políticas públicas e dinâmica territorial rural da micro região

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Anais Semana de Geografia. Volume 1, Número 1. Ponta Grossa: UEPG, 2013. ISSN 2317-9759
POLÍTICAS PÚBLICAS E DINÂMICA TERRITORIAL RURAL DA MICRO REGIÃO
GEOGRÁFICA DE PRUDENTÓPOLIS - PR
SOARES, Ariel Corrêa
ROSAS, Celbo Antonio Ramos da Fonseca
Introdução
A crise do complexo rural que teve início na década de 1850 e acelerou após a crise de
1929, modificou as relações do espaço rural brasileiro, e em 1950 consolidou-se numa nova
dinâmica da produção agrícola. Assim a agricultura que antes era destinada ao mercado externo
passa ser direcionada para o mercado interno, se tornando uma estrutura complexa, heterogênea
e multideterminada. Levando em consideração que D1 são os insumos e máquinas para a
produção agrícola, que antes eram importados privilegiando o mercado externo, após a década de
1950 o Brasil passou a produzir esses insumos, valorizando o mercado interno. Isso altera
bruscamente a divisão social e territorial do trabalho, pois a agricultura brasileira se torna mais
dinâmica e diversificada, já que a indústria alimentícia requer uma maior diversidade de
produtos. Além de produzir de maneira diversificada, essas indústrias começam a fazer o
beneficiamento de produtos valorizando e incrementando o mercado interno, como aponta
Graziano da Silva (1996). A partir da década de 1960, a agricultura toma outras características
tanto no âmbito de técnicas como em suas características econômicas, pois o Governo Federal
passa a investir na agricultura, com intuito de incentivar a modernização e assim acaba de certa
forma ocasionando uma verticalização da agricultura, ingressando a agricultura no grande
capital, como apontam Sorj(1980), Delgado (1985) e Müller (1994).
Segundo Oliveira (2007), o Estado acelerou esse processo com a criação do Sistema
Nacional de Crédito Rural (SNCR) em 1965, considerado o principal vetor da política agrícola,
tornando o produtor agrícola dependente do capital que drena parte da renda da terra, estreitando
a relação do setor urbano-industrial. Esse novo modelo adotado a partir da década de 1960,
resultou num processo de concentração extrema e é nesse contexto que a micro região geográfica
de Prudentópolis se relaciona com essas políticas públicas, como explicita Cunha (2003).
A micro região geográfica de Prudentópolis é formada pelos municípios de Fernandes
Pinheiros, Guamiranga, Imbituva, Ipiranga, Ivaí, Prudentópolis e Teixeira Soares, concentrando
uma variedade de pequenos estabelecimentos rurais e com investimento do capital nesse espaço,
criando assim uma formação fundiária desconcentrada comparando a outras regiões do estado,
por isso a importância de pesquisar sobre essa micro região geográfica.
Objetivos
Esse trabalho tem por objetivo geral analisar a ação das políticas públicas rurais
destinadas à agricultura familiar nesse território, ou seja, a micro região geográfica de
Prudentópolis – PR, e assim especificar qual é a peculiaridade dessa região em relação a outras,
do ponto de vista da construção do espaço, diante de sua dinâmica territorial. Explorar e
caracterizar as sociedades que vivem no espaço rural, e verificar se realmente há políticas
públicas voltadas ao produtor familiar e qual é o posicionamento do Poder Público frente aos
XX Semana de Geografia; XIV Jornada Científica de Geografia da UEPG; IX Encontro do Saber Escolar e
Conhecimento Geográfico; II Semana e Jornada Científica de Geografia do Ensino a Distância da UEPG
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impactos ou transformações ocasionadas pela intervenção dessas políticas na produção,
examinando o nível de dependência dos produtores familiares em relação a essas políticas
públicas e compreender as mudanças nas práticas agrárias que ocasionaram um novo
direcionamento nas políticas públicas após a década de 1980 e posterior ao ano de 2007.
Metodologia
Para se alcançar o objetivo proposto, a aquisição de informações junto a bancos de dados
fornecidos pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), IPARDES (Instituto
Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social) e o LUPA (Levantamento Censitário de
Unidade de Produção Agrícola), se fazem necessários, propondo recortes espaciais e temporais
na construção de um diagnóstico fundiário e produtivo, assim como o acesso a políticas públicas
voltadas diretamente à agricultura familiar.
Além dos dados secundários, serão realizadas entrevistas abertas com dirigentes de
órgãos públicos para compreender de que maneira essas políticas atuam, para poder entender a
dinâmica da produção agrícola da micro região geográfica de Prudentópolis, aplicando
questionários aos produtores rurais dessa região para melhor compreensão da produção agrícola.
Após o recolhimento dos dados obtidos através dos bancos de dados, questionários e
entrevistas, serão organizados e apresentados em forma de tabela, gráficos e cartogramas que
auxiliarão na apresentação dos resultados, já que a pesquisa está se iniciando.
Resultados e Discussão
A referida pesquisa se iniciou a pouco tempo, sendo que no momento, as pesquisas estão
sendo desenvolvidas através de referenciais bibliográficos e levantamento de informações de
fontes secundárias.
Pretendemos atingir um resultado que explique a proposta da realidade dessa região em
questão, através do estudo da dinâmica territorial e o exame do processo de formação do espaço
rural moldado pelas ações do Estado que busca a consolidação social, uma vez que esse espaço
possa ser de certa forma moldado pelas políticas públicas, e essas políticas públicas são
influenciadas pela situação financeira do Estado frente à economia mundial.
A idéia principal é uma melhor compreensão da relação local-global, partindo da
dinâmica socioespacial relacionada ao Paraná, a partir da obtenção de dados e informações sobre
a dinâmica territorial e a aplicabilidade de diferentes políticas públicas, principalmente as
políticas voltadas às produções familiares da micro região em questão.
Partimos do pressuposto de que as políticas publicas direcionadas à agricultura são atos
compensatórios, no sentido de repor os direitos retirados dos oprimidos, uma vez que a
destinação de recursos à essa classe se faz parcialmente eficaz, como aponta Martins(2001). Tais
políticas são subalternas, no sentido de mitigar e dar assistência a alguns produtores rurais, ou
são emancipatórias, capazes de abranger e trazer resultados satisfatórios não somente a quem se
utiliza diretamente dela, mas a própria sociedade, que consome seus produtos, e mantém a mãode-obra familiar em sua resistência no campo.
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Considerações Finais
O estudo da dinâmica territorial rural é obtido com análise do processo de formação
espacial e da dinâmica territorial, juntamente com ações do Estado na busca de
consolidação social, produtiva e de trabalho.
Desta forma, pretende-se ainda contribuir no sentido de fundamentar as discussões
relacionadas às escalas globais e locais aplicadas a um caso específico: o estado do Paraná,
enfocando a microrregião de Prudentópolis.
A importância de se realizar um estudo nesta micro região, destacando os reflexos das
mudanças das políticas públicas sobre a dinâmica da agropecuária, em um enfoque territorial,
está na particularidade do processo econômico em relação ao conjunto do estado do Paraná, pois
concentra uma diversidade de pequenos estabelecimentos rurais, juntamente com a inserção do
capital nesse espaço geográfico, porém, mantendo, de certa forma, a tendência às formações
fundiárias desconcentradas, se comparada a outras regiões do estado.
Referências Bibliográficas
CUNHA, L. Desenvolvimento territorial e desenvolvimento rural: o ocaso do Paraná
tradicional. Seropédica: 2003. (tese de doutorado).
DELGADO, G. da C. Capital financeiro e agricultura no Brasil, 1965-1985.São Paulo: Ícone,
1985.
GRAZIANO DA SILVA, J. A nova dinâmica da agricultura brasileira. Campinas:
UNICAMP, 1996.
MARTINS, José de Souza. Impasses sociais e políticos em relação a reforma agrária e a
agricultura familiar no Brasil. São Paulo, 2001.
MULLER, G. Competitividade e integração econômica e social: Para uma gestão regional das
questões agrárias e agroindustriais. Rascunho. Araraquara, 32: 1-49, 1994.
OLIVEIRA, A. U. Modo capitalista de produção, agricultura e reforma agrária. São Paulo:
FFLCH – USP, 2007.
SORJ, B. Estado e Classes Sociais na Agricultura Brasileira. Rio de Janeiro: Zahar Editores,
1980.
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