INSTITUTO DE AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIA EM SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIA EM SAÚDE TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Parecer Técnico-Científico Teste de Diagnóstico Molecular CLART® PneumoVir Farmacêutico-Bioquímico: RODRIGO MINUTO PAIVA Orientador: Prof. Alexsander Itria PORTO ALEGRE, 2015 Resumo Executivo Intensidade das recomendações: Recomendação fraca a favor da tecnologia. Tecnologia: Teste de diagnóstico molecular CLART® PneumoVir. Indicação: Diagnóstico laboratorial de infecções respiratórias humanas. Caracterização da tecnologia: É um dispositivo comercial capaz de detectar e caracterizar a presença de 19 tipos mais frequentes de vírus humanos que causam infecções respiratórias em espécimes clínicos respiratórios, incluindo a detecção específica do vírus influenza A H1N1 cepa pandêmica de 2009. Tratase de um ensaio molecular envolvendo uma reação em cadeia da polimerase com transcrição reversa (RT-PCR), acoplado a um sistema microarray. Comparador: foram utilizados os ensaios tradicionais de detecção de vírus respiratórios (isolamento de vírus por cultura e imunofluorescência direta – IFD) e/ou RT-PCR. Pergunta: Para os neonatos e crianças até os dois anos de idade, com infecção respiratória, o dispositivo CLART® PneumoVir, comparado aos testes tradicionais (isolamento do vírus por cultura e IFD) ou RT-PCR é acurado? Busca e análise de evidências científicas: A pesquisa foi realizada com alguns descritores, tais como “CLART Pneumovir” e “microarray and respiratory virus” nas bases de dados eletrônicas: Medline (via Pubmed), The Cochrane Library (via Bireme), LILACS, Biblioteca Virtual em Saúde e Web of knowledge. Foram identificados 70 estudos, dentre os quais 2 foram selecionados, sendo um estudo observacional e outro estudo de coorte. O primeiro estudo utilizou o sistema de DNA microarray em conjunto com outro ensaio semelhante e uma técnica de RTPCR clássica. O segundo estudo avaliou os testes de diagnóstico de vírus respiratórios tradicionais, bem como o dispositivo comercial CLART® PneumoVir. Resumo dos resultados dos estudos selecionados: Os estudos selecionados apresentam boa qualidade metodológica. Os principais desfechos avaliados pelos estudos foram a capacidade do CLART® PneumoVir em detectar um grande número de vírus respiratórios ao mesmo tempo em uma única amostra clínica, bem como a possibilidade de diagnóstico de infecções mistas. Os resultados apontam que o dispositivo comercial CLART® PneumoVir apresenta melhor sensibilidade diagnóstica, uma vez que detecta uma ampla variedade de vírus respiratórios, devido ao uso de diferentes sondas nucleotídicas desenvolvidas para cada alvo. No entanto, existem poucos estudos de validação metodológica do ensaio CLART® PneumoVir disponíveis, de modo que se possa assegurar que este ensaio seja mais acurado que os testes tradicionais propostos nesta análise. Recomendações: Os estudos analisados demonstram que o ensaio de diagnostico CLART® PneumoVir apresenta maior sensibilidade analítica frente as tecnologias isolamento do vírus por cultura, IFD e RT-PCR, bem como a possibilidade de detectar a presença de infecções mistas. Sugere-se, entretanto, a realização de mais estudos comparativos entre o CLART® PneumoVir e estas técnicas, devido ao número baixo de evidências encontradas neste PTC. Executive Summary Intensity of the recommendations: Recommendation weak in favor of technology. Technology: Molecular diagnostic testing CLART® PneumoVir. Indication: Laboratory diagnosis of human respiratory infections. Characterization of technology: It is a commercial device that can detect and characterize the presence of the 19 most common types of human respiratory viruses that cause respiratory infections in clinical specimens, including the specific detection of influenza virus H1N1 pandemic strain 2009. It is a molecular assay involving a reverse transcription polymerase chain reaction (RT-PCR), coupled to a microarray system. Comparison: we use traditional tests respiratory virus detection (virus isolation by culture and direct immunofluorescence - IFD) and/or RT-PCR. Question: For newborns and children up to two years of age with respiratory infection, CLART® PneumoVir device, compared to traditional tests (virus isolation by culture and IFD) or RT-PCR is accurate? Search and analysis of scientific evidence: The survey was conducted with some descriptors such as "CLART Pneumovir" and "microarray and respiratory virus" in electronic databases: Medline (via Pubmed), The Cochrane Library (via Bireme), LILACS, the Virtual Health Library and Web of knowledge. We identified 70 studies, of which 2 were selected, an observational study and one cohort study were identified. The first study utilized the DNA microarray system together with other similar test and a classical RT-PCR. The second study evaluated diagnostic tests traditional respiratory viruses, as well as the commercial device CLART® PneumoVir. Summary results of the selected studies: The selected studies have good methodological quality. The main outcomes assessed by the studies were the ability of CLART® PneumoVir on detect a large number of respiratory viruses at the same time in a single clinical sample, as well as the possibility of diagnosis of mixed infections. The results show that the commercial device CLART® PneumoVir has better diagnostic sensitivity, once it detects a wide variety of respiratory viruses due to the use of different nucleotide probes developed for each target. However, there are few studies on the validation methodology CLART® PneumoVir test available, so that it can ensure that this test is more accurate than traditional tests proposed in this analysis. Recommendation: Studies show that the examined test diagnostic CLART ® PneumoVir has a higher analytical sensitivity in compare to technologies of virus isolation in culture, direct immunofluorescence and RT-PCR as well as the possibility to detect the presence of mixed infections. It is suggested, however, more comparative studies between CLART® PneumoVir and these techniques due to the low number of evidence found in this PTC. SUMÁRIO Contextualização do problema ........................................................................... 1 Pergunta ............................................................................................................. 2 Introdução .......................................................................................................... 3 Descrição do Dispositivo Avaliado e Alternativa Diagnóstica ............................. 5 CLART Pneumovir .................................................................................................. 5 Alternativas Diagnósticas .......................................................................................... 6 Bases de Dados e Estratégia de Busca ............................................................. 8 Critérios de Seleção e Exclusão de Artigos ..................................................... 11 Resultados dos Estudos Selecionados ............................................................ 15 Interpretação dos resultados ............................................................................ 16 Recomendações .............................................................................................. 18 Referências Bibliográficas ................................................................................ 19 Contextualização do Problema Este Parecer Técnico-Científico (PTC) foi elaborado como produto final do Curso de Especialização em Avaliação de Tecnologias em Saúde – EAD, caracterizando-se por um Trabalho de Conclusão de Curso. A proposta deste PTC consiste de análise técnica do teste comercial CLART ® PneumoVir em relação aos testes tradicionais (isolamento do vírus por cultura e imunofluorescência direta – IFD) ou mesmo a Reação em Cadeia da Polimerase por Transcrição Reversa (RT-PCR) para diagnóstico de infecções respiratórias. Este estudo se faz necessário, uma vez que atualmente os ensaios laboratoriais tradicionais de pesquisa de vírus respiratórios costumam identificar uma variedade muito pequena de espécies virais (em torno de 5 a 7 vírus pesquisados) em amostras respiratórias. Inúmeros pacientes têm seu diagnóstico de infecção respiratória viral prejudicado, devido à falta de sensibilidade dos métodos de rotina e possibilidade de identificação de outros vírus circulantes no ambiente. Em meio a isso, desde 2010 há no mercado brasileiro o teste comercial CLART® PneumoVir, que tem a capacidade de identificar 19 tipos virais em uma mesma amostra respiratória. A elaboração deste PTC é fundamental para avaliar as evidências científicas disponíveis sobre o uso do dispositivo CLART ® PneumoVir na pesquisa de vírus respiratórios por técnica molecular, com o objetivo de embasar a tomada de decisão da área técnica interessada (laboratórios de análises clínicas) e dos demais gestores em saúde, visando ao bem comum e à eficiência do SUS. No processo de elaboração deste PTC, buscou-se atender às Diretrizes Metodológicas para elaboração de Pareceres Técnico-Científicos propostas pelo Ministério da Saúde, tendo caráter informativo. 1 Pergunta O objetivo deste PTC foi analisar as evidências científicas disponíveis atualmente sobre o perfil de desempenho (acurácia e precisão) do dispositivo CLART® PneumoVir e a sua utilização na pesquisa de vírus respiratórios causadores de infecções respiratórias. Para sua elaboração, estabeleceu-se a seguinte questão de pesquisa, cuja estruturação encontra-se apresentada no Quadro 1 abaixo: Pergunta: Para os neonatos e crianças até os dois anos de idade, com infecção respiratória, o dispositivo CLART® PneumoVir, comparado aos testes tradicionais (isolamento do vírus por cultura e IFD) ou RT-PCR é acurado? Quadro 1: Pergunta estruturada para elaboração do PTC População ou subgrupos de Crianças até 02 anos de idade com interesse infecção viral respiratória. Intervenção (tecnologia) CLART® PneumoVir Comparação (tecnologia) Isolamento do vírus por cultura, IFD1 ou RT-PCR2. Desfecho -Desempenho analítico igual ou superior (mais sensível e específico que os testes usuais). -Diagnóstico de infecções respiratórias mistas. 1 IFD: Imunofluorescência direta 2 RT-PCR: Reação em Cadeia da Polimerase por Transcrição Reversa. 2 Introdução As infecções respiratórias encontram-se entre os principais problemas de saúde pública devido as suas elevadas taxas de incidência e facilidade de disseminação na comunidade. As infecções respiratórias agudas (IRAs) estão associadas com morbidade significante e são uma das principais causas de consultas médicas e hospitalizações (KOUNI, 2012). As IRAs são muito comuns em crianças, podendo a etiologia viral ser identificada em até 80% dos casos. Estas infecções podem levar a um dano no trato respiratório inferior do paciente, resultando em bronquite, bronquiolite, pneumonia e até superinfecções bacterianas. Em alguns casos, especialmente em crianças até dois anos de idade, a hospitalização em unidades de tratamento intensivo pode ser requerida devido à gravidade do caso (FROBERT, 2011). As IRAs em crianças até 02 anos de idade, na maioria das vezes, são atribuídas ao vírus respiratório sincicial (VRS), vírus influenza A e B, vírus parainfluenza 1, 2 e 3, rinovírus e adenovírus. Os vírus influenza são os que têm taxa de evolução mais alta, sendo os vírus Influenza A os causadores dos surtos mais severos e extensos. As variações genéticas nestes vírus geralmente levam a epidemias ou pandemias globais (FALCHI, 2011). Além destes patógenos, novos agentes virais foram identificados por métodos moleculares e relacionados com IRA como o metapneumovírus e o bocavírus humano e, mais recentemente, o coronavírus (MURRAY, 2014). O diagnóstico dos vírus respiratórios tem sido tradicionalmente realizado através de técnicas de detecção de antígeno por imunofluorescência direta (IFD), isolamento do vírus através de cultura e/ou por Reação em Cadeia da Polimerase (PCR). Entretanto, a baixa e variável sensibilidade da IFD (50 a 70%) e cultura (60 a 90%), bem como as limitações da cultura de vírus, tais como ser uma técnica aplicável somente aos vírus cultiváveis e o tempo prolongado para obtenção dos resultados, torna o diagnóstico dos vírus respiratórios incompleto (FERREIRA, 2001; FROBERT, 2011; NIEWIADONSKI, 2012; CULEBRAS, 2013). Mesmo que alguns laboratórios clínicos utilizem as técnicas de IFD e cultura viral combinadas, algumas amostras clínicas permanecem com resultado 3 negativo, apesar das evidências clínicas e epidemiológicas de uma infecção respiratória viral (CULEBRAS, 2013). Já em relação ao ensaio de PCR, trata-se de uma alternativa mais sensível (superior a 80%) e específica (superior a 90%) que as outras citadas, no entanto requer a validação de uma reação de PCR para cada agente etiológico a ser pesquisado, tornando o exame mais laborioso e com custo elevado (MURRAY, 2014). Como consequência disso, um número grande de infecções pode permanecer não diagnosticada. A partir deste cenário, o aparecimento de novas técnicas tornou-se necessário não somente para detectar vírus emergentes não contemplados pelas metodologias tradicionais, mas também para oferecer às equipes médicas um aumento de sensibilidade, acurácia e rapidez na obtenção dos resultados. O emprego de técnicas moleculares, principalmente naquelas baseadas em PCR têm sido utilizadas por apresentar melhor sensibilidade e especificidade, quando comparadas aos métodos tradicionais, aumentando a capacidade de detecção de diferentes agentes etiológicos, bem como a presença de múltiplas infecções (co-infecções). Dentre estas técnicas, o dispositivo comercial CLART ® (Clinical Array Technology) PneumoVir (Genomica, Madri, Espanha) permite a detecção simultânea de até 19 vírus respiratórios através da amplificação por uma RTPCR em multiplex e a detecção do produto amplificado pela tecnologia de microarray. Trata-se de um método com execução relativamente rápida, capaz de detectar os seguintes vírus: adenovírus, matapneumovírus A, metapneumovírus B, parainfluenza 1, parainfluenza 2, parainfluenza 3, parainfluenza 4A, parainfluenza 4B, rinovírus, vírus sincicial respiratório A, vírus sincicial respiratório B, bocavírus, coronavírus, enterovírus, influenza A, influenza A H1N1 suíno, influenza A H3N2, influenza B e influenza C (NIEWIADONSKI, 2012; CULEBRAS, 2013). 4 Descrição do Dispositivo Avaliado e Alternativa Diagnóstica A) CLART® PneumoVir A tecnologia em avaliação CLART® PneumoVir Versão 8, que possui registro deferido (Kit Visualização nº 10158120648 e Kit Amplificação nº 10158120649) na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), está sendo distribuída pela empresa bioMérieux no Brasil desde novembro de 2010. O dispositivo comercial CLART® PneumoVir é um ensaio de RT-PCR em multiplex associado a tecnologia de microarray (microarranjo de DNA) capaz de detectar e caracterizar a presença de 19 tipos mais frequentes de vírus humanos que causam infecções respiratórias nas amostras clínicas mais comuns (aspirado de nasofaringe e swab nasal), incluindo a detecção do subtipo novo influenza A H1N1 cepa pandêmica. Primeiramente, a detecção dos vírus é efetuada através da amplificação de um fragmento específico do genoma viral que pode variar de 120 a 330 pares de bases, a partir da RT-PCR em multiplex. Numa segunda etapa, a visualização do produto amplificado é possível devido ao uso de uma plataforma tecnológica baseada em microarray de baixa densidade em que ocorre a hibridização do produto amplificado com as sondas específicas imobilizadas nesta plataforma. Esta plataforma consiste em incluir um microarray no fundo (base) do poço de uma tira (strip) de 8 poços, que simplifica consideravelmente todo o processo de hibridização e visualização. Esta tecnologia permite a detecção simultânea de marcadores moleculares múltiplos de diagnóstico, incluindo a presença de controles (controle de hibridização e controle da PCR) que garantem a confiabilidade dos resultados (NIEWIADONSKI, 2012; CULEBRAS, 2013). O sistema de detecção do CLART® PneumoVir baseia-se na precipitação de um produto solúvel do microarray, nos quais ocorreu a hibridização dos produtos amplificados. Durante a RT-PCR em multiplex, os produtos amplificados são marcados com biotina. Após a amplificação, os produtos amplificados hibridizam-se com as sondas específicas que estão imobilizadas no fundo do poço (os microarranjos), sendo que após isso são incubadas com o conjugado estreptavidina-peroxidase. O conjugado liga-se através da estreptavidina com a biotina presente nos produtos amplificados (que também 5 encontram-se ligados às suas sondas específicas) e a atividade da peroxidase provoca o aparecimento de um produto insolúvel na presença do substrato odianisidina, que se precipita no local de hibridização do poço. No interior do equipamento há um tubo de leitura que faz a leitura dos produtos formados por absorvância em cada poço de reação para determinar a presença dos vírus respiratórios (GENOMICA, 2010). B) Alternativas Diagnósticas – Padrão-Ouro O isolamento do vírus através de cultura em laboratório clínico se faz, normalmente, em culturas celulares, sendo o diagnóstico caracterizado pelos efeitos citopatológicos induzidos pelos vírus nas células de culturas. Os efeitos citopatológicos incluem alterações na morfologia celular, lise celular, formação de vacúolos, sincícios e corpúsculos de inclusão (MURRAY, 2014). O teste de IFD é empregado na pesquisa e localização de antígenos em células ou tecidos, por intermédio de um anticorpo específico marcado com fluorocromo (conjugado). O conjugado se fixa ao antígeno, formando um imunocomplexo estável. O anticorpo não-ligado é removido por lavagens e o preparado é observado em microscópio de fluorescência. Este teste apresenta sensibilidade e especificidade variáveis, visto que depende de um técnico operador bem treinado para leitura microscópica e interpretação dos resultados, ou seja, é uma técnica operador-dependente. Além disso, a IFD requer o preparo de um conjugado para cada sistema que se queira pesquisar. A principal aplicação da IFD é na imunocitoquímica, bem como na pesquisa de Chlamydia trachomatis, Treponema pallidum, Legionella sp., Escherichia coli estreptococos β-hemolíticos do grupo A e vários vírus como os da família herpesviridae e vírus respiratórios (FERREIRA, 2001). Os vírus respiratórios que frequentemente a técnica de IFD é capaz de detectar são: influenza A (InfA), influenza B (InfB), vírus sincicial respiratório (VSR), parainfluenza (PIV) e adenovírus (ADN) (NIEWIADONSKI, 2012). Entre os testes moleculares disponíveis atualmente, a PCR é o ensaio que mais se destaca. Através da PCR é possível amplificar uma sequência específica de DNA, obtendo-se quantidade suficiente que permita detectar e 6 analisar a sequência alvo da pesquisa. A PCR consiste em uma reação de síntese e amplificação de regiões específicas de DNA (regiões alvo) através do uso de primers (iniciadores) que delimitam a região alvo a ser sintetizada através da ação catalisadora de uma enzima DNA polimerase termoestável. A PCR é realizada em três etapas (desnaturação do DNA, anelamento dos primers e extensão da fita), repetidas, em média, por 25 a 30 ciclos. Análises baseadas na PCR possibilitaram aos profissionais de laboratório detectar microrganismos que não podiam ser cultivados, assim como aqueles que eram fastidiosos e/ou de crescimento lento. Para pesquisa de microrganismos de genoma constituído de RNA, como é o caso da maioria dos vírus respiratórios, realiza-se uma etapa de transcrição reversa (RT) antes da amplificação por PCR para a formação do cDNA, denominando então, ensaio RT-PCR. O ensaio de RT-PCR pode ser considerado do tipo convencional (detecção do produto amplificado por eletroforese em gel, por exemplo) ou do tipo RT-PCR em tempo real (detecção por fluorescência). O RT-PCR em tempo real é o ensaio molecular mais utilizado, podendo ser realizado a partir de um kit comercial ou, na maioria das vezes, a partir de um ensaio padronizado e validado pelo próprio laboratório de diagnóstico clínico (técnica in house). A técnica de RT-PCR in house tem como vantagem a possibilidade de padronização e utilização para a pesquisa de diferentes tipos de vírus respiratórios de interesse dos gestores de laboratório. Entretanto, trata-se de um ensaio laborioso, uma vez que geralmente é necessária a padronização e realização de uma reação isoladamente para cada tipo de vírus (ROSSETTI, 2006). Em todos os testes laboratoriais tradicionais tem sido padronizado como espécime clínico, amostras respiratórias, tais como aspirado ou secreção de nasofaringe e swab nasal. 7 Base de Dados e Estratégia de Busca Para encontrar a melhor evidência atualmente disponível sobre acurácia do dispositivo comercial CLART® PneumoVir e os benefícios de uso na pesquisa de vírus respiratórios no diagnóstico de infecções respiratórias foi realizada uma ampla busca nas bases de dados Medline (via Pubmed), The Cochrane Library, LILACS, Biblioteca Virtual em Saúde e Web of Knowledge, objetivando-se encontrar revisões sistemáticas (RS) e ensaios clínicos randomizados (ECR), considerados as evidências científicas de melhor qualidade. Entretanto, na ausência de RS e ECR foram também aceitos estudos de coorte e transversais, visto que são os estudos de maior publicação na área de diagnóstico laboratorial. O intuito foi selecionar estudos que comparassem o uso do teste comercial CLART® PneumoVir em relação as alternativas diagnósticas em pacientes com suspeita clínica de infecção respiratória viral. Para a realização deste PTC não foram selecionadas avaliações econômicas, estudos de custo-efetividade e custo-utilidade, relatos de caso e protocolos de estudos. Além disso, foram selecionados somente os estudos publicados em inglês, português ou espanhol a partir de 01/01/2005 até 07/01/2015 (data do último acesso). No Medline (via Pubmed), na busca por todas as referências referentes ao teste CLART® PneumoVir, foram encontradas 61 referências, mas somente 02 foram selecionadas: um estudo do tipo coorte, comparando cultura viral, IFD, e RT-PCR frente ao teste CLART® PneumoVir e outro estudo do tipo transversal prospectivo, comparando nested RT-PCR ao CLART® PneumoVir. Dois estudos não foram contabilizados no total de referências encontradas, pois haviam sido localizados utilizando os dois termos de busca (estudos repetidos). As outras 59 referências foram estudos que não respondiam a pergunta do PTC e não foram selecionadas. Na base Cochrane via Bireme não foi encontrada nenhuma referência com o uso do dispositivo comercial CLART®, mesmo utilizando três tipos de termos de busca. Já na base LILACS foi encontrada uma referência, no entanto o ensaio de microarray utilizado não correspondia ao dispositivo comercial CLART®. 8 Na base da Biblioteca Virtual em Saúde foi encontrada uma referência sobre o teste CLART® PneumoVir, que a partir da leitura de seu resumo, atendia a pergunta de pesquisa. Entretanto, não houve disponibilização deste estudo por completo por parte dos autores, para que esta referência pudesse ser utilizada neste PTC (TOKMAN, 2014). Na base Web of Knowledge foram encontradas 5 referências, no entanto nenhum destes estudos foi selecionado, visto que um estudo tratava-se de um resumo de apresentação oral em congresso científico, e as demais quatro referências já haviam sido localizadas na base Medline, porém não selecionadas. A estratégia de busca encontra-se na TABELA 1 (abaixo), detalhando as bases de dados e respectivos termos de pesquisa: Base de Termos de Busca Dados Resultados Estudos Estudos da busca Elegíveis Selecionados 57 4 2 1 1 0 5 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 ("Microarray Analysis/methods"[Mesh]) AND "Respiratory Tract Infections/virology"[Mesh] Medline Pubmed via 3 ("Microarray Analysis/methods"[Mesh]) AND "Respiratory Tract Infections/virology"[Mesh] AND CLART “CLART Pneumovir” ("Microarray Analysis/methods"[Mesh]) AND The "Respiratory Cochrane Infections/virology"[Mesh] Library Bireme4 via Tract “microarray and respiratory and vírus” “CLART Pneumovir” 9 “microarray and respiratory 1 0 0 0 0 0 0 0 0 “CLART Pneumovir” 1 0 0 “CLART Pneumovir” 5 2 0 virus” LILACS5 “CLART Pneumovir” “microarray Biblioteca Virtual em Saúde6 Web of Knowledge 7 and virus” respiratory 3 Medline (via Pubmed). Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/sites/entrez/. Acessado em 07 de janeiro de 2015. 4 The Cochrane Library (via Bireme). Disponível em: http://cochrane.bvsalud.org/cochrane/main.php?lang=pt&lib=COC. Acessado em 07 de janeiro de 2015. 5 LILACS (via Bireme). Disponível em: http://lilacs.bvsalud.org/. Acessado em 07 de janeiro de 2015. 6 Biblioteca Virtual em Saúde. Disponível em: http://regional.bvsalud.org/php/index.php?lang=pt. Acessado em 07 de janeiro de 2015. 7 Web of Knowledge. Disponível em: https://apps.webofknowledge.com/UA_GeneralSearch_input.do?product=UA&search_mode=GeneralSearch&SID=4Df XuR8DYw7KGoX4twP&preferencesSaved=. Acessado em 07 de janeiro de 2015. 10 Critérios de Seleção e Exclusão de Artigos Por se tratar de uma questão sobre avaliação de desempenho de um dispositivo de teste laboratorial a ser utilizado no diagnóstico de infecções respiratórias de etiologia viral, sabe-se que dificilmente seriam encontrados estudos como revisões sistemáticas de ensaios clínicos randomizados. Sendo assim, as melhores evidências encontradas foram estudos do tipo coorte e estudos transversais (observacionais) para avaliação do desempenho (acurácia) do dispositivo comercial CLART® PneumoVir frente as alternativas de diagnóstico atualmente utilizadas (padrão-ouro), de acordo com a questão de pesquisa. Conforme descrito anteriormente, apesar de usar na estratégia de busca termos de busca amplos (p. ex.: microarray analysis e respiratory tract infections) e específicos (p. ex.: CLART PneumoVir), foram selecionados somente estudos que utilizaram o dispositivo comercial CLART® PneumoVir com a finalidade de pesquisar vírus respiratórios de espécimes clínicos de pacientes com infecção respiratória. Inicialmente, foram selecionadas 70 evidências a partir das bases dados científicos (TABELA 1), restando 63 estudos após a retirada das duplicatas. Após isso, 57 estudos foram excluídos da análise a partir da leitura de seus resumos, sendo o motivo principal para exclusão, o fato de que não havia sido utilizado o dispositivo comercial CLART ® PneumoVir nas pesquisas. Os seis estudos elegíveis (Culebras et al., 2013; Kouni et al., 2012; Huguenin et al.,2012; Falchi et al., 2011; Frobert et al., 2011 e Renois et al., 2010) após a etapa anterior foram cuidadosamente examinados através de uma leitura crítica completa, sendo selecionados apenas duas referências (Huguenin et al., 2012 e Renois et al., 2010), conforme a pergunta estruturada deste PTC (QUADRO 1). Os motivos de exclusão para os quatro estudos excluídos encontram-se descritos na TABELA 2. Não foram selecionados estudos de avaliações econômicas, estudos de custo-efetividade e custo-utilidade, relatos de caso e protocolos de estudo. Além disso, foram selecionados somente estudos completos que foram publicados nas línguas inglesa, portuguesa ou espanhola. 11 Identificação Fluxograma da Seleção dos Estudos Publicações identificadas através da pesquisa nas bases de dados Publicações adicionais identificadas por meio de outras fontes (n = 70) (n = 0) Publicações após a remoção das duplicatas Seleção (n = 63) Publicações selecionadas (n = 63) Publicações excluídas, com justificativas Elegibilidade (n =57) Artigos com texto completo para avaliar a elegibilidade (n = 6) Artigos com texto completo excluídos, com justificativas Incluídos (n =4 ) Estudos incluídos (n = 2) 12 TABELA 2: Apresentação de motivos para os estudos excluídos Estudo Motivo da exclusão Culebras E, Betriu C, Vázquez-Cid E, López- O estudo utilizou o dispositivo comercial Varela E, Rueda S, Picazo JJ. Detection and CLART® PneumoVir, mas comparou os genotyping of human respiratory viruses in resultados clinical specimens from children with acute comercial imunocromatográfico que não está respiratory tract infections. previsto no PTC como teste diagnóstico Rev Esp Quimioter 2013;26(1):47-50. comparativo (padrão-ouro). Kouni S1, Karakitsos P, Chranioti obtidos com outro ensaio A, Trata-se de um estudo que fez o diagnóstico Theodoridou M, Chrousos G, Michos A. das infecções respiratórias a partir do Evaluation of viral co-infections in hospitalized CLART® PneumoVir, mas não utilizou outro and non-hospitalized children with respiratory ensaio para comparar os resultados obtidos. infections using microarrays. Este estudo fez uma correlação clínica para Clin Microbiol Infect. 2013 Aug;19(8):772-7. validar o resultado obtido no teste. doi: 10.1111/1469-0691.12015. Frobert E1, Escuret V, Javouhey E, Casalegno Este estudo fez uma correlação clínica com JS, Bouscambert-Duchamp M, Moulinier C, os resultados obtidos no ensaio de CLART® Gillet Y, Lina B, Floret D, Morfin F. Respiratory PneumoVir sem utilizar um outro teste viruses in children admitted to hospital diagnóstico como padrã-ouro para validar os intensive care units: evaluating the CLART® resultados do primeiro teste. Pneumovir DNA array. J Med Virol. 2011 Jan;83(1):150-5. doi: 10.1002/jmv.21932. Falchi A1, Turbelin C, Andreoletti L, Arena C, Apesar deste estudo utilizar dois tipos de Blanchon T, Bonmarin I, Hanslik T, Leruez- ensaios Ville (PneumoVir M, De Lamballerie X, Carrat F. comerciais e da marca CLART® FluVir), não houve Nationwide surveillance of 18 respiratory comparação de seus resultados com uma viruses in patients with influenza-like illnesses: alternativa diagnóstica proposta neste PTC. a pilot feasibility study in the French Sentinel Network. J Med Virol. 2011 Aug;83(8):1451-7. doi: 10.1002/jmv.22113. 13 Avaliação da Qualidade da Evidência Para a avaliação da qualidade da evidência apresentada foi utilizado o sistema GRADE, proposto pelo grupo Grades of Recommendation, Assessment, Development and Evaluation (GRADE). De acordo com a classificação de GRADE, os artigos selecionados para este PTC apresentam baixo índice de qualidade, uma vez que se trata de um estudo transversal e um estudo de coorte, sem nenhum sistema de randomização, o que aumentaria a qualidade da evidência. Entretanto, os estudos observacionais são os mais realizados no âmbito clínico-laboratorial, principalmente, quando o foco de comparação são metodologias diagnósticas. Como o delineamento do estudo observacional foi o mais encontrado, as características mais importantes para se considerar uma evidência de qualidade no âmbito laboratorial devem ser: - publicação do estudo em uma revista internacional com um bom índice de impacto para a área laboratorial (por exemplo, índice acima de 2); - um número amostral significativo, mesmo sabendo que os critérios de definição amostral para trabalhos de comparação entre metodologias laboratoriais (validação de ensaios) ainda sejam bastante controversos (por exemplo, 20 amostras positivas e 20 amostras negativas em ensaios moleculares qualitativos, segundo protocolos norte-americanos); - descrição completa e objetiva dos materiais e métodos empregados no estudo, a fim de que se possa reproduzir a metodologia; - apresentação clara dos resultados com tratamento estatístico adequado, quando pertinente; - discussão dos resultados, elucidando as vantagens e desvantagens das metodologias testadas. 14 Resultados dos Estudos Estudo Tipo de População Huguenin n = 138 crianças de O et aproximadamente 1 ano PneumoVir de al., 2012 idade. Foram coletadas 138 amostras de aspirados Desfechos Resultados CLART® CLART® PneumoVir, RT-PCRs e é uma IFD associado à cultura viral metodologia rápida e apresentaram as seguintes taxas acurada. de detecção global de vírus ensaio de respiratórios: 91, 91 e 70%, respectivamente (p < 0,001). nasofaringe. CLART® PneumoVir e RT-PCRs apresentaram 99% de concordância na detecção de infecções mistas. Renois et n = 39 crianças e 56 O al., 2010 adultos. PneumoVir Foram ensaio CLART® Das 95 amostras coletadas, 31% é foram uma identificadas coletadas 95 amostras metodologia rápida e influenza de acurada. pandêmica em ambos os ensaios aspirados de A H1N1 como cepa nasofaringe ou swabs (nested RT-PCR e nos sistemas nasais. DNA microarray). CLART® PneumoVir detectou 63,3% de vírus parainfluenza, 13,3% rinovírus e 3% de infecções mistas na mesma amostragem. 15 Interpretação dos Resultados Estudo 1 – Huguenin et al., 2012: Neste estudo foram selecionadas prospectivamente (estudo de coorte) 138 crianças hospitalizadas por bronquiolite em um hospital do norte da França, durante um ano de estudo, com o objetivo de coletar amostras de aspirados de nasofaringe para realização de testes de diagnóstico de vírus respiratórios. Logo após a coleta, uma alíquota das amostras foi enviada ao laboratório para a realização de cultura viral e IFD e outra alíquota foi armazenada para a realização posterior do ensaio de CLART ® PneumoVir. Para confirmar os resultados obtidos com o ensaio de DNA microarray, uma combinação de RTPCRs multiplex e monoplex foi realizada usando o mesmo extraído de DNA/RNA. Neste estudo, a combinação de RT-PCRs funcionou como um ensaio padrão-ouro, para que se pudesse fazer uma adequada comparação entre os testes. Todas as amostras coletadas foram testadas para os diferentes tipos de testes de diagnóstico que o estudo se propôs. Como esperado, as taxas de detecção global de vírus respiratórios nas amostras coletadas aparecem mais elevadas no ensaio CLART® PneumoVir, do que comparado com os ensaios clássicos – cultura viral e IFD (91 vs. 70%, p < 0,001), tanto em vírus respiratórios comuns quanto em incomuns. Este resultado pode ser explicado pelo grande número de espécies de vírus, sorotipos ou subtipos capazes de serem detectados pelo DNA microarray, bem como pela sua performance de alta sensibilidade analítica (10 a 100 cópias de genomas virais por tubo de amplificação). As taxas de detecção viral podem ser comparadas a vários estudos que utilizaram a RT-PCR multiplex para diagnóstico de vírus respiratórios, os quais reportaram taxas de 61 a 95% nos casos de bronquiolite (HEYMANN, 2004; CHOI, 2006; MAHONY, 2008; MARGUET, 2009; STEMPEL 2009). Além disso, o CLART® PneumoVir foi capaz de identificar 85 (67%) de infecções mistas do trato respiratório, embora nenhuma delas tenham sido detectadas pelos ensaios convencionais de detecção de vírus respiratórios (cultura viral e IFD), devido às limitações destas técnicas. Esta taxa de detecção de infecções respiratórias mistas parece ser elevada, quando comparada a outras taxas já publicadas que variam de 10 a 45% de co-infecções (HEYMANN, 16 2004; CHOI, 2006; MARGUET, 2009; STEMPEL 2009). Este achado também foi confirmado pela realização dos ensaios de RT-PCRs multiplex e monoplex. O estudo relatou a identificação de diversos vírus respiratórios de importância clínica na bronquiolite, no entanto em nenhum momento citou a presença do Influenza A H1N1 suíno. Além disso, outra limitação deste estudo, é o fato dos autores não apresentarem os índices de sensibilidade e especificidade dos ensaios realizados. Estudo 2 – Renois et al., 2010: Trata-se de um estudo prospectivo que coletou 95 swabs nasais ou aspirados de nasofaringe de 56 adultos e 39 crianças com sintomas clínicos de infecção respiratória por influenza, que estiveram na emergência de um Centro Médico Universitário Francês, durante os primeiros 15 dias de outubro de 2009. Dois ensaios de DNA microarray (CLART® PneumoVir e CLART® FluAVir) foram utilizados para detectar 21 diferentes tipos e subtipos de vírus respiratórios (incluindo influenza A H1N1 cepa pandêmica). O teste CLART® FluAVir foi realizado somente para detectar a presença dos vírus influenza A nos espécimes clínicos coletados. A sensibilidade diagnóstica e especificidade para cada vírus foi previamente determinada por uma avaliação comparativa destes dois novos sistemas de DNA microarray com uma técnica clássica de nested RT-PCR (padrão-ouro). A acurácia do ensaio de DNA microarray em termos de especificidade e sensibilidade foi extremamente controlada durante as etapas de extração e amplificação através do uso de um controle interno e, durante a hibridização, com pelo menos três sondas por cada alvo detectado. Os dois ensaios de DNA microarray foram utilizados de forma concomitante, apresentando os mesmos resultados (31% de positividade das 95 amostras testadas) para detecção do vírus influenza A H1N1 cepa pandêmica, comparado a técnica clássica de nested RT-PCR. Dessa forma, em ambas técnicas houve uma concordância de 100% entre os resultados. Em relação à detecção do vírus influenza A o estudo não diferenciou os resultados para cada tipo de sistema de microarray. Ficou subentendido que o ensaio de CLART® PneumoVir foi utilizado para detectar 16 vírus respiratórios, sendo que não ficou claro se o teste foi capaz de detectar vírus influenza. Entretanto, o dispositivo comercial CLART® 17 PneumoVir foi capaz de detectar com elevada sensibilidade um número grande de genótipos de vírus parainfluenza e rinovírus (63,3% e 13,3% das amostras testadas, respectivamente), quando comparado com o uso da nested RT-PCR em outros estudos de referência. Ademais, o uso do CLART® PneumoVir conseguiu detectar a presença de 5 casos de co-infecções (3% do total de amostras testadas), um número bastante baixo quando comparado ao estudo anterior. Outra limitação deste estudo está em relação à população estudada, visto que os autores não diferenciaram o tipo de ensaio de DNA microarray que foi utilizado na população de crianças, especificamente. Logo, os resultados apresentados não indicam somente o desempenho do CLART® PneumoVir, mas do uso concomitante do CLART® PneumoVir e CLART® FluAVir. Recomendações Acredita-se que esta tecnologia possa desempenhar um importante papel no campo do diagnóstico de infecções respiratórias. É um ensaio molecular que tem a capacidade de detectar múltiplos vírus respiratórios em espécimes clínicos de uma única vez, visto que utiliza um painel molecular que pode pesquisar até 19 tipos de vírus respiratórios. A execução de um único ensaio dispensa o uso de uma combinação de outros ensaios para poder aumentar o espectro de diagnóstico, bem como a utilização de mais de uma reação de RT-PCR. Além disso, este teste pode ser executado no laboratório clínico em até 08 horas, o que possibilita a liberação de um exame para pesquisa de vírus respiratórios no mesmo dia em que foi coletada a amostra. Apesar do baixo número de estudos comparativos desta nova tecnologia frente aos ensaios tradicionais e RT-PCR, o dispositivo comercial CLART® PneumoVir demonstrou índices de sensibilidade superiores às técnicas comparadas, bem como a possibilidade de diagnosticar laboratorialmente uma infecção viral mista. Conclusão Recomendação fraca a favor da tecnologia. 18 Referências Bibliográficas CHOI, E.H.; LEE, H.J.; EUN, B. W.; KIM, N. H.; LEE, J. H.; SONG, E. K., KIM, S. H.; PARK, J. Y., SUNG, J. Y. 2006. The association of newly identified respiratory viruses with lower respiratory tract infections in Korean children, 2000-2005. Clin Infect Dis 43:585-592. CULEBRAS, E.; BETRIU, C.; VAZQUEZ-CID, E.; LOPEZ-VARELA, E.; RUEDA, S.; PICAZO, J. J. Detection and genotyping of human respiratory viruses in clinical specimens from children with acute respiratory tract infections. 2013, Rev Esp Quimioter 26(1):47-50. FALCHI, A.; TURBELIN, C.; ANDREOLETTI, L.; ARENA, C.; BLANCHON, T.; BONMARIN, I.; HANSLIK, T.; LERUEZ-VILLE, M.; LAMBALLERIE, X. D.; CARRAT, F. Nationwide Surveillance of 18 Respiratory Viruses in Patients with Influenza-like Illnesses: A Pilot Feasibility Study in the French Sentinel Network. 2011, Journal of Medical Virology 83:1451-1457. FERREIRA, A. W.; AVILA, S. L. M. 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