416 - SOVERGS

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DISTRIBUIÇÃO DOS REGISTROS DIAGNOSTICADOS POSITIVOS PARA A
RAIVA NA UNIDADE DE DIAGNÓSTICO, VIGILÂNCIA, FISCALIZAÇÃO
SANITÁRIA E MEDICINA VETERINÁRIA “JORGE VAITSMAN” (RIO DE
JANEIRO, BRASIL) SEGUNDO A ESPÉCIE
DISTRIBUTION OF SAMPLES DIAGNOSED POSITIVE FOR RABIES IN
UNIDADE DE DIAGNÓSTICO, VIGILÂNCIA, FISCALIZAÇÃO SANITÁRIA E
MEDICINA VETERINÁRIA “JORGE VAITSMAN” (RIO DE JANEIRO, BRAZIL)
ACCORDING TO SPECIES
Ana Carolina Nunes de Morais1; Claudius Couto Cabral2; Alba Valéria de Almeida Barcelos
Dias3; Marcela Garcia Araújo3; Gláucio Luís Mata Mattos3; Wildeberg Cál Moreira4
Resumo
Com a redução dos casos de raiva nas regiões metropolitanas do Brasil, existe uma
emergência do ciclo silvestre e rural da doença no país, em que se destaca a maior detecção de
casos em quirópteros e animais de produção. O objetivo deste trabalho foi correlacionar as
amostras diagnosticadas positivas para a raiva na Subgerência de Virologia da UJV no
período de janeiro de 2005 a julho de 2011 com as espécies de origem. Das 161 amostras
positivas, 114 (70,81%) eram provenientes de bovídeos, 27 (16,77%) de equídeos, 2 (1,24%)
de ovinos e 18 (11,18%) de quirópteros. Tais resultados demonstram a importância de
herbívoros domésticos e morcegos na cadeia epidemiológica da doença no país e reforçam a
necessidade de envio de material suspeito para laboratório de diagnóstico.
Palavras-chave: Raiva, herbívoros domésticos, quirópteros, diagnóstico.
Summary
With the reduction of rabies cases in the metropolitan regions of Brazil, there is an emergence
of rural and wild cycle of the disease in the country, which highlights the increased detection
of cases in bats and production animals. The aim of this study was to correlate the samples
diagnosed positive for rabies in Subgerência de Virologia of UJV from January 2005 to July
2011 with the species origin. Considering 161 positive samples, 114 (70,81%) were from
cattle, 27 (16,77%) from horses, 2 (1,24%) from sheep and 18 (11,18%) from bats. These
results demonstrate the importance of bats and domestic herbivores in the epidemiological
chain of the disease in the country and reinforce the need to send suspect material for
laboratory diagnosis.
Key words: Rabies, domestic herbivores, bats, diagnostic.
A raiva é uma doença amplamente distribuída pelo mundo em virtude da alta
capacidade de adaptação do vírus causador da doença às diferentes espécies de mamíferos
(KOTAIT et al., 2009). O número de casos de raiva em cães vem reduzindo no Brasil, sendo
que, nos últimos anos, tem apresentado maior concentração no Nordeste. Na década de 1990,
havia uma média de 875 casos de raiva canina ao ano, passando para uma média de 465, no
período de 2000 a 2004, e para 64, entre 2005 e 2009. O ciclo rural, que envolve os animais
de produção, é o que apresenta o maior número de casos positivos. Atualmente observa-se um
aumento na detecção de casos de raiva tanto em morcegos quanto em animais de produção,
demonstrando a importância desses animais como fonte de infecção para a transmissão da
1
Discente do curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – UFRRJ *; 2 Discente do
curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal Fluminense – UFF; 3 Médico(a) Veterinário(a) da Subgerência de
Virologia da Unidade de Diagnóstico, Vigilância, Fiscalização Sanitária e Medicina Veterinária “Jorge Vaitsman” – UJV; 4
Médico Veterinário do Centro de Criação de Animais de Laboratório da Fundação Oswaldo Cruz – CECAL/FIOCRUZ.
*Autor para correspondência: [email protected]. Avenida Bartolomeu de Gusmão, 1120 – São Cristóvão – Rio de
Janeiro, RJ. 20941-160.
doença aos humanos (BRASIL, 2011). A Unidade de Diagnóstico, Vigilância, Fiscalização
Sanitária e Medicina Veterinária “Jorge Vaitsman” (UJV), localizada em São Cristóvão,
Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro, recebe amostras de animais suspeitos para
diagnóstico laboratorial, atuando em conjunto com o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ)
nas ações de controle da raiva no município. O objetivo do presente trabalho foi correlacionar
as amostras diagnosticadas positivas para a doença na Subgerência de Virologia da UJV no
período de janeiro de 2005 a julho de 2011 com as espécies de origem. Foi realizado um
levantamento dos casos diagnosticados positivos a partir dos dados do Livro de Registros da
Subgerência. Do total de 2982 amostras recebidas, 161 foram positivas para a raiva em pelo
menos uma das técnicas de diagnóstico (imunofluorescência direta e/ou prova biológica em
camundongos). Destas, 114 (70,81%) foram provenientes de bovídeos, 27 (16,77%)
provenientes de equídeos, 2 (1,24%) de ovinos e 18 (11,18%) de quirópteros (Tabela 1).
Didaticamente, considera-se que a cadeia epidemiológica da raiva esteja dividida em quatro
ciclos: urbano, rural, silvestre terrestre e aéreo. Em virtude das constantes ações antrópicas
sobre o meio ambiente, estes ciclos podem se entrelaçar, sendo o homem sempre vulnerável
como hospedeiro final. Os quirópteros, hematófagos ou não, atuam como reservatórios,
transmitindo a doença de um a outro. Das 170 espécies de morcegos identificadas no Brasil, o
vírus já foi isolado de 41 (SODRÉ et al., 2010). A presença destes animais infectados pela
raiva, em áreas rurais ou urbanas, representa riscos à Saúde Pública, uma vez que muitos
apresentam hábitos sinantrópicos. O ciclo rural tem como reservatório o morcego hematófago
Desmodus rotundus e caracteriza-se pela transmissão da raiva aos animais domésticos de
interesse econômico. Além de apresentar forte impacto econômico à agropecuária, este ciclo
também se constitui em risco à Saúde Pública face à possibilidade de transmissão aos
humanos, por manipulação de animais raivosos, sem a vacinação em esquema de préexposição (BRASIL, 2009). Sendo os herbívoros considerados sentinelas da raiva, o
diagnóstico laboratorial surge como uma ferramenta capaz de antecipar a tomada de decisões
e as ações da Vigilância Epidemiológica nas regiões onde estejam ocorrendo surtos da
doença. Desta forma, é importante que materiais suspeitos sejam coletados e enviados para
diagnóstico, possibilitando também a intervenção quanto à circulação do agente viral em
quirópteros da região em questão.
Referências Bibliográficas
BRASIL, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Defesa
Agropecuária. Controle da Raiva nos Herbívoros – Manual Técnico 2009. Brasília: Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, 2009.
BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de
Vigilância Epidemiológica. Normas Técnicas de Profilaxia de Raiva Humana. Brasília:
Ministério da Saúde, 2011.
KOTAIT, I. ; CARRIERI, M.L.; TAKAOKA, N.Y. Raiva – Aspectos Gerais e Clínica. São
Paulo: Instituto Pasteur, 2009.
SODRÉ, M.M.; GAMA, A.R.; ALMEIDA, M.F. Updated list of bat species positive for
rabies in Brazil. Revista do Instituto de Medicina Tropical, v. 52, n.2, p. 75 – 81, 2010.
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Tabela 1: Perfil dos registros diagnosticados positivos para a raiva na UJV no período de
janeiro de 2005 a julho de 2011 quanto à espécie de origem.
Espécie
Número de registros positivos
Bovídeos
114 (70,81%)
Equídeos
27 (16,77%)
Ovinos
2 (1,24%)
Quirópteros
18 (11,18%)
Total
161 (100,00%)
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