1 Universidade do Vale do Paraíba Faculdade de Engenharia Arquitetura e Urbanismo Curso Engenharia Elétrica / Eletrônica Teste de acionamento em mecanismo de disjuntores AT / MT Antonio Carlos Marciano Leite Júnior Lucas César Vieira Pires Relatório do Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Avaliadora da Faculdade de Engenharias, Arquitetura e Urbanismo da Universidade do Vale do Paraíba, como parte dos requisitos para obtenção do Título de Bacharel em Engenharia Elétrica / Eletrônica. São José dos Campos – SP Dezembro 2014 2 Teste de acionamento em mecanismo de disjuntores AT / MT Antonio Carlos Marciano Leite Júnior Lucas César Vieira Pires Banca Avaliadora Presidente Alderico Rodrigues de Paula Junior Orientador Alessandro Corrêa Mendes Membro A Membro B ______________________________________ Alessandro Corrêa Mendes Orientador Acadêmico ______________________________________ José Ricardo Abalde Guedes Coordenador da Disciplina de TCC Data: 3 Agradecimentos Agradecemos a Deus Pai todo poderoso por ter nos dado o dom da vida, inteligência, saúde e força para superar as dificuldades e obstáculos enfrentados ao longo desses anos. A Universidade do Vale do Paraíba, seu corpo docente, direção e administração que oportunizaram a janela que hoje vislumbra um horizonte superior, a banca e todos que apesar de vossas inúmeras tarefas se fizeram presente. Ao nosso orientador Prof. Alessandro Corrêa Mendes, pelo suporte no pouco tempo que lhe coube, pelas suas correções e incentivos e ao nosso Prof. José Ricardo Abalde, pela grande ajuda dada no pouco tempo disponível. Aos nossos pais e familiares, pelo amor, incentivo e apoio incondicional. A todos que direta ou indiretamente fizeram parte da nossa formação, o nosso “muito obrigado!”. 4 Resumo Desenvolvimento de um circuito fornecedor de corrente contínua, controlado por microcontrolador, capaz de supervisionar o nível de tensão em corrente contínua e a velocidade de abertura / fechamento dos mecanismos de acionamentos de disjuntores de alta / média tensão, agrupando funções em um só equipamento, otimizando recursos e reduzindo custos. O hardware base utilizado é o MSP430, microcontrolador fabricado pela Texas Instruments, reconhecido por seu baixo custo e sua grande versatilidade. A linguagem utilizada é ``C´´, e o software de interface é o ``CCS´´, as principais funções utilizadas são a PWM e Timer. Os sinais elétricos da rede são convertidos e aplicados à entrada do MSP430, que se encarrega via software controlar o circuito de disparo necessário à variação de tensão, e paralelamente o timer se encarrega de monitorar o tempo do processo. Palavras-chave: Microcontrolador. Voltmínimo. Oscilógrafo. Disjuntores. 5 Abstract Developing a provider of direct current circuit, controlled by microcontroller, able to monitor the level of DC voltage and the speed of opening / closing mechanisms drives breakers high / medium Voltage, grouping functions into a single device, optimizing resources and reducing costs. The hardware used is based on the MSP430, microcontroller manufactured by Texas Instruments, recognized for its low cost and versatility. The language used is “C”' , and the software interface is “CCS”' and the main functions used are the PWM e Timer . The electrical signals are converted and network applied to inbound the MSP430, which takes care via software control the trigger circuit voltage variation needed to , and parallel with the timer takes care of monitoring the process time . Keywords: Microcontroller. Voltmínimo. Oscillograph; Breakers. 6 SUMÁRIO Introdução ....................................................................................................................... 10 Materiais e métodos ........................................................................................................ 14 Resultados e discussões .................................................................................................. 21 Conclusão........................................................................................................................ 22 Anexos ............................................................................................................................ 23 Referências ..................................................................................................................... 28 7 Índice de figuras Figura 1 – Transmissão energia elétrica ......................................................................... 10 Figura 2 – Exemplo de Estação transformadora de distribuição ( ETD ) ....................... 10 Figura 3 – Sentido da corrente normal e na falta corrente alternada ( CA ) ................... 11 Figura 4 – Mecanismo de acionamento à mola ............................................................. 12 Figura 5 – Bobina de acionamento corrente contínua ( CC ) ......................................... 13 Figura 6 – Esquema elétrico primeiro circuito utilizado ................................................ 14 Figura 7 - Esquema elétrico segundo circuito utilizado ................................................. 15 Figura 8 – Exemplo de um voltimínimo ........................................................................ 15 Figura 9 – Exemplo de um oscilógrafo ........................................................................... 16 Figura 10 – MSP430 ....................................................................................................... 17 Figura 11 – Diagrama de bloco do circuito .................................................................. 17 Figura 12 – Circuito detecção passagem senóide em zero ........................................... 18 Figura 13 – PWM ........................................................................................................... 19 Figura 14 – Circuito de disparo ...................................................................................... 19 Figura 15 – Acoplador ótico ........................................................................................... 20 Figura 16 – Ponte de diodos onda completa .................................................................. 20 8 Índice de tabelas Tabela 1 – Tensão nominal sistema corrente contínua .................................................. 11 Tabela 2 – Porcentagem tensão corrente contínua.......................................................... 21 Tabela 3 –Valores equipamentos .................................................................................... 22 9 Lista de abreviações ETD Estação Transformadora de Distribuição AT Alta Tensão MT Média Tensão LT Linha de Transmissão AC Corrente Alternada DC Corrente Contínua Vca Tensão Alternada Vcc Tensão Continua PWM Modulação por Largura de Pulso LCD Display de Cristal Liquido 10 Introdução A maior parte da energia elétrica produzida no Brasil é proveniente das hidrelétricas, que desde seu início até a chegada ao consumidor final, tem em seu processo várias etapas - Figura 1. A Estação Transformadora de Distribuição ( ETD ) [4] [6] [8] é uma destas etapas e possui equipamentos capazes de receber a alta tensão – AT ( 138 / 88 kV ), transmitida pelas linhas de transmissão ( LT ) e reduzi-las a média tensão – MT ( 34,5 / 13,8 kV ) - Figura 2 . Figura 1 – Transmissão elétrica Figura 2 - ETD Todos os sistemas de proteção de uma ETD, devem manter-se operantes mesmo na falta da corrente alternada ( CA ) e por este motivo a alimentação utilizada é a corrente contínua ( CC ). A característica primordial da corrente contínua é a possibilidade de armazenamento de energia e a posterior utilização, respeitando é claro certo consumo por uma razão de tempo. Os armazenamentos nas ETD’s em questão são através de baterias ligadas em série ( bancos de baterias ) e que possuem dois níveis de tensões ( 48 ou 125 Vcc ), sendo que cada elemento tem tensão nominal 2,2 Vcc ( flutuação ) - Tabela 1. 11 Tabela 1 Tensão nominal CC Tensão por elemento Quantidade Tensão operação ( V ) ( V ) elementos ( V ) 48 2,2* 24 52,8** 125 2,2* 62 136,4** * A tensão de 2,2 Vcc é chamada "flutuação" e é necessária para manter as baterias carregadas ** As tensões 10 % maiores compensam quedas nos circuitos alimentadores O cálculo da autonomia das baterias depende do modelo e fabricante podendo ser expresso, por exemplo, como 150 A / 10 h, que significa 150 amperes em 10 horas. Este valor não é linear e depende da característica do consumo da carga. Uma ETD possui pelo menos um retificador e um banco de bateria , que em condições normais de operação são responsáveis por alimentar o sistema de proteção – Figura 3. Figura 3 – Sentido da corrente 12 É parte integrante do sistema de proteção, o mecanismo de acionamento do disjuntor de AT ou MT, que podem ser a mola, pneumático ou hidráulico, porém todos possuem bobinas de acionamento que operam em CC – Figura 4. Figura 4 - Mecanismo de acionamento á mola Devido à importância destes equipamentos e a necessidade de monitoramento da integridade dos mesmos, são efetuadas manutenções periódicas que se utilizam de testes de acionamento. Os ensaios de tensão mínima [7] ( “voltmínimo” ) e o de velocidade de acionamento ( oscilografia ) são dois exemplos de testes. O ensaio de tensão mínima consiste em começar com uma tensão inferior a nominal ( em torno de 30 % ), verificar a atuação da bobina e consequentemente o acionamento do mecanismo. A elevação da tensão na bobina será até o valor nominal devendo o mecanismo ser atuado até este nível. 13 O ensaio de velocidade de acionamento consiste em monitorar o tempo desde o pulso de tensão na bobina, até a mudança de estado do contato no disjuntor ( Aberto / Fechado ). Figura – 5. Figura 5 - Bobina de acionamento do mecanismo Materiais e métodos A motivação para criação deste projeto foi a melhoria no método de ensaio e a utilização dos conhecimentos adquiridos. Antes relembramos os métodos que anteriormente eram utilizados para ensaio de tensão mínima. O primeiro circuito possuía um reostato ligado á uma “ponte de diodos”. Desvantagens: estética, peso e leitura de tensão tinha que ser através de outro equipamento ( multímetro ) – Figura 6. 14 Figura 6 - Esquema ilustrativo reostato O segundo método que foi utilizado por um tempo após avaria do primeiro circuito, foi o de conectar um cabo em quantidades diferentes de elementos de baterias, variando assim o valor da tensão. Desvantagens : trabalhoso, insegurança e leitura de tensão tinha que ser através de outro equipamento ( multímetro ). O terceiro método foi um circuito que elaborei utilizando um dimmer, reduzindo a tensão na entrada de um transformador 220 / 110 Vca, com seu secundário ligado a uma ponte de diodos e com um galvanômetro monitorando a tensão – Figura 7. Desvantagem: estética Figura 7 - Esquema ilustrativo segundo circuito 15 Este esquema foi levado a um fabricante que o tornou mais confiável e apresentável -Figura 8. Desvantagem : custo mais elevado perante o anterior Figura 8 - Exemplo de voltmínimo 16 O monitoramento da velocidade de abertura / fechamento dos mecanismos de acionamento dos disjuntores, é um dos mais importantes dentre os ensaios, tendo como foco em seu resultado quanto mais rápido a operação melhor. As desvantagens neste ensaio são os números de cabos conectados ao equipamento, devido o mesmo não possuir um sistema de alimentação em corrente contínua necessário para atuação da bobina do mecanismo. O custo elevado do equipamento é outra característica – Figura 9 Figura 9 - Exemplo de oscilógrafo 17 Aplicação do microcontrolador No decorrer do curso foram-nos lecionadas matérias que utilizavam como base o microcontrolador MSP430[1] [5], produzido pela Texas Instruments, circuito de baixo custo que se mostrou bastante versátil e útil para diversas aplicações – Figura 10 e 11. Figura 10 - MSP430 Figura 11 - Diagrama de blocos do circuito A ideia inicial de utilização para o MSP430 é o controle e variação do nível de tensão CC, variando a percentagem de utilização da senoide. 18 Para tanto é necessário o monitoramento do período da senoide ( passagem pelo “zero” ), o que ocorre através de um circuito de amostragem conectado a base de um transistor ( BC-547 ). Toda vez que a senoide passa os 0,7 V (+) o transistor conduz levando a saída ZERO_CROSS ao nível “baixo”. No retorno da senoide, ao atingir valores abaixo de 0,7 V (+), o transistor bloqueia levando a saída ZERO_CROSS ao nível “alto”. Com este artifício podemos através do timer do controlador medir o período da senoide - Figura 12. Figura 12 – Circuito detecção passagem zero Observação: Este circuito deve ser utilizado apenas em aplicações monofásicas. A utilização em aplicações com mais de uma fase, implica na replicação do mesmo para cada acréscimo de fase. 19 Uma vez coletada esta informação, utilizamos outra função do microcontrolador chamada modulação por largura de pulso ou mais conhecida como PWM ( do inglês Pulse-Width Modulation ). Esta função é capaz de gerar um “trem de pulsos” variável em fase com a senoide – Figura 13. Figura 13 – Formas de onda PWM Unindo a função PWM a outro circuito periférico, podemos controlar o período da senoide a ser utilizada – Figura 14. Figura 14 – Circuito de disparo 20 Como o microcontrolador [3] trabalha com tensão bem inferior a da rede, utilizamos um acoplador óptico para isolamento elétrico entre os circuitos – Figura 15. Figura 15 - Exemplo de Acoplador Óptico O foco do nosso projeto é a criação de um circuito que forneça corrente contínua, a carga conectada a saída desde circuito é uma ponte de diodos onda completa, com a possibilidade de ser pulsada ( manualmente ou pelo controlador ). Figura 16 – Ponte diodos onda completa Como o controlador já possui as informações necessárias, utilizamo-lo para pulsar a tensão retificada, verificando a mudança de estado do contato do mecanismo do disjuntor ( AT / MT ) e informando o tempo do processo, que é a velocidade de abertura ou fechamento. 21 Resultados e discussões A maioria dos fabricantes de equipamentos elétricos especifica que seus equipamentos podem trabalhar em uma margem de + ou - 20 % de variação tensão, ou seja : Tabela 2 . Tabela 2 Tensão nominal ( Vcc ) Vcc < 20 % Vcc < 30 % Vcc < 40 % 48 38,40 33,60 28,80 125 100,00 87,50 75,00 A preocupação em um ensaio de tensão mínima é testar e certificar que o mecanismo do disjuntor consiga operar com nível de tensão abaixo do nominal, estipulado em até 30 % inferior por precaução. Este nível de tensão é chamado “nível trip” ( desligamento ) e é ajustado a um nível de tensão em que os disjuntores consigam serem atuados antes da perda do comando ( desligamento forçado ao atingir nível ajustado ). Os resultados deste ensaio fora dos padrões estabelecidos podem evidenciar a necessidade de ajuste, lubrificação do mecanismo ou substituição de bobina. Como os sistemas de proteção digitais atuam por pulsos, a não atuação da bobina do mecanismo ou a dificuldade de sua atuação, pode acarretar desligamento de proteção de retaguarda ou em casos graves, até mesmo avaria no disjuntor e equipamento protegido pelo mesmo. Os valores das velocidades de acionamento variam de acordo com o modelo, fabricante e tipo de acionamento e valores fora dos padrões de fabricação podem evidenciar a necessidade de ajuste, lubrificação do mecanismo ou fadiga de peças. As consequências negativas de valores maiores aos estabelecidos são as mesmas citadas anteriormente. 22 Conclusão O circuito projetado satisfaz a aplicação, com resultados bem próximos aos equipamentos produzidos para cada fim específico. Este projeto priorizou a simplicidade e o custo baixo, porém podemos fazer upgrades de periféricos que melhorariam sua interface, como exemplo bluetooth e display LCD. A inserção de novos periféricos implicaria em custos mais altos e acréscimo de linhas de programação ou até mesmo nova linguagem. O custo total do projeto é bem inferior à aquisição de um voltmínimo e um oscilógrafo. Tabela 3. Tabela 3 Equipamento Voltmínimo Oscilógrafo um canal Projeto R$ 1500 5000 300 23 Anexos 24 Anexos 25 Anexos 26 Anexos 27 Anexos 28 Referências [1] http://www.ti.com/ww/en/launchpad/launchpads-msp430.html?DCMP=mculaunchpad&HQS=msp430launchpad [2] http://www.univap.br/universidade.html [3] http://automacaobartos.com.br/ [4] http://www.edp.com.br [5] Fábio Pereira Microcontroladores MSP430 Teoria e Prática Teoria e Prática Editora Érica Ltda. 2005 - 1ª Edição [6] Martignoni, Alfonso; Transformadores; - 8a ed. – São Paulo: Globo, 1991. [7] Transformadores Teorias e Ensaios; José Carlos de Oliveira, João Roberto Cogo, José Policarpo G.de Abreu; Edgard Blücher Ltda. [8] Nogueira, Luiz Roberto – Conversão Eletromecânica de Energia –Caderno do curso de Engenharia Elétrica- 2013.