . , zn ), podemos ou seja, f (1) (y1 , . . . , ym , z1 ) = k X fj1 (y)z1 fj2 (y), k > 0. j=1 Vamos fazer uso de algumas idéias utilizadas na demonstração em [19]. Observe que toda identidade polinomial ordinária f 1 (u1 , . . . , um ) = 0 para R1 forma f 1 (u1 , . . . , um ) = X w1 fl11 (t1 , . . . , tml1 )w2 = 0, 40 possui a seguinte w1 , w2 , t1 , . . . , tml1 ∈ KhU i. para alguns f 1 (u) ∈ T (R1 ) qualquer {fl11 (y)z1 = 0; l1 ∈ L1 }; w2 (y1 , . . . , ym )z1 ∈ (KhXi)1 , Como a superidentidade Analogamente, para f 1 (y)z1 = 0 linearmente independentes módulo T (R2 ) e é uma conseqüência de f 2 (u) ∈ T (R2 ). de generalidade, podemos assumir na expressão de para f (1) (y, z1 ), fj1 (u) ∈ T (R1 ), Portanto, sem perda que fj2 , j = 1, . . . , k , para cada são j = 1, . . . , k . Vamos mostrar que isto nos leva a uma contradição. Seja P o então existem (R1 , Kord (R2 ))-bimódulo 1 r11 , . . . , rm ∈ R1 f (y, v1 ) = tais que k X livre gerado por f11 (u) 6= 0, v1 . Como f11 (u) ∈ T (R1 ), isto é, 1 fj1 (r11 , . . . , rm )v1 fj2 (y1 , . . . , ym ) 6= 0 j=1 em P. Reescrevemos f (y, v1 ) como f (y, v1 ) = p X s1i v1 gi2 (y), i=1 onde s11 , . . . , s1p são linearmente independentes em independentes em g12 (r2 ) 6= 0 Kord (R2 ), obtemos que R1 . Como f12 , . . . , fk2 são linearmente gi2 (u) ∈ T (R2 ), i = 1, . . . , p, e p > 0. 2 r12 , . . . , rm ∈ R2 Daí, e, para um elemento m1 ∈ M do conjunto p X gerador livre do (R1 , R2 )-bimódulo M , a soma s1i m1 gi2 (r2 ) é diferente de 0 em M . i=1 como para algum 2 1 e11 + rm e22 , m1 e12 ) = f (1) (r11 e11 + r12 e22 , . . . , rm p X ! s1i m1 gi2 (r2 ) i=1 então f (1) (y, z1 ) não desaparece em A. Isto completa a demonstração de que a base do T2 (A) é {z1 z2 , fl (y), fl11 (y)z1 , y1 fl22 (y); l1 ∈ L1 , l2 ∈ L2 , l ∈ L}. 41 e12 , Teorema 4.2.2 U2 (R1 ) e U2 (R2 ) 2 1 as correspondentes álgebras relativamente livres e livremente geradas por {u1 , u1 , . . . } 2 1 e {u2 , u2 , . . . }, respectivamente, e seja V o (U2 (R1 ), U2 (R2 ))-bimódulo livre com geradores livres w1 , w2 , . . . . A superálgebra relativamente livre U2 (A) é isomorfa a 1 superálgebra U2 (A) de ! U2 (R1 ) V 0 U2 (R2 ) Mantendo as notações do teorema anterior, sejam gerada por yi1 = ui1 E11 + ui2 E22 Prova: Seja w : U hXi → U21 (A) w(yi ) = y i , w(zi ) = z i , i = 1, 2, . . .. {fl11 ; l1 ∈ L1 }, {fl22 ; l2 ∈ L2 } e T (R1 ) ∩ T (R2 ), identidades L2 , l ∈ L e respectivamente. com i = 1, 2, . . . . o homomorsmo Z2 -graduado, É suciente mostrar que {fl ; l ∈ L} bases dos T -ideais denido por Ker w = T2 (A). T (R1 ), T (R2 ) (ordinários) Obviamente, a superálgebre Seja U21 (A) satisfaz as Z2 -graduadas z1 z2 = 0, fl (y) = 0, fl11 (y)z1 = 0, z1 fl22 (y) = 0, l1 ∈ L1 , l2 ∈ Ker w ⊃ T2 (A). f (y, z) = f (y1 , . . . , ym , z1 , . . . , zn ) ∈ Ker w. da demonstração anterior. Seja É fácil ver que f (q) para q > 1, q em z1 , . . . , zn . zp1 yi1 · · · yik zp2 ∈ T2 (A), pois e Como as componentes pares e ímpares da superálgebra se intersectam trivialmente, obtemos que f (0) (u) ∈ T (R1 ) ∩ T (R2 ) Seguiremos as principais etapas a componente homogênea de grau f (q) ∈ T2 (A) ⊆ Ker w f (0) + f (1) ∈ Ker w. U21 (A) z1i = wi E12 e pelo teorema anterior, temos que Seja daí, e e dessa forma, f (0) e f (1) pertencem ao f (0) (y) ∈ T2 (A). ker w. Finalmente, para Logo, q = 1, podemos vericar que para cada elemento não-nulo f (1) (y, w1 , . . . , wn ) = ki n X X fij1 (y)wi fij2 (y) ∈ W . i=1 j=1 existem 1 2 r11 , . . . , rm ∈ R1 , r12 , . . . , rm ∈ R2 , m1 , . . . , mn ∈ M tais que 1 2 f (1) (r11 e11 + r12 e22 , . . . , rm e11 + rm e22 , m1 e12 , . . . , mn e12 ) 6= 0, ou seja, f (y, z) ∈ Ker w implica f (1) (y, z) ∈ T2 (A). Z2 -graduada para A e Ker w ⊂ T2 (A). Logo, f (y, z) = 0 é uma identidade Isto completa a demonstração do teorema. 42 4.3 Exemplos Seja K um corpo de característica zero e seja A= R1 N 0 R2 a álgebra das matrizes triangulares em bloco com , Z2 -graduação natural, nos seguintes casos: (1) R1 e e N R2 são as matrizes triangulares superiores de ordem a álgebra das matrizes de ordem (2) R1 = R2 = N = M2 (K); (3) R1 = N = M2 (K) e R2 p por q, com p e q, respectivamente, p > q; é a álgebra das matrizes triangulares superiores de ordem dois. Então, as bases das identidades polinomiais (1) z1 z2 , [y1 , y2 ] . . . [y2p−1 , y2p ] (2) z1 z2 , s4 (y) e [[y1 , y2 ]2 , y1 ], e Z2 -graduadas de A são, respectivamente, z1 [y1 , y2 ] . . . [y2q−1 , y2q ]; s4 (y) = s4 (y1 , y2 , y3 , y4 ) onde é o polinômio standard de grau 4; (3) z1 z2 , s4 (y),[[y1 , y2 ]2 , y1 ] e z1 [y1 , y2 ][y3 , y4 ]. 4.4 Comentários nais (1) Em estudos recentes, S. M. Alves e P. Koshlukov generalizaram os resultados acima para matrizes em blocos de ordem n; (2) Atualmente, A. Brandão está descrevendo os polinômios centrais de tais álgebras; (3) Um problema superálgebras, interessante pois a partir é tentar delas encontrar podemos polinômios centrais. 43 obter identidades identidades fracas para ordinárias e Referências Bibliográcas [1] A. Berele, Generic Verbally Prime Algebras and their GK-dimensions, Commun. Algebra, 21(5), 1487 − 1504, 1993. [2] A. Ya. Belov, Counterexamples to the Specth problem, Mathematic of the USSRSbornik, 191, N o .3 − 4, 329 − 340, 2000. [3] A.K. Belov, L.H. 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