MÉTODOS NUM ÉRICOS PARA E QUAÇÕES DIFEREN CIAIS PARCIAIS 4- Método de Diferenças Finitas Aplicado às Equações Diferenci ais Parciais. 4.1- Aproximação de Funções. 4.1.1- Aproximação por Polinômios. 4.1.2- Ajuste de Dados: M ínimos Quadrados. 4.2- Derivadas e Integrais Numéricas. 4.2.1- Aproximação de Derivadas por Dif erenças Finitas. 4.2.2- Aproximação de Integrais por Regras de Integração Numérica. 4.3- Solução de Equações Diferenciais Ordinárias. 4.3.1- Problema de Val or Inicial. 4.3.2- Problema de Val or de Contorno. 4.4- Solução de Equações Diferenciais Parciais. 4.4- Solução de Equações Diferenciais Parciais. Muitos problemas na ciência e na tecnologia podem ser modelados por equações que estabelecem uma relação entre funções desconhecidas u (o) e as derivadas destas fun ções ¶u (o.) Equações deste tipo são chamadas Equações Diferenciais . ¶ (o) Quando a função depende apenas de uma variável u (x) a equação diferencial é chamada de Equação Diferencial Ordinária, já que apenas podem aparecer as derivadas k d u ( x) . ordinárias da fun ção dx k Quando a função depende de mais de e uma vari ável u ( x1 , x2 ,L , xn ) a equação diferencial é chamada de Equação Diferencial Parcial, já que podem aparecer as di ferentes derivadas parciais k ¶ u desta função (i, j = 1, L, n) e ( ki + L + k j = k ). k ¶xiki L ¶x j j 4.4- Solução de Equações Diferenciais Parciais. No tópico 4.3 estudamos Equações Diferenciais Ordin árias. No tópico 4.4 estudaremos Equações Diferenciais Parciais . Algumas Equações Diferenciais Parciais podem ser classificadas como: Elípticas, Parabólicas e Hiperbólicas. Faremos isto para uma Equação Diferencial Parcial Linear de Segunda Ordem com duas vari áveis independentes: ¶ 2u ¶ 2u ¶ 2u ¶u ¶u a +b +c +d +g + pu = f ( x, y ) ¶x¶x ¶x¶y ¶y¶y ¶x ¶y "( x, y ) Î W A classificação depende do Sinal do Discriminante e os nomes são por analogia com as se ções cônicas: ì< 0 EDP Elíptica ï b2 - 4ací= 0 EDP Parabólica ï> 0 EDP Hiperbólica î 4.4- Solução de Equações Diferenciais Parciais. Os três exemplos canônicos mais t ípicos são: ìEquação de Poisson ü ¶ 2u ¶ 2u + = f ( x, y ) í ý EDP Elíptica ¶x¶x ¶y¶y î þ ¶u ¶ 2u =k ¶t ¶x¶x 2 ¶ 2u ¶ u = c2 ¶t¶t ¶x¶x ìEquação do Calor ü í ý EDP Parabólica î þ æ ö ç ÷ 2 2 ¶ u ¶ u ç Ñ 2 u = Ñ × Ñu = ÷ + ç ¶x¶x ¶y¶y ÷ 1 4 4 4 4 4 2 4 4444 3÷ ç Laplaciano è ø ìEquação da Onda ü í ý EDP Hiperbólic a î þ Estas EDP descrevem diferentes tipos de fenômenos que requerem de diferentes técnicas para sua solu ção, tanto analítica quanto num érica. Nas três telas a seguir formalizamos EDP El íptica e Parab ólica de 2 a Ordem e Hiperb ólica de 1 a Ordem. 4.4- Solução de Equações Diferenciais Parciais. EDP Elíptica Linear de Segunda Ordem : L(u ) = f em W n ¶2 ¶ L = å Aij + å Bj + C , onde n é a dimensão do espaço. ¶xi ¶x j i =1 ¶xi i , j =1 Os coeficientes constantes Aij , B j , C são reais. A matriz Aij é simétrica. O operador L é dito ser elíptico se a matriz Aij é n [ ] [ ] definida positiva ou def inida negativa. Ou sej a, se v T Av conserva o sinal "v Î R n Num Problema de Val or de Contorno El íptico a solução deve ser determinada impondo restri ções para a solu ção em todo o contorno do dom ínio (Condições de Contorno ). L(u ) = f em W u (G) = u0 (Dirichlet) Para este problema o M étodo de Di ferenças Finitas transforma o PVC num si stema linear esparço de equações algébricas. 4.4- Solução de Equações Diferenciais Parciais. EDP Parab ólica Linear de Segunda Ordem : Se L é um operador el íptico linear de segunda ordem com matriz [Aij ] definida positiva, então a EDP a seguir é parabólica ¶u = L(u ) - f em W e t > 0 (EDP) ¶t u (G, t ) = u1 (Condição de Contorno de Dirichlet) u (W, t 0 ) = u0 (Condição Inicial) Num Problema de Val or de Contorno Parab ólico a solução deve ser determinada i mpondo restri ções para a solu ção em todo o contorno do dom ínio para cada instante de tempo (Condições de Contorno ) e a Condição Inicial para todos os pontos do interior do dom ínio. 4.4- Solução de Equações Diferenciais Parciais. EDP Hiperb ólica Linear de Primeira Ordem : A EDP a seguir é hiperbólica se a matriz A tem autovalores reais e pode ser diagonalizada. Ou seja, se A tem um conjunto completo de autovetores linearmente independentes. ¶u ¶u =A em W e t > 0 (EDP) ¶t ¶x u (G+ , t ) = u1 (Condição de Contorno de Dirichlet) u (W, t 0 ) = u0 (Condição Inicial) Descreve o movimento de ondas e/ou transporte advectivo. Num Problema de Val or de Contorno Hiperb ólico a solução deve ser determinada i mpondo restri ções para a solu ção em parte do contorno do dom ínio para cada instante de tempo (Condições de Contorno ) e a Condição Inicial para todos os pontos do interior do dom ínio. 4.4- Solução de Equações Diferenciais Parciais. No que resta desta aula estudaremos apenas uma EDP Elíptica Linear de Segunda Ordem. Para simplificar a exposição estudaremos o caso quando temos duas variáveis independentes e coef icientes constantes . Logo nosso problema ser á descrito pela EDP: ¶ 2u ¶ 2u ¶ 2u ¶u ¶u a +b +c +d +g + pu = f ( x, y ) ¶x¶x ¶x¶y ¶y¶y ¶x ¶y "( x, y ) Î W b2 - 4ac < 0 . Se os onde os coef icientes da EDP verif icam coeficientes não são constantes a Condi ção de ELIPTICIDADE deve ser verif icada para todos os pontos do dom ínio "( x, y ) Î W . Para que o problema esteja bem posto devemos impor restrições em todos os pontos do contorno do dom ínio. 4.4- Solução de Equações Diferenciais Parciais. A EDP Elíptica Linear de Segunda Ordem com duas vari áveis independentes e coef icientes constantes b2 - 4ac < 0 é: ¶ 2u ¶ 2u ¶ 2u ¶u ¶u a +b +c +d +g + pu = f ( x, y ) ¶x¶x ¶x¶y ¶y¶y ¶x ¶y "( x, y ) Î W Destacamos dois casos de restri ções impostas em todos os pontos do contorno do dom ínio (Condições de Contorno - PVC). Caso 1 {u ( x, y ) = uG Caso 2 G = G1 È G 2 "( x, y ) Î G (CC de Dirichlet) "( x, y ) Î G1 (CC de Dirichlet) ìu ( x, y ) = uG1 ïr "( x, y ) Î G 2 (CC de Neumann) ín × Ñu = qG2 r ï onde n é o vetor normal ao contorno î 4.4- Solução de Equações Diferenciais Parciais. Problema 1 – Equação do Calor : Considere uma chapa f eita de um material condutor de calor sujeita a alguma f onte externa de calor e condi ções de contorno no contorno da chapa. O fenômeno de condu ção do calor estacion ário nesta chapa pode ser modelado pela seguinte equa ção: Ñ× (-kÑu) = { g (x) 14243 Difusão "x ÎW (EDP) Fonte Externa Se o material é homogêneo, então k (x)não depende da posi ção e a EDP se transforma em: Exemplo 1 : kÑ×Ñ u= { g (x) 1 4 24 3 2 "x ÎW =]0,1[´]0,1[ (EDP) ou k Ñ u= { g (x) 123 Difusão Fonte Externa Caso 1 {u (x) = uG Difusão Fonte Externa "x Î G (CC de Dirichlet) Vamos aproximar o Laplaciano por f ormulas de Diferenças Finitas Centradas : 4.4- Solução de Equações Diferenciais Parciais. Note que o dom ínio agora é um quadrado uni tário e podemos discretizar o problema construindo uma malha uniforme da seguinte f orma: (b - a ) xi = a + iDx, Dx = , i = 0,1,L , n n (d - c) y j = c + jDy, Dy = , j = 0,1, L , m m Abaixo mostramos uma por ção (ESTENCIL-STENCIL) desta malha: 4.4- Solução de Equações Diferenciais Parciais. Denotemos por uij = u ( xi , y j ) a solu ção exata no n ó com coordenadas ( xi , y j ) e seja U ij » u ( xi , y j )a sol ução aproximada. Se aproximamos as deri vadas segunda pela formula de Diferença Finita Centrada de segunda ordem: ¶ 2u( xi , y j ) ¶x 2 ¶ 2u( xi , y j ) ¶y 2 u( xi + Dx, y j ) - 2u( xi , y j ) + u( xi - Dx, y j ) Ui +1, j - 2Uij + Ui -1, j » D (u( xi , y j )) = » 2 (Dx) (Dx)2 2 u( xi , y j + Dy) - 2u( xi , y j ) + u( xi , y j - Dy) Ui, j +1 - 2Uij + Ui , j -1 » D (u( xi , y j )) = » 2 (Dy) (Dy)2 2 Então a aproxima ção pelo MDF para a EDP anterior consiste em encontrar U ij » u ( xi , y j ) que satisfaz éU i +1, j - 2U ij + U i -1, j U i , j +1 - 2U ij + U i , j -1 ù - kê + ú = g ( xi , y j ) 2 2 (Dx) (Dy) ë1444 24443 144424443û ¶ 2u ¶x 2 ì"0 < i < n (EDP) í î"0 < j < m ¶ 2u ¶y 2 Por simplicidade consi deramos Dx = Dy º h e m = n logo 4.4- Solução de Equações Diferenciais Parciais. [ ] k - 2 U i -1, j + U i , j -1 - 4U i , j + U i +1, j + U i , j +1 = g ( xi , y j ) h ì"0 < i < n (EDP) í î"0 < j < n Este esquema de di ferenças finitas pode ser representado geometricamente pelo ESTENCIL de 5 pontos . Note que para cada nó (ij) da malha temos uma inc ógnita U ij e uma equa ção em diferenças (acima). Nas equa ções para os n ós perto do contorno devem ser substitu ídas as condi ções de contorno, semelhante ao caso unidimensional. Como a malha tem n partição por x e n partição por y o número total de inc ógnitas (graus de liberdade ) do sistema linear equações será de (n-1)2 . A ( n -1) 2 ´ ( n -1) 2 U = F (M atriz Esparsa) O Sistema para o Problema Unidimensional é de ordem n-1 e para o Problema Bidimensional é de ordem (n-1)2. Logo, para o Problema T ridimensional a ordem do sistema ser á (n-1)3. 4.4- Solução de Equações Diferenciais Parciais. ì"0 < i < n k - 2 éëU i -1, j + U i , j -1 - 4U ij + Ui +1, j + U i , j +1 ùû = g ( xi , y j ) í (EDP) h î"0 < j < n k - 2 [U 0,1 + U1,0 - 4U1,1 + U 2,1 + U1, 2 ] = g ( x1 , y1 ) {i = 1, j = 1 h k - 2 [U 0, 2 + U1,1 - 4U1,2 + U 2,2 + U1,3 ] = g ( x1 , y2 ) {i = 1, j = 2 h LLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLL k - 2 [U 0,n-1 + U1,n-2 - 4U1,n-1 + U 2,n-1 + U1,n ] = g ( x1 , yn-1 ) {i = 1, j = n - 1 h k - 2 [U1,1 + U 2,0 - 4U 2,1 + U 3,1 + U 2, 2 ] = g ( x2 , y1 ) {i = 2, j = 1 h LLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLL n - 1 equações para i = 3,L, n - 1 equações para i = n - 1 k - 2 [U n-2,n-1 + U n-1,n-2 - 4U n-1,n-1 + U n,n-1 + U n-1,n ] = g ( xn-1 , yn-1 ) {i = n - 1, j = n - 1 h Note que a matriz é esparsa, ou seja, para cada linha apenas 5 4.4- Solução de Equações Diferenciais Parciais. coeficientes são di ferentes de zero . Note também que temos dois sub-índices para determinar a localiza ção de um n ó na malha. Ou seja, temos ( n - 1) 2 inc ógnitas: {U 11 , ,U1,2 ,L,U1,n-1} , {U 2,1,U 2,2 ,L,U 2,n-1} ,L, {U n-11, ,U n-1,2 ,L,U n-1,n-1} 2 sub-índices i = 1,L,(n - 1) e j = 1,L,(n - 1) {U ,U ,L,U }{, U {U ,U 1 2 ( n - 2)( n -1) +1 ( n -1) ( n-1) +1 ( n- 2)( n -1) + 2 ,U ( n-1)+ 2 ,L,U ( n-1) +( n-1) },L, ,L,U ( n-2)(n-1)+( n-1) } 1 sub - índice m = 1,L, (n - 1)(n - 1) Isto quer dizer que apenas precisamos de 1 sub-índice para determinar a localiza ção do nó na malha. Ou seja, que devemos construir uma função que faça uma ligação entre os dois sub índices e a numera ção global (1 sub-índice). Destacamos que esta função vai determinar a estrutura da matri z do sistema linear de equa ções algébricas. Existem diferentes maneiras de construir a função de ligação. Uma forma muito simples é reordenar a numera ção por linhas. 4.4- Solução de Equações Diferenciais Parciais. Neste caso a função de ligação com varredura interna em i e externa em j é: m(i, j ) = ( j - 1)( n - 1) + i, com i = 1, L, (n - 1) para cada j = 1,L , ( n - 1) A matriz A ( n -1) 2 ´ ( n -1) 2 seria f ormada por matri zes blocos d e ordem (n-1) na forma: éT I ù êI T I ú ê ú ú I T I -k ê A= 2 ê ú O O O ú h ê ê I T Iú ê ú I T ë û é-4 1 ù ê 1 -4 1 ú ê ú ê ú 1 -4 1 T(n-1),(n-1) = ê ú O O O ê ú ê 1 -4 1 ú ê ú 1 4 ë û A matriz I é a matriz identidade. Se reordenamos a numera ção por coluna a função de ligação seria: m(i, j ) = (i - 1)( n - 1) + j , com j = 1,L , (n - 1) para cada i = 1, L, (n - 1) 4.4- Solução de Equações Diferenciais Parciais. Precisão e Estabilidade : Semelhante ao caso 1D U ij » u ( xi , y j ) Erro da Solu ção Aproximada? 1- Erro em cada ponto ( xi , y j ): e( xi , y j ) = U ij - u ( xi , y j ) 2- Erro Global : E G = U - u , com U =[U1,L,U 2 ]T e u =[u1,L,u 2 ]T (n-1) (n-1) -kÑ×Ñu = g(x) "x ÎWü ý (1) Aplicando o MDF Þ A(n-1)2´(n-1)2 U = F u(G) = uG , þ (2) 3- Note que em geral u não satisf az (2) e isto def ine o chamado Erro Local E L = A ( n-1)2 ´( n -1)2 u - F Þ A ( n-1)2 ´( n -1)2 u = F + E L (3) A componente i do erro local (linha i) é ( E L )i -k = 2 [ui -1, j + ui +1, j - 4uij + ui , j -1 + ui , j +1 ] - gij "0 < i, j < n (EDP) h 4.4- Solução de Equações Diferenciais Parciais. Se a solução exata do problema é suave expandindo ela em serie de T aylor entorno do ponto ( xi , y j ). Substituindo na equa ção anterior esta expansão e a EDP obtemos: ( E L )i é 1 2 æ ¶ 4u( xi , y j ) ¶ 4u( xi , y j ) ö ù 4 = -k ê h ç + ÷÷ + O(h ) ú "0 < i, j < n (EDP) 4 4 ç ¶x ¶y êë12 è úû ø Ou seja, o erro local é de ordem 2 ( EL )i = Ci h2 Podemos estabelecer uma rela ção entre o Erro Local EL e o Erro Global EG . Para isto fa ça a diferença entre (2)-(3) e obtemos: A 2 2 (U - u) = -EL ou A 2 2 EG = -EL ( n-1) ´( n-1) 123 ( n-1) ´( n-1) EG Note que este é o mesmo sistema de equa ções em diferenças obtido para U exceto que em lugar de Ftemos - EL. Para alguma norma o Erro Global é da mesma ordem que o Local, indicando que nesta norma o sistema pode ser est ável -1 h ( A ) < C para h suficientemente pequeno Þ EGh £ C EhL = C O(h2 ) Frase do Dia “Although to penetrate i nto the intimate mysteries of nature and thence to l earn the true causes of phenomena i s not allowed to us, nevertheless it can happen that a certai n fictive hypothes is may suffice for explaining many phenomena. ” Leonhard Euler (A mesma das Aula 9, 11, 12,13) “... the study of Euler’s works will remain the best for different fields of mathemati cs and nothing else can replace it.” Friedrich Gauss