FACULDADE CATÓLICA DE SANTA CATARINA (FACASC) CURSO

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FACULDADE CATÓLICA DE SANTA CATARINA
(FACASC)
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDO BÍBLICO
PROFESSORA:
SILVIA REGINA DA ROSA TOGNERI
ARQUEOLOGIA E GEOGRAFIA BÍBLICA
MODULO Il
BETÂNIA
Montanha onde JESUS retirava-se para encontrar seus amigos
MAC ARTHUR CARLOS TEIXEIRA DUTRA
2013
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O presente estudo apresentará a Cidade de BETÂNIA sobre três aspectos:
geográficos, arqueológicos e históricos.
A - Geograficamente: a cidade de Betânia foi originalmente uma aldeia da antiga
Judéia identificada com a aldeia de AL-Eizeriya, também denominada de Bariyeh ou
Lazarriyeh1.
Pertenceu a Tetrarquia de Arquelau que antecedeu Herodes até 6 dC 2 , com clima
dividido praticamente em duas estações: Quente e seco, variando de 320 a 350 graus no verão;
Inverno frio e úmido com temperaturas de 50 a 100.
As chuvas sempre no inverno giravam em torno de 583mm cúbicos entre dezembro e
março, podendo, num ano promissor, iniciar em outubro, no começo da semeadura e
prolongar-se até a primavera, antes da colheita.
Em função da pouca quantidade de chuva havia necessidade do armazenamento de
água em cisternas.
B – Arqueologicamente: foi descoberto, através de pesquisas arqueológicas, que em
37 a.C. a cidade de Betânia fazia parte do Império de Roma. Por motivo político foi cedida ao
pequeno Império de Herodes, o Grande e era chamada de Betaneia3.
C - Historicamente: Para os pesquisadores bíblicos, a cidade de Betânia possui um
grande valor histórico.
O grande questionamento feito até os dias atuais é o porquê Jesus trocou seu quartel
general, ou seja, a cidade de Cafarnaum, ou mesmo Jerusalém, por uma cidade tão pequena,
quase um vilarejo e sem nenhuma expressão política, econômica e cultural, para realizar tão
grandes feitos como o retorno à vida de Lazaro4?
Por que teria levado seus discípulos para esta Cidade no momento de sua ascensão?
Seria porque esta cidade contava entre seus habitantes pessoas amadas e amigas como, Marta,
1
(significa lugar de “Lázaro”)
Perego, Giacomo. Atlas Bíblico Interdisciplinar, escritura, história, geografia, arqueologia, teologia. Tradução
de Rômulo Cândido de Souza. Aparecida – SP: Santuário; São Paulo: Paulus, 2001.
3
Kaefer. José Ademar. Arqueologia das Terras da Bíblia. São Paulo: Paulus. 2012, p. 55.
4
Bíblia Sagrada, edição de estudos. – São Paulo: Ave Maria. 3ª edição, 2012. Jo, 11.11. “O sinal da ressurreição
e da vida” p. 1707.
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2
Maria e Lázaro, ou seria seu refúgio preferido uma vez que contava com os amigos e era ideal
para meditar?
Pela lógica a cidade escolhida deveria ser Jerusalém, pois lá se encontrava o templo de
oração, local de ação de graças. Entretanto, infelizmente, o referido templo foi transformado
num covil de ladrões, num lugar de opressão, um lugar de negociatas. Era um lugar de
corruptos, perseguidores, exploradores, onde "aprisionaram" Deus, impedindo o povo de falar
e fazer suas ofertas livremente.
Outro detalhe importante observado é que Jerusalém, através de seus líderes,
procurava matar Jesus, impedindo-o de ensinar, de mostrar como Deus queria e deveria ser
amado. Destarte, Ele encontrou em Betânia na casa de seus três amigos Lázaro, Marta e Maria
um refúgio de amor. Jerusalém, terra onde deveria exercer seu ministério, teve os olhos e
ouvidos fechados a seus ensinamentos, pois seus perseguidores eram obcecados pela lei.
Outro acontecimento em Jo 1, 19-28, descreve a cidade de Betânia como o lugar onde
ocorreu o diálogo entre João Batista e os sacerdotes levitas. Nesta conversa os levitas queriam
saber quem era João Batista. Este dá seu testemunho afirmando que não é o messias, que está
apenas anunciando aquele que virá, e que deveria ser escutado pelas autoridades judaicas (Jo
1,19-28)5.
Lázaro morre e Cristo e chamado pelas irmãs. Passado quatro dias ele chega a Betânia,
consola Marta, encontra-se com Maria esta demonstra sua Fé ao falar “se estivesses aqui teu
amigo não teria morrido6”. Seu choro comove Cristo e o faz chorar também demonstrando a
profunda humanidade de Jesus7
Faz acontecer à própria ressurreição ao para que os incrédulos acreditem que ele e
filho de Deus e tem poder sobre a morte e sobre a vida.
Em Betânia seis dias antes da Páscoa, na casa de Lázaro, foi oferecido um jantar a
Jesus, por seus amigos. O fato marcante nesse momento não foi a refeição preparada por
Marta e o jantar com Lázaro indicando que estava vivo mas o recolhimento de Maria aos pés
de Jesus para com suas lágrimas lavar e enxugá-los com seus cabelos depois de ungi-los com
um perfume precioso. Prova concreta que tinha assimilado os ensinamentos do mestre amigo
e faz a unção como antecipando o embalsamento de seu corpo que ocorreria por sua morte em
Jerusalém.
5
Bíblia Sagrada, edição de estudos. – São Paulo: Ed. Ave Maria. 3ª edição, 2012. Nota 1,19-28. Testemunho
Indireto e 1,29-30 Testemunho direto. p.,
6
Bíblia Sagrada Ave Maria. 3ª edição, 2012. Nota Jo.11,32. p.1708
7
Op. Citada. Nota 11,33-40. A profunda humanidade de Jesus. p.1708
3
Portanto, observa-se que Maria aproveitou a melhor parte, estava cumprindo o
primeiro mandamento: “AMAR A DEUS SOBRE TODAS AS COISAS”. Ouvia seus
ensinamentos e olhando contemplava-o, ofertando o que tinha de melhor, parece que
adivinhava que teria Jesus vivo perto por pouco tempo.
Neste mesmo capítulo, versículos 20-22, há ainda o relato do livro dos sinais quando
André e Felipe falam com Jesus dizendo da vontade de alguns gregos de lhe verem 8 ;
passagem rica de detalhes mostrando o amor de Cristo pela família de Lazaro e a necessidade
sua morte para que seja produzido muito fruto.
Segundo Lucas em Betânia ocorre outro acontecimento de grande relevância, a própria
ascensão do filho de Deus aos céus. Ele toma seus apóstolos leva a Betânia depois de
abençoá-los (gesto que ele estaria abençoando sua Igreja) foi elevado aos céus (Lc 24, 5053)9.
CONCLUSÃO
Das viagens de Jesus à Betânia, restou claro o seu lado humano e divino e, também,
o amor por seus amigos, Lázaro e suas irmãs Marta e Maria.
Também é possível concluir que naqueles tempos já havia a compreensão do primeiro
mandamento da Lei de Deus que se reflete até os dias atuais, ou seja: AMAR A DEUS
SOBRE TODAS AS COISAS.
Ficou nítido para Maria e talvez a primeira a compreender que não era importante os
bens materiais. Ao recolher-se a seus pés para lavar-lhes e enxugá-los com seus cabelos,
mostra toda sua humildade e amor. Ao derramar sobre seu senhor um perfume precioso de
Nardo para se sentir digna de poder olhar, ouvir, contemplar o filho de Deus e, assim, poder
sugar o supra-sumo do seu amor, como adivinhando o pouco tempo em sua companhia. De
fato poucos dias depois seria morto em Jerusalém. Jesus ao mesmo tempo em que aceita este
gesto de louvor, de ação de graças repreende seus apóstolos e Marta por seu apego a coisas
materiais, enquanto deveriam preocupar-se pelo amor a Deus sobre todas as coisas.
8
Bíblia Sagrada, edição de estudos. – São Paulo: Ed. Ave Maria. 3ª edição, 2012. Jo. 12, 8-20;2023 – A unção
de Betânia e Conclusão do livro dos Sinais
9
Bíblia de Jerusalém – São Paulo: Paulus. 1973. Lc. 24, 50-52 - Ascensão. O evangelho de Lucas termina no
templo em Jerusalém.
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O lado humano de Jesus fica evidente quando chora ao ver as lágrimas de Maria pela
morte de seu irmão e amigo; Ele expressa seu amor pelo homem, amor de amigo que nasce de
sua própria condição humana. Em Jesus, o carinho de Deus transforma-se em solidariedade de
homem. Deus está em “o homem10”.
Já o lado divino do mestre se observa quando toma seus discípulos e leva-os à Betânia
para acompanharem sua ressurreição. Por fim, o ato de abençoá-los e elevar-se aos céus é o
fator mais relevante da passagem de sua vida pela Terra, quando completa-se a obra da
criação de Deus.
Enquanto esteve com seus amigos Ele deu ênfase sobre o AMOR A DEUS SOBRE
TODAS AS COISAS, mandamento este a ser seguido, para que a humanidade vestida com
vestes núpcias seja digna de escutar, de falar, enfim de glorificar Deus a cada momento, desde
a eucaristia até atos do dia a dia, a fim de que seja fonte de água e alimento no banquete
sagrado e, também, fonte de Sabedoria e Inteligência.
BIBLIOGRAFIA
BÍBLIA DE JERUSALÉM – São Paulo: Paulus, 1973
BÍBLIA SAGRADA AVE MARIA, edição de estudos. – São Paulo: Ed. Ave Maria. 3ª
edição, 2012.
KAEFER, José Ademar. Arqueologia das terras da Bíblia. São Paulo: Paulus, 2012.
MATEOS, Juan, S.J., O Evangelho de São João - São Paulo : Paulus, 1999.
PEREGO, Giacomo. Atlas Bíblico Interdisciplinar, escritura, história, geografia,
arqueologia, teologia. Tradução de Rômulo Cândido de Souza. Aparecida – SP: Santuário;
São Paulo: Paulus, 2001.
10
MATEOS, Juan, S.J. O Evangelho de São João : análise lingüística e comentário exegético; [tradução Alberto
Costa]. – São Paulo: Paulus, 1999 – (Coleção Grande Comentário Bíblico).
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