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Embrioscópio, um aparelho que vigia os embriões 24 horas por dia - ...
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Embrioscópio, um aparelho que vigia os embriões
24 horas por dia
VERA NOVAIS
30/10/2013 - 10:57
Tecnologia permite observar todas as fases do desenvolvimento embrionário antes da implantação
dos embriões no útero.
MULTIMÉDIA
Desde o nascimento de Louise Brown, o primeiro bebé-proveta, em 1978,
em Inglaterra, que tem havido vários avanços na reprodução medicamente
assistida. Uma nova tecnologia desenvolvida na Dinamarca – o
Embryoscope – é um novo passo nesse sentido: apresentada esta
terça-feira em Coimbra, trata-se de uma incubadora de última geração, que
pretende aumentar as probabilidades de conseguir uma gravidez e
desvendar os segredos do desenvolvimento embrionário.
(http://imagens3.publico.pt
/imagens.aspx
/807133?tp=UH&
db=IMAGENS)
A incubadora permite captar imagens de alta resolução nos vários
momentos do desenvolvimento do embrião, que serão posteriormente
analisadas por técnicos especializados. Permite ainda obter e monitorizar
TÓPICOS (/TOPICOS)
as condições ambientais ideais para esse desenvolvimento. “Há já muito
tempo que não havia um avanço que nos fizesse progredir tanto”, salienta o
Embriões
( http://www.publico.pt
/embrioes)
/embrioes )
embriologista Vladimiro Silva, director do Laboratório de Procriação
Medicamente Assistida da clínica Ferticentro, em Coimbra. “É uma
tecnologia muito útil e creio que será a norma dentro de dois ou três anos.”
Fertilização in vitro
( http://www.publico.pt
/fertilizacao-in-vitro)
/fertilizacao-in-vitro)
Segundo o embriologista, Portugal faz parte dos 35 países que passaram a
utilizar esta tecnologia, disponível no mercado desde 2009. A clínica
Medicina
( http://www.publico.pt
/medicina)
/medicina )
Ferticentro, inserida no Idealmed, um hospital privado de Coimbra,
começou a montar o aparelho nas suas instalações a 7 de Outubro último e,
cinco dias depois, estava pronta para o disponibilizar aos seus pacientes.
Uma gravidez é um fenómeno quase improvável, com apenas 20 a 30% de
probabilidades em cada ciclo menstrual. A Organização Mundial da Saúde
considera que se, ao fim de um ano de relações sexuais regulares e
desprotegidas, um casal não é capaz de engravidar, poderá estar-se
perante uma situação de infertilidade.
Acredita-se que 10 a 15% dos casais em idade reprodutora apresentem
dificuldades em conceber um bebé. Algumas das causas podem ser por a
mulher apresentar uma desregulação hormonal ou limitações físicas no
aparelho reprodutor, ou por o homem ter disfunção eréctil ou
espermatozóides de baixa qualidade. Uma das soluções disponíveis para
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estes casais é o recurso à reprodução medicamente assistida, que,
dependendo dos casos, pode ir dos tratamentos hormonais até à
fecundação in vitro (FIV) e à microinjecção intracitoplasmática de
espermatozóide (a introdução de um único espermatozóide no citoplasma
do ovócito).
Utilizada desde o início da década de 1990, quando os espermatozóides
não têm capacidade para atravessar a barreira criada pela membrana do
ovócito, a microinjecção intracitoplasmática veio aumentar as taxas de
fecundação em relação à FIV tradicional, que apenas juntava
espermatozóides aos ovócitos, em condições laboratoriais, e esperava que
um dos espermatozóides completasse a fecundação. Em ambos os casos, os
ovócitos fecundados eram colocados em incubadoras e monitorizados até à
altura da implantação no útero da mulher.
Nove planos a cada 15 minutos
O novo “embrioscópio”, numa tradução livre para português, permite
observar os embriões durante o seu desenvolvimento no laboratório e
perceber quais os que apresentam maiores probabilidades de sucesso.
Desta forma, espera-se aumentar o sucesso das taxas de implantações.
Numa incubadora tradicional, é necessário retirar os embriões diariamente
para os observar e fotografar. “Por cada dois minutos de observação, os
embriões demoram 47 minutos a recuperar o seu estado normal”, alerta
Vladimiro Silva. Este stress deve-se ao choque térmico entre a temperatura
no interior e no exterior da incubadora e à exposição à luz.
Já no Embryoscope, não há necessidade de retirar os embriões, uma vez
que a tecnologia incorpora um microscópio ligado a uma câmara especial,
que tira fotografias em nove planos, a diferentes alturas, a cada 15 minutos.
“Escolhemos períodos de 15 minutos porque os eventos embrionários
normalmente não acontecem em períodos de tempo menores”, explica
Vladimiro Silva.
As imagens captadas serão integradas num vídeo, em time-lapse, que
depois será analisado por um software conforme alguns parâmetros
estabelecidos pelos técnicos. “Estes algoritmos, para os quais continuam a
sair novas publicações de referência, permitem avaliar a probabilidade de
implantação do embrião”, clarifica o embriologista. “A análise das imagens
permite não só detectar se o embrião está pronto para ser implantado
como perceber se existem malformações. Há situações em que o sistema
antigo é suficiente, mas a informação com essas técnicas é menos precisa”,
acrescenta Vladimiro Silva. “O Embryoscope diz-nos a probabilidade de
implantação de um embrião, com um grau de confiança muito superior ao
dos métodos anteriores.”
Para os cientistas, é importante perceber o que acontece com os embriões
enquanto estão fechados na incubadora. “Os filmes obtidos têm permitido
à comunidade científica aprender mais sobre a evolução embrionária. Há
muitas descobertas novas”, refere Vladimiro Silva. “Os primeiros
resultados [da utilização do aparelho lançado em 2009] começaram a sair
em 2012 porque, para se fazerem estudos equilibrados, é preciso algum
tempo.”
Tratamentos custam mais 350 euros
Tal como para as incubadoras tradicionais, para o Embryoscope é essencial
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manter as condições (de temperatura, pressão de oxigénio e pressão de
dióxido de carbono) estabilizadas dentro da incubadora. “Todos os
equipamentos estão ligados a uma central na Dinamarca, que os
monitoriza 24 horas por dia”, diz Vladimiro Silva, referindo-se ao
Embryoscope. Além disso, como os embriões não precisam de ser retirados
da incubadora durante cerca de cinco dias (desde a fecundação até à
preparação da implantação), não são expostos a factores de stress no
exterior nem há alterações no interior da incubadora resultantes das
constantes aberturas.
Cada um dos embriões de cada casal é colocado num dos 12 pequenos
“poços” de uma placa, embebidos num meio de cultura apropriado. Os
espaços, no Embryoscope, onde se colocam estas placas são pequenos e o
seu ambiente mais fácil de controlar. Para retirar as placas para o exterior,
tudo é feito através de um processo mecânico, sem necessidade de um
operador abrir a incubadora e colocar lá dentro as mãos.
Cada Embryoscope pode manter 72 embriões em simultâneo, pertencentes
a seis casos (seis casais com 12 embriões de cada um). O custo de cada
técnica de procriação medicamente assistida pode variar entre os 3400 e
os 4200 euros, a que acrescem 350 euros para quem desejar a utilização
do Embryoscope. Estes valores são cerca de três vezes inferiores aos
praticados nos Estados Unidos.
Neste momento, não há outra incubadora no mercado com as
características desta, criada pela empresa dinamarquesa Unisense
Fertilitech, e que custa mais de 100 mil euros. Mas Vladimiro Silva já
testou um outro sistema (o Primo Vision) desenvolvido por uma empresa
húngara: neste caso, o microscópio está dentro de uma incubadora
tradicional. Apesar de ter um custo menor, o embriologista português diz
que a qualidade da imagem não é tão boa e só permite fotografias num
plano.
Embora o objectivo do Embryoscope seja aumentar as taxas de sucesso,
nos casos em que os espermatozóides e os ovócitos não têm qualidade
suficiente ou os embriões não conseguem desenvolver-se, o novo
embrioscópio nada pode fazer. “Claro que não há milagres”, diz Vladimiro
Silva, acrescentando que não conhece, até ao momento, riscos do uso do
Embryoscope ou situações em que os seus resultados tenham sido piores
do que os das tecnologias tradicionais.
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