D . T. D ias – Física 3 EXPERIMENTO 10: MEDIDAS DA COMPONENTE HORIZONTAL DO CAMPO MAGNÉTICO TERRESTRE 10.1 OBJETIVOS Determinar o valor da componente horizontal da indução magnética terrestre local. 10.2 INTRODUÇÃO Num dado lugar da superfície da Terra, uma bússola procura e indica sempre a mesma direção. Portanto, em cada ponto da superfície da Terra existe uma indução r magnética BT . A análise da direção e intensidade da indução magnética terrestre mostra que, em primeira aproximação, a Terra pode ser comparada com uma grande barra imantada onde o Pólo Norte Magnético coincide com 730 N, 1000 O, e o Pólo Sul Magnético com 680 S, 1460 L. Na Figura 10-1 (a) observa-se as linhas de força de tal r ímã, e a Figura 10-1 (b) mostra a direção e intensidade de BT . Figura 10-1: A Terra como uma barra imantada: a) linhas de força b) direção e intensidade do campo magnético 1 D . T. D ias – Física 3 r Vemos, portanto, que a indução magnética BT da Terra atua em todos os pontos. A r componente horizontal (local) do campo magnético terrestre BH se dirige sempre para o pólo Norte. Para medir esta componente, podemos realizar distintos experimentos. Primeiro método Sabemos que uma bússola orienta-se no campo magnético terrestre. Esta orientação pode ser modificada se algum campo magnético externo adicional for aplicado sobre ela. Neste caso a bússola procurará ficar orientada no campo magnético resultante da soma vetorial destes dois campos. A componente horizontal do campo magnético da Terra pode ser medida observando-se a mudança na orientação da bússola quando sobre ela for aplicado um campo magnético externo perpendicular ao campo magnético terrestre. Denominando eixo X para a direção horizontal Norte-Sul. Produz-se um campo r magnético homogêneo B (cuja intensidade é calculada), na direção do eixo Y. Uma bússola se orientará na direção do campo magnético resultante. Medindo o ângulo θ que forma o campo resultante com o eixo X, conforme a Figura 10-2 obtém-se o valor r da componente horizontal BH do campo magnético terrestre. Figura 10-2: Componente horizontal do campo magnético terrestre tan θ = B BH (1) 2 D . T. D ias – Física 3 Segundo método O segundo método se baseia na indução de um quadro plano em rotação num campo magnético uniforme, conforme a Figura 10-3. Figura 10-3: Quadro plano em rotação numa campo magnético uniforme. Quando a normal ao plano da bobina n̂ faz um ângulo θ com um campo magnético r uniforme B , como mostrado na figura, o fluxo magnético através da bobina é φm = NBA cosθ (2) Onde N é o número de voltas na bobina e A é a área da superfície plana limitada pela bobina. Quando a bobina é girada mecanicamente, o fluxo através dela irá variar e uma fem será induzida na bobina de acordo com a lei de Faraday. Se o ângulo inicial é zero, então o ângulo em um instante posterior é dado por θ=ωt onde ω é a freqüência angular de rotação. Portanto a equação 2 fica: φm = NBAcos ωt = NBAcos 2πft (3) A fem na bobina será então: ε =− dφ m = ωNBAsenωt dt (4) Isto pode ser escrito como: ε = ε máx senωt Onde (5) ε máx = ωNBA é o valor máximo da fem induzida. 3 D . T. D ias – Física 3 Podemos então, produzir uma fem senoidal em uma bobina girando-a com freqüência constante em um campo magnético uniforme. Esta fem está representada na Figura 10-4. Figura 10-4: Força eletromotriz produzida pela bobina. Seja i = ε R , onde R é a resistência dos condutores que formam o quadro e i é a corrente induzida: i = imáx senωt Onde imáx = (6) ωNBA R é o valor máximo da corrente induzida. A representação gráfica de i em função de t está indicada na Figura 10-5. Essa corrente é chamada alternativa, ou alternada, porque ela percorre o condutor ora num sentido, ora noutro. A Figura 10-5 indica que a corrente no início tem valor zero; vai aumentando, até atingir um máximo em T/4; depois vai diminuindo até se anular em T/2; depois muda de sentido e vai aumentando até atingir um máximo em 3T/4; depois vai diminuindo, até se anular em T; muda de sentido novamente, e reinicia o ciclo. Figura 10-5: Corrente em função do tempo. 4 D . T. D ias – Física 3 Vemos que o tempo T que a corrente demora para realizar um ciclo completo é igual ao tempo T que o quadro demora em dar uma volta no campo magnético. Geralmente, na corrente usada nas cidades esse tempo T é de 1/60 segundo, isto é, a corrente muda de sentido 60 vezes por segundo. Se o campo magnético uniforme através da bobina plana estiver posicionado paralelo ao campo magnético terrestre e com intensidade tal que haja compensação através destes dois campos, não haverá produção da tensão induzida pela bobina plana. O r cálculo do campo magnético uniforme B quando a corrente induzida é igual a zero r resulta na intensidade da componente horizontal do campo magnético terrestre B H . Campo Magnético Externo Para produzir o campo magnético externo, em ambos os métodos, utilizaremos uma bobina de Helmholtz, que consiste em um par de bobinas comuns de mesmo raio R, alinhadas paralelamente uma a outra com os eixos coincidindo, e afastadas entre si de uma distância igual ao raio R, conforme a Figura 10-6. Com estas bobinas podemos produzir um campo magnético conhecido. Figura 10-6: Bovina de Helmholtz. O valor do módulo do campo magnético B ao longo do eixo de uma espira de raio R é: B= 1 µ 0 iR 2 2 R2 + x2 3/ 2 ( ) (7) , onde µ0=4πx10-7 Tm/A, i é a corrente elétrica que percorre a espira e x a distância medida a partir do centro de uma das bobinas e ao longo do eixo. 5 D . T. D ias – Física 3 Mostre que o módulo do campo magnético no centro geométrico, ou seja, entre as duas espiras que compõe a bobina de Helmholtz é dado por: B= 8µ 0 Ni 53 / 2 R (8) Onde N é o número de espiras que compõe cada bobina. 10.3 MATERIAIS • Bobina de Helmholtz • Bússola • Fonte de Alimentação de Corrente Contínua • Quadro rotativo com bobina plana • Multímetro Digital (Voltímetro, Amperímetro) • Cabos (6 banana/banana) 10.4 MEDIDAS Considerações Prévias A intensidade do campo magnético produzido pelas bobinas, B, é função da corrente que circulará nas espiras. Se não houver corrente, a bússola colocada no interior da bobina de Helmholtz indicará a direção norte. Se a corrente aumentar, aparecerá um campo magnético perpendicular à componente horizontal de campo da Terra BH, que fará a bússola girar de certo ângulo. Quando a agulha estiver apontando a direção noroeste ou nordeste, isto é, estiver a 450 em relação à direção norte-sul, o campo da bobina será igual ao da componente horizontal do campo magnético da Terra. Na realidade, é possível determinar o valor do campo BH da Terra para qualquer que seja o ângulo de orientação da bússola (veja a equação 1). Atenção: este resultado é válido desde que nenhuma outra fonte atue simultaneamente com aquela em estudo. Tais fontes indesejáveis poderiam ser ferragens sobre ou sob a mesa de trabalho, 6 D . T. D ias – Física 3 transformadores das fontes de alimentação, ímãs permanentes, fios percorridos por corrente, etc... Sabendo que N=124 espiras e R= 15 cm expresse (equação 8) o campo magnético da bobina B em função da corrente i. Procedimento 1 1. Conectar as bobinas de Helmholtz com a alimentação em corrente contínua passando por um amperímetro conforme figura abaixo. 2. Posicione a bússola na região central entre as bobinas e de maneira que a sua indicação N-S coincida com a leitura angular θ=00. 3. Posicione o eixo da bobina na posição horizontal e paralelo à direção lesteoeste, isto é, perpendicular ao eixo norte-sul. Desta maneira o campo magnético uniforme da bobina (regra da mão direita) estará perpendicular a componente horizontal do campo magnético da Terra. 4. Ajustar uma corrente de alimentação contínua de aproximadamente 0,5 x10-3 A. A tensão de alimentação não deverá ultrapassar 2 V. 5. Faça agora 10 (dez) medidas de valores da corrente na bobina para as quais a agulha assume ângulos θ entre 150 e 750. Note que para θ=450 o campo produzido pela bobina será igual à componente horizontal do campo magnético da Terra. 6. Calcule os valores para o campo magnético da bobina B e a componente horizontal BH correspondente às 10 medidas feitas. A média destes valores deverá 7 D . T. D ias – Física 3 fornecer a melhor expressão do valor experimental da componente horizontal do campo magnético terrestre local. 7. Desligar a fonte de alimentação e retirar a bússola do campo magnético. Procedimento 2 1. Aparafusar firmemente o quadro rotativo com a bobina plana e seus suportes nos apoios perpendiculares das bobinas de Helmholtz, de modo que a bobina plana possa ser girada no meio do campo homogêneo das bobinas de Helmholtz. 2. Conectar as bobinas de Helmholtz em série com a alimentação em corrente contínua passando por um amperímetro e um voltímetro diretamente com a bobina plana, conforme figura abaixo. 3. Ajustar uma corrente de alimentação de aproximadamente 15 x10-3 A como alimentação para as bobinas. 4. Acionar a manivela e observar os valores no voltímetro. Alterar a velocidade de rotação até que atinja um valor maior. O que você conclui? 5. Posicionar as bobinas de Helmholtz de modo que o campo magnético das bobinas de Helmholtz e o campo magnético da Terra estejam em paralelo. Girar a bobina plana e observar a tensão. 6. Elevar a corrente nas bobinas de Helmholtz até que não há nenhuma tensão de indução nas saídas da bobina plana. 8 D . T. D ias – Física 3 7. Calcule o campo magnético das bobinas quando a corrente induzida é igual a zero e consequentemente encontre a componente horizontal do campo magnético terrestre local. Compare com o valor obtido anteriormente. 9