Apologia à Judas, Chamado Iscariotes

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Apologia à Judas, Chamado Iscariotes
O que me leva a escrever esta apologia
Desde criança eu via com tristeza e indignação a manifestação pública de “malhar
o Judas”, na qual, no Sábado de Aleluia, bonecos feitos de pano eram amarrados pelo
pescoço em um poste e as crianças, e alguns adultos, batiam com pedaços de pau e
depois ateavam fogo. Eu não conseguia conceber esta demonstração de violência
gratuita e desnecessária.
Quando entrei no curso de Primeira Comunhão, no Brasil, lembro ter perguntado
para o falecido Padre Julian sobre esta prática e ele respondeu que se tratava de uma
manifestação pessoal de revolta contra um traidor.
Com o passar do tempo, entre conversas com colegas leigos, estudiosos e estudos
feitos por conta própria, cheguei à conclusão exposta na forma de tese.
Da escolha dos doze apóstolos
Começo este capítulo citando uma frase de Nosso Senhor que retirei da principal
referencia bibliográfica que me baseei para escrever esta apologia, sendo quaisquer
citações ao Apóstolo Judas muito escassas nas fontes oficiais que temos acesso.
Em (João 6:70):
"Não fui Eu que vos escolhi a vós doze? No entanto, um de vós é um demónio".
Dos actos
Desde a escolha, os apóstolos passaram por várias etapas de burilamento por
Jesus. Em várias passagens do evangelho podemos notar que os doze apóstolos, sem
excepção, titubeavam na fé e negligenciavam em suas actividades.
Para ilustrar, podemos citar a ocasião em que Jesus acalma a tempestade:
(Mateus 8:23-27; Marcos 4:35-41; Lucas 8:22-25)
“Subiu ele a uma barca com seus discípulos.
De repente, desencadeou-se sobre o mar uma tempestade tão grande, que as ondas
cobriam a barca. Ele, no entanto, dormia.
Os discípulos achegaram-se a ele e o acordaram, dizendo: Senhor, salva-nos, nós
perecemos!
E Jesus perguntou: Por que este medo, gente de pouca fé? Então, levantando-se, deu
ordens aos ventos e ao mar, e fez-se uma grande calmaria.
Admirados, diziam: Quem é este homem a quem até os ventos e o mar obedecem?”
Quando caminha pelas águas: (Mateus 14:22-33; Marcos 6:45-52; João 8:2225)
“Logo depois, Jesus obrigou seus discípulos a entrar na barca e a passar antes dele
para a outra margem, enquanto ele despedia a multidão.
Feito isso, subiu à montanha para orar na solidão. E, chegando a noite, estava lá
sozinho.
Entretanto, já a boa distância da margem, a barca era agitada pelas ondas, pois o vento
era contrário.
Pela quarta vigília da noite, Jesus veio a eles, caminhando sobre o mar.
Quando os discípulos o perceberam caminhando sobre as águas, ficaram com medo: É
um fantasma! disseram eles, soltando gritos de terror.
Mas Jesus logo lhes disse: Tranquilizai-vos, sou eu. Não tenhais medo!
Pedro tomou a palavra e falou: Senhor, se és tu, manda-me ir sobre as águas até junto
de ti!
Ele disse-lhe: Vem! Pedro saiu da barca e caminhava sobre as águas ao encontro de
Jesus.
Mas, redobrando a violência do vento, teve medo e, começando a afundar, gritou:
Senhor, salva-me!
No mesmo instante, Jesus estendeu-lhe a mão, segurou-o e lhe disse: Homem de pouca
fé, por que duvidaste?
Apenas tinham subido para a barca, o vento cessou.
Então aqueles que estavam na barca prostraram-se diante dele e disseram: Tu és
verdadeiramente o Filho de Deus.”
Quando fala sobre os Fariseus e Saduceus: (Mateus 16:5-12; Marcos 8:14-21)
“Ora, passando para a outra margem do lago, os discípulos haviam esquecido de levar
pão.
Jesus disse-lhes: Guardai-vos com cuidado do fermento dos fariseus e dos saduceus.
Eles pensavam: É que não trouxemos pão...
Jesus, penetrando nos seus pensamentos, disse-lhes: Homens de pouca fé! Por que
julgais que vos falei por não terdes pão?
Ainda não compreendeis? Nem vos lembrais dos cinco pães e dos cinco mil homens, e
de quantos cestos recolhestes?
Nem dos sete pães para os quatro mil homens e de quantos cestos enchestes?
Por que não compreendeis que não é do pão que eu vos falava, quando vos disse:
Guardai-vos do fermento dos fariseus e dos saduceus?
Então entenderam que não dissera que se guardassem do fermento do pão, mas da
doutrina dos fariseus e dos saduceus.”
Quando cura um rapaz possesso, depois da impotência dos apóstolos:
(Mateus 17:14-20; Marcos 9:14-29; Lucas 9:37-43)
“E, quando eles se reuniram ao povo, um homem aproximou-se deles e prostrou-se
diante de Jesus, dizendo: Senhor, tem piedade de meu filho, porque é lunático e sofre
muito: ora cai no fogo, ora na água...
Já o apresentei a teus discípulos, mas eles não o puderam curar.
Respondeu Jesus: Raça incrédula e perversa, até quando estarei convosco? Até quando
hei-de aturar-vos? Trazei-mo.
Jesus ameaçou o demónio e este saiu do menino, que ficou curado na mesma hora.
Então os discípulos lhe perguntaram em particular: Por que não pudemos nós expulsar
este demónio?
Jesus respondeu-lhes: Por causa de vossa falta de fé. Em verdade vos digo: se tiverdes
fé, como um grão de mostarda, direis a esta montanha: Transporta-te daqui para lá, e
ela irá; e nada vos será impossível. Quanto a esta espécie de demónio, só se pode
expulsar à força de oração e de jejum.”
Quando os apóstolos afastam as crianças de perto de Jesus: (Mateus 19:1315; Marcos 10:13-16; Lucas 18:15-17)
“Foram-lhe, então, apresentadas algumas criancinhas para que pusesse as mãos sobre
elas e orasse por elas. Os discípulos, porém, as afastavam.
Disse-lhes Jesus: Deixai vir a mim estas criancinhas e não as impeçais, porque o Reino
dos céus é para aqueles que se lhes assemelham.
E, depois de impor-lhes as mãos, continuou seu caminho.”
Quando Jesus adverte Pedro sobre sua renega (Mateus 26:31-35; Marcos
14:27-31; Lucas 22:31-34; João 13:36-38)
“Disse-lhes então Jesus: Esta noite serei para todos vós uma ocasião de queda; porque
está escrito: Ferirei o pastor, e as ovelhas do rebanho serão dispersadas (Zc 13,7).
Mas, depois da minha Ressurreição, eu vos precederei na Galileia.
Pedro interveio: Mesmo que sejas para todos uma ocasião de queda, para mim jamais o
serás.
Disse-lhe Jesus: Em verdade te digo: nesta noite mesma, antes que o galo cante, três
vezes me negarás.
Respondeu-lhe Pedro: Mesmo que seja necessário morrer contigo, jamais te negarei! E
todos os outros discípulos diziam-lhe o mesmo.”
Quando no Jardim do Getsêmani, Jesus pede aos apóstolos que o
acompanham para orar e vigiar enquanto Ele ora: (Mateus 26:36-46; Marcos 14:3242; Lucas 22:39-46)
“Retirou-se Jesus com eles para um lugar chamado Getsêmani e disse-lhes: Assentaivos aqui, enquanto eu vou ali orar.
E, tomando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a
angustiar-se.
Disse-lhes, então: Minha alma está triste até a morte. Ficai aqui e vigiai comigo.
Adiantou-se um pouco e, prostrando-se com a face por terra, assim rezou: Meu Pai, se é
possível, afasta de mim este cálice! Todavia não se faça o que eu quero, mas sim o que
tu queres.
Foi ter então com os discípulos e os encontrou dormindo. E disse a Pedro: Então não
pudestes vigiar uma hora comigo...
Vigiai e orai para que não entreis em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é
fraca.
Afastou-se pela segunda vez e orou, dizendo: Meu Pai, se não é possível que este
cálice passe sem que eu o beba, faça-se a tua vontade!
Voltou ainda e os encontrou novamente dormindo, porque seus olhos estavam pesados.
Deixou-os e foi orar pela terceira vez, dizendo as mesmas palavras.
Voltou então para os seus discípulos e disse-lhes: Dormi agora e repousai! Chegou a
hora: o Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos pecadores...
Levantai-vos, vamos! Aquele que me trai está perto daqui.”
Quando um dos apóstolos desembainhou a espada, ferindo um dos soldados
e Jesus advertindo-o. Após os apóstolos abandonando-O e fugindo: (Mateus
26:47-56; Marcos 14:43-50; Lucas 22:47-53; João18:3-12).
“Jesus ainda falava, quando veio Judas, um dos Doze, e com ele uma multidão de gente
armada de espadas e cacetes, enviada pelos príncipes dos sacerdotes e pelos anciãos
do povo.
O traidor combinara com eles este sinal: Aquele que eu beijar, é ele. Prendei-o!
Aproximou-se imediatamente de Jesus e disse: Salve, Mestre. E beijou-o.
Disse-lhe Jesus: É, então, para isso que vens aqui? Em seguida, adiantaram-se eles e
lançaram mão em Jesus para prendê-lo.
Mas um dos companheiros de Jesus desembainhou a espada e feriu um servo do sumosacerdote, decepando-lhe a orelha.
Jesus, no entanto, lhe disse: Embainha tua espada, porque todos aqueles que usarem
da espada, pela espada morrerão.
Crês tu que não posso invocar meu Pai e ele não me enviaria imediatamente mais de
doze legiões de anjos?
Mas como se cumpririam então as Escrituras, segundo as quais é preciso que seja
assim?
Depois, voltando-se para a turba, falou: Saístes armados de espadas e
porretes para prender-me, como se eu fosse um malfeitor. Entretanto, todos os dias
estava eu sentado entre vós ensinando no templo e não me prendestes.
Mas tudo isto aconteceu porque era necessários que se cumprissem os oráculos dos
profetas. Então os discípulos o abandonaram e fugiram.”
Quando Pedro nega Jesus: (Mateus 26:69-75; Marcos 14:66-72; Lucas 22:5662; João 18:15-18 e 25-27).
“Enquanto isso, Pedro estava sentado no pátio. Aproximou-se dele uma das servas,
dizendo: Também tu estavas com Jesus, o Galileu.
Mas ele negou publicamente, nestes termos: Não sei o que dizes.
Dirigia-se ele para a porta, a fim de sair, quando outra criada o viu e disse aos que lá
estavam: Este homem também estava com Jesus de Nazaré.
Pedro, pela segunda vez, negou com juramento: Eu nem conheço tal homem.
Pouco depois, os que ali estavam aproximaram-se de Pedro e disseram: Sim, tu és
daqueles; teu modo de falar te dá a conhecer.
Pedro então começou a fazer imprecações, jurando que nem sequer conhecia tal
homem. E, neste momento, cantou o galo.
Pedro recordou-se do que Jesus lhe dissera: Antes que o galo cante, negar-me-ás três
vezes. E saindo, chorou amargamente.”
DO HISTÓRICO DE JUDAS
Dentre os doze apóstolos, Judas era o único não galileu. Filho de Simão (João 6:
71), era da cidade de Cariote ou Kerioth, cidade do extremo sul da tribo de Judá, daí o
nome Judas Iscariotes.
Entendia de contabilidade e se tornou no tesoureiro do grupo.
Para os Judeus, o Messias esperado era o guerreiro militar que libertaria a Israel sofrida
e vilipendiada por pagãos, ora representada pela águia imperial romana.
Para Judas, o Carpinteiro de Nazaré era este Messias e como a análise de sua
personalidade mostra que era imediatista, tinha dificuldade de entender as lições e os
actos missionários do Mestre, haja vista quando repreendeu o ato da mulher que ungiu a
cabeça de Jesus com o óleo (Mateus 26: 6-13; Marcos 14: 3-9; João 12: 1-8).
No Evangelho de João (12:6), encontramos uma referência a sua imprudência:
“Seis dias antes da Páscoa, foi Jesus a Betânia, onde vivia Lázaro, que ele ressuscitara.
Deram ali uma ceia em sua honra. Marta servia e Lázaro era um dos convivas.
Tomando Maria uma libra de bálsamo de nardo puro, de grande preço, ungiu os pés de
Jesus e enxugou-os com seus cabelos. A casa encheu-se do perfume do bálsamo.
Mas Judas Iscariotes, um dos seus discípulos, aquele que o havia de trair, disse: Por
que não se vendeu este bálsamo por trezentos denários e não se deu aos pobres?
Dizia isso não porque ele se interessasse pelos pobres, mas porque era ladrão e, tendo
a bolsa, furtava o que nela lançavam
Jesus disse: Deixai-a; ela guardou este perfume para o dia da minha sepultura.
Pois sempre tereis convosco os pobres, mas a mim nem sempre me tereis.”
Segundo as lições espirituais, Jesus o teria advertido, ao início do apostolado:
“...Judas, a bolsa é pequenina; contudo, permita Deus que nunca sucumbas ao seu
peso!”
Em entrevista ao Irmão X, pseudónimo espiritual do Jornalista Humberto de
Campos, Judas relata de forma emocionante sua experiência, na qual Chico Xavier
psicografa na obra “Crónicas de Além-túmulo” este diálogo. Transcrevo este trecho:
“Nas margens caladas do Cedrão, não longe talvez do lugar sagrado, onde o Salvador
esteve com os discípulos, divisei um homem sentado sobre uma pedra. De sua
expressão fisionómica irradiava-se cativante simpatia.
Sabe quem é este? - murmurou alguém aos meus ouvidos. - Este é Judas...
Judas?...
Sim. Os espíritos apreciam, às vezes, não obstante o progresso que já alcançaram,
volver atrás, visitando os sítios onde se engrandeceram ou prevaricaram, sentindo-se
repentinamente transportados aos tempos idos. Então, mergulham o pensamento no
passado, regressando ao presente, dispostos ao heroísmo necessário do futuro. Judas
costuma vir a Terra, nos dias em que se comemora a Paixão de Nosso Senhor,
meditando nos seus actos de antanho...
Aquela figura de homem magnetizava-me. Não estou ainda livre da curiosidade do
repórter, mas entre as minhas maldades de pecador e a perfeição de Judas existia um
abismo. Meu atrevimento, porém, e a santa humildade do seu coração ligaram-se, para
que eu o entrevistasse, procurando ouvi-lo.
- O senhor é, de fato, o ex-filho de Iscariote? - perguntei.
Sim, sou Judas - respondeu aquele homem triste, enxugando uma lágrima nas dobras
de sua longa túnica. Como o Jeremias, das Lamentações, contemplo às vezes esta
Jerusalém arruinada, meditando no juízo dos homens transitórios...
E uma verdade tudo quanto reza o Novo Testamento com respeito à sua personalidade
na tragédia da condenação de Jesus?
Em parte... Os escribas que redigiram os evangelhos não atenderam às circunstâncias e
as tricas políticas que, acima dos meus actos, predominaram na nefanda crucificação.
Pôncio Pilotos e o tetrarca da Galileia, além dos seus interesses individuais na questão,
tinham ainda a seu cargo salvaguardar os interesses do Estado romano, empenhado em
satisfazer as aspirações religiosas dos anciãos judeus. Sempre a mesma história. O
Sinedrim desejava o reino do céu, pelejando por Jeová a ferro e fogo; Roma queria o
reino da Terra. Jesus estava entre essas forças antagónicas com a sua pureza
imaculada. Ora, eu era um dos apaixonados pelas ideias socialistas do Mestre; porém, o
meu excessivo zelo pela doutrina me fez sacrificar o seu fundador. Acima dos corações,
eu via a política, única arma com a qual poderia triunfar e Jesus não obteria nenhuma
vitória com o desprendimento das riquezas. Com as suas teorias nunca poderia
conquistar as rédeas do poder, já que, em seu manto de pobre, se sentia possuído de
um santo horror à propriedade. Planejei, então, uma revolta surda, como se projecta
hoje em dia na Terra a queda de um chefe de Estado. O Mestre passaria a um plano
secundário e eu arranjaria colaboradores para uma obra vasta e enérgica, como a que
fez mais tarde Constantino Primeiro, o Grande, depois de vencer Maxêncio às portas de
Roma, o que, aliás, apenas serviu para desvirtuar o Cristianismo. Entregando, pois, o
Mestre, a Caifás, não julguei que as coisas atingissem um fim tão lamentável e, ralado
de remorsos, presumi que o suicídio era a única maneira de me redimir aos seus olhos.
E chegou a salvar-se pelo arrependimento?
Não. Não consegui. O remorso é uma força preliminar para os trabalhos reparadores.
Depois da minha morte trágica, submergi-me em séculos de sofrimento expiatório da
minha falta. Sofri horrores nas perseguições infligidas em Roma aos adeptos da doutrina
de Jesus, e as minhas provas culminaram em uma fogueira inquisitorial, onde, imitando
o Mestre, fui traído, vendido e usurpado. Vítima da felonia e da traição, deixei na Terra
os derradeiros resquícios do meu crime, na Europa do século XV. Desde esse dia em
que me entreguei por amor do Cristo a todos os tormentos e infâmias que me aviltavam,
com resignação e piedade pelos meus verdugos, fechei o ciclo das minhas dolorosas
reencarnações na Terra, sentindo na fronte o ósculo de perdão da minha própria
consciência...
E está hoje meditando nos dias que se foram... - pensei com tristeza.
Sim... estou recapitulando os fatos como se passaram. E agora, irmanado com Ele, que
se acha no seu luminoso Reino das Alturas que ainda não é deste mundo, sinto nestas
estradas o sinal dos seus passos divinos. Vejo-O ainda na cruz entregando a Deus o
seu Destino... Sinto a clamorosa injustiça dos companheiros que O abandonaram
inteiramente e me vem uma recordação carinhosa das poucas mulheres que O
ampararam no doloroso transe. Em todas as homenagens a Ele prestadas, eu sou
sempre a figura repugnante do traidor. Olho complacentemente os que me acusam sem
reflectir se podem atirar a primeira pedra... Sobre o meu nome pesa a maldição
milenária, como sobre estes sítios cheios de miséria e de infortúnio. Pessoalmente,
porém, estou saciado de justiça, porque já fui absolvido pela minha consciência no
tribunal dos suplícios redentores.
Quanto ao Divino Mestre, continuou Judas com os seus prantos, infinita é a sua
misericórdia e não só para comigo, porque, se recebi trinta moedas vendendo-O aos
seus algozes, há muitos séculos Ele está sendo criminosamente vendido no mundo, a
grosso e a retalho, por todos os preços, em todos os padrões do ouro amoedado...
É verdade - concluí - , e os novos negociadores do Cristo não se enforcam depois de
vendê-Lo.
Judas afastou-se, tomando a direcção do Santo Sepulcro, e eu, confundido nas sombras
invisíveis para o mundo, vi que no céu brilhavam algumas estrelas sobre as nuvens
pardacentas e tristes, enquanto o Cedrão rolava na sua quietude como um lençol de
águas mortas, procurando um mar morto.”
DA MISSÃO DE JUDAS NAS PROFECIAS DO VELHO TESTAMENTO
Jesus já sabia o que deveria acontecer e em várias passagens de seu apostolado
predizia o que deveria suceder em sua paixão, para que as escrituras e os profetas se
cumprissem.
As referências ao advento messiânico foram descritas por muitos profetas bíblicos.
Neste breve estudo vou me ater ao que me parece o mais explícito, reconhecendo que
posso estar ocorrendo em erro.
O ano de 2000 a.C. pode ser considerado como o início dos intercâmbios entre os
deuses de várias religiões da antiguidade e seus “porta-vozes”.
De um modo geral, estes seres “inspirados” se reuniam em um determinado festim e, ao
som de músicas e rituais profetizavam por meio de oráculos.
Isto não ocorria com os profetas bíblicos, que aparecem na literatura como verdadeiros
proclamadores de Deus. Cito como exemplo mais “recente” o profeta João Batista, sua
vida e sua obra, tão conhecida por todos os cristãos primitivos e actuais.
Os profetas bíblicos aparecem como verdadeiros guias do povo, ora advertindo, ora
condenando, ora suavizando as dores de seus contemporâneos.
O profeta Isaías é tido como o maior profeta de todos, graças a sua visão e modo
simples de expressar-se. Simples, mas não vulgar.
Em (7:10-17) , temos a citação da vinda do Messias
“ Javé continuou a falar com Acás:
- Pede para Javé, teu Deus, um sinal, quer na profundeza do Cheol, quer no alto do céu.
Acás respondeu:
- Não pedirei nem tentarei a Javé.
Então disse-lhe Ele:
- Ouvi, pois casa de Davi: Não vos basta molestar os homens, senão que também
ousais sê-lo ao meu Deus?
Por isso o próprio Javé vos dará um sinal: a virgem conceberá e dará à luz um filho, ao
qual ela chamará de Emanuel.
Ele se alimentará de leite coalhado e mel, até que saiba rejeitar o mal e escolher o bem.
Antes que o menino saiba rejeitar o mal e escolher o bem, a terra cujos dois reis temes
será devastada.”
Continua a narração do nascimento e o reino do Príncipe da Paz (9:1-6)
“O povo que ia nas trevas viu uma grande luz; sobre os habitantes de sombrio pais, uma
luz resplandeceu.
Multiplicaste sua alegria, fizeste brilhar seu júbilo; regozijam-se diante de Ti como se
alegram no tempo da ceifa, como se rejubila no reparte da razia.
Porque o jugo que lhe pesava, a barra sobre seus ombros, a vara de seu opressor, Tu
os quebraste no tempo de Madiã.
Todo o calçado de combate e todo manto manchado de sangue serão queimados,
devorados pelo fogo.
Pois um menino nasceu para nós, um filho nos foi dado; ele recebeu o império sobre os
ombros e foi-lhe dado este nome: Conselheiro Admirável, Deus forte, Pai Eterno,
Príncipe da Paz.
Imenso é o império de infinita paz, para o trono de Davi e sua realeza, que ele
estabeleceu e consolidou no direito e na justiça.”
O capítulo 11, nos versículos 1 ao 10 traz os traços e características do
Messias, inclusive sua estirpe davídica;
“Sai um rebento do tronco de Jessé, uma vergôntea desponta de suas raízes: sobre ele,
o espírito de Javé, espírito de sabedoria e inteligência, espírito de conselho e força,
espírito de ciência e temor a Javé. Ele respira o temor de Javé.
Não julga pelas aparências, não argüi pelo que ouve, mas faz justiça aos miseráveis e
dá sentença justa aos pobres do país. Sua palavra: bastão que fere o violento; o sopro
de seus lábios: morte do ímpio.
Justiça é o cinturão de seus rins, lealdade é a cinta de seus flancos.
O lobo mora com o cordeiro, a pantera dorme com o cabrito, novilho e leãozinho pascem
juntos, sob a guarda de um pastoreiro.
A vaca e a ursa tem amizade seus filhotes repousam juntos. O leão come a palha como
o boi.
O lactente brinca na cova da cobra, na cova da víbora a criança põe a mão.
Já não há mal nem danos em toda minha santa montanha, pois o pais esta cheio do
saber de Javé como as águas que sobejam no mar.”
No capítulo 52, que é o quarto cântico do Servo de Javé, podemos ver a
profecia onde o Servo de Deus é exaltado em sua magnificência:
“Eis que meu Servo prosperará, crescerá e será muito exaltado!
Como pasmaram muitos à vista dele pelo seu aspecto tão desfigurado – não tinha mais
aparência humana, também pasmarão muitas nações!
Diante Dele os reis se calarão, porque verão um evento inédito e observarão o que não
ouviram.”
Em Isaías, a paixão é descrita em detalhes explícitos. No capítulo 53,
podemos ver que deve sofrer como nenhum outro, apesar de ser inocente (53: 2 3). Neste capítulo, podemos ainda ver que suas dores foram impostas pelo próprio
Javé, para que expiasse livremente os pecados dos outros (53: 4 – 7)
“Quem crerá no que ouvimos?
A quem foi revelado o braço de Javé?
Ele cresceu ante nós como rebento, como raiz em terra ressequida. Não tem beleza
nem formosura - nós O contemplamos - sem agradável aparência.
Desprezado e repudiado pelos homens, homem de dores, experimentado no sofrimento;
como alguém que esconde seu rosto, desprezado e desconsiderado.
Contudo Ele suportava nossas dores e carregava nossos sofrimentos.
Nós O reputamos como marcado, como ferido por Deus e humilhado.
Transpassado pelos nossos pecados, ferido por causa dos nossos crimes.
O castigo caiu sobre ele para nossa salvação, nós fomos curados pelas suas chagas.
Andamos desgarrados como ovelhas, cada um seguindo seu caminho:
Javé fez recair sobre Ele a iniquidade de nós todos.
Maltratado, Ele se submeteu e não abriu a boca.
Como cordeiro levado ao matadouro, como ovelha calada ante o tosquiador, ele não
abriu sua boca.
Foi arrebatado por sentença violenta:
Quem se importa pela sua causa?
Foi eliminado da terra dos viventes e ferido de morte por nossos pecados.
Deram-lhe sepultura entre os ímpios e seu túmulo entre os ricos.
Mas não cometeu violência alguma, nem houve falsidade em sua boca.
Javé quis consumi-lo com sofrimentos.
Se Ele oferece a vida em expiação, verá uma descendência, prolongará seus dias, e a
vontade de Javé se cumprirá por ele.
Por tudo que sofreu, verá a luz e ficará saciado.
Por suas dores, Meu servo justificará muitos, tomando sobre si as iniquidades deles.
Por isso lhes atribuirei os grandes, com os poderosos participará dos despojos.
Entregou sua vida à morte, deixou-se considerar um malfeitor, tomou sobre si os
pecados de muitos e intercedeu pelos pecadores”.
Zacarias é outro profeta que prevê a vinda do Messias. É, às vezes, citado como o
mais messiânico de todos os livros do Antigo Testamento. Os caps 9-14 são as seções
mais citadas dos profetas nas narrativas dos Evangelhos. No apocalipse, Zacarias é
citado mais do que qualquer profeta, excepto Ezequiel.
Ele profetizou que o Messias virá como o Servo do Senhor, o Renovo (3:8)
“Ouve, ó Josué, sumo-sacerdote, tu e teus colegas que se sentam diante de ti - porque
são pessoas de presságio: porque eis que farei vir o meu servo Gérmen.”
Como o homem cujo nome é Renovo (6.12)
“…e lhe dirás: Assim fala o Senhor dos exércitos: Eis o homem, cujo nome é Gérmen;
alguma coisa vai germinar de sua linhagem.”
Tanto como Rei como sacerdote (9, 6-13)
“Estranhos se instalarão em Azot, destruirei a soberba do filisteu. Tirarei de sua boca o
sangue que comia e dos seus dentes as carnes abomináveis e também ele será um
resto para o nosso Deus. Ele viverá como uma família de Judá, Acaron será tratada
como o jebuseu.
Montarei guarda junto de minha casa, para protegê-la contra as idas e vindas; o inimigo
não oprimirá mais o meu povo, porque doravante terei meus olhos sobre ele.
Exulta de alegria, filha de Sião, solta gritos de júbilo, filha de Jerusalém; eis que vem a ti
o teu rei, justo e vitorioso; ele é simples e vem montado num jumento, no potro de uma
jumenta.
Ele suprimirá os carros de guerra na terra de Efraim, e os cavalos de Jerusalém. O arco
de guerra será quebrado. Ele proclamará a paz entre as nações, seu império estenderse-á de um mar ao outro, desde o rio até as extremidades da terra.
Quanto a ti, por causa de tua aliança de sangue, libertarei os teus cativos da fossa sem
água.
Voltai, pois, para a vossa terra, vós que viveis de esperança. Desde agora vos anuncio
que vos indemnizarei em dobro.
Eis que estiro Judá como um arco, tomo Efraim como flecha. Suscitarei os teus filhos, ó
Sião, contra os filhos de Javã, tornar-te-ei como a espada de um valente.”
Como o verdadeiro Pastor (11.4-11).
“Eis o que diz o Senhor meu Deus:
Apascenta estas ovelhas destinadas ao matadouro, que são compradas e degoladas
impunemente, cujos vendedores dizem: Bendito seja o Senhor! Eis que estou rico! - sem
que nenhum pastor tenha compaixão delas.
Por minha vez, não pouparei mais os habitantes desta terra - oráculo do Senhor.
Entregarei os homens uns aos outros e nas mãos de seu rei; devastarão o país e não
livrarei ninguém de sua mão.
Pus-me então a apascentar as ovelhas destinadas ao matadouro, as mais miseráveis do
rebanho. Escolhi dois cajados, aos quais chamei respectivamente Benignidade e Liame,
e comecei a apascentar o rebanho.
Despedi os três pastores desde o primeiro mês: eu estava cansado deles, e eles
estavam desgostados de mim.
Eu declarei: Não quero mais saber do ofício de pastor. Pereça o que perecer, morra o
que morrer! Os que restarem, que se devorem uns aos outros.
Tomando então Benignidade, meu cajado, quebrei-o, rompendo assim o pacto concluído
com todos os povos.
Ele foi quebrado naquele dia e os mercadores de animais que me observavam,
perceberam que aquilo indicava um oráculo do Senhor.”
Ele dá um expressivo testemunho sobre a traição de Cristo por trinta moedas
de prata ( 11.12-13)
“Eu disse-lhes: Dai-me o meu salário, se o julgais bem, ou então retende-o! Eles
pagaram-me apenas trinta moedas de prata pelo meu salário.
O Senhor disse-me: Lança esse dinheiro no tesouro, esta bela soma, na qual estimaram
os teus serviços. Tomei as trinta moedas de prata e lancei-as no tesouro da casa do
Senhor.”
Um dos versículos mais dramáticos das Escrituras proféticas é encontrado em
12:10, quando, na maioria dos manuscritos a primeira pessoa é usada: “E olharão para
mim, a quem traspassaram.” Jesus, pessoalmente, profetizou sua definitiva recepção
pela cada de Davi.
“Suscitarei sobre a casa de Davi e sobre os habitantes de Jerusalém um espírito de boa
vontade e de prece, e eles voltarão os seus olhos para mim. Farão lamentações sobre
aquele que traspassaram, como se fosse um filho único; chorá-lo-ão amargamente como
se chora um primogénito!”
Seus sofrimentos (13.7)
“Espada, levanta-te contra o meu pastor, (contra o meu companheiro - oráculo do
Senhor dos exércitos). Fere o pastor, que as ovelhas sejam dispersas: Voltarei a minha
mão até mesmo contra os pequenos.”
E sua segunda vinda (14.4).
“Naquele dia os seus pés se apoiarão no monte das Oliveiras, defronte de Jerusalém,
para o lado do oriente, e o monte dividir-se-á em dois pelo meio, do oriente ao ocidente,
formando assim um grande vale. Uma metade do monte se afastará para o norte, a
outra para o sul.”
A entrada triunfante de Jesus em Jerusalém é descrita com detalhes em 9.9,
quatrocentos anos antes do acontecimento (Mateus 21:4; Marcos 11:7-10).
“Exulta de alegria, filha de Sião, solta gritos de júbilo, filha de Jerusalém; eis que vem a ti
o teu rei, justo e vitorioso; ele é simples e vem montado num jumento, no potro de uma
jumenta.”
Miquéias também predisse sobre o advento do Messias. Em (5:1-12) temos:
“Quanto a ti, Belém-Efratas, pequena entre os clãs de Judá: de ti para mim sairá quem
dominará em Israel; suas origens são de outrora, dos dias antigos.
Porquanto, ele os abandonará até o tempo em que gerar aquela que deve gerar. Então,
o resto de seus irmãos voltará para os filhos de Israel. Ele ficará de pé e apascentará,
com o poder de Javé e a majestade do Nome de Javé, seu Deus.
Elas repousarão, porque desde agora será grande até os confins da Terra.
Ele será a paz!
E Assur, se entrar em nossas terras e apisoar os nossos palácios, levantaremos contra
ela sete pastores e oito chefes de homens.
Apascoarão a terra de Assur com a espada, e o país de Nemrod com a lança. Ele
libertará de Assur, se entrar em nossas terras e apisoar as nossas fronteiras.
Então, o resto de Jacó estará no meio de povos numerosos, como o orvalho vindo de
Javé, como as gotas sobre a relva;
Ele que não espera do homem e não confia nos filhos de homem!
O resto de Jacó estará entre as nações, no meio de povos numerosos, como leão entre
os animais da floresta, como leãozinho entre os rebanhos de gado miúdo, o qual se
passa e esmaga, se despedaça, ninguém libertará!
Tua mão se levante contra teus adversários e teus inimigos sejam suprimidos!
E sucederá naquele dia, oráculo de Javé: suprimirei os teus cavalos de teu meio, e farei
perecer os teus carros; suprimirei as cidades de teu pais e demolirei todas as tuas
fortalezas; suprimirei os sortilégios de tua mão e para ti não haverá mais astrólogos.
Suprimirei os teus ídolos e, de teu meio, as estrelas; e tu não te encurvarás mais diante
da obra de tuas mãos!
Arrancarei de teu meio as tuas acherás, e exterminarei as tuas cidades!
Pois, realizarei, em cólera e furor, a vingança contra as nações que não tiverem
escutado!”
Os Salmos também são fontes da vinda, reino e paixão do Messias.
O Salmo 2 é uma grandiosa visão profética. Neste salmo o profeta nos traz uma
descrição dramática do poder do Rei Messias. Muitos povos lhe são sujeitos, todavia
querem rebelar-se daquele que foi entronizado por Deus.
“Por que se amotinam as nações, e os povos tramam em vão? Os reis da terra se
levantam, e os príncipes juntos conspiram contra o Senhor e contra o seu ungido,
dizendo: Rompamos as suas ataduras, e sacudamos de nós as suas cordas. Aquele que
está sentado nos céus se rirá; o Senhor zombará deles. Então lhes falará na sua ira, e
no seu furor os confundirá, dizendo: Eu tenho estabelecido o meu Rei sobre Sião, meu
santo monte. Falarei do decreto do Senhor; ele me disse: Tu és meu Filho, hoje te gerei.
Pede-me, e eu te darei as nações por herança, e as extremidades da terra por
possessão. Tu os quebrarás com uma vara de ferro; tu os despedaçarás como a um
vaso de oleiro. Agora, pois, ó reis, sede prudentes; deixai-vos instruir, juízes da terra.
Servi ao Senhor com temor, e regozijai-vos com tremor. Beijai o Filho, para que não se
ire, e pereçais no caminho; porque em breve se inflamará a sua ira. Bem-aventurados
todos aqueles que nele confiam.”
O Salmo 22 traz os sofrimentos e compara os inimigos às feras. O versículo 1
deste salmo foi proferido por Cristo na Cruz:
“Deus meu, Deus meu, por que me abandonaste?”
Os versículos 16-18 nos remete para o momento em que Jesus é crucificado ao
lado de dois ladrões e os soldados riem do “Rei dos Judeus” e jogam dados sobre a Sua
Túnica
“Pois cães me rodeiam; um ajuntamento de malfeitores me cerca; transpassaram-me as
mãos e os pés. Posso contar todos os meus ossos. Eles me olham e ficam a mirar-me.
Repartem entre si as minhas vestes, e sobre a minha túnica lançam sortes.”
O Salmo 24 (8-10) profetiza a vinda do Rei da Glória:
“Quem é o Rei da Glória?
O Senhor, forte e poderoso, o Senhor poderoso nas batalhas. Levantai ó portas, as
vossas cabeças; levantai-vos, ó portais eternos, para que entre o Rei da Glória.
Quem é esse Rei da Glória?
O Senhor dos exércitos, ele é o rei da Glória.”
DA MISSÃO DE JUDAS NAS PROFECIAS DO NOVO TESTAMENTO
Em (Mateus 16:21-28; Marcos 8:31,9:1; Lucas 9:22-27)
“Desde então começou Jesus Cristo a mostrar aos seus discípulos que era necessário
que ele fosse a Jerusalém, que padecesse muitas coisas dos anciãos, dos principais
sacerdotes, e dos escribas, que fosse morto, e que ao terceiro dia ressuscitasse.
E Pedro, tomando-o à parte, começou a repreendê-lo, dizendo: Tenha Deus compaixão
de ti, Senhor; isso de modo nenhum te acontecerá.
Ele, porém, voltando-se, disse a Pedro: Para trás de mim, Satanás, que me serves de
escândalo; porque não estás pensando nas coisas que são de Deus, mas sim nas que
são dos homens.
Então disse Jesus aos seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si
mesmo, tome a sua cruz, e siga-me; pois, quem quiser salvar a sua vida por amor de
mim perdê-la-á; mas quem perder a sua vida por amor de mim, achá-la-á.
Pois que aproveita ao homem se ganhar o mundo inteiro e perder a sua vida? ou que
dará o homem em troca da sua vida?
Porque o Filho do homem há-de vir na glória de seu Pai, com os seus anjos; e então
retribuirá a cada um segundo as suas obras.
Em verdade vos digo, alguns dos que aqui estão de modo nenhum provarão a morte até
que vejam vir o Filho do homem no seu reino.”
Ainda em (Mateus 20:17-19; Marcos 10:32-34; Lucas 18:31-34)
Ao subir Jesus a Jerusalém, tomou a parte os doze e disse-lhes durante a
caminhada:
“Eis que estamos subindo a Jerusalém e o Filho do Homem será entregue aos sumossacerdotes e aos escribas: eles o condenarão a morte, e o entregarão aos gentios para
ser injuriado, flagelado, crucificado. Mas ao terceiro dia ressuscitará.”
Vemos a profecia de Zacarias em (Mateus 21:1-11; Marcos 11:1-11; Lucas
19:28-40 e João 12:12-19)
“Aproximavam-se de Jerusalém. Quando chegaram a Betfagé, perto do monte das
Oliveiras, Jesus enviou dois de seus discípulos, dizendo-lhes: Ide à aldeia que está
defronte. Encontrareis logo uma jumenta amarrada e com ela seu jumentinho.
Desamarrai-os e trazei-mos.
Se alguém vos disser qualquer coisa, respondei-lhe que o Senhor necessita deles e que
ele sem demora os devolverá.
Assim, neste acontecimento, cumpria-se o oráculo do profeta: Dizei à filha de Sião: Eis
que teu rei vem a ti, cheio de doçura, montado numa jumenta, num jumentinho, filho da
que leva o jugo (Zc 9,9).
Os discípulos foram e executaram a ordem de Jesus.
Trouxeram a jumenta e o jumentinho, cobriram-nos com seus mantos e fizeram-no
montar.
Então a multidão estendia os mantos pelo caminho, cortava ramos de árvores e
espalhava-os pela estrada.
E toda aquela multidão, que o precedia e que o seguia, clamava: Hossana ao filho de
Davi! Bendito seja aquele que vem em nome do Senhor! Hossana no mais alto dos céus!
Quando ele entrou em Jerusalém, alvoroçou-se toda a cidade, perguntando: Quem é
este?
A multidão respondia: É Jesus, o profeta de Nazaré da Galileia.”
Em (Mateus 26:1-2; Marcos 14:1-2; Lucas 22:1-2 e João 11:45-53) Jesus
novamente profetiza sua Paixão aos discípulos:
“Tendo Jesus acabado todos estes ensinamentos, disse a seus discípulos:
Sabeis que, daqui a dois dias, celebrar-se-á a Páscoa; e o filho do homem será entregue
para ser crucificado.”
Em João (13: 21-32), Jesus indica aquele que o trairia e o encoraja a fazer o
que tinha que fazer:
“Tendo Jesus dito isto, turbou-se em espírito, e declarou: Em verdade, em verdade vos
digo que um de vós me há-de trair. Os discípulos se entreolhavam, perplexos, sem
saber de quem ele falava. Ora, achava-se reclinado sobre o peito de Jesus um de seus
discípulos, aquele a quem Jesus amava. A esse, pois, fez Simão Pedro sinal, e lhe
pediu: Pergunta-lhe de quem é que fala. Aquele discípulo, recostando-se assim ao peito
de Jesus, perguntou-lhe: Senhor, quem é? Respondeu Jesus: É aquele a quem eu der o
pedaço de pão molhado. Tendo, pois, molhado um bocado de pão, deu-o a Judas, filho
de Simão Iscariotes. E, logo após o bocado, entrou nele Satanás. Disse-lhe, pois, Jesus:
O que fazes, faze-o depressa. E nenhum dos que estavam à mesa percebeu a que
propósito lhe disse isto; pois, como Judas tinha a bolsa, pensavam alguns que Jesus lhe
queria dizer: Compra o que nos é necessário para a festa; ou, que desse alguma coisa
aos pobres. Então ele, tendo recebido o bocado saiu logo. E era noite. Tendo ele, pois,
saído, disse Jesus: Agora é glorificado o Filho do homem, e Deus é glorificado nele; se
Deus é glorificado nele, também Deus o glorificará em si mesmo, e logo o há-de
glorificar. “
Nos Actos dos Apóstolos (1: 15-20), Pedro explica à multidão a necessidade
do cumprimento das escrituras e o papel de Judas:
“Naqueles dias levantou-se Pedro no meio dos irmãos, sendo o número de pessoas ali
reunidas cerca de cento e vinte, e disse: Irmãos, convinha que se cumprisse a escritura
que o Espírito Santo predisse pela boca de Davi, acerca de Judas, que foi o guia
daqueles que prenderam a Jesus; pois ele era contado entre nós e teve parte neste
ministério. (Ora, ele adquiriu um campo com o salário da sua iniquidade; e precipitandose, caiu prostrado e arrebentou pelo meio, e todas as suas entranhas se derramaram. E
tornou-se isto conhecido de todos os habitantes de Jerusalém; de maneira que na
própria língua deles esse campo se chama Acéldama, isto é, Campo de Sangue.)
Porquanto no livro dos Salmos está escrito: Fique deserta a sua habitação, e não haja
quem nela habite; e: Tome outro o seu ministério.”
Assim, com estes relatos bíblicos do Velho e do Novo Testamento apresento a
primeira tese: a tese de que Jesus não foi traído, pois, como o Messias profetizado,
sabia o que deveria acontecer desde o seu nascimento até sua Paixão.
CONCLUSÕES
Em todo seu apostolado, Jesus ensinou somente o amor que devemos ter por
Deus e aprimorar o amor pelos nossos semelhantes.
Todo seu ensino é de magnificência, jamais se vê nos escritos oficiais uma única palavra
de ofensa ou de menosprezo.
Quando no monte das oliveiras ensina as bem-aventuranças (Mateus 5: 1-12;
Lucas 6: 20-23)
“Jesus, pois, vendo as multidões, subiu ao monte; e, tendo se assentado, aproximaramse os seus discípulos, e ele se pôs a ensiná-los, dizendo: Bem-aventurados os humildes
de espírito, porque deles é o reino dos céus. Bem-aventurados os que choram, porque
eles serão consolados. Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra.
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça porque eles serão fartos. Bemaventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia. Bem-aventurados
os limpos de coração, porque eles verão a Deus. Bem-aventurados os pacificadores,
porque eles serão chamados filhos de Deus. Bem-aventurados os que são perseguidos
por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus. Bem-aventurados sois vós,
quando vos injuriarem e perseguiram e, mentindo, disserem todo mal contra vós por
minha causa. Alegrai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque
assim perseguiram aos profetas que foram antes de vós.”
Mostra aos seus discípulos que estes são o sal da terra (Mateus 5: 13; Marcos
9: 49-50 e Lucas 14:34-35)
“Vós sois o sal da terra; mas se o sal se tornar insípido, com que se há-de restaurar-lhe
o sabor? para nada mais presta, senão para ser lançado fora, e ser pisado pelos
homens.
Que não veio revogar a lei, mas cumpri-la (Mateus 5: 17-20)
“Não penseis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim destruir, mas cumprir. Porque
em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, de modo nenhum passará da
lei um só i ou um só til, até que tudo seja cumprido. Qualquer, pois, que violar um destes
mandamentos, por menor que seja, e assim ensinar aos homens, será chamado o
menor no reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande
no reino dos céus. Pois eu vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e
fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus.”
Quando completa o ensinamento dado aos antigos, acerca do homicídio, do
adultério, dos juramentos, da Vingança (dando a face esquerda quando golpeado
na direita) e do amor ao próximo (Mateus 5: 21-48 e Lucas 6:27-36).
“Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; e, Quem matar será réu de juízo. Eu,
porém, vos digo que todo aquele que se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo;
e quem disser a seu irmão: Raca, será réu diante do sinédrio; e quem lhe disser: Tolo,
será réu do fogo do inferno. Portanto, se estiveres apresentando a tua oferta no altar, e
aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar a
tua oferta, e vai conciliar-te primeiro com teu irmão, e depois vem apresentar a tua
oferta. Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás no caminho com ele;
para que não aconteça que o adversário te entregue ao guarda, e sejas lançado na
prisão. Em verdade te digo que de maneira nenhuma sairás dali enquanto não pagares o
último ceitil. Ouvistes que foi dito: Não adulterarás. Eu, porém, vos digo que todo aquele
que olhar para uma mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com
ela. Se o teu olho direito te faz tropeçar, arranca-o e lança-o de ti; pois te é melhor que
se perca um dos teus membros do que seja todo o teu corpo lançado no inferno. E, se a
tua mão direita te faz tropeçar, corta-a e lança-a de ti; pois te é melhor que se perca um
dos teus membros do que vá todo o teu corpo para o inferno. Também foi dito: Quem
repudiar sua mulher, dê-lhe carta de divórcio. Eu, porém, vos digo que todo aquele que
repudia sua mulher, a não ser por causa de infidelidade, a faz adúltera; e quem casar
com a repudiada, comete adultério. Outrossim, ouvistes que foi dito aos antigos: Não
jurarás falso, mas cumprirás para com o Senhor os teus juramentos. Eu, porém, vos digo
que de maneira nenhuma jureis; nem pelo céu, porque é o trono de Deus; nem pela
terra, porque é o escabelo de seus pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do
grande Rei; nem jures pela tua cabeça, porque não podes tornar um só cabelo branco
ou preto. Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; não, não; pois o que passa daí, vem do
Maligno. Ouvistes que foi dito: Olho por olho, e dente por dente. Eu, porém, vos digo que
não resistais ao homem mau; mas a qualquer que te bater na face direita, oferece-lhe
também a outra; e ao que quiser pleitear contigo, e tirar-te a túnica, larga-lhe também a
capa; e, se qualquer te obrigar a caminhar mil passos, vai com ele dois mil. Dá a quem
te pedir, e não voltes as costas ao que quiser que lhe emprestes. Ouvistes que foi dito:
Amarás ao teu próximo, e odiarás ao teu inimigo. Eu, porém, vos digo: Amai aos vossos
inimigos, e orai pelos que vos perseguem; para que vos torneis filhos do vosso Pai que
está nos céus; porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons, e faz chover sobre
justos e injustos. Pois, se amardes aos que vos amam, que recompensa tereis? não
fazem os publicanos também o mesmo? E, se saudardes somente os vossos irmãos,
que fazeis demais? não fazem os gentios também o mesmo? Sede vós, pois, perfeitos,
como é perfeito o vosso Pai celestial.”
Quando adverte os homens da prática da justiça. Como se deve dar esmolas.
Como se deve orar e a oração dominical, os tesouros no céu, a luz e as trevas, os
dois senhores e a ansiosa solicitude pela vida (Mateus 6: 1-34 e Lucas 11:2-4, 3336; 12: 22-31)
“Guardai-vos de fazer as vossas boas obras diante dos homens, para serdes vistos por
eles; de outra sorte não tereis recompensa junto de vosso Pai, que está nos céus.
Quando, pois, deres esmola, não faças tocar trombeta diante de ti, como fazem os
hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade
vos digo que já receberam a sua recompensa. Mas, quando tu deres esmola, não saiba
a tua mão esquerda o que faz a direita; para que a tua esmola fique em secreto; e teu
Pai, que vê em secreto, te recompensará. E, quando orardes, não sejais como os
hipócritas; pois gostam de orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas, para
serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam a sua recompensa.
Mas tu, quando orares, entra no teu quarto e, fechando a porta, ora a teu Pai que está
em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará. E, orando, não useis de vãs
repetições, como os gentios; porque pensam que pelo seu muito falar serão ouvidos.
Não vos assemelheis, pois, a eles; porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes
de vós lho pedirdes. Portanto, orai vós deste modo: Pai-nosso que estás nos céus,
santificado seja o teu nome; venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra
como no céu; o pão-nosso de cada dia nos dá hoje; e perdoa-nos as nossas dívidas,
assim como nós também temos perdoado aos nossos devedores; e não nos deixes
entrar em tentação; mas livra-nos do mal. [Porque teu é o reino e o poder, e a glória,
para sempre, Amém.] Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também
vosso Pai celestial vos perdoará a vós; se, porém, não perdoardes aos homens,
tampouco vosso Pai perdoará vossas ofensas. Quando jejuardes, não vos mostreis
contristrados como os hipócritas; porque eles desfiguram os seus rostos, para que os
homens vejam que estão jejuando. Em verdade vos digo que já receberam a sua
recompensa. Tu, porém, quando jejuares, unge a tua cabeça, e lava o teu rosto, para
não mostrar aos homens que estás jejuando, mas a teu Pai, que está em secreto; e teu
Pai, que vê em secreto, te recompensará. Não ajunteis para vós tesouros na terra; onde
a traça e a ferrugem os consomem, e onde os ladrões minam e roubam; mas ajuntai
para vós tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem os consumem, e onde os
ladrões não minam nem roubam. Porque onde estiver o teu tesouro, aí estará também o
teu coração. A candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem
bons, todo teu corpo terá luz; se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será
tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes são tais trevas!
Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há-de odiar a um e amar o outro, ou
há-de dedicar-se a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas. Por
isso vos digo: Não estejais ansiosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer, ou
pelo que haveis de beber; nem, quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é
a vida mais do que o alimento, e o corpo mais do que o vestuário? Olhai para as aves do
céu, que não semeiam, nem ceifam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as
alimenta. Não valeis vós muito mais do que elas? Ora, qual de vós, por mais ansioso
que esteja, pode acrescentar um côvado à sua estatura? E pelo que haveis de vestir, por
que andais ansiosos? Olhai para os lírios do campo, como crescem; não trabalham nem
fiam; contudo vos digo que nem mesmo Salomão em toda a sua glória se vestiu como
um deles. Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe e amanhã é
lançada no forno, quanto mais a vós, homens de pouca fé? Portanto, não vos inquieteis,
dizendo: Que havemos de comer? ou: Que havemos de beber? ou: Com que nos
havemos de vestir? (Pois a todas estas coisas os gentios procuram.) Porque vosso Pai
celestial sabe que precisais de tudo isso. Mas buscai primeiro o seu reino e a sua
justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. Não vos inquieteis, pois, pelo dia
de amanhã; porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal.”
Quando discursa aos ouvintes o perigo do juízo temerário, sobre a bondade
de Deus, os dois caminhos, os falsos profetas, sobre quem entra no Reino do Céu
e os dois alicerces. (Mateus 7: 1-29 e Lucas 6:37-38, 41-42, 11:9-13, 13:24-27, 6:4344, 6:47-49)
“Não julgueis, para que não sejais julgados. Porque com o juízo com que julgais, sereis
julgados; e com a medida com que medis vos medirão a vós. E por que vês o argueiro
no olho do teu irmão, e não reparas na trave que está no teu olho? Ou como dirás a teu
irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, quando tens a trave no teu? Hipócrita! Tira
primeiro a trave do teu olho; e então verás bem para tirar o argueiro do olho do teu
irmão. Não deis aos cães o que é santo, nem lanceis aos porcos as vossas pérolas, para
não acontecer que as calquem aos pés e, voltando-se, vos despedacem. Pedí, e dar-sevos-á; buscai, e achareis; batei e abrir-se-vos-á. Pois todo o que pede, recebe; e quem
busca, acha; e ao que bate, abrir-se-lhe-á. Ou qual dentre vós é o homem que, se seu
filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou, se lhe pedir peixe, lhe dará uma serpente?
Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas dádivas a vossos filhos, quanto mais vosso
Pai, que está nos céus, dará boas coisas aos que lhas pedirem? Portanto, tudo o que
vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós a eles; porque esta é a lei
e os profetas. Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho
que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; e porque estreita é a porta,
e apertado o caminho que conduz à vida, e poucos são os que a encontram. Guardaivos dos falsos profetas, que vêm a vós disfarçados em ovelhas, mas interiormente são
lobos devoradores. Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos
espinheiros, ou figos dos abrolhos? Assim, toda árvore boa produz bons frutos; porém a
árvore má produz frutos maus. Uma árvore boa não pode dar maus frutos; nem uma
árvore má dar frutos bons. Toda árvore que não produz bom fruto é cortada e lançada
no fogo. Portanto, pelos seus frutos os conhecereis. Nem todo o que me diz: Senhor,
Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está
nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu
nome? E em teu nome não expulsamos demónios? e em teu nome não fizemos muitos
milagres? Então lhes direi claramente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que
praticais a iniquidade. Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as põe em
prática, será comparado a um homem prudente, que edificou a casa sobre a rocha. E
desceu a chuva, correram as torrentes, sopraram os ventos, e bateram com ímpeto
contra aquela casa; contudo não caiu, porque estava fundada sobre a rocha. Mas todo
aquele que ouve estas minhas palavras, e não as põe em prática, será comparado a um
homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia. E desceu a chuva, correram as
torrentes, sopraram os ventos, e bateram com ímpeto contra aquela casa, e ela caiu; e
grande foi a sua queda. Ao concluir Jesus este discurso, as multidões se maravilhavam
da sua doutrina; porque as ensinava como tendo autoridade, e não como os escribas.”
Em (Mateus 18: 21-22 e Lucas 17:3-4) Jesus Ensina o que é o perdão sublime:
“Então Pedro, aproximando-se dele, lhe perguntou: Senhor, até quantas vezes pecará
meu irmão contra mim, e eu hei-de perdoar? Até sete? Respondeu-lhe Jesus: Não te
digo que até sete; mas até setenta vezes sete.”
Em (Mateus 19: 23-30; Marcos 10:23-31 e Lucas 18:24-30), vemos que Jesus
promete que os doze apóstolos, e não onze, sentarão nos tronos para julgar Israel.
Este apontamento mostra que Jesus, embora sabedor da fraqueza humana e da
fragilidade da carne de seus seguidores, sabia que todos aqueles que Ele
escolheu como discípulos, estarão com o Cristo, como é relatado no versículo 30:
“Disse então Jesus aos seus discípulos: Em verdade vos digo que um rico dificilmente
entrará no reino dos céus. E outra vez vos digo que é mais fácil um camelo passar pelo
fundo duma agulha, do que entrar um rico no reino de Deus. Quando os seus discípulos
ouviram isso, ficaram grandemente maravilhados, e perguntaram: Quem pode, então,
ser salvo? Jesus, fixando neles o olhar, respondeu: Aos homens é isso impossível, mas
a Deus tudo é possível. Então Pedro, tomando a palavra, disse-lhe: Eis que nós
deixamos tudo, e te seguimos; que recompensa, pois, teremos nós? Ao que lhe disse
Jesus: Em verdade vos digo a vós que me seguistes, que na regeneração, quando o
Filho do homem se assentar no trono da sua glória, sentar-vos-eis também vós sobre
doze tronos, para julgar as doze tribos de Israel. E todo o que tiver deixado casas, ou
irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou filhos, ou terras, por amor do meu nome, receberá
cem vezes tanto, e herdará a vida eterna. Entretanto, muitos que são primeiros serão
últimos; e muitos que são últimos serão primeiros.”
Em (Mateus 22: 34-40; Marcos 12: 28-34 e Lucas 10:25-28), Jesus ensina aos
fariseus o mandamento mais importante:
“ Os fariseus, quando souberam, que ele fizera emudecer os saduceus, reuniram-se
todos; e um deles, doutor da lei, para o experimentar, interrogou-o, dizendo: Mestre, qual
é o grande mandamento na lei? Respondeu-lhe Jesus: Amarás ao Senhor teu Deus de
todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento. Este é o grande e
primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás ao teu próximo como
a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas.”
Com estes trechos na conclusão, mostrando a superioridade espiritual de Jesus,
apresento a Segunda Tese: a Tese no qual aquele que ensinou a perdoar setenta vezes
sete, a dar a face esquerda quando golpeado na direita, a amar o próximo como a si
mesmo e não julgar para não ser julgado, a guardar a espada para não morrer por esta,
um Ser sublime e divino como é Jesus não iria condenar ao suplício e maldição eterna
uma pessoa que comia e dormia com Ele, ouvia seus ensinamentos e foi o único a quem
Jesus confiou a missão mais importante de seu apostolado, a missão na qual todas as
escrituras e os profetas estavam sobre os ombros. Os ombros de um ser humano falível.
Concluo que somente Judas Iscariotes era competente para levar a cabo sua amarga
missão e assim fazer com que as profecias se cumprissem.
Pode-se concluir também que com o cumprimento das profecias e baseado no trecho
dos Actos dos Apóstolos (1: 15-20) e sobretudo com o relato mediúnico da entrevista do
Irmão X com o espírito de Judas, citados acima, a crucificação de Jesus e o suicídio de
Judas põe por terra dois questionamentos e dúvidas da actualidade: O Evangelho de
Judas, descoberto há pouco tempo e o fenómeno literário, o romance “O código Da
Vinci”.
Quanto ao Evangelho de Judas podemos afirmar que é falso, quando creditado a Judas
pois, como citado nas escrituras e no livro “Crónicas de além-túmulo”, Judas cometeu
suicídio, sendo assim, não podia escrever um evangelho e, desta forma, o que foi
descoberto em Nag Hammadi não passa de um romance escrito por volta do século III,
conforme a datação por carbono 14.
Já a obra literária “O código Da Vinci” não pode ser analisado como fonte de pesquisa,
situando-o somente no campo do romance de ficção pois, como Judas corroído pelo
remorso cometeu suicídio por ter entregado seu Amigo, Mestre e Salvador e Este vindo
a morrer na cruz, como descrito em João (19:30- 38), no qual transcrevo abaixo;
“Havendo Jesus tomado do vinagre, disse: Tudo está consumado. Inclinou a cabeça e
rendeu o espírito.
Os judeus temeram que os corpos ficassem na cruz durante o sábado, porque já era a
Preparação e esse sábado era particularmente solene. Rogaram a Pilatos que se lhes
quebrassem as pernas e fossem retirados.
Vieram os soldados e quebraram as pernas do primeiro e do outro, que com ele foram
crucificados.
Chegando, porém, a Jesus, como o vissem já morto, não lhe quebraram as pernas, mas
um dos soldados abriu-lhe o lado com uma lança e, imediatamente, saiu sangue e água.
O que foi testemunha desse fato o atesta (e o seu testemunho é digno de fé, e ele sabe
que diz a verdade), a fim de que vós creiais.
Assim se cumpriu a Escritura: Nenhum dos seus ossos será quebrado (Ex 12,46). E diz
em outra parte a Escritura: Olharão para aquele que transpassaram (Zc 12,10).
Depois disso, José de Arimatéia, que era discípulo de Jesus, mas ocultamente, por
medo dos judeus, rogou a Pilatos a autorização para tirar o corpo de Jesus. Pilatos
permitiu. Foi, pois, e tirou o corpo de Jesus.”
A tese exposta no romance de que Jesus não morreu e casou-se deixando
descendência é inverosímil e inconsistente, bastando uma breve, mas cuidadosa análise
nas escrituras e principalmente na vida que Jesus levou.
Em verdade, somente a Deus cabe o julgamento, e seguindo as orientações e
ensinamentos de Jesus, nosso mestre, nos cabe perdoar a atitude de Judas e lembrar
que, se não fosse ele, a história da humanidade seria bem diferente.
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Referencias Bibliográficas
RENAN, Ernest. Os discípulos de Jesus. Vida de Jesus. 13. ed. São Paulo: Martin
Claret, 1995. Cap. 9.
2. XAVIER, Francisco Cândido. Os discípulos.Boa nova. Pelo espírito Irmão X. 8. ed. Rio
de Janeiro: FEB, 1963. Cap. 5
3. Judas Iscariotes. Crónicas de além-túmulo. Pelo espírito Humberto de Campos. 7. ed.
Rio de Janeiro: FEB, 1966.
4. A Bíblia Sagrada, Antigo e Novo Testamento – Ed. Abril, São Paulo, 1965.
5. http://www.feparana.com.br/biografias/judas_iscariotes.htm.
NOTA DA C.E.C.L
Este artigo foi gentilmente cedido pelo nosso confrade Marcos António Pereira para
o colocarmos no nosso Site.
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