PROGRAMA DE CONTROLO DE QUALIDADE EXTERNO EM IMUNO-HEMATOLOGIA 4 ANOS DE EXPERIÊNCIA NAS REGIÕES NORTE E CENTRO José António Duran • Jorge Condeço • Salomé Maia • Fátima Rodrigues Margarida Amil • Maria da Graça Oliveira RESUMO ABSTRACT A Garantia da Qualidade é um processo essencial para que os laboratórios possam fornecer resultados exactos e precisos de modo a que sejam prestados os melhores cuidados ao doente. Os programas de controlo de qualidade externo complementam os procedimentos de controlo de qualidade interno, permitindo uma comparação de resultados entre laboratórios de serviços de transfusão independentes. Quality Assurance is an essential process for the laboratory to supply the precise and accurate results needed for the provision of the best care to the patient. External quality control programmes complete the internal quality control procedures, thus allowing the comparison of results between laboratories of independent transfusion services. No final de 1996 foi implementado um Programa de Controlo de Qualidade Externo em Imuno-hematologia, abrangendo os laboratórios públicos e privados das Regiões Norte e Centro de Portugal. Since the end of 1996, an External Quality Control Programme in Immunohaematology has been implemented in private and public transfusion service laboratories in the North and Centre of Portugal. Os autores descrevem a estrutura do programa relativamente às normas de participação, formato dos exercícios, como são obtidos os resultados esperados, as definições de erro e como é avaliado o desempenho, a partir do qual é elaborado um score. The authors describe the structure of the programme: rules of participation, exercise schemes, how the expected results are obtained, definitions of error, evaluation of performance and scoring. É descrita a evolução dos resultados nos primeiros quatro anos, tendo-se observado um aumento da participação dos laboratórios, nomeadamente dos privados que efectuam testes pré-transfusionais, uma diminuição franca do número de erros na Pesquisa de Anticorpos Irregulares com significado clínico, uma percentagem relativamente elevada de erros major ABO e Rh(D) e na Identificação de Anticorpos. Observou-se, no entanto, uma melhoria significativa do desempenho global dos laboratórios participantes. A Comissão Organizadora definiu como objectivos para os próximos dois anos, 2001/02, diminuir os erros de uma forma global, particularmente os erros ABO e Rh(D), enviar a todos os participantes relatórios individuais com o score e disponibilizar, como tem feito até aqui, consultadoria àqueles que a solicitam. The evolution of the results obtained in the first 4 years is described. There was an increase in the number of participant laboratories, namely in the private sector. The decrease in the number of errors in the screening of clinical significant antibodies was clear. However, there is still a high percentage of major errors in ABO and Rh (D) typing, and in antibody identification. There was a significant improvement in the global performance of the participant laboratories. The Organising Committee of the programme has defined as a purpose for the next two years (2001/02) the decrease of errors in general, namely in ABO and Rh (D) typing, the expedition to all participants of individual reports that include the performance score, and the maintenance of the technical support offer to those who ask for it. INTRODUÇÃO Em Portugal, a actividade da Medicina Transfusional é desenvolvida em laboratórios dos sectores público (Centros Regionais do Instituto Português do Sangue, Hospitais Centrais e Distritais) e privado. NÚMERO 5 Em termos de testes pré-transfusionais, constata-se, como noutros procedimentos na área da Medicina Transfusional, uma grande variedade na metodologia utilizada, desde laboratórios com capacidade para efectuarem técnicas mais MARÇO 2001 21 PROGRAMA DE CONTROLO DE QUALIDADE EXTERNO EM IMUNO-HEMATOLOGIA especializadas e com protocolos de controlo de qualidade interno e externo seguindo os princípios da Garantia da Qualidade, até outros que efectuam apenas os testes básicos, não tendo possibilidade de seguirem esses princípios. exactidão em comparação com outros laboratórios. Embora o desempenho individual do laboratório seja frequentemente o objectivo principal, o CQE avalia ainda: • o padrão geral do desempenho (estado da arte) Neste contexto, a participação em esquemas externos de avaliação do desempenho do laboratório torna-se essencial. No final de 1996, os Centros Regionais de Sangue do Porto e de Coimbra e os Serviços de Hematologia do Hospital Geral de Santo António e de Imuno-hemoterapia do Hospital de São João deram início ao Programa de Controlo de Qualidade Externo em Imuno-hematologia (PCQEI), abrangendo os laboratórios públicos e privados das Regiões Norte e Centro do país. OBJECTIVOS DO PROGAMA A Garantia da Qualidade é um processo essencial para que os laboratórios possam fornecer resultados exactos e precisos de modo a que sejam prestados os melhores cuidados ao doente. 1 É preocupação primordial dos serviços de transfusão a monitorização e a avaliação dos processos e procedimentos, assim como dos reagentes, técnicas, amostras e, indirectamente, do equipamento e da competência do desempenho. O controlo de qualidade interno avalia em tempo real se o desempenho do laboratório é estável em relação ao seu desempenho prévio de modo a que um determinado resultado possa ser validado; controla a reprodutibilidade ou precisão, permitindo uma acção correctiva imediata. A maioria dos controlos de qualidade internos analisam um material controlo e comparam o resultado com os limites pré-determinados de aceitabilidade. É executado pelo próprio laboratório de Imuno-hematologia e inclui controlos de equipamento, reagentes e técnicas. 2 22 Os programas de Controlo de Qualidade Externo (CQE) complementam os procedimentos de controlo de qualidade interno,2 permitindo uma comparação de resultados entre laboratórios de serviços de transfusão independentes. Envolvem a análise das mesmas amostras por vários laboratórios, a comparação de resultados entre laboratórios similares e ainda a comparação com o resultado "esperado". Trata-se, assim, de um processo retrospectivo. Enquanto no controlo de qualidade interno se controla a precisão dos procedimentos, no CQE avalia-se a NÚMERO 5 • o desempenho relativo dos procedimentos analíticos (princípios dos métodos, reagentes, equipamentos) Desta forma, o CQE pode indicar os procedimentos analíticos com características de excelência e que podem ser recomendados, assim como identificar os procedimentos insatisfatórios que deverão ser abandonados. É ainda objectivo de um programa de CQE melhorar o desempenho dos participantes nos pontos fracos detectados em exercícios anteriores, desenhando exercícios que possam contribuir para essa melhoria. A melhoria do desempenho por parte dos laboratórios deverá partir de procedimentos efectivos de Garantia de Qualidade e de controlo de qualidade interno por parte dos laboratórios individuais. Tendo em conta os princípios gerais definidos anteriormente, estabelecemos como objectivo geral para este programa contribuir para a melhoria da prática transfusional dos laboratórios participantes, tendo depois como objectivos específicos os seguintes: 1. Comparar o desempenho dos participantes na realização de técnicas de rotina. 2. Diagnosticar áreas de desempenho inadequado e promover a sua melhoria através de exercícios dirigidos. 3. Fornecer indicações para a resolução de casos individuais. Estes objectivos tomaram em cada período de avaliação relevância diferente conforme os resultados obtidos. ESTRUTURA DO PROGRAMA PARTICIPAÇÃO A participação no programa é voluntária, sendo garantida a imparcialidade, a independência e a confidencialidade quanto à identificação dos partici- MARÇO 2001 PROGRAMA DE CONTROLO DE QUALIDADE EXTERNO EM IMUNO-HEMATOLOGIA pantes, seus procedimentos e resultados. A inscrição tem sido gratuita, sendo os custos assumidos pelo Instituto Português do Sangue. NORMAS DE PARTICIPAÇÃO A inscrição do laboratório interessado é da iniciativa do Responsável do Laboratório, formalizada através de preenchimento de uma folha de inscrição e de um inquérito inicial. Cabe a cada laboratório participante nomear o responsável pelo Programa, que será o interlocutor. A cada laboratório participante é atribuído um número de código apenas conhecido do responsável pelo Programa. O laboratório participante deverá inscrever-se apenas nas actividades que desenvolve na rotina. As amostras devem ser tratadas exactamente como as de rotina, pelo mesmo pessoal, técnicas e reagentes, só assim sendo atingidos os objectivos do Programa, ou seja, traduzir a realidade e a representatividade da actividade do laboratório e permitir uma comparação, de facto, entre pares. O Programa permite a inscrição em dois tipos de exercícios (ver formato de exercícios). As amostras, os relatórios e a correspondência são enviados sempre em nome do interlocutor (Responsável do Laboratório e/ou do Programa). O resultado errado que resulte duma acção do laboratório participante é considerado ERRO, quer seja ERRO TÉCNICO quer ERRO ORGANIZACIONAL (identificação ou transcrição). FORMATO solicita que sejam efectuadas a fenotipagem ABO e Rh(D), o Teste de Antiglobulina Directo (no caso de o usar na rotina em amostras de doentes), a Pesquisa de Anticorpos Irregulares e a Identificação de Anticorpos (nos casos de pesquisa positiva e se o laboratório está inscrito neste ponto). São enviadas ainda duas amostras (soros) de dois "dadores" para as quais se solicita que sejam efectuadas Provas de Compatibilidade com as amostras dos dois "doentes". De notar que não é pedido aos participantes que efectuem a fenotipagem ABO e Rh(D) aos "dadores", devendo partir do princípio que estes são ABO/Rh(D) "compatíveis". Nos exercícios de tipo I são enviadas quatro amostras de "doentes", para as quais se solicita que sejam efectuadas a Pesquisa de Anticorpos Irregulares e a Identificação de Anticorpos (nos casos de pesquisa positiva e se o laboratório está inscrito neste ponto). Acompanham as amostras enviadas as Folhas de Registo de Resultados (Anexos 1 e 2) e as Instruções de Utilização que dão indicações aos participantes acerca do significado das técnicas indicadas nas Folhas de Registo (Meios Salino, Enzimático, Antiglobulina Humana, Outros) e das forças de aglutinação. RESULTADOS ESPERADOS 1. O resultado "esperado" para uma dada técnica é obtido pela concordância entre os resultados obtidos pelos quatro laboratórios de referência organizadores. 2. Se o resultado "esperado" for positivo, a força da reacção é a obtida pela concordância entre os laboratórios de referência para cada uma das técnicas utilizadas. DOS EXERCÍCIOS ERROS São realizados 2 tipos de exercícios: São consideradas ERRO as seguintes situações: • o tipo G prevê a realização de fenotipagem ABO e Rh(D), pesquisa e/ou identificação de anticorpos e provas de compatibilidade; • o tipo I engloba a pesquisa e identificação de anticorpos. São enviados cinco exercícios por ano: três do tipo G e dois do tipo I. Nos exercícios de Tipo G são enviadas duas amostras de dois "doentes" (eritrócitos e soro) para as quais se NÚMERO 5 1. Fenotipagem incorrecta no sistema ABO (excluindo os subgrupos de A ou Rh(D), incluindo a identificação de uma tipagem Rh(D) negativa como D fraco (Du). 2. Na pesquisa de anticorpos, uma falha na detecção ou uma falsa detecção de aloanticorpos na amostra do "doente". 3. Nas provas de compatibilidade, uma falha na detecção de uma incompatibilidade verdadeira entre o soro do "doente" e as células do "dador". MARÇO 2001 23 PROGRAMA DE CONTROLO DE QUALIDADE EXTERNO EM IMUNO-HEMATOLOGIA 4. Na identificação de anticorpos, uma falha na identificação ou na identificação completa de aloanticorpos correctamente detectados nas provas de pesquisa. 4. O score é classificado em três classes QUADRO 1: (Quadro 1) CLASSIFICAÇÃO DOS SCORES 5. Não envio do boletim de resultados dentro do prazo limite. 6. São considerados ERROS MINOR e, portanto, não contribuindo para a definição de "desempenho insatisfatório", as seguintes situações: a) Detecção errónea de uma incompatibilidade. b) Identificação de uma amostra Rh(D) positiva como D fraco (Du) e identificação incorrecta de subgrupos de A. c) Uma amostra de células A2 identificada como A não é um erro, mas identificá-la como A1 é um erro minor. DESEMPENHO A avaliação do desempenho é feita por exercício e por laboratório em termos de desempenho Insatisfatório ou Satisfatório. Define-se como Desempenho Satisfatório a ausência de erros e como Desempenho Insatisfatório a ocorrência de um ou mais erros no exercício ou a não participação sem justificação aceitável. RELATÓRIOS A Comissão Organizadora do PCQEI envia a cada laboratório um relatório com o resultado "esperado", o resultado obtido pelo laboratório em questão e o resultado global de todos os laboratórios participantes. A este relatório acrescentam-se, quando aplicável, comentários particulares dirigidos apenas ao laboratório em questão, onde se fazem apreciações sobre o seu resultado ou desempenho. São também enviados comentários gerais dirigidos a todos os laboratórios, sempre que a comissão considera premente chamar a atenção para algum erro mais frequente ou quando a resolução dos exercícios se apresenta mais polémica, tendo quase sempre estes comentários um carácter pedagógico. RESULTADOS DOS PRIMEIROS QUATRO ANOS 1. PARTICIPAÇÕES Os erros minor não contribuem para a definição de desempenho insatisfatório. SCORE A partir do final de 2000, a Comissão Organizadora decidiu atribuir um score, baseado nos seguintes princípios: 24 1. É atribuído um ponto por cada resultado satisfatório. 2. É atribuído zero pontos por cada resultado insatisfatório. 3. A soma da pontuação dos exercícios em que cada participante esteve envolvido é dividida pelo número de exercícios, sendo o resultado multiplicado por 100 e obtendo-se assim a percentagem de resultados satisfatórios para a história do participante. NÚMERO 5 Laboratórios inscritos No início do Programa, em finais de 1996, foram convidados a participar nos exercícios todos os laboratórios públicos que na altura preparavam transfusões. Consideramos que houve logo de início uma boa resposta, com 93,3% de adesão (28 em 30) de hospitais públicos na zona Norte e 71,4 % (10 em 14) na zona Centro do país. A partir de 1998, os convites foram alargados aos laboratórios privados, verificando-se, no final de 1998, uma adesão de 96,4% (27 em 28) de hospitais públicos e de 14,3% (1 em 7) de laboratórios privados na zona Norte e de 92,9% (13 em 14) de hospitais públicos na zona Centro, não havendo nesta zona laboratórios privados que preparem transfusões. MARÇO 2001 PROGRAMA DE CONTROLO DE QUALIDADE EXTERNO EM IMUNO-HEMATOLOGIA Na última avaliação efectuada, referente a 1999 e 2000, verifica-se uma adesão de 96,4% (27 em 28) nos hospitais públicos e de 50% (4 em 8) dos laboratórios privados da zona Norte, e de 92,9% (13 em 14) nos hospitais públicos da zona Centro (Quadro 2). QUADRO 2: E VOLUÇÃO NA PARTICIPAÇÃO DOS LABORATÓRIOS INSCRITOS 2. T ÉCNICAS UTILIZADAS Relativamente à técnica laboratorial que os participantes indicaram na realização dos exercícios verificamos o seguinte (Quadro 4). QUADRO 4: M ÉTODOS UTLIZADOS PELOS PARTICIPANTES Região Norte 1997 Hospitais Públicos que preparam transfusões - 28 1998 99 / 00 Inscritos actualmente no Programa - 27 (96,4%) Laboratórios Privados que preparam transfusões - 8(7 em 98) Nº % Nº % Nº % Diamed IDSystem 19 47,5 29 72,5 30 68,2 Tubo 21 52,5 11 27,5 8 18,2 Ortho Bio Vue System 2 5 3 7,5 2 4,6 Diana Gel 0 0 2 5 5 11,4 Diagast 1 2,5 0 0 0 0 Sanofi-Pasteur - - 1 2,3 Microplaca 4 10 1 2,3 Inscritos actualmente no Programa - (00/98) - 4(50%) / 1 (14,3) Região Centro Hospitais Públicos que preparam transfusões - 14 Inscritos actualmente no Programa - 13 (92,9%) Laboratórios Privados que preparam transfusões - 0 Análise de participações Enviaram-se, até Dezembro de 2000, 21 exercícios (13 do tipo G e 8 do tipo I). Analisámos a evolução, ao longo dos primeiros quatro anos do Programa, das participações dos laboratórios inscritos. Assim, em 1997 verificamos que 39,5% (15 em 38) dos participantes se inscreveram na Identificação de Anticorpos, para além dos parâmetros obrigatórios: Fenotipagem ABO/Rh(D), Pesquisa de Anticorpos Irregulares (PAI) e Provas de Compatibilidade. Calculou-se a média anual de participações dividindo o número total de participações pelo número de exercícios enviados. Fez-se o cálculo da adesão dividindo a média de participações pelo número de inscritos. Esta percentagem foi de 42,2% (16,6 em 39,3) em 1998, 40,1% em 1999 e 43,2% (18,6 em 42,6) em 2000 (Quadro 3). QUADRO 3: A NÁLISES DE PARTICIPAÇÕES. MÉDIA ANUAL 1997 I E 1998 % I E 1999 % I E 2000 % I E % Fenotipagem ABO e Rh; TAD; PAI; Provas de 38 34,6 91,2 39,3 38,3 97,5 42,4 41,6 98,1 compatibilidade 44 42,6 96,8 Identificação de anticorpos 19 18,6 97,8 I - Inscritos 15 14,6 97,7 16,6 16,6 100 17 16,5 97,0 1 2,5 Em 1997, a técnica mais utilizado era a técnica em tubo (52,5%), seguida da Técnica de Aglutinação em Coluna (TAC) da DiaMed® (47,5%), Microplaca (10,0%), TAC da Ortho BioVue® (5,0%) e Diagast® (2,5%). Em 1998, a técnica mais utilizada era a TAC da DiaMed® (72,5%), seguida da técnica em tubo (27,5%), TAC da Ortho BioVue® (7,5%) e Diana Gel® (5,0%) e Microplaca (2,5%). Na última avaliação efectuada, correspondente a 1999/2000, a TAC da DiaMed® foi a mais utilizada (68,2%), seguida da técnica em tubo (18,2%). No conjunto, as TAC (DiaMed®, Ortho BioVue®, Diana Gel® e Sanofi-Pasteur®) são utilizadas actualmente por 86,5% dos participantes, enquanto a técnica em tubo diminuiu de 52,5% para 18,2%. Não foi possível estabelecer qualquer relação entre o desempenho dos laboratórios e a técnica utilizada. E - Efectuaram A média anual de participações dos laboratórios inscritos foi de 91,2% (34,6 em 38) em 1997, 97,5% (38,3 em 39,3) em 1998, 98,1% (41,6 em 42,4) em 1999 e 96,8% (42,6 em 44) em 2000 nos parâmetros obrigatórios e de 97,7% (14,6 em 15) em 1997, 100% (16,6 em 16,6) em 1998, 97,0% (16,5 em 17) em 1999 e 97,8% (18,6 em 19) em 2000 no parâmetro Identificação de Anticorpos. NÚMERO 5 3. F ENOTIPAGEM RH(D) Durante o ano de 1998, a Comissão Organizadora introduziu nas Folhas de Registo de Resultados a possibilidade dos participantes assinalarem a fenotipagem Rh(D) com dois soros anti-D. Verificou-se MARÇO 2001 25 PROGRAMA DE CONTROLO DE QUALIDADE EXTERNO EM IMUNO-HEMATOLOGIA (Quadro 5) um aumento do número de laboratórios que efectuam dois anti-D de 43,6% (17 laboratórios) em 1998 para 61,3% (27 laboratórios) em 1999/2000. Quando se analisou o desempenho dos laboratórios para este parâmetro não foi encontrada qualquer relação entre os laboratórios que efectuaram um ou dois anti-D. por 75% em 1999/2000 (quer em conjunto com o meio AGH quer em conjunto também com um meio salino). QUADRO 7: MEIOS UTILIZADOS PARA PESQUISA DE ANTICORPOS IRREGULARES 1999/00 QUADRO 5: RH (D). PARTICIPANTES QUE EFECTUAM 2 ANTI-D FENOTIPAGEM 1998 1999/00 Nº % Nº % 17 43,6 27 61,3 4. R EFERÊNCIA REFERÊNCIA DA AMOSTRA Participantes que referenciavam a amostra a outro laboratório: 20 (48,8%) em 1998 28 (63,6%) em 2000 Não responderam 2 laboratórios 26 25% AGH + Enzimas 48,6% 59% 23% 16% AGH + Enzimas + Salino 6. O BJECTIVOS DOS EXERCÍCIOS Os objectivos gerais dos exercícios do PCQEI foram colocar, desde início, problemas semelhantes àqueles que surgem mais frequentemente na prática diária com os estudos dos doentes, permitindo assim que cada participante possa comparar as suas capacidades com as dos restantes participantes, detectar erros técnicos e de organização e tomar medidas para os ultrapassar. Assim, procurou-se esquematizar exercícios que contivessem: • Discrepâncias nas fenotipagens ABO e Rh(D) • Anticorpos clinicamente significativos, simples ou múltiplos • Incompatibilidades no sistema ABO e noutros sistemas Análise de Participações 5. MEIOS 28,2% DAS AMOSTRAS Também a partir de 1998, a Comissão Organizadora introduziu nas Folhas de Registo de Resultados um ponto em que os participantes deveriam responder se, perante os resultados obtidos, referenciavam ou não a amostra a outro laboratório. Este ponto teve como objectivo verificar se, na prática, os laboratórios tentavam esclarecer os problemas surgidos nos testes pré-transfusionais sempre que não tivessem meios disponíveis para o fazer e sensibilizá-los para esse comportamento. Verificamos (Quadro 6) que na avaliação realizada em 1998, 20 laboratórios (48,8%) referenciavam a amostra, passando a 28 laboratórios (63,6%) na avaliação de 2000. QUADRO 6: Só AGH UTILIZADOS NA PESQUISA DE ANTICORPOS IRREGULARES A escolha dos meios mais sensíveis e eficazes para a PAI tem sido objecto, ao longo dos últimos anos, de variados estudos nem sempre com resultados concordantes, nomeadamente no que diz respeito ao uso de enzimas. Comparando os resultados de 1998 com 1999/2000 (Quadro 7), verificamos que a maioria dos laboratórios participantes no Programa utiliza, para além do meio de antiglobulina humana (AGH), o meio enzimático na PAI independentemente do resultado da PAI em AGH. Assim, verificamos que o meio enzimático era utilizado, em 1998, por 71,6 % dos laboratórios e NÚMERO 5 Os exercícios tiveram também um carácter pedagógico. Assim, ao analisar os resultados do primeiro ano, a Comissão Organizadora procurou repetir os esquemas onde se tinham verificado mais erros, passando a incluir nos relatórios enviados por cada exercício comentários gerais dirigidos a todos os participantes, com notas explicativas acerca da forma de resolver os problemas em questão e com o respectivo suporte teórico. 7. R ESULTADOS 7.1 Evolução percentual dos erros ao longo do Programa Analisando a evolução em percentagem dos erros por parâmetro no Programa, verifica-se uma diminuição global de erros ao longo destes quatro anos (Quadro 8). Nos erros ABO major verificou-se uma diminuição de MARÇO 2001 PROGRAMA DE CONTROLO DE QUALIDADE EXTERNO EM IMUNO-HEMATOLOGIA 5,07% em 1997 para 1,64% em 2000. Nos erros Rh(D) major a diminuição foi de 6,52% em 1997 para 2,53% em 2000. Na PAI houve uma diminuição de erros de 3,37% em 1997 para 0,48% em 2000. Nas Provas de Compatibilidade houve uma descida do número de erros de 1,81% em 1997 para 1,05% em 2000. Na Identificação de Anticorpos, o parâmetro onde se tem verificado o maior número de erros, houve também uma descida de 13,48% em 1997 para 6,54% em 2000. A análise dos resultados insatisfatórios por tipo de erro (Quadro 8), permite uma visão mais clara da evolução favorável nos desempenhos. QUADRO 8: Utilizando o teste t para resultados emparelhados (Quadro 10), verificamos que houve uma diferença estatisticamente significativa entre os desempenhos nestes dois períodos (p=0,0073). QUADRO 10: ESTUDO DE DESEMPENHO Teste t: duas amostras emparelhadas Até 99 99/00 74,76 84,64 376,78 204,05 Desvio Padrão 19,41 14,28 40,00 40,00 Média Variância EVOLUÇÃO PERCENTUAL DOS ERROS POR TIPO AO LONGO DO PROGRAMA 1997 1998 99/00 Observações ABO Major 5,07 1,9 1,64 Correlação de Pearson 0,17 ABO Minor 1,45 0,6 0,15 Hipótese de diferença de Média 0,00 Rh (D) Major 6,52 2,3 2,53 gl Rh (D) Minor 0,00 0,6 0,45 Stat t -2,8316 TAD 0,72 5,9 0,00 P(T<=t) uni-caudal 0,0036 Pesquisa Anticorpos 3,37 4,9 0,48 t crítico uni-caudal 1,6849 Identificação de Anticorpos 13,4 11,0 6,54 P(T<=t) bi-caudal 0,0073 Provas de compatibilidade 1,81 1,3 1,05 t crítico bi-caudal 2,0227 7.2 Distribuição dos scores por grupo. Análise estatística. Tendo em conta os três grupos de scores descritos anteriormente, comparámos os resultados obtidos até 1999 com os resultados de 1999/2000 (Quadro 9). QUADRO 9: COMPARAÇÃO DA EVOLUÇÃO DE CLASSES DE SCORE. Nº DE LABORATÓRIOS POR CLASSE Até 99 99/00 100 - 80 23 25 79 - 60 12 12 59 - 0 5 3 Total 40 40 Nota: Só foram contabilizados os laboratórios presentes nas 2 avaliações NÚMERO 5 39,00 7.3 Algumas causas de erros mais comuns 7.3.1 Erros na Fenotipagem ABO/Rh(D) Verificaram-se erros em amostras com Teste de Antiglobulina Directo (TAD) positivo em que a prova celular na fenotipagem ABO apresentava controlo positivo. Este problema coloca-se particularmente nos métodos que utilizam meios enzimáticos para as suspensões celulares, o que potencia a ligação de anticorpos IgG. Nestas situações, também surgiram erros na fenotipagem Rh(D) sempre que o controlo era positivo e se usavam soros anti-D com IgG. Para a resolução destas situações, a Comissão Organizadora recomendou a utilização da técnica em tubo, ou da técnica em gel sem enzimas (não se podendo assim concluir o fenótipo RhD) ou o recurso a técnicas de eluição (pelo calor ou pelo ácido). No caso da fenotipagem Rh(D) com controlo positivo, MARÇO 2001 27 PROGRAMA DE CONTROLO DE QUALIDADE EXTERNO EM IMUNO-HEMATOLOGIA verificaram-se tanto resultados falsos positivos como falsos negativos (por bloqueio dos antigénios). Aqui, recomendou-se a resolução pela técnica em tubo, por eluição (pelo calor ou pelo ácido) ou o uso de um soro anti-D IgM. Em amostras com aloanticorpos, verificaram-se erros na prova sérica sempre que se detectava reactividade com as células O (utilizadas como controlo desta prova) que continham o antigénio em questão, nomeadamente naqueles laboratórios que utilizam o meio AGH para esta prova e mesmo assim concluíam quanto à fenotipagem ABO. A Comissão Organizadora chamou a atenção para o facto de que a não resolução desta discrepância impossibilita a validação do grupo ABO. Para além destes, verificaram-se erros que se presume serem devidos ao não seguimento escrupuloso das instruções dos fabricantes, particularmente no que respeita a volumes, diluentes e tempos de incubação recomendados, assim como à falta de um controlo de qualidade diário dos procedimentos, reagentes e equipamentos. Estes desvios nos procedimentos são também assinalados no UK NEQAS (United Kingdom National External Quality Assessment Scheme), para os utilizadores das TAC.3 Segundo um inquérito que realizaram, verificaram os seguintes desvios às instruções dos fabricantes: 7% usavam o LISS standard em vez do diluente recomendado; 13% usavam um tempo de incubação mais curto; 14% usavam reagentes a 4ºC; mais de 14% não efectuavam a verificação visual nos cards antes de usar. probabilidade de excluir um anticorpo adicional aumenta significativamente com a utilização de mais do que 1 painel de células. O uso de técnicas enzimáticas na identificação de anticorpos aumenta significativamente as hipóteses de uma identificação correcta de uma mistura de anticorpos, quando um ou mais são de especificidade Rh.4 Sempre que os painéis disponíveis num determinado laboratório não permitiam excluir outros anticorpos clinicamente significativos, foi recomendado enviar a amostra a um laboratório de referência para a realização de outros painéis e/ou fenotipagem do "doente" para os antigénios correspondentes. QUADRO 11: R ESULTADOS Esperado 99G1 Observado Resultados Anti-E Anti-E 17 / 17 Anti-S Anti-S 17 / 17 99G2 Anti-c Anti-c 15 / 15 00G2 Anti-e Anti-e 19 / 19 00G3 Anti-D 99I1 19 / 19 Anti-D Anti-D+Fy a a Anti-D+Fy 14 / 18 Anti-D Anti-D+C 1 / 18 2 / 18 a 1 / 18 b 14 / 17 Anti-C+Fy 99I2 Anti-K+Jk b Anti-K+Jk Anti-K+Jk b+Cw Anti-K Anti-Jk Anti-s 7.3.2 Erros na Pesquisa e Identificação de Anticorpos 28 OBTIDOS NA IDENTIFICAÇÃO DE ANTICORPOS 1 / 17 b 1 / 17 Anti-s a Anti-E+Fy 17 / 17 a Anti-E+Fy 15 / 17 a A Comissão Organizadora tem chamado a atenção dos participantes para a utilização de células de screening com expressão homozigótica para os antigénios para os quais se podem formar anticorpos clinicamente significativos.2 Esta é uma medida essencial para aumentar a sensibilidade na PAI. Anti-P1 00I1 1 / 17 Anti-E+K+Fy 2 / 17 Anti-P1 13 / 17 Anti-E+P1 1 / 17 Anti-E+Cw+P1 1 / 17 NI 2 / 17 Anti-K Anti-K 19/ 19 Anti-C+D Anti-C+D Relativamente à PAI e tal como está assinalado no Quadro 7, verifica-se um aumento do número de laboratórios que utilizam o meio enzimático, ao contrário do que refere o NEQAS, cujos dados mostram uma diminuição dos que utilizam este meio de 80% em 19855 para 7% em 1998.6 7.3.3 Comparação com outro Programa de Controlo de Qualidade Externo Os erros na Identificação de Anticorpos foram mais frequentes nos exercícios em que foram enviados múltiplos anticorpos (Quadro 11). Nestes casos, tornava-se necessário, na maioria das vezes, recorrer a mais do que um painel e em mais do que um meio (AGH e enzima). A Comparámos os resultados falsos negativos obtidos na PAI com os obtidos pelo UK NEQAS.7 No Quadro 12, indica-se a percentagem de resultados falsos negativos para os anticorpos em geral e para o anti-D em particular. Verifica-se que no NEQAS, entre 1990 e 1998, houve uma NÚMERO 5 Anti-Jk MARÇO 2001 a Anti-Jk a 19/ 19 19/ 19 PROGRAMA DE CONTROLO DE QUALIDADE EXTERNO EM IMUNO-HEMATOLOGIA diminuição de resultados falsos negativos para os anticorpos em geral de 5,0% para 0,1% e para o anti-D de 8,0% para 0,0%. Também no PCQEI houve uma diminuição de resultados falsos negativos para os anticorpos em geral de 5,5% (correspondente apenas a um exercício) para 0,4% em 1999/2000 e para o anti-D de 1,4% em 1996 para 0,0% em 1999/2000. QUADRO 12: PERCENTAGEM DE RESULTADOS FALSOS NEGATIVOS PARA OS ANTICORPOS EM GERAL E ANTI-D EM PARTICULAR NEQAS* QUADRO 14: PCQEI Geral Geral Anti-D 1990 5,0 8,0 1992 2,1 2,0 1995/6 1,2 0 5,5** 1,4 1997/8 0,1 0 1,4 0 0,4 0 ERROS NA IDENTIFICAÇÃO DE E + F Ya NEQAS* Ano 1anticorpo 1990 11,5 1992 6,7 11,0 1995/6 1,2 1997/8 0,6 1999/00 E+Fya NEQAS PCQEI Anti-K+Jk : 92 82,3 Anti-E+Fya: 98 88,2 Anti-C+D: 81 e 91* 94,1 e 100* Anti-K+Fya 97 31,2 b Comparámos também os nossos resultados com os do NEQAS no que respeita a erros na Identificação de Anticorpos em geral e no caso particular de anti-E+Fya (Quadro 13). Verifica-se que no NEQAS houve uma diminuição de erros na Identificação de Anticorpos de 11,5% em 1990 para 0,6% em 1998, enquanto que no PCQEI essa diminuição foi de 7,1% (1 em 14) em 1996 para 1,1% em 1999/2000. Acrescente-se que esta percentagem de 1,1% corresponde a uma amostra com anti-P1, anticorpo que na maioria dos casos não tem significado clínico. Quanto à conjugação de anti-E+Fya, verificou-se no NEQAS uma diminuição da percentagem de erros de 11,0% em 1992 para 1,7% em 1998 enquanto que no PCQEI houve uma percentagem de erros em 1999/2000 de 11,7% (2 em 17). ANTICORPO EM GERAL E RESPOSTAS CORRECTAS. Anti-D * Fonte: Comunicação no “26th Congress of the ISBT/Julho 2000” ** Apenas um exercício em 1996. QUADRO 13: P ERCENTAGEM DE ESTUDO COMPARATIVO NEQAS, PCQEI PARA ALGUNA CONJUNTOS DE ANTICORPOS. PERCENTAGEM DE Ano 1999/00 Comparámos ainda a percentagem de identificação correcta de amostras com conjuntos de dois anticorpos entre os dois programas (Quadro 14). Não se verificaram alterações significativas excepto numa amostra com antiK+Fya em que o NEQAS tem uma percentagem de detecção de 97% e o PCQEI de 31,2%. Chama-se, no entanto, a atenção de que se tratou da primeira amostra que enviámos, em 1997, com dois anticorpos, tendo os resultados melhorado significativamente a partir deste exercício. PCQEI a 1anticorpo E+Fy 1,4 7,1** - 1,7 2,25 - 1,1 11,7# * Fonte: Comunicação no “26th Congress of the ISBT” Julho 2000 ** Refere-se a 1 em 14 # Refere-se a 2 em 17 NÚMERO 5 * Os números referem-se a 2 exercícios COMENTÁRIOS A evolução dos resultados obtidos nos primeiros 4 anos do Programa permite-nos concluir do cumprimento dos objectivos propostos, nomeadamente uma melhoria significativa do desempenho global dos laboratórios participantes com uma diminuição franca do número de erros na Pesquisa de Anticorpos Irregulares com significado clínico. Verificou-se também um aumento da participação dos laboratórios privados que efectuam testes prétransfusionais e a manutenção do número dos restantes laboratórios participantes. No entanto, verifica-se ainda uma percentagem relativamente elevada de erros major ABO e Rh(D) e um número de erros elevado na Identificação de Anticorpos. Isto permite-nos concluir que para ultrapassar estes problemas que ainda subsistem será necessário que: • Os laboratórios revejam os seus procedimentos, nomeadamente quanto às técnicas e metodologias e que implementem um Programa de Controlo de Qualidade Interno. MARÇO 2001 29 PROGRAMA DE CONTROLO DE QUALIDADE EXTERNO EM IMUNO-HEMATOLOGIA • Se implemente e/ou reforce a Formação Contínua, quer levada a cabo pelos próprios serviços, quer solicitando apoio a outros serviços ou instituições. A Comissão Organizadora propõe-se atingir nos próximos dois anos, 2001/02, os seguintes objectivos: • Diminuir os erros de uma forma global, particularmente os erros ABO e Rh(D). • Enviar a todos os participantes relatórios individuais com o score. • Disponibilizar, como já tem feito até aqui, consultadoria àqueles que a solicitam. REFERÊNCIAS 4. Chapman JF, Milkins CE, Knowles S, O'Hagan J, White J. Identification of alloantibodies against two red cell antigens in external quality assurance exercises. Transfusion 1999; 39; 10S. 5. Phillips P. External quality assessment of blood grouping, antibody screening and crossmatch procedures within the United Kingdom. Quality Assurance in Transfusion Medicine. Rock G & Seghatchian MJ editors. CRC Press, Florida, USA; 1992. 6. Knowles SM. UK NEQAS (BTLP) - Lessons Learnt. Transfusion Medicine, 1999; 9 Suppl 1:25. 7. White J, O' Hagan J, Milkins CE, Chapman JF, Knowles SM. Antibody Screening and Identification - Increasing proficiency in the UK. Vox Sang 2000; 78 (suppl 1) ; 0134. 1. United Kingdom National External Quality Assessment Schemes. Report and Directory. 3rd Edition. Woodcock Graphics, Sheffield, 1997. 2. Guide to the preparation, use and quality assurance of blood components. 6th edition. Council of Europe Publishing, January 2000. AUTORES (Comissão Organizadora do Programa de Controlo de Qualidade Externo em Imuno-hematologia): José António Duran, Jorge Condeço, Salomé Maia, Centro Regional de Sangue do Porto. Fátima Rodrigues, Centro Regional de Sangue de Coimbra. Margarida Amil, Serviço de Hematologia, Hospital Geral de Santo António. Maria da Graça Oliveira, Serviço de Imuno-hemoterapia, Hospital de São João. 3. Milkins CE, O'Hagan J, White J, Knowles SM. Column Agglutination Technology - are we making the most of it? Transfusion Medicine 2000; 10 (suppl 1); P124. Correspondência: Dr. José António Duran, Centro Regional de Sangue do Porto, Estrada Interior da Circunvalação (ao Hospital Magalhães de Lemos) 4149-003 Porto, Portugal. 30 NÚMERO 5 MARÇO 2001 ANEXO 1 ANEXO 2