centro de distribuição: como montar e gerenciar eficazmente

Propaganda
CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO
TECNOLÓGICA PAULA SOUZA
ETEC PROFESSOR MÁRIO ANTÔNIO VERZA
CURSO TÉCNICO EM LOGÍSTICA
CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO:
COMO MONTAR E GERENCIAR EFICAZMENTE
RAFAEL MESSIAS RODELLA
PALMITAL
2013
RAFAEL MESSIAS RODELLA
CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO:
COMO MONTAR E GERENCIAR EFICAZMENTE
Trabalho
de
conclusão
de
curso
apresentado à ETEC Professor Mário
Antônio Verza, como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do título de
Técnico em Logística.
Orientador: Rafael Augusto Oliva
PALMITAL
2013
CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO
TECNOLÓGICA PAULA SOUZA
ETEC PROFESSOR MÁRIO ANTÔNIO VERZA
RAFAEL MESSIAS RODELLA
CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO:
COMO MONTAR E GERENCIAR EFICAZMENTE
APROVADO EM ____/____/____
BANCA EXAMINADORA:
__________________________________________________________
RAFAEL AUGUSTO OLIVA – ORIENTADOR
__________________________________________________________
VALDIZA MARIA DO NASCIMENTO FADEL – EXAMINADORA
__________________________________________________________
RANDAL DO VALE ORTIZ – EXAMINADOR
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a Deus pelo
esplendor da vida, presente em todas as
atividades;
A minha esposa e minha filha pelo apoio,
compreensão, carinho e paciência durante
todo este curso, principalmente nos
momentos de dificuldades.
AGRADECIMENTOS
Agradeço às manifestações de carinho e apreço, recebidas de todos os
colegas da ETEC Prof. Mário Antonio Verza, os quais foram a maior fonte de luz
inspiradora e de apoio para o sucesso deste trabalho.
Muito obrigado também ao orientador, o Professor Rafael Augusto Oliva, pelo
auxílio seguro e oportuno durante todo o processo de orientação deste trabalho, pois
aliado à sua experiência profissional e intelectual, todas as dicas e instruções foram
imprescindíveis para o desenvolvimento e conclusão deste trabalho.
Também agradeço aos familiares por terem me apoiado e entendido a minha
ausência, não só durante as aulas, mas especialmente durante o processo de
desenvolvimento deste trabalho.
Enfim, a todos, o meu grande muito obrigado!
EPÍGRAFE
“Não é a organização (da distribuição
física) que tem importância crítica, e sim
sua filosofia de operação.”
(Donald J. Bowersox)
“Sob qualquer ponto de vista – econômico,
político, e militar – [o transporte] é,
inquestionavelmente, a indústria mais
importante no mundo”.
(Congresso dos EUA)
RESUMO
Atualmente as organizações sofrem muito com a falta de infraestrutura logística, e
estas são obrigadas a buscar soluções para que possam atender seus clientes com
eficiência. Os centros de distribuição representam uma alternativa que vem sendo
bastante utilizada para que as organizações consigam níveis de serviços
adequados, pois possibilitam que as organizações reduzam seus custos com
transporte. Neste contexto, este trabalho buscou, por meio de pesquisa hipotéticodedutiva oferecer informações acerca de modelos eficientes e eficazes de Centros
de Distribuição para o setor industrial e distribuidoras de produtos varejistas, o que
poderá ajudar as organizações em suas formas de gestão, ampliando a capacidade
competitiva das mesmas.
Palavras-chave: Centro de Distribuição; Redução de Custos; Nível de Serviço.
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 – Vantagens e desvantagens dos tipos de modais………………….
15
TABELA 2 – Divisão do sistema WMS…..………………………..……………….
29
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 – Comparação da produção de soja e suas exportações........…….
14
FIGURA 2 – APS Diagrama da coleta de dados….……………..……………….
21
FIGURA 3 – APS Diagrama do projeto….………………………..……………….
23
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CD – Centro de Distribuição
PIB – Produto Interno Bruto
APS – Anteprojeto Sumário
PPD – Pré-projeto Detalhado
FIFO – First-in, First-out (Primeiro que entra, primeiro que sai)
FEFO – First-expire, First-out (Primeiro que vence é o primeiro que sai)
LIFO – Last-in, First Out (ultimo que entra, primeiro que sai)
LEED - Leadership in Energy and Environmental Design
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .................................................................................. 11
1.1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 11
1.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ............................................................ 12
2. REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................ 13
2.1 A LOGÍSTICA BRASILEIRA ................................................................................ 13
2.1.1 Modais de Transporte mais utilizados no Brasil ............................................... 15
2.2 DESAFIOS DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTE NACIONAL.............................. 17
2.3 A UTILIZAÇÃO DE CENTROS DE DISTRIBUIÇÃO COMO ALTERNATIVA
PARA ATENDER AS NECESSIDADES DO MERCADO ......................................... 18
2.4 PLANEJAMENTO DE UM CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO................................... 20
2.4.1 Plano diretor ..................................................................................................... 20
2.4.2 Pré-projeto sumário .......................................................................................... 21
2.4.3 Pré-projeto detalhado ....................................................................................... 23
2.4.3.1 Processamento dos dados base ................................................................... 25
2.4.3.2 Funcionamento detalhado do centro de distribuição ..................................... 25
2.4.3.3 Descrição da instalação ................................................................................ 25
2.4.3.4 Avaliação dos orçamentos ............................................................................ 26
2.5 IMPLANTAÇÃO DE UM CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO ...................................... 26
2.5.1Eficiência energética ......................................................................................... 26
2.5.2 Como aplicar sistemas de inventário ................................................................ 27
2.5.3 Movimentação de materiais.............................................................................. 28
2.5.4 Implantação dos 5s .......................................................................................... 29
2.6 PASSOS PARA O GERENCIAMENTO EFICAZ DE UM CENTRO DE
DISTRIBUIÇÃO ......................................................................................................... 29
2.6.1 Tecnologia voltada para Gerenciamento .......................................................... 30
2.6.2 Auditoria Logística ............................................................................................ 31
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................. 33
REFERÊNCIAS ..................................................................................... 34
11
1. INTRODUÇÃO
Com o crescimento do poder de compra dos consumidores em todo o Brasil,
as organizações precisam fazer com que seus produtos possam chegar a lugares
muito afastados dos locais onde são produzidos. Com isso, as organizações
investem mais na logística empresarial, principalmente nos Centros de Distribuição
(CDs) para que seja possível atender os clientes de maneira eficiente e eficaz.
Tendo em vista tal importância, o assunto abordado neste trabalho decorre da
falta de estrutura das empresas em controlar seus estoques e na opção das
mesmas em não investir em Centro de Distribuição ou na implantação não planejada
dos mesmos, não sendo feitos os estudos necessários para identificar as
localizações mais estratégicas para serem instalados.
Este trabalho oferece informações acerca da montagem e do gerenciamento
de Centros de Distribuição como poderosas ferramentas logísticas, podendo ajudar
as empresas e indústrias a montar seus estoques de forma que se possam atender
os clientes com o menor tempo, custo e com qualidade superior.
1.1 OBJETIVOS
O objetivo geral deste trabalho é o de pesquisar sobre modelos eficientes e
eficazes de Centros de Distribuição para o Setor Industrial e Distribuidoras de
produtos varejistas, o que poderá auxiliar as empresas no gerenciamento de seus
estoques, na redução de custos, no aproveitamento máximo do espaço físico, na
utilização correta de sistemas de gerenciamento, bem como na localização
adequada e na montagem correta de seu Centro de Distribuição.
Os objetivos específicos são:
a) Analisar, por meio de referências os diversos modelos de CDs já existentes bem
como os mais utilizados e viáveis.
b) Comparar os modelos de CDs existentes para que seja possível detectar o
melhor modelo para a organização. Desta forma, facilitar o levantamento do
tempo que os grandes fornecedores levam para atender seus clientes que estão
mais longe dos polos industriais e assim mostrar soluções de como implantar de
forma estratégica seus centros de distribuição, ou seja, em lugares de melhor
localização, capazes de atender com rapidez e com qualidade aos seus clientes.
12
Assim, este trabalho poderá auxiliar as empresas a se estruturarem
corretamente com estoques de ponta e CDs bem localizados, a definir o seu correto
ponto de ressuprimento a fim de não deixarem de atender os clientes.
.
1.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O método de pesquisa utilizado foi o método hipotético-dedutivo com a
finalidade de conseguir chegar a conclusões que sirvam de base para resoluções de
problemas ou pelo menos sua minimização. Inicialmente foram feitas pesquisas
bibliográficas em livros especializados no assunto e também em livros sobre gestão
de estoque, com a finalidade de selecionar as melhores opções para a implantação,
além de pesquisas na internet.
13
2. REFERENCIAL TEÓRICO
A seguir, são apresentadas e comparadas as ideias dos principais autores
sobre o tema, tais como: Ballou, Dias, Vieira, Novaes, Fleury, Arthur, Wanke,
Ribeiro, Padula e Nogueira.
2.1 LOGÍSTICA BRASILEIRA
Segundo Novaes (2013), a logística Brasileira teve início no começo dos anos
80 com a explosão da tecnologia da informação que tinha como foco principal
transportar e armazenar.
Na próxima década começou-se a usar os cálculos acontecendo assim o
começo do conhecimento cientifico e o surgimento de entidades com foco na
logística. São elas: ASBRAS (Associação Brasileira de Supermercados), ASLOG
(Associação
Brasileira
de
Logística),
IMAM
(Instituição
de
Movimento
e
Armazenagem).
Segundo Padula (2008), em meados dos anos 1930 a cabotagem (sistema de
navegação na costa marítima, por exemplo, uma navegação que se inicia no porto
de Santos até o porto de Manaus, mesmo utilizando rios e lagos para a navegação),
era o principal modal utilizado para transporte de carga a granel, a partir desta
década as rodovias começaram a receber investimentos pesados visando sua
rápida expansão. Sua expansão e seu domínio tiveram início, entre 1928 e 1955,
com isso a malha rodoviária cresceu 400% enquanto a malha ferroviária cresceu
apenas 20%.
Em 1950, com a chegada das indústrias automobilísticas ao Brasil pelas
mãos do então presidente Juscelino Kubitschek, a malha rodoviária se consolidou
como a mais usada até os dias de hoje. Como propõe Padula (2008), 95% do
transporte de passageiros e 60% do transporte de carga são feitos pelo modal
rodoviário.
Já Fleury e Ribeiro (2001) veem que, apesar do transporte e da
armazenagem tanto no Brasil como nos Estados Unidos, as atividades que mais
contribuem para o faturamento, são os serviços de maior valor agregado que melhor
diferenciam os operadores logísticos dos demais transportadores de cargas, como
projetos de consultoria em logística e a integração do transporte com outras
atividades como armazenagem e manuseio dos materiais.
14
Com isso o Brasil teria que investir de forma maciça em infraestrutura e
melhorar ainda mais a sua capacidade de escoamento. A produção de soja, por
exemplo, no ano de 2012 bateu recordes de produção, mas o Brasil não tinha
capacidade para escoar toda esta produção, acontecendo assim à perda de
contratos milionários com a China. (Ninio, 2003).
Figura 1 – Comparação da produção de soja e suas exportações
Fonte: Imea- Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (2013).
Na Figura 1 é feita uma comparação da produção de soja no Brasil nas safras
2011/2012 e 2012/2013 que mostra que a produção brasileira bateu recordes de
produção, mas não conseguiu escoar sua produção rapidamente. Isso demonstra
que o país precisa investir mais em infraestrutura para que possa exportar mais
rapidamente seus produtos e não perder potenciais clientes por falta de eficiência
logística.
15
2.1.1 Modais de Transporte mais utilizados no Brasil
O Brasil possui uma vasta área territorial, onde se pode mesclar a utilização
dos modais, porém nem todos são explorados, seja por falta de infraestrutura ou
investimentos dos governos Municipal, Estadual e Federal.
No dicionário Michaelis de Língua Portuguesa, modal diz respeito ao modo
particular de ser, de fazer alguma coisa. Na logística, ele pode ser entendido como o
modo em que o produto será transportado de ponto a ponto.
Os modais possuem características específicas e de acordo com Wanke e
Fleury (2006) são divididos em cinco tipos. O primeiro é o Ferroviário, que é feito por
trens e possui custos fixos elevados por decorrência das instalações necessárias:
trilhos, vagões e locomotivas. O segundo é o Rodoviário, no qual são utilizados
caminhões e carros e ao contrário do ferroviário ele apresenta custos fixos baixos,
sendo que a manutenção das rodovias depende do poder público e os custos
variáveis (combustível, óleo, etc.) são medianos. O terceiro é o Aquaviário que se
divide em hidrovias e lacustre. Hidrovias por conta do potencial que existe no Brasil
com grandes rios. Lacustre é realizada em lagos que ligam cidades ou até países e
nele pode se usar qualquer tipo de embarcação. Possui custos fixos medianos por
conta do investimento em embarcações e equipamentos, mas é compensado pela
grande capacidade de transporte que possui tornando assim o custo variável baixo.
O quarto tipo é o Dutoviário, pouco utilizado no Brasil por ter os custos mais
elevados de todos, pois para sua implantação são necessárias licenças (ambientais
para a construção e instalação dos dutos), como contra partida possui os custos
variáveis muito baixos e às vezes eles são ate desprezados. Por fim o modal Aéreo
utiliza aviões de pequeno, médio e grande porte, seus custos fixos baixos referentes
à compra de novas aeronaves e os sistemas de manuseio, porém seus custos fixos
se tornam muito elevados do que os outros tipos de modais por conta de sua
manutenção e combustíveis.
16
Tabela 1 – Vantagens e desvantagens dos tipos de modais
Modal
Vantagens

Adequado para longas
Desvantagens

distâncias e grandes
Ferroviário
quantidades;

Menor custo de seguro.

Menor custo do frete.
Diferença nas larguras de
bitolas;

Menor flexibilidade no
trajeto;

Necessidade maior de
transporto;

Fretes mais altos em alguns

casos;

Rodoviário

Menor capacidade de carga
Adequado para curtas e
menos distancias;

Menor manuseio da carga e
entre todos;
menor exigência de
Menos competitividade para
embalagens;
longas distâncias.

Maior frequência e
disponibilidade de vias de
acesso.

Maior capacidade de carga;

Carrega qualquer tipo de
carga;


transbordos nos portos;

Distância dos centros de
produção;
Menor custo de transporte.

Aquaviário
Necessidade de
Maior exigência de
embalagens;

Congestionamentos nos
portos.

Rápido e eficaz

Custos mais baixos de
embalagens;
Dutoviário
Aéreo

Grande cobertura geográfica.

É o transporte mais rápido;

Não necessita embalagem
mais reforçada.

Sujeito a condições
atmosféricas;

Sujeito a regulamentação
(circulação e horários).

Menor capacidade de
carga;

Valor do frete elevado.
Fonte: Próprio Autor (2013).
Antigamente no Brasil eram usados vários tipos de modais, mas o
desenvolvimento das rodovias promovido a partir do governo de Juscelino Kubschek
fez com que as mesmas se tornassem o principal modal de transporte no país até os
dias atuais. E segundo Padula (2008, p.33)
17
As principais características da matriz brasileira de transportes de cargas
são: alta concentração no modal rodoviário, que responde por mais de 60%
dos transportes; baixa integração entre os modais; altos custos logísticos;
má qualidade do sistema rodoviário; dificuldades de acesso aos portos;
baixa utilização das vias navegáveis e do transporte de cabotagem.
Para Michele (2012), o Brasil possui 42 mil quilômetros de vias navegáveis,
onde somente 8.500 quilômetros são utilizados para o transporte. Isto é considerado
muito pouco para um país que bate recordes de produção de grãos ano a ano. E
este tipo de situação não ocorre em países mais desenvolvidos onde os diversos
tipos de modais se completam aumentando assim a eficiência do transporte
logístico. Isto não ocorre no Brasil onde o modal mais utilizado é o rodoviário e com
a saturação deste setor, que espera dias para descarregar a mercadoria no porto o
país perde força no setor de exportação.
2.2 DESAFIOS DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTE NACIONAL
A eficácia da logística no país esbarra principalmente na falta de estrutura,
tanto do principal modal utilizado, que é o rodoviário, quanto dos demais. Além
disso, a maioria dos problemas ocorre em função da falta de planejamento logístico
e altos custos envolvidos.
De acordo com Padula (2008, p.15):
Investimentos em infraestrutura física são elementos fundamentais de uma
política de Estado. Transportes, energia e comunicações fornecem
externalidades para toda a economia, viabilizando os demais setores e,
conseqüentemente, o desenvolvimento econômico e social do país.
Por isso, deveria haver mais investimento em diferentes modais para que o
país possa crescer com maior velocidade e qualidade, devendo acompanhar o
crescimento contínuo da demanda do mercado.
Padula (2008), afirma que o investimento em infraestrutura de diversos
modais abre vários leques para o desenvolvimento econômico do país, possibilita a
abertura de novos mercados para os produtores, além de maior escala de produção.
O resultado se reflete em menores custos por causa da economia em escala e os
ganhos na linha de produção, redução de custos e aumento da competitividade no
mercado.
Assim, o ponto fundamental que falta para a logística de transportes nacional,
é que sejam realizados investimentos na diversificação dos modais rodoviários para
18
que seja possível fazer com que todas as regiões se desenvolvam economicamente
e socialmente, e principalmente, para que o Brasil consiga reduzir os custos
logísticos. Com isso, as empresas teriam alternativas para escoar seus produtos
para os clientes finais com maior rapidez, como por exemplo, o Centro de
Distribuição.
2.3 A UTILIZAÇÃO DE CENTROS DE DISTRIBUIÇÃO COMO ALTERNATIVA
PARA ATENDER AS NECESSIDADES DO MERCADO
Algumas organizações começaram a usar Centros de Distribuição como
solução para o problema de infraestrutura, os quais são estoques descentralizados
dos polos de produção, que permitem o atendimento mais rápido das necessidades
dos clientes de determinada região. Neste sentido, Rodrigues e Roux (2011),
afirmam que os CDs representam um dos elos mais importantes na cadeia de
suprimentos, além de assegurar a integridade das mercadorias conforme os
pedidos, também garantem o necessário nível de serviço dos abastecimentos e
distribuições.
Segundo Rodrigues e Roux (2011, p. 60): “Plantas mais próximas dos pontos
de entrega podem reduzir sensivelmente os prazos de entrega, o que pode
representar um importante trunfo comercial, sobretudo no caso do comércio
eletrônico.” Esse método é muito usado nos dias atuais principalmente pelo aumento
do comércio eletrônico. Contudo, é fundamental que haja uma estruturação
adequada destes centros para que a empresa possa utilizá-lo para ganhar
competitividade no mercado. A relevância deste sistema se deve na importância do
trabalho com estoque baixo para redução de custos com a estocagem.
Ainda de acordo com Rodrigues e Roux (2011), o CD tem como suma
importância conseguir fazer com que os varejistas consigam trabalhar com “zero
estoque” ou o sistema Just In Time, e fazer com que ele consiga manter sua
produtividade no nível de serviço. Com todas essas afirmações podemos ver que o
CD é uma ótima alternativa para que as organizações consigam ter mais
competitividade no mercado, pois desta forma conseguirão atender maior número de
clientes em menor tempo com menor custo, atrativo que é bem procurado pelos
consumidores atuais devido a crescente utilização do e-commerce (compras feitas
pela internet). Além de tudo isso a organização precisa estudar afundo a viabilidade
19
do projeto para que não ocorram falhas e a construção de um CD acabe se tornando
um problema ao invés de uma oportunidade.
Assim, o grande crescimento do e-commerce (comércio eletrônico) no Brasil
faz com que as organizações comecem a pensar em utilizar os CDs como vantagem
competitiva e para atender atualmente as necessidades do novo consumidor que
está mais exigente.
Um CD bem estruturado fará com que a distribuição física dos produtos se
torne mais funcional, pois a distribuição tem relações com outras áreas da empresa
como o marketing. O marketing tem dois propósitos básicos. O primeiro é obter a
demanda e o segundo é atender a demanda. Quando a demanda é conseguida pelo
marketing, ela deverá ser atendida e é quando a distribuição física começa a agir.
(BALLOU, 2012).
Segundo Hill (2003), as principais vantagens que levam ao uso dos Centros
de Distribuição são basicamente, a redução do lead time, que seria a diminuição do
tempo de entrega dos produtos para os clientes, melhorar o desempenho das
entregas para que menos produtos retornem com avarias por descuido no
transporte, uma localização geográfica em um ponto bem estratégico para que se
possa atender o maior número de clientes em menos tempo, redução dos custos
logísticos decorrentes a boa localização e ao maior número de entregas que podem
ser feitas no mesmo dia. Juntamente com a boa localização e os menores custos
tem também o nível de serviço que atinge seu nível de excelência quando se tem
um bom planejamento. Isto porque, os clientes atuais procuram o aumento do
market share1 que é o aumento da fatia que a empresa consegue no mercado em
que atua, e assim a organização passa a um novo patamar de competitividade.
Com a implantação do CD é possível racionalizar os níveis de estoque
contribuindo assim com a redução do custo logístico total, pois com o estoque
centralizado o gestor acompanha de forma mais eficaz os níveis de estoque e
consegue controlar com eficiência as necessidades de reabastecimento. Além disso,
a distribuição física melhora com a escolha da localização geográfica do CD, a qual
deve ser próxima do principal mercado consumidor, pois reduz as distâncias,
aumenta o volume de entregas, melhora a ocupação dos veículos, otimizando assim
o tempo e os custos. E de acordo com Ballou (2012)
1
Market Share – Fatia de Mercado
20
Administrar a distribuição física no nível tático é utilizar seus recursos. É sob
muitos aspectos, planejamento de curto prazo. Quando uma firma investe
em alguma parte de seu sistema de distribuição, como por exemplo,
caminhões, armazéns, dispositivos para transmissão de pedidos ou
equipamento de manuseio, surge o problema de utilizar seus equipamentos
e facilidades de maneira eficiente. Este é um problema tático
Ademais, a implantação e gestão adequada de um CD pode aumentar a
competitividade da organização no mercado atual, pois os clientes atuais querem
preços baixos e entrega rápida. Na continuação da pesquisa, são abordados a
analise dos dados para a implantação do Centro de Distribuição.
2.4. PLANEJAMENTO DE UM CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO
Inicialmente é necessário realizar estudos para a montagem do CD, que
deverá seguir alguns passos, tais como a coleta de dados, consulta a fornecedores,
plano diretor, direção dos trabalhos e cada fase tem uma finalidade específica.
Nesta parte começam os estudos para a montagem do CD, aparecem tópicos como
coleta de dados, descrição do funcionamento do CD, descrição sobre instalação,
previsão e avaliação dos orçamentos, cronograma da obra, etc. Primeiramente
deve-se recolher dados que serão essenciais para a implantação do CD, sempre
seguir os três passos básicos chamados de Plano Diretor, Pré-projeto sumário e o
Pré-projeto detalhado. (Rodrigues e Roux, 2011).
2.4.1 Plano diretor
Para Rodrigues e Roux (2011), quando diz respeito aos CDs, o plano diretor
fornece os principais elementos das ações que se deve compreender: número dos
CDs que serão construídos ou reformados, qual será a abrangência de suas
atividades, o seu tamanho físico aproximado, a sua localização, etc. Conforme
obtemos estas informações, surgem respostas que podem ajudar a estabelecer de
forma precisa os meios necessários para atingir os objetivos. Desta forma, o Plano
Diretor tem a função de estabelecer os elementos principais: números de CDs que
precisam ser construídos ou reformados, seu tamanho, sua localização, entre
outros. Esta etapa é extremamente importante, pois com os resultados destas
respostas nas próximas fases podem-se estabelecer os meios para se atingir os
objetivos.
21
2.4.2 Pré-projeto Sumário
No pré-projeto sumário existem duas grandes questões que devem ser
respondidas. A primeira delas é com relação à identificação das grandes famílias de
soluções mais adequadas para atender à necessidade em questão. A segunda trata
das exigências relativas ao CD e depois de identificadas (áreas necessárias,
orçamentos, prazos, etc.), é necessário avaliar se essas informações continuam
sendo compatíveis com o projeto da empresa. (Rodrigues e Roux, 2011).
Posteriormente, com base nessas informações é necessário que seja feito o
anteprojeto sumário, que é uma espécie de inventário rico em detalhes de todas as
soluções técnicas e os possíveis cenários para a execução do Centro de
Distribuição. Nesta etapa algumas soluções já se tornaram inviáveis no ponto de
vista financeiro e já poderão ser descartadas, o que permite o detalhamento mais
preciso dos custos. Contudo, “A falta de precisão em relação ao custo não poderá
ultrapassar um percentual de 15%. Quanto à performance, a estimativa deverá ser
mais precisa”. (Rodrigues E Roux 2011, p. 14). Após estas informações o
anteprojeto sumário pode ser iniciado. Para Rodrigues e Roux (2011), a arquitetura
do centro de distribuição deve ser focada em dois pontos simultaneamente. Ela
deve ser funcional e organizacional, sendo relativa quanto aos fluxos físicos quanto
aos fluxos de informação. Se conseguir alinhar estes dois fluxos o CD com certeza
obterá sucesso no nível de serviço.
Na figura 2 é possível analisar cada etapa do Anteprojeto sumário.
22
Figura 2 – APS Diagrama da coleta de dados
COLETA DE
DADOS
Projeto novo?
Reforma?
Contexto Social?
Mudança da atividade?
Exigências?
Ocupação do terreno?
Contexto do
Projeto
Famílias comerciais?
Dimensões e pesos?
Categorias?
Famílias Logísticas?
Volume do estoque?
Sazonalidade?
Coeficientes de extrapolação?
Informações?
Características
Estáticas
Características
Dinâmicas
Fluxo de entrada?
Operações Secundárias?
Pedidos?
Referências?
Expedições?
Sazonalidades?
Invetários?
Pré-faturamento?
Transporte?
Gestão de estoques?
Rastreabilidade?
Funções
Gerais
Restrições
Restrições ambientais?
Cronograma?
Normas internas?
Edificação?
Prevenção de incêndios?
Fonte: Rodrigues e Roux (p. 16, 2011).
O gestor deve concluir após analisar o APS se o projeto será viável ou não.
Em caso positivo, ele deve começar a providenciar a documentação técnica para
que seja possível iniciar a próxima etapa do projeto, na qual não poderá haver
nenhuma modificação ou controvérsia de dados e nenhuma dúvida sobre a solução
encontrada.
2.4.3 Pré-projeto detalhado
No pré-projeto será feito o detalhamento do empreendimento, visando focar
na solução técnica que foi escolhida a fim de obter maior precisão nos dados para
preparar a próxima fase, que é a consulta a fornecedores.
23
Nesta fase serão consultados os fornecedores para a contratação, mas é
preciso considerar apenas os que tenham condições de atender a todas as
necessidades da organização. Além disso, é importante frisar que é fundamental a
realização de estudos complementares, que ainda não foram feitos no APS, pois
serão usados no fechamento do contrato com o fornecedor, e isto poderá levar a
uma economia de tempo.
Para Rodrigues e Roux (2011, p.18): “Na sua conclusão, ele deverá
apresentar uma avaliação financeira mais precisa, com uma estimativa cuja variação
não poderá, neste caso, ser maior do que 5% ou 10%”.
Com base nas informações do PPD (Pré-projeto detalhado) é necessário
começar a pensar na implantação física do CD. Para Rodrigues e Roux (2011, p.
18): “O PPD está também é dividido em várias subfases intermediárias, que se
assemelham muito àquelas do APS, mas o resultado final é diferente, pois aqui
temos especificações técnicas definitivas, ao invés de comparativos”.
Ainda, de acordo com o PPD, as principais categorias de dados que serão
explorados englobam todas as funções que o CD deverá realizar sobre as restrições
do entorno, onde o CD está localizado; normas e regulamentações aplicáveis
(classificações específicas de alguns produtos ou da planta do CD, as normais locais
de urbanismo, exigências das seguradoras, etc.); horário de funcionamento;
evoluções previstas (aumento ou diminuição do estoque, aumento no número de
pedidos atendidos, etc.); cargas movimentadas e estocadas; interfaces físicas
(docas rodoviárias, ferrovia) e funções informatizadas a serem executadas.
A seguir a figura 3 demonstra o nível de detalhamento do diagrama da coleta
de dados no PPD.
24
Figura 3 – APS Diagrama do projeto
Fonte: Rodrigues e Roux (p. 17, 2011).
25
2.4.3.1 Processamento dos dados Base
Nesta fase será necessário verificar a coerência entre os valores coletados,
pois é quase impossível que erros não sejam vistos, porque geralmente os
operadores de CD experientes conhecem os números que eles trabalham
diariamente. Rodrigues e Roux (2011, p.19) afirmam que, “A importância da
colaboração do setor de informática é fundamental para este nível de avanço”.
Ainda, segundo Rodrigues e Roux (2011) através dos dados que forem
coletados com os operadores é possível identificar em quantidade tudo que já foi
definido
na
qualidade,
dimensionamento
dos
elaborando
estoques,
assim
a
seguinte
dimensionamento
dos
documentação
fluxos
físicos,
dimensionamento dos equipamentos fixos e móveis de estocagem e de
movimentação e o dimensionamento do fluxo de informações, da base de dados,
dos periféricos instalados e das redes locais.
2.4.3.2 Funcionamento detalhado do centro de distribuição
Nesta etapa será feita a descrição de como será o funcionamento do Centro
de Distribuição no âmbito de todos os processos e modos operacionais, de acordo
com o que foi definido no APS.
Recomenda-se fortemente que essa descrição seja feita por um engenheiro
com know-how de integração e generalista ou por uma equipe
multidisciplinar devidamente coordenada, para que se tenha uma
documentação única, completa e coerente, servindo assim para todos os
atores de diferentes áreas: especialistas em logística, transporte de cargas,
automação e informática. (RODRIGUES E ROUX, 2011, p. 20)
A documentação terá que conter uma descrição minuciosa de cada função do
CD, como os modos de funcionamentos normais e também aqueles que possam
gerar anomalias, devendo dar atenção especial de como o CD se comportará diante
de uma pane de equipamento, a qual pode ser denominada, plano de contingência.
2.4.3.3 Descrição da instalação
Nesta parte serão definidos os meios, ou seja, os equipamentos necessários
para solucionar possíveis anomalias. Nesta etapa serão determinados os padrões
de instalação, que podem variar em função da necessidade do projeto. Rodrigues e
Roux (2011, p. 21) afirmam que: “Este memorial descritivo deverá ser estruturado de
modo que o documento final tenha coerência e possa ser utilizado nos editais de
26
concorrência dos diferentes lotes da subfase posterior”. Com esta etapa concluída
deverá ser feita uma simulação da dimensão do projeto, que não pode ser
desperdiçada porque será a última chance de fazer melhorias no projeto. Rodrigues
e Roux (2011, p.21), “Como é nesta etapa que a concepção deve ser concluída, é
fundamental que os resultados da simulação sejam conclusivos, para evitar que o
estudo seja retomado no intuito de dirimir controvérsias”.
2.4.3.4 Avaliação dos orçamentos
Esta é uma das etapas mais importantes do projeto, pois se todas as
necessidades já tiverem sido estabelecidas será possível avaliar se o projeto é
viável ou não para a organização. Para Rodrigues e Roux (2011), engenheiros que
tiverem boas referências atualizadas do mercado conseguirão ter uma precisão de
mais ou menos 10% dos orçamentos na melhor das hipóteses. Por isso, é
fundamental que seja feita uma avaliação completa, devendo ser avaliados itens
como, custos com investimentos e com treinamento dos funcionários, honorários de
profissionais
de
consultoria
(quando
existir),
despesas
financeiras,
custos
operacionais e os relativos à conservação e manutenção.
Portanto, se a equipe que está desenvolvendo o projeto estiver devidamente
atualizada, poderá fazer todos esses levantamentos. Caso contrário, será obrigada a
buscar serviços especializados.
2.5 IMPLANTAÇÃO DE UM CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO
Na implantação do centro de distribuição serão decididos os últimos detalhes
de como será o acondicionamento, o estoque, as áreas de recebimento e despacho,
soluções para um CD sustentável, aplicação do sistema de inventário e a
implantação dos 5s para melhor gerenciamento e crescimento dos colaboradores e
da organização.
2.5.1Eficiência energética
No CD que está sendo elaborado podem ser implantadas ideias de utilização
de recursos que podem ajudar a diminuir custos de armazenagem, assim o que
pode reduzir o consumo de energia, água, emissões de carbono e descarte de
resíduos sólidos. Para isto, algumas ideias devem ser incrementadas no projeto de
27
engenharia para que o instituto Green Building Council Brasil que concede a
certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design).
Para Hsieh (2007), “construir verde” é conseguir diminuir a utilização dos
recursos, minimizando o impacto ao meio ambiente e visar à criação de ambientes
mais saudáveis para os colaboradores.
2.5.2 Como aplicar sistemas de inventário
O sistema de inventário é usado para saber se a acuracidade do CD está
adequada, se existem produtos obsoletos, excessos ou a falta deles, pois este
desequilíbrio poderá impedir o atendimento da demanda de mercado no tempo
certo. Rodrigues e Roux (2011) dizem que, se caso seja constatada uma taxa de
erros superior a 1%, um sistema mais severo de controle deverá ser instalado.
Dias (2008, p.182) complementa que: “Assim uma de suas funções é a
precisão nos registros de estoques; então, toda movimentação do estoque deve ser
registrada pelos documentos adequados”.
Algumas organizações utilizam o sistema periódico de inventário para verificar
discrepâncias em valor do estoque real para o estoque contábil ou para fechamento
de balanços ou balancetes, neste caso são feitos perto do fim do ano fiscal.
Segundo Sucupira e Pedreira (2009), existem quatro tipos de inventários,
sendo: inventário geral visado mais para a área contábil da organização porque se
preocupa mais com o valor dos ativos, inventário dinâmico como principal função
economizar recursos de operações no estoque, inventário por amostragem para
saber se os métodos de controles estão sendo eficientes e o inventário rotativo que
mantém as informações corretas e atualizadas e previne melhor os erros.
Contudo, Dias (2008) ressalta que se não planejado, os bons resultados da
utilização do inventário nunca virão. Existem ainda ferramentas que auxiliam o
controle dos estoques e o sistema de inventário como: uma perfeita arrumação física
do local.
Neste sentido, Dias (2008, p.184):
As áreas e os itens a serem inventariados deverão ser arrumados da melhor
forma possível, agrupando os produtos iguais, identificando todos os
materiais como seus respectivos cartões, deixando os corredores livres e
desimpedidos para facilitar a movimentação, isolando os produtos que não
devam ser inventariados, se for o caso.
28
Dessa forma, é possível observar que o sistema de inventário é um modo
eficiente para manter os níveis de acuracidade do estoque, pois permite aumentar o
nível de serviço e a satisfação do cliente, mas a utilização do inventario tem alguns
objetivos, dos quais é possível destacar a etiquetagem de todos os produtos que na
contagem não possuíam identificação e se as etiquetas estão com as corretas
informações. Ainda, é necessário optar por um bom software para gerenciamento de
estoque.
2.5.3 Movimentação de materiais
Nesta parte da implantação será necessário pensar cuidadosamente em
como fazer a movimentação de materiais de forma que os níveis de produtividade
possam ser mantidos e segundo Dias (2008), a movimentação de matérias possui
três elementos básicos: o homem, a máquina e o material.
Os custos com movimentação podem influenciar consideravelmente no custo
final do produto, por isso o transporte e o acondicionamento devem ser feitos com
racionalidade para evitar perdas durante o processo. Com a racionalização do
processo permite a redução das despesas gerais, aumentando a capacidade
produtiva com melhor distribuição e maior capacidade de armazenagem. Além disso,
é necessário pensar nos equipamentos que usaremos para manuseio.
Para Dias (2008, p.220):
O problema de movimentação de materiais deve ser analisado junto com o
layout; para tal, uma série de dados é necessária: produto (dimensão, peso,
característica mecânica, quantidade a ser transportada), edificação (espaço
entre as colunas, resistência do piso, dimensão de passagens,
equipamentos de movimentação etc.) custo da movimentação, área
necessária para o funcionamento do equipamento, fonte de energia
necessária, deslocamento, direção do movimento e o mais importante o
operador.
Dos itens supracitados, todos os que forem relativos ao espaço físico e o tipo
de equipamento já devem ter sido detalhados na fase de definição dos orçamentos
que foi pesquisada no APS.
Um detalhe importante nesta fase é a identificação precisa dos materiais por
sistemas de etiquetas inteligentes, código de barras e um software capaz de fazer
tudo isso com a máxima eficiência, para extinguir os possíveis erros. Outra
ferramenta que pode auxiliar na prevenção de anomalias é o sistema 5s, que visa
promover a organização física de forma padronizada do ambiente.
29
2.5.4 Implantação dos 5s
O sistema 5s surgiu no Japão por volta dos anos 60. Os “S” são de origem de
palavras japonesas que são: Seiri (utilização), Seiton (organização), Seiso (limpeza),
Seiketsu (padronização) e Shitsuke (autodisciplina), com o grande sucesso que as
organizações tiveram no Japão, este sistema também foi adotado nos EUA e foi
batizado de “House Keeping”, que significa “arrumando a casa”. (Ziareski, 2011)
No Brasil, as organizações começaram a adotar esta ferramenta no final da
década de 80, por influência de multinacionais ocidentais. Como na tradução do
japonês para o português as palavras não tem a mesma escrita por isso foi
acrescentado a expressão “Senso ou sentido de”. (Rodrigues, 2013).
Para Nogueira (2013), o programa tem pontos muito específicos e uma
metodologia a ser aplicada envolvendo toda a organização.
O 5S tem como metodologia a implantação de várias fases e a utilização de
esforços dos colaboradores para a continuidade da melhoria. O custo de
implantação é relativamente baixo, pois conta principalmente com a conscientização
dos colaboradores e a mudança de hábitos na organização, pode-se tirar fotos da
situação atual do setor onde fiquem evidenciados todos os maus hábitos, para uma
futura comparação.
2.6 PASSOS PARA O GERENCIAMENTO EFICAZ DE UM CENTRO DE
DISTRIBUIÇÃO
Depois de implantado o CD, será necessário definir formas eficientes e
eficazes de gerenciamento para possibilitar o melhor nível de serviço. Para tanto, os
gestores podem utilizar ferramentas de auxílio, das quais se destacam: o diagrama
de Ishikawa e o check list. Tais ferramentas favorecem a assertividade na tomada
decisões, pois são baseadas em relatórios precisos.
O diagrama de Ishikawa é conhecido como diagrama de causas e efeito. Esta
ferramenta foi proposta por Kaoru Ishikawa em 1943, a sua estrutura é básica e
primeiramente são divididos os problemas em seis tipos: método, matéria-prima,
mão de obra, máquinas, medição e meio ambiente. (Desidério, 2012).
Com as informações obtidas por meio desta ferramenta o gestor pode
estruturar as potenciais causas do problema e suas oportunidades de melhoria
sabendo como eles afetam a qualidade do serviço.
30
Já a ferramenta check list é muito eficiente no controle da realização das
ações de melhorias no ambiente organizacional, pois com ela o colaborador fica
ciente dos seus afazeres e dos prazos que deverá cumprir. Além disso, a
organização pode utilizá-la como documentação de auditoria ou até mesmo para
aplicabilidade trabalhista.
O check list pode ser usado de duas formas. Uma para saber se a atividade já
foi efetuada ou então para saber o que deve ser feito. Com esta coleta de dados o
gestor consegue saber em qual setor deverá promover melhorias para manter o
padrão de qualidade desejado.
2.6.1 Tecnologia voltada para Gerenciamento
Para Rodrigus e Roux (2012), não dispor de um WMS (Warehouse
Management System / Sistema de Gerenciamento de Armazém) no centro de
distribuição é um atraso semelhante ao de fazer a contabilidade com calculadoras
mecânicas. Segundo eles, o sistema pode ser dividido em cinco partes principais:
Tabela 2 – Divisão do Sistema WMS

Produto é identificado por código quando desembarcado
na doca de recebimento

Os dados dos produtos dão entrada no sistema WMS
através do uso de leitores de códigos de barra e terminais
Entrada
RFID

O WMS aloca os produtos com base no layout de
estocagem

O registro de localização do estoque vai sendo ajustado
Estocagem
conforme o nível de estoque é afetado

Monitora os níveis do produto em cada ponto de
estocagem no armazém

Quantidade e o momento de reposição são sugeridos de
acordo com regras bem especificas

Gerenciamento do estoque
Pedido de reposição é enviado diretamente para o setor
de compras via EDI ou Internet
31

Ao receber o pedido, o WMS decompõe em grupos de
itens que exigem tipos de diferentes de processamento e
separação

Itens são agrupados de acordo com a localização dos
pontos de estocagem

Processamento dos pedidos e
Itens são separados de forma que o trabalhador evite
percorrer longas distâncias, força despendida e cansaço.
retirada

Pedidos de clientes da mesma região são escolhidos
simultaneamente para que cheguem no ponto de
embarque no mesmo tempo.

Fazem-se estimativas de cubagem e peso dos pedidos de
múltiplos clientes que serão levados num caminhão,
Preparação do embarque
contêiner ou vagão ferroviário.
Fonte: Próprio Autor, (2013).
Contudo, somente a tecnologia não é suficiente para promover a eficiência e
a eficácia do CD. É necessário verificar se a organização possui a base dos dados
logísticos, que irá completar e melhorar o desempenho do sistema de
gerenciamento. “A riqueza dessa base permitirá uma maior sofisticação nas
funcionalidades” (Rodrigues e Roux, 2012, p. 131).
Entretanto, para maior credibilidade do sistema de gerenciamento os gestores
deverão fazer auditorias nele regularmente para saber se a base de dados está
atualizada para extrair o máximo do sistema.
2.6.2 Auditoria Logística
A auditoria deve ser feita em todo o CD, fiscalizando todas as operações,
incluindo até o sistema de gerenciamento como dito anteriormente. Ela consiste na
verificação da qualidade das funções e dos serviços dentro da organização.
“A norma ISO 8402:1994, substituída pela NBR ISO 9000, já definia a
auditoria como “um exame metódico e independente visando determinar se
as atividades e os resultados relativos à qualidade atendem aos requisitos
estabelecidos e se esses requisitos são implementados de maneira eficaz,
permitindo que sejam atingidos os objetivos.” (Rodrigues e Roux, 2012, p.3)
A auditoria no centro de distribuição irá “fiscalizar” as funções de recebimento,
estocagem, preparação de pedidos, etc., se todos os princípios da automatização
32
forem aplicados e se todas as regras de segurança foram aplicadas, a auditoria
pode ser espontânea ou imposta por clientes, instâncias superiores da organização
ou órgão de fiscalização do governo, sendo o último reservado para produtos
alimentícios e medicamentos. No Brasil o órgão que efetua este tipo de fiscalização
é a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
Contudo a auditoria não pode ser vista como um exame, que é concluído com
um veredito. É fundamental sempre pensar que é uma ferramenta para se obter
melhoria contínua.
Existem muitas ferramentas para um bom gerenciamento de um CD e que
com isso se consiga cada vez mais um melhor nível de serviço.
33
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
As organizações encontram muitos problemas de infraestrutura e falta de
investimentos no país, o que acarreta aumentos significativos nos custos de seus
estoques, e consequentemente no preço final dos produtos e serviços. Tais
aumentos precisam ser dissolvidos, sendo repassados ao longo da cadeia produtiva
e sentido pelo consumidor final, reduzindo a capacidade competitiva das
organizações, visto que o mercado se torna cada vez mais exigentes.
Neste sentido, o presente trabalho teve como objetivo principal o de
demonstrar que o centro de distribuição pode ser uma alternativa para solucionar o
problema, sendo rentável para as organizações, pois podem facilitar o atendimento
aos processos produtivos organizacionais, e consequentemente, o atendimento do
cliente com menor custo e maior qualidade e rapidez.
Entretanto, para que o CD tenha eficiência e eficácia, deverá ser muito bem
planejado, implantado e gerenciado. O presente trabalho traz informações precisas
acerca de cada um desses processos para que as organizações possam utilizá-lo
como parâmetro de pesquisa, avaliação e desenvolvimento de CDs como
diferenciais competitivos sustentáveis, e principalmente, para que possam promover
melhorias significativas em seus níveis de serviço.
O trabalho foi pautado em pesquisas teóricas sobre o assunto, as quais foram
apresentadas no segundo capítulo, que possibilitou mostrar alternativas para as
organizações atenderem melhor seus clientes.
Não foram realizadas pesquisas de campo, pois a região em que estamos
situados ainda não possui CDs de grande porte para que se pudesse colher dados
para compor o trabalho.
A realização do presente trabalho poderá contribuir para que os gestores
logísticos encontrem soluções viáveis para o atendimento pontual e sistêmico do
mercado. Assim a empresa poderá desenvolver o aumento da capacidade
competitiva, quanto da ampliação da credibilidade empresarial, pois nele os gestores
poderão obter todas as informações para montar e gerenciar o seu CD.
34
REFERÊNCIAS
BALLOU, R. H. Logística Empresarial: Transportes, administração de materiais
e distribuição física. São Paulo: Atlas, 2012.
DESIDÉRIO, Z. Qualidade: Diagrama de causas e efeitos, Disponível em: <
http://www.qualidadebrasil.com.br/noticia/qualidade_diagramas_de_causa_e_efeito>
. Acesso em: 22 Out. 2013.
FLEURY, P. F.; RIBEIRO, A. A indústria de prestadores de serviços logísticos
no Brasil: caracterizando os principais operadores. XXV Enapad, 2001.
HILL, A. Centros de Distribuição: estratégia para redução de custos e garantia
de entrega rápida e eficaz - 4ª Conferência sobre logística colaborativa, 2003.
HSIEH, C. Meio ambiente e legislação: Green Building: conceitos básicos,
Disponível
em:
<http://construcaomercado.pini.com.br/negocios-incorporacaoconstrucao/77/artigo284196-1.aspx>. Acesso em: 25 Out. 2013.
MICHELE, R. Modais de Transporte e sua importância no Processo Logístico,
Disponível em:
<http://www.administradores.com.br/mobile/artigos/tecnologia/modais-de-transportee-sua-importancia-no-processo-logistico/67889/ >. Acesso em: 21 Out. 2013.
NINIO, M. China volta a cancelar compra de soja do Brasil, diz Blairo Maggi,
Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2013/04/1265353-chinavolta-a-cancelar-compra-de-soja-do-brasil-diz-blairo-maggi.shtml>. Acesso em: 25
Out. 2013.
NOGUEIRA, V. METODOLOGIA DO PROGRAMA 5S, Disponível em:
<http://www.administradores.com.br/artigos/economia-e-financas/metodologia-doprograma-5s/63805/>. Acesso em: 23 Out. 2013
NOVAES,
J.
Evolução
Logística
no
Brasil,
Disponível
em:
<http://www.administradores.com.br/mobile/artigos/marketing/evolucao-logistica-nobrasil/13574/>. Acesso em: 20 Out. 2013.
PADULA, R. – Transportes: fundamentos e propostas para o Brasil – Brasilia:
Confea, 2008.
RODRIGUES, D. V.; ROUX, M. Auditoria Logística: Uma abordagem prática para
operações de centro de distribuição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.
RODRIGUES, D. V.; ROUX, M. Projeto de Centro de Distribuição: Fundamentos,
metodologia e prática para a moderna cadeia de suprimentos. Rio de Janeiro:
Elseiver, 2011.
35
RODRIGUES,
S.
Conheça
o
programa
5s,
Disponível
em:
<http://simararodrigues.blogspot.com.br/2013/06/conheca-o-programa-5s.html>.
Acesso em: 29 Out. 2013.
SUCUPIRA, C.; PEDREIRA C. Inventários físicos: a importância da acuracidade
dos
estoques,
Disponível
em:
<
http://ideagri.com.br/plus/modulos/noticias/ler.php?cdnoticia=121>. Acesso em: 27
Out. 2013.
ZIARESKI, A. Programa 5s como método de organização, Disponível em:
<http://www.administradores.com.br/artigos/economia-e-financas/programa-5s-scomo-metodo-de-organizacao/58509/>. Acesso em: 29 Out. 2013.
Download