Franciele S Soria-Disturbio_ok

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CARACTERIZAÇÃO DA DEGLUTIÇÃO EM
IDOSOS ATRAVES DO SONAR DOPPLER
Franciele Savaris Soria
Ana Maria Furkim
[email protected]
INTRODUÇÃO: A alimentação, ato necessário à sobrevivência humana é na maioria
das culturas fonte de prazer e confraternização social. Como mais uma das funções do
organismo como a visão, a audição, o andar entre outras, ela é aprendida e sofre com o
envelhecimento do organismo. Para que a alimentação seja eficiente é necessário que o
processo de deglutição transporte o alimento da boca até o estômago. A deglutição é um
processo contínuo que é dividido em 4 fases, sendo elas, a fase antecipatória, a fase oral
propriamente dita ou de transporte, a fase faríngea ou orofaríngea e a fase esofágica. No
processo de envelhecimento a função de deglutição sofre alterações, podendo alterar a
fase oral, faríngea e esofágica da deglutição. Nas fases oral e faríngea da deglutição
ocorre o aumento da duração do transito, o mesmo observado na fase esofagiana, o que
é associado com a maior freqüência de contrações não propulsivas. Os distúrbios de
deglutição causados pelo envelhecimento podem ser conceituados como presbifagia.
Porém, os distúrbios de deglutição causados por doenças neurológicas e/ou estruturais,
são chamados de disfagias e podem resultar na alteração do estado clínico do indivíduo.
Nas disfagias, fatores como a permeação de alimento, saliva ou secreções na via aérea,
podem resultar em tosse, asfixia e aspiração traqueobrônquica o que pode causar
infecções pulmonares. A diminuição da ingestão oral de alimentos causada pelo
distúrbio do processo de deglutição pode gerar problemas nutricionais como a
desidratação e a perda de peso. Todas essas complicações podem inclusive levar até o
indivíduo a morte. A avaliação e caracterização dessas alterações da função da
deglutição orofaríngea, foco desse estudo, devem ser analisadas no sentido de auxiliar a
compreensão do processo de envelhecimento e assim proporcionar ações preventivas.
Com a definição do diagnóstico, muitos métodos permitem um monitoramento e ainda
um biofeedback, como auxílio consistente ao tratamento, dentre eles podemos citar a
videofluoroscopia, a nasofibroscopia e a ausculta cervical. Um método descrito na
literatura recentemente para avaliação da deglutição é o Sonar Doppler, tornando-se um
exame promissor entre os métodos de avaliação de deglutição, principalmente em
idosos, pois o individuo não necessita de sedação, o exame é indolor, não invasivo, de
baixo custo e não expõe a radiação.
DEGLUTIÇÃO E ENVELHECIMENTO: Durante as refeições as queixas mais
encontradas entre os idosos são a tosse, engasgos freqüentes, pigarro, sensação de corpo
estranho na garganta, etc, caracterizando a presbifagia. Doenças consideradas comuns
ao envelhecimento podem ocasionar distúrbios da deglutição com complicações
clínicas, e essas são denominadas de disfagias orofaríngeas. Entretanto, apesar das
queixas e morbidade que os distúrbios da deglutição ocasionam, a maioria dos pacientes
não procuram tratamento para os mesmos. Consequentemente esses sujeitos continuam
com as queixas, podendo ocorrer evolução dos sintomas, debilitando sua saúde e sua
qualidade de vida. As alterações estruturais e funcionais encontradas no processo
normal de envelhecimento são denominadas senescencia, esta acontece com todos os
idosos, porem variando entre eles. Todo esse processo, complexo, de envelhecimento
ocorre gradualmente e revela inúmeras modificações funcionais, tais como
modificações no trato gastrointestinal, onde incluímos a perda do apetite, alterações de
mastigação e na motilidade digestiva, o que poderá interferir no estado nutricional do
individuo, também afeta a motricidade orofacial, alterando a propriocepção,
coordenação e força muscular, o que consequentemente poderá interferir na deglutição,
além da perda de dentes que dificulta na mastigação, da atrofia dos alvéolos dentários e
músculos da língua, que consequentemente interfere na adaptação das próteses e na
ingestão de bolos alimentares de menor volume, explicando o porquê da preferência
dessa população por alimentos mais macios. Por todas essas modificações os idosos
tornam-se uma população mais propensa a apresentar algum distúrbio da deglutição.
Na deglutição do idoso sem comprometimento neurológico é possível observar elevação
de laringe reduzida, penetração laríngea e resíduos de alimento após a deglutição. Outro
aspecto verificado é a maior prevalência da disfunção da musculatura faríngea. A
diminuição da motilidade dos músculos da faringe, disfunção da epiglote e do
fechamento da laringe, além da disfunção do esfíncter cricofaríngeo podem aparecer
com o avanço da idade. Na ausência de condições mórbidas, os idosos usam como
recurso diversas estratégias compensatórias, como a execução de força ao deglutir,
capaz de aumentar a pressão da língua na cavidade oral, auxiliando na propulsão
alimentar. Em condições saudáveis desse processo, essas mudanças são bem
compensadas, podendo se manifestar após alguma doença ou permanecendo
indetectáveis para os médicos e paciente. Além dos fatores, citados anteriormente, que
tornam o individuo idoso, através do processo de envelhecimento normal, mais
susceptível à disfagia, diversos autores citam outras causas como causas secundarias a
problemas de cabeça e pescoço, causas esofágicas e indução por medicamentos, e a
causa mais comum, doenças neurológicas como Acidente Vascular Encefálico, Doença
de Parkinson, Alzheimer, etc., causas essas frequentemente encontradas nessa faixa
etária. O envelhecimento não é um fator isolado para o surgimento da disfagia, porem
há evidencias de que o desempenho da deglutição em pessoas idosas saudáveis é
diferente do desempenho da deglutição em pessoas mais jovens. A deglutição sofre
modificações em seus estágios – oral, faringeo e esofágico – contribuindo para o
aparecimento de sintomas disfágicos, tornando assim a deglutição dos idosos mais
vulnerável a distúrbios causados por pequenas alterações de saúde, sendo assim essa
população se torna mais susceptível aos distúrbios da deglutição.
SONAR DOPPLER: O Sonar Doppler como método de avaliação da deglutição vem
sendo estudado a pouquíssimo tempo e por um grupo de profissionais restritos. Se
estuda a viabilidade da utilização do mesmo como instrumento auxiliar e objetivo para a
avaliação da deglutição. Suas vantagens e contribuições na avaliação qualitativa e
quantitativa da deglutição estão sendo estabelecidas. O Sonar Doppler não tem como
objetivo substituir os métodos de videofluoroscopia e videonasoendoscopia da
deglutição, mas pode auxiliar na avaliação funcional da deglutição e no monitoramento
do tratamento como um biofeedback.
OBJETIVO: Caracterizar a curva sonora que representa a espectrografia da deglutição
na população idosa, utilizando o Sonar Doppler.
METODOLOGIA: Foi selecionada uma amostra composta por 43 indivíduos com idade
acima de 60 anos, de ambos os sexos, sem queixas de deglutição. A pesquisa foi
realizada na Universidade da Terceira Idade, na cidade de Toledo, Paraná. Inicialmente
os indivíduos foram orientados sobre a pesquisa e convidados a assinar o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido. Após foi aplicado dois questionários, o primeiro
com perguntas relativas a fatores de risco para disfagia, e o segundo questionário que
realizou a caracterização do publico estudado. Os critérios de inclusão foram:
indivíduos com ou acima de 60 anos e sem queixas de deglutição. Os critérios de
exclusão foram: indivíduos que apresentavam doenças neurológicas, alterações
estruturais de cabeça e pescoço, realização de radioterapia e quimioterapia, queixa de
deglutição. Depois dos questionários os indivíduos foram submetidos à avaliação com o
Sonar Doppler. Todos os indivíduos receberam as mesmas consistências alimentares no
procedimento que foram subdivididas em deglutição seca, líquida e pastosa. Cada
individuo realizou três deglutições de cada consistência, a primeira foi a deglutição seca
(saliva), a segunda a deglutição de líquido (água) e a terceira a deglutição de pastoso
(100 ml de água + 10 gr de espessante), todos goles livres.
As deglutições foram registradas através do software VoxMetria. Para a realização, este
estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade de Tuiuti do Paraná CEP no.
00061/2008.
ANALISE DOS DADOS: Os seguintes parâmetros acústicos foram estudados:
Freqüência inicial do sinal sonoro que foi definido como o primeiro traçado da onda
sonora; Freqüência do Primeiro Pico que foi definido como sendo o primeiro pico
observado na onda sonora da deglutição; Freqüência do Segundo Pico que foi
representado como sendo o segundo pico da onda acústica da deglutição; o tempo da
deglutição na análise acústico foi definido como aquele a partir do ponto de apnéia da
deglutição até a liberação glótica expiratória pós-deglutição, formando a relação total da
deglutição. Para a análise acústica do sinal sonoro foi utilizado o software VoxMetria.
RESULTADOS: Os resultados parciais apresentaram média para a freqüência inicial de
401 Hz para deglutição seca, 412 Hz para líquido e 416 Hz para pastoso. A média da
freqüência referente ao primeiro pico da onda sonora foi de 837 Hz para deglutição
seca, 790 Hz para liquido e 715 Hz para pastoso. A média da freqüência do segundo
pico foi de 1025 Hz para a deglutição seca, no líquido 1040 Hz e no pastoso 1045 Hz.
Para o tempo médio de 2,02 s na deglutição seca; 2,20 s na deglutição para líquido e
2,42s para pastoso.
CONCLUSÃO: Os dados preliminares deste estudo indicam que o Sonar Doppler é
capaz de auxiliar na detecção da disfagia, pois foi possível identificar os parâmetros
acústicos da deglutição de idosos saudáveis. O Sonar Doppler apresenta-se como um
promissor método de diagnóstico e monitoramento terapêutico, alem de ser um método
não invasivo e de baixo custo. A análise acústica é conseqüência das condições do
equipamento, da metodologia e do preparo do avaliador, combinado aos eventos
fisiológicos e fisiopatológicos da deglutição, sendo assim, a análise acústica traz grande
contribuição para os estudos da deglutição, qualificando e quantificando a evolução dos
distúrbios da deglutição.
Palavras-chave: idoso, deglutição, Sonar Doppler
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