um estudo de caso no arranjo produtivo local do açafrão de

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FACULDADE ALVES FARIA - ALFA
PÓS-GRADUAÇÃO-MESTRADO
DESENVOLVIMENTO REGIONAL
Itla José de Almeida
POTENCIAL DE MARKETING: UM ESTUDO DE CASO NO ARRANJO
PRODUTIVO LOCAL DO AÇAFRÃO DE MARA ROSA (GO) E REGIÃO
GOIÂNIA
MARÇO DE 2011
1
FACULDADE ALVES FARIA - ALFA
PÓS-GRADUAÇÃO-MESTRADO
DESENVOLVIMENTO REGIONAL
Itla José de Almeida
POTENCIAL DE MARKETING: UM ESTUDO DE CASO NO ARRANJO
PRODUTIVO LOCAL DO AÇAFRÃO DE MARA ROSA (GO) E REGIÃO
Trabalho de conclusão de curso apresentado à
Coordenação do Curso de Pós-graduação
Mestrado, das Faculdades Alves Faria, como
requisito para a obtenção do título de Mestre
em Desenvolvimento Regional sob a
orientação do Professor Dr. Bento Alves da
Costa Filho.
Linha de pesquisa: Gestão Estratégica de Empreendimentos
GOIÂNIA
MARÇO DE 2011
2
FACULDADE ALVES FARIA-ALFA
PÓS-GRADUAÇÃO-MESTRADO
DESENVOLVIMENTO REGIONAL
Itla José de Almeida
POTENCIAL DE MARKETING: UM ESTUDO DE CASO NO ARRANJO
PRODUTIVO LOCAL DO AÇAFRÃO DE MARA ROSA (GO) E REGIÃO
AVALIADORES:
__________________________________________________________
Prof. Dr. Bento Alves da Costa Filho
Professor Orientador – ALFA
__________________________________________________________
Prof. Dr. Ricardo Daher de Oliveira
Professor Leitor – ALFA
__________________________________________________________
Prof. Dr. Alexandre Zanetta
Professor Leitor – ALFA
GOIÂNIA
MARÇO DE 2011
3
Este trabalho é dedicado a Deus.
Aos meus pais João José de Almeida (in
memoriam) e Maria Aparecida Almeida pela
dádiva da vida.
Ao meu amado esposo Gilvane, pelo amor
dedicado a mim.
Aos meus filhos Gilvane Filho e João Filipe.
4
À Deus, suprema bondade, que concebeu oportunidade de
nascer e aprender.
Ao meu orientador
Professor Doutor Bento Costa pela confiança, estímulo e
orientação durante o Mestrado, que com sabedoria e paciência
esteve ao meu lado apoiando-me em todos os momentos.
Aos meus familiares pelas restrições que a realização deste
trabalho impôs em nosso convívio, em especial ao primo
Leandro Roberto do Reis, que não mediu esforços em me
acompanhar na visita para a Cidade de Mara Rosa.
Ao Gilvane (meu amor) que além da contribuição e apoio
profissional ofereceu-me paciência e companheirismo. A vida
sem você não teria sentido.
Aos Diretores da Cooperaçafrão e entidades de apoio, pela
concessão de informações valiosas para realização desta
dissertação.
Aos professores e colegas do Mestrado, pois juntos batalhamos
por essa conquista. E, em especial, ao professor Dr. Fernando
Negret pela compreensão dos inúmeros percalços vividos por
mim.
Á Hérica uma paciente revisora do texto.
5
Unir-se é um bom começo, manter a união é
um progresso, e trabalhar em conjunto é a
vitória.
Henry Ford
6
RESUMO
ALMEIDA, Itla José. Potencial de marketing: um estudo de caso no arranjo produtivo local
do açafrão de Mara Rosa (GO) e região. Dissertação, 2011. 105f. - Curso de Mestrado em
Desenvolvimento Regional da Faculdade Alves Faria, Goiânia, 2011.
O objetivo principal deste estudo é entender como a gestão estratégica de marketing
poderia ser utilizada em Arranjo Produtivo Local, sendo o APL do Açafrão de Mara Rosa
(GO) e Região foco do estudo empírico conduzido. Especificamente, este trabalho tenciona:
revisar os conceitos sobre arranjos produtivos locais e gestão de marketing; descrever o
Arranjo Produtivo Local do Açafrão de Mara Rosa (GO) e Região; e pesquisar o papel de
entidades e órgãos públicos no apoio aos arranjos produtivos locais, bem como no apoio à
gestão de marketing. Para atingir os mencionados objetivos, a metodologia utilizada
desdobrou-se em quatro fases, sendo na primeira realizada revisão da literatura sobre arranjo
produtivo local e marketing, na segunda fase utilizou-se de pesquisa bibliográfica e
documental para caracterização de APL, na terceira fase foram realizadas entrevistas dirigidas
a entidades de apoio e órgãos públicos envolvidos com o tema APL, e na quarta fase foi
realizado estudo de caso no APL Açafrão de Mara Rosa (GO) e Região, tendo como
principais evidências a pesquisa documental e entrevistas com os dirigentes da
Cooperaçafrão. Os resultados mostraram que as entidades de apoio e órgãos públicos que
participaram da pesquisa exploram muito pouco o potencial de marketing no arranjo
produtivo local, sendo o uso desta ferramenta restrito apenas a atividades promocionais de
divulgação e eventos.
Palavras-chave: Arranjo Produtivo Local. Marketing. Açafrão.
7
ABSTRACT
ALMEIDA, Jose Itla. Potential marketing: a case study in the LPS of saffron Mara Rosa
(GO) region. Dissertation, 2011. 105f. - Master Course in Regional Development Faculty
Alves Faria, Goiania, 2011.
The main objective of this study is to understand how marketing management could be
used in the Local Productive Arrangement, being the APL of Saffron in Mara Rosa (GO) and
Region focus of empirical study conducted. Specifically, this work intends to: review the
concepts of local productive and marketing management; describe the Local Productive
Arrangement of Saffron in Mara Rosa (GO) and Region; and research the role of entities and
public agencies in supporting of local production arrangements, as well as in support for the
management of marketing. To achieve the aforementioned objectives, the methodology was
divided into four phases, namely, being the first review of the literature on local production
and marketing arrangement, in the second phase was used bibliographic and documentary
research for the characterization of APL, in the third phase were carried out interviews
directed to entities of support and public agencies involved with the theme APL, and in the
fourth phase was conducted case study of the APL Saffron Mara Rosa (GO) and Region,
having as the main evidences the documentary research and interviews with the leaders of
Cooperaçafrão. The results showed that the entities of support and public agencies that
participated in the research operate very little potential for marketing in local productive
arrangement, and the use of this tool restricted to promotional activities for dissemination and
events.
Keyword: Local Productive Arrangement. Marketing. Saffron.
8
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 01
Figura 02
Figura 03
Figura 04
Figura 05
Figura 06
Figura 07
Figura 08
Figura 09
Figura 10
Figura 11
Figura 12
- Mapas Institucional dos APLs no Brasil ......................................................... 25
- Eixo estruturante de acesso ao mercado .......................................................... 26
- Os blocos do processo de marketing ............................................................... 34
- Variáveis controláveis e incontroláveis do marketing ...................................... 35
- Atividades concernentes às relações de troca .................................................. 48
- Processo de comercialização orientado para a satisfação dos desejos das
Necessidades dos consumidores ...................................................................... 48
- Microrregião Porangatu .................................................................................. 64
- Norte Sul ....................................................................................................... 65
- Localização do município de Mara Rosa no Estado de Goiás ......................... 66
- Crocus Sativus ............................................................................................... 67
- Cúrcuma Longa ............................................................................................. 68
- Mix Marketing ............................................................................................... 87
9
LISTA DE TABELAS
Tabela 1
Tabela 2
Tabela 3
- Número de APLs no Brasil ............................................................................ 24
- IDH - Norte Goiano x Goiás .......................................................................... 64
- Produtos produzidos e colhidos em Mara Rosa .............................................. 67
10
LISTA DE QUADROS
Quadro 01
Quadro 02
Quadro 03
Quadro 04
Quadro 05
Quadro 06
Quadro 07
Quadro 08
Quadro 09
Quadro 10
Quadro 11
Quadro 12
Quadro 13
Quadro 14
Quadro 15
Quadro 16
Quadro 17
Quadro 18
Quadro 19
- Variáveis ambientais .................................................................................... 35
- Fatores de influência do ambiente ................................................................ 37
- Direcionadores de mudança e ações que devem ser implementadas .............. 38
- Matriz de ações coletivas entre membros de uma rede ................................. 38
- Informações geradas por um SIM ................................................................ 39
- Variáveis de segmentação ............................................................................ 43
- Estratégias genéricas .................................................................................... 46
- Composto de marketing e suas subdivisões ................................................... 49
- Os tipos de produto ...................................................................................... 50
- Motivos pelos quais se pode usar a perspectiva de redes a ações coletivas na
precificação ................................................................................................. 51
- Enfoque de ações coletivas em canais de distribuição .................................. 52
- Principais ferramentas de comunicação ........................................................ 53
- Oportunidades de ações coletivas ................................................................. 54
- Atividades gerenciais de marketing .............................................................. 55
- Pesquisa qualitativa versus pesquisa quantitativa ......................................... 61
- Formas de contato ........................................................................................ 62
- Cronograma evolução ................................................................................... 72
- Matriz de análise das entrevistas .................................................................. 73
- Público alvo e ações de comunicações .......................................................... 89
11
LISTA DE ABREVIATURA E SIGLAS
APL
APLs
AMA
BNDES
GTP APL
GREMI
SEBRAE
MPME
MDIC
ONGS
PDP
PEIEX
UFRJ
REDESIST
RG APL
SPILS
SPL
SECTEC/GO
SIC
SIM
SEPLAN
SEPIN
Arranjo Produtivo Local
Arranjos Produtivos Locais
Americam Marketing Association
Banco Nacional do Desenvolvimento
Grupo de Trabalho Permanente para Arranjos Produtivos Locais
Groupment de Recherche Inovateur
Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequenas Empresas do Brasil
Micro, pequenas e médias empresas
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do
Brasil
Organizações não governamentais
Plano de Desenvolvimento Preliminar
Projeto Extensão Industrial Exportadora
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Rede de Pesquisas em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais
Rede Goiana de Apoio Arranjo Produtivo Local
Sistemas Produtivos e Inovativos Locais
Sistema Produtivo Local
Secretaria de Ciência e Tecnologia
Secretária de Indústria e Comércio
Sistemas de Informação em Marketing
Secretaria de Planejamento
Superintendência de Pesquisa e Informação
12
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.................................................................................................................. 14
1 AGLOMERAÇÕES PRODUTIVAS ............................................................................. 17
1.1 Distrito industrial, cluster, milleiu inovateur e arranjos produtivos locais:
exploração dos conceitos .............................................................................................. 17
1.2 Atuação em APL .......................................................................................................... 23
1.2.1 Esfera Federal: MDIC ................................................................................................. 24
1.2.2 Esfera Estadual: Rede Goiana de apoio aos Apls ......................................................... 28
2 MARKETING ................................................................................................................. 31
2.1 Conceitos de marketing ................................................................................................ 31
2.2 Processos de marketing ................................................................................................ 33
2.2.1 Análise do contexto de marketing ................................................................................ 34
2.2.2 Gestão estratégica de marketing ................................................................................. 41
2.2.2.1 Segmentação de mercado e posicionamento ............................................................. 41
2.2.2.2 Estratégia e vantagem competitiva ........................................................................... 45
2.2.3 Gestão do composto de marketing ............................................................................... 48
2.3 A utilização dos conceitos da gestão estratégica de marketing como fonte de
vantagem competitiva em arranjos produtivos locais ................................................ 55
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS................................................................... 59
3.1 Modalidades de pesquisa ............................................................................................. 60
3.2 Estudo de campo – levantamento de informações ...................................................... 62
4 O CASO ........................................................................................................................... 64
4.1.1 O município de Mara Rosa .......................................................................................... 66
4.2 Açafrão: Curcuma Longa ............................................................................................ 67
4.3 O APL de Mara Rosa ................................................................................................... 69
5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ............................................................................... 73
5.1 Análise das entrevistas nas entidades de apoio ........................................................... 73
13
5.1.1 Colaboração e papel das entidades para o desenvolvimento dos APL’s........................ 73
5.1.2 Políticas públicas de incentivo ao marketing................................................................ 75
5.1.3 Acesso ao mercado ...................................................................................................... 77
5.1.4 Capacitação, incluindo marketing ................................................................................ 79
5.1.5 Acompanhamento ....................................................................................................... 80
5.1.6 Recursos financeiros ................................................................................................... 81
5.2 Análise das entrevistas com os diretores da Cooperaçafrão....................................... 82
5.2.1 O que os gestores da Cooperaçafrão entendem por marketing...................................... 82
5.2.2. Instituições que apoiam o APL ................................................................................... 83
5.2.3 Estímulo e capacitação os gestores para o marketing ................................................... 83
5.2.4 Dificuldades relativas à aplicação da gestão de marketing ........................................... 83
5.2.5 Principais ações de marketing realizadas ..................................................................... 84
5.2.6 Pesquisa de marketing e plano de marketing ................................................................ 84
5.3 Potencial da gestão do marketing no arranjo produtivo local do açafrão de
Mara Rosa e Região ..................................................................................................... 84
5.3.1 Análise do contexto de marketing ................................................................................ 85
5.3.2 Sistemas de informação de marketing .......................................................................... 86
5.3.3 Segmentação de mercado e posicionamento ................................................................ 86
5.3.4 Composto de marketing............................................................................................... 87
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 91
REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 93
APÊNDICE A - Roteiro para a coordenadora geral de APLS do MDIC ...................... 100
APÊNDICE B - Gerente de ações locais.......................................................................... 101
APÊNDICE C - SIC ......................................................................................................... 102
APÊNDICE D - Roteiro para o gestor do APL-SEBRAE .............................................. 103
APÊNDICE E - Roteiro para presidente e gestores do APL de Açafrão cooperaçafrão ......................................................................................... 104
ANEXO A - Instituições pertencentes ao GTP APL....................................................... 105
14
INTRODUÇÃO
As constantes transformações que ocorreram no mundo nas últimas décadas exigem dos
gestores de empresas uma capacidade adaptativa e analítica extraordinária, tendo em vista a
agilidade com que as mudanças estão ocorrendo. No Brasil, a década de 1990 foi marcada por
abertura comercial, plano de estabilização, o plano real, pela queda nas taxas de inflação, uma
revolução tecnológica em praticamente todas as áreas e novas formas de gestão de
organizações sejam elas individual ou conjunta.
Uma nova forma de visualizar a gestão conjunta entre empresas tem sido amplamente
discutida por diversos autores Cassiolato e Lastres (2003), Gerolamo (2007), Patias (2008),
Cassarotto (2003), que discutem aglomerado de empresas como diferencial competitivo para
micros, pequenas e médias empresas (PME) e como oportunidade para o desenvolvimento
regional. A visão de aglomerado de empresas é baseada em cooperação, governança e
confiança. Acredita-se que as empresas envolvidas em aglomerados têm maior chance de
sobrevivência e crescimento.
No Brasil, as discussões a respeito de arranjos produtivos locais começaram
aproximadamente, no ano de 2000 pela Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e
Inovativos Locais (REDESIST), Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio
Exterior (MDIC), Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequenas Empresas do Brasil
(SEBRAE) e outras. Em Goiás, instituições estaduais e privadas participam do movimento de
apoio aos arranjos produtivos locais coordenados pela Secretaria Estadual de Ciência e
Tecnologia do Estado de Goiás (SECTEC/GO), representada pela Rede Goiana de Apoio aos
APLs (RG APL).
A essência dos Arranjos Produtivos Locais (APLs) é a participação de diversos atores
locais (empresários individuais, sindicatos, associações, entidades de capacitação, educação,
crédito, tecnologia, agências de desenvolvimento e outras), possibilitando uma mobilização
coordenada das empresas que são pertencentes ao arranjo. As ações conjuntas podem
acontecer como, por exemplo, na área de marketing (NEVES, 2006).
A questão que norteia este estudo é a seguinte: os arranjos produtivos locais poderiam
utilizar as ferramentas da gestão de marketing para gerar vantagem competitiva?
Especificamente, em relação ao APL objeto deste estudo, o Arranjo Produtivo Local do
Açafrão de Mara Rosa (GO), seriam as ferramentas de marketing capazes de colaborar para o
crescimento e projeção nacional e internacional de um importante produto da região CentroOeste?
15
Portanto o objetivo geral é entender como a gestão de marketing poderia ser utilizada
em Arranjo Produtivo Local, sendo o APL do Açafrão de Mara Rosa (GO) e Região foco do
estudo empírico conduzido. Têm-se como objetivos específicos: a) revisar os conceitos sobre
aglomerações produtivas e gestão estratégica de marketing; b) descrever o Arranjo Produtivo
Local do Açafrão de Mara Rosa (GO) e Região; e c) pesquisar o papel de entidades e órgãos
públicos no apoio aos arranjos produtivos locais, bem como no apoio à gestão de marketing.
A escolha do tema para estudo não ocorreu por acaso. Na oportunidade, havia uma
solicitação por parte da Coordenação do Mestrado de relacionar políticas públicas com o tema
de interesse dos mestrandos. Como o objetivo central da pesquisadora era aprofundar o
conhecimento na área de marketing, iniciou-se uma busca de assuntos que poderiam ser
discutidos levando em consideração desenvolvimento regional.
O Arranjo Produtivo Local foi um tema que despertou interesse e veio ao encontro com
uma política pública estabelecida no Projeto Extensão Industrial Exportadora (PEIEX), que
segundo o MDIC (2010), “é um sistema de resolução de problemas técnico-gerenciais e
tecnológicos que visa incrementar a competitividade e promover a cultura exportadora
empresarial e estrutural dos Arranjos Produtivos Locais (APLs) selecionados”. Por meio do
programa 0419 de Desenvolvimentos de Micro e Pequenas e Médias Empresas, duas ações de
mercado foram apresentadas como políticas públicas para o PEIEX, a promoção comercial e a
pesquisa de mercado.
Optou-se por estudar o referido APL por ele ser um dos prioritários estabelecidos pelo
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e apoiado pela Rede
Goiana (RG APL).
O estudo resgata, principalmente, os conceitos sobre aglomerado de empresas, arranjo
produtivo local e marketing. Trata-se, portanto de um estudo exploratório sobre arranjos
produtivos locais, tendo como estudo empírico o APL de Açafrão de Mara Rosa (GO).
Este trabalho subdivide-se em introdução, fundamentação teórica, metodologia e
discussão dos resultados. A introdução aborda de forma geral o embasamento do trabalho e as
questões que se pretendem resolver, a justificativa para escolha do tema em questão, os
motivos pessoais e acadêmicos que proporcionaram sustentação ao estudo. São apresentados
objetivo geral e específicos, bem como a metodologia utilizada e, por fim, os resultados da
pesquisa de campo.
O capítulo 1 inicia a fundamentação teórica onde são apresentadas as bases conceituais
que fundamentam o trabalho. Os conceitos de aglomerado de empresas, com um foco em
arranjo produtivo local, abordando a metodologia de apoio do Ministério da Indústria e
Comércio e Rede Goiana de Apoio a Arranjos Produtivos locais, (RG APL).
16
O capítulo 2 aborda os conceitos centrais de marketing e as ferramentas fundamentais
para a gestão estratégica de marketing. No capítulo 3, apresenta-se a descrição da metodologia
com descrição sobre as pesquisas utilizadas: exploratória, bibliográfica e, como, os dados
foram coletados. O capítulo 4 apresenta o APL Açafrão de Mara Rosa (GO) e Região, com
destaque para os pontos relevantes no norte goiano, do município de Mara Rosa e da gênesis
do produto açafrão. O capítulo 5 apresenta a análise e discussão dos resultados das pesquisas
realizadas. Nas considerações finais, é apresentada uma síntese acerca da visão dos
apoiadores e dirigentes do arranjo produtivo local a respeito da gestão de marketing. Ao final
constam as referências que deram sustentação ao estudo.
17
1 AGLOMERAÇÕES PRODUTIVAS
Este capítulo aborda os principais conceitos sobre aglomerações produtivas, descreve
também as principais ações desempenhadas pelo MDIC para o desenvolvimento dos Arranjos
Produtivos Locais (APLs) no Brasil e Rede Goiano de Apoio aos APls.
1.1 Distrito industrial, cluster, milleiu inovateur e arranjos produtivos locais: exploração
dos conceitos
As micros, pequenas e médias empresas (MPME) em decorrência de diversos fatores,
como a globalização vem buscando novas formas de se organizarem-se para alcançarem
vantagem competitiva e garantir a sobrevivência no mercado. As últimas décadas foram
marcadas por crescentes avanços tecnológicos, novas formas de produzir e comercializar
serviços e bens, aumento da renda da população, estabilidade e crescimento econômico do
país.
A participação de MPME’s em aglomerações garante verdadeiras oportunidades de
negócios, pois além da facilidade em obter recursos de órgãos nas esferas federal, estadual e
municipal, gera vantagens competitivas quanto à aquisição de matérias primas, semiacabadas, etc, propiciando custos mais baixos em suas produções. A possibilidade de realizar
ações coletivas como, por exemplo, na área de marketing e capacitações profissionais faz dos
aglomerados importante meio de alavancar os pequenos negócios. Outro fator importante é a
utilização da mão-de-obra da região, o que culmina no crescimento e desenvolvimento
regional.
O termo aglomeração produtiva, científica, tecnológica e/ou inovativa – tem como
aspecto central a proximidade territorial de agentes econômicos, políticos e sociais
(CASSIOLATO; LASTRES, 2003). Proximidade territorial não é um conceito recente, em
Princípios de Economia, Marshall apresentou as vantagens e desvantagens de concentração de
indústrias especializadas em certas localidades. Para o autor a concentração de empresa gera
ganhos em escala e transforma a economia de uma região. Marshall (1996, p. 318), “[...] uma
indústria concentrada em certas localidades é comumente, embora não muito acertadamente,
chamada de ‘indústria localizada’”.
18
O conceito “indústria localizada” suscitou diferentes definições para aglomerações de
empresas que são os distritos industriais, clusters, arranjos produtivos locais, dentre outros.
Os distritos industriais são conhecidos pelo elevado grau de especialização e intensa divisão
do trabalho; acesso a mão de obra qualificada; existência de fornecedores locais de insumos e
bens intermediários; sistemas de comercialização e de troca de informações entre os agentes
(CASSIOLATO; LASTRES, 2003).
Em decorrência dos distritos industriais, Mendonça (2008b, p. 30) afirma:
O que torna esse distrito especial é a existência de economias externas, gerada por
ganhos significativos, originado do conjunto de empresas e do desempenho
individual, ressaltando a eficiência e competitividade das pequenas firmas de mesma
natureza localizadas no mesmo espaço geográfico. Isso permite o desenvolvimento
de identidade cultural local, uma capacidade industrial compartilhada e, ainda, um
mercado de trabalho altamente flexível, uma vez que, a vinculação do trabalhador
está relacionada com a região e não com a firma especialmente. Essa economia
externa é responsável pela atração e manutenção de investimentos.
Embora os conceitos sobre distrito industrial, levem sempre à formação de um grupo de
organizações, entidades, em uma mesma localização geográfica, os atores envolvidos não
devem descartar a necessidade de formação de uma rede, ou seja, criar relacionamento com
um conjunto de empresas que articulem entre si, por exemplo, fornecedores e clientes, que
eventualmente estejam fora do distrito.
Por fim, o governo, nas esferas federal, estadual e municipal, designa um distrito
industrial para a instalação de empresas, que em sua maioria, conta com concessão de
incentivos governamentais (CASSIOLATO; LASTRES, 2003).
Em alguns estados pode ser vista a utilização do termo distrito industrial, cunhado por
Marshall (2006), porém, com características diferentes do modelo inicial. Os distritos são
estabelecidos em determinada região em função de incentivos e benefícios fiscais e não pelas
características básicas dos distritos marshalianos apresentados acima.
Outra definição para aglomerado de empresas são os clusters, palavra de origem
inglesa, refere-se a aglomerados territoriais de empresas que desenvolvem atividades
similares. Para Cassiolato e Lastres (2003), cluster se refere à aglomeração territorial de
empresas, com características comuns, enfatizando o aspecto da concorrência do que da
cooperação, como fator de dinamismo.
Já o conceito apresentado por Schimitz (1995 apud MENDONÇA, 2008b, p. 36),
“cluster é uma concentração geográfica e setorial de empresas que não pressupõe
necessariamente a especialização e cooperação entre firmas”.
Seguindo análise anterior, segundo Porter (1998, p. 78):
19
Os clusters são definidos como concentrações geográficas interconectadas entre
firmas e instituições numa particular forma de competição. Este modelo inclui, por
exemplo, fornecedores especializados (insumos e componentes, máquinas, serviços)
e de uma infra-estrutura específica, a interação existente nos clusters podem ser
estendida aos consumidores e horizontalmente a produtos complementares
manufaturados e firmas que se encontram relacionadas por suas capacitações
tecnológicas e/ou insumos em comum, os governos e instituições como
universidades, agências reguladoras, centros de profissionalização e associações
comerciais que providenciam treinamento especializado, educação, informatização,
pesquisa e suporte técnico.
Garcia e DallaCosta (2005, p. 14) conceituam cluster como:
Uma nova maneira de se pensar sobre a situação locacional, desafiando a
convencional estrutura organizacional das firmas, e como as instituições podem
contribuir para o sucesso competitivo e como os governos podem promover o
desenvolvimento econômico.
Para os autores os clusters promovem a coexistência entre cooperação e
competitividade.
Amato (2000, p. 53-54) afirma que “clusters são formados apenas quando ambos os
aspectos setorial e geográfico estão concentrados. De outra forma, o que se tem são apenas
organização de produção em setores e geografia dispersa, não formando, portanto, um cluster”.
No cluster, encontra-se a divisão de tarefas entre as empresas, especialização e inovação,
elementos essenciais para gerar competitividade de mercados sejam eles locais ou globais.
Amato (2000) acredita que há um espaço significativo para a ação conjunta das empresas que
fazem parte do cluster.
Para Casarotto Filho e Pires (2001, p. 69) o cluster desenvolve-se a partir da vocação
regional e pode conter empresas produtoras de produtos finais. A verticalização pode ser a
jusante (serviços) ou a montante (fornecedores), além de incluir associações de suporte
privadas ou ligadas ao governo. Mas vale observar que um cluster não necessariamente
contém toda uma cadeia produtiva.
Outra forma de trabalhar o aglomerado de empresas acontece através do Millieu
Inovateur conceituado por um grupo de acadêmicos do GREMI (Groupement de Recherche
Européen sur les Millieux Inovateurs), em 1980, tendo como objetivo estudar o papel do
ambiente frente ao processo do desenvolvimento tecnológico.
O conceito Millieu Inovateur enfatizou o grau de importância do ambiente local (millieu)
em detrimento do dinamismo tecnológico, focalizando assim a inter-relação dos agentes que
fomentam a formação de um ambiente inovador (CASSIOLATO; LASTRES, 2003).
Destacados pela criatividade e inovação contínua, os millieus inovateurs são conhecidos
também pela facilidade da troca de informações entre firmas, similaridade nas atitudes
20
culturais, contatos interpessoais e cooperação de fatores nos limites do local (LEMOS, 2003
apud REIS, 2008, p. 56).
No Brasil, utiliza-se o termo mais conhecido para aglomerado de empresas é o arranjo
produtivo local, surgiu em 1990 após debates no Ministério de Ciência e Tecnologia, com
uma forte missão de ser constituído como um promissor instrumento de política pública,
sendo uma das principais alternativas para o desenvolvimento regional. As políticas de apoio
ao desenvolvimento dos APL’s podem ser encontradas nas esferas do governo federal,
estadual e municipal.
O governo federal na elaboração do plano plurianual1 de 2004-2007 estabeleceu o
programa 0419 de Desenvolvimento de Micro, Pequenas e Médias Empresas, que teve por
missão difundir a metodologia de arranjos produtivos, apoiar a instalação de incubadoras de
empresas e promover os comitês regionais de apoio.
Em 1997, a Rede de Pesquisas em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais
(REDESIST/ UFRJ), coordenada pelo Instituto de Economia da UFRJ conceituou Arranjos
Produtivos Locais (APLs), como:
Arranjos Produtivos Locais são aglomerações territoriais de agentes econômicos,
políticos e sociais, com foco em um conjunto específico de atividades econômicas e
que apresentam vínculos e interdependência. Geralmente envolvem a participação
de empresas – que podem ser desde produtoras de bens e serviços finais até
fornecedores de insumos e equipamentos, prestadoras de consultoria e serviços,
comercializadoras, clientes, entre outros – e suas variadas formas de representação e
associação (CASSIOLATO; LASTRES, 2003, p . 03).
Segundo os autores, a formação do arranjo produtivo local encontra-se associada a
trajetórias históricas, onde são construídas identidades e formados vínculos territoriais,
levando em consideração os aspectos sociais, culturais, bem como político e econômico. O
desenvolvimento do arranjo produtivo local deve acontecer em ambientes favoráveis à
interação, à cooperação e à confiança entre os atores.
Castro (2009, p. 08) define arranjo produtivo local, como:
[...] aglomerações de empresas, localizada em um mesmo território, que apresenta
especialização produtiva e mantém algum vínculo de articulação, interação,
cooperação e aprendizagem entre si e com outros atores locais, tais como governo,
associações empresariais, instituições de credito, ensino e pesquisa.
De acordo com o Castro (2009), o território é um fator importante em qualquer espécie
de análise, pois todo APL se dá em algum espaço geográfico, quer seja, em um setor de um
1
Segundo o MDIC (2011), “O Plano Plurianual - PPA é o instrumento para planejar o novo Brasil. O PPA
estabelece diretrizes, objetivos e metas da administração pública federal por um prazo de pelo menos quatro
anos, mas pode definir o destino de toda uma geração”.
21
município, ou em toda sua extensão, ou entre vários municípios, ou bacias hidrográficas.
Estes espaços devem possuir inter-relação entre si, como sinais de identidade, capacidade de
promover necessidades em expectativas de desenvolvimento, e ser passível de se integrar
sócio-economicamente em âmbito local.
Para Cassiolato e Lastres (2003, p. 24), “território refere-se à parcela geográfica
apropriada por um grupo humano ou animal, ou por um indivíduo, visando assegurar sua
reprodução e a satisfação de suas necessidades vitais”.
O conceito de territorialidade está relacionado com o meio de referência que pessoas e
grupos sociais encontram em uma mesma localidade, região ou país, manifestando os
sentimentos e o modo de agir de determinado local.
Segundo BNDES (2004, p. 16), a localização é um relevante fator de vantagem
competitiva, dividida em estáticas e retroalimentáveis.
As vantagens locacionais estáticas são:
a) as terras agrícolas associadas à capacidade para realizar uma boa logística de
transporte;
b) mão de obra qualificada e barata;
c) incentivos fiscais.
As vantagens retroalimentáveis são realimentadas com o crescimento da produção,
mercado, diversificação do produto, etc são originados de três fatores, a saber:
a) externalidades multisetorias: são os ganhos com logística (redução de custos de
transporte, menor prazo de entrega, acesso ou menores custos;
b) ganhos de escala ou escopo;
c) externalidades setoriais.
A especialização produtiva vai além de simplesmente saber produzir produtos tangíveis
ou intangíveis, e sim, o conhecimento que todas as organizações e pessoas possuem sobre a
atividade econômica principal.
Outro ponto gerado comumente entre os APLs é a oportunidade de realização de várias
ações em conjunto, propiciando um alto nível de aprendizagem e inovação através de
interação, construção de pensamentos sistêmicos, elaboração de planos mercadológicos e
tecnológicos, realização de feiras, exposições, seminários, fóruns, cursos, e a construção de
projetos entre as empresas pertencentes ao APL e com os atores locais do APL.
Fator imprescindível ao se falar de APL é a importância dos atores locais, que podem
ser classificados como empreendedores, instituições de crédito, instituições governamentais e
não governamentais, e agentes (CASTRO, 2009).
22
Ainda de acordo com Castro (2009), são necessários três requisitos fundamentais para a
caracterização de um APL:
a) escala (o número de empresas e de empreendedores e o valor da produção);
b) importância relativa (variáveis micro regionais, estaduais, etc);
c) contiguidade territorial (proximidade e contato com os agentes).
Um arranjo produtivo local deve possuir vínculos consistentes de articulação, interação,
cooperação entre os atores locais, devendo estar localizados em um mesmo espaço territorial.
(GOIÁS, 2004). O termo cooperação exerce um papel relevante no APL; segundo Cassiolato
e Lastres (2003, p. 11) “o significado genérico de cooperação é o de trabalhar em comum,
envolvendo relações de confiança mútua e coordenação, em níveis diferenciados, entre os
agentes”. Na visão dos autores, a cooperação pode ocorrer em diferentes instâncias sejam elas
produtivas ou inovativas. A cooperação produtiva está relacionada à produção em escala e
em melhorar os índices de qualidade e produtividade; a cooperação inovativa relaciona-se
com o aprendizado entre os envolvidos no APL.
Para que ocorra a cooperação torna-se necessário o intercâmbio sistemático de
informações produtivas, tecnológicas e mercadológicas (com clientes, fornecedores,
concorrentes e outros), a interação de vários tipos, envolvendo empresas e outras
organizações, por meio de programas comuns de treinamento, realização de eventos/feiras,
cursos e seminários, entre outros e a integração de competências, por meio da realização de
projetos conjuntos, incluindo desde melhoria de produtos e processos até pesquisa e
desenvolvimento propriamente dita, entre empresas e destas com outras organizações
(CASSIOLATO; LASTRES, 2003, p. 12).
A cooperação entre empresas proporciona vantagem competitiva a um aglomerado,
pelo fato das empresas estarem “unidas” em prol de objetivos comuns, realizando ações
conjuntas nas áreas tecnológicas, mercadológicas, etc. Amato (2000, p. 42) apresenta as
necessidades principais pelas quais a cooperação viabiliza a cooperação interempresarial,
são:
a) combinar competências e utilizar Know-how de outras empresas;
b) dividir
o
ônus
de
realizar
pesquisas
tecnológicas,
compartilhando
o
desenvolvimento e os conhecimentos adquiridos;
c) partilhar riscos e custos de explorar novas oportunidades, realizando experiências
em conjunto;
d) oferecer uma linha de produtos de qualidade superior e mais diversificada;
23
e) exercer uma pressão maior no mercado, aumentando a força competitiva em
benefício do cliente;
f) compartilhar recursos, com especial destaque aos que estão sendo subutilizados;
g) fortalecer o poder de compra; e
h) obter mais força, para atuar nos mercados internacionais.
Analisando os conceitos estabelecidos por Cassiolato e Lastres e por Amato, pode-se
concluir que a cooperação é uma liga fundamental para o sucesso de empresas pertencentes a
um aglomerado, e para qual existe um fator essencial para realizar está “liga”, a chamada
governança, que segundo os autores refere-se “aos diferentes modos de coordenação,
intervenção e participação, nos processos de decisão locais, dos diferentes agentes”
(CASSIOLATO; LASTRES, 2003, p. 14). Estes agentes podem ser a nível federal, estadual e
municipal, sociedade, etc.
Aglomerado de empresas é uma das melhores alternativas na geração de vantagem
competitiva para micros e pequenas empresas de determinada região. No entanto, para
conseguir diferenciais em relação às demais empresas que compõem o mercado, torna-se
necessário a aplicação de conceitos que fazem parte de aglomerado de empresas, como
cooperação e ações conjuntas.
Os aglomerados apresentados acima apresentam características próprias e heterogêneas,
localizam-se no mesmo espaço geográfico e buscam atingir os objetivos de forma conjunta,
exercem influência na competição entre empresas, pois, aumentam a produtividade das
empresas; fortalecem e estimulam a inovação, além de elevar a produtividade.
No Brasil, os aglomerados produtivos estão adquirindo uma importância significativa
em políticas públicas de promoção e desenvolvimento de APLs. Desde ano de 2000, o
governo federal tem trabalhado fortemente na organização dos arranjos produtivos locais,
através de medidas que estão descritas abaixo, como a 0419 e criação do Grupo de Trabalho
Permanente (GTP APL), de responsabilidade e coordenação do MDIC.
1.2 Atuação em APL
A seguir serão apresentadas as metodologias de atuação em APL do MDIC e Rede
Goiana de Apoio.
24
1.2.1 Esfera Federal: MDIC
Segundo dados do MDIC (2011) “o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior foi criado pela Medida Provisória nº 1.911-8, de 29/07/1999 - DOU
30/07/1999”. A missão do MDIC é “construir um Brasil competitivo, justo e rico em
oportunidades, em parceria com setores produtivos, através de ações que resultem na melhoria
da qualidade de vida da população”.
O tema Arranjos Produtivos Locais integra o PPA 2004-2007 por meio do Programa
0419 de Desenvolvimento de Micros, Pequenas e Médias Empresas teve por objetivo:
difusão da metodologia de arranjos produtivos; apoio à instalação de incubadoras de
empresas e a promoção de comitês regionais de apoio. A meta estabelecida no PPA 20042007 era ampliar de 66 para 124 os APLs apoiados e incentivados nos quatros anos
seguintes.
Em 2004, foi instalado o Grupo de Trabalho Permanente para Arranjos Produtivos
Locais (GTP APL) por portaria interministerial nº 200, de 02/08/2004 e reeditada em
24/10/05. As portarias de 2006, 2008 e 2010 foram alteradas / incluídos os nomes dos
representantes das Instituições participantes, totalizando 33 instituições (anexo) (MDIC,
2011).
A criação do GTP APL se deu pelo interesse do governo federal em mudar a forma de
atuação individualizada das entidades governamentais em prol do desenvolvimento e pelo
objetivo de aumentar a competitividade das empresas através da soma de esforços entre os
órgãos, proporcionando a criação de estratégias de atuação conjuntas.
Em 2005 o GTP identificou 957 arranjos produtivos no Brasil, este número foi
primordial para que fosse elaborada a Estratégia de Ampliação de Atuação do grupo de
trabalho (tabela 1).
TABELA 1: Número de APLs Brasil
Regiões
Centro-Oeste
Nordeste
Norte
Sudeste
Sul
Total Brasil
Fonte: Adaptado MDIC
Nº de APLs
51
428
196
219
83
957
%
5
45
20
20
9
100
25
Figura 1: Mapa Institucional dos APLs no Brasil
Fonte: MDIC (2011)
O Grupo de Trabalho Permanente, conforme publicado em portaria possui a atribuição
de elaborar e propor diretrizes gerais para a atuação coordenada do governo no apoio a
arranjos produtivos locais em todo o território nacional (MDIC, 2011).
O GTP atua em prol de:
a) manter o tema APL na agenda pública;
b) facilitar as informações e ações para os arranjos;
c) na comunicação com os Núcleos Estaduais;
d) no desenvolvimento de um sistema de encaminhamento e monitoramento das ações
e planos.
Segundo o MDIC (2004, p. 04), o GTP APL tem por finalidade:
a)
Identificar os arranjos produtivos locais existentes no país, inclusive aqueles
territórios produtivos que apresentem potencialidade para se constituírem como
futuros arranjos produtivos locais, conforme sua importância no respectivo
território;
b) Definir critérios de ação conjunta governamental para o apoio e fortalecimento
de arranjos produtivos locais, respeitando as especificidades de atuação de cada
instituição e estimulando a parceria, a sinergia e a complementaridade das
ações;
c) Propor modelo de gestão multissetorial para as ações do Governo Federal no
apoio ao fortalecimento de arranjos produtivos locais;
d) Construir um sistema de informações para o gerenciamento das ações a que se
refere a alínea anterior; e
e) Elaborar um Termo de Referência que contenha os aspectos conceituais e
metodológicos relevantes atinentes ao tema de trabalho.
26
As Instituições de apoio pertencentes ao GTP APL contam com instrumentos de apoio
nos diversos eixos estruturantes na elaboração dos PDPs. Os eixos são segundo MDIC são:
a) acesso ao mercado;
b) capacidade produtiva;
c) financiamento e investimento;
d) formação e capacitação;
e) governança e cooperação;
f) inovação e tecnologia;
g) políticas públicas.
Nesta dissertação o eixo estruturante de interesse é o acesso ao mercado (gestão de
marketing), que será abordado no capítulo 02.
Figura 2: Eixo Estruturante de Acesso ao Mercado
Fonte: MDIC, 2011
A metodologia de trabalho do GTP APL parte do princípio de que diferentes atores
locais podem mobilizar-se, de forma coordenada e identificar suas demandas coletivas. O
objetivo é fazer com que as demandas estejam alocadas no Plano de Desenvolvimento
Preliminar (PDP). A partir desta realidade definiu-se pela elaboração dos Planos de
Desenvolvimento Preliminar por parte das instituições de apoio e lideranças dos APLs.
27
Os Planos de Desenvolvimentos Preliminares tem por função expressar as ações e
desafios do APL (MDIC, 2011).
O esforço de reflexão e de articulação local que contemple informações a respeito:
dos desafios e oportunidades de negócio dos APLs, de suas ações que estão sendo
implementadas ou até mesmo as que estão sendo desenvolvidas a fim de transformar
as oportunidades em investimentos, buscando assim resultados para o
desenvolvimento sustentável local. (MDIC, 2010)
O formulário explicativo para preenchimento do Plano de Desenvolvimento Preliminar
é encontrado no site do MDIC. Dividido nas etapas citadas a seguir.
a) contextualização e Caracterização do Arranjo;
b) processo de Elaboração do Plano de Desenvolvimento;
c) situação Atual- Desafios e Oportunidades de Desenvolvimento;
d) resultados Esperados;
e) indicadores de Resultado;
f) ações Previstas;
g) gestão do Plano de Desenvolvimento;
h) acompanhamento e Avaliação.
A elaboração do PDP (Plano de Desenvolvimento Preliminar) é articulada entre os
membros do grupo gestor do APLs e entidades de apoio. No Termo de Referência um APL se
caracteriza por:
Um número significativo de empreendimentos e de indivíduos que atuam em torno
de uma atividade produtiva predominante, e que compartilhem formas percebidas de
cooperação e algum mecanismo de governança, e pode incluir pequenas, médias e
grandes empresas (MDIC, 2004, p. 05).
De acordo com o Termo de Referência, o Governo Federal reconhecerá os APL’s
através do conjunto de variáveis citadas a seguir:
a) a concentração territorial de empreendimento no território: quantidade de micro e
pequenas empresas que pertencem ao APL em determinado espaço territorial;
b) concentração de indivíduos ocupados em atividades produtivas relacionadas com o
setor de referência: quantidade de indivíduos ocupados no contexto econômico local
ou regional;
c) cooperação entre os atores participantes do arranjo (empreendedores e demais
participantes) em busca de maior competitividade: realização de ações conjuntas que
buscam um objetivo comum;
28
d) existência de mecanismos de governança: canais de pessoas físicas ou jurídicas
capazes de: liderar e organizar atores locais em prol de objetivos comuns; coordenar
as ações dos diferentes atores; negociar processos decisórios e promover processos
de geração e uso do conhecimento.
Estabelecidos os pontos principais de responsabilidade do MDIC, representando a
esfera federal, pretende-se apresentar a instituição estadual que coordena as instituições
apoiadoras dos APLs em Goiás.
1.2.2 Esfera Estadual: Rede Goiana de apoio aos APls
Em Goiás, iniciou-se o movimento de apoio aos APLs, por parte de órgãos
governamentais, no ano de 2000, através do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). Foi
conduzido um programa de plataformas tecnológicas, selecionando o APL Farmacêutico
(Goiânia/Anápolis) e também o APL de Grãos, Aves e Suínos, oriundo da região de Rio
Verde (BNDES, 2009, p. 07).
O Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequenas Empresas do Brasil (SEBRAE)
também possui papel de destaque na evolução dos APL’s em Goiás onde, a partir de 2001,
apoiou o desenvolvimento das indústrias de confecções de Jaraguá (GO), aplicando o conceito
de arranjo produtivo local. Esta ação do SEBRAE-GO junto às confecções de Jaraguá foi
extremamente positiva, fato este, que tornou o APL de Jaraguá uma das referências nacionais.
À medida que os arranjos se constituíam em Goiás, outros órgãos também se engajavam
no apoio dos APLs, tanto que em 2003, para integrar as ações e estabelecer prioridades de
apoio, foi criado um fórum informal de entidades formado pelo SEBRAE-GO, SENAI-GO e
as secretárias estaduais de Planejamento (SEPLAN), de Agricultura (SEAGRO), da Indústria
e Comércio (SIC), pela agência de Turismo (AGETUR) e pela Secretaria de Ciência e
Tecnologia (SECTEC).
Com a criação do GTP-APL em 2004, o governo federal estimulou o governo goiano a
institucionalizar a Rede Goiana de Apoio aos Arranjos Produtivos Locais (RG-APL) através
do Decreto 5.990 de agosto de 2004, sendo coordenada pela SECTEC.
Para os efeitos deste Decreto, consideram-se APL como:
Aglomerados de agentes econômicos, políticos e sociais, localizados em um mesmo
espaço territorial, que apresentem, real ou potencialmente, vínculos consistentes de
29
articulação, interação, cooperação e aprendizagem para a inovação tecnológica.
(GOIAS, 2004)
A Rede Goiana de APL é integrada por um representante, titular e suplente, de cada um
das seguintes instituições: Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia (SECTEC); Secretaria
Estadual de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SEAGRO); Secretaria Estadual de
Indústria e Comércio (SIC); Secretaria de Infra-estrutura (SEINFRA); Secretaria Estadual de
Planejamento e Desenvolvimento (SEPLAN); Agência Goiana de Desenvolvimento Industrial
(AGDI); Agência Goiana de Desenvolvimento Regional (AGDR); Agência Goiana de
Desenvolvimento Rural e Fundiário; Agencia de Fomento Goiás S/A; Federação da
Agricultura e Pecuária de Goiás (FAEG); Federação das Indústrias do Estado de Goiás;
Serviço de Apoio às Micros e Pequena Empresas em Goiás (SEBRAE-GO); Universidade
Federal de Goiás (UFG); Universidade Católica de Goiás (UCG) e Universidade Estadual de
Goiás (UEG).
A instituição da RG-APL propiciou ações que resultaram na organização do fórum
informal criado em 2003, gerando sinergia entre os órgãos, facilitando a articulação entre si,
poupando a superposição de esforços. Quando da criação da RG-APL, em 2004, 17 APLs
estavam sendo objeto de apoio no Estado. A partir daí ampliou-se expressivamente as ações e
o número de arranjos apoiados, chegando a 56 no final de 2008.
Como foco central, a RG-APL trabalha em decorrência das iniciativas federais, e teve
como principais ações a orientação e apoio na elaboração dos Planos de desenvolvimento,
seleção dos arranjos priorizados pelo GTP-APL, viabilização de recursos perante as instituições
federais, sobressaltando-se na articulação e no apoio das prefeituras e instituições estaduais.
Segundo publicação do BNDES (2009), a RG-APL é um fórum de articulação
interinstitucional cujos principais objetivos são:
a)
Selecionar os Arranjos Produtivos Locais a serem priorizados pela atuação do
governo estadual;
b) integrar as ações de promoção de APLs das diversas instituições
governamentais e não governamentais no Estado;
c) promover a interface com o GTP-APL e com as iniciativas do governo e outras
instituições federais em Goiás relativas à dinamização de arranjos;
d) apoiar a elaboração e encaminhamento de projetos das empresas e instituições
dos APLs junto aos ministérios e agências de fomento federais.
Entre os principais objetivos da RG-APL está o de propiciar a articulação entre as
instituições atuantes em APL’s no Estado, evitando a duplicação e a superposição de ações e
esforços (BNDES, 2009). A seguir será apresentada a missão e principais objetivos das
instituições que foram fundamentais na realização deste estudo.
30
Coordenadora da Rede Goiana de Arranjo Produtivo Local, a Secretaria Estadual de
Ciência e Tecnologia do Estado de Goiás (SECTEC-GO) tem por missão, “promover o
desenvolvimento local e sustentável por meio da popularização da ciência, tecnologia e
inovação, promovendo a inclusão do cidadão” (SECTEC, 2011). Esta secretaria realiza
atividades que visam facilitar o acesso aos conhecimentos científicos, tecnológicos e
inovativos, a fim de promover a inclusão do cidadão em seu pleno direito à cidadania.
As atuações da SECTEC para apoiar os APLs são concentradas em três áreas, a saber:
ampliação no nível de organização dos atores locais; implantação de infra-estrutura
tecnológica e formação de recursos humanos.
As entidades estaduais apoiadoras dos APLs são merecedoras de muitos elogios,
principalmente, quando se refere a lidar com grupo de empresas e/ou produtores que possuem
formação, hábitos, crenças, valores e costumes diferenciados, além de contarem com um
grupo reduzido de pessoas para colaborarem com os projetos de APL.
Promover a articulação entre diversas instituições, verdadeiramente, não é uma tarefa
fácil, pois nas entrelinhas, os pontos defendidos e ou trabalhados em cada instituição deve ser
evidenciado em detrimento das demais. Imagine exercer a cooperação com 15 instituições que
possuem objetivos e atividades distintas.
No APL abordado neste estudo (APL Açafrão de Mara Rosa-GO) observou-se o
envolvimento maior de algumas instituições estaduais em detrimento de outras, fato este
comum e rotineiro quando o assunto é fazer as coisas acontecerem e não esperar acontecer.
Percebe-se a partir das entrevistas realizadas2, a baixa articulação da Rede Goiana de Apoio
aos APL com as instituições parceiras da rede. Pelos pontos apresentados, acredita-se que isso
ocorre devido a alguns fatores como:
a) poucos recursos por parte do governo estadual;
b) número de pessoas envolvidas com a RG APL é baixo em relação a demanda de
trabalho;
c) postura reativa em relação às iniciativas apresentados pelo MDIC.
d) baixo estímulo para o uso de gestão de marketing aos gestores dos APLs.
Segundo informações colhidas nas entrevistas (ver item 5, “Discussão dos Resultados”),
atual governo estadual tratará os APLs como um dos pilares de desenvolvimento regional.
2
Ver item 5.1 adiante, “Análise das entrevistas nas entidades de apoio”
31
2 MARKETING
O presente capítulo tem por objetivo descrever os principais conceitos e posturas
estratégicas sobre marketing, possibilitando ao leitor o entendimento da importância deste
para as organizações. Obras de Kotler, Neves, Urdan e Urdan, Kotler e Keller, Semenik e
Bamossy e Las Casas serão discutidas neste capítulo.
2.1 Conceitos de marketing
Marketing é um termo em inglês que significa ação para o mercado, mercadologia.
Urdan e Urdan (2006, p. 07) definem mercado como “o conjunto de indivíduos, família ou
organizações com interesse e condições de realizar uma troca na posição de comprador”.
O processo de troca ao longo da história passou por transformações, inicialmente com a
pouca concentração de mercados, as trocas aconteciam em alguns lugares por caixeiros
viajantes que levavam as mercadorias para o interior das “cidades referências”. Após a
concentração de mercado, o processo de troca começa a passar por um processo de
profissionalização surgindo à figura do intermediário e de novas formas de pagamento
(KOTLER, 2000).
Para um melhor entendimento do conceito de marketing, faz-se necessário saber que sua
aplicabilidade pode ser em bens, serviços, eventos, experiências, pessoas, lugares,
propriedades, organizações, informações e ideias e o mercado alvo de atuação dos
profissionais de marketing são os seguintes: consumidor, organizacional, global e sem fins
lucrativos.
Em 1960, a American Marketing Association (AMA apud LAS CASAS, 2009, p. 03)
conceituou marketing como “o desempenho das atividades comerciais que dirigem o fluxo de
bens e serviços do produtor ao consumidor ou usuário”. Sabe-se que tal definição não é mais
aceita no ambiente mercadológico por diversas razões, dentre elas a nova visão do
consumidor frente aos bens e serviços ofertados a eles. Naquela abordagem da AMA, havia o
pressuposto de que o consumidor compraria aquilo que o produtor fabricasse e enviasse ao
mercado. As abordagens atuais centram-se nas necessidades do consumidor, cabendo ao
produtor produzir os produtos e serviços que atendam àquelas.
32
Ronald Fullerton (1988 apud SEMENIK; BAMOSSY, 1995, p. 16), apresenta um
retrato fundamentado da evolução do conceito de marketing.
a)
A Era dos Antecedentes: um longo período de gestação do marketing iniciou-se
na Grã Bretanha no século XVI e durante o século XVIII na Alemanha e
também na América do Norte. A produção e o transporte eram primitivos e 75%
a 90% da população eram auto-suficiente. Os primórdios do capitalismo eram
evidentes e os mecanismos facilitadores- bancos, bolsas de valores, papel
moeda- começaram a surgir. As primeiras versões de instituições distribuidoras
também apareceram na forma de lojas fixas de varejo, propaganda, armazéns de
depósito e vendedores viajantes. Em resumo, essa era testemunhou os
primórdios da determinação e do estímulo à demanda.
b) A Era das Origens: Iniciadas na Grã Bretanha em 1750 e nos Estados Unidos e
na Alemanha em torno de 1830, essa era incluiu o início da Revolução
Industrial. As enormes melhorias na produção e no transporte, combinadas com
a urbanização da população, geraram as origens dos mercados de massa. A
promoção de todos os tipos era evidente e os produtos eram projetados para
atrair compradores potenciais. A concorrência também se intensificou
enormemente.
c) A Era do Desenvolvimento Institucional: Iniciada em 1820 na Grã Bretanha e
em 1870 nos Estados Unidos e na Alemanha, a maioria das principais
instituições e muitas das práticas modernas de marketing surgiram pela primeira
vez durante essa era. A propaganda, a pesquisa de mercado, a melhor
distribuição física e a expansão do varejo estavam todas sendo usadas para
estimular a demanda pela produção em massa.
d) A Era do Refinamento e da Formalização: Essa era vai dos anos 1930 até o
presente. A prática de marketing continuou a se desenvolver, sendo que os
refinamentos mais importantes ocorreram no varejo, na distribuição física e na
análise de mercado foi durante esse período que as atividades de marketing
tornaram-se formalmente reconhecidas nas organizações, sendo o conceito de
marketing formalmente articulado.
Semenik e Bamossy (1995, p. 16), definem marketing, como “uma filosofia que
estabelece que o propósito fundamental de um negócio é atender aos desejos e necessidades
dos clientes”. Compreender as necessidades do mercado-alvo torna-se uma questão de
sobrevivência para as empresas que estão inseridas em um mercado que está mudando
constantemente em função de forças como a globalização, os avanços tecnológicos, ecommerce, valorização do consumidor e funcionários, etc. Forças estas que têm criado novos
comportamentos para os consumidores e desafios para as empresas.
Marketing envolve a identificação e a satisfação das necessidades humanas e sociais. As
dimensões de satisfação podem ser divididas em funcional, emocional e benefícios de uso. A
funcional refere-se aos atributos tangíveis de um produto ou serviço que podem ser medidos.
Quando se fala em satisfação emocional os consumidores buscam status, prestígio, segurança
ou qualquer outro benéfico que seja intangível e não mensurável por meio de um padrão. A
satisfação associada a benefícios de uso está relacionada com o valor ganho pela propriedade
e uso de um produto ou serviço (SEMENIK; BAMOSSY, 1995, p. 21).
No ano de 2004, definiu-se marketing como:
33
Uma função organizacional formada por um conjunto de processos que envolvem a
criação, a comunicação e a entrega de valor para os clientes, bem como a
administração de relacionamento com eles, de modo que beneficie a organização e
seu público interessado (AMA, 2004 apud KOTLER; KELLER, 2006, p.
04).
A definição de marketing pela AMA (2010) “marketing é a atividade, conjunto de
instituições e processos para criar, comunicar, distribuir e efetuar a troca de ofertas que
tenham valor para consumidores, clientes, parceiros e a sociedade como um todo”.
Conforme citado por Semenik e Bamossy (1995) anteriormente, a orientação de como
as organizações conduziam seus negócios foram ao longo dos anos alterando-se,
principalmente, em detrimento da concorrência e da mudança do comportamento dos
consumidores.
As mudanças que ocorrem no cenário em que as empresas estão inseridas sejam elas
com os consumidores ou concorrentes, exigem dos profissionais de marketing e dos gestores
das empresas uma revisão das estratégias, uma nova forma de comercializar produtos e
serviços. Entender mercado e atender às necessidades e desejos do público-alvo pode ser uma
oportunidade para gerar vantagem competitiva.
Apresentados os principais conceitos de marketing, é necessário entender como o
marketing poderá colaborar com os cumprimentos dos objetivos nas organizações. A seção
a seguir apresentará as principais atividades desempenhadas pelos profissionais de
marketing.
2.2 Processos de marketing
Para Urdan e Urdan (2006, p. 20), marketing é como “um processo de atividades e
recursos logicamente encadeados e executados que gerentes adotam para alcançar resultados
nas organizações”. Processo significa que o trabalho de marketing segue um conjunto de
atividades logicamente encadeadas e executadas para alcançar resultados.
O processo de marketing tem como propósito efetivar trocas entre fornecedores e
mercados e servem para atingir os objetivos da empresa que dependem de mercado. O
processo de marketing é desdobrado em três blocos delineado na Figura 3.
34
Figura 3: Os blocos do Processo de marketing.
Fonte: Urdan e Urdan (2006, p. 21)
As funções de um profissional de marketing são as mesmas de um administrador de
empresas, quais sejam, planejar, dirigir, controlar e organizar as atividades de marketing da
empresa. Ao desempenhar estas atividades, o gestor terá que realizar pesquisas, desenvolver
estratégias de composto de marketing, conhecer o mercado, dentre outras.
Para um entendimento das principais processos da gestão de marketing que podem ser
utilizadas em uma organização, a leitura das obras de Las Casas, (2009); Kotler, (2000);
Neves (2006), Urdan e Urdan, (2006) etc, foram fundamentais para expressar conceitos
relevantes. As seções a seguir têm por objetivo conceituar e explicar os principais processos
referentes à gestão de marketing.
2.2.1 Análise do contexto de marketing
Urdan e Urdan (2006, p. 22) afirmam que “as influências do ambiente e da empresa
criam situações tanto favoráveis quanto desfavoráveis”. Sabe-se que o ambiente empresarial é
cercado de turbulências e oscilações ambientais. A análise ambiental é um dos principais
fatores para o desenvolvimento de estratégias conectadas ao ambiente que podem trazer
resultados.
Churchill e Peter (2003, p. 26) mostra que “a análise ambiental é a prática de rastrear as
mudanças do ambiente que possam afetar uma organização e seus mercados”. Para os autores
Kotler (2000), Las Casas (2009), Mc Donald (2004) e Neves (2006), as variáveis ambientais
35
são forças não controláveis que afetam as empresas. O monitoramento constante evita
problemas e aproveita oportunidades que surgem e modificam-se no mercado.
As nomenclaturas dadas pelos autores para as variáveis ambientais em alguns fatores
são diferentes, mas, em essência, os pontos de análise são os mesmos. A seguir o quadro 1
resume as principais variáveis.
Quadro 1: Variáveis ambientais
Kotler (2000)
Econômico
Político /Legal
Sociocultural
Natural
Tecnológico
Demográfico
Las Casas (2009)
Econômico
Político / Legal
Sociocultural
Natural
Tecnológica
Demográfica
Concorrência
Mc Donald (2004)
Econômico
Político/Fiscal/Legal
Social/Cultural
---------------Tecnológico
Intra-empresarial
----------------
Neves (2006)
Econômico-naturais
Político / Legal
Socioculturais
---------------Tecnológicos
-------------------------------
Fonte: Elaboração da Autora
As variáveis ambientais compõem o macroambiente que são os fatores incontroláveis
aos quais as empresas adaptam-se por meio da administração dos fatores controláveis: o
composto de marketing (KOTLER, 2000).
Figura 4: Variáveis controláveis e incontroláveis do marketing
Fonte: Las Casas (2009, p. 14)
Os principais pontos abordados pelos autores Kotler (2000) e Neves (2006) em suas
obras no que tange aos conceitos das principais variáveis ambientais, estão sintetizados a
seguir.
a) Variável político legal exerce uma forte influência na vida dos seres humanos e nas
organizações, pois é formado por leis, órgãos governamentais e grupos de pressão que
influenciam e limitam organizações e indivíduos.
36
b) Variável econômica afeta de forma significativa os negócios, pois a existência de
mercado está relacionada com pessoas e poder de compra que depende da renda,
preços, poupança, do endividamento e da disponibilidade de crédito.
c) Variável sociocultural é moldada em função da sociedade (crenças, valores e
normas). A compreensão que as pessoas têm de si próprias, das outras pessoas, das
organizações, da sociedade, da natureza e do universo.
d) Variável tecnológica é uma das forças que mais afeta a vida das pessoas.
Acompanhar as tendências em tecnologia é uma questão de sobrevivência em função
do: ritmo acelerado das mudanças tecnologias e oportunidades ilimitadas para
inovação.
e) Variável natural diz respeito às ameaças e das oportunidades associadas às quatro
tendências do ambiente natural: escassez de matérias primas, custo elevado de
energia, níveis altos de poluição e a mudança no papel dos governos.
f) Variável demográfica refere-se a população, pois os mercados são compostos por
pessoas. Os pontos de análise devem ser: tamanho e taxa de crescimento da
população, distribuição das faixas etárias e sua composição étnica, graus de
instrução, hábitos de compra, padrões domiciliares e as características e os
movimentos regionais.
Johnson e Scholes (1998, apud NEVES, 2006, p. 39) apresentam cinco estágios para a
análise do macroambiente:
a) realizar o levantamento geral das influências do ambiente com o propósito de
identificar aos tipos de fatores ambientais que poderão influenciar a performance
da empresa;
b) avaliar a “natureza” do ambiente e o grau de incerteza e mudança existente;
c) focar os ambientes específicos (político legal, econômico, natural, tecnológico);
d) identificar a posição competitiva da empresa, as oportunidades e ameaças
provenientes do ambiente que devem ser levantadas;
e) elaborar as estratégias visando aproveitar as oportunidades geradas pelo ambiente e
também minimizar os impactos negativos das ameaças.
A análise do macroambiente pelos profissionais de marketing possibilita a criação de
estratégias adequadas frente ao conjunto de forças ambientais que afetam as condições de
competitividade. O monitoramento destas variáveis é uma tarefa contínua a ser
desempenhada nas organizações pelos profissionais de marketing. Neves (2006, p. 40)
apresenta os principais fatores de influência do ambiente, tópicos fundamentais no quadro 2.
37
Quadro 2: Fatores de influência do ambiente
Fatores político-legais
Estrutura política e legal;
Alianças e orientações políticas;
Estrutura legislativa;
Identificação e análise dos órgãos que
legitimam;
Políticas antitruste;
Estabilidade política e governamental;
Juros e cambio (no setor aspecto político);
Legislação trabalhista;
Grupos de pressão;
Poder dos sindicatos;
Leis de reciclagem de embalagens;
Restrições de empacotamento;
Restrições a tipos de comunicação;
Barreiras tarifárias;
Políticas tributárias;
Políticas de subsídios;
Certificação de produtos e/ou processos;
Outros.
Fatores Socioculturais
Demografia;
Estilos de vida;
Mobilidade social;
Níveis de educação;
Atitudes;
Consumerismo;
Padrão de comportamento;
Participação da mulher no mercado de
trabalho;
Concentração da população em grandes
cidades;
Raças / etnia;
Escassez de tempo;
Envelhecimento da população;
Individualidade das pessoas;
Ida da família às compras;
Busca por segurança;
Conveniência;
Lazer;
Distribuição de renda;
Atitudes no trabalho;
Preocupação com segurança dos alimentos;
Tamanhos da família;
Outros.
Fatores Econômico-naturais
Fatores Tecnológicos
Ciclo de vida do negócio;
Nível de investimento do governo e da
Taxa de juros;
indústria em pesquisa e desenvolvimento;
Taxa de câmbio;
Velocidade de transferência de tecnologia;
Linhas de crédito;
Ciclo de vida dos produtos;
Taxa de inflação;
A direção da transferência de tecnologia;
Níveis de investimento;
As mudanças dos custos das tecnologias;
Desemprego;
Entidades de pesquisa, institutos e
Custos de energia;
universidades que estão desenvolvendo
Tipos de instituições financeiras;
pesquisas;
Tendências de crescimento (PIB);
Programas de pesquisa;
Natureza e bases da competição doméstica Vida útil dos equipamentos utilizados;
e internacional;
Aperfeiçoamentos nos equipamentos;
Blocos comerciais;
Vendas por correio; telefone; internet;
Nível de educação;
Sanners, estoques comput e entregas;
Integração econômica;
Troca eletrônica de dados (EDI);
Concentração de fornecedores;
Modificação genética;
Concentração de compradores;
Satélites;
Disponibilidade de energia;
Digitalização;
Restrições de insumos do ambiente natural Telefone celular;
(ar, água, entre outros);
Outros.
Gastos com turismo;
Outros.
Fonte: Neves (2006, p. 40)
38
Neves (2006) “apelida” o quadro 02 como PEST colocando em tópicos os fatores
político-legais (institucionais), econômicos-naturais, sócio-culturais e tecnológicos que devem
ser levados em consideração na análise do macroambiente. O autor enfatiza que, após a
identificação dos fatores macroambientais que afetam as organizações, os profissionais
precisam transformar as informações coletadas em ações práticas, e sugere o preenchimento
do quadro 3 modelo abaixo.
Quadro 3: Direcionadores de mudança e ações que devem ser implementadas
Político/ Legal
Econômico/Natural
Sociocultural
Tecnológico
Listar os
Listar
Listar os
Listar
Listar os
Listar
Listar os
Listar
impactos /
as ações
impactos /
as ações
impactos /
as ações
impactos /
as ações
Oportunidades
da
Oportunidades
da
Oportunidades
da
Oportunidades
da
empresa
empresa
empresa
empresa
Fonte: Neves (2006, p. 41)
Na coluna de impacto/oportunidades os gestores deverão relacionar as implicações
(ameaças ou oportunidades) advindas das mudanças ambientais dos fatores macroambientais,
em ações deverão estar listadas as respectivas estratégias de atuação para cada mudança
ambiental, minimizando as ameaças e maximizando as oportunidades (NEVES, 2006, p. 41).
Após a realização da análise ambiental as empresas definem individualmente o plano
de ação visando aproveitar as oportunidades e minimizar possíveis impactos negativos
provenientes das mudanças ambientais.
Neves (2006) relata a importância de as empresas realizarem ações conjuntas,
diminuindo custos e aumentando a qualidade. Para o autor, as empresas podem realizar ações
com fornecedores, produtores, canais de distribuição ou empresas facilitadoras. O quadro 4
apresenta modelo de matriz coletiva.
Quadro 4: Matriz de ações coletivas entre membros de uma rede
Idéias de ações
coletivas com seus
fornecedores
Ação 1
Ação 2
...
Fontes: Neves (2006, p. 46)
Idéias de ações
coletivas com
seus canais
Ação 5
Ação 6
...
Idéias de ações coletivas
com empresas
Idéias de ações
facilitadoras
coletivas com seus
(transportadoras,
concorrentes
bancos, operadores
logísticos etc.)
Ação 7
Ação 9
Ação 8
Ação10
...
...
39
A realização de ações coletivas em um arranjo produtivo local proporciona aos
participantes deste melhores condições para aprendizagem e inovação, redução de custos em
transporte, viabiliza ações de marketing e consolidação da marca, possibilita a geração e
manutenção das relações entre os atores locais, proporciona soluções para as dificuldades dos
“membros” da rede, permite ganho de escala de poder de mercado, pode levar a um aumento
da eficiência econômica e, por consequência, aumentando a competitividade.
Ao analisar o contexto de marketing, o profissional reúne informações do ambiente e da
empresa, que são convertidas em decisões, definindo o que e como fazer. A quantidade de
dados obtidos no mercado é extensa e torna-se relevante utilizar o SIM.
Segundo Kotler (2000, p. 122), um sistema de informação de marketing (SIM) “é
constituído de pessoas, equipamentos e procedimentos para a coleta, classificação, análise,
avaliação e distribuição de informações necessárias de maneira precisa e oportuna para os que
tomam decisões de marketing”.
Las Casas (2009, p. 83) conceitua SIM como: “recursos humanos e tecnológicos da
empresa envolvidos de forma sistemática na coleta, qualificação, análise, disseminação e
arquivo de informações relevantes às decisões de marketing”.
Para McCarthy e Perreault (1997, p. 100), sistema de informação de marketing “é um
modo organizado de reunir e analisar continuamente dados para serem oferecidos aos gerentes
de marketing na forma de informações para a tomada de decisões”.
O sistema de informação de marketing (SIM) utiliza dados internos e externos para a
sua alimentação, é formado pelos sistemas de contabilidade, inteligência de marketing e
informática. O quadro 5 apresenta as informações geradas no SIM.
Quadro 5: Informações geradas por um SIM
FATURA
Preços
Quantidades compradas
Nomes dos clientes
Localização dos clientes
Condições de vendas
Métodos de entrega
Data do pedido
RELATÓRIOS ANUAIS
De clientes
De concorrentes
De fornecedores
Dados de associações
Folha de pagamento
Custos de fabricação
Departamento
pessoal- Por vendedor
relatório
Censo
DIVERSOS
Relatório de custos de mkt
Análise do ciclo de vida
PESQUISA
DE Percentual de fatia de
mercado
MERCADORIA
Informações de painéis Previsões
constantes
Serviços técnicos
Projeções especiais
Gráficos de demanda
PESSOAL
DE
Resposta de questionários
MARKETING
Rotatividade
Contratações
VENDAS
Por produto
Transferências
Por linha de produto
Promoções
40
Contas a receber
Contas a pagar
Estoques
Jornais de negócios
Relatório de vendedores
Por tipo de cliente
Por centro de custos
Por regiões
Por vendedores
Por concorrentes
LUCROS
Por produto
Por linha de produto
Ausência
FINANCEIRO
Crédito
Descontos por clientes,
regiões
Descontos promocionais
Orçamentos
limites
de
clientes
Novos clientes
Fonte: Las Casas (2008, p. 127)
O quadro 5 apresenta as informações que são geralmente utilizadas na formação de um
banco de dados; tem por finalidade essencial fornecer aos gestores um fluxo contínuo de
informações sobre a operação da empresa. O SIM organiza os dados coletados, tornando-os
disponíveis quando necessários, através de relatórios padronizados e atualizados.
Os benefícios da aplicação do SIM são: conhecer melhor os consumidores; estabelecer
estratégias de marketing; proporciona uma forma constante de dados objetivando facilitar o
controle do administrador.
As funções do sistema SIM de acordo com Las Casas (2008, p. 84) são:
a)
proporcionar a coleta de informações - esta função determina a necessidade de
pesquisar em várias fontes e arquivar as informações após passarem por um
processo de seleção.
b) processar informações – neste caso, o sistema deve proporcionar recursos para
que os dados sejam analisados quanto à qualidade e credibilidade,
transformados em quadros condensados e disseminados.
c) usar a informação fornecida – o sistema deve proporcionar as informações
adequadas a cada um dos principais executivos. As necessidades são diferentes
de acordo com a função, e os dados devem satisfazer a estas necessidades.
Após definidas as funções do SIM, o passo seguinte é estabelecer as informações
que deverão constar no sistema e as etapas para a coleta de informações no mercado,
utilizando o método científico e pesquisa de marketing (MCCARTHY; PERREAULT,
1997, p. 103).
A pesquisa de marketing é a ferramenta que proporciona condições para o gestor de
marketing mapear as informações e é um elemento primordial na construção de
relacionamento, além de possibilitar o estabelecimento de vantagem competitiva. Ainda
segundo McCarthy e Perreault (1997, p. 103), o processo de pesquisa de marketing é uma
aplicação em cinco etapas, a seguir:
a) definição do problema: conhecer o mercado-alvo, as necessidades dos clientes e
como a empresa pode satisfazê-las é fundamental para definir os problemas;
41
b) análise da situação: estudo informal sobre as informações disponíveis sobre o
problema, as informações podem ser coletadas de forma primária (informações
específicas coletadas para resolver um problema, tratam de estudos específicos e
demandam estudos personalizados para coleta de análise) ou secundária (informações
que foram coletadas em outro momento, dados disponíveis na empresa e ou mercado);
c) obtenção dos dados específicos do problema: realizar a coleta de dados primários,
através de pesquisa qualitativa (busca respostas profundas através de questões abertas) e
pesquisa quantitativa (busca resposta estruturada que podem ser resumidas em números);
d) interpretação dos dados: análise dos dados coletados;
e) solução do problema: a partir dos dados analisados os gerentes de marketing tomam
as decisões de marketing.
As constantes transformações no mercado exigem dos profissionais de marketing atenção,
agilidade e uma capacidade de entender os dados disponíveis e saber como coletar informações
no mercado para solucionar problemas. O fator crucial para que o SIM seja uma fonte de
benefícios para as organizações é que as informações sejam confiáveis. Para tanto é necessário
o envolvimento de todos os colaboradores e fornecedores engajados com o processo.
2.2.2 Gestão estratégica de marketing
As decisões estratégicas estabelecem os objetivos e as ações que direcionam os
objetivos. O marketing apóia na análise do contexto do marketing para prover a solução das
necessidades dos consumidores e na busca de oportunidades.
Acompanhar a evolução do mercado e identificar diferentes mercados e ou segmentos
atuais e potenciais é função do marketing estratégico.
Nos tópicos a seguir serão apresentadas as subdivisões da Gestão Estratégica de Marketing.
2.2.2.1 Segmentação de mercado e posicionamento
Mercado é um grupo de consumidores potenciais com necessidades similares que estão
dispostos a trocar algo de valor com as empresas que oferecem bens e/ou serviços. Os
42
mercados podem ser divididos em: mercado consumidor (empresas que comercializam seus
produtos e serviços de consumo em massa); mercado empresarial (empresas que vendem bens
e serviços para outras empresas) e o mercado global (são as empresas que vendem seus
produtos e serviços no mercado global) (KOTLER, 2000).
A segmentação teve sua origem no marketing de massa: Henry Ford dizia que o Ford T
seria oferecido em qualquer cor, desde que fosse preto. Ford considerava que as preferências
dos consumidores eram apenas uma e que não havia segmentos (LAS CASAS, 2008).
Urdan e Urdan (2006, p. ,6) conceituam mercado como “conjunto de indivíduos,
famílias ou organizações com interesse e condições de realizar uma troca na posição de
comprador”. A satisfação da empresas para todos os mercados torna-se complexa em função
da heterogeneidade dos comportamentos dos compradores sejam eles finais ou
organizacionais. O caminho para chegar mais próximo dos consumidores dá-se através da
segmentação.
Conforme destacado por Kotler e Keller (2006, p. 237) “um segmento de mercado
consiste em um grande grupo de consumidores que possuem as mesmas preferências”. Para
Urdan e Urdan (2006, p. 25) “segmentação significa dividir o mercado total em grupos
menores. Os clientes dentro de cada segmento devem ter perfis similares entre si e distintos de
quem pertence aos demais segmentos”. Para os autores as necessidades e desejos dos
consumidores são as principais variáveis que indicam a importância do estabelecimento da
segmentação de mercado.
Com visão semelhante, Las Casas (2008, p. 227) aponta que “segmentar significa
dividir mercados heterogêneos em grupos menores, que sejam formados por consumidores
homogêneos entre si”.
A solução para identificar as diferenças relevantes no mercado, seria reunir os
consumidores similares e selecionar o mercado-alvo. Segmentar e selecionar o mercado-alvo
é essencial para que posições competitivas sejam conquistadas pelas organizações. Segundo
Las Casas (2008, p. 228) para que a segmentação seja implementada, é necessário o
desenvolvimento de três etapas fundamentais:
a) identificação e definição do perfil de grupos específicos de consumidores potenciais,
que necessitam ou desejam produtos segmentados;
b) seleção de um ou mais segmentos de mercado;
c) determinação e divulgação dos benefícios dos produtos no mercado-alvo.
Kotler e Keller (2006); Urdan e Urdan (2006) e Las Casas (2008 e 2009) possuem
abordagens similares em relação ao papel dos profissionais de marketing que é identificar e
43
decidir em quais consumidores irá concentrar os esforços, pois necessidades, desejos,
expectativas e decisões de compra diferem de consumidor para consumidor.
De acordo com Las Casas (2008) os profissionais de marketing devem abordar o
mercado com produtos ou serviços, podendo utilizar as seguintes estratégias:
a) mercado não segmentado ou único: não recomendada para mercados competitivos.
É possível para mercados homogêneos, do tipo commodity;
b) mercado segmentado concentrado: escolha um mercado-alvo e desenvolvimento de
um composto de marketing para abordá-lo;
c) mercado segmentado diferenciado: abordagem de diferentes segmentos, pela
empresa, e utilização de compostos de marketing específicos para cada um deles.
São duas as formas tradicionais de segmentação de mercado para Las Casas (2008, p.
237):
a) Identificação de grupos de pessoas ou de empresas com características semelhantes
entre si dentro de um mercado mais amplo;
b) Combinação de grupos em mercado maior de acordo com seus interesses em
benefícios dos produtos.
De acordo com Las Casas (2008) a segunda forma de segmentar é mais recomendada
com a ajuda de softwares os segmentos podem ser formados sem dificuldades. Para agrupar e
formar segmentos os autores apresentam variáveis para segmentação de mercados que podem
ser de diversas categorias, o quadro 6 apresenta a possíveis combinações que existem no
mercado.
Quadro 6: Variáveis de segmentação
MERCADO DE CONSUMO
Características geográficas: regiões, centros urbanos, suburbanos ou rurais, cidades,
Municípios ou Estados
Variáveis demográficas/ socioeconômicas:
• Idade: crianças de 7- 10 anos, adultos, adolescentes etc.
• Sexo: masculino, feminino
• Raça: branca, negra, amarela etc.
• Nacionalidade: brasileira, argentina, alemã, italiana etc.
• Renda: 1 a 2 salários, 3 a 4 etc.
• Educação: secundária, universitária, pós-graduado etc.
• Ocupação: fazendeiros, aposentados, operários, liberais.
• Tamanho da família: 1 ou 2 membros, 3 a 4, mais de 4.
• Ciclo familiar: jovens solteiros, casados, sem filho etc.
• Religião: católicos, judeus, protestantes etc.
• Classe social: classe A, B, C ou D.
44
Variáveis psicográficas:
• Personalidade: autoritários, ambiciosos, sociáveis etc.
• Estilo de vida: atividades, interesse e opinião.
• Atitudes: favoráveis, não favoráveis.
• Percepção: como os consumidores percebem o produto: mais técnico ou menos técnico,
útil ou menos, status ou econômico, e quaisquer outros atributos que sirvam de
comparação.
Aspectos relacionados com os produtos:
• Uso do produto: intensidade alta, média ou baixa.
• Sensibilidade a preço: mais sensíveis, menos sensíveis.
• Lealdade a marca: leais, não leis, muito leais.
• Benefícios: status, economia, conveniência etc.
Variáveis comportamentais:
• Influência na compra: criança, esposa, amigos etc.
• Hábitos de compra: frequência, quantidade, locais, dias da semana etc.
• Intenção: indecisos, propensos, interessados, desejosos etc.
MERCADOS INDUSTRIAIS
• Tamanho: grandes, médias e pequenas
• Região: norte, nordeste, sul, capital, interior, São Paulo, Rio.
• Usuário do produto: indústria de plásticos, farmacêutica, produtos alimentícios etc.
Fonte: Las Casas (2009, p. 123)
O quadro 6 mostra as possíveis combinações de variáveis existentes no mercado que
podem servir de base à segmentação. A variável geográfica constitui-se como básica de
segmentação, já que as regiões apresentam comportamento de compras distintas. A empresa
pode optar por atuar em um ou mais mercados geográficos. Na segmentação demográfica, os
grupos caso divididos levando-se em consideração as características da população, como
exemplo sexo, idade, etnias, religião etc.
Quando o segmento é formado a partir de variável psicográfica, têm-se os perfis dos
consumidores em termos de estilo de vida, atitudes e personalidades. Já na segmentação
baseada em produto os agrupamentos podem ser feitos por tipo usuários ou não usuários,
incluindo oferta de produtos competitivos. Os mercados industriais podem ser segmentados
utilizando muitas das formas de segmentação de consumidores, porém, é importante ressaltar
que as empresas recebem influência da região onde estão localizadas.
Segmentar mercado proporciona à empresa maiores possibilidades de satisfazer as
necessidades e desejos dos consumidores, elaborar ações de marketing e posicionar a empresa
na mente do cliente alvo. Uma vez que os segmentos de consumidores são mapeados e se
podem identificar os grupos de interesse (público-alvo), é o momento de posicionar o produto
ou serviço da empresa perante o público-alvo.
45
O posicionamento se faz via diferenciação visando obter uma percepção privilegiada do
produto ou serviço por parte do consumidor. O trab1alho mais importante de posicionamento
ocorre na mente do comprador.
Para Las Casas (2008, p. 229) “posicionar um produto é fazer com que ele ocupe um
lugar de destaque na mente do cliente alvo, o que é obtido através de um conjunto de ações de
marketing”.
Para realizar o posicionamento de um produto, é fundamental conhecer o que está sendo
oferecido no mercado, através de pesquisa de atributos relevantes para os consumidores, e
como a concorrência se posiciona em relação atributos.
O objetivo do posicionamento é o de permitir que as empresas mostrem aos
consumidores como seus produtos diferem da concorrência.
2.2.2.2 Estratégia e vantagem competitiva
Segundo Certo e Peter (1993, p. 17), “estratégia é definida como um curso de ação com
vistas a garantir que a organização alcance seus objetivos”.
Objetivo organizacional é uma meta para qual a organização direcionas seus esforços.
Os objetivos podem ser de dois tipos e estão relacionado com o alcance das metas, as de curto
prazo (dois anos) e os objetivos de longo prazo (de três a cinco anos) (CERTO; PETER, 1993,
p. 87).
Para Neves (2006, p. 25) “estratégia está relacionada à ligação da empresa com seu
ambiente. E, nessa situação, empresa procura definir e operacionalizar estratégias que
maximizem os resultados da interação estabelecida”.
Já segundo Kotler e Keller (2006, p. 54):
Estratégia é um plano de ação para chegar lá. Para atingir suas metas, todos os
negócios devem preparar estratégias, as quais consistem uma estratégia de
marketing, uma estratégia de tecnologia e uma estratégia de busca de recursos
compatíveis.
Michael Porter (1989, p. 48) sugere três estratégias: liderança total de custos,
diferenciação e enfoque. Liderança total de Custos: a empresa se esforça para conseguir os
menores custos de produção e distribuição, podendo oferecer preços mais baixos que dos
concorrentes e obter uma maior participação de mercado e gerar vantagem competitiva.
46
Já, a estratégia de diferenciação para Porter (1989, p. 48), é “a capacidade de
proporcionar ao comprador um valor excepcional e superior, em termos de qualidade do
produto, características especiais ou serviços de assistência”. A estratégia enfoque o esforço é
concentrado em um ou mais segmentos estreitos do mercado.
As estratégias genéricas de Porter são projetadas para proporcionar a empresa uma
vantagem competitiva. O quadro 07 apresenta os pontos relevantes em cada estratégia.
Quadro 7: Estratégias Genéricas
Estratégia genérica
Liderança Total de Custos
Diferenciação
Enfoque
Experiência
e
recursos
normalmente exigidos
Investimento sustentado de
capital e acesso ao capital
Experiência em engenharia
de processos
Intensa supervisão da mão de
obra
Produtos projetados com
vistas à facilidade de
fabricação
Sistemas de distribuição com
baixo custo
Forte
capacidade
de
marketing
Talento criativo
Forte capacidade em pessoas
básicas
Reputação da corporação
quanto à qualidade ou
liderança tecnológica
Longa tradição na indústria
ou combinação única de
experiências trazidas de
outras indústrias
Combinação das políticas
acima dirigida para uma meta
estratégica em particular
Requisitos organizacionais
mais comuns
Rígido controle de custos
Relatórios
de
controle
frequentes e detalhados
Organização
e
responsabilidades
estruturadas
Incentivos
baseados
no
estrito cumprimento de metas
quantitativas
Forte coordenação entre
funções
em
P&D,
desenvolvimento de produtos
e marketing
Mensuração subjetiva e
incentivos, em vez de
mensuração quantitativa
Benefícios destinados a atrair
mão de obra altamente
especializada, cientistas e
pessoas criativas
Combinação das políticas
acima dirigida para uma meta
estratégica em particular
Fonte: Certo e Peter (1993, p. 137)
Kotler e Keller (2006, p. 55) apresentam uma maneira de estabelecer estratégias
competitivas que são as alianças estratégicas.
Essas alianças são dividas em quatro
categorias: alianças de produtos ou serviços; alianças promocionais; alianças de logística e
colaboração em preços.
Nas alianças de produtos uma empresa licencia outra para fabricar seu produto ou duas
empresas a comercializarem conjuntamente produtos complementares. Em alianças
promocionais uma empresa concorda em promover um produto ou serviço de outra. Já em
47
alianças logísticas são oferecidos os serviços de logística para o produto de outra empresa e
por fim colaboração em preços, uma ou mais empresas farão uma colaboração para a
determinação de preços. (KOTLER; KELLER, 2006, p. 55)
Certo e Peter (1993, p. 114), afirma “uma organização pode escolher uma ampla
variedade de estratégias gerais”. Os autores apresentam as estratégias gerais que são divididas
em cinco.
A primeira é a estratégia de concentração onde uma empresa se concentra numa única
linha de negócios. A segunda trata-se da estratégia de estabilidade, onde a empresa adota a
estratégia de estabilidade concentrando em uma linha ou linhas de negócios existentes e tenta
mantê-las.
Outra estratégia apresentada é a de crescimento, nesta as empresas procuram
crescimento nas vendas, lucros, participação no mercado. A estratégia de crescimento pode
ser dividida em: integração vertical (crescimento através da aquisição de outras organizações
num canal de distribuição); integração horizontal (o crescimento acontece através da
aquisição de empresas concorrentes numa mesma linha de negócios e em estratégia de
diversificação envolve o crescimento através da aquisição de empresas em outras indústrias
ou linha de negócios).
A quarta estratégia é a redução de despesas deve ser utilizada quando a sobrevivência de
uma organização estiver ameaçada, podem ser tomadas medidas estratégicas como a rotatividade
(envolve-se livrar de produtos não lucrativos, reduzindo a força de trabalho e os canais de
distribuição); estratégia de desinvestimento (venda de negócios ou defini-los como uma
organização separada); estratégia de liquidação (negócio é encerrado e seus ativos vendidos).
A última estratégia apresentada por Certo e Peter são as combinadas onde uma empresa
pode definir-se pelo uso de diversas estratégias. A implantação de estratégias e o
posicionamento da empresa no mercado proporcionam a criação de vantagem competitiva.
Para Porter a vantagem competitiva é gerada a partir do desempenho econômico
superior à média das empresas do setor, no qual a empresa está inserida. Ainda segundo o
autor existem dois tipos de vantagens competitivas a de menor custo e diferenciação,
conforme detalhado no quadro 07.
Uma visão para vantagem competitiva segundo Porter (1989, p. 51) seria, “a maneira
pela qual as empresas se organizam e realizam as atividades em separado”. Tais atividades
seriam as primárias (logística de entrada, operações, logística de saída, marketing e vendas e
serviços pós-venda) e apoio (compras, desenvolvimento de tecnologia, administração de
recursos humanos, infraestrutura da empresa).
48
A gestão eficaz das atividades (cadeia de valor) apresentadas por Michael Porter
promove vantagens competitivas. No marketing uma das principais atividades estratégias é o
correto estabelecimento do composto de marketing.
2.2.3 Gestão do composto de marketing
O composto de marketing representa as variáveis fundamentais da gestão de marketing,
um dos interesses deste estudo é avaliar a utilização ou não da gestão de marketing do APL.
Desenvolvido na década de 1960 por McCarthy, o composto de marketing ou Marketing Mix,
também conhecido como quatro pés (produto, preço, distribuição (praça) e promoção), são
ingredientes necessários para a realização da comercialização de produtos e serviços.
Figura 05: Atividades concernentes às relações de troca.
Fonte: Las Casas (2008, p. 11)
A aplicação de marketing consiste em decidir taticamente sobre o composto de
marketing, que se referem às atividades de relações de troca. A Figura 05 apresenta estas
relações de troca orientadas para mercado, de dentro para fora, onde as empresas produzem os
produtos e depois os colocam no mercado.
Figura 6: Processo de comercialização orientado para a satisfação dos desejos das necessidades dos
consumidores.
Fonte: Las Casas (2008, p. 12)
49
Conforme representado na Figura 06, o processo de comercialização passou a ser
estabelecido a partir da identificação das necessidades e desejos dos consumidores,
procurando estudar, entender, analisar as reações dos consumidores e depois produzirem e
ofertarem os produtos e serviços.
A inversão das setas da figura 05 para a figura 06 (a empresa passou a trabalhar a partir
das necessidades do consumidor) representou um grande avanço na forma de se fazer
negócios e proporcionou argumentação para que Levitt (1991) produzisse em 1960 um dos
mais conhecidos artigos na área de marketing, “Miopia em Marketing”, que destacava a visão
curta de muitas empresas que se concentravam excessivamente em fazer seus produtos,
negligenciando os interesses daqueles que os consumiriam.
O composto de marketing é um conjunto de ferramentas que as organizações utilizam
para alcançar os objetivos organizacionais. Cada um dos elementos do mix deve ser
concebido de forma a somar-se ao posicionamento exigido. Resumidamente estas ferramentas
estão listadas no quadro 8 e pontos relevantes serão discutidos a seguir.
Quadro 08: Composto de Marketing e suas subdivisões
Produto
Preço
Teste
de Política de preços
desenvolvimento
Métodos
para
Qualidade
determinação
Diferenciação
Descontos
por
Embalagem
quantidade
Marca nominal
Condições Especiais
Marca registrada
Crédito
Serviços
Prazo
Assistência técnica
Garantias
Praça
Promoção
Canais
de Propaganda
distribuição
Publicidade
Distribuição física
Promoção de vendas
Transportes
Venda pessoal
Armazenagem
Relações públicas
Centro
de Merchandising
distribuição
Logística
Fonte: Las Casas (2008, p. 05)
A seguir, os princípios relativos aos 4 Ps são apresentados.
Produto: variável produto assume papel essencial, pois representa o conjunto de
atributos, funções e benefícios que os clientes compram. Segundo Las Casas (2009, p. 186),
“produtos podem ser definidos como objetivo principal das relações de troca que podem ser
oferecidos num mercado para pessoas físicas ou jurídicas, visando proporcionar satisfação a
quem adquire ou consome”. McCarthy e Perreault (1997, p. 148) comentam que produto
“significa a oferta de uma empresa que satisfaz a uma necessidade”. Para Urdan e Urdan
(2006, p. 42) “produto é um objeto concreto ou abstrato que satisfaz a necessidades e desejos
dos consumidores”. Produto pode ser classificado em bem físico, que pode ser visto e tocado
50
ou por serviço, que é uma ação desempenhada por uma parte a outra ou também, pode ser
uma mistura de ambos. As definições principais para produtos podem ser vistas no Quadro 9,
onde de maneira resumida apresenta como os produtos podem ser básicos, ampliados,
esperado e diferenciado.
Quadro 9: Os tipos de produto
Básico
Ampliado
Conjunto
de São os benefícios
benefícios
extras adicionais ao
proporcionado pela produto que fazem
versão básica do parte
de
uma
produto.
compra.
Esperado
Benefícios que os
consumidores
esperam ou que estão
acostumados
a
receber através de
outras ofertas no
mercado.
Diferenciado
Esforço de tornar o
produto
único,
incluindo benefícios
que
possam
ser
relevantes
aos
consumidores alvo.
Fonte: Elaboração da autora com base em McCarthy e Perreault (1997).
Na comercialização, as empresas e pessoas trocam características e benefícios
representados pelo objeto comercializado na forma de produto e ou serviço. Os tipos de
produtos apresentados no Quadro 08 representam os níveis de relacionamento entre
consumidores e produtos. A classe dos produtos pode ser agrupada em produtos de consumo e
produtos industriais. Os produtos de consumo são destinados ao consumidor final, já o
industrial é utilizado na fabricação de outros produtos. Ressalta-se que um produto pode
pertencer as duas classes.
Preço: as decisões de compras são feitas com base nos preços dos produtos,
consumidores possuem desejos e necessidades ilimitadas, porém os recursos financeiros
limitados. De acordo com McCarthy e Perreault (1997, p. 14), preço “é o que é cobrado por
“algo”. Os objetivos de preços segundo Las Casas (2009, p. 221) são: retorno sobre
investimento, objetivos de concorrência, preços promocionais, fatia de mercado e fluxo de
caixa. Para o estabelecimento de preço o ideal é que estejam ajustados aos objetivos de
marketing, pois a empresa deve decidir onde deve posicionar seu produto no mercado em
termos de qualidade e preço. Neves (2006, p. 174) e Las Casas (2009, p. 223) apresentam as
etapas para estabelecer uma política de preço, a saber:
a) seleção do objetivo do preço: primeiro passo a ser realizado é decidir onde a empresa
deseja posicionar sua oferta, pois quanto mais claro os objetivos do plano de
marketing mais fácil será a determinação de preços;
b) determinação da demanda: a empresa deverá identificar o nível de demanda ao longo
do tempo;
51
c) estimativa de custos: os custos em uma organização podem ser: fixos, variáveis e
custo total. Os custos variam em diferentes níveis de produção;
d) análise dos custos, preços e ofertas dos concorrentes: importante comparar seus
custos com os dos concorrentes para saber em qual nível está operando;
e) seleção de um método de determinação do preço: definir qual método será utilizado
para determinar o preço;
f) seleção do preço final.
Os objetivos de estabelecimento de preço devem estar alinhados aos objetivos de
marketing da empresa. A empresa deve decidir onde deve posicionar seu produto no mercado
em termos de qualidade e preço. As decisões de preço devem estar alinhadas com os demais
componentes do composto mercadológico.
Neves (2006, p. 186) descreve os motivos para realizar precificação coletivas em grupo
de empresa, conforme Quadro 10.
Quadro 10: Motivos pelos quais se pode usar a perspectiva de redes a ações coletivas na
precificação.
Ações
Para aumentar o valor
percebido pelos clientes
Para reduzir a sensibilidade
a preços dos segmentos
atendidos
Descrição e exemplos
Oferta de pacotes de
produtos e serviços
Oferta de pacotes de
produtos e serviços
Programa de fidelidade em
conjunto
Dificultar a comparação com
substitutos
Para a redução de custos
Ações
conjuntas
em
marketing reduzem despesas
Terceirização de processos e
atividades
Centrais
de
compras
conjuntas
Para a comparação de Obtenção de informação de
custos
e
preços
da outras redes através de
concorrência
membros que cooperam com
informações de mercado
Idéias para a Empresa
Fonte: Neves (2006, p. 186)
No quadro acima o autor apresenta os motivos pelos quais as empresas podem trabalhar
precificação de forma coletiva. A coluna em branco refere-se ao campo para que os gestores
anotem as idéias relacionadas às ações.
Praça: pensar onde os produtos serão disponibilizados aos clientes, ou seja, como eles
sairão da empresa e chegarão até os consumidores alvo. As principais atividades do composto
52
distribuição (praça) são: canal de distribuição e movimentação física. Para Las Casas (2009,
p. 246) canal de distribuição é “o caminho que as mercadorias seguem desde o produtor até o
consumidor.
Os canais podem ser: fabricante-consumidor; fabricante-varejista; consumidor;
fabricante-atacadista-varejista-consumidor;fabricante-agente-varejista-consumidor;fabricanteagente-atacadista-varejista-consumidor. De acordo com Las Casas (2009, p.251) “os
varejistas são os intermediários que vendem diretamente aos consumidores.” Las Casas (2009,
p. 253) conceitua “o atacadista é o tipo de intermediário que se caracteriza por não vender ao
consumidor final”.
Neves chama a atenção para a oportunidade que o canal de distribuição proporciona
para ações coletivas entre empresas. Para o autor (2006, p. 147):
Como os canais são fontes de diferenciação da oferta, uma vez que mais facilmente
podem disponibilizar produtos aos consumidores, além de prestar serviços, empresas
podem se unir para compartilhar canais de distribuição para que consigam
complementar sua cobertura de mercado.
Quadro 11: Enfoque de ações coletivas em canais de distribuição
Motivo pelo qual se pode
usar o enfoque de ações
coletivas em canais de
distribuição
Acesso
a
diferentes
segmentos de mercado de
ofertas complementares.
Fortalecimento dos canais
de uma empresa individual
União de esforços de
empresas concorrentes para
atuação em mercados pouco
conhecidos
Descrição e exemplos
Duas empresas que tenham
que
tenham
interesse
complementares com relação
a segmentos de mercado
podem compartilhar canais e
ambas poderão aumentar
vendas com esforço muito
menor que se cada uma
tivesse que desenvolver
independente seu canal para
o novo segmento buscado.
Duas empresas podem tornar
seus canais muito atrativos
ao
consumidor
quando
combinam
ofertas
complementares.
Duas empresas concorrentes
que não tenham escala e
experiência em mercados
internacionais podem se unir
para
abrir
mercados
internacionais, com joint
ventures bem planejadas.
Idéias
53
Bloqueio de canais de As distribuições de empresas
distribuição para empresas podem atuar em conjunto
concorrentes
para dificultar o acesso de
novos entrantes.
Ganhos em economia de Duas empresas concorrentes
escala por concorrentes ao podem decidir que ganham
explorar melhor os ativos ao
unir
esforços
em
da função de distribuição
distribuição e passam a
competir
sobre
outras
variáveis de marketing, tal
como
produto
ou
comunicação.
Eventos conjuntos
Empresas podem reunir os
canais
para
eventos
conjuntos.
Fonte: Neves (2006, p. 147)
No Quadro 11 Neves tenta explicar motivos para pensar ações conjuntas referentes a
canais de distribuição, como eventos, acesso a novos mercados e da união de empresas.
Promoção: significa comunicação. O processo de comunicação envolve um
comunicador, uma mensagem e um receptor. As organizações comunicam com o mercado
utilizando o composto promocional, que é uma combinação e relação dos tipos de promoções
realizadas em um período (LAS CASAS, 2008). As principais ferramentas do composto
promocional estão descritas no quadro 12.
Quadro 12: Principais ferramentas de comunicação
Propaganda
Anúncios (TV,
Rádio
Anúncios
impressos
e
eletrônicos
Embalagens
externas
Encartes
de
embalagens
Filmes
Manuais
e
brochuras
Cartazes
e
folhetos
Catálogos
Outdoors
Painéis
Displays
no
Promoção de
Vendas
Concursos,
jogos, loterias e
sorteios
Prêmios
e
presentes
Amostragem
Feiras setoriais
Exposições
Demonstrações
Cupons
Reembolsos
parciais
Financiamento a
juros baixo
Concessões de
troca
Programas de
fidelização
Relações
Públicas
Kits
para
impressa
Palestras
Seminários
Relatórios
anuais
Doações
Patrocínios
Publicações
Relações com a
comunidade
Lobby
Mídia
de
identificação
Revista
ou
jornal
da
empresa
Eventos
Vendas
Pessoais
Apresentações e
vendas
Reuniões
de
vendas
Programas de
incentivos
Amostras
Feiras
e
exposições
Marketing
Direto
Catálogos
Malas diretas
Telemarketing
Vendas
eletrônicas
Vendas
por
meio
da
televisão
Mala direta via
fax
E-mail
Correio de voz
54
ponto de venda
Material
audiovisual
Símbolos
e
logotipos
Fitas de vídeo
Fonte: Neves (2006, p. 116)
Para Neves (2006) o composto promocional é fértil para a realização de ações conjuntas
com outras empresas, o autor apresenta algumas oportunidades para o uso de ações coletivas,
conforme quadro 13 a seguir.
Quadro 13: Oportunidades de ações coletivas
Ações
Descrição
Propaganda conjunta
Propaganda coletiva para
crescimento do mercado
como um todo
Promoção de vendas casada
Relações públicas
Desenvolvimento de lobby
Participação conjunta em
feiras e eventos
Compartilhar
vendas
força
Outros
Fonte: Neves (2006, p. 129)
de
Empresas realizarem propaganda
conjunta. Ocorre muito entre
varejista e indústrias, mas existem
casos entre empresas da mesma
indústria, ou entre empresas que
têm o mesmo mercado-alvo.
Empresas alocam parte da verba
como verba a ser gasta para
aumento no consumo do produto
genérico da indústria, para que
todas as empresas participantes se
beneficiem.
Na compra de um produto leva-se
outro produto, de outra empresa ou
um concurso conjunto entre
empresas.
Empresas
compartilharem
a
infraestrutura de relações públicas e
estimularem o desenvolvimento do
mercado como um todo.
Empresas trabalharem em conjunto
para a formação de opinião pública
favorável ao produto.
Compartilhando
stands,
áreas
comuns de exposição.
Empresas não concorrentes podem
compartilhar força de vendas para a
divulgação de produtos e serviços
complementares.
Oportunidades
(idéias) para a
empresa
55
Em síntese o composto promocional é o meio que as empresas têm para informar aos
consumidores potenciais sobre o produto, seus valores e onde podem comprá-lo.
2.3 A utilização dos conceitos da gestão estratégica de marketing como fonte de
vantagem competitiva em arranjos produtivos locais
Como anteriormente exposto, um APL surge da união e cooperação de diversas
empresas dentro de um contexto de aglomeração de negócios com uma única finalidade.
Conforme comenta Quirici (2006, p. 68):
Como fatores determinantes para as aglomerações... são consideradas as ações
planejadas, intencionais e deliberadas destas sobre as externalidades e sobre as
imperfeições de mercado buscando ganhos de eficiência coletiva e de
competitividade. Abrange ações de lideranças empresariais, cientificas e públicas
atuando em cooperação buscando criar instrumentos, políticas e práticas dirigidas a
estimular o aproveitamento dos recursos locais endógenos e impulsionar novos
estilos de gestão e de desenvolvimento baseados nas potencialidades das economias
locais.
Isso demonstra que o planejamento, que é tido como um item importante para as
empresas deve ser uma das bases para uma boa gestão do APL. Com isso, a gestão de
marketing pode potencializar a capacidade das empresas participantes de se conectar-se com
mercados consumidores.
Pride e Ferrel (1977 apud LAS CASAS, 2009, p. 26) apresenta um resumo das
atividades referentes à gestão de marketing no quadro 14.
O quadro 14 de forma sucinta descreve as principais atividades que são realizadas por
um profissional de marketing desde o estabelecimento dos objetivos da organização, da
análise do mercado, do desenvolvimento do composto mercadológico, a implementação e
controle do marketing na empresa.
Quadro 14: Atividades gerenciais de marketing
Área da atividade
Informações de marketing
Atividades exigidas
Planejar testes mercadológicos; observar e analisar
comportamento do consumidor; analisar e interpretar
informações rotineiras, como dados de vendas; efetivar
testes de mercado; analisar oportunidades; providenciar
informações para a administração para que possa tomar de
decisões
adequadas.
Quanto
às
ferramentas
mercadológicas, criação de valor e manutenção de
relacionamentos.
56
Produto
Preço
Distribuição
Promoção
Administração de marketing
Desenvolver e testar novos produtos; modificar produtos
atuais; eliminar produtos que não satisfaçam
consumidores; formular políticas de marcas; criar
garantias e pensar na forma de cumprir as garantias;
planejar embalagens, incluindo planejamento de materiais,
tamanhos, formas, cores e desenhos. Desenvolvimento de
marcas fortes.
Formular política de preço, determinar métodos para
determinação de preços; determinar descontos para vários
tipos de compradores; estabelecer condições e prazos de
vendas; analisar preços dos concorrentes. Decidir sobre
preços que agregam valor.
Analisar os vários tipos de canais de distribuição;
desenvolver canais; planejar um programa para
relacionamento com intermediários; estabelecer centros de
distribuição; formular e implantar procedimentos para
manuseio interno de produtos; controlar estoques; analisar
métodos de transportes; minimizar custos de distribuição;
analisar possíveis localizações para fábrica, loja ou outros
estabelecimentos. Estabelecer e administrar redes.
Implantar objetivos de promoção; determinar os mais
importantes tipos de promoção; selecionar e programar
mídias; desenvolver mensagens publicitárias; medir a
eficiência do comercial; recrutar e treinar pessoal de
vendas; estabelecer territórios de vendas; planejar e
implantar programas de promoção de vendas, como
amostra grátis, cupons, displays, concursos, concursos de
vendas, propaganda cooperativa; preparar e disseminar
releases de publicidade. Providenciar comunicação no
móbile marketing, second life, entre outras tendências.
Estabelecer objetivos de marketing; planejar as atividades
de marketing; coordenar e integrar atividades de
marketing; motivar as pessoas responsáveis pela execução
do plano; avaliar e controlar o desempenho das atividades
de marketing.
Fonte: Las Casas (2009, p. 26)
Amaral (2010, p. 26) acrescenta que
Arranjos Produtivos Locais (APLs) são aglomerações espaciais de agentes
econômicos, políticos e sociais, com foco em um conjunto específico de atividades
econômicas que apresentam vínculos e interdependência. Objetivam reduzir custos
operacionais e de transações, diluir riscos, utilizar de forma conjunta recursos,
aproveitar a sinergia existente, compartilhar informações técnicas, produtivas e
mercadológicas (AMARAL, 2010, p. 26).
O compartilhamento de oportunidades mercadológicas ajuda no desenvolvimento da
região e do próprio APL. Pois, por serem em sua maioria pequenos produtores ou
empreendedores, muitas vezes uma única empresa não consegue atender à demanda ou aos
57
requisitos de maneira isolada e, com a otimização da aplicação dos recursos, isso torna-se
possível.
Corroborando com essa idéia, Ramírez-Rangel (2001, p. 154) considera que a
cooperação vai além da mera troca de informações, possibilitando a criação de ambiente
institucional que permita a “coordenação de vários atores para trabalhar com eficácia”. Neste
sentido redes criadas pela cooperação de pequenas e médias empresas (PMEs) tornam-se
fontes propulsoras de economias de escala.
Rosa (2004) demonstra, em seu estudo, que existe uma relação profunda entre a
cooperação e a vantagem competitiva sendo que essa última é resultado da primeira.
Quirici (2006) comenta, ainda, que o aproveitamento das vantagens competitivas da
economia de escala, do direcionamento de investimentos comuns ao APL, dinamização
econômica e de emprego e da criação de mecanismos que facilitem a aproximação das
empresas com os mercados potenciais são os objetivos dos agentes de integração para
consolidar o APL.
Bispo (2004, p. 65) acrescenta nessa discussão a conexão entre as alianças formadas em
torno de uma cooperativa ou de serviços compartilhados pelas empresas com a vantagem que
ela pode ter no mercado e desenvolver uma gestão de marketing competitivo.
Rosa (2004, p. 50) apresenta o conceito de que uma das funções da administração de
APLs é encontrar soluções para os problemas organizacionais e mercadológicos dos
participantes:
Desta forma a dinâmica de um cluster pode ser determinada pelo fato de as
empresas nele inseridas realizarem atividades semelhantes e/ou utilizarem mão-deobra específica disponível em poucas regiões, ou utilizarem as mesmas matériasprimas, ou necessitarem das mesmas condições climáticas ou de solo para a sua
produção, por fornecerem para o mesmo cliente que exige proximidade ou ainda por
processos históricos ou culturais (ROSA, 2004, p. 57).
Andrade (2008), em seu estudo sobre o APL de confecções do Agreste de Pernambuco,
comenta que “em termos de estratégias de comercialização, de manutenção e ampliação de
acesso aos mercados” existe uma enorme importância dos órgãos do APL e de seus parceiros.
Isso levou os empresários a direcionarem recursos, antes alocados apenas no marketing da
empresa, para a criação e o lançamento da marca do APL. As empresas passaram a adotar
também as marca do APL à das suas empresas. Por fim, foram criados centros de comércio
dos produtos do APL.
Porter (1991) destaca que a competição existe não apenas entre empresas, mas
também entre regiões, o que faz com que a cooperação regional seja uma das alternativas para
a elevação da competitividade das empresas, e por extensão, para o desenvolvimento das
58
regiões. A utilização da gestão estratégica de marketing pode proporcionar o fortalecimento
da marca do APL, que é primordial para dar visibilidade da região ao produto.
59
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O presente estudo tem como objetivo geral entender como a gestão estratégica de
marketing poderia ser utilizada em arranjo produtivo local, sendo a Cooperativa dos
Produtores de Açafrão de Mara Rosa (GO) a unidade escolhida para estudo empírico. Visando
atingir o mencionado objetivo, a metodologia utilizada desdobrou-se em quatro fases, quais
sejam: (1) revisão da literatura, (2) levantamento sobre arranjos produtivos locais; (3)
entrevistas com especialistas no tema arranjos produtivos locais em entidades e órgãos
públicos; (4) estudo de caso do APL de Açafrão de Mara Rosa (GO).
A primeira fase da pesquisa teve por finalidade a revisão da literatura sobre arranjo
produtivo local e marketing em livros, teses, dissertações, artigos, além de informações em
documentos de órgãos públicos. As principais obras abordadas na fundamentação teórica
sobre APL’s foram Gerolamo (2007), Jauhar (2008), Patias (2008), Reis (2008), Cassiolatro e
Lastres (2003), Cassarotto (2003), e as obras da área de marketing foram Kotler (2000),
Neves (2006), Urdan e Urdan (2006) e Kotler e Kotler (2006).
Para cumprir a segunda fase da pesquisa, utilizou-se a pesquisa documental por meio de
informações disponibilizadas pelo Ministério da Indústria e Comércio (MDIC), pela
Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado de Goiás por meio da Rede Goiana de Apoio
aos Arranjos produtivos locais (SECTEC/RG-APL), pela Secretaria de Indústria e Comércio
do Estado de Goiás (SIC) e pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
(SEBRAE). Na oportunidade, foram identificados os cinco APLs estabelecidos como
prioritários pelo MDIC para Goiás de acordo com o Plano Plurianual (PPA) 2008-2010. Os
APLs são: 1) Açafrão de Mara Rosa e Região; 2) Mandioca e Derivados; 3) Lácteo da Estrada
de ferro; 4) Moveleiro de Goiânia e 5) Cerâmica Vermelha. Com essa etapa, pode-se
identificar e descrever o APL de Açafrão de Mara Rosa e Região que consta como terceiro
objetivo específico deste estudo.
Na terceira fase, foi realizado estudo de campo formado por entrevistas com
especialistas (pesquisa qualitativa) no tema arranjos produtivos locais em entidades e órgãos
de governo. Foram entrevistados: (1) a coordenadora geral de Arranjos Produtivos Locais do
Ministério da Indústria e Comércio (MDIC), (2) A gerente de Ações Locais da Rede Goiana
de Apoio aos Arranjos Produtivos Locais da Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado de
Goiás (SECTEC /RG-APL), (3) a coordenadora institucional de Arranjos Produtivos Locais
da Secretaria de Indústria e Comércio do Estado de Goiás, (4) o Gestor de Arranjos
60
Produtivos Locais do SEBRAE (GO) e (5) Diretores da Cooperativa do Açafrão, em visita
realizada in loco no mês de março à Cooperativa do Açafrão localizada em Mara Rosa. Esta
fase será detalhada na seção 3.2. Na seção seguinte serão apresentadas as modalidades de
pesquisa utilizadas para a realização desta dissertação.
A quarta fase da pesquisa, o estudo de caso sobre o APL de Açafrão de Mara Rosa, foi
elaborada utilizando duas evidências principais3: (a) levantamento documental e literário
sobre a gênesis do referido APL, com abordagem sobre a microrregião de Porangatu, o
município de Mara Rosa (GO), o histórico e evolução do açafrão cultivado em Goiás, e o
Arranjo Produtivo Local do Açafrão, cuja existência se materializou com o Plano de
Desenvolvimento Preliminar apresentado ao MDIC em 2007; (b) entrevistas realizadas pela
autora com os dirigentes da Cooperaçafrão de Mara Rosa; participaram: o Presidente, o
Diretor Comercial, a Diretora de Administração e Comunicação; esta entidade foi escolhida
para aprofundar o entendimento sobre o APL objeto de estudo porque teve papel fundamental
em sua formação. A alínea (a) do estudo de caso está descrita a seguir no item 4.0, “O arranjo
produtivo local do Açafrão de Mara Rosa” dedicado especialmente ao APL em estudo. A
análise alínea (b) está contida no item 5.2, “Análise das entrevistas com os dirigentes da
Cooperaçafrão”.
3.1 Modalidades de pesquisa
Segundo Barros e Lehfeld (2007, p. 82) “a pesquisa científica consiste na observação
dos fatos tal como ocorrem espontaneamente, na coleta dos dados e no registro de variáveis
presumivelmente relevantes para análises posteriores”.
As pesquisas podem ser classificadas quanto à finalidade, objetivo, abordagem dos
problemas e técnicas e procedimento utilizado. Quanto à finalidade a pesquisa é divida em
pesquisa básica que busca gerar conhecimentos novos, sem a preocupação com aplicações
práticas, já a pesquisa aplicada visa gerar conhecimentos para a aplicação prática e solução de
problemas (MENDONÇA, 2008a). Neste estudo foi utilizada a pesquisa aplicada.
Quanto ao objetivo a pesquisa é exploratória, que segundo Mendonça (2008a, p. 36),
“exploratória, pois tem por objetivo obter maiores informações sobre um assunto, definir
3
Yin (2005) considera como evidências de um estudo de caso: documentação, registros em arquivos, entrevistas,
observação direta, observação participante e artefatos físicos.
61
objetivos e identificar um novo tipo de enfoque. Busca-se compreender questões referentes a
marketing nos arranjos produtivos locais, principalmente, o caso estudado.
Quanto à abordagem do problema a pesquisa é qualitativa, pois considera que há uma
relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o
mundo objetivo e a subjetividade, é menos estruturada e mais flexível e não tem a
preocupação em mensurar e quantificar informações, não faz uso de procedimentos
estatísticos (MALHOTRA, 2005; MENDOÇA, 2008a; BARROS; LEHFELD, 2007).
Quadro 15: Pesquisa Qualitativa versus Pesquisa Quantitativa
Objetivo
Amostra
Coleta de dados
Análise de dados
Resultado
Pesquisa Qualitativa
Obter uma compreensão
qualitativa das razões e dos
motivos básicos
Pesquisa Quantitativa
Quantificar os dados e
generalizar os resultados das
amostras para a população
de interesse
Número pequeno de casos Número grande de casos
não representativos
representativos
Não- estruturada
Estruturada
Não-estatística
Estatística
Desenvolver
uma Recomendar um curso de
compreensão inicial
ação final
Fonte: Malhotra (2005, p. 114)
Quanto às técnicas e procedimentos, estabeleceu-se pela pesquisa bibliográfica,
documental e estudo de caso por ser um método de pesquisa empírica que investigam um
fenômeno contemporâneo dentro do seu contexto real, em que as fronteiras entre o fenômeno
não são claramente definidas. O estudo de caso utiliza múltiplas formas de evidência para a
coleta dos dados requeridos, descreve a situação do contexto que está sendo realizada a
investigação (MENDONÇA, 2008a, p. 39).
A fim de coletar os dados definiu-se por utilizar entrevista dirigida, que segundo
Mendonça (2008, p. 51) “é conduzida por um roteiro de perguntas previamente estruturado,
forma de questionários [...]”. As entrevistas utilizadas encontram-se nos apêndices A; B; C; D
e E.
Também faz parte das técnicas utilizadas nesta pesquisa, o estudo de caso que, segundo
Yin (2005), baseia-se em várias fontes de evidências, o que permite a triangulação ou
amarração do entendimento do fenômeno estudado, e é ideal: para responder a questões do
tipo “como” e “por que”, quando o foco de interesse se encontra em fenômenos atuais
inseridos no contexto da vida real e para o conhecimento de fenômenos individuais,
organizacionais, sociais, políticos e de grupo.
62
A seção seguinte detalha o procedimento utilizado para coletar os dados na pesquisa de
campo.
3.2 Estudo de campo – levantamento de informações
O levantamento das informações iniciou-se no momento em que se decidiu por entender
o marketing nos Arranjos Produtivos Locais. Foram feitos contatos com pessoas das diversas
esferas que envolvem o assunto estudado. No caso específico do MDIC, localizado em
Brasília (DF) o contato ocorreu por telefone, e posteriormente a entrevista dirigida foi
encaminhada por meio eletrônico à Coordenadora de APL.
Para as entidades situadas em Goiânia, como a Rede Goiana de Apoio aos Arranjos
produtivos Locais (SECTEC-GO/RG-APL) e Secretaria de indústria e Comércio (SIC-GO) o
primeiro contato ocorreu através de telefone, cujo objetivo era agendar um horário para
entrevista informal visando entender o assunto relacionado a APL. Como o gestor do APL
pelo SEBRAE reside em Goianésia (GO), os contatos foram por telefone e a entrevista foi
encaminhada por meio eletrônico.
Quadro 16: Formas de contato
Forma de contato
1º Contato
2º Contato
3º Contato
4º Contato
MDIC
Telefone
Telefone
E-mail
Telefone
SECTEC / SIC
Telefone
Entrevista pessoal
Telefone
Entrevista pessoal
SEBRAE
Telefone
Telefone
E-mail
Telefone
Gestores APL
Telefone
Entrevista pessoal
Telefone
Telefone
Fonte: Elaboração da autora
Foram elaborados cinco roteiros de entrevistas dirigidas. O primeiro roteiro
(APÊNDICE A) foi encaminhado por meio eletrônico para a entidade de apoio federal
(MDIC) onde o objetivo central era identificar como esta instituição capacita e multiplica a
visão de marketing para a esfera estadual, neste caso a SECTEC / Rede Goiana de APL o
entrevistado ocupa o cargo de Coordenadora Geral de APLs.
O segundo roteiro (APÊNDICE B) serviu de base à entrevista que foi realizada in loco
na SECTEC-GO, entidade da esfera estadual responsável pela Rede Goiana de Apoio aos
Arranjos Produtivos Locais (RG APL’s), tendo como respondente a Gerente de Ações Locais.
Pretendeu-se identificar quais ações são realizadas para capacitar os gestores de APL’s e
63
empreendedores na área de marketing. As entrevistas com as entidades de apoio foram
realizadas nos meses de dezembro de 2010 a janeiro de 2011.
Em visita à SIC-GO, a respondente, gestora institucional do APL de Açafrão, respondeu
às questões abordadas no APÊNDICE C, cujo objetivo era identificar o que a SIC faz no APL
em relação a marketing.
O terceiro roteiro (APÊNDICE D) foi direcionado ao gestor de Arranjos Produtivos
Locais do SEBRAE, onde o foco era identificar como acontecem as capacitações e aplicação
das atividades da área de marketing do APL.
O APÊNDICE E foi um roteiro que embasou entrevista dirigida realizada com os
diretores da Cooperativa dos Produtores de Açafrão de Mara Rosa - Cooperaçafrão, localizada
na cidade de Mara Rosa, estado de Goiás. A entrevista teve por objetivo identificar as
atividades de marketing realizadas no APL sob a orientação das entidades apoiadoras
(SECTEC-GO e SEBRAE-GO), bem como verificar como ocorre às capacitações na área de
marketing.
O APL do Açafrão de Mara Rosa e Região, localizado no Norte Goiano, foi selecionado
para ser estudado em função dos seguintes critérios: (a) ser um APL prioritário estabelecido
pelo MDIC; (b) ser um arranjo fomentado pela SECTEC; e (c) ser significativo dentro do
Estado de Goiás e pela acessibilidade de dados primários e secundários.
64
4 O CASO
4.1 Microrregião de Porangatu
O norte goiano compreende 26 municípios ocupando um território de 36.726,364 km²,
divididos em duas microrregiões Porangatu e São Miguel do Araguaia, que correspondem a
11,39% da área do Estado, uma área de cerrado, com diversidades na fauna e flora, coberta
por rios. A microrregião de interesse neste estudo é a de Porangatu, região onde se encontra o
município de Mara Rosa.
Os municípios limítrofes da microrregião de Porangatu são Alto Horizonte, Amaralina,
Bonópolis, Campinaçu, Campinorte, Campos Verdes, Estrela do Norte, Formoso, Mara Rosa,
Minaçu, Montividiu do Norte, Mutunopolis, Niquelândia, Nova Iguaçu de Goiás, Porangatu,
Santa Tereza de Goiás, Santa Terezinha de Goiás, Trombas e Uruaçu (SEPIN, 2011). O mapa
da microrregião encontra-se na Figura 12.
Figura 7: Microrregião Porangatu
Fonte: SEPIN (2011)
Tabela 2: IDH Norte Goiano X Goiás
1991
Norte Goiano
Longevidade 0,612
0,681
Educação
0,577
Renda
0,623
IDH-M
1991
Estado
0,688
0,765
0,667
0,700
Fonte: Elaboração a partir dos dados SEPIN (2011)
2000
Norte Goiano
0,707
0,822
0,624
0,718
2000
Estado
0,745
0,866
0,717
0,776
65
A tabela 02 apresenta um comparativo dos Índices de Desenvolvimento Humano
referente à educação, renda e longevidade entre os anos de 1991 e 2000. Nota-se que a região
norte do estado de Goiás se encontra abaixo da média goiana no que tange ao índice de
desenvolvimento humano.
Quanto aos aspectos naturais, a microrregião Porangatu apresentou calcário, chumbo,
cianita, cobre/outro e prata, manganês, mica, muscovita, níquel, ouro e fosfato (SEPIN,
2011).
Os eixos rodoviários que cortam o município de Mara Rosa são a BR-153 (faz a ligação
norte-sul do estado), BR-080 (ligação para Brasília) e BR-414 (liga ao mercado do Distrito e
GO-164 (conhecida como estrada do boi). A região será beneficiada com a construção da
ferrovia norte-sul que será de aproximadamente 269 km de estrada férrea, abre-se novas
oportunidades como emprego, redução do custo de transporte, crescimento do agronegócio,
aumento da arrecadação, atração de imigrantes etc (SEPIN, 2011).
Figura 8: Norte-Sul
Fonte: SEPIN (2011)
Das cidades pertencentes à microrregião de Porangantu, Mara Rosa possui um destaque
especial para a produção do Açafrão, onde, atualmente, é considerada a maior produtora de
açafrão do país.
66
4.1.1 O município de Mara Rosa
Mara Rosa teve sua origem em 1742, com o processo de povoamento do município
devido à descoberta de ouro em grande quantidade próximo ao Rio do Ouro, sendo o
município por sua vez, chamado de Rio do Ouro. Após um século, o pequeno povoado é
considerado como vila ou distrito de Pilar de Goiás pela Lei Providencial n° 14, de 23 de
julho 1835 e, em 1933, é integrado ao território de Uruaçu (SEBRAE, 2006, p. 06).
A atividade de mineração do distrito de Amaro Leite, assim denominado em virtude de
seu descobridor, promoveu um desenvolvimento, graças à instalação da energia elétrica e
também da construção de estradas e vias públicas, que culminou na emancipação do distrito a
município em 1954. Em 1963, pela Lei Estadual nº 4497, de 2 de setembro, transferiu-se a
sede municipal para as proximidades da rodovia BR-153, devido a insalubridade na sede
antiga, passando a denominar-se "Mara Rosa", em homenagem às filhas do fundador da nova
povoação: Rosa Maria e Maria Rosa (BORGES, 2009, p. 17).
Mara Rosa se localiza a 331 km da capital do estado de Goiás, possui como área territorial
1.688 km², seus habitantes chegam a 10.659, cuja densidade é de 6,17 habitantes por km². Dos
seus habitantes, 74,1 % são residentes na zona urbana e 25,9 na zona rural (IBGE, 2011).
Mara Rosa localiza-se a 530,0 m de altitude e com longitude de 49º10´40.80” a oeste do
Meridiano de Greenwich (W.Gr) e latitude de 14º 01´01.20” ao Sul da linha do Equador Atlas
(2000 apud BORGES, 2009, p. 17).
Mara Rosa
Goiânia
Figura 9: Localização do município de Mara Rosa no estado de Goiás
Fonte: IBGE (2011) Adaptado pela autora
67
O açafrão chegou a Mara Rosa por intermédio dos garimpeiros. Os garimpeiros
plantavam mudas de açafrão, nos locais onde encontravam o ouro, e aproveitavam-se do
plantio para posteriormente usá-lo como tempero em suas refeições. Como a planta encontrou
condições ideais, de clima e solo para seu desenvolvimento, e sabendo de seu valor como
corante e tempero, não demorou muito para moradores da região começarem a cultivá-lo, e
com o tempo a região se tornou referência no cultivo até se tornar o maior produtora brasileira
de açafrão. Mara Rosa, região onde o cúrcuma longo, popularmente conhecido como Açafrão
encontrou o habitat ideal para a produção.
A tabela 3 indica a quantidade de produtos produzidos e colhidos em Mara Rosa no ano
de 2009, como pode ser observado, a produção e colheita do açafrão in natura são superiores
às demais.
Tabela 3: Produtos produzidos e colhidos em Mara Rosa, 2009
Produtos
Qte
Produzida/T
Área
Colhida/ha
Milho
Arroz
Banana
Mandioca
Soja
Açafrão
2.240
850
390
665
-
5000*
800
600
60
35
-
250
Fonte: Elaboração da Autora
O cultivo de Açafrão é realizado por pequenos produtores rurais que na grande maioria
obtém boa parte de suas rendas a partir do cultivo dessa planta, segundo relatos dos diretores
da Cooperaçafrão.
4.2 Açafrão: Curcuma Longa
O verdadeiro açafrão é retirado dos estigmas da espécie Crocus Sativus, considerado
uma das espécies mais caras do mundo, originária do sudeste da Europa e sudoeste da Ásia
(EMPRAPA, 2011).
Figura 10: Crocus Sativus
Fonte: <http://www.qued.com.br/site/images/stories/crocus-sativus-380.jpg>; <http://www.uni-graz.at/~katzer/
pictures/croc_18.jpg>
68
A figura 15 mostra imagem do açafrão, o Crocus Sativus, obtido a partir da extração dos
estigmas das flores.
No Brasil, o açafrão plantado e colhido em grande parte das regiões é a Cúrcuma longa;
segundo Pereira e Moreira (2009, p. 01):
A Curcuma longa L., da família Zingiberaceae, conhecida como açafrão-da-terra,
cúrcuma, turmérico, açafrão-da-índia, açafroa e gengibre amarelo, é uma planta
originária da Índia e cultivada em todo o mundo tropical para uso medicinal e
condimentar.
Segundo Embrapa (2011, p. 01) a cúrcuma longa (açafrão):
É uma planta herbácea, anual, aromática, com ramificações laterais compridas. A
parte utilizada da planta é o rizoma (raiz), que externamente apresenta uma
coloração esbranquiçada ou acinzentada e amarelada internamente.
De acordo com Comtrade (2009 apud BORGES, 2009, p. 37) “o Brasil importou no ano
de 2008 cerca de 200,7 t pelo valor de US$ 240.212,00, sendo aproximadamente 185t do
produto proveniente da Índia e as demais dos Países Baixos e Vietnã”.
Figura 11: Cúrcuma Longa.
Fonte: <http://www.ademarmenezesjr.com.br/wp-content/uploads/2011/02/curcuma.gif>
De origem asiática, muito encontrada nas encostas dos morros tropicais da índia, a
cúrcuma longa atinge uma altura de 1,0 e 1,5m, apresenta folhas grandes, as flores possuem
coloração branca e amarela e não possui produção de sementes, pois os órgãos sexuais são
atrofiados (BORGES, 2009, p. 34).
O mix de produtos extraídos do cúrcuma (açafrão) são: rizomas secos, extrato de
curcumina e o açafrão em pó. A segunda imagem da Figura 16 apresenta o rizoma da
curcuma seco, que depois de transformado em pó é utilizado na culinária como condimento,
na indústria como corante para preparar laticínios, bebidas, mostardas, manteiga, cremes para
saladas, picles e tingimento de tecidos etc.
69
Pesquisas científicas realizadas em todo o mundo têm procurado identificar o “poder”
da cúrcuma para aliviar dores, tratar eczema, reduzir inflamações, estudos buscam comprovar
a efetividade na prevenção e tratamento do câncer.
4.3 O APL de Mara Rosa
A criação do APL de Mara Rosa iniciou-se aproximadamente em 1994 quando a
Liotécnica, empresa produtora de alimentos e ingredientes industriais começou a comprar
açafrão de Mara Rosa. Alguns anos se passaram e um produtor rural chamado José Silva de
Oliveira (Diquinho), fundou a associação de açafroeiros, inicialmente composta por 50
produtores (BORGES, 2009, p. 44).
A Universidade Federal de Goiás foi a primeira instituição a acreditar no açafrão, no
ano de 1997, um grupo de produtores solicitaram apoio da UFG para organizarem a cadeia
produtiva do açafrão. Os projetos desenvolvidos pela UFG foram: Desenvolvimento de
Tecnologia para o Cultivo, Industrialização e Comercialização do Açafrão, sendo que este
último resultou na construção de uma estufa para secar dois mil quilos de açafrão lavados e
fatiados (BORGES, 2009, p. 48).
O segundo projeto avaliou as perspectivas do uso de açafrão no controle de microorganismos patogênicos. Orientações por parte da UFG quanto a padronização coletiva do
produto, extração e utilização do açafrão.
Segundo Borges (2009, p. 48), “A UFG promoveu intervenções com apoio financeiro
do CNPQ, que forneceu aproximadamente R$ 114.000,00, no ano de 1999, e R$ 331.082,00
entre os anos de 2001 e 2004”. A Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento
construiu um moinho em 2007 no valor de R$ 6.000,00.
A Secretaria de Indústria e Comércio, em 2001, elaborou o Projeto de Industrialização
do Açafrão, quando o prefeito da época e um grupo de produtores rurais solicitaram apoio na
implantação de uma indústria de processamento.
De acordo com Domiciano (2007, p. 813) “em 2003, o município de Mara Rosa foi
contemplado com o financiamento para a construção de uma agroindústria para o
processamento do açafrão, com recursos do Ministério do Desenvolvimento Agrário”. O
sonho dos produtores foi concretizado no ano de 2006, ano da inauguração da unidade de
processamento e comercialização do Açafrão, com equipamentos e máquinas adequadas a
armazenagem, cozimento, moagem e secagem (SEBRAE, 2008, p. 08).
70
A prefeitura de Mara Rosa fez a doação de uma área 2.500m onde foi construída a
agroindústria de açafrão, no valor de R$ 25.000,00, cujos recursos para a construção da obra
foram disponibilizados pela Fundação do Banco do Brasil; os equipamentos foram doados
pelo CNPQ (APL, MARA ROSA, 2002, p. 32).
No ano de 2002, um grupo composto por 40 produtores rurais tiveram a oportunidade
de visitar a FI Food Ingredientes South America em São Paulo com o apoio da Secretaria de
Indústria e Comércio (SIC-GO) e SEBRAE. Segundo a Diretora Administrativa da
Cooperaçafrão, “a feira abriu meus olhos; pude ver a dimensão de onde o açafrão poderia me
levar”. Continua, “no primeiro momento, não sabia o que estava fazendo naquele lugar, mas
quando cheguei a Mara Rosa e comecei a encaminhar e-mails e receber o retorno dos
industriários querendo comprar o meu açafrão [...] tive a certeza do motivo da minha ida à
feira”.
O plano estratégico de desenvolvimento do arranjo, coordenado pela SIC, foi elaborado
em junho de 2002 por lideranças locais, representantes das instituições estaduais, e da
população do município. Neste mesmo ano, a Secretaria de Indústria e Comércio realizou 26
reuniões entre parceiros e dois eventos intitulados “Oficina do Açafrão”, objetivando
sensibilizar o cooperativismo e o interesse em empreender ações coletivas (MARA ROSA,
2002, p. 05; 29).
A Agência Goiana de Desenvolvimento Regional - AGDR, em agosto de 2002, criou o
Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento Sustentável da Região do Médio Norte
Goiano, que elaborou o Projeto de Processamento e Comercialização de Açafrão (Cúrcuma
Longa). O consórcio teve por objetivo colaborar com o desenvolvimento da região norte e o
açafrão foi um dos pontos discutidos.
Movidos pela vontade de vencer, um grupo de açafroeiros, em primeiro de junho de
criaram a Cooperaçafrão com apoio da UFG e outras entidades locais, 23 cooperados, deu-se
início aos trabalhos de um grupo de empreendedores que acreditavam na cultura do açafrão;
em 2007 este número passou para 63.
Com a razão social de Cooperativa dos Produtores de Açafrão de Mara Rosa, CNPJ
05.739.692/0001-08, a entidade possui em seu organograma o presidente, diretor financeiro,
diretor de comunicação e diretor comercialização. Conforme estabelece o Estatuto da
Cooperativa:
A COOPERAÇAFRÃO é administrada por um Conselho de Administração formado
por 10 (dez) membros, todos cooperados no gozo de seus direitos sociais, composto
por uma Diretoria Executiva com funções de direção e por Membros Vogais sem
função de direção, sendo que:
71
I – a Diretoria Executiva é formada por membros do Conselho de Administração
eleitos entre si, para os cargos de Presidente, Diretor Administrativo, Diretor
Financeiro, Diretor de Comercialização e Diretor de Comunicação.
II – o Conselho de Administração é eleito em Assembléia Geral, para um mandato
de 04 (quatro) anos e toma posse na própria Assembléia que o elegeu;
III – os atos deliberativos do Conselho de Administração são realizados em reunião
na forma prevista no Estatuto;
IV – os atos administrativos e de Direção do Conselho de Administração são
realizados pela Diretoria Executiva.
A Assembléia Geral é o órgão máximo de deliberações, seguidos do Conselho
Fiscal e Conselho Administrativo (COOPERAÇAFRÃO, 2011).
A Cooperaçafrão tem por visão “ser reconhecida no mercado mundial com auto-suficiente em produto, industrialização e comercialização do açafrão até 2012”.
Para os Diretores da Cooperaçafrão a finalidade primordial da cooperativa foi
“organizar e propiciar o caráter empresarial da comunidade produtora de açafrão do
município de Mara Rosa, predominantemente integrantes do sistema de agricultura familiar,
de forma a proporcionar melhoria das condições de vida de seus participantes e famílias”.
Em 2003, por meio de convênio com o Ministério da Integração Nacional e SEBRAE
foram direcionados para o APL, R$ 120.000,00 para a capacitação e assistência técnica aos
produtores rurais.
Segundo os diretores da Cooperativa as dificuldades foram muitas desde a criação como
exemplo, eles citam “o descrédito por parte dos produtores rurais, os atravessadores que
atuavam mais fortemente na região e as dificuldades nos trâmites da esfera estadual e
municipal”.
No ano de 2007, sob a organização da Rede Goiana os atores locais elaboraram e
encaminharam o Plano de Desenvolvimento Preliminar (PDP) do APL do Açafrão de Mara
Rosa e Região para o MDIC, que no ano seguinte o estabeleceu como prioritário.
Os
principias atores deste arranjo são: Universidade Federal de Goiás; Agência Goiana de
Desenvolvimento Regional; Banco do Brasil; Prefeitura Municipal de Mara Rosa; Secretaria
de Indústria e Comércio; Secretaria de Ciência e Tecnologia; SEBRAE; Agência Rural;
Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) etc. (BRASIL, 2007, p. 23).
Pode-se dizer que a existência do APL do Açafrão foi formalizada a partir de 2007, com o
Plano de Desenvolvimento Preliminar apresentado ao Ministério da indústria e Comércio.
Em 2007, a cooperativa organizou uma viagem a São Paulo com o grupo de gestores e
alguns produtores rurais. Levavam na mala o açafrão e uma vontade de comercializar o
produto. Segundo a Diretora Administrativa e de Comunicação da Cooperaçafrão, “Fomos
para São Paulo abrir mercado para o açafrão; estávamos com 28 toneladas do produto,
72
chegando lá.. uma única empresa precisava de 100 toneladas, para nosso espanto. Neste
momento vimos o tanto que precisamos de nos aprimorar em diversos aspectos de gestão”.
Objetivando uma melhor visualização dos principais envolvidos na criação do APL de
Mara Rosa, estabeleceu-se pela organização em quadro das principais datas, bem como da
entidade responsável.
Quadro 17: Cronograma Evolução
1997
2002
2002
2001
2003
2003
2003
2007
2011
Apoio UFG
SIC- Elaboração Planejamento Estratégico
AGDR- Criação Consórcio Intermunicipal
SIC- Projeto de Industrialização
MDIC- Construção da Agroindústria
Prefeitura de Mara Rosa (Doação da Área)
Criação da Cooperaçafrão
Rede Goiana- Elaboração do PDP
O APL conta com 99 cooperados
Fonte: Elaboração da Autora
Para a Diretora Administrativa e de Comunicação o aperfeiçoamento veio do contato
com as indústrias e com apoiadores locais, ressalta que após a construção da agroindústria
melhorou de forma significativa a qualidade, a padronização e o valor de mercado do açafrão.
Em 2011, o APL é composto por 99 produtores rurais / cooperados, de um total de 250
produtores na região. As principais formas de comercializar o açafrão são: cozido (indústria
de corantes); fatiado (atacadista e indústria de corantes); em pó (atacadista e mini indústria)
(COOPERAÇAFRÃO, 2011). A previsão de ingresso de cooperados para 2012 é de 130
cooperados; 2013 é de 160; 2014 é 180 e em 2015 é de 200 cooperados.
73
5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
A análise e discussão dos resultados foram desdobradas em três etapas principais. A
primeira etapa apresentou a análise das entrevistas realizadas com as entidades de apoio. A
segunda etapa discute a entrevista realizada com os diretores do APL (Cooperaçafrão) tendo
uma particularidade em relação às demais, pois teve por objetivo identificar o que os diretores
da Cooperaçafrão entendem por gestão estratégica de marketing. Na terceira, foi apresentado
como a gestão estratégica de marketing poderia ser aplicada no Arranjo Produtivo Local.
5.1 Análise das entrevistas nas entidades de apoio
Elaborou-se uma matriz contendo os pontos centrais solicitados aos entrevistados do
MDIC, RG-APL, SIC e SEBRAE, a análise deu-se comparando as respostas das questões
com alguma similaridade.
Quadro 18: Matriz de Análise das Entrevistas
Questões Abordadas nas Entrevistas
MDIC
Desenvolvimento APL
ok
Políticas Públicas e Incentivo ao Marketing
ok
Acesso ao Mercado (MDIC)
ok
Capacitação, incluindo Marketing
ok
Acompanhamento
ok
Recursos Financeiros
ok
RG-APL
ok
ok
ok
ok
ok
ok
SIC
ok
ok
ok
ok
ok
ok
SEBRAE
ok
ok
ok
ok
ok
ok
Fonte: Elaboração da Autora
As respostas às entrevistas estão discutidas nas seções abaixo. As análises foram feitas
não por entrevistas, mas por tema abordado conforme apresentado no quadro 17. Ou seja,
cada um dos seis itens que compôs o roteiro de entrevistas será avaliado de forma
transversal em relação às quatro entidades participantes da pesquisa (MDIC, RG-APL, SIC
e SEBRAE).
5.1.1 Colaboração e papel das entidades para o desenvolvimento dos APL’s
A primeira questão da entrevista foi a mesma para todos os órgãos participantes, ou
seja, MDIC, RG-APL, SIC e SEBRAE; o foco central era identificar como estas entidades
74
colaboraram para o desenvolvimento dos APLs, bem como verificar o papel das mesmas. A
Coordenadora Geral do APL do MDIC, explica que aquele ministério atua por meio da
Secretaria Técnica do Grupo de Trabalho Permanente para APL’s, que tem como objetivo
adotar uma metodologia de apoio integrado a APLs, com base na articulação de ações
governamentais.
Na Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado de Goiás (SECTEC), a entrevista foi
realizada na Rede Goiana de Apoio aos Arranjos Produtivos Locais (RG-APL) tendo como
respondente a gerente de ações locais. Segunda ela, o papel principal da RG-APL é
estabelecer, promover, organizar e consolidar a política estadual de inovação tecnológica
local, fortalecendo os APLs, bem como colaborar na captação de recursos financeiros para
aplicação no desenvolvimento desses arranjos.
Na Secretaria de Indústria e Comércio, a entrevista foi realizada com a gestora
institucional do APL de Açafrão, que segundo ela o papel da SIC é:
Promover a sustentabilidade dos empreendimentos, com a valorização dos
conhecimentos locais, incentivar o protagonismo e a emancipação dos segmentos
envolvidos, priorizar ações que promovam a gestão participativa dos atores locais,
com a valorização do associativismo, do cooperativismo e da autogestão
(GESTORA DO APL –SIC, 2011).
A gestora do APL / SIC conta que no ano em 2001, o então Prefeito Nilson Preto,
solicitou apoio para a construção da agroindústria do açafrão em Mara Rosa; vale ressaltar
que na época a UFG e a AGENCIARURAL já realizavam trabalhos de pesquisa em Mara
Rosa e Região. A articulação junto ao Governo Federal e às entidades parceiras também é
uma constante no papel da Secretaria. As principais atividades realizadas pela Secretaria de
Indústria e Comércio são:
a) ações de fortalecimento da governança dos arranjos;
b) promoção comercial;
c) capacitação gerencial e produtiva;
d) de redução da informalidade;
e) acesso a crédito e a mercados
O papel da SIC foi o de alavancar o projeto Açafrão de Mara Rosa, auxiliando-os nos
primeiros passos no que diz respeito às noções básicas em áreas prioritárias como:
organização, qualidade/padronização comercialização e industrialização, fazendo-os despertar
para a necessidade da mudança. É interessante notar que o apoio aos arranjos produtivos
locais é parte fundamental das atividades da Secretaria de Indústria e Comércio; de acordo
com BNDES (2009, p.14) a missão da SIC é “fomentar o desenvolvimento sustentável de
75
pequenos e médios empreendimentos produtivos localizados em aglomerações produtivas, a
partir, principalmente, de ações conjuntas e cooperativas”.
Pelo Sebrae, o gestor responsável por arranjos produtivos locais destacou que o foco
daquela entidade em Goiás é trabalhar o modo de gestão dos atores regionais inseridos em
APL’s no intuito de aprimorar e desenvolver a cadeia produtiva. “Temos também uma grande
parcela de participação na articulação de políticas públicas visando um maior
comprometimento de parceiros envolvidos no processo de desenvolvimento destes APLs”.
Percebe-se
que
no
SEBRAE
concentram-se
esforços
visando envolvimento
cooperativista e associativista, bem a capacitação dos empresários locais em práticas de
gestão.
Importante ressaltar a contribuição extremante valiosa oferecida pela Universidade
Federal de Goiás (UFG), que iniciou sua participação no ano de 1997 com um grupo de 17
professores que elaboraram e encaminharam para ao Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico, os principais projetos foram:
a) Estabelecimento de Tecnologia para o fortalecimento do Agronegócio do Açafrão –
2001 a 2004;
b) Produção do Açafrão em Função de Irrigação e Níveis de Adubação;
c) Processamento da Cadeia Produtiva do Açafrão, entre outros.
Estudos do uso do açafrão para controle de micro-organismos patogênicos e estão
tentando descobrir o efeito de substâncias do açafrão no tratamento de doenças, dentre elas o
melanoma.
5.1.2 Políticas públicas de incentivo ao marketing
Na esfera federal, o Projeto de Extensão Industrial Exportadora (PEIEX) possui uma
das poucas políticas públicas encontradas na área de marketing apoiando os arranjos
produtivos locais. Até o ano de 2009, era coordenado pelo Ministério da Indústria e Comércio
(MDIC), atualmente está sendo conduzido pela APEX Brasil - Agência Brasileira de
Promoção de Exportação e Investimentos, agência do Sistema MDIC, que possui vários
programas voltados ao acesso a mercados internacionais.
As políticas públicas do PEIEX são relacionadas a ações de promoção comercial que
segundo MDIC (2011) “prevê a celebração de convênios para a execução de atividades
76
envolvendo capacitação de gerentes de negócio, promoção comercial e marketing de
empresas localizadas em APLs, [...], a formulação de estratégias de comercialização e
marketing”. A primeira respondente não deixou clara a resposta para a pergunta.
Outra política pública na área de marketing que consta do PEIEX é a ação de pesquisa
de mercado, que pretende desenvolver projetos que orientem as empresas quantos aos
segmentos de mercado consumidor.
Na segunda entrevista a respondente afirma que existem políticas públicas para
marketing e acesso ao mercado no Estado, ressalta que esta ação é contemplada através do
programa da SIC. A coordenadora da RG diz “todas as ações voltadas para o marketing estão
relacionadas nos PDPs (Plano de Desenvolvimento Preliminar)”.
A gestora institucional do APL de Açafrão representante da Secretaria de Indústria e
Comércio (SIC), em resposta a este questionamento diz: ”não conheço nenhuma política
pública na área de marketing no estado de Goiás; se existir acredito que seja com o
SEBRAE”. Porém ela cita algumas atividades realizadas em promoção, como distribuição de
revistas ou folders, exposição de banners e produtos em feiras e participação em eventos
relacionados ao segmento como: visitas técnicas à feira Fi Food Ingredients – São Paulo/
2002 e 2004, participação na Agrocentroeste 2005 e 2006.
Entre os anos de 2005 a 2007, o APL de Açafrão participou de alguns eventos de
destaque, conforme abaixo: (1) Feira do Empreendedor organizada pelo SEBRAE, tendo
obtido mídia espontânea4 em matéria jornalística de destaque no programa Globo Rural
exibido em 2006; (2) em 2007, evento intitulado: “Açafrão: Ciência, Gastronomia e Mercado.
Tempere Seus Negócios”, com geração de mídia espontânea por veiculação de matéria
“Versatilidade à Mesa” no Jornal Hoje/Globo; (3) em 2009 e 2010, evento Feiramar – Feira
do Açafrão de Mara Rosa e Região, que gerou matérias em jornais locais e de grande
circulação.
O SEBRAE/GO trabalha em parceria com diversos entes que têm como finalidade
buscar o desenvolvimento e apoiar as micros e pequenas empresas, como é o caso do MDIC
através do PEIEX. Em todos os nossos projetos, independente do segmento de atuação. De
acordo com o gestor “trabalhamos o acesso a mercado, pois a missão de nossa entidade é de
estimular o surgimento de pequenos negócios e o desenvolvimento dos já existentes”.
De acordo com o gestor entrevistado, responsável por arranjos produtivos locais, o
SEBRAE trabalha o marketing dos empreendimentos, bem como o acesso a novos mercados e
4
No composto promocional, mídia espontânea é a comunicação não paga, classicamente conhecida como
publicidade (KOTLER e KELLER, 2006).
77
manutenção dos já existentes, por meio de capacitações, consultorias específicas, além de
participação em eventos que visem estimular a publicidade dos trabalhos realizados pelos
empreendimentos atendidos e o contato com clientes potenciais. Aquele gestor do SEBRAE
acredita que falta ao processo de desenvolvimento trabalhado pela esfera federal uma maior
ênfase ao marketing, uma vez que a política de apoio às MPE’s trabalhada por meio do
PEIEX tem como foco a estruturação das empresas visando o acesso a mercados
internacionais. De acordo com o Gestor:
É bastante claro que o foco trabalhado é o de estruturação e desenvolvimento das
empresas atendidas, porém, o trabalho do marketing, mesmo não sendo amplamente
utilizado, fica implícito nas ações realizadas pelo programa, uma vez que se busca a
participação em eventos e a capacitação dos empresários na divulgação de seus
trabalhos. Seria interessante estimular uma discussão entre os envolvidos com o
programa visando trabalhar um foco maior ao marketing, tendo em vista o potencial
retorno que pode-se conseguir através dessa área de atuação (GESTOR SEBRAE).
Percebe-se que os atores locais (apoiadores) não têm como ponto primordial a gestão do
marketing nos APLs. As ações realizadas na grande maioria são referentes a divulgação e
eventos, o que é muito pouco, mas de qualquer forma são consideradas ações de marketing,
pois fazem parte do tradicional modelo dos quatro P’s (produto, preço, promoção e ponto de
venda) e, no caso específico, eventos fazem parte do “P” promoção. Nas respostas dadas, os
entrevistados deixaram transparecer a falta de clareza que existe em relação ao tema
marketing em suas esferas de atuação.
5.1.3 Acesso ao mercado
A respondente do Ministério da Indústria e Comércio, coordenadora de arranjos
produtivos locais daquele órgão, mencionou que o acesso ao mercado faz parte dos Eixos
Estruturantes5, que são níveis de política de desenvolvimento produtivo do MDIC. Aquela
profissional destacou que o Eixo Estruturante Acesso ao Mercado é composto por uma série
de Instituições com instrumentos que apoiam os APL’s. Dentre a relevância desse Eixo
Estruturante foi citado:
A elevação do capital social: as ações promovem a interação e a cooperação entre
os atores no território, facilitando o desenvolvimento de relações de confiança, o
5
Os Eixos Estruturantes são políticas do Ministério da Indústria e Comércio que abrigam 24 setores ao todo,
para os quais são definidos metas, objetivos, estratégias, instrumentos, medidas e gestores responsáveis.
78
aprendizado interativo, o fluxo de conhecimento tácito, o associativismo e o
cooperativismo;
A integração com outros atores: as ações estimulam o processo de integração entre
as instituições (nacionais, estaduais e locais) que atuam no APL;
A sustentabilidade: as ações estimulam a capacidade de o arranjo se organizar, se
manter ao longo do tempo e adquirir autonomia;
A inovação: as ações estimulam a absorção, a geração, a incorporação e a difusão
de tecnologias adequadas ao contexto do arranjo;
As relações de trabalho: as ações promovem mecanismos que estimulam os
empreendimentos pertencentes aos APLs na direção do trabalho decente, entendido
como: trabalho produtivo executado em condições adequadas de saúde e segurança,
com respeito aos direitos fundamentais do trabalho, que garante remuneração
adequada, dispõe de proteção social e ocorre em um ambiente de diálogo social,
liberdade sindical, negociação coletiva e participação;
A redução das desigualdades regionais: as ações contribuem para a incorporação
de novos territórios ao processo de desenvolvimento nacional, de forma a valorizar a
diversidade regional e a superar o baixo dinamismo econômico.
(COORDENADORA APL –MDIC)
Segundo a entrevistada da Rede Goiana de Apoio aos APL’s (RG-APL), a elaboração
do Plano de Desenvolvimento Preliminar (PDP) é coordenada pela RG-APL, mas os atores
locais (produtores e cooperativa) opinam sobre as ações a serem realizadas obedecendo aos
eixos estruturantes estabelecidos pelo MDIC. Ainda de acordo com a entrevistada da RGAPL, as ações referentes ao eixo acesso ao mercado se resumem à participação em feiras e
eventos e afirma “as ações de marketing são escolhidas pelos atores locais de cada APL”.
Para a SIC embora seja muito importante, existem ações concretas em relação a este
tema, porém ressalta que se tem muito a fazer na área de marketing.
De acordo com o gestor do SEBRAE, acesso ao mercado é um dos eixos estruturantes
mais importantes, pois está diretamente vinculado à missão do SEBRAE/GO. Para o gestor, o
SEBRAE trabalha bastante na área de acesso a mercados, pois é por meio dela que é possível
conseguir a ampliação e consolidação das micros e pequenas empresas já existentes no
mercado. Diz “Hoje, em nossa entidade, temos o que chamamos de Metas Mobilizadoras, que
são basicamente o que norteiam nossas ações para que alcancemos o nosso intuito de
estimular e desenvolver às MPEs no estado de Goiás”. Continua explicando que as metas
estão diretamente ligadas ao acesso a mercado, onde são trabalhados a capacitação e a
facilitação do acesso dessas empresas a eventos que estimulem o surgimento de novas
negociações e consolidem as já existentes.
O eixo estruturante engloba os pontos principais que devem contemplar a gestão de
marketing, como: pesquisa de mercado; consultoria mercadológica; central de negócios;
desenvolvimentos de novos produtos / mercados; material de divulgação.
Como se pode perceber, nas respostas dos respondentes das entidades locais de Goiás, o
eixo estruturante de acesso a mercado é pouco aplicado aos arranjos produtivos locais. A
visão de marketing está restrita a feiras, eventos e capacitações.
79
5.1.4 Capacitação, incluindo marketing
O MDIC realizou em 2006 e 2007 Oficinas Regionais de Orientação à Instalação de
Núcleos Estaduais de Apoio a APL’s, contemplando todas as regiões brasileiras. Estas
oficinas contaram com a participação de representantes de todas as unidades da federação,
envolvendo cerca de 200 instituições estaduais de apoio aos Arranjos Produtivos Locais,
organização conjunta com Secretarias Estaduais e Federações de Indústria, além do apoio dos
Governos Estaduais.
De acordo com a Coordenadora Geral de APL’s “O MDIC está se articulando junto ao
MEC/MCT a possibilidade de oferta de cursos de Gestores de APLs, como também a
integração Centros Tecnológicos e Núcleos Estaduais”. Em 2010, foram realizados diversos
eventos nos Estados, entre eles: oficinas para discussão de Políticas Públicas em 17 unidades
federadas; oficinas para a discussão de Acesso ao Crédito em 16 unidades federadas,
videoconferências com todas as regiões do País.
A respondente da Rede Goiana de Apoio aos APL’s (SECTEC-GO) diz: “a capacitação
é uma das principais ações da Rede Goiana”, as capacitações acontecem por meio das/e com
as instituições parceiras, do Gabinete de Capacitação e Formação Tecnológica, do SENAI e
do SEBRAE.
A entrevistada da Secretaria de Indústria e Comércio (SIC) afirma que realizou
seminários objetivando sensibilizar e conscientizar os produtores quanto à metodologia do
APL, porém na área de marketing não aconteceu capacitações. Um programa utilizado pela
SIC, que apóia a realização de feiras e participação das empresas goianas em feiras nacionais
ou internacionais, é o Programa de Promoção Comercial. Existe também o Programa Crédito
Produtivo que oferece crédito subsidiado associado à capacitação em Plano de Negócios e de
Administração de micros e pequenas empresas (MPE) (BNDES, 2009, p. 14).
Segundo o Gestor do SEBRAE-GO, a entidade trabalha com dois focos principais de
atuação: o coletivo e o individual. O coletivo refere-se a um público estratificado de um
determinado segmento para o qual são desenvolvidas ações. O individual seria o que se chama de
demanda espontânea e não há nesse caso estratificação. A capacitação dá-se também de duas
maneiras: por meio de demanda solicitada pelas empresas no atendimento individual ou por meio
do contato com estas empresas, no caso do atendimento coletivo, onde se encontram os trabalhos
realizados com os APLs. Afirma o gestor que as demandas são identificadas por meio do
levantamento de pesquisas e reuniões com o comitê gestor. Após a identificação das demandas, as
informações são levantadas visando atender às demandas dos públicos de interesse.
80
Os produtores do APL Açafrão de Mara Rosa receberam capacitações do SEBRAE,
Agência Rural, UFG; como exemplo: líder cidadão, despertar rural, saber empreender,
praticando o associativismo, administração rural, boas práticas de produção, boas práticas de
fabricação agropecuárias, cooperativismo, associativismo, meio ambiente, técnicas de cultivo
e manejo do açafrão, indicação geográfica. Os gestores da Cooperativa foram capacitados nos
cursos de como administrar uma pequena empresa e de liderança.
Cabe destacar que capacitações foram realizas no APL, porém na área de marketing
especificamente treinamentos ocorreram em menor proporção.
5.1.5 Acompanhamento
No ano de 2010, o MDIC solicitou aos Núcleos Estaduais o preenchimento das matrizes
de acompanhamento das ações propostas no Plano de Desenvolvimento Preliminar (PDP). O
acompanhamento das ações referentes aos arranjos produtivos locais de maneira contínua
naquele ministério deu-se com a construção do Observatório que é,
Um Sistema Integrado de Gestão de Conhecimento em APLs – Observatório
Brasileiro de APLs – permitirá o monitoramento e a gestão das informações e dos
conhecimentos produzidos/disponíveis pelos APLs, além de promover a interação,
facilitada, entre os atores produtivos e institucionais envolvidos nos aglomerados
gerando, assim, negócios entre elas; viabilizar a troca, sistematizada, de informações
entre os APLs; e disseminar os resultados de programas ou atividades desenvolvidos
regionalmente, bem como as melhores práticas e as lições aprendidas (MDIC, 2011).
O sistema será dividido em módulos contendo assuntos sobre: monitoramento de ações
e de indicadores; banco de dados nacional de APLs; mapeamento de APLs; redes sociais e
boas práticas; aprendendo sobre APLs; balança comercial dos estados etc.
O acompanhamento por parte da Rede Goiana (SECTEC-GO) acontece em visitas
técnicas aos APL’s e em participação de reuniões com os grupos gestores, já o Grupo de
Trabalho Permanente (GTP-APL) acompanha todo o processo por meio de relatórios
fornecidos pela Rede Goiana de Apoio a APL’s duas vezes ao ano.
Segundo a respondente da Secretaria de Indústria e Comércio do estado de Goiás (SIC),
as ações propostas no Plano de Desenvolvimento Preliminar6 (PDP) foram acompanhadas in
loco. Continua a entrevistada: “os técnicos e gestores possuem um compromisso com a
6
PDP, Documento que contempla informações à respeito dos desafios e oportunidades de negócios do APL, de
suas ações que estão sendo implementadas e as que serão desenvolvidas, a fim de transformar as oportunidades
em investimentos, buscando desenvolvimento sustentável local. (MDIC, 2011)
81
governança local ou consigo próprio é que trabalhavam em função de não deixarem os
projetos paralisados”.
O respondente do SEBRAE diz “Essa é uma questão a qual não posso lhe responder a
contento, pois nunca trabalhei diretamente com o MDIC em minha atuação nos APLs através
do SEBRAE/GO, o acompanhamento acontecia em outra esfera pelo gestor regional”.
Pelos comentários que os entrevistados das entidades e órgãos públicos fizeram, fica
evidente a existência do acompanhamento das ações estabelecidas no PDP.
5.1.6 Recursos financeiros
“Os APLs têm condições de captar recursos por meio de editais públicos, na área
Federal e Estadual e ainda linhas de crédito diferenciadas para APLs” afirma a Coordenadora
dos APL’s do MDIC, explicando que os gestores dos APL’s utilizam este mecanismo, porém
por falta de conhecimento não usufruem mais desta oportunidade. A entrevistada do MDIC
acredita que os recursos direcionados para o APL de Açafrão tenham sido em torno de R$ 3
milhões para 2011 e está previsto a utilização de mais recursos para os próximos anos.
A entrevistada da Rede Goiana de Apoio aos APL’s (SECTEC-GO) reafirma o que foi
falado pelo MDIC e diz que existe outra forma de captar recursos que são as emendas
parlamentares e os convênios entre instituições parceiras.
Para a Secretaria de Indústria e Comércio (SIC-GO), a forma dos APLs conseguirem
recursos financeiros ocorre por meio do Governo Federal realizando convênios com o
SEBRAE, Prefeituras locais, cooperativas ou associações. E por meio do governo estadual
neste primeiro momento foram suspensos os recursos e possibilidades de realizações de
convênios.
Para o Gestor do SEBRAE, é possível captar recursos financeiros por meio de projetos
de captação de recursos. Cita, como exemplo, o que está sendo realizando no APL do Açafrão
de Mara Rosa: “encaminhamos um projeto de viabilidade econômica ao BNDES para
captação de recursos visando à construção de uma nova agroindústria de beneficiamento do
açafrão que consiga atender à demanda dos agricultores daquela região”. Ainda de acordo
com o gestor do SEBRAE, os projetos visam atender a uma demanda identificada que esteja
diretamente ligada a atuação do possível órgão financiador. Não necessariamente esses
recursos são conseguidos apenas através dos governos, pois existem instituições que possuem
82
políticas de desenvolvimento das MPEs e que financiam, também através de projetos, as
demandas destas empresas ou grupos, como é o caso dos APLs.
Pelas respostas dos entrevistados, vê-se que é possível aos APL’s captar recursos
financeiros em entidades apoiadoras, porém ficam alguns questionamentos para reflexão: os
gestores dos APL têm competência técnica para elaborar os projetos e concorrer aos editais?
Ocorreu capacitação por parte dos apoiadores aos gestores dos APL para elaborar projetos?
5.2 Análise das entrevistas com os diretores da Cooperaçafrão
As entrevistas com os Diretores da Cooperaçafrão foram realizadas no mês de março, na
cidade de Mara Rosa (GO). O objetivo central questionado era entender o que os dirigentes
daquela entidade entendem por gestão de marketing e, em segundo plano, verificar o que as
instituições de apoio estaduais realizam nesta área. Foram entrevistados: o Presidente, o
Diretor Comercial e a Diretora de Administração e Comunicação.
5.2.1 O que os gestores da Cooperaçafrão entendem por marketing
Na entrevista realizada com os Diretores da Cooperaçafrão percebeu-se qual é o
entendimento que eles têm a respeito da gestão de marketing. Em resposta ao questionamento
realizado do que se entende por marketing, a Diretora Administrativa disse “eu associo
marketing a propaganda de um produto, é o mesmo que associar o produto com algo que você
tem interesse em vender”.
De acordo com os conceitos de marketing citados por Kotler (2000), marketing vai além
da propaganda: a propaganda é somente um dos itens do composto de marketing, fazendo
parte do “P” promoção”. A partir dos materiais coletados e informações lidas em websites
relacionados ao Arranjo em estudo, pode ser visto que ações relacionadas à promoção
ocorreram diversas vezes, sendo realizadas e organizadas por entidades apoiadoras, como
feiras e eventos gastronômicos.
Um ponto que deve ser destacado é que a redução da gestão de marketing somente à
promoção minimiza as potencialidades de inserção do produto “açafrão” no mercado.
83
5.2.2. Instituições que apoiam o APL
O apoio ao APL do Açafrão de Mara Rosa e Região foi realizado por diversas entidades
estaduais e municipais. Segundos os dirigentes entrevistados, as entidades mais presentes
foram a UFG, o SIC, e o SEBRAE. De acordo com a Diretora Administrativa, a Secretaria de
Indústria e Comércio (SIC-GO) foi uma das entidades mais ativas no APL. O apoio ao APL
acontece de forma incipiente; importante ressaltar que deveria existir uma maior cooperação
entre os atores locais.
5.2.3 Estímulo e capacitação os gestores para o marketing
De acordo com os dirigentes entrevistados na Cooperaçafrão, as capacitações eram mais
freqüentes; afirmam: “eram muitas as capacitações por ano, adquirimos bastante
conhecimento nos cursos ministrados pelos apoiadores”. Os cursos citados pelos Diretores
foram: saber empreender; liderar; controle contábil; vendas. Segundo eles foram realizados
poucos cursos na área de marketing, a não ser o de vendas e negociação promovidos pelo
SEBRAE.
5.2.4 Dificuldades relativas à aplicação da gestão de marketing
Quanto às dificuldades em utilizar a gestão de marketing, pode ser percebido o desejo
em realizar ações mercadológicas na cooperativa, entretanto, o pouco conhecimentos das
ferramentas de marketing dificulta a aplicação e implementação de marketing. O marketing é
pouco explorado no APL, a real importância desta ferramenta não é suficientemente
conhecida para gerar competitividade do APL.
Surge uma oportunidade para os atores locais agirem no sentido de preparar a
cooperativa para ao acesso ao mercado nacional e internacional, e a capacitação em gestão de
marketing torna-se estratégica para conhecer os consumidores e vender o produto.
84
5.2.5 Principais ações de marketing realizadas
As principais ações realizadas e organizadas pelos apoiadores (SIC e SEBRAE) foram
as feiras e eventos, como a Feiramar em Mara Rosa (GO), além de eventos gastronômicos.
Percebe-se a falta de ações estratégicas de marketing no APL do Açafrão de Mara Rosa e
Região, como análise da concorrência; planos para o fortalecimento da marca; estratégias para
divulgar produtos, dentre outras.
5.2.6 Pesquisa de marketing e plano de marketing
Segundo os dirigentes da Cooperaçafrão, não existe plano de marketing para o APL.
Pelas informações coletadas nas entrevistas, pode ser identificado que as pesquisas realizadas
até o momento foram feitas de forma bastante incipiente. O pouco entendimento do potencial
de marketing para o APL inviabiliza o conhecimento do mercado alvo, ou seja, não se
aprofunda no entendimento das necessidades e desejos dos consumidores, pressuposto básico
da boa gestão de marketing.
5.3 Potencial da gestão do marketing no arranjo produtivo local do açafrão de Mara
Rosa e Região
A fundamentação teórica realizada em marketing e a leitura dos documentos
disponibilizados pelos apoiadores, como o Plano de Desenvolvimento Preliminar (PDP), o
Projeto de Processamento e Comercialização de Açafrão e o Projeto de Desenvolvimento do
Arranjo Produtivo Local de Açafrão da Região de Mara Rosa (SEBRAE), respalda a
construção de pontos relacionados à gestão de marketing que poderiam ser aplicados ao
Arranjo Produtivo Local do Açafrão de Mara Rosa.
Segundo conceitos de marketing apresentados no capítulo 2 deste estudo, a essência da
gestão de marketing é conhecer, satisfazer as necessidades e desejos dos clientes, bem como
gerir os processos relativos à criação, comunicação e entrega de valor. Marketing é
85
fundamental para gerar competitividade para as organizações, pois se trata de uma ferramenta
que busca conhecer o mercado no qual a organização está inserida por meio de análises
ambientais que devem ser realizadas.
5.3.1 Análise do contexto de marketing
A análise do ambiente de marketing proporcionará ao APL um maior conhecimento das
variáveis ambientais que influenciam o arranjo. Conforme citado pelos autores Kotler (2000)
e Neves (2006), a análise ambiental possibilitará um rastreamento e ou monitoramento das
forças que afetam as empresas e a possibilidade de identificar oportunidade para melhor
atender o mercado.
Pensando no APL do Açafrão, sugere-se que os diretores façam uma análise mais
detalhada das variáveis apresentadas no Quadro 2, fatores de influência do ambiente. Como
exemplos são pontuadas apenas duas variáveis para análise, entretanto todas as variáveis
devem ser analisadas para que o APL possa identificar as oportunidades e conhecer quais são
as ameaças.
A análise da variável político legal influencia de forma significativa as ações do APL,
pois se trata de uma questão que restringe as ações da empresa, já que os aspectos legais e
comerciais pertencem a esta variável.
Quanto às variáveis socioculturais, interessantes itens a serem pesquisado seriam os
hábitos e costumes dos povos no planeta que consomem o cúrcuma longo (açafrão), para
depois realizarem ações estratégicas de inserção do açafrão em outros mercados.
Após a realização da análise das variáveis ambientais, Neves (2006), sugere que seja
elaborado o quadro Direcionadores de mudanças e ações que deverão ser implementadas
pelos “analistas”, o Quadro 3 permite a construção de ações práticas que minimizarão os
impactos relativos ao cenário. Como o APL está organizado em uma Cooperativa, fica
facilitada a construção de ações conjuntas com os produtores, canais de distribuição, bancos,
entidades apoiadoras.
Algumas perguntas que poderiam ser respondidas com uma boa análise ambiental
dizem respeito tanto a possíveis oportunidades quanto a ameaças que se descortinam para
um produto como o açafrão. Qual será a aceitação internacional do açafrão? Em quais
países o consumo está crescendo? O fato de ser um condimento orgânico faz com que o
86
açafrão seja valorizado em outros países? Como este produto é percebido pelo consumidor
internacional?
5.3.2 Sistemas de informação de marketing
Outro aspecto essencial da gestão do marketing é o sistema de informação de marketing.
Neste quesito, os diretores do APL deveriam estabelecer as informações que são necessárias
para a construção de um banco de dados com informações sobre clientes atuais e potenciais.
A definição destas informações possibilitará o conhecimento dos clientes e a construção de
estratégias de marketing baseadas em informações concretas. Uma importante ferramenta do
sistema de informação de marketing com alto potencial de uso é a pesquisa de marketing. Há
uma grande quantidade de informações sobre consumidores, concorrentes, parceiros
envolvidos com o negócio açafrão, que poderiam ser coletadas por meio de pesquisa. O
desenvolvimento de um novo mercado passa necessariamente pelo aumento do conhecimento
em relação ao mesmo e a pesquisa tem papel importante na produção deste conhecimento.
5.3.3 Segmentação de mercado e posicionamento
Conhecer os clientes está relacionado com a segmentação de mercado, conceito
fundamental da gestão de marketing. Sabe-se que é praticamente impossível que uma empresa
atenda a todos os mercados, por isto torna-se essencial a segmentação em grupos de
consumidores com atributos comuns, geralmente de natureza demográfica, geográfica,
psicográfica, atitudinal e comportamental.
O objetivo principal da Cooperaçafrão é
a inserção do açafrão no mercado,
atendendo o setor intermediário da cadeia produtiva representado, principalmente, pelas
indústria de temperos comercializando o produto seco in natura e moído em embalagem
de 50 kg.
De acordo com Las Casas (2008, p. 227) aponta que “segmentar significa dividir
mercados heterogêneos em grupos menores, que sejam formados por consumidores
homogêneos entre si”.
87
No caso específico do APL, seria relevante, os diretores buscarem respostas para os
questionamentos a seguir, Quem são nossos clientes? Onde eles estão localizados? São estes
os clientes que queremos na nossa carteira de clientes? Quais são seus hábitos de consumo?
Qual é o tamanho do mercado? Qual o potencial de crescimento de mercado? A partir das
respostas a estes questionamentos os diretores deverão formar os segmentos que querem
atender. Para realizar a segmentação deve ser levada em consideração uma análise das
variáveis de segmentação (geográficas, demográficas, psicográficas, relacionadas ao produto,
comportamentais e mercados industriais), detalhadas no Quadro 6.
A definição do segmento a ser trabalho proporcionará ao APL uma maior possibilidade
de satisfazer as necessidades de desejos dos clientes, que no caso em estudo são na maioria os
consumidores industriais. Porém existe os segmentos representados pelos distribuidores,
supermercados e consumidor final que serão atendidos pelo açafrão em embalagens que
poderão variar, em embalagens de 50 g, a sacos de 1 kg com a logomarca da cooperaçafrão.
5.3.4 Composto de marketing
Estabelecido o segmento foco, torna-se primordial uma análise do escopo do marketing
mix ou 4 Ps, conforme Figura 17. No aspecto produto, algumas variáveis precisam ser
analisadas, no caso do açafrão a qualidade do produto; as características do produto, a
embalagem. Um aspecto primordial e necessário seria o fortalecimento da marca do produto
no mercado; como sugestão refazer a logomarca atualmente utilizada para a Cooperativa seria
um caminho para este fortalecimento.
Figura 12: Mix Marketing
Fonte: Kotler (2000)
88
O produto Curcuma Longo (açafrão) está prestes as receber o selo de indicação
geográfica que, segundo Borges (2009, p. 57) “é a identificação de um produto ou serviço
originário de um local, região ou país, por determinada reputação, característica e/ou
qualidade vinculadas fundamentalmente a esta sua origem particular”. O APL está
aguardando a aprovação da indicação geográfica, segundo informação dos dirigentes da
Cooperativa; a documentação para a aprovação encontra-se no Instituto Nacional de
Propriedade Intelectual.
Em preço, poderiam ser definidos os descontos, prazos e condições de financiamentos. O
estabelecimento do preço deve ser pautado na decisão de compra do consumidor e no valor que
possibilita gerar lucro para o APL. Sugere-se que os diretores façam uma pesquisa para
identificar os preços que estão sendo praticados no mercado pelos concorrentes e os custos de
fabricação.
Segundo Diretores da Cooperaçafrão (2011)
A formulação de preço de venda foi tendo como parâmetro a prática no mercado nos
últimos anos. Desta forma, os preços para o açafrão seco recortado, açafrão moído e
ensacado em embalagens de 50 kg são formulados considerando a prática de
mercado de grandes consumidores como indústrias de alimentos, indústrias de
condimentos e temperos (COOPERAÇAFRÃO, 2011).
Existem duas realidades relacionadas ao preço do Açafrão: antes e depois da
Cooperativa. Antes, o preço era estabelecido pelos “atravessadores”, comerciantes que
compravam o produto direto dos produtores rurais, pagavam aproximadamente, R$ 0,80 e
vendiam para o comércio à R$ 2,60. Hoje, os produtores rurais associados à Cooperativa
vêem outra realidade referente ao preço. O preço final do quilograma do açafrão em 2002 era
de R$ 0,90KG, no ano de 2006 o valor era de aproximadamente R$ 3,50 em 2011 o
quilograma está sendo vendido a R$ 6,00 (COOPERAÇAFRÃO, 2011).
No composto promoção, os atributos qualidades, facilidades de aquisição e o preço
estabelecido devem estar claros para o consumidor. A comunicação com o mercado alvo é
feita a partir do composto promocional. Para o APL Açafrão, sugere-se a busca de parcerias
com a Rede Goiana de Apoio aos APL’s, com a SIC e com o SEBRAE na elaboração de
folder institucional do APL; construção de um site da Cooperativa; participação de feiras e
exposições
no
mercado
nacional
e
internacional.
Segundo
o
Planejamento
de
Desenvolvimento Preliminar - PDP (2007, p. 22), “as ações de marketing vem sendo
realizadas através de distribuição de revistas, exposição de banners e produtos em feiras e
participação efetiva em diversos eventos relacionados ao segmento”.
89
Já foi mencionado na seção anterior, 5.1, que as ações promocionais sob a forma de
eventos têm ocorrido com frequência. Mas não se pode assumir que há gestão de marketing
somente porque existem atividades oriundas do “P” promoção.
O quadro 17 apresenta um modelo do processo de comunicação em público alvo onde
devem estar listados todos os públicos-alvo da comunicação da empresa.
Quadro 19: Público alvo e ações de comunicação
Público-alvo
Objetivos da
comunicação
Ferramentas a
serem usadas
Orçamento
Cronograma
Mensuração
dos resultados
Fonte: Neves (2006, p. 113)
Em objetivos da comunicação devem ser respondidas as questões a seguir: a) a
mensagem utilizada em nossas comunicações atrai a atenção do público-alvo? b) o conteúdo
da mensagem é capaz de criar interesse no público sobre nossos produtos/ serviço? c) a
estrutura e a forma da mensagem conseguem desperta o desejo do nosso público? d) a
mensagem influencia o comportamento do cliente e leva a ação de compra. Em ferramentas a
serem usadas deve ser levado em consideração o quadro 11 apresentado no capítulo 02.
Quanto a orçamento, os fatores influenciadores das decisões sobre o composto devem ser
analisados, estes fatores são relacionados ao produto, mercado, consumidores, orçamento e
composto de marketing. Orçamentos devem ser feitos a partir das ferramentas de
comunicação e o cronograma estabelece como e quando serão feitas as ações promocionais.
Em praça, deve ser pensada a forma como o produto será distribuído para o mercado. A
Unidade de Beneficiamento da Cooperaçafrão está localizada às margens da BR-153, o
transporte rodoviário poderá ser a principal modal a ser utilizada.
Distribuir o açafrão da Região de Mara Rosa será bem menos complexo em um espaço
de tempo muito curto, pois as obras da ferrovia norte sul estão em ritmo acelerado. Serão
construídos 3.100 quilômetros de ferrovia e a cidade de Mara Rosa é uma das beneficiadas. A
distribuição do produto está relacionada a rapidez e qualidade da entrega do produto para o
consumidor seja ele organizacional ou final.
Com a agregação de valor principalmente pela comercialização do açafrão beneficiado e
acondicionado em embalagens fracionadas, aumentará a carteira de clientes e abrir-se-ão
novos canais de distribuição, como atacadistas, distribuidores de temperos, vendas diretas
para supermercados e até mesmo ampliar as possibilidades de exportações.
A aplicação da gestão de marketing no APL do Açafrão de Mara Rosa e Região poderia
colaborar com a construção de uma visão mais estratégica do negócio, a partir de uma correta
90
leitura das variáveis do ambiente externo e um conhecimento dos desejos e necessidades dos
consumidores.
91
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo pretendeu responder a problemática de como o APL do Açafrão de
Mara Rosa e Região poderia utilizar a gestão de marketing. Para um maior entendimento de
como um arranjo produtivo local pode utilizar as mais variadas ferramentas da gestão do
marketing, foi realizado um levantamento bibliográfico descrevendo os conceitos,
características, importância dos arranjos produtivos, bem como os papéis dos órgãos
governamentais que são responsáveis diretos pelo acompanhamento e desenvolvimento dos
arranjos produtivos locais no Brasil.
Também se buscou explorar na literatura o conceito de marketing, evidenciando-se a
amplitude do termo e sua aplicação nas mais variadas situações organizacionais. Caracterizar
marketing foi importante para entender que a ferramenta não serve somente para a divulgação
do produto ou serviço, assim como a grande maioria das pessoas pensam, e sim, todo um
processo que compreende desde o surgimento da necessidade de compra, passando pelo
desenvolvimento do novo produto/serviço adequado à necessidade, distribuição, precificação
e comunicação adequada até as fases de pós-compra com os decorrentes conceitos de
satisfação e lealdade do consumidor.
Os resultados da pesquisa realizada mostraram como se encontra a gestão de marketing
no APL objeto de estudo. A primeira conclusão é que o pouco conhecimento das ferramentas
de gestão por parte dos diretores da Cooperaçafrão dificulta a elaboração de ações estratégicas
para o APL, em função do conhecimento restrito dos fundamentos da gestão de marketing
(análise do contexto de marketing, gestão estratégica e gestão do composto de marketing –
URDAN e URDAN, 2006). Porém, não pode deixar de citar o empreendedorismo que
possuem os dirigentes; trata-se de grupo de pessoas guerreiras, ousadas e com um sonho de
ver o açafrão de Mara Rosa (GO) inserido no mercado nacional e internacional. Torna-se
necessário a formação em gestão de marketing para todos os envolvidos como o APL,
gestores da cooperativa, produtores de açafrão, e todos os profissionais das entidades e órgãos
públicos que se ocupam do tema.
Segundo informações coletadas no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior (MDIC), o instrumento de apoio para a utilização do marketing nos
APL’s, é o Eixo Estruturante de Acesso ao Mercado. Como segunda conclusão obtida através
das pesquisas, é que os atores responsáveis por alavancar o APL nas esferas governamentais,
92
também não trabalham de forma clara com o conceito de marketing para os APL’s. As ações
desenvolvidas por estes atores, basicamente se restringem às feiras e aos eventos.
Como terceira conclusão, foi notada que a forma de direcionamento das ações entre os
atores (MDIC, SEBRAE, SECTEC, SIC) são de certa forma desencontradas, o que não
propicia nem objetiva o crescimento do APL para a inserção de seu produto no mercado, uma
vez que a região estudada é a maior produtora de açafrão do Brasil.
O tema estudado nesta dissertação é de grande relevância, pois destaca a precariedade
do APL em termos de capacitação e potencial de uso das ferramentas de marketing. Também
serve como reflexão do que pode estar acontecendo com muitos outros APL’s goianos e
brasileiros, onde a pouca capacitação de seus integrantes pode levar à perda de boas
oportunidades de negócios.
A presente pesquisa apresenta limitações em razão de restrições amostrais; entrevistas
qualitativas não se prestam a extrapolações para o todo, ou seja, não se pode fazer inferências
a partir de uma amostra muito limitada. Outra limitação é o fato de a pesquisa ter sido
realizada em apenas um arranjo produtivo local. Embora o estudo de caso tenha contribuído
sobremaneira para o entendimento do problema, não se pode garantir que em outros arranjos
produtivos locais a dinâmica de funcionamento seja semelhante àquela do APL objeto de
estudo.
Para estudos futuros, sugere-se que outros APL’s sejam pesquisados, fornecendo-se
uma base mais sólida para a proposição de um modelo que incorpore as melhores práticas em
termos de gestão de marketing para APL. De grande utilidade também seria a criação de um
modelo de capacitação para dirigentes locais do APL no que tange as ferramentas de
marketing. Ações como estas teriam o potencial de reduzir as restrições locais e colocar no
mapa-múndi os produtos desenvolvidos em arranjo produtivo local.
93
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALBINO, Andréia Aparecida. O APL moveleiro de Ubá: políticas públicas e diversidade
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2009, 160f.
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100
APÊNDICE A
ROTEIRO PARA A COORDENADORA GERAL DE APLS DO MDIC
Questões Norteadoras
1. Qual a colaboração / papel do MDIC para o desenvolvimento do APLS?
2. No PPA 2004-2007, PEIX uma das políticas de apoio aos APLS era a promoção comercial
e acesso ao mercado. Estas políticas ainda se encontram em vigor? Existe outra política de
incentivo ao “marketing ou acesso ao mercado” por parte do MDIC?
3. No site do MDIC são citados diversos eixos estruturantes. Como meu foco de estudo é
marketing, identifiquei a pouca utilização do eixo estruturante de acesso ao mercado no PDP,
você teria condições de pontuar os principais motivos?
4. Na sua opinião, qual a relevância do Eixo Estruturante Acesso ao Mercado para os APLS?
Existe capacitação em relação a este eixo?
5. Qual o papel primordial do GTP APL?
6. O MDIC capacita os Núcleos Estaduais? Como? Qual frequência?
7. Qual o critério de seleção do APLs prioritários pelo MDIC?
8. Existe acompanhamento das ações propostas nos PDPs por parte do MDIC?
9. Como os APLS podem conseguir recursos financeiros por parte do Governo Federal?
101
APÊNDICE B
GERENTE DE AÇÕES LOCAIS
Questões Norteadoras
1. Qual a colaboração / papel da Rede Goiânia de Apoio aos Arranjos Produtivos Locais para
o desenvolvimento do APLS?
2. No PPA 2004-2007, PEIX uma das políticas de apoio aos APLS era a promoção comercial
e acesso ao mercado. No âmbito Estadual, existe alguma política pública de “marketing ou
acesso ao mercado”?
3. No site do MDIC são citados diversos eixos estruturantes. Como meu foco de estudo é
marketing, identifiquei a pouca utilização do eixo estruturante de acesso ao mercado no PDP,
você teria condições de pontuar os principais motivos?
4. Em sua opinião qual a relevância do Eixo Estruturante Acesso ao Mercado para os APLS?
Existe capacitação em relação a este eixo?
5. Qual o papel primordial do GTP APL?
6. A Rede Goiana capacita os Arranjos Produtivos Locais na área de marketing? Como? Qual
freqüência?
7. Existe acompanhamento das ações propostas nos PDP por parte do MDIC e da Rede
Goiana?Se sim, como acontece este acompanhamento? Com que freqüência?
8. Como os APLS podem captar recursos financeiros por parte do Governo Federal e
Estadual?
102
APÊNDICE C
SIC
Questões Norteadoras
1. Qual a colaboração / papel da SIC para o desenvolvimento do APLS?
2. No PPA 2004-2007, PEIX uma das políticas de apoio aos APLS era promoção comercial e
acesso ao mercado. No âmbito Estadual existe alguma política pública de “marketing ou
acesso ao mercado”?
3. No site do MDIC são citados diversos eixos estruturantes. Como meu foco de estudo é
marketing, identifiquei a pouca utilização do eixo estruturante de acesso ao mercado no PDP,
você teria condições de pontuar os principais motivos?
4. Em sua opinião qual a relevância do Eixo Estruturante Acesso ao Mercado para os APLS?
Existe capacitação em relação a este eixo?
5. Qual o papel primordial da SIC para desenvolvimento do APL e em especifico o de Mara
Rosa?
6. A SIC capacita os gestores do APL na área de marketing? Como? Qual freqüência?
7. Existe acompanhamento das ações propostas nos PDP por parte do SIC e da Rede Goiana?
Como acontece este acompanhamento? Com que freqüência?
8. Como os APLS podem conseguir recursos financeiros por parte do Governo Federal e
Estadual?
103
APÊNDICE D
ROTEIRO PARA O GESTOR DO APL-SEBRAE
Questões Norteadoras
1. Qual a colaboração / papel do SEBRAE aos Arranjos Produtivos Locais para o
desenvolvimento do APLS?
2. No PPA 2004-2007, PEIX uma das políticas de apoio aos APLS era promoção comercial e
acesso ao mercado. No âmbito Estadual existe alguma política pública de “marketing ou
acesso ao mercado”?
3. No site do MDIC são citados diversos eixos estruturantes. Como meu foco de estudo é
marketing, identifiquei a pouca utilização do eixo estruturante de acesso ao mercado no PDP,
você teria condições de pontuar os principais motivos?
4. Em sua opinião qual a relevância do Eixo Estruturante Acesso ao Mercado para os APLS?
Existe capacitação em relação a este eixo?
5. Qual o papel primordial do SEBRAE no desenvolvimento do APL, voltado para
marketing?
6. O SEBRAE capacita as empresas pertencentes do APL para marketing? Se sim, Como?
Com qual freqüência?
7. Existe acompanhamento das ações propostas nos PDP por parte do MDIC e do SEBRAE?
Como acontece este acompanhamento? Com que freqüência?
8. Como os APLS podem conseguir recursos financeiros por parte do Governo Federal e
Estadual?
9. Que ações existem na área de Marketing?
104
APÊNDICE E
ROTEIRO PARA PRESIDENTE E GESTORES DO APL DE AÇAFRÃO COOPERAÇAFRÃO
Questões Norteadoras
01.
O que o Sr (a) entende por marketing?
02.
Quais são as instituições de apoio ao desenvolvimento do APL?
03.
De que forma as Instituições de apoio estimulam e capacitam os gestores dos APLs a
trabalharem marketing? Qual a freqüência de capacitação por parte das entidades estaduais
para o marketing
04.
Quais as principais dificuldades relativas a aplicação de marketing?
05.
Quais as principais ações de marketing realizadas pelo APL?
06.
Quais os objetivos buscados com as ações de marketing?
07.
Com que freqüência os gestores fazem pesquisa de marketing?
08.
Existe um Plano de Marketing para o APL?
105
ANEXO A
INSTITUIÇÕES PERTENCENTES AO GTP APL
1. Apex Brasil - Agência Brasileira de Promoção de Exportação e Investimentos
2. Bradesco
3. Banco da Amazônia
4. Banco do Brasil
5. Banco do Nordeste
6. BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
7. INMETRO - Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial
8. IEL- Instituto Euvaldo Lodi
9. CAIXA - Caixa Econômica Federal
10. CODEVASF - Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do
Parnaíba
11. CNI - Confederação Nacional da Indústria
12. CONSECTI - Conselho Nacional de Secretários Estaduais para Assuntos de Ciência,
Tecnologia e Informação
13.CNPQ - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
14. EMPRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
15. FINEP - Financiadora de Estudos e Projetos
16. IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
17. IPT - Instituto de Pesquisas Tecnológicas
18. MEC - Ministério da Educação
19. MF - Ministério da Fazenda
20. MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
21. MCT - Ministério da Ciência e Tecnologia
22. MI- Ministério da Integração Nacional
23. MME - Ministério de Minas e Energia
24. MDA - Ministério do Desenvolvimento Agrário
25. MDIC - Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
26. MTE Ministério do Trabalho e Emprego
27. MMA Ministério do Meio Ambiente
28. MP - Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão
29. MT - Ministério do Turismo
30. MBC - Movimento Brasil Competitivo
31. SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
32. SENAI - Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
33.SUFRAMA- Superintendência da Zona Franca de Manaus
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