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A importância da Fisioterapia Neuropediátrica na estimulação
precoce em crianças portadoras de Síndrome de Down: Uma
Revisão Bibliográfica
José Afrânio Ferreira da Silva ¹
[email protected]
Dayana Priscila Maia Mejia²
[email protected]
Pós-graduação em Pediatria e Neonatologia – Faculdade FASAM
Resumo
A Síndrome de Down (SD) é uma patologia causada pela trissomia do cromossomo 21.
Na maioria das vezes o diagnóstico é realizado ainda na gravidez, durante pré-natal.
Indivíduos portadores desta síndrome podem, ainda, apresentar alterações
neuromusculares (diminuição de força e das reações posturais), e osteo-articulares
(frouxidão ligamentar, hipermobilidade articular e deformidades), além de alterações
no sistema nervoso (pequeno peso encefálico, pobre mielinização do sistema nervoso, e
numero reduzidos de neurônios e conexões nervosas) acarretando em atraso do
desenvolvimento motor da criança. A intervenção fisioterapêutica deve ser
potencializada nos primeiros quatro meses de idade do bebê, como forma de obter
respostas motoras próximas do padrão de normalidade, e aumentar a interação da
criança com ambiente. A estimulação precoce proporcionará experiências sensóriomotoras que vão intervir na maturação da criança. A fisioterapia como integrante da
equipe de estimulação precoce é de grande relevância. Por meio da utilização de
técnicas estimulam a aquisição de habilidades funcionais das crianças minimizando
atrasos e fazendo com que os mesmos tenham independência nas suas atividades de
vida diárias.
Palavras-chave: Síndome de Down; Fisioterapia; Estimulação Precoce.
1.Introdução
A Síndrome de Down (SD) é uma condição genética muito conhecida e tem como
característica um esperado atraso global do desenvolvimento. Porém, uma criança com
SD é capaz de conquistar grande parte das habilidades motoras de uma criança com
desenvolvimento típico, apesar do aparecimento provavelmente tardio das mesmas,
podendo chegar ao dobro da idade média daquelas sem um déficit motor
(PALISANO,2001).
Moeller (2006) a define como uma anormalidade cromossômica bastante frequente,
ocorrida devido a uma carga extra genética desde o desenvolvimento intrauterino,
caracterizando a criança portadora da mesma por toda a sua vida.
No Brasil, estima-se que ocorra 1:600 nascimentos; o que revela que nascem 8 mil
bebês com SD por ano. Os dados do DATASUS (2007) revelaram que em 2005
nasceram 5.058 indivíduos com SD (MICHELLETO, 2009).
Wandenburg sugeriu que essa patologia fosse causada por uma aberração
cromossômica, em 1932. E sete anos depois, Adriàn Bleyer supôs que essa aberração
poderia ser uma trissomia. Porém, somente em 1959 o francês Jerome Lejeune
confirmou a existência de um cromossomo extra no par 21 (BARATA e BRANCO,
2010; MATTOS & BELLANI 2010; MENEGHETTI , 2009; SOARES, 2004).
Forti (2008) diz que o portador da SD apresenta algumas características bastante
peculiares como: hiperflexibilidade das articulações, dificuldades na fala, hipotonia
generalizada, pregas epicantais nos olhos, mãos com pregas simiescas, língua protusa, e,
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1. Aluno Pós- Graduando em Fisioterapia em Pediatria e Neonatologia.
2. Fisioterapeuta Especialista em Metodologia do Ensino Superior e Mestre em Bioética e Direito em Saúde.
2
prejuízo no desenvolvimento motor. Sendo assim, essas crianças possuem atraso nos
principais marcos do desenvolvimento motor, e estes problemas podem ser minimizados
através da intervenção fisioterapêutica precoce (TEIXEIRA,2007).
Godzicki (2010) afirma que crianças com Síndrome de Down seguem uma curva de
desenvolvimento motor própria. É muito importante receberem estímulos desde
pequenas para desenvolverem interesses e habilidades que são necessários para a
realização de atividades físicas e recreacionais (GODZICKI,2010; LIMA,2003). A
alegria e satisfação pelo uso efetivo do corpo contribuirão para tornar suas atividades
mais agradáveis e recompensadoras, além de promover a interação com o meio
(MOREIRA, 2000).
De acordo com Araújo (2007) existem evidências que o desenvolvimento motor da
criança com SD apresenta um atraso nas aquisições de marcos motores básicos, e isto
seria atribuído às alterações do sistema nervoso decorrentes da síndrome, dificultando a
produção e o controle de ativações musculares apropriadas. É importante salientar que,
segundo estes autores, além do atraso nas questões motoras, a criança com SD apresenta
dificuldades de adaptação social, de integração perceptiva, cognitiva e proprioceptiva.
Além das características mentais há também as que impactam no sistema
osteomusculoarticular, levando a hipotonia, frouxidão ligamentar, diminuição da força
muscular e controle motor, com consequente lentidão de movimentos, seleção de
estratégias não usuais, atraso na aquisição e na combinação de padrões básicos de
movimentos (SILVA e KLEINHANS, 2006; RIBEIRO, 2007; FERREIRA, 2009).
As alterações anatômicas encontradas no indivíduo com SD são: aumento do giro
parahipocampal, baixa densidade cerebelar, volume reduzido dos lobos frontais, além
de modificações na estrutura das redes neuronais e das sinapses. Essas condições estão
relacionadas a déficits nos mecanismos de atenção, de memória, de correlação e análise
e do pensamento abstrato (RIBEIRO, 2007; FERREIRA, 2009; MATTOS &
BELLANI, 2010).
Felício (2008) afirma que ainda podem ocorrer instabilidade atlantoaxial, pé pronado e
evertido, arco plantar desabado, baixa estatura, aumento do peso corporal, comprimento
reduzido do fêmur e do úmero, fissuras palpebrais e distância aumentada entre o
primeiro e o segundo dedo dos pés.
A criança com SD pode apresentar patologias associadas como: cardiopatias congênitas
(40%), deficiências auditivas (50– 70%) e visuais (15–50%), alterações posturais (1–
10%), distúrbios da tireóide (15%), obesidade e envelhecimento precoce (MOREIRA,
EL HANI e GUSMÃO, 2000; GODZICKI, SILVA e BLUME, 2009).
O potencial de desenvolvimento motor das crianças com SD pode ser aumentado com
um trabalho de estimulação precoce que, iniciado o mais cedo possível, torna o
competente para a vida profissional e convivência em grupos sociais e familiares. Com
isso, nota – se a importância da estimulação precoce para essas crianças (RIBEIRO,
2007; FERREIRA, 2009).
A estimulação precoce é descrita como uma técnica terapêutica que deve abordar todos
os estímulos que interferem na maturação da criança, para facilitar posturas que vão
favorecer o desenvolvimento motor e cognitivo (RIBEIRO, 2007; DOMÉNECH, 2002).
O principal objetivo da estimulação precoce é evitar e/ou amenizar distúrbios do DNPM
(RIBEIRO, 2007; HALLAL, MARQUES, BRACHIALLI, 2008).
A estimulação precoce baseia – se nas fases do desenvolvimento neuropsicomotor
normal, de forma a reduzir os atrasos já existentes e os que poderão surgir, aproximando
ao máximo do desenvolvimento normal, tornando essas crianças independentes e
fornecendo melhor qualidade de vida (MATTOS & BELLANI, 2010).
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De acordo com Mattos e Bellani, 2010, a intervenção precoce deverá ter como
referência as etapas do desenvolvimento neuropsicomotor normal, visando assim um
menor prejuízo futuro ou existente da criança, tentando assim uma igualdade
desenvolvimento normal, para que a mesma tenha uma melhor expectativa de vida.
A presença de uma equipe multidisciplinar que geralmente é formado por médico,
enfermeiro, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo e psicólogo (MATTOS
& BELLANI, 2010) é muito relevante para se estabelecer independência e interação
com o meio social em que vive, e proporcionando assim um desenvolvimento
neuropsicomotor o mais próximo da normalidade (ROMÃO, CAETANO, 2009).
2. Referencial Teórico
2.1 A Síndrome de down
A Síndrome de Down (SD) é uma doença caracterizada por um cromossomo vinte e um
extra (trissomia 21). Em 1932, Wandenburg, oftalmologista holandês, sugeriu que a
ocorrência da SD seria causada por uma aberração cromossômica, e apenas em 1939
nos Estados Unidos, Adriàn Bleyer fez a suposição de que esta aberração poderia ser
uma trissomia (SCHWARTZAMAN,2003). Em 1959 foi comprovado a origem
genética de mongolismo por 3 cientistas franceses, LEJEUNE, TURPIN, e GAUTIER,
ao confirmarem a existência de um cariótipo com um cromossomo a mais,
identificando-se a chamada trissomia do 21.
Contudo, apenas em 1958 foi descoberto que a síndrome tratava-se de uma alteração
cromossômica caracterizada pela trissomia completa ou no mínimo parcial do
cromossomo 21, isto é, ao invés de 46 cromossomos por célula agrupados em 23 pares,
elas tinham 47, ou seja, um a mais. Hoje se sabe, que é a trissomia da parte distal do
braço longo do cromossômo 21 (banda cromossômica 21q22), referente a 1/3 deste
cromossômo, a responsável pela SD ( MORALES, 2000).
A SD é a patologia mais antiga relacionada com a deficiência intelectual e a mais
freqüente na espécie humana, pois aparece em todas as raças com uma incidência de
cerca de 1 para 550 nascimentos, sendo que o aumento desta está relacionado com a
idade materna (fator de risco). Atualmente, estima-se que existem, entre crianças e
adultos, mais de 100 mil brasileiros com a SD (GUSMÃO, 2003; RAMALHO, 2000).
As pessoas com SD apresentam algumas características físicas anormais, sendo as mais
frequentes: hipotonia (bebê molinho e pouco ativo); perímetro cefálico menor; face com
um contorno achatado, nariz pequeno e cavidades nasais estreitas; pálpebras estreitas,
levemente oblíquas e dobra palpebral nos cantos internos dos olhos; boca e orelhas
pequenas; língua protusa; palato estreito e elevado; dentes pequenos; pescoço curto com
diâmetro maior; mãos e pés pequenos e grossos; palma da mão com uma única dobra
(50% das crianças); pés chatos devido à frouxidão dos tendões; braços e pernas curtas
(baixa estatura) e uma tendência à obesidade se comparados com as pessoas normais
(SCHWARTZMAN, 2003).
Sabe-se, que a SD pode ocorrer de três modos diferentes: o primeiro é devido a uma não
disjunção cromossômica total. Dessa maneira, na medida em que o feto se desenvolve,
todas as células acabariam por adquirir um cromossomo 21 extra. Uma segunda forma
de alteração acontece quando a trissomia não afeta todas as células, e por isso, ganhou a
denominação de forma “mosaica” da síndrome. A terceira forma que pode vir a
acometer os indivíduos, seria por translocação gênica, onde todo, ou um componente do
cromossomo extra encontra-se ligado ao cromossomo.
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Esta síndrome é atualmente a mais frequente e estudada dentre as trissomias humanas, com
incidência variando entre 1 e 600 a 1 e 800 nascidos vivos mundialmente, sendo aumentada
potencialmente com a idade materna (CARNEIRO,2008).
2.2 Características relacionadas às crianças com SD
Há em torno de 50 características físicas apresentadas pelas crianças com SD
imediatamente após o nascimento. Essas peculiaridades incluem hipotonia, reflexo de
moro fraco, hiperextensibilidade articular, excesso de pele na região posterior do
pescoço, perfil facial aplanado, fissuras palpebrais em declive, aurículas anômalas,
displasia pélvica, displasia da falange média do 5º dedo e rugas siminianas. Além desses
aspectos, existem outros que produzem um quadro sintomatológico, como: disgenesias
(alguns órgãos que não se formam totalmente), espinha bífida, deformação do coração,
alteração do pavilhão da orelha e estrabismo, podendo, além disso, apresentar alterações
físicas e mentais variáveis, associadas ao retardo do desenvolvimento neuropsicomotor.
Dentre as características fenotípicas desta síndrome destacam-se a braquicefalia,
descrita por um diâmetro fronto-occipital muito pequeno, fissuras palpebrais com
inclinação superior, pregas epicânticas, base nasal achatada e hipoplasia da região
mediana da face.
Além dessas características da face, observa-se, também, que o pescoço é curto,
podendo estar presente apenas uma prega palmar; a pina é pequena e displásica;a língua
é protusa e hipotônica; há clinodactilia do 5º dedo das mãos e uma distância aumentada
entre o 1º e o 2º dedos dos pés. Em geral, as crianças com SD apresentam hipotonia
muscular e são muito sonolentas.
Logo após o nascimento, elas mostram dificuldades para a sucção e deglutição.
Observa-se, também, um atraso no desenvolvimento de alguns reflexos do bebê,
havendo um comprometimento na postura de semiflexão dos quadris, que pode não ser
evidente ou, até mesmo, estar ausente.
2.3 Desenvolvimento neuropsicomotor da criança com Síndrome de Down
O desenvolvimento motor é a mudança nas ações e padrões de movimentos que
ocorrem no decorrer da vida e está relacionado com a idade de cada indivíduo. É um
processo ordenado, contínuo, sequencial e progressivo, que se inicia com a própria vida,
sendo influenciado pela maturação (ARAÚJO, SCARTEZINI, KREBS, 2007).
De acordo com Ferreira (2009) o estudo do desenvolvimento típico depende da
interação entre os processos perceptuais e motores durante a produção, correção e
compreensão do movimento e qualquer alteração neurológica pode levar a déficits nessa
interação, alterando as habilidades funcionais. A funcionalidade de crianças com SD é
diminuída em relação à funcionalidade de crianças que não as possuem (MANCINI,
2003).
A criança com SD possui o desenvolvimento motor alterado por diversos fatores, tais
como genéticos, dificuldades de integração perceptiva, cognitiva e proprioceptiva
(ARAÚJO, SCARTEZINI, KREBS, 2007). De acordo com Mancini (2003) o
desempenho funcional de crianças com SD é inferior ao de crianças que não as
possuem.
No estudo de MATTOS & BELLANI, (2010) foi observado que a hipotonia está
presente em 100% dos casos de recém natos com SD. A hipotonia contribui para que o
desenvolvimento inicial seja precário e isso ocorre devido à carência de impulsos
descendentes que comandam um conjunto dos neurônios motores na medula espinhal.
Desta forma o DNPM torna-se comprometido e com isso a criança passa por todas as
fases do desenvolvimento de forma lentificada, necessitando de um tempo maior para
controlar a cabeça, o tronco, rolar, sentar, arrastar, engatinhar, andar e correr.
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2.4 Diagnóstico
De acordo com Faustman (2003) um dos aspectos mais importantes da obstetrícia atual
é a possibilidade de avaliar o bem estar fetal de forma objetiva e segura, sendo o
diagnóstico da SD realizado durante a gravidez. Nas últimas décadas, avanços
significativos têm sido feitos no rastreamento neonatal da SD (DANIELSKI,2001).
Nos últimos anos, tem surgido em todo o mundo, o interesse de identificar anomalias
cromossômicas fetais, principalmente através de métodos não invasivos. A
ultrassonografia é um teste considerado não invasivo e apresenta bom desempenho na
detecção de gestações de risco para cromossomopatia. É o método de diagnóstico prénatal mais usado em todo mundo, considerado inócuo e com possibilidades cada vez
maiores de visualização do feto em pormenor. Permite avaliar número e localização
do(s) embrião (ões), idade gestacional, biometria, existência ou não de malformações
externas ou internas, velocidade de crescimento intra-uterino e existência ou não de
“sinais de alarme” para anormalidades cromossômicas.
Considera-se a ultra-sonografia um exame imprescindível para uma vigilância correta
da gravidez e que deve ser feita várias vezes ao longo dela (com início no 1º trimestre) .
Esse exame envolve uma detalhada procura de sinais ultrassonográficos, com
sensibilidade de 80% para rastrear a SD (CHA,2004; PASTORE,2000). Entre eles está a
translucência nucal, que vem demonstrando ser o melhor marcador de doenças dos
cromossomos. A translucência nucal refere-se ao espaço preenchido por fluido
subcutâneo normal entre a parte posterior da nuca do feto e a pele superficial. É possível
obter medidas dessa área na maioria dos fetos entre 10 e 14 semanas de gestação. Existe
uma correlação direta entre o aumento da medida da translucência nucal e o risco para a
síndrome de Down, outras aneuploidias, malformações estruturais maiores e desfechos
adversos na gestação (CASTELÃO,2003;CHA,2004). Também deve ser avaliado o
osso nasal do feto, o comprimento das orelhas, a procura de defeitos cardíacos, a
medida do osso ilíaco e do quinto dedo da mão, pois em fetos com SD esses sinais
encontram-se alterados, direcionando ao diagnóstico (CHA,2004).
Quando os exames acima sugerem resultados positivos, são indicados exames invasivos
para confirmar o diagnóstico, salientando sempre à mãe os riscos que a expõe. A
amniocentese é um desses exames, onde é realizada a aspiração do líquido amniótico
através de agulha especial, acompanhada de ultra-sonografia, em seguida esse material é
levado a um laboratório específico que realizará leitura do cariótipo fetal. Nesse líquido
há células provenientes da descamação da pele do bebê, sendo uma excelente amostra
para estudo cromossômico. Outro exame semelhante é a cordocentese, onde se realiza a
punção do cordão umbilical obtendo uma amostra do sangue do feto, que possibilita um
estudo genético imediato. Também há opção pela biópsia do vilo corial, que se trata da
coleta das células placentárias, realizada por via vaginal ou abdominal, para serem
examinadas em laboratório. Obviamente que, diagnósticos pré-natais invasivos são
oferecidos somente para mulheres com idade materna avançada (idade superior a 35
anos no momento do parto), àquelas que já haviam tido uma criança afetada pela doença
ou para confirmação de suspeitas em exames anteriores (MANOLE,2010).
Há ainda dosagens bioquímicas que podem ser realizadas no sangue da grávida, que
verificam a concentração de hormônios protéicos. Dependendo do tipo de malformação
fetal, essas dosagens hormonais aumentam ou diminuem. São elas: alfa feto proteína,
beta gonadotrofina coriônica humana, estriol e proteína plasmática A associada à
gestação. Se o feto for portador da SD, o estriol, a alfa feto proteína e a proteína
plasmática A serão produzidos em menor quantidade e a gonadotrofina em maior. Esses
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métodos quando utilizados em conjunto, podem detectar cerca de 90% dos casos, com
5% de chance de falso positivo (GARCIAS,2004; SANTOS,2006.)
2.5 Estimulação Precoce e Fisioterapia
A estimulação que o bebê recebe nos seus primeiros anos de vida, constitui a base do
seu desenvolvimento futuro. É importante ressaltar que cada criança tem seu próprio
ritmo de desenvolvimento, que deve ser percebido e respeitado e cada criança
apresentará o desenvolvimento neuropsicomotor de forma individual. O que importa é
respeitar a individualidade da criança e determinar a linha de tratamento a partir disso
(MATTOS & BELLANI, 2010).
A estimulação precoce é um programa de atendimento que faz parte da educação
especial, que tem como alvo atender crianças de zero a três anos e 11 meses de idade
que possuam alguma deficiência, podendo ela ser: auditiva, visual, neurológica, física,
mental) e ou múltipla, e alto risco (prematuros). Para Hallal (2008) a intervenção deve
ocorrer antes dos 3 anos de idade, pois é nesse período que há maior plasticidade
cerebral, isto é quando o sistema nervoso central (encéfalo e medula espinhal) pode se
modificar tanto na forma estrutural quanto a funcional de acordo com os estímulos
ofertados de forma continua (SILVA e KLEINHANS, 2006).
A estimulação precoce proporcionará experiências sensório-motoras que vão intervir na
maturação da criança. São condições necessárias para conseguir uma reação dinâmica
com o meio em que vive, ensinando à criança posturas e movimentos mais próximos do
padrão de normalidade favorecendo assim, o desenvolvimento e a aquisição de
habilidades funcionais das crianças (URZEDA, 2009; WILLRICH, AZEVEDO,
FERNANDES, 2009; RIBEIRO, 2007; FORMIGA, 2003; MATTOS e BELLANI,
2010; HALLAL, MARQUES, BRACHIALLI, 2008).
É através da estimulação precoce que oferece condições e experiências sensóriomotoras para que se possa alcançar o desenvolvimento mais próximo da normalidade e
que alcancem as habilidades funcionais da criança, por meio de posturas, condutas que
irão proporcionar uma reação dinâmica ao meio dos mesmos (FERREIRA , 2010 ;
URZEDA, 2009; WILLRICH, AZEVEDO, FERNANDES, 2009; RIBEIRO, 2007;
FORMIGA, 2003; MATTOS e BELLANI, 2010; HALLAL, MARQUES,
BRACHIALLI, 2008).
A estimulação precoce não é exclusiva da fisioterapia, no entanto ela é de suma
importância nas patologias com maior comprometimento motor (RIBEIRO, 2007).
Sendo seu objetivo de estimular a aquisição das etapas do desenvolvimento
neuropsicomotor, sem sobrecargas, a fim de proporcionar a criança uma maior
funcionalidade para seu cotidiano (MATTOS & BELLANI, 2010).
A fisioterapia motora visa diminuir os atrasos da motricidade grossa e fina, estimulando
e facilitando assim as reações posturais necessárias para o desempenho das etapas de
desenvolvimento normal, e a prevenção das instabilidades articulares e deformidades
ósseas (RIBEIRO, 2007). Bebês com SD novatos na habilidade de sentar apresentam
comportamento diferente das crianças com desenvolvimento típico, já aqueles bebês
que possuem essa habilidade há mais tempo, são comparados com crianças que têm o
desenvolvimento típico (CARVALHO e ALMEIDA, 2008).
3.Métodos
O presente estudo é uma pesquisa de caráter qualitativo bibliográfico, pois se trata de
um levantamento bibliográfico de materiais científicos, onde a finalidade do mesmo é
permitir um reforço paralelo na análise das pesquisas, bem como uma revisão
integrativa (GONÇALVES, 2014).
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O levantamento bibliográfico de materiais científicos foi realizado através das palavras
chave em sites disponíveis na Internet: google, scielo, medline, capes, pubmed e lilacs.
Foi realizado uma coleta manual com livros, revistas, jornais, dissertações e anais de
eventos científicos, tornando-se fonte dos temas a serem pesquisados, onde o conteúdo
literário irá contribuir aos dados dos artigos (GIL, 2010; SEVERINO, 2007).
A busca dos artigos ocorreu mediante os seguintes descritores: Fisioterapia em
Neuropediatria, Síndrome de Down e Estimulação Precoce. Foram previamente
selecionados 24 artigos na língua portuguesa publicados no período de 2000 a 2014 e
utilizou-se todos para a construção do referencial teórico, cujo conteúdo, atendia os
critérios de inclusão determinados para alcançar o objetivo estabelecido.
4. Resultados e Discussão
Corrêa(2005) diz que a Síndrome de Down é a mais comum e bem conhecida de todas
as síndromes mal formativas. Foi descrita por John Langdon Down, em 1866, e daí tem
origem a terminologia mais utilizada para tal (ALMEIDA,2008). Também, foi a
primeira aneuploidia cromossômica descrita por cientistas e reconhecida no ser humano
(MARTINS,2001).
Faustman (2003) e Garcias (2004) destacam que caso a síndrome de Down não seja
diagnosticada durante a gravidez, após o nascimento da criança o pediatra examina suas
características e se, por ventura, restar alguma dúvida, pode ser solicitado um exame
chamado cariótipo, onde se detecta, com certeza absoluta, a presença do cromossomo a
mais. Explicam também que cariótipo é o estudo do tamanho, das formas e do número
dos cromossomos de uma célula ou de um indivíduo. É possível identificar o sexo e as
aberrações cromossômicas numéricas e estruturais das células. Pode-se contar o número
dos cromossomos bem como verificar se a sua estrutura está corretamente formada. No
caso da síndrome de Down através do cariótipo, pode-se visualizar a trissomia no
cromossomo 21, confirmando o diagnóstico.
De acordo com Mattos e Bellani (2010) o andar é comum nas crianças com SD, porém
elas realizam a marcha com uma base alargada, maior oscilação de tronco e cabeça, não
conseguindo manter os membros inferiores em extensão completa, apresentando um
grau de flexão em nível de tronco, quadril e joelho. Crianças com SD aprendem a andar
com atraso de um ano comparando a crianças com desenvolvimento típico.
Santos (2004) afirma que na infância, grandes habilidades motoras são adquiridas,
proporcionando um maior controle corporal em diferentes movimentos e posturas
usados em muitas tarefas de vida diária, de vida prática e de lazer. As experiências nos
primeiros anos de vida provocam a reorganização e o estabelecimento de novas
conexões sinápticas e a formação de grandes redes neuronais que facilitam o processo
de desenvolvimento (FLEHMIG,2000; DENUCCI,2008).
Godzicki, Silva e Blume (2010) destacam que as crianças com SD adquirem o sentar
independente por volta dos 10 meses de idade, e um trabalho de estimulação precoce
onde utiliza o balanço como forma de tratamento lúdico, permitiu que três crianças com
idade entre 6 e 7 meses, que não possuíam o controle de tronco adquirisse o sentar de
forma independente ao final do tratamento.
Um estudo realizado por Ferreira (2009) mostrou que as funções motoras grossas, em
crianças com SD, são compatíveis com o desenvolvimento típico, mas a coordenação
motora fina, a precisão, coordenação, tempo de realização de tarefas bi-manuais,
equilíbrio e a variabilidade motora não são compatíveis com o desenvolvimento típico
além de apresentar diferentes graus de comprometimento.
Para Romão e Caetano (2009) a atuação conjunta dos profissionais, que compõe a
equipe que realiza a estimulação precoce, está direcionada para o estabelecimento da
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independência e inserção social das crianças, e torna-se indispensável para minimizar o
atraso no desenvolvimento neuropsicomotor. É muito importante que a equipe seja uma
equipe de estimulação precoce multidisciplinar a qual geralmente é formada por
Médicos, Enfermeiros, Fisioterapeutas, Fonoaudiólogos, Psicólogos e Terapeutas
Ocupacionais (MATTOS & BELLANI, 2010).
Urzêda (2009) diz que as atividades propostas, oferecidas em quantidade e
oportunidades adequadas e em um contexto de situações de variada complexidade
despertarão o interesse da criança.
Hallal e seus colaboradores (2008) orientam que o início da estimulação precoce seja
preferencialmente antes dos 3 anos de idade, pois é nessa fase que ocorre maior
plasticidade cerebral, ou seja, o sistema nervoso central possui uma capacidade para
modificar sua organização estrutural e funcional, de acordo com os estímulos dados de
forma repetida (SILVA e KLEINHANS, 2006).
Santos,Weiss e Almeida (2010) destacam que é importante que a criança com SD
realize a fisioterapia com uma equipe multidisciplinar desde o nascimento até a vida
adulta, onde os profissionais irão proporcionar estímulos voltados à produção e ao
trabalho.
Mattos e Bellani (2010) afirmam que o objetivo da fisioterapia não é tentar igualar o
desenvolvimento neuropsicomotor da criança com síndrome de Down ao de uma
criança comum, nem exigir da criança além do que ela é capaz, mas auxiliá-la a
alcançar as etapas desse desenvolvimento da forma mais adequada possível, buscando a
funcionalidade na realização das atividades diárias e na resolução de problemas.
Segundo Ribeiro (2007) outro fator de grande importância é a participação dos pais
durante o tratamento fisioterapêutico, além do acompanhamento individualizado da
criança. Estes são apontados como fatores primordiais para o sucesso da terapêutica.
Ferrerira (2009) destaca que a estimulação precoce, por meio da fisioterapia, é essencial
para o desenvolvimento no âmbito social, familiar, e profissional da criança com
Síndrome de Down.
Ribeiro (2007) enfatiza que estimulação precoce não é puramente uma técnica
fisioterapêutica, entretanto a fisioterapia é indispensável nas patologias em que o
acometimento é motor, como na caso da SD.A fisioterapia, como integrante da equipe
de estimulação precoce, é de grande relevância. A utilização de técnicas do conceito
neuroevolutivo é importante para promover a aptidão motora em crianças com
Síndrome de Down.
Para Peres, Ruedell e Diamante (2009) o conceito Bobath parte do princípio de
manuseios nos quais são utilizados padrões que irão influenciar o tônus muscular, que,
através de pontos chaves de controle, o mesmo pode ser alterado. E isto, irá influenciar
o controle postural e o desempenho das atividades funcionais. Esse trabalho pode ser
realizado promovendo o dinamismo dentro da mesma posição, auxiliando no controle
postural e demonstrando para as crianças diferentes possibilidades funcionais.
Segundo Ribeiro(2007) as atividades motoras são de extrema importância para o
desenvolvimento global da criança com essa patologia, pois é descobrindo o mundo
através de seu corpo que ela desenvolve seus potenciais motores e cognitivos.
Mattos e Bellani (2010) dizem que é necessário respeitar o tempo, as experiências
pregressas, aptidões físicas e intelectuais, e as limitações de cada criança, para que esta
aperfeiçoe as suas virtudes, e assim se torne cada vez mais segura e disposta para novas
aprendizagens.
Formiga(2003) afirma que a estimulação precoce apresenta bons resultados, mas que na
prática muitos bebês são encaminhados as instituições, mas tardiamente, já
apresentando algum tipo de problema de deficiência tornando a intervenção mais
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restrita sem alcançar o objetivo proposto de prevenir alterações patológicas no
desenvolvimento.
Segundo Rodini (2002) há uma forte influência da idade materna sobre a síndrome de
Down, já que após os 35 anos, a mulher tem uma maior probabilidade de ter filhos com
essa desordem genética. Aos 20 anos o risco e de 1 para 1600 nascidos vivos, aos 25
anos é de 1 para 1000 nascidos vivos, a partir dos 35 anos este risco salta de 1 para 370
nascidos vivos, aos 40 anos 1 para 70 nascidos vivos.
Uyanik(2003) diz que a importância da fisioterapia na estimulação precoce e a
eficiência da utilização de técnicas do método neuroevolutivo são importantes para
promover aptidão motora em crianças portadoras da síndrome de Down. A participação
dos pais durante o tratamento fisioterapêutico e acompanhamento individualizado da
criança também são apontados como fatores primordiais para o sucesso da terapêutica.
Para Bertoti (2003) os objetivos da fisioterapia motora para crianças portadoras da
síndrome de Down são: diminuir os atrasos da motricidade grossa e fina, facilitando e
estimulando as reações posturais necessárias para o desempenho das etapas de
desenvolvimento normal; e a prevenção das instabilidades articulares e de deformidades
ósseas.
Uyanik (2003) descreve que uma série de estudos relata que os portadores de síndrome
de Down parecem ter um potencial de desenvolvimento neuropsicomotor muito maior
do que se podia supor até alguns anos atrás.
Ribeiro (2001) diz que é imprescindível, portanto, que os pediatras acompanhem a
evolução destes indivíduos e detectem alterações no seu desenvolvimento
neuropsicomotor, encaminhando-as o mais cedo possível para estimulação precoce.
Freitas e Oliveira (2005) realizando pesquisa com 15 crianças portadoras da síndrome
que iniciaram fisioterapia nos 6 primeiros meses de vida (grupo I); 6 entre 6 e 12 meses
de vida (grupo II); 5 entre 12 e 18 meses (grupo III) e 2 entre 19 e 24 meses (grupo IV),
totalizando 28 crianças, verificaram que todas as crianças andaram independentemente,
com 16 a 36 meses. Em relação às crianças estimuladas, verificou-se que no grupo I,
59% adquiriram a marcha aos 23 meses, 14% conseguiram andar antes dos 30 meses e
27% entre 30 e 36 meses; no grupo II, 50% andaram entre 23 e 29 meses e 50%
adquiriram a marcha entre 30 a 36 meses. No grupo III, 40% adquiriram a marcha entre
23 e 29 meses e 60% entre 30 e 36 meses. Observou-se, então, que o grupo I foi o único
que apresentou marcha antes dos 24 meses, confirmando, assim, a importância da
fisioterapia precoce.
Para Jururatanasirikul(2004) a iniciação da estimulação antes dos seis meses de vida
leva a um melhor potencial do desenvolvimento motor.
Ribeiro (2007) diz que a intervenção fisioterapêutica precoce, tem por objetivos
minimizar os atrasos da motricidade grossa e fina, prevenir instabilidades articulares e
deformidades ósseas e estimular a criança com SD por meio da utilização de técnicas do
conceito neuroevolutivo que favoreçam a aptidão motora.
Para Doménech (2002) a terminologia “estimulação precoce” é definida como uma
técnica terapêutica que pretende abordar, de forma elaborada, diversos estímulos que
podem intervir na maturação da criança, com a finalidade de estimular e facilitar
posturas que favoreçam o desenvolvimento motor e cognitivo de crianças com alguma
deficiência.
Bertoti (2002) ressalta que os objetivos da fisioterapia motora para crianças portadoras
da síndrome de Down são: diminuir os atrasos da motricidade grossa e fina, facilitando
e original estimulando as reações posturais necessárias para o desempenho das etapas de
desenvolvimento normal; e a prevenção das instabilidades articulares e de deformidades
ósseas.
10
Virji-Babul (2004) relata que o desenvolvimento motor da criança com Síndrome de
Down resulta de uma grande diversidade de fatores, desde a alteração genética até as
dificuldades de integração perceptiva, cognitiva e proprioceptiva. As diferenças entre
sexos e as perturbações associadas tornam extremamente difícil para formulação de um
perfil comportamental genético.
Já Kayihan(2003) descreve que para promover aptidão motora, integração social e
estimulação vestibular em crianças portadoras de síndrome de Down, os programas de
estimulação precoce podem ser realizados de forma separada ou conjunta, de acordo
com a necessidade individual de cada criança, de forma a potencializar o
desenvolvimento motor.
Ribeiro, Hall, Marques e Brachialli (2008) dizem que a Estimulação precoce é baseada
em exercícios para o desenvolvimento da criança conforme a fase em que se encontra,
proporcionando nos primeiros anos de vida, o alcance do pleno desenvolvimento.
Majnemer (2002) enfatiza que o tratamento individual e com maior frequência semanal
seriam alguns dos princípios de um bom programa de estimulação precoce.
Kayihan(2003) descreve que sobre a duração e a frequência das sessões de fisioterapia
não há um consenso entre os autores.
Ribeiro (2001) afirma que é imprescindível, portanto, que os pediatras acompanhem a
evolução destes indivíduos e detectem alterações no seu desenvolvimento
neuropsicomotor, encaminhando-as o mais cedo possível para estimulação precoce.
Conclusão
A fisioterapia neuropediátrica tem grande importância no trabalho de estimulação
precoce em crianças portadores de síndrome de Down, que vem a ser decorrente de um
erro genético, presente desde o momento da concepção ou imediatamente após,
atingindo toda a população do mundo, sem distinção de raças ou regiões específicas.
Visto que as crianças acometidas apresentam atraso no desenvolvimento
neuropsicomotor que ocasionam limitações globais e funcionais e a estimulação precoce
proporcionará à criança com SD, experiências sensório-motoras para desenvolver ao
máximo seu potencial neuropsicomotor. Esta estimulação é o primeiro passo no longo
percurso de programas educacionais para este tipo de criança, uma vez que as crianças
portadoras de síndrome de Down apresentam potencial para se tornarem adultos
independentes em suas atividades de vida diária e se integrarem à sociedade. É uma
técnica eficaz e é importante que seja iniciada o quanto antes.
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