Apologia à Judas, Chamado Iscariotes O que me leva a escrever esta apologia Desde criança eu via com tristeza e indignação a manifestação pública de “malhar o Judas”, na qual, no Sábado de Aleluia, bonecos feitos de pano eram amarrados pelo pescoço em um poste e as crianças, e alguns adultos, batiam com pedaços de pau e depois ateavam fogo. Eu não conseguia conceber esta demonstração de violência gratuita e desnecessária. Quando entrei no curso de Primeira Comunhão, no Brasil, lembro ter perguntado para o falecido Padre Julian sobre esta prática e ele respondeu que se tratava de uma manifestação pessoal de revolta contra um traidor. Com o passar do tempo, entre conversas com colegas leigos, estudiosos e estudos feitos por conta própria, cheguei à conclusão exposta na forma de tese. Da escolha dos doze apóstolos Começo este capítulo citando uma frase de Nosso Senhor que retirei da principal referencia bibliográfica que me baseei para escrever esta apologia, sendo quaisquer citações ao Apóstolo Judas muito escassas nas fontes oficiais que temos acesso. Em (João 6:70): "Não fui Eu que vos escolhi a vós doze? No entanto, um de vós é um demónio". Dos actos Desde a escolha, os apóstolos passaram por várias etapas de burilamento por Jesus. Em várias passagens do evangelho podemos notar que os doze apóstolos, sem excepção, titubeavam na fé e negligenciavam em suas actividades. Para ilustrar, podemos citar a ocasião em que Jesus acalma a tempestade: (Mateus 8:23-27; Marcos 4:35-41; Lucas 8:22-25) “Subiu ele a uma barca com seus discípulos. De repente, desencadeou-se sobre o mar uma tempestade tão grande, que as ondas cobriam a barca. Ele, no entanto, dormia. Os discípulos achegaram-se a ele e o acordaram, dizendo: Senhor, salva-nos, nós perecemos! E Jesus perguntou: Por que este medo, gente de pouca fé? Então, levantando-se, deu ordens aos ventos e ao mar, e fez-se uma grande calmaria. Admirados, diziam: Quem é este homem a quem até os ventos e o mar obedecem?” Quando caminha pelas águas: (Mateus 14:22-33; Marcos 6:45-52; João 8:2225) “Logo depois, Jesus obrigou seus discípulos a entrar na barca e a passar antes dele para a outra margem, enquanto ele despedia a multidão. Feito isso, subiu à montanha para orar na solidão. E, chegando a noite, estava lá sozinho. Entretanto, já a boa distância da margem, a barca era agitada pelas ondas, pois o vento era contrário. Pela quarta vigília da noite, Jesus veio a eles, caminhando sobre o mar. Quando os discípulos o perceberam caminhando sobre as águas, ficaram com medo: É um fantasma! disseram eles, soltando gritos de terror. Mas Jesus logo lhes disse: Tranquilizai-vos, sou eu. Não tenhais medo! Pedro tomou a palavra e falou: Senhor, se és tu, manda-me ir sobre as águas até junto de ti! Ele disse-lhe: Vem! Pedro saiu da barca e caminhava sobre as águas ao encontro de Jesus. Mas, redobrando a violência do vento, teve medo e, começando a afundar, gritou: Senhor, salva-me! No mesmo instante, Jesus estendeu-lhe a mão, segurou-o e lhe disse: Homem de pouca fé, por que duvidaste? Apenas tinham subido para a barca, o vento cessou. Então aqueles que estavam na barca prostraram-se diante dele e disseram: Tu és verdadeiramente o Filho de Deus.” Quando fala sobre os Fariseus e Saduceus: (Mateus 16:5-12; Marcos 8:14-21) “Ora, passando para a outra margem do lago, os discípulos haviam esquecido de levar pão. Jesus disse-lhes: Guardai-vos com cuidado do fermento dos fariseus e dos saduceus. Eles pensavam: É que não trouxemos pão... Jesus, penetrando nos seus pensamentos, disse-lhes: Homens de pouca fé! Por que julgais que vos falei por não terdes pão? Ainda não compreendeis? Nem vos lembrais dos cinco pães e dos cinco mil homens, e de quantos cestos recolhestes? Nem dos sete pães para os quatro mil homens e de quantos cestos enchestes? Por que não compreendeis que não é do pão que eu vos falava, quando vos disse: Guardai-vos do fermento dos fariseus e dos saduceus? Então entenderam que não dissera que se guardassem do fermento do pão, mas da doutrina dos fariseus e dos saduceus.” Quando cura um rapaz possesso, depois da impotência dos apóstolos: (Mateus 17:14-20; Marcos 9:14-29; Lucas 9:37-43) “E, quando eles se reuniram ao povo, um homem aproximou-se deles e prostrou-se diante de Jesus, dizendo: Senhor, tem piedade de meu filho, porque é lunático e sofre muito: ora cai no fogo, ora na água... Já o apresentei a teus discípulos, mas eles não o puderam curar. Respondeu Jesus: Raça incrédula e perversa, até quando estarei convosco? Até quando hei-de aturar-vos? Trazei-mo. Jesus ameaçou o demónio e este saiu do menino, que ficou curado na mesma hora. Então os discípulos lhe perguntaram em particular: Por que não pudemos nós expulsar este demónio? Jesus respondeu-lhes: Por causa de vossa falta de fé. Em verdade vos digo: se tiverdes fé, como um grão de mostarda, direis a esta montanha: Transporta-te daqui para lá, e ela irá; e nada vos será impossível. Quanto a esta espécie de demónio, só se pode expulsar à força de oração e de jejum.” Quando os apóstolos afastam as crianças de perto de Jesus: (Mateus 19:1315; Marcos 10:13-16; Lucas 18:15-17) “Foram-lhe, então, apresentadas algumas criancinhas para que pusesse as mãos sobre elas e orasse por elas. Os discípulos, porém, as afastavam. Disse-lhes Jesus: Deixai vir a mim estas criancinhas e não as impeçais, porque o Reino dos céus é para aqueles que se lhes assemelham. E, depois de impor-lhes as mãos, continuou seu caminho.” Quando Jesus adverte Pedro sobre sua renega (Mateus 26:31-35; Marcos 14:27-31; Lucas 22:31-34; João 13:36-38) “Disse-lhes então Jesus: Esta noite serei para todos vós uma ocasião de queda; porque está escrito: Ferirei o pastor, e as ovelhas do rebanho serão dispersadas (Zc 13,7). Mas, depois da minha Ressurreição, eu vos precederei na Galileia. Pedro interveio: Mesmo que sejas para todos uma ocasião de queda, para mim jamais o serás. Disse-lhe Jesus: Em verdade te digo: nesta noite mesma, antes que o galo cante, três vezes me negarás. Respondeu-lhe Pedro: Mesmo que seja necessário morrer contigo, jamais te negarei! E todos os outros discípulos diziam-lhe o mesmo.” Quando no Jardim do Getsêmani, Jesus pede aos apóstolos que o acompanham para orar e vigiar enquanto Ele ora: (Mateus 26:36-46; Marcos 14:3242; Lucas 22:39-46) “Retirou-se Jesus com eles para um lugar chamado Getsêmani e disse-lhes: Assentaivos aqui, enquanto eu vou ali orar. E, tomando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se. Disse-lhes, então: Minha alma está triste até a morte. Ficai aqui e vigiai comigo. Adiantou-se um pouco e, prostrando-se com a face por terra, assim rezou: Meu Pai, se é possível, afasta de mim este cálice! Todavia não se faça o que eu quero, mas sim o que tu queres. Foi ter então com os discípulos e os encontrou dormindo. E disse a Pedro: Então não pudestes vigiar uma hora comigo... Vigiai e orai para que não entreis em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é fraca. Afastou-se pela segunda vez e orou, dizendo: Meu Pai, se não é possível que este cálice passe sem que eu o beba, faça-se a tua vontade! Voltou ainda e os encontrou novamente dormindo, porque seus olhos estavam pesados. Deixou-os e foi orar pela terceira vez, dizendo as mesmas palavras. Voltou então para os seus discípulos e disse-lhes: Dormi agora e repousai! Chegou a hora: o Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos pecadores... Levantai-vos, vamos! Aquele que me trai está perto daqui.” Quando um dos apóstolos desembainhou a espada, ferindo um dos soldados e Jesus advertindo-o. Após os apóstolos abandonando-O e fugindo: (Mateus 26:47-56; Marcos 14:43-50; Lucas 22:47-53; João18:3-12). “Jesus ainda falava, quando veio Judas, um dos Doze, e com ele uma multidão de gente armada de espadas e cacetes, enviada pelos príncipes dos sacerdotes e pelos anciãos do povo. O traidor combinara com eles este sinal: Aquele que eu beijar, é ele. Prendei-o! Aproximou-se imediatamente de Jesus e disse: Salve, Mestre. E beijou-o. Disse-lhe Jesus: É, então, para isso que vens aqui? Em seguida, adiantaram-se eles e lançaram mão em Jesus para prendê-lo. Mas um dos companheiros de Jesus desembainhou a espada e feriu um servo do sumosacerdote, decepando-lhe a orelha. Jesus, no entanto, lhe disse: Embainha tua espada, porque todos aqueles que usarem da espada, pela espada morrerão. Crês tu que não posso invocar meu Pai e ele não me enviaria imediatamente mais de doze legiões de anjos? Mas como se cumpririam então as Escrituras, segundo as quais é preciso que seja assim? Depois, voltando-se para a turba, falou: Saístes armados de espadas e porretes para prender-me, como se eu fosse um malfeitor. Entretanto, todos os dias estava eu sentado entre vós ensinando no templo e não me prendestes. Mas tudo isto aconteceu porque era necessários que se cumprissem os oráculos dos profetas. Então os discípulos o abandonaram e fugiram.” Quando Pedro nega Jesus: (Mateus 26:69-75; Marcos 14:66-72; Lucas 22:5662; João 18:15-18 e 25-27). “Enquanto isso, Pedro estava sentado no pátio. Aproximou-se dele uma das servas, dizendo: Também tu estavas com Jesus, o Galileu. Mas ele negou publicamente, nestes termos: Não sei o que dizes. Dirigia-se ele para a porta, a fim de sair, quando outra criada o viu e disse aos que lá estavam: Este homem também estava com Jesus de Nazaré. Pedro, pela segunda vez, negou com juramento: Eu nem conheço tal homem. Pouco depois, os que ali estavam aproximaram-se de Pedro e disseram: Sim, tu és daqueles; teu modo de falar te dá a conhecer. Pedro então começou a fazer imprecações, jurando que nem sequer conhecia tal homem. E, neste momento, cantou o galo. Pedro recordou-se do que Jesus lhe dissera: Antes que o galo cante, negar-me-ás três vezes. E saindo, chorou amargamente.” DO HISTÓRICO DE JUDAS Dentre os doze apóstolos, Judas era o único não galileu. Filho de Simão (João 6: 71), era da cidade de Cariote ou Kerioth, cidade do extremo sul da tribo de Judá, daí o nome Judas Iscariotes. Entendia de contabilidade e se tornou no tesoureiro do grupo. Para os Judeus, o Messias esperado era o guerreiro militar que libertaria a Israel sofrida e vilipendiada por pagãos, ora representada pela águia imperial romana. Para Judas, o Carpinteiro de Nazaré era este Messias e como a análise de sua personalidade mostra que era imediatista, tinha dificuldade de entender as lições e os actos missionários do Mestre, haja vista quando repreendeu o ato da mulher que ungiu a cabeça de Jesus com o óleo (Mateus 26: 6-13; Marcos 14: 3-9; João 12: 1-8). No Evangelho de João (12:6), encontramos uma referência a sua imprudência: “Seis dias antes da Páscoa, foi Jesus a Betânia, onde vivia Lázaro, que ele ressuscitara. Deram ali uma ceia em sua honra. Marta servia e Lázaro era um dos convivas. Tomando Maria uma libra de bálsamo de nardo puro, de grande preço, ungiu os pés de Jesus e enxugou-os com seus cabelos. A casa encheu-se do perfume do bálsamo. Mas Judas Iscariotes, um dos seus discípulos, aquele que o havia de trair, disse: Por que não se vendeu este bálsamo por trezentos denários e não se deu aos pobres? Dizia isso não porque ele se interessasse pelos pobres, mas porque era ladrão e, tendo a bolsa, furtava o que nela lançavam Jesus disse: Deixai-a; ela guardou este perfume para o dia da minha sepultura. Pois sempre tereis convosco os pobres, mas a mim nem sempre me tereis.” Segundo as lições espirituais, Jesus o teria advertido, ao início do apostolado: “...Judas, a bolsa é pequenina; contudo, permita Deus que nunca sucumbas ao seu peso!” Em entrevista ao Irmão X, pseudónimo espiritual do Jornalista Humberto de Campos, Judas relata de forma emocionante sua experiência, na qual Chico Xavier psicografa na obra “Crónicas de Além-túmulo” este diálogo. Transcrevo este trecho: “Nas margens caladas do Cedrão, não longe talvez do lugar sagrado, onde o Salvador esteve com os discípulos, divisei um homem sentado sobre uma pedra. De sua expressão fisionómica irradiava-se cativante simpatia. Sabe quem é este? - murmurou alguém aos meus ouvidos. - Este é Judas... Judas?... Sim. Os espíritos apreciam, às vezes, não obstante o progresso que já alcançaram, volver atrás, visitando os sítios onde se engrandeceram ou prevaricaram, sentindo-se repentinamente transportados aos tempos idos. Então, mergulham o pensamento no passado, regressando ao presente, dispostos ao heroísmo necessário do futuro. Judas costuma vir a Terra, nos dias em que se comemora a Paixão de Nosso Senhor, meditando nos seus actos de antanho... Aquela figura de homem magnetizava-me. Não estou ainda livre da curiosidade do repórter, mas entre as minhas maldades de pecador e a perfeição de Judas existia um abismo. Meu atrevimento, porém, e a santa humildade do seu coração ligaram-se, para que eu o entrevistasse, procurando ouvi-lo. - O senhor é, de fato, o ex-filho de Iscariote? - perguntei. Sim, sou Judas - respondeu aquele homem triste, enxugando uma lágrima nas dobras de sua longa túnica. Como o Jeremias, das Lamentações, contemplo às vezes esta Jerusalém arruinada, meditando no juízo dos homens transitórios... E uma verdade tudo quanto reza o Novo Testamento com respeito à sua personalidade na tragédia da condenação de Jesus? Em parte... Os escribas que redigiram os evangelhos não atenderam às circunstâncias e as tricas políticas que, acima dos meus actos, predominaram na nefanda crucificação. Pôncio Pilotos e o tetrarca da Galileia, além dos seus interesses individuais na questão, tinham ainda a seu cargo salvaguardar os interesses do Estado romano, empenhado em satisfazer as aspirações religiosas dos anciãos judeus. Sempre a mesma história. O Sinedrim desejava o reino do céu, pelejando por Jeová a ferro e fogo; Roma queria o reino da Terra. Jesus estava entre essas forças antagónicas com a sua pureza imaculada. Ora, eu era um dos apaixonados pelas ideias socialistas do Mestre; porém, o meu excessivo zelo pela doutrina me fez sacrificar o seu fundador. Acima dos corações, eu via a política, única arma com a qual poderia triunfar e Jesus não obteria nenhuma vitória com o desprendimento das riquezas. Com as suas teorias nunca poderia conquistar as rédeas do poder, já que, em seu manto de pobre, se sentia possuído de um santo horror à propriedade. Planejei, então, uma revolta surda, como se projecta hoje em dia na Terra a queda de um chefe de Estado. O Mestre passaria a um plano secundário e eu arranjaria colaboradores para uma obra vasta e enérgica, como a que fez mais tarde Constantino Primeiro, o Grande, depois de vencer Maxêncio às portas de Roma, o que, aliás, apenas serviu para desvirtuar o Cristianismo. Entregando, pois, o Mestre, a Caifás, não julguei que as coisas atingissem um fim tão lamentável e, ralado de remorsos, presumi que o suicídio era a única maneira de me redimir aos seus olhos. E chegou a salvar-se pelo arrependimento? Não. Não consegui. O remorso é uma força preliminar para os trabalhos reparadores. Depois da minha morte trágica, submergi-me em séculos de sofrimento expiatório da minha falta. Sofri horrores nas perseguições infligidas em Roma aos adeptos da doutrina de Jesus, e as minhas provas culminaram em uma fogueira inquisitorial, onde, imitando o Mestre, fui traído, vendido e usurpado. Vítima da felonia e da traição, deixei na Terra os derradeiros resquícios do meu crime, na Europa do século XV. Desde esse dia em que me entreguei por amor do Cristo a todos os tormentos e infâmias que me aviltavam, com resignação e piedade pelos meus verdugos, fechei o ciclo das minhas dolorosas reencarnações na Terra, sentindo na fronte o ósculo de perdão da minha própria consciência... E está hoje meditando nos dias que se foram... - pensei com tristeza. Sim... estou recapitulando os fatos como se passaram. E agora, irmanado com Ele, que se acha no seu luminoso Reino das Alturas que ainda não é deste mundo, sinto nestas estradas o sinal dos seus passos divinos. Vejo-O ainda na cruz entregando a Deus o seu Destino... Sinto a clamorosa injustiça dos companheiros que O abandonaram inteiramente e me vem uma recordação carinhosa das poucas mulheres que O ampararam no doloroso transe. Em todas as homenagens a Ele prestadas, eu sou sempre a figura repugnante do traidor. Olho complacentemente os que me acusam sem reflectir se podem atirar a primeira pedra... Sobre o meu nome pesa a maldição milenária, como sobre estes sítios cheios de miséria e de infortúnio. Pessoalmente, porém, estou saciado de justiça, porque já fui absolvido pela minha consciência no tribunal dos suplícios redentores. Quanto ao Divino Mestre, continuou Judas com os seus prantos, infinita é a sua misericórdia e não só para comigo, porque, se recebi trinta moedas vendendo-O aos seus algozes, há muitos séculos Ele está sendo criminosamente vendido no mundo, a grosso e a retalho, por todos os preços, em todos os padrões do ouro amoedado... É verdade - concluí - , e os novos negociadores do Cristo não se enforcam depois de vendê-Lo. Judas afastou-se, tomando a direcção do Santo Sepulcro, e eu, confundido nas sombras invisíveis para o mundo, vi que no céu brilhavam algumas estrelas sobre as nuvens pardacentas e tristes, enquanto o Cedrão rolava na sua quietude como um lençol de águas mortas, procurando um mar morto.” DA MISSÃO DE JUDAS NAS PROFECIAS DO VELHO TESTAMENTO Jesus já sabia o que deveria acontecer e em várias passagens de seu apostolado predizia o que deveria suceder em sua paixão, para que as escrituras e os profetas se cumprissem. As referências ao advento messiânico foram descritas por muitos profetas bíblicos. Neste breve estudo vou me ater ao que me parece o mais explícito, reconhecendo que posso estar ocorrendo em erro. O ano de 2000 a.C. pode ser considerado como o início dos intercâmbios entre os deuses de várias religiões da antiguidade e seus “porta-vozes”. De um modo geral, estes seres “inspirados” se reuniam em um determinado festim e, ao som de músicas e rituais profetizavam por meio de oráculos. Isto não ocorria com os profetas bíblicos, que aparecem na literatura como verdadeiros proclamadores de Deus. Cito como exemplo mais “recente” o profeta João Batista, sua vida e sua obra, tão conhecida por todos os cristãos primitivos e actuais. Os profetas bíblicos aparecem como verdadeiros guias do povo, ora advertindo, ora condenando, ora suavizando as dores de seus contemporâneos. O profeta Isaías é tido como o maior profeta de todos, graças a sua visão e modo simples de expressar-se. Simples, mas não vulgar. Em (7:10-17) , temos a citação da vinda do Messias “ Javé continuou a falar com Acás: - Pede para Javé, teu Deus, um sinal, quer na profundeza do Cheol, quer no alto do céu. Acás respondeu: - Não pedirei nem tentarei a Javé. Então disse-lhe Ele: - Ouvi, pois casa de Davi: Não vos basta molestar os homens, senão que também ousais sê-lo ao meu Deus? Por isso o próprio Javé vos dará um sinal: a virgem conceberá e dará à luz um filho, ao qual ela chamará de Emanuel. Ele se alimentará de leite coalhado e mel, até que saiba rejeitar o mal e escolher o bem. Antes que o menino saiba rejeitar o mal e escolher o bem, a terra cujos dois reis temes será devastada.” Continua a narração do nascimento e o reino do Príncipe da Paz (9:1-6) “O povo que ia nas trevas viu uma grande luz; sobre os habitantes de sombrio pais, uma luz resplandeceu. Multiplicaste sua alegria, fizeste brilhar seu júbilo; regozijam-se diante de Ti como se alegram no tempo da ceifa, como se rejubila no reparte da razia. Porque o jugo que lhe pesava, a barra sobre seus ombros, a vara de seu opressor, Tu os quebraste no tempo de Madiã. Todo o calçado de combate e todo manto manchado de sangue serão queimados, devorados pelo fogo. Pois um menino nasceu para nós, um filho nos foi dado; ele recebeu o império sobre os ombros e foi-lhe dado este nome: Conselheiro Admirável, Deus forte, Pai Eterno, Príncipe da Paz. Imenso é o império de infinita paz, para o trono de Davi e sua realeza, que ele estabeleceu e consolidou no direito e na justiça.” O capítulo 11, nos versículos 1 ao 10 traz os traços e características do Messias, inclusive sua estirpe davídica; “Sai um rebento do tronco de Jessé, uma vergôntea desponta de suas raízes: sobre ele, o espírito de Javé, espírito de sabedoria e inteligência, espírito de conselho e força, espírito de ciência e temor a Javé. Ele respira o temor de Javé. Não julga pelas aparências, não argüi pelo que ouve, mas faz justiça aos miseráveis e dá sentença justa aos pobres do país. Sua palavra: bastão que fere o violento; o sopro de seus lábios: morte do ímpio. Justiça é o cinturão de seus rins, lealdade é a cinta de seus flancos. O lobo mora com o cordeiro, a pantera dorme com o cabrito, novilho e leãozinho pascem juntos, sob a guarda de um pastoreiro. A vaca e a ursa tem amizade seus filhotes repousam juntos. O leão come a palha como o boi. O lactente brinca na cova da cobra, na cova da víbora a criança põe a mão. Já não há mal nem danos em toda minha santa montanha, pois o pais esta cheio do saber de Javé como as águas que sobejam no mar.” No capítulo 52, que é o quarto cântico do Servo de Javé, podemos ver a profecia onde o Servo de Deus é exaltado em sua magnificência: “Eis que meu Servo prosperará, crescerá e será muito exaltado! Como pasmaram muitos à vista dele pelo seu aspecto tão desfigurado – não tinha mais aparência humana, também pasmarão muitas nações! Diante Dele os reis se calarão, porque verão um evento inédito e observarão o que não ouviram.” Em Isaías, a paixão é descrita em detalhes explícitos. No capítulo 53, podemos ver que deve sofrer como nenhum outro, apesar de ser inocente (53: 2 3). Neste capítulo, podemos ainda ver que suas dores foram impostas pelo próprio Javé, para que expiasse livremente os pecados dos outros (53: 4 – 7) “Quem crerá no que ouvimos? A quem foi revelado o braço de Javé? Ele cresceu ante nós como rebento, como raiz em terra ressequida. Não tem beleza nem formosura - nós O contemplamos - sem agradável aparência. Desprezado e repudiado pelos homens, homem de dores, experimentado no sofrimento; como alguém que esconde seu rosto, desprezado e desconsiderado. Contudo Ele suportava nossas dores e carregava nossos sofrimentos. Nós O reputamos como marcado, como ferido por Deus e humilhado. Transpassado pelos nossos pecados, ferido por causa dos nossos crimes. O castigo caiu sobre ele para nossa salvação, nós fomos curados pelas suas chagas. Andamos desgarrados como ovelhas, cada um seguindo seu caminho: Javé fez recair sobre Ele a iniquidade de nós todos. Maltratado, Ele se submeteu e não abriu a boca. Como cordeiro levado ao matadouro, como ovelha calada ante o tosquiador, ele não abriu sua boca. Foi arrebatado por sentença violenta: Quem se importa pela sua causa? Foi eliminado da terra dos viventes e ferido de morte por nossos pecados. Deram-lhe sepultura entre os ímpios e seu túmulo entre os ricos. Mas não cometeu violência alguma, nem houve falsidade em sua boca. Javé quis consumi-lo com sofrimentos. Se Ele oferece a vida em expiação, verá uma descendência, prolongará seus dias, e a vontade de Javé se cumprirá por ele. Por tudo que sofreu, verá a luz e ficará saciado. Por suas dores, Meu servo justificará muitos, tomando sobre si as iniquidades deles. Por isso lhes atribuirei os grandes, com os poderosos participará dos despojos. Entregou sua vida à morte, deixou-se considerar um malfeitor, tomou sobre si os pecados de muitos e intercedeu pelos pecadores”. Zacarias é outro profeta que prevê a vinda do Messias. É, às vezes, citado como o mais messiânico de todos os livros do Antigo Testamento. Os caps 9-14 são as seções mais citadas dos profetas nas narrativas dos Evangelhos. No apocalipse, Zacarias é citado mais do que qualquer profeta, excepto Ezequiel. Ele profetizou que o Messias virá como o Servo do Senhor, o Renovo (3:8) “Ouve, ó Josué, sumo-sacerdote, tu e teus colegas que se sentam diante de ti - porque são pessoas de presságio: porque eis que farei vir o meu servo Gérmen.” Como o homem cujo nome é Renovo (6.12) “…e lhe dirás: Assim fala o Senhor dos exércitos: Eis o homem, cujo nome é Gérmen; alguma coisa vai germinar de sua linhagem.” Tanto como Rei como sacerdote (9, 6-13) “Estranhos se instalarão em Azot, destruirei a soberba do filisteu. Tirarei de sua boca o sangue que comia e dos seus dentes as carnes abomináveis e também ele será um resto para o nosso Deus. Ele viverá como uma família de Judá, Acaron será tratada como o jebuseu. Montarei guarda junto de minha casa, para protegê-la contra as idas e vindas; o inimigo não oprimirá mais o meu povo, porque doravante terei meus olhos sobre ele. Exulta de alegria, filha de Sião, solta gritos de júbilo, filha de Jerusalém; eis que vem a ti o teu rei, justo e vitorioso; ele é simples e vem montado num jumento, no potro de uma jumenta. Ele suprimirá os carros de guerra na terra de Efraim, e os cavalos de Jerusalém. O arco de guerra será quebrado. Ele proclamará a paz entre as nações, seu império estenderse-á de um mar ao outro, desde o rio até as extremidades da terra. Quanto a ti, por causa de tua aliança de sangue, libertarei os teus cativos da fossa sem água. Voltai, pois, para a vossa terra, vós que viveis de esperança. Desde agora vos anuncio que vos indemnizarei em dobro. Eis que estiro Judá como um arco, tomo Efraim como flecha. Suscitarei os teus filhos, ó Sião, contra os filhos de Javã, tornar-te-ei como a espada de um valente.” Como o verdadeiro Pastor (11.4-11). “Eis o que diz o Senhor meu Deus: Apascenta estas ovelhas destinadas ao matadouro, que são compradas e degoladas impunemente, cujos vendedores dizem: Bendito seja o Senhor! Eis que estou rico! - sem que nenhum pastor tenha compaixão delas. Por minha vez, não pouparei mais os habitantes desta terra - oráculo do Senhor. Entregarei os homens uns aos outros e nas mãos de seu rei; devastarão o país e não livrarei ninguém de sua mão. Pus-me então a apascentar as ovelhas destinadas ao matadouro, as mais miseráveis do rebanho. Escolhi dois cajados, aos quais chamei respectivamente Benignidade e Liame, e comecei a apascentar o rebanho. Despedi os três pastores desde o primeiro mês: eu estava cansado deles, e eles estavam desgostados de mim. Eu declarei: Não quero mais saber do ofício de pastor. Pereça o que perecer, morra o que morrer! Os que restarem, que se devorem uns aos outros. Tomando então Benignidade, meu cajado, quebrei-o, rompendo assim o pacto concluído com todos os povos. Ele foi quebrado naquele dia e os mercadores de animais que me observavam, perceberam que aquilo indicava um oráculo do Senhor.” Ele dá um expressivo testemunho sobre a traição de Cristo por trinta moedas de prata ( 11.12-13) “Eu disse-lhes: Dai-me o meu salário, se o julgais bem, ou então retende-o! Eles pagaram-me apenas trinta moedas de prata pelo meu salário. O Senhor disse-me: Lança esse dinheiro no tesouro, esta bela soma, na qual estimaram os teus serviços. Tomei as trinta moedas de prata e lancei-as no tesouro da casa do Senhor.” Um dos versículos mais dramáticos das Escrituras proféticas é encontrado em 12:10, quando, na maioria dos manuscritos a primeira pessoa é usada: “E olharão para mim, a quem traspassaram.” Jesus, pessoalmente, profetizou sua definitiva recepção pela cada de Davi. “Suscitarei sobre a casa de Davi e sobre os habitantes de Jerusalém um espírito de boa vontade e de prece, e eles voltarão os seus olhos para mim. Farão lamentações sobre aquele que traspassaram, como se fosse um filho único; chorá-lo-ão amargamente como se chora um primogénito!” Seus sofrimentos (13.7) “Espada, levanta-te contra o meu pastor, (contra o meu companheiro - oráculo do Senhor dos exércitos). Fere o pastor, que as ovelhas sejam dispersas: Voltarei a minha mão até mesmo contra os pequenos.” E sua segunda vinda (14.4). “Naquele dia os seus pés se apoiarão no monte das Oliveiras, defronte de Jerusalém, para o lado do oriente, e o monte dividir-se-á em dois pelo meio, do oriente ao ocidente, formando assim um grande vale. Uma metade do monte se afastará para o norte, a outra para o sul.” A entrada triunfante de Jesus em Jerusalém é descrita com detalhes em 9.9, quatrocentos anos antes do acontecimento (Mateus 21:4; Marcos 11:7-10). “Exulta de alegria, filha de Sião, solta gritos de júbilo, filha de Jerusalém; eis que vem a ti o teu rei, justo e vitorioso; ele é simples e vem montado num jumento, no potro de uma jumenta.” Miquéias também predisse sobre o advento do Messias. Em (5:1-12) temos: “Quanto a ti, Belém-Efratas, pequena entre os clãs de Judá: de ti para mim sairá quem dominará em Israel; suas origens são de outrora, dos dias antigos. Porquanto, ele os abandonará até o tempo em que gerar aquela que deve gerar. Então, o resto de seus irmãos voltará para os filhos de Israel. Ele ficará de pé e apascentará, com o poder de Javé e a majestade do Nome de Javé, seu Deus. Elas repousarão, porque desde agora será grande até os confins da Terra. Ele será a paz! E Assur, se entrar em nossas terras e apisoar os nossos palácios, levantaremos contra ela sete pastores e oito chefes de homens. Apascoarão a terra de Assur com a espada, e o país de Nemrod com a lança. Ele libertará de Assur, se entrar em nossas terras e apisoar as nossas fronteiras. Então, o resto de Jacó estará no meio de povos numerosos, como o orvalho vindo de Javé, como as gotas sobre a relva; Ele que não espera do homem e não confia nos filhos de homem! O resto de Jacó estará entre as nações, no meio de povos numerosos, como leão entre os animais da floresta, como leãozinho entre os rebanhos de gado miúdo, o qual se passa e esmaga, se despedaça, ninguém libertará! Tua mão se levante contra teus adversários e teus inimigos sejam suprimidos! E sucederá naquele dia, oráculo de Javé: suprimirei os teus cavalos de teu meio, e farei perecer os teus carros; suprimirei as cidades de teu pais e demolirei todas as tuas fortalezas; suprimirei os sortilégios de tua mão e para ti não haverá mais astrólogos. Suprimirei os teus ídolos e, de teu meio, as estrelas; e tu não te encurvarás mais diante da obra de tuas mãos! Arrancarei de teu meio as tuas acherás, e exterminarei as tuas cidades! Pois, realizarei, em cólera e furor, a vingança contra as nações que não tiverem escutado!” Os Salmos também são fontes da vinda, reino e paixão do Messias. O Salmo 2 é uma grandiosa visão profética. Neste salmo o profeta nos traz uma descrição dramática do poder do Rei Messias. Muitos povos lhe são sujeitos, todavia querem rebelar-se daquele que foi entronizado por Deus. “Por que se amotinam as nações, e os povos tramam em vão? Os reis da terra se levantam, e os príncipes juntos conspiram contra o Senhor e contra o seu ungido, dizendo: Rompamos as suas ataduras, e sacudamos de nós as suas cordas. Aquele que está sentado nos céus se rirá; o Senhor zombará deles. Então lhes falará na sua ira, e no seu furor os confundirá, dizendo: Eu tenho estabelecido o meu Rei sobre Sião, meu santo monte. Falarei do decreto do Senhor; ele me disse: Tu és meu Filho, hoje te gerei. Pede-me, e eu te darei as nações por herança, e as extremidades da terra por possessão. Tu os quebrarás com uma vara de ferro; tu os despedaçarás como a um vaso de oleiro. Agora, pois, ó reis, sede prudentes; deixai-vos instruir, juízes da terra. Servi ao Senhor com temor, e regozijai-vos com tremor. Beijai o Filho, para que não se ire, e pereçais no caminho; porque em breve se inflamará a sua ira. Bem-aventurados todos aqueles que nele confiam.” O Salmo 22 traz os sofrimentos e compara os inimigos às feras. O versículo 1 deste salmo foi proferido por Cristo na Cruz: “Deus meu, Deus meu, por que me abandonaste?” Os versículos 16-18 nos remete para o momento em que Jesus é crucificado ao lado de dois ladrões e os soldados riem do “Rei dos Judeus” e jogam dados sobre a Sua Túnica “Pois cães me rodeiam; um ajuntamento de malfeitores me cerca; transpassaram-me as mãos e os pés. Posso contar todos os meus ossos. Eles me olham e ficam a mirar-me. Repartem entre si as minhas vestes, e sobre a minha túnica lançam sortes.” O Salmo 24 (8-10) profetiza a vinda do Rei da Glória: “Quem é o Rei da Glória? O Senhor, forte e poderoso, o Senhor poderoso nas batalhas. Levantai ó portas, as vossas cabeças; levantai-vos, ó portais eternos, para que entre o Rei da Glória. Quem é esse Rei da Glória? O Senhor dos exércitos, ele é o rei da Glória.” DA MISSÃO DE JUDAS NAS PROFECIAS DO NOVO TESTAMENTO Em (Mateus 16:21-28; Marcos 8:31,9:1; Lucas 9:22-27) “Desde então começou Jesus Cristo a mostrar aos seus discípulos que era necessário que ele fosse a Jerusalém, que padecesse muitas coisas dos anciãos, dos principais sacerdotes, e dos escribas, que fosse morto, e que ao terceiro dia ressuscitasse. E Pedro, tomando-o à parte, começou a repreendê-lo, dizendo: Tenha Deus compaixão de ti, Senhor; isso de modo nenhum te acontecerá. Ele, porém, voltando-se, disse a Pedro: Para trás de mim, Satanás, que me serves de escândalo; porque não estás pensando nas coisas que são de Deus, mas sim nas que são dos homens. Então disse Jesus aos seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, e siga-me; pois, quem quiser salvar a sua vida por amor de mim perdê-la-á; mas quem perder a sua vida por amor de mim, achá-la-á. Pois que aproveita ao homem se ganhar o mundo inteiro e perder a sua vida? ou que dará o homem em troca da sua vida? Porque o Filho do homem há-de vir na glória de seu Pai, com os seus anjos; e então retribuirá a cada um segundo as suas obras. Em verdade vos digo, alguns dos que aqui estão de modo nenhum provarão a morte até que vejam vir o Filho do homem no seu reino.” Ainda em (Mateus 20:17-19; Marcos 10:32-34; Lucas 18:31-34) Ao subir Jesus a Jerusalém, tomou a parte os doze e disse-lhes durante a caminhada: “Eis que estamos subindo a Jerusalém e o Filho do Homem será entregue aos sumossacerdotes e aos escribas: eles o condenarão a morte, e o entregarão aos gentios para ser injuriado, flagelado, crucificado. Mas ao terceiro dia ressuscitará.” Vemos a profecia de Zacarias em (Mateus 21:1-11; Marcos 11:1-11; Lucas 19:28-40 e João 12:12-19) “Aproximavam-se de Jerusalém. Quando chegaram a Betfagé, perto do monte das Oliveiras, Jesus enviou dois de seus discípulos, dizendo-lhes: Ide à aldeia que está defronte. Encontrareis logo uma jumenta amarrada e com ela seu jumentinho. Desamarrai-os e trazei-mos. Se alguém vos disser qualquer coisa, respondei-lhe que o Senhor necessita deles e que ele sem demora os devolverá. Assim, neste acontecimento, cumpria-se o oráculo do profeta: Dizei à filha de Sião: Eis que teu rei vem a ti, cheio de doçura, montado numa jumenta, num jumentinho, filho da que leva o jugo (Zc 9,9). Os discípulos foram e executaram a ordem de Jesus. Trouxeram a jumenta e o jumentinho, cobriram-nos com seus mantos e fizeram-no montar. Então a multidão estendia os mantos pelo caminho, cortava ramos de árvores e espalhava-os pela estrada. E toda aquela multidão, que o precedia e que o seguia, clamava: Hossana ao filho de Davi! Bendito seja aquele que vem em nome do Senhor! Hossana no mais alto dos céus! Quando ele entrou em Jerusalém, alvoroçou-se toda a cidade, perguntando: Quem é este? A multidão respondia: É Jesus, o profeta de Nazaré da Galileia.” Em (Mateus 26:1-2; Marcos 14:1-2; Lucas 22:1-2 e João 11:45-53) Jesus novamente profetiza sua Paixão aos discípulos: “Tendo Jesus acabado todos estes ensinamentos, disse a seus discípulos: Sabeis que, daqui a dois dias, celebrar-se-á a Páscoa; e o filho do homem será entregue para ser crucificado.” Em João (13: 21-32), Jesus indica aquele que o trairia e o encoraja a fazer o que tinha que fazer: “Tendo Jesus dito isto, turbou-se em espírito, e declarou: Em verdade, em verdade vos digo que um de vós me há-de trair. Os discípulos se entreolhavam, perplexos, sem saber de quem ele falava. Ora, achava-se reclinado sobre o peito de Jesus um de seus discípulos, aquele a quem Jesus amava. A esse, pois, fez Simão Pedro sinal, e lhe pediu: Pergunta-lhe de quem é que fala. Aquele discípulo, recostando-se assim ao peito de Jesus, perguntou-lhe: Senhor, quem é? Respondeu Jesus: É aquele a quem eu der o pedaço de pão molhado. Tendo, pois, molhado um bocado de pão, deu-o a Judas, filho de Simão Iscariotes. E, logo após o bocado, entrou nele Satanás. Disse-lhe, pois, Jesus: O que fazes, faze-o depressa. E nenhum dos que estavam à mesa percebeu a que propósito lhe disse isto; pois, como Judas tinha a bolsa, pensavam alguns que Jesus lhe queria dizer: Compra o que nos é necessário para a festa; ou, que desse alguma coisa aos pobres. Então ele, tendo recebido o bocado saiu logo. E era noite. Tendo ele, pois, saído, disse Jesus: Agora é glorificado o Filho do homem, e Deus é glorificado nele; se Deus é glorificado nele, também Deus o glorificará em si mesmo, e logo o há-de glorificar. “ Nos Actos dos Apóstolos (1: 15-20), Pedro explica à multidão a necessidade do cumprimento das escrituras e o papel de Judas: “Naqueles dias levantou-se Pedro no meio dos irmãos, sendo o número de pessoas ali reunidas cerca de cento e vinte, e disse: Irmãos, convinha que se cumprisse a escritura que o Espírito Santo predisse pela boca de Davi, acerca de Judas, que foi o guia daqueles que prenderam a Jesus; pois ele era contado entre nós e teve parte neste ministério. (Ora, ele adquiriu um campo com o salário da sua iniquidade; e precipitandose, caiu prostrado e arrebentou pelo meio, e todas as suas entranhas se derramaram. E tornou-se isto conhecido de todos os habitantes de Jerusalém; de maneira que na própria língua deles esse campo se chama Acéldama, isto é, Campo de Sangue.) Porquanto no livro dos Salmos está escrito: Fique deserta a sua habitação, e não haja quem nela habite; e: Tome outro o seu ministério.” Assim, com estes relatos bíblicos do Velho e do Novo Testamento apresento a primeira tese: a tese de que Jesus não foi traído, pois, como o Messias profetizado, sabia o que deveria acontecer desde o seu nascimento até sua Paixão. CONCLUSÕES Em todo seu apostolado, Jesus ensinou somente o amor que devemos ter por Deus e aprimorar o amor pelos nossos semelhantes. Todo seu ensino é de magnificência, jamais se vê nos escritos oficiais uma única palavra de ofensa ou de menosprezo. Quando no monte das oliveiras ensina as bem-aventuranças (Mateus 5: 1-12; Lucas 6: 20-23) “Jesus, pois, vendo as multidões, subiu ao monte; e, tendo se assentado, aproximaramse os seus discípulos, e ele se pôs a ensiná-los, dizendo: Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus. Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados. Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça porque eles serão fartos. Bemaventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia. Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus. Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus. Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus. Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguiram e, mentindo, disserem todo mal contra vós por minha causa. Alegrai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram aos profetas que foram antes de vós.” Mostra aos seus discípulos que estes são o sal da terra (Mateus 5: 13; Marcos 9: 49-50 e Lucas 14:34-35) “Vós sois o sal da terra; mas se o sal se tornar insípido, com que se há-de restaurar-lhe o sabor? para nada mais presta, senão para ser lançado fora, e ser pisado pelos homens. Que não veio revogar a lei, mas cumpri-la (Mateus 5: 17-20) “Não penseis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim destruir, mas cumprir. Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, de modo nenhum passará da lei um só i ou um só til, até que tudo seja cumprido. Qualquer, pois, que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e assim ensinar aos homens, será chamado o menor no reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no reino dos céus. Pois eu vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus.” Quando completa o ensinamento dado aos antigos, acerca do homicídio, do adultério, dos juramentos, da Vingança (dando a face esquerda quando golpeado na direita) e do amor ao próximo (Mateus 5: 21-48 e Lucas 6:27-36). “Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; e, Quem matar será réu de juízo. Eu, porém, vos digo que todo aquele que se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo; e quem disser a seu irmão: Raca, será réu diante do sinédrio; e quem lhe disser: Tolo, será réu do fogo do inferno. Portanto, se estiveres apresentando a tua oferta no altar, e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai conciliar-te primeiro com teu irmão, e depois vem apresentar a tua oferta. Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás no caminho com ele; para que não aconteça que o adversário te entregue ao guarda, e sejas lançado na prisão. Em verdade te digo que de maneira nenhuma sairás dali enquanto não pagares o último ceitil. Ouvistes que foi dito: Não adulterarás. Eu, porém, vos digo que todo aquele que olhar para uma mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela. Se o teu olho direito te faz tropeçar, arranca-o e lança-o de ti; pois te é melhor que se perca um dos teus membros do que seja todo o teu corpo lançado no inferno. E, se a tua mão direita te faz tropeçar, corta-a e lança-a de ti; pois te é melhor que se perca um dos teus membros do que vá todo o teu corpo para o inferno. Também foi dito: Quem repudiar sua mulher, dê-lhe carta de divórcio. Eu, porém, vos digo que todo aquele que repudia sua mulher, a não ser por causa de infidelidade, a faz adúltera; e quem casar com a repudiada, comete adultério. Outrossim, ouvistes que foi dito aos antigos: Não jurarás falso, mas cumprirás para com o Senhor os teus juramentos. Eu, porém, vos digo que de maneira nenhuma jureis; nem pelo céu, porque é o trono de Deus; nem pela terra, porque é o escabelo de seus pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande Rei; nem jures pela tua cabeça, porque não podes tornar um só cabelo branco ou preto. Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; não, não; pois o que passa daí, vem do Maligno. Ouvistes que foi dito: Olho por olho, e dente por dente. Eu, porém, vos digo que não resistais ao homem mau; mas a qualquer que te bater na face direita, oferece-lhe também a outra; e ao que quiser pleitear contigo, e tirar-te a túnica, larga-lhe também a capa; e, se qualquer te obrigar a caminhar mil passos, vai com ele dois mil. Dá a quem te pedir, e não voltes as costas ao que quiser que lhe emprestes. Ouvistes que foi dito: Amarás ao teu próximo, e odiarás ao teu inimigo. Eu, porém, vos digo: Amai aos vossos inimigos, e orai pelos que vos perseguem; para que vos torneis filhos do vosso Pai que está nos céus; porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons, e faz chover sobre justos e injustos. Pois, se amardes aos que vos amam, que recompensa tereis? não fazem os publicanos também o mesmo? E, se saudardes somente os vossos irmãos, que fazeis demais? não fazem os gentios também o mesmo? Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai celestial.” Quando adverte os homens da prática da justiça. Como se deve dar esmolas. Como se deve orar e a oração dominical, os tesouros no céu, a luz e as trevas, os dois senhores e a ansiosa solicitude pela vida (Mateus 6: 1-34 e Lucas 11:2-4, 3336; 12: 22-31) “Guardai-vos de fazer as vossas boas obras diante dos homens, para serdes vistos por eles; de outra sorte não tereis recompensa junto de vosso Pai, que está nos céus. Quando, pois, deres esmola, não faças tocar trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam a sua recompensa. Mas, quando tu deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a direita; para que a tua esmola fique em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará. E, quando orardes, não sejais como os hipócritas; pois gostam de orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam a sua recompensa. Mas tu, quando orares, entra no teu quarto e, fechando a porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará. E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios; porque pensam que pelo seu muito falar serão ouvidos. Não vos assemelheis, pois, a eles; porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes de vós lho pedirdes. Portanto, orai vós deste modo: Pai-nosso que estás nos céus, santificado seja o teu nome; venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu; o pão-nosso de cada dia nos dá hoje; e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós também temos perdoado aos nossos devedores; e não nos deixes entrar em tentação; mas livra-nos do mal. [Porque teu é o reino e o poder, e a glória, para sempre, Amém.] Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós; se, porém, não perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai perdoará vossas ofensas. Quando jejuardes, não vos mostreis contristrados como os hipócritas; porque eles desfiguram os seus rostos, para que os homens vejam que estão jejuando. Em verdade vos digo que já receberam a sua recompensa. Tu, porém, quando jejuares, unge a tua cabeça, e lava o teu rosto, para não mostrar aos homens que estás jejuando, mas a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará. Não ajunteis para vós tesouros na terra; onde a traça e a ferrugem os consomem, e onde os ladrões minam e roubam; mas ajuntai para vós tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem os consumem, e onde os ladrões não minam nem roubam. Porque onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração. A candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo teu corpo terá luz; se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes são tais trevas! Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há-de odiar a um e amar o outro, ou há-de dedicar-se a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas. Por isso vos digo: Não estejais ansiosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer, ou pelo que haveis de beber; nem, quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo mais do que o vestuário? Olhai para as aves do céu, que não semeiam, nem ceifam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não valeis vós muito mais do que elas? Ora, qual de vós, por mais ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado à sua estatura? E pelo que haveis de vestir, por que andais ansiosos? Olhai para os lírios do campo, como crescem; não trabalham nem fiam; contudo vos digo que nem mesmo Salomão em toda a sua glória se vestiu como um deles. Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, quanto mais a vós, homens de pouca fé? Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que havemos de comer? ou: Que havemos de beber? ou: Com que nos havemos de vestir? (Pois a todas estas coisas os gentios procuram.) Porque vosso Pai celestial sabe que precisais de tudo isso. Mas buscai primeiro o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã; porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal.” Quando discursa aos ouvintes o perigo do juízo temerário, sobre a bondade de Deus, os dois caminhos, os falsos profetas, sobre quem entra no Reino do Céu e os dois alicerces. (Mateus 7: 1-29 e Lucas 6:37-38, 41-42, 11:9-13, 13:24-27, 6:4344, 6:47-49) “Não julgueis, para que não sejais julgados. Porque com o juízo com que julgais, sereis julgados; e com a medida com que medis vos medirão a vós. E por que vês o argueiro no olho do teu irmão, e não reparas na trave que está no teu olho? Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, quando tens a trave no teu? Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu olho; e então verás bem para tirar o argueiro do olho do teu irmão. Não deis aos cães o que é santo, nem lanceis aos porcos as vossas pérolas, para não acontecer que as calquem aos pés e, voltando-se, vos despedacem. Pedí, e dar-sevos-á; buscai, e achareis; batei e abrir-se-vos-á. Pois todo o que pede, recebe; e quem busca, acha; e ao que bate, abrir-se-lhe-á. Ou qual dentre vós é o homem que, se seu filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou, se lhe pedir peixe, lhe dará uma serpente? Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas dádivas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará boas coisas aos que lhas pedirem? Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós a eles; porque esta é a lei e os profetas. Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; e porque estreita é a porta, e apertado o caminho que conduz à vida, e poucos são os que a encontram. Guardaivos dos falsos profetas, que vêm a vós disfarçados em ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores. Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos? Assim, toda árvore boa produz bons frutos; porém a árvore má produz frutos maus. Uma árvore boa não pode dar maus frutos; nem uma árvore má dar frutos bons. Toda árvore que não produz bom fruto é cortada e lançada no fogo. Portanto, pelos seus frutos os conhecereis. Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E em teu nome não expulsamos demónios? e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então lhes direi claramente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade. Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as põe em prática, será comparado a um homem prudente, que edificou a casa sobre a rocha. E desceu a chuva, correram as torrentes, sopraram os ventos, e bateram com ímpeto contra aquela casa; contudo não caiu, porque estava fundada sobre a rocha. Mas todo aquele que ouve estas minhas palavras, e não as põe em prática, será comparado a um homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia. E desceu a chuva, correram as torrentes, sopraram os ventos, e bateram com ímpeto contra aquela casa, e ela caiu; e grande foi a sua queda. Ao concluir Jesus este discurso, as multidões se maravilhavam da sua doutrina; porque as ensinava como tendo autoridade, e não como os escribas.” Em (Mateus 18: 21-22 e Lucas 17:3-4) Jesus Ensina o que é o perdão sublime: “Então Pedro, aproximando-se dele, lhe perguntou: Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu hei-de perdoar? Até sete? Respondeu-lhe Jesus: Não te digo que até sete; mas até setenta vezes sete.” Em (Mateus 19: 23-30; Marcos 10:23-31 e Lucas 18:24-30), vemos que Jesus promete que os doze apóstolos, e não onze, sentarão nos tronos para julgar Israel. Este apontamento mostra que Jesus, embora sabedor da fraqueza humana e da fragilidade da carne de seus seguidores, sabia que todos aqueles que Ele escolheu como discípulos, estarão com o Cristo, como é relatado no versículo 30: “Disse então Jesus aos seus discípulos: Em verdade vos digo que um rico dificilmente entrará no reino dos céus. E outra vez vos digo que é mais fácil um camelo passar pelo fundo duma agulha, do que entrar um rico no reino de Deus. Quando os seus discípulos ouviram isso, ficaram grandemente maravilhados, e perguntaram: Quem pode, então, ser salvo? Jesus, fixando neles o olhar, respondeu: Aos homens é isso impossível, mas a Deus tudo é possível. Então Pedro, tomando a palavra, disse-lhe: Eis que nós deixamos tudo, e te seguimos; que recompensa, pois, teremos nós? Ao que lhe disse Jesus: Em verdade vos digo a vós que me seguistes, que na regeneração, quando o Filho do homem se assentar no trono da sua glória, sentar-vos-eis também vós sobre doze tronos, para julgar as doze tribos de Israel. E todo o que tiver deixado casas, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou filhos, ou terras, por amor do meu nome, receberá cem vezes tanto, e herdará a vida eterna. Entretanto, muitos que são primeiros serão últimos; e muitos que são últimos serão primeiros.” Em (Mateus 22: 34-40; Marcos 12: 28-34 e Lucas 10:25-28), Jesus ensina aos fariseus o mandamento mais importante: “ Os fariseus, quando souberam, que ele fizera emudecer os saduceus, reuniram-se todos; e um deles, doutor da lei, para o experimentar, interrogou-o, dizendo: Mestre, qual é o grande mandamento na lei? Respondeu-lhe Jesus: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas.” Com estes trechos na conclusão, mostrando a superioridade espiritual de Jesus, apresento a Segunda Tese: a Tese no qual aquele que ensinou a perdoar setenta vezes sete, a dar a face esquerda quando golpeado na direita, a amar o próximo como a si mesmo e não julgar para não ser julgado, a guardar a espada para não morrer por esta, um Ser sublime e divino como é Jesus não iria condenar ao suplício e maldição eterna uma pessoa que comia e dormia com Ele, ouvia seus ensinamentos e foi o único a quem Jesus confiou a missão mais importante de seu apostolado, a missão na qual todas as escrituras e os profetas estavam sobre os ombros. Os ombros de um ser humano falível. Concluo que somente Judas Iscariotes era competente para levar a cabo sua amarga missão e assim fazer com que as profecias se cumprissem. Pode-se concluir também que com o cumprimento das profecias e baseado no trecho dos Actos dos Apóstolos (1: 15-20) e sobretudo com o relato mediúnico da entrevista do Irmão X com o espírito de Judas, citados acima, a crucificação de Jesus e o suicídio de Judas põe por terra dois questionamentos e dúvidas da actualidade: O Evangelho de Judas, descoberto há pouco tempo e o fenómeno literário, o romance “O código Da Vinci”. Quanto ao Evangelho de Judas podemos afirmar que é falso, quando creditado a Judas pois, como citado nas escrituras e no livro “Crónicas de além-túmulo”, Judas cometeu suicídio, sendo assim, não podia escrever um evangelho e, desta forma, o que foi descoberto em Nag Hammadi não passa de um romance escrito por volta do século III, conforme a datação por carbono 14. Já a obra literária “O código Da Vinci” não pode ser analisado como fonte de pesquisa, situando-o somente no campo do romance de ficção pois, como Judas corroído pelo remorso cometeu suicídio por ter entregado seu Amigo, Mestre e Salvador e Este vindo a morrer na cruz, como descrito em João (19:30- 38), no qual transcrevo abaixo; “Havendo Jesus tomado do vinagre, disse: Tudo está consumado. Inclinou a cabeça e rendeu o espírito. Os judeus temeram que os corpos ficassem na cruz durante o sábado, porque já era a Preparação e esse sábado era particularmente solene. Rogaram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas e fossem retirados. Vieram os soldados e quebraram as pernas do primeiro e do outro, que com ele foram crucificados. Chegando, porém, a Jesus, como o vissem já morto, não lhe quebraram as pernas, mas um dos soldados abriu-lhe o lado com uma lança e, imediatamente, saiu sangue e água. O que foi testemunha desse fato o atesta (e o seu testemunho é digno de fé, e ele sabe que diz a verdade), a fim de que vós creiais. Assim se cumpriu a Escritura: Nenhum dos seus ossos será quebrado (Ex 12,46). E diz em outra parte a Escritura: Olharão para aquele que transpassaram (Zc 12,10). Depois disso, José de Arimatéia, que era discípulo de Jesus, mas ocultamente, por medo dos judeus, rogou a Pilatos a autorização para tirar o corpo de Jesus. Pilatos permitiu. Foi, pois, e tirou o corpo de Jesus.” A tese exposta no romance de que Jesus não morreu e casou-se deixando descendência é inverosímil e inconsistente, bastando uma breve, mas cuidadosa análise nas escrituras e principalmente na vida que Jesus levou. Em verdade, somente a Deus cabe o julgamento, e seguindo as orientações e ensinamentos de Jesus, nosso mestre, nos cabe perdoar a atitude de Judas e lembrar que, se não fosse ele, a história da humanidade seria bem diferente. __________________________________________________________________ Referencias Bibliográficas RENAN, Ernest. Os discípulos de Jesus. Vida de Jesus. 13. ed. São Paulo: Martin Claret, 1995. Cap. 9. 2. XAVIER, Francisco Cândido. Os discípulos.Boa nova. Pelo espírito Irmão X. 8. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1963. Cap. 5 3. Judas Iscariotes. Crónicas de além-túmulo. Pelo espírito Humberto de Campos. 7. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1966. 4. A Bíblia Sagrada, Antigo e Novo Testamento – Ed. Abril, São Paulo, 1965. 5. http://www.feparana.com.br/biografias/judas_iscariotes.htm. NOTA DA C.E.C.L Este artigo foi gentilmente cedido pelo nosso confrade Marcos António Pereira para o colocarmos no nosso Site.