870 - SOVERGS

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TRATAMENTO DE FERIDA ABERTA EM CÃO COM COMPLEXO
HOMEOPÁTICO: RELATO DE CASO
HOMEOPATHIC TREATMENT COMPLEX IN DOG WITH OPEN WOUND:CASE
REPORT
Ceres Cristina Tempel Nakasu²; Charles Silva de Lima²; Mariana Sabbado Campêlo²; Rosaria
Helena Machado Azambuja1; Érico de Mello Ribeiro4; Marlete Brum Cleff³
RESUMO
O objetivo do trabalho é relatar um caso de um cão que apresentava ferida traumática,
infectada e aberta, tratada com Staphysagria e complexo homeopático [Arnica Montana (Arn),
Ruta graveolens (Ruta), Hypericum e Symphytum officinale (Symph)], no sentido de
diminuir o tempo de cicatrização e determinar a formação de uma cicatriz não excessiva em
feridas e lacerações cutâneas. O paciente teve uma resposta muito positiva, demonstrando em
poucos dias uma melhora significativa no estado mental e físico. O uso dos medicamentos
homeopáticos demonstrou boa ação no processo de reparo cicatricial por segunda intenção,
evidenciando que a homeopatia pode ser uma prática complementar viável para o tratamento
de feridas com grande perda de pele, assim como numa melhora no estado mental do paciente,
o que vem a contribuir com a resposta clínica.
PALAVRAS – CHAVE: Homeopatia, cão, laceração cutânea, tratamento, feridas
SUMMARY
The objective of this work is to report a case of a dog which presented traumatic wounds,
open and infected,treated with Staphysagria, and a homeopathic complex [Arnica Montana
(Arn), Ruta graveolens (Ruta), Hypericum e Symphytum officinale (Symph)],in order to
diminish the healing time and determine the formation of a not excessive skin scar and
lacerations. The patient had a very positive response, demonstrating in a few days a
significant improvement in mental and physical state. The use of homeopathic medicines
showed good deed in the healing process by secondary intention repair, showing that
homeopathy can be a viable complementary practice for the treatment of wounds with large
skin loss, and improvement in a patient's mental state, which is contributing to the clinical
response.
Key-Words: Homeopathy, dog, skin laceration, treatement, wounds
A homeopatia surgiu entre os séculos XVII e XVIII, na busca da construção de novo
sistema, ou nova visão sobre enfermidade e abordagem terapêutica, baseada no princípio da
similitude, (Tyler 1992; Storace, 2001; Toloza, 2007). O estudo homeopático surgiu no
interior da Alemanha através de Samuel Hahnemann, sendo mundialmente divulgado a partir
do século passado (Tyler, 1992; Brunini & Sampaio, 1992; Kent, 1996; Torro, 1999; Toloza,
2007). Os três princípios básicos da homeopatia são: semelhança, experimentação no homem
sadio e ação de diluições infinitesimais (DANTAS, 1987; Kent, 1996, Torro, 1999; Storace
2001).
_______________________
1
Médica Veterinária Homeopata, Programa Pós Graduação em Veterinária, UFPel
Graduandos em Medicina Veterinária - UFPel
3
Médico Veterinário – Residente do HCV-Universidade Federal de Pelotas
4
Professor Adjunto, Depto.Clínicas Veterinária, FAVET – UFPel – Campus Universitário, CEP 96010-900,
Pelotas, RS [email protected]
2
No Brasil, a homeopatia foi reconhecida como especialidade pelo Conselho Federal de
Medicina Veterinária em março de 1996 (Souza, 2002; ARENALES, 2003). Diversos estudos
estão sendo conduzidos com o uso de medicação homeopática. Assim, o objetivo deste
trabalho é relatar o caso de um canino macho; SRD, recolhido em 31 de março de 2011 da via
pública pelo Centro de Controle de Zoonoses da Secretaria Municipal de Saúde de Pelotas e
encaminhado ao Hospital de Clínicas Veterinárias da Universidade Federal de Pelotas – HCV
UFPel, que apresentava fratura exposta do membro posterior direito com avulsão de todas as
falanges, lacerações de pele com presença de miíases na região do pescoço e orelha direita
(Fig.01), tratado com Staphysagria, medicamento homeopático de origem vegetal pertencente
à família das Ranunculaceae, associada a complexo homeopático escolhido de forma
organicista,ou seja, visando a melhora do órgão ou tecido afetado. Os sintomas diretores
usados para a repertorização do caso,além dos já citados foram: dor nos tendões, tíbia,
ligamentos, periósteo e tendões.
O animal estava apático, desidratado e com condição corporal magra; passou por
exame clínico geral com coleta de sangue, avaliação da fratura, limpeza das feridas com
remoção das larvas e debridamento do tecido necrótico. O exame de hemograma demonstrou
leucocitose com desvio de neutrófilos à esquerda regenerativo e anemia microcítica e
hipocrômica. Devido ao comprometimento do membro afetado dado tanto pela exposição
óssea, quanto à presença de miíase e generalizada infecção, para evitar septicemia optou-se,
primeiramente, por tratamento com antibioticoterapia seguido de retirada do membro
cirurgicamente e internação (Fig.02). Foram utilizados: Cetoprofeno pela ação analgésica, anti
inflamatória e anti pirética por dois dias, na dose de 2mg/kg, via sub-cutânea, Tramadol como
analgésico(1-4mg/kg) por 17 dias, e Ceftriaxona sódica ,IM ,por 12 dias, Cefalexina ,VO por
mais 28 dias, além de curativos nas lesões com açúcar cristal. Conjuntamente à terapia
convencional foram utilizados medicamentos homeopáticos que têm como guia a Regra de
Jahr, que diz: “Quanto mais perfeita a similitude entre o paciente e o medicamento, mais alta
deverá ser a potência a ser utilizada” (GODOY, 1993 b; Gimenes, 2002). Na escolha do
medicamento homeopático adequado ao paciente, obtêm-se um estímulo medicinal, que irá
ativar os processos reguladores do organismo animal para que eles possam se defender contra
a doença, funcionando como uma forma de imunização contra aquele estado doentio, naquele
instante (Wolff, 1986). Assim, quando o medicamento tem como função tratar o corpo físico,
procura-se utilizar as potências baixas. No presente caso os medicamentos homeopáticos que
mais pontuaram foram: Arnica Montana (Arn), Ruta graveolens (Ruta),Symphytum officinale
(Symph) e Staphysagria, onde o protocolo homeopático utilizado foi um complexo contendo
Arn, Ruta, Hyper na dinamização Ch6, em glóbulos, vo; Shymph CH6 em glóbulos, vo e
limpeza das feridas com soro fisiológico e Staphysagria CH6, duas vezes ao dia. Todos os
medicamentos homeopáticos foram adquiridos de Farmácia de manipulação idônea onde
foram preparados segundo as normas da Farmacopéia Homeopática Brasileira e do Manual de
Normas Técnicas para Farmácia Homeopática.
Para reparação dos tecidos lesados pela miíase, foi escolhida a Arnica, que tem sido
utilizada especialmente em casos de reparação de partes moles, tendo ação em vasos
sanguíneos e sangue e também combate os efeitos de choque, tanto mental quanto físico. A
Rhuta tem sido considerada ideal para dores causadas por contusões na parte externa dos
ossos, conferindo poder de cura em casos de dor tironeante do osso frontal para o temporal,
como é o caso do paciente em questão. Já o Hypericum é considerado excelente para conforto
e alívio de perfurações, dilacerações ou trauma de regiões ricas em nervos e ferimentos das
pontas dos dedos. E o medicamento Symphytum, é específico para fraturas, considerado o
“consolidador ósseo”. Utilizado para casos de hipersensibilidade do osso no ponto da fratura,
favorece a produção de calo ósseo e a união de ossos fraturados, diminuindo a dor e a
inflamação presentes.
2
O paciente teve uma resposta muito positiva, demonstrando em poucos dias uma
melhora significativa no estado mental e físico. Após o uso de homeopatia ele encontrava-se
menos apático, queria reagir, caminhar e parecia já bem alerta. Além disso, o cão não indicava
desconforto ao se utilizar o composto para limpeza nas feridas. Quanto à administração das
medicações por via oral, também não foram observadas dificuldades. Tais fatores são
positivos à homeopatia em animais, já que não são formas de aplicação agressivas, nem
submetem o paciente a nenhum tipo de dor ou incômodo.
O uso do medicamento homeopático Staphysagria, na dinamização CH 6, junto ao
soro fisiológico, associado ao complexo homeopático Arn, Ruta, Hyper na dinamização Ch6 e
Symph CH6 demonstrou boa ação no processo de reparo cicatricial por segunda intenção
(Fig.03), evidenciando que a homeopatia pode ser uma prática complementar viável para o
tratamento de feridas com grande perda de pele, assim como numa melhora no estado mental
do paciente, o que vem a contribuir com a resposta clínica.
REFERÊNCIAS
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