Sumário: Introdução ________________________________________________ 4 Ruídos ___________________________________________________ 5 NR-15 ____________________________________________________ 6 Riscos associados ao ruído ___________________________________ 9 Perda auditiva ______________________________________________ 9 Prevenção dos efeitos nocivos do ruído em saúde ocupacional _______ 11 Referências Bibliográficas ____________________________________ 14 Jundiaí, 2009 3 Introdução: O trabalho tem como objetivo mostrar as condições insalubres encontradas numa empresa metalúrgica e o modo de prevenir danos ao trabalhador. O grupo visitou a empresa Lubefer, localizada na cidade de Itatiba-SP a 70 km de São Paulo. A empresa, que há 18 anos presta serviço metalúrgico, é composta por 124 funcionários distribuídos em departamentos de Engenharia e Desenvolvimento Industrial, comercial, administrativo e logística. As principais observações feitas pelo grupo foram: Terreno inapropriado; Piso escorregadio; Armazenamento inadequado de materiais; Ergonomia deficiente; Manuseio de substâncias alergênicas; Níveis de pressões sonora elevada (NPSE). O principal fator de risco encontrado pelo grupo foi o ruído causador de NPSE, o qual será abordado neste trabalho com o objetivo de analisá-lo. O ruído é caracterizado por elevados níveis de pressão sonora sendo considerada a forma mais freqüente de poluição sonora. O resultado desta agressão ao organismo pode ser relacionado diretamente ao sistema auditivo ocasionando alterações isoladas ou associadas. As alterações auditivas, ocasionadas por exposição à NPSE são denominadas Perdas Auditivas Induzidas por Níveis de Pressão Sonora Elevado (PAINPSE), mais conhecidas como Perdas Auditivas Induzidas por Ruído (PAIR). Jundiaí, 2009 4 Ruídos: O ouvido humano só consegue ouvir sons em freqüências entre 16 e 20.000 Hz. Podendo ser classificados em 3 tipos: Contínuo: quando o nível de pressão acústica e os espectros de frequência são constantes durante um certo tempo relativamente longo, como por exemplo o ruído numa fábrica de fiação; Intermitente: quando o nível de pressão acústica e o espectro das frequências variam constantemente, como por exemplo numa oficina mecânica; Impacto: quando o nível de pressão acústica é muito elevado, mas dura pouco tempo (menos de 1/5 do segundo), como por exemplo um tiro. O ruído é medido em Decibéis (dB), sendo que com 85 dB já é um valor de alarme em 8 horas de trabalho diário, sendo necessário a utilização de protetor auricular. O risco de surdez é tanto maior quanto mais elevado for o nível de ruído e/ou o tempo de exposição ao mesmo. Jundiaí, 2009 5 NR-15: NR 15 - ATIVIDADES E OPERAÇÕES INSALUBRES ANEXO N.º 1 LIMITES DE TOLERÂNCIA PARA RUÍDO CONTÍNUO OU INTERMITENTE NÍVEL DE RUÍDO dB (A) MÁXIMA EXPOSIÇÃO DIÁRIA PERMISSÍVEL 85 8 horas 86 7 horas 87 6 horas 88 5 horas 89 4 horas e 30 minutos 90 4 horas 91 3 horas e 30 minutos 92 3 horas 93 2 horas e 40 minutos 94 2 horas e 15 minutos 95 2 horas 96 1 hora e 45 minutos 98 1 hora e 15 minutos Jundiaí, 2009 6 100 1 hora 102 45 minutos 104 35 minutos 105 30 minutos 106 25 minutos 108 20 minutos 110 15 minutos 112 10 minutos 114 8 minutos 115 7 minutos 1. Entende-se por Ruído Contínuo ou Intermitente, para os fins de aplicação de Limites de Tolerância, o ruído que não seja ruído de impacto. 2. Os níveis de ruído contínuo ou intermitente devem ser medidos em decibéis (dB) com instrumento de nível de pressão sonora operando no circuito de compensação "A" e circuito de resposta lenta (SLOW). As leituras devem ser feitas próximas ao ouvido do trabalhador. 3. Os tempos de exposição aos níveis de ruído não devem exceder os limites de tolerância fixados no Quadro deste anexo. 4. Para os valores encontrados de nível de ruído intermediário será considerada a máxima exposição diária permissível relativa ao nível imediatamente mais elevado. 5. Não é permitida exposição a níveis de ruído acima de 115 dB(A) para indivíduos que não estejam adequadamente protegidos. Jundiaí, 2009 7 6. Se durante a jornada de trabalho ocorrerem dois ou mais períodos de exposição a ruído de diferentes níveis, devem ser considerados os seus efeitos combinados, de forma que, se a soma das seguintes frações: C1/T1 + C2/T2 + C3/T3 ____________________ + Cn/Tn exceder a unidade, a exposição estará acima do limite de tolerância. Na equação acima, Cn indica o tempo total que o trabalhador fica exposto a um nível de ruído específico, e Tn indica a máxima exposição diária permissível a este nível, segundo o Quadro deste Anexo. 7. As atividades ou operações que exponham os trabalhadores a níveis de ruído, contínuo ou intermitente, superiores a 115 dB(A), sem proteção adequada, oferecerão risco grave e iminente. Jundiaí, 2009 8 Riscos associados ao ruído: O nível de ruído elevado pode ser um agente físico causador de muitos problemas dentro de uma empresa como por exemplo, dificultar a audição e comunicação aos trabalhadores, aumentando a probabilidade de acidentes, stress causado no trabalhador, aumenta a liberação de catecolaminas aumentando a freqüência cardíaca e a pressão arterial e prejudica a audição por destruição das células capilares da cóclea. Perda auditiva: Qualquer redução na sensibilidade auditiva é considerada perda auditiva, isto é, uma perda ou diminuição da acuidade auditiva. O som, que consiste de uma vibração no ar, é transformado em um impulso nervoso por um “microfone biológico”, a cóclea. Essa realiza tanto uma análise de freqüência como uma análise de intensidade e codifica os impulsos nervosos de acordo com isso. A vibração é conduzida para a cóclea com a menor perda de energia possível através de um mecanismo complexo. A orelha externa - o pavilhão auricular e meato acústico externo - conduz o som para a membrana timpânica. A orelha média - membrana do tímpano e três ossículos - transfere a energia da vibração no ar para vibração no líquido da orelha interna. Na orelha interna – vestíbulos, canais semicirculares e cóclea - as células ciliares do órgão de Corti na cóclea quando estimuladas pelo som, contraem-se, aumentando o deslocamento da membrana basilar e amplificando o estímulo fornecido que com o seu rico suprimento nervoso aferente, estimulam o nervo coclear (VIII par), iniciando assim o sinal para o cérebro. Jundiaí, 2009 9 A exposição continuada a ruído intenso causa lesão coclear através da degeneração de células ciliadas externas e internas acarretando em um dano auricular podendo causar perda auditiva. A perda auditiva de um indivíduo pode ser causada, isoladamente ou em combinação, por quatros fatores: presbiacusia – é a inevitável perda auditiva relacionada com a idade; nosoacusias – patologias otológicas ou condições médicas que afetam a audição; socioacusia – perda que não se limita à provocada pelo trabalho, mas que é induzida pelo ruído não ocupacional (serviço militar, lazer e esporte); perda auditiva induzida pelo ruído ocupacional – relacionada ao trabalho, é uma diminuição gradual da acuidade auditiva, decorrente da exposição contínua a níveis elevados de pressão sonora. A perda auditiva pode ser temporária, onde se tem uma exposição a ruídos intensos em um curto período de tempo. Ao persistir por um longo período, ela pode se transformar em perda auditiva permanente. Zumbidos são sintomas e não doença, presentes em trabalhadores com lesões auditivas causadas pelo ruído, associados a problema de cóclea ou do nervo auditivo, que podem regredir espontaneamente. Jundiaí, 2009 10 Prevenção dos efeitos nocivos do ruído em saúde ocupacional: O replanejamento do trabalho é um tema que se insere num conjunto de preocupações relacionadas à saúde do trabalhador. Insere-se, especialmente, naquele conjunto de estratégias que visam prevenir determinados problemas de saúde, como as lesões causadas pelo contato com os diversos fatores de risco encontradas nas empresas. No caso dos efeitos nocivos do ruído o objetivo do trabalho preventivo é diminuir a exposição para menos de 90 ou preferivelmente 85 dB/8h/dia útil. Geralmente tal estratégia é feita tomando mais que uma medida: 1º Investimento em maquinaria moderna e o abandono da antiga; 2º Pequenas medidas de reparação e manutenção fazem por vezes milagres em máquinas ruidosas; 3º Instalação de barreiras de som ou de materiais absorventes de som (reduzem a ressonância); 4º Rotatividade dos trabalhadores nos locais mais ruidosos, para diminuir a dose de ruído equivalente por cada trabalhador; 5º Utilização de protetores auriculares; O protetor auditivo, segundo SANTOS (1996), é um dispositivo que pode ser usado sobre as orelhas ou inserido no canal auditivo com a finalidade de impedir a passagem do ruído que chega até aos sensíveis mecanismos da audição. É comum se usar o termo atenuação para especificar o quanto um protetor auditivo protege a audição, porém a atenuação pode ser referente à perda por inserção, redução de ruído ou perda por transmissão, tais termos são usados quando se deseja resultados mais apurados. Jundiaí, 2009 11 Os tipos de protetores auditivos convencionais classificam-se em tipo plug moldável, pré-moldado ou em arco e tipo concha. (Figura X) 6º Avaliação periódica audiométrica;. É aquela realizada em indivíduos que trabalham em ambientes sonoros insalubres, e que, portanto, necessitem de monitoramento audiológico para conservação de sua integridade auditiva. O teste deverá ser realizado em ambiente adequado, com controle de ruído ambiental. O repouso acústico é fundamental. Recomenda-se que o indivíduo deve ter um intervalo mínimo de 14 horas de repouso para realizar qualquer teste audiométrico. Este período é o necessário para que se minimizem os efeitos dos desvios temporários dos limiares (TTS), que normalmente ocorrem após exposição a ruído em uma jornada de trabalho e é o tempo necessário para que as células ciliadas do órgão de corti recuperem-se metabolicamente. O audiograma deve trazer as seguintes informações: identificação completa do trabalhador (nome completo, função atual); condições de realização do exame (cabina acústica e local onde foi feito o teste Jundiaí, 2009 12 audiométrico); marca e modelo do audiômetro; data da última calibração eletroacústica; período de repouso acústico do trabalhador em horas (tempo em que está afastado do ambiente de trabalho). As audiometrias serão aplicadas em todo trabalhador exposto a níveis de pressão sonora superiores a limites de tolerância estabelecidos pela legislação trabalhista, ou seja, acima de 85 db. Quanto a periodicidade, os exames são: admissional, que deverá ser antes que o trabalhador assuma as suas atividades; periódico, após 6 meses e anualmente, a partir de então é demissional. Por fim, segundo Almeida (1994), os objetivos da realização da audiometria são: detecção precoce das alterações de limiar (fase de instalação da lesão ou período pré-patogênico da doença), controle dos trabalhadores que já apresentam lesão (verificar a estabilidade dos limiares), detectar a eficácia das medidas ambientais implantadas (diminuindo-se o risco ambiental, dimininuir-se-á a incidência da doença), detectar possível suscetibilidade individual do ambiente e monitorização biológica das condições ambientais. Jundiaí, 2009 13 Referências Bibliográficas: 1. SANTOS, U. P. et al. Ruído: riscos e prevenção. 2. ed. São Paulo: Hucitec; 1996. p. 157. 2. ALMEIDA, S. C. Programa de Controle de Ruído e Prevenção da Surdez Profissional. RBM- Otorrinolaringologia, Vol. 1, n. 2, p. 125, set.1994. 3. O RUÍDO nos locais de trabalho. Disponível em: http://ww.univab.pt/formação/sehit/curso/uni2/locais.html. Acesso em: 11 nov. 2009. 4. DIAS, A. Associação entre perda auditiva induzida pelo ruído e zumbidos. Caderno de Saúde Pública, v. 22. n. 1, p 63-68, jan. 2006. 5. CORDEIRO, R. et al. Exposição ao ruído ocupacional como fator de risco para acidentes de trabalho. Revista de Saúde Ocupacional, v. 39, n. 3, p. 461-466, fev. 2005. 6. LOURENÇO, P. M. C. et al. Prevalência de perda auditiva induzida por ruído em empresa metalúrgica. Revista de Saúde Ocupacional, v. 39, n. 2, p. 238-144, jan. 2005. 7. DIAS, A. Exposição ocupacional ao ruído e acidente do trabalho. Caderno de Saúde Pública, v. 22, n. 10, p. 2125-2130, out. 2006. 8. ATIVIDADES e operações insalubres. Disponível em: <www.mte.gov.br/legislacao/normas.../nr_15_anexo1.pdf>. Acesso em: 22 nov. 2009. Jundiaí, 2009 14