Sebenta de Disciplina DCR, Zuzana Dimitrovová, DEC/FCT/UNL, 2016 Vibrações mecânicas 1. Introdução Entende-se por vibração o movimento repetitivo de uma partícula, de um corpo ou do conjunto de corpos em torno de uma posição de equilíbrio estático estável. Quando os deslocamentos realizados por este sistema forem pequenos, a vibração designa-se pequena. Usa-se assim a teoria das pequenas vibrações ou oscilações. A origem das vibrações Foi explicado no capítulo PTV que um sistema na posição de equilíbrio estável, quando sujeito a uma perturbação desloca-se dessa posição, mas retirando a causa desta perturbação, volta à sua posição de equilíbrio estável. Isso iria acontecer se essa volta fosse feita de maneira quase estática, ou seja de modo lento, sem activação de efeitos de inércia. Na realidade isso não acontece e o sistema volta à posição de equilíbrio estável, mas naquele instante tem um certa velocidade que o obriga a ultrapassar essa posição (veja também o problema da dinâmica em que foi calculada a velocidade do sistema na posição de equilíbrio estável). O sistema deslocase assim para outro lado até diminuir a velocidade a zero, depois tenta voltar novamente à posição de equilíbrio estável e atinge esta posição novamente com uma certa velocidade, etc. As vibrações em geral representam efeitos não desejáveis, porque induzem o aumento de tensões, perdas de energia, desgaste de material, etc. Termos Os movimentos em função do tempo classificam-se em periódicos e não-periódicos. O movimento harmónico é um caso particular do movimento periódico, em que a função de deslocamento corresponde a uma função trigonométrica de seno, possivelmente com ângulo de fase não nula, ou seja a função co-seno está também incluída. Período O movimento periódico Designa-se como período T o tempo (em segundos) necessário para completar um ciclo de movimento. O inverso do período, a frequência f (cíclica) representa o número de ciclos que o sistema completa num segundo. f 1 -1 s =Hz ou seja a unidade da frequência cíclica é Hertz. T Sebenta de Disciplina DCR, Zuzana Dimitrovová, DEC/FCT/UNL, 2016 u t O movimento não-periódico Amplitude O movimento harmónico O deslocamento máximo chama-se a amplitude; num movimento periódico a amplitude dos deslocamentos positivos pode ser diferente da amplitude dos deslocamentos negativos. Os adjectivos: periódico, não-periódico e harmónico usam-se igualmente junto com as forças, velocidades, aceleração, etc, porque apenas descrevem o andamento de alguma função em relação ao tempo. Neste capítulo apenas os mecanismos com 1GDL serão abordados. A equação que descreve o movimento oscilatório é uma equação diferencial que corresponde à equação de movimento (equilíbrio dinâmico na direcção da variável do movimento). As incógnitas neste caso serão funções de variável tempo: u t , v t , a t ou t , t , t , no entanto a por razões de simplificação o argumento t costuma-se omitir. Para se destacar a dependência no tempo e assim indicar o grau da equação diferencial, costuma-se escrever u, v du d d 2 d 2u u, a 2 u e , , 2 dt dt dt dt Vibrações livres não amortecidas O movimento é mantido apenas pelas forças de restituição, ou seja pelas forças inerentes ao sistema (que são por exemplo: as forças elásticas das molas e as forças gravíticas). A perturbação que inicia o movimento corresponde a um deslocamento e/ou a uma velocidade aplicada ao sistema, não há forças exteriores aplicadas ao sistema. Neste caso, Sebenta de Disciplina DCR, Zuzana Dimitrovová, DEC/FCT/UNL, 2016 todos os termos envolvidos na equação que descreve o movimento tem que conter a variável do movimento (equação homogénea). A vibração chama-se natural. Não se considera qualquer tipo de atrito ou outra perda de energia, a vibração dura para sempre sem qualquer alteração. Vibrações forçadas não amortecidas Além das forças de restituição, existem as forças externas aplicadas ao sistema. Estas forças serão somente consideradas na forma harmónica. As forças constantes que permanecem no sistema afectam a posição de equilíbrio estável e não contribuem à manutenção do movimento oscilatório. As forças de curta duração, constantes ou com outra evolução, ou seja os impulsos das forças, ultrapassam o âmbito desta sebenta. O movimento oscilatório neste regime corresponde à sobreposição de dois movimentos, um que corresponde à vibração natural e outro à vibração forçada. Não se considera qualquer tipo de atrito ou outra perda de energia, a vibração dura para sempre sem qualquer alteração. A vibração forçada pode ser igualmente originada e mantida pelo movimento harmónico da base do sistema. Vibrações livres amortecidas O movimento é mantido apenas pelas forças de restituição, no entanto consideram-se as perdas de energia, via forças de atrito (interno ou externo) chamadas também as forças de amortecimento, por isso o movimento vai diminuir a sua amplitude, até cessar. Teoricamente cessa no tempo infinito, mas o decréscimo de amplitude é exponencial. Vibrações forçadas amortecidas Além das forças de restituição existem as forças oscilatórias externas aplicadas ao sistema, no entanto consideram-se as perdas deu energia. As perdas de energia afectam principalmente a vibração natural, que cessa passado algum tempo. O amortecimento afecta a amplitude da vibração forçada, mas esta dura para sempre. Visto a vibração estar composta pela sobreposição destas duas partes, costumam-se introduzir os termos: o regime transiente (transitório) que corresponde ao intervalo de tempo inicial, em que ainda há vibração natural não desprezável. O outro regime começa quando a vibração natural é desprezável, e assim o movimento é composto apenas pela parte forçada, e por isso o regime chama-se estacionário, ou seja representa a estabilização do sistema no movimento que se repete sem qualquer alteração até quando actuarem as forças externas. u Vibração livre não-amortecida Vibração livre amortecida (período ligeiramente maior) Sebenta de Disciplina DCR, Zuzana Dimitrovová, DEC/FCT/UNL, 2016 u Vibração forçada não-amortecida verde: contribuição natural azul: contribuição forçada vermelho: vibração total u u Intervalo de tempo inicial (regime transitório) Intervalo de tempo intermédio (regime transitório) Vibração forçada amortecida u verde: contribuição natural azul: contribuição forçada vermelho: vibração total Regime estacionário Sebenta de Disciplina DCR, Zuzana Dimitrovová, DEC/FCT/UNL, 2016 2. Corpo rígido com único movimento Vibrações lineares Quando um corpo rígido (possivelmente composto por vários corpos elementares) oscila sobre uma posição de equilíbrio estável efectuando o movimento de translação, a vibração chama-se linear. A variável que caracteriza este movimento é o deslocamento. A equação que rege a vibração determina-se via equação de movimento, ou seja via equação do equilíbrio dinâmico, que neste caso, contrariamente ao Capítulo Dinâmica, tem que se escrever na posição deformada e apenas no sentido de movimento (somatório de forças). Vibrações rotacionais Quando um corpo rígido (possivelmente composto por vários corpos elementares) oscila sobre uma posição de equilíbrio estável efectuando o movimento de rotação em torno de um ponto fixo (CIR fixo, centro de rotação, C ), a vibração chama-se rotacional. A variável que caracteriza este movimento é o ângulo de rotação, que neste caso chama-se a coordenada generalizada. O movimento descreve-se com uma única equação que corresponde ao equilíbrio dinâmico dos momentos em torno do ponto fixo C (equação do movimento na posição deformada). Tal como explicado no capítulo de Dinâmica, quando não se usam as equações que representam o equilíbrio das forças, há possibilidade de usar o único momento de inércia na forma I C . Durante as vibrações rotacionais, cada ponto do sistema faz igualmente a vibração linear. A transferência faz-se do mesmo modo como se traduziam deslocamentos infinitesimais para a rotação, e ainda será necessário alterar o equilíbrio dos momentos para o equilíbrio das forças na direcção do movimento. Métodos de resolução Para resolver as vibrações, escreve-se primeiro a equação de movimento (a equação do equilíbrio dinâmico) na direcção da vibração. As equações de movimento explicadas no capítulo de Dinâmica escreveram-se na posição indicada (analisada) sem alguma introdução da deformada, neste capítulo o equilíbrio tem que se escrever na posição deformada, no entanto esta deformação considera-se infinitesimal, porque as vibrações são pequenas, por isso a deformada obedece às normas usadas para traçar o campo de deslocamentos virtuais. A actuação de variáveis de movimento (deslocamento no caso das vibrações lineares e ângulo no caso da vibrações rotacionais) e consequentemente de velocidade e aceleração ou velocidade angular e aceleração angular assume-me com actuação num único sentido, seleccionado como sentido positivo, porque isso é obrigatório para formalizar as deduções matemáticas. Depois de ter a equação que rege a vibração, é necessário resolve-la para obter as variáveis de movimento oscilatório em função de tempo. No entanto, para a formalização dos campos de variáveis finais, podem usar-se fórmulas deduzidas da equação genérica. Sebenta de Disciplina DCR, Zuzana Dimitrovová, DEC/FCT/UNL, 2016 2.1 Vibrações lineares 2.1.1 Dedução da equação que rege a vibração Assume-se uma partícula (massa concentrada) tal como se visualiza na figura abaixo Equação do movimento (equilíbrio dinâmico) numa posição intermédia u ma mg k u est u 0 Equilíbrio estático mg kuest 0 Juntando as duas equações ma ku 0 ou seja mu ku 0 que é uma equação diferencial (ordinária) de segunda ordem homogénea. Neste caso notouse que o peso da partícula não contribuiu às forças de restituição, a única força de restituição é a força elástica da mola. O facto de considerar o peso ou não será de grande importância. Em casos de dúvida procede-se de duas maneiras: (i) escrevem-se as duas formas de equilíbrio, estático e dinâmico e juntam-se as duas equações numa só; (ii) usa-se directamente o facto de a equação resultante só poder conter os termos que contém a variável do movimento na sua forma original ou sujeita a derivada de tempo; por esta razão é possível remover todos os termos restantes (absolutos). O caso seguinte mostra que em algumas situações o peso do sistema nem entra na equação do movimento, que se escreve na direcção do movimento oscilatório. Nota-se que como se trata de vibrações não-amortecidas, não há perdas de energia e por isso as forças de atrito estão desprezadas. Neste caso na direcção do movimento actua apenas a força de inércia e a força elástica da mola. Recorda-se que a equação de equilíbrio dinâmico deve-se escrever na posição deformada, no entanto, no caso da partícula não se nota esta diferença. Directamente mu ku 0 ku ma mg N Sebenta de Disciplina DCR, Zuzana Dimitrovová, DEC/FCT/UNL, 2016 Realça-se que as forças de inércia e as forças elásticas das molas actuam sempre no sentido de voltar o sistema à sua posição de equilíbrio. 2.1.2 Resolução da equação diferencial A equação mu ku 0 chama-se equação canónica. A sua resolução começa por divisão pela massa: u k u0 m Assume-se a solução na forma u et . Substituindo e simplificando 2 k 0 que se chama a equação característica m As raízes da equação característica são: 1,2 i k k , ou seja, designando n m m frequência circular (angular) natural de unidade rad/s, a solução da equação acima tem a forma: u C1 cos nt C2 sin nt Para esta representação usou-se a fórmula de Euler: eix cos x isin x ou seja a forma original da solução alterou-se de acordo com a dedução abaixo C1ein +C2e-in C1 cos n iC1 sin n +C2 cos n -iC2 sin n C1 C2 cos n +i C1 -C2 sin n C1 cos n +C2 sin n Esta representação tem a vantagem de definir directamente o movimento harmónico no domínio dos números reais. Ver-se-á em seguida que as constante C1 e C2 serão sempre números reais. A ligação entre a frequência cíclica e circular é n 2 fn , porque 2 representa uma volta completa medida em radianos. A fórmula para o cálculo da frequência indica que: um aumento de massa e/ou a diminuição de rigidez causa a diminuição da frequência ou seja, o aumento do período (oscilação mais lenta), um aumento de rigidez e/ou a diminuição de massa causa o aumento da frequência, ou seja a diminuição do período (oscilação mais rápida). As constantes C1 e C2 determinam-se das condições iniciais do movimento. As condições iniciais não podem ser ambas nulas, porque representam o “impulso” que iniciou o movimento, este “impulso” pode ter a forma de deslocamento ou velocidade (ou ambos) iniciais, designados u0 e v0 , ou seja u 0 u0 C1 cos n 0 C2 sin n 0 C1 v 0 v0 d C1 cos nt C2 sin nt t 0 n C1 sin n 0 C2 cos n 0 nC2 dt Assim u u0 cos nt v0 n sin nt Sebenta de Disciplina DCR, Zuzana Dimitrovová, DEC/FCT/UNL, 2016 A solução pode representar-se na forma compacta: u u0 cos nt v0 0 v0 cos & Aun sin nt Au cos nt sin sin nt cos Au sin nt u0 u sin tan 0 n Au v0 v & Au u 0 0 2 2 0 Na formulação acima Au representa a amplitude dos deslocamentos e ângulo de fase. Estes cálculos não aplicam todos os sinais correctamente e por isso de todas as soluções da função arctan é necessário escolher a correcta. A escolha faz-se de acordo com o sinal da função resultante no tempo nulo. Ou seja u0 tem que ter o mesmo sinal como sin . Admitindo arctan u0n : quando v0 0 , e quando v0 0 . Quando v0 v0 0 , / 2 ou seja u u0 cos nt já com o sinal correcto. Tn O movimento oscilatório pode ser representado registando a ordenada vertical do ponto que está a fazer o movimento circular com o raio igual à amplitude, o ângulo inicial igual ao ângulo de fase e a velocidade angular igual à frequencia circular natural. O movimento chama-se movimento harmónico simples. Os gráficos representados abaixo indicam as 4 posibilidades de sinais de u0 e v0 . u u0 0, v0 0 0 0, 2 sin 0 u u0 0, v0 0 0 , 2 sin 0 Sebenta de Disciplina DCR, Zuzana Dimitrovová, DEC/FCT/UNL, 2016 u u0 0, v0 0 0 ,0 2 sin 0 u u0 0, v0 0 0 3 , 2 sin 0 2.1.3 Rigidez equivalente Molas Recorda-se que a actuação real da força elástica sobre a partícula (corpo) em que está colocada é sempre contra o movimento efectuado (no sentido para voltar a partícula/corpo à sua posição inicial). Por esta razão é indiferente de que lado da estrutura a mola está colocada. A ligação em paralelo implica o deslocamento igual em todas as molas; de equilíbrio segue que a força elástica da mola equivalente é igual à soma das forças elásticas das molas envolvidas e por isso a rigidez equivalente, equivale à soma de rigidezes envolvidas. Fe,eq Fe1 Fe2 Fe3 kequ k1u k2u k3u keq k1 k2 k3 A ligação em série implica a força elástica igual em todas as molas, que também equivale à força elástica da mola equivalente. Fe,eq Fe1 Fe 2 , kequ k1u1 k2u2 Sebenta de Disciplina DCR, Zuzana Dimitrovová, DEC/FCT/UNL, 2016 O deslocamento total é igual à soma dos deslocamentos das molas envolvidas. A igualdade das forças elásticas permite exprimir os deslocamentos keq u u1 u2 u k1 u keq k2 u ou seja 1 1 keq 1 k1 k2 1 1 1 keq k1 k2 keq k1k2 k1 k2 Pode-se assim concluir que o inverso de rigidez equivalente, equivale à soma de inversos de rigidezes envolvidas (a flexibilidade equivalente equivale à soma de flexibilidades envolvidas). Esta relação pode ser extendida a mais do que 2 molas 1 1 1 1 ... keq k1 k2 k3 Elementos flexíveis A oscilação da extremidade de uma consola pode ser também analisada via uma mola equivalente. A rigidez desta mola define-se da analogia com a força elástica como o inverso do deslocamento provocado pela força unitária. Como os deslocamentos assumem-se pequenos, é válida a linearidade, ou seja o deslocamento é proporcional à força aplicada, tal como a força elástica. 2.1.4 Sobre a resolução da equação diferencial Todos os casos das vibrações lineares são regidos pela equação (a unidade dos termos envolvidos na equação é a unidade da força [N ou kN]): mequ kequ 0 Após a determinação da equação de movimento que rege a vibração, basta agrupar os termos para se determinar meq 0 [kg ou ton] e keq 0 [N/m ou kN/m] (ambos positivos), ou seja, basta juntar os coeficientes das variáveis com a mesma ordem de derivada de tempo e usar as resoluções pré-calculadas: u u0 cos nt v0 n sin nt ou 2 v u u Au sin nt , onde Au u 0 e arctan 0 n v0 0 2 0 (quando v0 0 , quando v0 0 ) Pelas derivadas em ordem de tempo obtem-se: Sebenta de Disciplina DCR, Zuzana Dimitrovová, DEC/FCT/UNL, 2016 v u0n sin nt v0 cos nt ou v Aun cos nt , ou seja Av Aun a u0n2 cos nt v0n sin nt ou a Aun2 sin nt , ou seja Aa Avn Aun2 Comparando o andamento de deslocamento, velocidade e aceleração, realça-se que neste caso o período (ou frequência) e o ângulo de fase mantêm-se inalterados, apenas a amplitude sofre alterações como indicado. A aceleração está descrita pela mesma função como os deslocamentos, mas com o sinal oposto. Os extremos de deslocamentos e acelerações ocorrem nos mesmos instantes de tempo, nomeadamente nos instantes em que a velocidade é nula. Os extremos de velocidades ocorrem nos instantes em que os deslocamentos e acelerações são nulos. u...verde v...azul a...vermelho Au 3m n 2rad/s 0, 2rad Tn 3,14s Na figura acima as rectas verticais pretas mostram que o máximo (no valor absoluto) de velocidade ocorre nos tempos em que o deslocamento e a aceleração são nulos, ou seja quando a estrutura passa pela posição de equilíbrio. As rectas pretas tracejadas mostram que quando a velocidade é nula, o deslocamento e a aceleração são máximos (no valor absoluto). Nestas posições a velocidade vira o seu sentido e a estrutura começa a voltar à sua posição de equilíbrio. A aceleração actua na direcção do movimento, ou seja, o movimento é acelerado, porque na posição do equilíbrio a velocidade tem que atingir o seu máximo. Quando esta posição é ultrapassada, o movimento começa a desacelerar, até a velocidade atingir o valor nulo, no lugar do próximo deslocamento máximo (no valor absoluto). Sebenta de Disciplina DCR, Zuzana Dimitrovová, DEC/FCT/UNL, 2016 Problema Um bloco com massa 50kg está apoiado pelo conjunto de molas tal como visualizado na figura ao lado, com k1= 10kN/m, k2= 15kN/m e k3 = 8kN/m. O bloco é deslocado verticalmente para baixo 3cm e em seguida libertado. Admitindo que não há atrito entre o bloco e as paredes, determine: a) o período e a frequência circular do movimento; b) a velocidade máxima e a aceleração máxima do bloco. Resolução As várias molas aplicadas ao bloco podem ser substituídas por uma única mola equivalente, as relações da sua definição não são necessárias deduzir novamente, basta utilizar as fórmulas já preparadas, ou seja, na ligação em paralelo a rigidez final equivale à soma das rigidezes e na ligação em série a inversa de rigidez final equivale à soma das inversas de rigidezes. Como já justificado, não é importante considerar a posição exacta das molas, podem considerar-se todas as molas colocadas abaixo do bloco, a rigidez total das molas corresponde às 4 molas em paralelo em que duas destas molas representam a ligação em série. Assim a rigidez desta é: kk 1 1 2 e assim: 1 1 k1 k2 k1 k2 keq k2 k3 2 k1k2 35kN/m k1 k2 a) Usando o formulário: n keq M 35000 2 26, 46rad/s , Tn 0, 237s 50 n b) Usando o formulário: u u0 cos nt , ou seja Au u0 0,03m a velocidade máxima corresponde à amplitude: Av u0n 0,794m/s a aceleração máxima corresponde à amplitude: Aa u0n2 21m/s2 2.2 Vibrações rotacionais 2.2.1 Centro de rotação fixo Admite-se que um corpo rígido (possivelmente composto por vários corpos elementares) oscila sobre uma posição de equilíbrio estável efectuando o movimento de rotação em torno de um ponto fixo (CIR fixo, centro de rotação, C ). A variável que caracteriza este movimento é o ângulo de rotação . A equação que rege as vibrações corresponde à equação do equilíbrio dinâmico (equação de movimento), na direcção da variável , ou seja, ao equilíbrio dos momentos em torno C , que é também a única equação de equilíbrio que não envolve as reacções externas. Em primeiro lugar é necessário colocar correctamente as forças de inércia, mas como justificado no capítulo de Dinâmica, no movimento circular as componentes das forças de inércia resultantes das componentes normais de aceleração têm as linhas de acção que passam pelo centro de rotação. Neste caso, tal como explicado no capítulo de Dinâmica, quando não se usam as Sebenta de Disciplina DCR, Zuzana Dimitrovová, DEC/FCT/UNL, 2016 equações que representam o equilíbrio das forças (o somatório das forças), há a possibilidade de usar o único momento de inércia na forma I C , também designado I eq . A forma geral da equação diferencial será (a unidade dos termos envolvidos na equação é a unidade do momento [Nm ou kNm]): Ieq k ,eq 0 em que I eq representa o momento de inércia equivalente de unidade [kgm2 ou tonm2] e k ,eq é a rigidez rotacional equivalente de unidade [Nm ou kNm]. Após a determinação da equação de movimento que rege a vibração, basta agrupar os termos para se determinar I eq 0 e k ,eq 0 (ambos positivos), ou seja, basta juntar os coeficientes das variáveis com a mesma ordem de derivada de tempo e usar as resoluções pré-calculadas. Visto a equação ter a mesma forma como anteriormente, basta simplesmente usar I eq no lugar de meq , k ,eq no lugar de keq e no lugar de u . As condições iniciais habitualmente designam-se: 0 e 0 , ou seja não se costuma usar 0 para a velocidade angular inicial para não se confundir com a frequência circular. Como já foi dito, durante as vibrações rotacionais cada ponto do sistema faz igualmente a vibração linear. A transferência faz-se do mesmo modo como se traduziam deslocamentos infinitesimais para a rotação. Assumindo a posição do ponto na distância d do centro de rotação, esse ponto efectua o movimento linear u d . A equação de movimento tem que se transferir para o equilíbrio de forças, e por isso u1 u I eq k ,eq 0 d d d a outra divisão por d transfere o momento para a força, o que seria mais claro se a equação k ,eq tivesse o lado direito diferente de zero. Em resumo, para este ponto: keq 2 [N/m ou d I eq kN/m] e meq 2 [kg ou ton]. Realça-se que o valor da frequência circular e do ângulo de d fase não se altera, considerando a vibração como rotacional ou como linear. Realça-se ainda que a equação que rege a vibração é a equação de movimento, no entanto, contrariamente do capítulo de Dinâmica, tem que se escrever na posição deformada. Verá se mais à frente que esta exigência é ditada pela introdução correcta das contribuições dos pesos. Pêndulo Calcule a frequência circular de um pêndulo simples para as pequenas oscilações. Resolução Um pendulo simples está composto pelo fio de comprimento L de massa desprezável e pela massa concentrada m de raio desprezável. O movimento oscilatório representa uma rotação em torno de um ponto fixo C . Em primeiro lugar admite-se o sentido positivo de ângulo e de aceleração angular . C C L m IC L mg Sebenta de Disciplina DCR, Zuzana Dimitrovová, DEC/FCT/UNL, 2016 Estes sentidos têm que ser iguais, porque está se deduzir uma equação. O momento de inércia actua como indicado, na tentativa de voltar a estrutura à sua posição de equilíbrio. A deformada obedece às regras da deformada infinitesimal. O equilíbrio em torno do ponto C : IC mgL 0 , onde IC mL2 Usando o formulário: n mgL mgL IC mL2 g L Nota-se que a equação deduzida não teve nenhum termo absoluto, o que comprova, que não era necessário escrever primeiro o equilíbrio estático, porque o braço do peso contém apenas a parte dinâmica. Este problema simples mostra claramente que o equilíbrio era necessário escrever na posição deformada, se não, a linha de acção do peso passava pelo apoio e o braço do peso seria nulo. Problema Considere novamente o pêndulo mas neste caso não despreze o peso do fio m f e o raio r da massa concentrada que tem a forma de uma esfera. Resolução A resolução segue o mesmo procedimento como no problema anterior. As diferenças são no momento de inércia 1 2 I C m f L2 mr 2 mL2 3 5 e na contribuição do peso do fio que actua no centro de massa do fio, ou seja 1 I C mg L r m f gL 0 2 Usando o formulário: n 30mg L r 15m f gL 10m f L2 12mr 2 30mL2 Problema A barra uniforme AB está articulada em C e ligada em A a uma mola de constante de rigidez k. Assuma que a posição visualizada na figura corresponde à posição de equilíbrio. Se for imposto à extremidade A um pequeno deslocamento horizontal e depois libertado, determine: a) a frequência circular das pequenas oscilações; b) o menor valor da constante de rigidez kmin para o qual ocorrerão oscilações. ku Resolução A barra pode fazer movimento de rotação em torno do ponto fixo C, definindo assim uma vibração rotacional. Introduzindo as forças , mg I C Sebenta de Disciplina DCR, Zuzana Dimitrovová, DEC/FCT/UNL, 2016 actuantes na posição deformada que obedece às regras da deformada infinitesimal, o equilíbrio dos momentos em torno do apoio dita: L IC ku d mgd 0 2 L Visto que u d 2 2 L I C k d mgd 0 2 Realça-se que a aceleração angular tem que ser introduzida no mesmo sentido como a rotação, e assim, as forças elásticas actuam contra o movimento introduzido e o momento de inércia contra a aceleração angular, e por isso as suas contribuições têm o mesmo sinal. A inércia da estrutura e as forças de restituição das molas actuam no sentido para voltar a estrutura à sua posição do equilíbrio. No entanto, a contribuição do peso pode ajudar (como no pêndulo) ou retardar a vibração (como neste problema). Isso depende do facto se o centro de gravidade (o ponto de actuação do peso) está posicionado abaixo (pêndulo) ou acima (neste problema) da linha horizontal que passa pelo centro de rotação. A contribuição da força elástica nas vibrações rotacionais obedece às certas regras. Como o deslocamento no lugar da mola equivale ao ângulo de rotação vezes a distância deste lugar ao centro de rotação, e essa mesma distância (braço da força elástica) é depois utilizada no equilíbrio dos momentos, na equação da vibração vai estar esta distância sempre ao quadrado. Concluiu-se que: 2 L k ,eq k d mgd 2 1 I eq I C mL2 md 2 12 a) usando o formulário: k ,eq n I eq 3k 2d L 12mgd 2 m L2 12d 2 Confirma-se mais uma vez que neste caso o peso reduz a rigidez equivalente, e por isso reduz a frequência, ou seja aumenta o período, ou seja abranda a vibração. b) Para que possa ocorrer a vibração, a rigidez equivalente tem que ser positiva, ou seja 2 k ,eq k L k d mgd 0 2 4mgd 2d L kmin 2 4mgd 2d L 2 Para rigidezes menores que a mínima, a barra continua a deformar-se depois de ser deslocada. Isso também significa que a estrutura esteve na sua posição inicial em equilíbrio instável. Sebenta de Disciplina DCR, Zuzana Dimitrovová, DEC/FCT/UNL, 2016 Problema Considere a estrutura da figura ao lado. Assuma que a posição representada corresponde à posição do equilíbrio estático estável. a) Calcule o deslocamento que a mola sofreu a partir da sua posição indeformada. b) Escreva a equação que rege as pequenas vibrações rotacionais. c) Escreva a equação que rege as pequenas vibrações lineares do ponto A. D A Resolução a) Posição do equilíbrio estável: o deslocamento da mola que foi necessário introduzir devido à actuação do peso da estrutura deduz-se na posição deformada, tal como visualizada na figura, porque esta deformação pode não ser infinitesimal. Equilíbrio dos momentos em torno do apoio: kuest 2a mB g 2a mAB g mD , rD b C mAB a k a a mD g C mAB g a B mB mB g a a kuest 4mB mAB 2mD a mD ga 0 , ou seja, uest g 2 4k b) Arbitrando o sentido positivo da rotação, a posição deformada visualiza-se abaixo. Como a vibração é pequena, esta deformada obedece às regras da deformada infinitesimal. Equilíbrio dos momentos em torno do apoio: I C k uest 2a 2a mB g 2a mAB g a mD g a b 0 2 I C Combinando a equação com o equilíbrio estático, obtém-se: IC k 2a mD gb 0 2 C , mD g Realça-se que as forças de inércia a as forças elásticas das mAB g molas actuam sempre no sentido de voltar a estrutura à sua k uest u posição de equilíbrio. Isso também implica que na equação a a a da vibração tem que entrar com o mesmo sinal. Nota-se também que o termo que envolve o momento da força elástica tem sempre o braço ao quadrado. Isso porque o braço foi utilizado uma vez para representar o deslocamento no lugar da mola e segunda vez para definir o momento da força elástica. Os momentos dos pesos cuja actuação está acima (ou abaixo) da recta horizontal que passa pelo apoio têm uma parte do braço estática e outra dinâmica. A parte estática corta quando se introduz o equilíbrio estático. A parte dinâmica depende na variável da deformação e por isso fica na equação que rege a vibração. Esta contribuição reduz (ou aumenta) a rigidez equivalente da estrutura. Em resumo, a rigidez equivalente da estrutura é: k ,eq k 2a mD gb 2 E o momento de inércia: mB g Sebenta de Disciplina DCR, Zuzana Dimitrovová, DEC/FCT/UNL, 2016 2 1 1 2 2 a I eq I C mAB 3a mAB mB 2a mD rD2 mD a 2 b 2 12 2 2 mAB 4mB a 2 mD 1 2 rD a 2 b 2 2 Realça-se que a equação IC k 2a mD gb 0 2 poder-se-ia obter directamente seguindo a regra que a equação canónica só pode conter os termos que envolvam a variável de deformação. Pode-se assim concluir que todos os pesos que na estrutura deformada não envolvam no seu braço a variável de deformação, contribuem apenas para a posição do equilíbrio estático. Os pesos que contribuem à vibração têm que ter a sua contribuição simétrica relativamente à posição do equilíbrio, ou seja I C , C mD g mB g k uest u mAB g a a a o termo mD gb tem que manter o seu efeito na posição oposta da barra (figura ao lado). Estes pesos são os pesos que alteram a sua linha de acção mesmo na deformada infinitesimal. mD g mD g Ou seja juntando as figuras, o movimento da massa mD visualiza-se acima. Recorda-se que ambos os termos, I eq e k ,eq , na equação canónica têm que ser positivos, ou seja, k 2a mD gb . Se a massa mD fosse muito grande após o impulso a estrutura não 2 vibrava, mas continuava a deformar-se. Isso também significa, que a posição inicial era uma posição de equilíbrio instável, contrariamente ao que foi dito no enunciado. Os problemas nesta secção permitem concluir que os pesos actuantes acima da linha horizontal que passa pelo centro de rotação reduzem a rigidez equivalente e por isso retardam a vibração. Os que estão colocados a abaixo desta linha aumentam a rigidez equivalente e assim apressam a vibração. Nota-se que este efeito não depende da distância horizontal do ponto de actuação do peso ao centro de rotação, mas apenas da distância vertical. Assim a rigidez global da estrutura está inalterada se uma das massas concentradas for deslocada na direcção horizontal. No entanto, esta alteração afectava o momento de inércia, ou seja, concentrando as massas destes pesos mais longe do centro de rotação, o momento de inércia aumenta e a frequência baixa. Concentrando os perto do centro de rotação, o momento de inércia diminui e a frequência aumenta. c) A equação deduzida foi: IC k 2a mD gb 0 2 uA a uA u 2 k 2a mD gb A 0 a a I b Alteração para equilíbrio de forças: C2 u A 4k mD g 2 u A 0 a a Por isso I C Sebenta de Disciplina DCR, Zuzana Dimitrovová, DEC/FCT/UNL, 2016 2.2.2 Centro de rotação móvel Quando o ponto em torno do qual a estrutura está a rodar, mudar a sua posição ao longo da vibração, com uma pequena alteração, tal como se verifica nos casos em que o centro de rotação é representado pelo CIR móvel, é possível considerar esta vibração como rotacional e simplificar a construção da equação que rege o movimento oscilatório como explicado em seguida. Em primeiro lugar realça-se que as vibrações são consideradas pequenas e por isso estão descritas por uma equação diferencial linear, o que significa que todos os termos da equação são formados por um coeficiente multiplicado pela variável ou pela primeira ou segunda derivada segundo o tempo da variável com expoente 1 (para as vibrações livres nãoamortecidas apenas os termos ~ ou ~ são possíveis, termos de ordem maior como ~ , ~ 2 , ~ 2 etc. são desprezáveis). Se a alteração da posição do centro de rotação for descrita via termos pequenos, estes envolveriam a variável e consequentemente os termos referentes à inercia e às forças elásticas iriam acrescentar os termos de ordem maior. No entanto, as partes dos pesos que pertencem às forças de restituição, representam valores sem dependência da variável, e por isso devem ser utilizados em conjunto com valores que contém . Esta análise permite concluir que, os efeitos de inércia e das forças elásticas é possível escrever na posição indeformada. A contribuição dos pesos pode ser incluída posteriormente usando o equilíbrio na posição deformada. As componentes normais de aceleração são definidas em função de 2 que representa o termo de ordem maior. Por esta razão as respectivas componentes de forças de inércia são desprezáveis, e consequentemente as componentes de aceleração podem ser determinadas usando os CIRs, semelhante como no capítulo de Dinâmica no caso das estruturas que iniciam movimento do repouso. Problema Uma barra AB de massa mAB e comprimento L está rebitada a um disco com massa mD e raio r . Uma mola de constante de rigidez k está ligada ao centro do disco em A e à parede em C. Sabendo que o disco rola sem escorregar, determine o período das pequenas oscilações do sistema. Resolução u r deformada cinemática u a r D forças I D kr mD r 2L / 2 r L / 2 G Para uma melhor visualização a barra representa-se mais comprida. Equilíbrio dos momentos em torno do ponto D (CIR na posição nova): mD g Fa IG mAB 2 L / 2 N mAB L / 2 mAB r mAB g Sebenta de Disciplina DCR, Zuzana Dimitrovová, DEC/FCT/UNL, 2016 kr 2 I D mD r 2 I G mAB gL / 2 mAB r L cos / 2 r mAB L / 2 L / 2 r cos 3 1 2 mD r 2 mAB L2 mAB L / 2 r kr 2 mAB gL / 2 0 2 12 Foram utilizadas as regras de deformada infinitesimal e desprezados termos de ordem maior, por isso o termo que envolve a contribuição da aceleração normal mAB 2 L / 2 não entrou na equação, porque contem o termo pequeno ao quadrado e por isso corresponde ao termo de ordem maior. Tal como justificado acima, verifica-se que era possível simplificar as deduções da seguinte maneira. deformada indeformada kr CIR D ICIR mAB g Na primeira posição é possível usar o CIR na parte de cinemática para indicar a distribuição dos deslocamentos e acelerações. Isso permite definir os sentidos e os valores das forças elásticas e de inércia. O equilíbrio dos momentos em torno do CIR escreve-se na posição indeformada. Isso não viola nenhum pressuposto, apesar de estar claro que na posição indeformada a aceleração angular é nula e a contribuição dinâmica da força elástica também, mas e representam funções e não valores, por isso devem verificar a equação que rege a vibração em qualquer posição, incluído a posição quando o valor da função é nulo. Neste caso o CIR do conjunto serve como o centro de rotação. kr 2 ICIR A segunda posição é deformada. Esta posição é necessária para introduzir correctamente os efeitos dos pesos, e o equilíbrio escreve-se em torno do CIR na posição nova (no mesmo sentido como na primeira posição). Esta deformada faz-se como finita, mas os braços são simplificados usando as normas das deformações infinitesimais ( cos 1 , sin ). Assim: mAB gL / 2 Juntando as duas partes: ICIR kr 2 1 mAB gL 0 2 em que 2 I CIR 1 1 3 1 L L mD r 2 mD r 2 mAB L2 mAB r mD r 2 mAB L2 mAB r 2 12 12 2 2 2 o que confirma o resultado anterior. De acordo com o formulário n k ,eq I eq 1 kr 2 mAB gL 2 2 3 1 L 2 2 mD r mAB L mAB r 2 12 2 2 Sebenta de Disciplina DCR, Zuzana Dimitrovová, DEC/FCT/UNL, 2016 Pode se assim concluir que não há significativas diferenças na construção da equação que rege as pequenas vibrações rotacionais em torno do CIR fixo e móvel. As equações dos problemas resolvidos no início deste capítulo poder-se-iam obter da mesma maneira. Mas no caso do CIR fixo não é complicado resolver a equação na posição deformada e por isso não se justifica esta separação. Mais uma vez realça-se que a separação de contribuições deve-se ao facto que as forças de inércia e elásticas já envolvem o parâmero da vibração, e , respectivamente, e por isso podem entrar na equação apenas com braços de rotação definidos pelos parâmetros geométricos sem envolvimento do ângulo de rotação . Ao contrário os pesos necessitam o braço dependente da rotação para contribuir à vibração, o que exige a posição deformada da estrutura. Excepto dos casos em que o peso representa única força de restituição, a sua contribuição é geralmente pequena e por isso muitas vezes desprezada. Nestes casos usa-se apenas a primeira deformada e a resolução torna-se muito mais simples. 3. Conjuntos de corpos rígidos com movimentos dependentes Quando são considerados conjuntos de corpos com 1GDL, ou seja corpos com movimentos dependentes, é vantajoso escrever a equação que rege a vibração usando o PTV, porque isso permite eliminar directamente as reacções externas do sistema. O trabalho virtual escreve-se na posição deformada, ou seja, primeiro introduz-se a deformada que corresponde ao parâmetro de vibração, depois colocam-se as forças actuantes, e em seguida perturba-se esta deformada com uma deformada virtual. O trabalho virtual tem que ser nulo porque o sistema de forças aplicadas representa o sistema em equilíbrio a actuar num mecanismo. Recorda-se que as componentes normais de aceleração são desprezadas, e por isso a inércia de cada corpo pode ser reduzida ao CIR indiferente do facto de este ser fixo ou móvel. Problema Considere a estrutura da figura ao lado composta por três barras a vibrar com pequenas oscilações. Sabe-se que a posição mostrada corresponde à posição de equilíbrio estático. Escreva a equação canónica de vibração livre. Resolução Em primeiro lugar a estrutura separa-se em corpos de movimentos diferentes e determinam-se os seus CIRs. Depois traça-se a deformada infinitesimal (azul) em que se define o parâmetro que vai caracterizar a vibração. Visto a estrutura ser um mecanismo com 1GDL, a deformada infinitesimal está caracterizada pelo único parâmetro. No presente caso escolheu-se o ângulo de rotação que é igual para os corpos I e III, corpo II faz translação e a sua deformação pode ser definida por u h , e assim, a vibração pode ser caracterizada pela equação que rege a vibração rotacional. m1 m1 h m2 L I1,CIR1 I CIR1 I3,CIR3 III m1 g m2 h II m2 g CIR2 , CIR3 m1 g Sebenta de Disciplina DCR, Zuzana Dimitrovová, DEC/FCT/UNL, 2016 No passo seguinte introduzem-se na posição deformada as forças actuantes, neste caso os pesos e as forças e os momentos de inércia. Para resolver o equilíbrio e não envolver as reacções externas, usa-se o PTV, ou seja a partir da posição deformada (azul), traça-se a deformada virtual (vermelha) caracterizada pelo ângulo virtual . Neste caso as forças de inércia podem ser simplificadas, tal como explicado no capítulo de Dinâmica. A inércia de cada corpo pode ser reduzida ao seu CIR, excepto dos corpos em translação. Ao lado visualiza-se melhor a projecção das forças no corpo II consoante à deformada virtual. O termo m2 h projectou-se à direcção da translação com cos 1 . O termo m2 g projectou-se à direcção da translação com sin . Em resumo: h 2 m2 h h m2 g h 0 h 2 m2 h I1,CIR m1 g I 2,CIR m1 g 1 2 CIR2 , Para o trabalho das forças no corpo II poder-se-iam usar directamente as componentes do deslocamento virtual, tal como está explicado na figura ao lado. A equação final é: I 1,CIR1 I 2,CIR2 m2 h 2 m1 m2 gh 0 2 2 2 m1h m2 h m1 m2 gh 0 3 m2 g h h h m2 h m2 g A equação final não revela nenhum termo absoluto, o que significa, que não foi necessário utilizar o equilíbrio estático. Realça-se que tal como no problema do CIR móvel, poder-se-iam usar duas posições. Na primeira, indeformada, actuavam as forças (momentos) de inércia. Pode-se facilmente verificar, que os termos já obtidos não se alteravam. A segunda posição, deformada, era somente necessária para contabilizar correctamente os pesos. Salienta-se que todas as simplificações dever-se-iam justificar a posteriori, ou seja a dedução da equação que rege a vibração dever-se-ia fazer na posição deformada real (finita). Apenas depois a equação poder-se-ia simplificar comparando os termos da mesma ordem. Os termos absolutos representam o equilíbrio estático, os termos lineares regem a vibração pequena e com o envolvimento de mais termos aumenta-se a precisão da equação que rege as vibrações o que permite analisar as vibrações grandes. Para as vibrações pequenas desprezam-se todos os termos de ordem maior que linear. Apenas depois pode-se concluir que isso significa utilizar a deformada infinitesimal, e por isso as deduções nesta parte da matéria foram feitas directamente nas deformadas infinitesimais. Sebenta de Disciplina DCR, Zuzana Dimitrovová, DEC/FCT/UNL, 2016 4. Conservação da energia mecânica O princípio da conservação da energia mecânica pode ser utilizado para o cálculo da frequência natural do sistema não amortecido. Visto o valor da energia mecânica ser constante, admitindo valores positivos para a energia potencial é fácil de justificar que, quando uma das partes, energia potencial ou cinética é nula, a outra é máxima, e vice-versa. V1 T1 V2 T2 ou seja 0 Tmax Vmax 0 A resolução da frequência natural auxilia-se pela propriedade do movimento harmónico que dita: os extremos de velocidades ocorrem nos instantes de deslocamentos (dinâmicos) nulos e os extremos de deslocamentos ocorrem nos instantes em que a velocidade é nula. Para a comparação energética escolhem-se assim estas duas posições extremas, uma que corresponde à posição nula em que se verifica a velocidade máxima, e outra de deformada máxima em que a velocidade vira o seu sinal, ou seja é nula. Ainda usa-se que os valores máximos de deslocamentos e de velocidades correspondem às suas amplitudes e a relação entre as amplitudes foi identificada na forma: Av n Au para a vibração linear e A n A para a vibração rotacional, ou seja: umax numax para a vibração linear e max nmax para a vibração rotacional, A primeira posição corresponde à posição do equilíbrio estático estável, é por isso indeformada, ou seja para as vibrações rotacionais há 0 , para as lineares u 0 , e assim esta posição pode arbitrar-se como nível zero da energia potencial: V1 0 Quando a estrutura passa pela posição do equilíbrio, a velocidade atinge o seu máximo, tal como especificado acima, e por isso a energia cinética é máxima. Por exemplo para 1 corpo em vibração rotacional verifica-se: T1 1 2 I CIR max 2 sendo o CIR fixo ou móvel. Apenas quando é necessário envolver o equilíbrio estático, por exemplo, para uma correcta separação da contribuição dos pesos, consideram-se nesta primeira posição as energias acumuladas nas molas lineares ou rotacionais devido às deformações estáticas, e por isso podem existir termos por exemplo na forma V1 1 2 kuest 2 ou seja a energia potencial pode ser considerada não nula. A segunda posição é a posição da máxima deformada: para vibrações rotacionais max , para as lineares u umax . O campo de velocidades é nulo, e por isso T2 0 . Consequentemente a energia potencial é máxima. Na determinação de V2 é necessário ter cuidado com a ordem de termos considerados. Visto T1 conter apenas termos quadráticos de velocidade, a simplificação de funções trigonométricas tem que assegurar que na energia potencial não há termos absolutos, os termos que representam o equilíbrio estático entram Sebenta de Disciplina DCR, Zuzana Dimitrovová, DEC/FCT/UNL, 2016 como termos lineares, e os termos que regem as vibrações como termos quadráticos. Para isso não é suficiente substituir as funções trigonométricas pelo primeiro termo da expansão Taylor, tal como na deformada infinitesimal, mas as funções de aproximação têm que chegar até aos termos quadráticos, ou seja: sin e cos 1 2 2 Recorda-se que esta simplificação já foi introduzida no capítulo PTV no cálculo da força crítica. Nesse contexto os deslocamentos correspondentes foram designados pequenos mas não infinitesimais. Na comparação energética a grandeza dos termos é diferente porque não se consideram forças ou momentos, mas termos energéticos. Problema Calcule a frequência circular de um pêndulo simples para as pequenas oscilações. Apresente a resolução usando o princípio da conservação de energia mecânica. Resolução Um pendulo simples está composto pelo fio de comprimento L de massa desprezável e pela massa concentrada m de raio desprezável. Para a utilização do princípio da conservação da energia mecânica é necessário apresentar a deformada como real (finita) e apenas depois simplificar as expressões, tal como explicado acima. CIR max L V1 0 T1 1 2 I CIR max , onde ICIR mL2 2 posição 1 Única força que faz trabalho para a posição 2 é o peso, o trabalho é negativo, por isso a energia potencial é positiva V2 mgL 1 cosmax T2 0 Juntando as expressões 1 2 2 mL max mgL 1 cos max 2 Simplificando e substituindo cos max 1 2 max 1 2 2 Lnmax g 1 1 2 2 2 max g 2 2 max 2 e max nmax mg max 0 posição 2 mg max 0 Sebenta de Disciplina DCR, Zuzana Dimitrovová, DEC/FCT/UNL, 2016 Tal como esperado max corta da equação porque a amplitude do movimento não afecta a frequência natural. Isso até serve para a verificação do cálculo, pode-se concluir que todos os 2 termos na equação final tem que conter max . Finalmente: n g L o que confirma o resultado anterior. Problema Considere novamente o pêndulo mas neste caso não despreze o peso do fio m f e o raio r da massa concentrada que tem a forma de uma esfera. Calcule a frequência circular. Apresente a resolução usando o princípio da conservação de energia mecânica. Resolução A resolução segue o mesmo procedimento como no problema anterior. As diferenças são no momento de inércia 1 2 I CIR m f L2 mr 2 mL2 3 5 e na contribuição do peso do fio que actua no centro de massa do fio, ou seja V2 mg L r 1 cosmax m f g 2 L L 2 1 cosmax mg L r max m f g max 2 2 2 2 Confirma-se novamente: n 30mg L r 15m f gL 10m f L2 12mr 2 30mL2 2d 2 Problema Considere a estrutura da figura ao lado cujo eixo de simetria corresponde ao eixo vertical que passa pelo apoio. A massa não desprezável está nas barras inclinadas (na figura visualizada pela espessura mais grossa) e nos discos. Admita que as molas encontram-se indeformadas na posição visualizada e que os discos estão rigidamente ligados às barras. Calcule a frequência circular. Apresente a resolução usando o princípio da conservação de energia mecânica. h2 mB h1 / 2 h1 / 2 mD , rD 2d1 mD , rD mB k k k Resolução A primeira posição corresponde à posição visualizada. Nesta posição as molas estão indeformadas e a velocidade angular é máxima, por isso: V1 0 T1 1 2 I CIR max , onde 2 Sebenta de Disciplina DCR, Zuzana Dimitrovová, DEC/FCT/UNL, 2016 1 d d 2 h h 2 2 2 I CIR 2 mB h2 h1 d 2 d1 mB 2 1 2 1 2 2 12 1 2 mD rD2 md d 22 h22 2 Antes de representar a segunda posição vale a pena introduzir algumas simplificações. Uma simplificação pode ser feita da seguinte maneira: é possível juntar os corpos simetricamente posicionados relativamente ao eixo vertical da estrutura, isso permite que o centro de massa do conjunto fica colocado no eixo vertical da estrutura e consequentemente a determinação do trabalho dos pesos torna-se mais fácil. Também é possível substituir as molas lineares por uma mola cuja rigidez equivale a 2k . Depois: 2mD g 2mD g 2mB g 2mB g 2k k h h V2 2 mB 2 1 1 cos max mD h2 1 cos max 2 h2 2 1 h 1 1 h h 2 2 2 2 2k 1 sin max k max mB 2 1 max mD h2 max k 1 max k max 2 2 4 2 2 2 2 Juntando as expressões e substituindo max nmax : h2 1 h h mB 2 1 mD h2 k 1 k 4 2 2 n 2 d 2 d1 h2 h1 2 1 1 2 2 2 2 2 mB h2 h1 d 2 d1 mB mD rD md d 2 h2 12 2 2 2 Problema Considere a estrutura da figura ao lado composta por três barras a vibrar com pequenas oscilações. Sabe-se que a posição mostrada corresponde à posição de equilíbrio estático. Determine a frequência circular de vibração pequena usando o princípio da conservação de energia mecânica. m1 m1 h m2 L Resolução Em primeiro lugar a estrutura separa-se em corpos de movimentos diferentes e determinam-se os seus CIRs. Depois traça-se a deformada infinitesimal (azul) em que se define o parâmetro que vai caracterizar a vibração. Visto a estrutura ser um mecanismo com 1GDL, a deformada infinitesimal está caracterizada pelo único parâmetro. CIR3 CIR1 max I max m1 g CIR2 , III II m2 g m1 g Sebenta de Disciplina DCR, Zuzana Dimitrovová, DEC/FCT/UNL, 2016 No presente caso escolheu-se o ângulo de rotação que é igual para os corpos I e III, corpo II faz translação e a sua deformação está ligada via u h . Posição 1 (cinzenta) V1 0 T1 1 2 I1,CIR1 I 2,CIR2 m2 h 2 max 2 Posição 2 (azul) V2 2m1 g T2 0 2 2 max max h 1 cos m gh 1 cos m gh m gh max 2 max 1 2 2 2 2 Consequentemente n 2m1 3m2 h 3 m1 m2 g O que confirma o resultado já obtido na secção 3.