CARACTERIZAÇÃO DE FITAS SUPERCONDUTORAS 2G NA PRESENÇA DE CAMPOS MAGNÉTICOS COM DIFERENTES ÂNGULOS DE INCIDÊNCIA Pedro Barusco Projeto de Graduação apresentado ao curso de Engenharia Elétrica da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro Eletricista. Orientador: Prof. Flávio Martins Goulart Rio de Janeiro Março de 2016 i CARACTERIZAÇÃO DE FITAS SUPERCONDUTORAS 2G NA PRESENÇA DE CAMPOS MAGNÉTICOS E DIFERENTES ÂNGULOS DE INCIDÊNCIA Pedro Barusco PROJETO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO ELETRICISTA. Aprovada por: ___________________________________ Prof. Flávio Martins Goulart, M.Sc. (orientador) ____________________________________ Prof. Rubens de Andrade Jr., D.Sc. ____________________________________ Wescley Tiago Batista de Sousa, D.Sc. ____________________________________ Prof. Felipe Sass, D.Sc. RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL MARÇO DE 2016 ii Barusco, Pedro Caracterização de Fitas Supercondutoras 2G na Presença de Campos Magnéticos com diferentes ângulos de incidência/ Pedro Barusco. – Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica, 2016. XI, 84 p.: il.; 29,7 cm. Orientador: Prof. Flávio Martins Goulart Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso de Engenharia Elétrica, 2016. Referencias Bibliográficas: p. 70-71. 1. Fitas Supercondutoras 2. Modelagem Fitas 2G. I. de Andrade Junior, Rubens, et al. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Programa de Engenharia Elétrica. III. Título. iii Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Eletricista. CARACTERIZAÇÃO DE FITAS SUPERCONDUTORAS 2G NA PRESENÇA DE CAMPOS MAGNÉTICOS E DIFERENTES ÂNGULOS DE INCIDÊNCIA Pedro Barusco Março/2016 Orientador: Flávio Goulart Martins dos Reis Curso: Engenharia Elétrica A supercondutividade é um fenômeno observado em certos materiais que, em temperaturas criogênicas, adquirem novas propriedades. Desde 2000, diversas empresas buscam usar essas propriedades dos supercondutores na construção de fios no formato de fitas condutoras flexíveis, capazes de transportar elevados valores de corrente com baixíssimas perdas. Essas estruturas conhecidas como fitas supercondutoras, já se encontram na sua segunda geração (2G), e atualmente, é a tecnologia mais propensa para ser adaptada em equipamentos elétricos que utilizam tecnologia supercondutora. Alguns exemplos são: máquinas elétricas, limitadores de corrente de curto-circuito, eletromagnetos supercondutor e veículos de levitação magnética (Maglev). No entanto, a falta de uma teoria que descreva a supercondutividade nos materiais utilizados nas fitas 2G, gera a necessidade de um forte conhecimento empírico desses antes de poderem ser implementados de forma prática em projetos. Neste trabalho, um sistema de caracterização eletromagnética foi criado para conduzir testes experimentais em amostras de fitas 2G, a fim de se estudar como o posicionamento de fitas em campos magnéticos de diferentes intensidades afeta a capacidade de transporte de corrente. Após todo o aparato experimental ser montado, quatros amostras de fitas supercondutoras 2G foram caracterizadas e seus resultados utilizados em uma modelagem matemática pré-existente, para averiguar compatibilidade com o modelo. Palavras-chave: Supercondutividade, Fitas 2G, Caracterização Eletromagnética iv Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the requirements for the degree of Engineer. SUPERCONDUCTING 2G TAPE CHARACTERIZATION IN THE PRESENCE OF MAGNETIC FIELDS AND DIFFERENT ANGLES OF INCIDENCE Pedro Barusco March/2016 Advisor: Flávio Martins Goulart dos Reis Course: Eletrical Engineering Superconductivity is a phenomenon observed in certain materials that acquire new properties at cryogenic temperatures. Since 2000, many companies seek to use these properties of superconductors in the construction of flexible tape shape conductive wires, capable of delivering high current values with very low losses. These structures known as superconducting tapes, already in its second generation (2G), are currently the most likely technology to be adapted in electrical equipametos using superconducting technology. Some examples are: electrical machines, short-circuit current limiters, superconducting electromagnets and magnetic levitation vehicles (Maglev). However, the lack of a theory that describes superconductivity of the materials used in the 2G tapes creates the need for a strong empirical knowledge of these before they can be implemented in projects. In this work an electromagnetic characterization system was created to conduct experimental tests on samples of 2G tapes, in order to study how the positioning of tapes in magnetic fields of different intensities affect the current carrying capaciade. After all the experimental apparatus is mounted, four samples of 2G superconducting tapes were characterized and the results used in a pre-existing mathematical modeling to determine compatibility with the template. Keywords: Superconductivity, 2G tapes, Eletrical Characterization v Sumário 1. 2. 3. 4. Introdução ................................................................................................................. 1 1.1. Trabalhos Relacionados..................................................................................... 1 1.2. Motivação.......................................................................................................... 1 1.3. Objetivos ........................................................................................................... 2 1.4. Organização ....................................................................................................... 2 Teoria......................................................................................................................... 3 2.1. Supercondutividade .......................................................................................... 3 2.2. Fitas Supercondutoras HTS ............................................................................. 14 2.3. Curvas de Caracterização ................................................................................ 17 2.4. Modelagem Matemática de ....................................................... 21 Equipamentos e Metodologia ................................................................................. 24 3.1. Fitas Caracterizadas......................................................................................... 24 3.2. Equipamentos de Contato e resfriamento ...................................................... 25 3.3. Equipamentos do eletromagneto ................................................................... 30 3.4. Equipamentos de medição e aquisição ........................................................... 39 3.5. Rotinas em Matlab para análise das curvas V x I ............................................ 53 Resultados ............................................................................................................... 55 4.1. Ensaio para as fitas da SuperOX ...................................................................... 55 4.2. Ensaios para fita da Super Power .................................................................... 59 4.3. Ensaio para fita da SuNAM .............................................................................. 62 4.4. Análise Comparativa........................................................................................ 64 5. Conclusões e Trabalhos Futuros.............................................................................. 68 6. Referências Bibliográficas ....................................................................................... 69 7. Apêndices ................................................................................................................ 71 7.1. Rotina em Matlab para leitura do arquivo texto ............................................ 71 vi 8. 7.2. Rotina em Matlab para geração dos gráficos ................................................. 72 7.3. Rotina em Matlab para ajuste da curva ..................................... 73 Anexos ..................................................................................................................... 76 8.1. Datasheet da Fita Superpower 2G-HTS SCS4050 ............................................ 76 8.2. Instruções da Soldagem da Fita ...................................................................... 78 8.3. Datasheet do Kapton....................................................................................... 79 8.4. Informações Servo motor................................................................................ 83 8.5. Informações G10 ............................................................................................. 84 vii Índice de Figuras Figura 2.1.1-1 – Supercondutividade delimitada por seus parâmetros críticos [9] ..................4 Figura 2.1.2-1 – Curva esboço do campo dentro do supercondutor .......................................5 Figura 2.1.5-1 – Supercondutores do Tipo I e II imersos em campo magnético [9] ..................8 Figura 2.1.5-2 – Diagrama de fase dos supercondutores Tipo I e II em relação ao campo magnético [9]. ..............................................................................................................9 Figura 2.1.6-1 – Rede de Abrikosov em um supercondutor do Tipo II [9].............................. 10 Figura 2.1.6-2 – Parametros e usados para dimensionar os centros de aprisionamento de fluxo [9]................................................................................................................. 10 Figura 2.1.7-1 – Modelo de atração dos Pares de Copper. ................................................... 11 Figura 2.1.8-1 – Densidade de corrente fluindo por um supercondutor do tipo II [9] ............ 12 Figura 2.1.8-2 – Parâmetros teóricos e práticos dos supercondutores do tipo II [9] .............. 13 Figura 2.2.2-1 – Esquema do corte laminar da fita Superpower 2G-HTS SCS4050 ................. 16 Figura 2.2.2-2 – Foto de um trecho da fita Superpower 2G-HTS SCS4050 ............................. 16 Figura 2.3.2-1 – Esboço da curva para um supercondutor [4] ........................ 18 Figura 2.3.3-1 – Diagrama do ângulo de incidência do campo externo com relação a superfície da fita ........................................................................................................ 19 Figura 2.3.4-1 – Geometria empregada na medição de quatro pontas [23] .......................... 20 Figura 3.1.1-1– Foto das fitas 2G HTS utilizadas. (1) SuperOx#2014-03-C, (2) SuperOx#201410-R, (3) SuNAM#SCN04200, (4) SuperPower#SCS4050-AP-i ........................................ 24 Figura 3.2.1-1 – Vista montada e explodida do primeiro Porta Amostra .............................. 25 Figura 3.2.2-1 - Vista montada do segundo Porta Amostra .................................................. 26 Figura 3.2.2-2 – Vista explodida do segundo Porta Amostra ................................................ 26 Figura 3.2.3-1 – Vista montada do Terceiro Porta Amostra.................................................. 27 Figura 3.2.3-2 – Vista explodida do Terceiro Porta Amostra ................................................ 27 Figura 3.2.3-3 - Foto do terceiro Porta Amostra desmontado já adaptado com sondas para contato de tensão ...................................................................................................... 28 Figura 3.2.3-4 – Esquema das sondas de tensão no terceiro porta amostra.......................... 28 Figura 3.2.4-1 – Recipiente para NL2 com suporte posicionado ........................................... 29 Figura 3.3.1-1 – Vista frontal do eletromagneto EM4 – HV .................................................. 30 Figura 3.3.2-1 – Foto da fonte LakeShore 662 e seu esquema .............................................. 31 viii Figura 3.3.3-1 – Foto do Chiller Neslab Merlin modelo M75 e seu esquema ......................... 31 Figura 3.3.4-1 – Diagrama Simplificado de um Servomotor ................................................. 32 Figura 3.3.4-2 – Diagrama dos fios de interface do servo motor .......................................... 33 Figura 3.3.4-3 – Sinal de Controle do Servo Motor .............................................................. 33 Figura 3.3.4-4 – Servomotor HX12K .................................................................................... 34 Figura 3.3.4-5 – Esquema do servomotor HX12K e suas principais dimensões ...................... 34 Figura 3.3.5-1 – Esquema do sensor Hall CYSJ106C.............................................................. 35 Figura 3.3.6-1 – Diagrama do Campo entre as peças polares do Eletromagneto à esquerda e à direita diagrama do porta amostra imerso no campo .................................................. 36 Figura 3.3.6-2 – Diagrama do ângulo relativo do campo com o eixo de Simetria do Porta Amostra ..................................................................................................................... 37 Figura 3.3.6-3 – Diagrama do Porta Amostra com Sensor de Efeito Hall ............................... 38 Figura 3.4.1-1 – Foto da fonte Agilent 6671A e seu esquema ............................................... 39 Figura 3.4.1-2 – Conexão do resistor shunt e seu esquema .................................................. 40 Figura 3.4.1-3 – Esquema do painel frontal do nanovoltímetro Keithley 2182A .................... 40 Figura 3.4.2-1 - Placa da National Instruments modelo NI SCB-68 ....................................... 41 Figura 3.4.3-1 – Foto do conector GPIB conectado ao adaptador Keithley GPIB/USB e seu esquema .................................................................................................................... 42 Figura 3.4.4-1 – Esquema da Montagem dos equipamentos do sistema de caracterização ... 43 Figura 3.4.4-2 – Foto do sistema de caracterização ............................................................. 43 Figura 3.4.5-1 – Tela da aba de Configuração no LabView ................................................... 44 Figura 3.4.5-2 – Tela da aba de Entrada de Dados no LabView............................................. 45 Figura 3.4.5-3 – Tela da aba de Ensaio no LabView.............................................................. 46 Figura 3.4.6-1 – Tela Principal do Novo programa em LabView ............................................ 47 Figura 3.4.6-2 – Fluxograma do Bloco de Programação “Rotina de Mapeamento de campo” 48 Figura 3.4.6-3 - Diagrama do movimento do porta amostra durante “Varredura Primária” . 48 Figura 3.4.6-4 - Diagrama do movimento do porta amostra durante“Varredura Secundária” .................................................................................................................................. 49 Figura 3.4.6-5 – Diagrama do porta amostra na posição de 90°com relação ao campo ......... 49 Figura 3.4.6-6 - Fluxograma do Bloco da “Rotina de Corrente e Aquisição” .......................... 50 Figura 3.4.6-7 – Modelo do arquivo.txt gerado pelo programa ............................................ 51 ix Figura 3.5.1-1 - Tela e Comando pós chamada da função leitura.m para o arquivo superOx#2014-03-C_100mT.txt................................................................................... 53 Figura 3.5.2-1 - Gráficos exponencial e linear VxI normalizados ........................................... 54 Figura 4.1.1-1 – Gráficos exponencial e linear VxI normalizados para amostra de fita SuperOx#2014-03-C sem presença de campo magnético.............................................. 55 Figura 4.1.1-2 – Gráficos exponencial e linear VxI normalizados para amostra de fita SuperOx#2014-10-R sem presença de campo magnético ............................................. 56 Figura 4.1.2-1 - Gráfico das curvas para amostra de fita SuperOx#2014-03-C ............ 56 Figura 4.1.2-2 – Gráfico das curvas para amostra de fita SuperOx#2014-10-R............ 57 Figura 4.1.3-1 – Modelagem da fita SuperOx#2014-03-C ..................................................... 58 Figura 4.1.3-2 – Modelagem da fita SuperOx#2014-10-R ..................................................... 58 Figura 4.2.1-1 - Gráficos exponencial e linear VxI normalizados para amostra de fita SuperPower#SCS4050-AP-I sem presença de campo magnético ................................... 59 Figura 4.2.2-1 – Gráfico das curvas IC x θ para amostra de fita SuperPower#SCS4050-AP-I ... 60 Figura 4.2.3-1 – Curvas experimental antes e depois de realizar a média. ......... 61 Figura 4.2.3-2 – Ajuste da fita SuperPower#SCS4050-AP-i ................................................... 61 Figura 4.3.1-1 – Gráficos exponencial e linear VxI normalizados para amostra de fita SuNAM#SCN04200 sem presença de campo magnético ............................................... 62 Figura 4.3.2-1 - Gráfico das curvas IC x θ para amostra de fita SuNAM#SCN04200 ............... 63 Figura 4.3.3-1 – Ajuste da fita SuNAM#SCN04200 ............................................................... 64 Figura 4.4.1-1 – Curvas para os modelos de fita SuperOX, Super Power e SuNAM .................................................................................................................................. 64 Figura 4.4.1-2 – Curvas para os modelos de fita SuperOX, Super Power e SuNAM .. 65 Figura 4.4.1-3 – Curvas de para os modelos de fita SuperOX, Super Power e SuNAM ...................................................................................................................... 65 Figura 4.4.1-4 – Curvas de para os modelos de fita SuperOX, Super Power e SuNAM ...................................................................................................................... 66 Figura 4.4.1-5 – Curvas de para os modelos de fita SuperOX, Super Power e SuNAM 66 x Lista de Símbolos – Temperatura – Campo magnético – Densidade de campo magnético – Densidade de corrente – Temperatura crítica da supercondutividade – Campo magnético crítico da supercondutividade – Densidade de corrente crítica da supercondutividade – Campo Elétrico – Permeabilidade Magnética do Vácuo – Profundidade de Penetração de London – Primeiro campo magnético crítico do supercondutor de Tipo II – Segundo campo magnético crítico do supercondutor de Tipo II – Comprimento de Coerência – Energia livre – Energia livre no estado normal – Quantidade de supereletrons – Quanta de Fluxo Magnético – Constante de Planck – Carga Elementar – Razão de Ginzburg-Landau – Campo magnético no interior do Fluxóide – Força de Lorentz – Densidade de corrente de transporte no supercondutor – Velocidade de deslocamento do Fluxóide – Campo elétrico induzido pelo deslocamento do Fluxóide – Campo Magnético Irreversível xi 1. Introdução Essa sessão serve para contextualização do leitor sobre o tema do trabalho, seus objetivos e como toda abordagem está organizada. Começando com citação de trabalhos relacionados, busca-se montar o cenário no qual este trabalho está inserido. Em seguida, explica-se a motivação que levou a execução do mesmo e os objetivos que se espera com esse estudo. Por final um resumo básico da organização do texto. 1.1. Trabalhos Relacionados Até 1986 eram poucas as aplicações tecnológicas da supercondutividade devido a restrições envolvendo criogênia. Mas esse interesse foi revigorado com a descoberta dos supercondutores de elevada temperatura crítica. Desde então, diversos equipamentos utilizando a tecnologia supercondutora de bulks têm sido desenvolvidos. Especialmente a partir de 2000, com o surgimento do conceito de fitas supercondutoras que aumentaram a versatilidade da implantação de supercondutores em projetos de engenharia. Atualmente, as fitas supercondutoras estão na segunda geração (Fitas 2G) e com grandes fabricantes como a American Superconductors, Super Power e SuperOx produzindo quilômetros de fita em larga escala e alta homogeneidade, o cenário está cada vez mais favorável para desenvolvimento dessa tecnologia. São várias as aplicações que podem ser citadas para as Fitas 2G: Mancais magnéticos [1] [2] [3], distribuição de alta potência, limitadores de corrente de curto circuito [4] [5], veículos de levitação magnética (Maglev) [6] [7] [8], máquinas elétricas [9], eletromagnetos de alto campo, magnetômetro SQUID (Superconducting Quantum Interference Device), ressonância magnética nuclear (RMN), armazenador de energia supercondutor SMES [10] (Superconducting Magnetic Energy Storage) e muitos outros. 1.2. Motivação Nessa franca expansão de trabalhos voltados utilizando materiais supercondutores, o Laboratório de Apicações de Supercondutores (LASUP) tem por objetivo a pesquisa e desenvolvimento de dispositivos supercondutores para meios de transporte e sistemas elétricos de potência. Atualmente, seus trabalhos são voltados especialmente para aplicação em limitadores de corrente, mancais magnéticos e veículo de levitação magnética MagLev Cobra. Com tantas possibilidades de aplicações na área de engenharia, é evidente a necessidade de se conhecer o melhor possível as propriedades eletromagnéticas das Fitas 2G a fim de se garantir um melhor aproveitamento de seu potencial nos atuais projetos em andamento no LASUP e abrir caminhos para o desenvolvimento de novas aplicações. 1 1.3. Objetivos Este trabalho teve como objetivo a caracterização de fitas supercondutoras de segunda geração (Fitas 2G) na presença de campos magnéticos em diferentes ângulos de incidência de campo com relação a fita. A caracterização elétrica realizada baseia-se na relação entre a densidade de corrente aplicada ao material e o campo elétrico induzido. Em estudos anteriores feitos no LASUP já se era possível realizar caracterizações sobre a presença de diferentes campos magnéticos. No entanto, o posicionamento da fita no campo era uma nova variável que ainda não havia sido analisada. De forma complementar, a implantação de um sistema de posicionamento em campo magnético em sincronismo com a caracterização não seria uma tarefa trivial. Tendo em mente que esse processo de caracterização envolve posicionamento das amostras de fitas em campos magnéticos, o foco desse trabalho foi o desenvolvimento do sistema de posicionamento capaz de fornecer a caracterização desejada. Todo o novo sistema foi trabalhado em cima de um sistema pré-existe, sendo que alguns aspectos foram mantidos e outros tiveram de ser totalmente recriados para atender a certas necessidades do estudo. Após finalizado o novo sistema de caracterização, realizaram-se alguns ensaios para coleta de dados e averiguar sua eficiência. 1.4. Organização Este trabalho foi organizado em 8 sessões. Primeiramente na introdução apresenta-se as motivações para tal trabalho junto com os objetivos traçados. Na segunda sessão é apresentado um pouco da história da supercondutividade e seus fundamentos teóricos. Na sessão 3 são descritos os equipamentos, materiais e métodos envolvidos durante o estudo. Na sessão 4 são apresentados os resultados da metodologia proposta na sessão 3. Esses resultados serão discutidos e concluídos na sessão 5, junto com propostas de trabalhos futuros. A sessão 6 ficou reservada para as referências bibliográficas e as sessões 7 e 8 para o apêndice e os anexos, respectivamente. 2 2. Teoria 2.1. Supercondutividade A supercondutividade é um estado verificado em certos materiais sob baixas temperaturas onde a partir de uma dada temperatura algumas das propriedades desses materiais são alteradas abruptamente. O próprio nome expõe a propriedade mais conhecida que é a resistência elétrica nula adquirida pelo material quando os elétrons livres que realizam a condução elétrica transitam livremente na rede cristalina. Essas e outras características intrínsecas que aqui serão apresentadas nos permitem classificar este fenômeno como um novo estado da máteria. 2.1.1 A Descoberta da Supercondutividade O fenômeno da Supercondutividade foi relatado pela primeira vez em 1911 pelo físico holandês Hieke Kamerlingh Onnes. Ele atuava no campo da refrigeração a temperaturas próximas de 0 K, conseguindo em 1908, em seu laboratório em Leiden, produzir pequenas quantidades de hélio líquido [11]. Já no século XIX era sabido que metais tinham sua resistência elétrica reduzida quando resfriados. No entanto, não havia conhecimento se esse comportamento era o mesmo para todas as faixas de baixa temperatura ou se havia um ponto em que o padrão se modificava. Alguns cientistas e até mesmo Onnes acreditavam que a resistência elétrica iria se dissipar e nenhuma corrente seria conduzida quando o metal atingisse uma determinada temperatura. Contudo, até aquele momento apenas suposições podiam ser feitas. A produção de hélio líquido possibilitou ao físico investigar, em 1911, pela primeira vez as propriedades elétricas de alguns metais nas temperaturas em torno do zero absoluto. Nesse ano, Onnes e seu grupo de pesquisa mediram a variação da resistividade de um fio de mercúrio puro em função da temperatura. Esperava-se que a resistividade do material caisse linearmente com a diminuição de temperatura até um determinado ponto, porém, a 4,2K a resistência do fio caiu subitamente para valores imensuráveis e, contra o que todos acreditavam, a passagem de corrente elétrica não foi interrompida. A propriedade observada nesse experimento inaugurou uma nova área de pesquisa que ficou conhecida como Supercondutividade. Até 1914, Onnes continuando os estudos na área recém descoberta, constatou que o chumbo igualmente se tornava supercondutor quando resfriado a menos de 7,2 K. Também foi observado que o fenômeno da supercondutividade era extinto quando o material ficava exposto a um campo magnético de determinada intensidade e o mesmo ocorria para uma densidade de corrente superfical. Dessa forma, concluiu-se que três parâmetros definiam o estado supercondutor: temperatura crítica (Tc), campo magnético crítico (Hc) e densidade de corrente crítica (Jc). Ou seja, os valores de temperatura, campo magnético e densidade de corrente no material devem coexistir abaixo de seus pontos críticos para que o estado 3 supercondutor prevaleça. A Figura 2.2.1 – 1 ilustra o estado supercondutor delimitado por seus três parâmetros críticos. Figura 2.1.1-1 – Supercondutividade delimitada por seus parâmetros críticos [9] 2.1.2 O Efeito Meissner Em 1933, dois cientistas Walther Meissner e Robert Ochsenfeld detalharam outra propriedade de extrema importância para os supercondutores. Eles observaram que um dado material ao ser resfriado abaixo de sua temperatura crítica e entrar no estado supercondutor expulsa o campo magnético externo, cancelando o fluxo interno e se tornando perfeitamente diamagnético. Essa propriedade magnética intrínseca nos supercondutores ficou conhecida como Efeito Meissner [12] e posteriormente auxiliou na classificação de duas categorias: supercondutores do Tipo I e do Tipo II. Essas serão discutidas em sessões mais adiantes. De acordo com a lei de Lenz, quando há uma variação do fluxo magnético em um condutor, correntes elétricas são induzidas de forma a gerar um campo no sentido oposto ao da variação do fluxo. Se aplicarmos esse raciocínio para um condutor perfeito exposto a um campo magnético que é subitamente cessado, correntes deveriam ser permanente induzidas para contrapor a ausência do campo. Contudo, tal suposição não procede quando tratamos de supercondutores que, na época da descoberta, cogitava-se ser um condutor perfeito. De fato, estes expulsam o campo externo do seu interior pelo Efeito Meissner. 4 Em 1935, os irmãos Hein e Fritz London trabalharam uma discussão fenomológica para o efeito [13]. Um material no estado supercondutor ao tentar ser permeado por um campo externo ( ) tem seu interior magnetizado por correntes superficiais que blindam o corpo contra o campo. A equação (2.1.1) descreve esse fenômeno: Ainda nesse modelo previu-se a existência da atuação de elétrons e de "superelétrons" capazes de percorrer a rede cristalina sem sofrerem perdas com o campo elétrico. Com ajuda desse novo conceito surge o parâmetro Profundidade de Penetração de London que descreve o comprimento médio que o campo magnético percorre dentro do material até zerar no interior do condutor. √ Onde é massa do superelétron é carga do superelétron é densidade de elétrons supercondutores é a densidade de campo magnético Ou seja, o campo magnético no supercondutor, embora nulo no seu interior, existe numa fina película de espessura λ junto à superfície. Esse conceito esta ilustrado na figura 2.1.2 – 1. Figura 2.1.2-1 – Curva esboço do campo dentro do supercondutor 5 2.1.3 A teoria de Ginzburg-Landau Do ponto de vista teórico, a primeira formulação que foi capaz de explicar o efeito Meissner foi dada pelos irmãos London que tomaram como base as equações de Maxwell do eletromagnetismo fazendo algumas suposições adicionais. No entanto, trata-se de um modelo que apenas descreve a ausência de campo magnético no interior de um material supercondutor na presença de um campo externo. A supercondutividade continua existindo mesmo na ausência de campo magnético externo e nesse cenário a teoria de London fica limitada ao tentar explicar o estado supercondutor. Foi então que em 1950 os físicos L.D. Landau e V.L. Ginzburg [14] formularam uma teoria fenomológica que foi capaz de explicar quase todos os fenômenos supercondutores até aquele momento. Trata-se de uma adaptação da antiga teoria de Landau para as transições de fase de segunda ordem. Nessa formulação, que ficou conhecida como teoria de GinzburgLandau, todas as características e propriedades do fenômeno da supercondutividde seguem da função termodinâmica chamada de Densidade de Energia Livre dada pela expressão (2.1.3). | | | | Na expressão acima, supercondutividade. Já )| |( é a energia livre no estado normal quando não há é uma função parâmetro de ordem que representa a quantidade de superelétrons no material e deve satisfazer as seguintes condições. Caso a temperatura do material esteja acima da temperatura crítica pois não haverá estado supercondutor. Logo , ou seja, a energia é do estado normal. Temos somente para Sendo que supercondutores (superelétrons) está relacionada com a densidade de elétrons , através da expressão (2.1.4). | | Na presença de um campo magnético externo tentando permear o material a parcela surge para representar o efeito Meissner apresentado anteriomente. A reposta do material a esse campo externo está representada pelo potencial vetor eletromagnético . Os coeficientes e são constantes que só podem ser determinados experimentalmente. E 6 as constantes restantes e , são a constante de Planck e o numero complexo √ respectivamente. A teoria de Ginzburg-Landau foi um ponto de partida para uma teoria fundamental que veio logo em 1957, quando J. Bardeen, L.N. Cooper e J.R. Schrieffer trataram a supercondutividade como um fenômeno puramente quântico e o descreveram desde sua origem microscópica. Esta ficou conhecida como teoria BCS da supercondutividade e será abordada mais adiante. 2.1.4 O Comprimento de Coêrencia O comprimento de Coerência é o parâmetro que caracteriza o efeito supercondutor mesmo na ausência de campo magnéico externo. Ele descreve o comportamento dos superelétrons dentro da amostra supercondutora e surge quando tentamos determinar a forma da função , ou equivalentemente . Realizando a minimização de energia para e na equação (2.1.3) é possível obter a equação (2.1.5). ( √ ) Aqui se pode ver como se anula quando x = 0 e tende a 1 quando x é elevado, exatamento como previsto, visto que a supercondutividade deve se anular na parte mais externa do material e ter um valor máximo (normalizado) no seu interior. Voltando a atenção para o termo , este é o desejado parâmetro Comprimento de | está de seu valor Coerência que caracteriza a variação de . Ou seja, o quão longe | máximo no interior do supercondutor. Esse parâmetro é descrito pela expressão (2.1.6). √ | | Onde . Para fazer uma estimativa do valor do comprimento de penetração , precisamos do valor de que depende das propriedades intrínsecas do material e da temperatura a que está subimetido. E assim concluimos nesse trecho que conforme a densidade de superelétrons aumenta, a supercondutividade se desenvolve. 7 2.1.5 Supercondutores do Tipo I e Tipo II Em 1957, Alexei Abrikosov, constatou que a teoria de Ginzburg-Landau previa a divisão dos supercondutores em dois tipos, os do tipo I e os do tipo II. Analisando a razão teoria de Ginzburg-Landau, percebeu-se que no caso de da , a energia livre de superfície na fronteira do estado supercondutor para o estado normal se tornaria negativa [15]. Como consequência, a minimização da energia de superfície seria atingida com a maximização da área de interface entre a região supercondutora e a normal. Diferente da situação de uma energia livre de superfície positiva, cuja minimização é obtida com a redução da área de interface entre os estados. Com isso, ele concluiu que havia dois comportamentos diferentes. Os supercondutores do tipo I seriam aqueles cujo parâmetro de penetração de London é praticamente nulo, e sua energia livre de superfície é positiva ( ), assim qualquer campo magnético externo é completamente expulso do material até atingir a intensidade do campo magnético crítico Hc. Praticamente todos os primeiros elementos químicos e ligas metálicas descobertos com a propriedade supercondutiva são caracterizados como Tipo I, ou chamados moles. Já nos materiais do tipo II, o condição de é consideravelmente mais elevado chegando a . Dessa forma surgem dois parâmetros de campo magnético critico. Abaixo de um primeiro valor de campo Hc1, de mais baixa intensidade, o material apresenta o comportamento do tipo I, com o Efeito Meissner "puro". Já para uma faixa entre Hc1 e um segundo valor de campo mais elevado Hc2, o supercondutor deixa uma parcela de campo permear, caracterizando o chamado Estado Misto. E para valores de campo acima de Hc2 o material deixa o estado supercondutor. A Figura 2.1.5-1 ilustra o comportamento das linhas de campo para um supercondutor do tipo I e tipo II. Figura 2.1.5-1 – Supercondutores do Tipo I e II imersos em campo magnético [9] 8 Vale ressaltar que para supercondutores do tipo II o campo Hc1 é muito pequeno, de forma que ao resfriar o material, a passagem para o Estado Misto é quase que imediata. Ainda sim, um aspecto que favorece os do tipo II para aplicações práticas é o fato de seu Hc2 ser em geral muito maior que o Hc dos do tipo I. A Figura 2.1.5-2 ilustra essa diferença entre os supercondutores do tipo I e do tipo II quando expostos a um campo magnético. Figura 2.1.5-2 – Diagrama de fase dos supercondutores Tipo I e II em relação ao campo magnético [9]. 2.1.6 Redes de Abrikosov Junto com a divisão dos supercondutores em dois tipos, Abrikosov também desenvolveu uma explicação para a existência do Estado Misto nos materiais do tipo II. No estado entre os valores de Hc1 e Hc2, também conhecido como fase de Schubnikov [16], a parcela de fluxo magnético que permea o material se dispõe em regiões normais dentro do mesmo. Nessas regiões o fluxo se distribui de forma tubular com um quantum de fluxo em cada “tubo” formado. Esses elementos tubulares são chamados de Fluxóides e são envoltos por supercorrentes de blindagem que surgem como vórtices no entorno para aprisionar o fluxo quantizado, Figura 2.1.6-1. Cada Fluxóide aprisiona consigo um quantum de fluxo de valor: 9 Figura 2.1.6-1 – Rede de Abrikosov em um supercondutor do Tipo II [9] Os parâmetros e servem não apenas para delimitar a classificação entre tipo I e tipo II. Quando falamos dos Fluxóides como tubos de aprisionamento de campo rodeados por vórtices de supercorrente, a profundiade de London e o comprimento de Coerência podem ser usados para estimar certos parâmetros dos “tubos” que irão se formar. Segundo a teoria, o vortex no formato de cilindro possui um raio de distância e fica delimitada por uma região cilíndrica supercondutora que se extende a uma distância , Figura 2.1.6-2. Figura 2.1.6-2 – Parametros e usados para dimensionar os centros de aprisionamento de fluxo [9] 10 A distribuição dos fluxóides dentro do material ficou conhecida como Rede de Abrikosov [15]. Em um primeiro momento, acreditava-se que a distribuição dos fluxóides era de forma quadrada mas posteriormente demonstrou-se que um arranjo triangular da rede daria a configuração mais estável. Este último cenário foi comprovado por experimentos de decoração magnética [15]. 2.1.7 Teoria BCS Ainda em 1957, na Universidade de Illinois, três cientistas americanos John Bardeen, Leon Cooper e Robert Schrieffer, desenvolveram um modelo que ia além das teorias fenomológicas anteriores e começava a explicar a supercondutividade na sua física fundamental [17]. Construído com base nos fundamentos da mecânica quântica, o modelo sugere que os elétrons dentro do supercondutor tendem a se orgazinar nos chamados pares de Cooper [18], constituindo um estado quântico de baixa energia. Esses pares conseguem fluir coletivamente e de forma coerente graças à mediação de excitações mecânicas na rede cristalina do material, também conhecida como fônons. Em uma explicação simplificada [19], um elétron ao fluir pelo condutor atrairá cargas positivas próximas dentro da estrutura. Ao atrair cargas positivas, a estrutura sofre uma deformação gerando regiões mais positivas, Figura 2.1.7 – 1 (a), e assim um segundo elétron, desloca-se para a região onde surgiu essa densidade de carga positiva mais elevada, Figura 2.1.7 – 1 (b). Esses dois elétrons são mantidos unidos com alguma energia de ligação (gap de energia). Caso a energia de ligação seja maior que a energia de oscilação dos átomos na rede cristalina no material, então os pares de elétrons (Pares de Cooper) permanecem fluindo junto com a onda de deformação da rede (fónons) sem experimentar resistência. Figura 2.1.7-1 – Modelo de atração dos Pares de Copper. Essa teoria, hoje conhecida como teoria BCS, apesar do sucesso em explicar de forma satisfatória o comportamento de supercondutores a baixas temperaturas, não tem o mesmo êxito em materiais de que estariam para serem descobertos nos anos seguintes. 11 2.1.8 Parâmetros Práticos dos Supercondutores do tipo II Como já foi discutido se os valores de temperatura, campo magnético e densidade de corrente no material estiverem simultaneamente abaixo de seus pontos críticos o estado supercondutor perdura. Entretando, quando analisamos um supercondutor na prática esses três parâmetros acabam se mostrando dependentes entre sí , qualquer variação em uma dessas variáveis afeta as outras duas e vice-versa. Começamos nossa análise imaginando uma densidade de corrente ⃗⃗⃗ fluindo por um supercondutor do tipo II conforme mostrado pela Figura 2.1.8 – 1. Figura 2.1.8-1 – Densidade de corrente fluindo por um supercondutor do tipo II [9] O surgimento dos Fluxóides forma a Rede de Abrikosov e armazenam um campo ⃗⃗⃗⃗ . Pela lei de Lorentz a passagem de elétrons por um campo magnético gera uma força perpendicular a direção da passagem e do campo incidente. Deduzimos assim a Equação (2.1.14). ⃗⃗⃗⃗ ⃗⃗⃗ ⃗⃗⃗⃗ Se não houver nenhuma outra força que compense a força ⃗⃗⃗⃗ para manter o equilíbrio da Rede de Abrikosov, os Fluxóides irão se deslocar com certa velocidade ⃗⃗⃗⃗ , induzindo um campo elétrico ⃗⃗⃗⃗ na mesma direção, mas sentido oposto a ⃗⃗⃗ . Tal fenômeno está descrito na Equação (2.1.15). ⃗⃗⃗⃗ ⃗⃗⃗⃗ ⃗⃗⃗⃗ O campo elétrico em sentido oposto a passagem de corrente gera uma dissipação de energia na forma térmica que acaba elevando a temperatura do material acima de , fazendo com que este deixe o estado supercondutor. Contudo, este é um cenário onde não existe uma força que se contraponha a ⃗⃗⃗⃗ e dessa forma a capacidade de condução de corrente elétrica fica extremamente limitada. Tal limitação deixaria os supercondutores do tipo II sem nenhuma aplicabilidade prática. Para 12 impedir o movimento da Rede, pequenas impurezas, na forma de grânulos ou/e poros, são introduzidas no material de maneira a gerar uma força contrária a ⃗⃗⃗⃗ proporcional a de ⃗⃗⃗ . Essa força, conhecida como força de pinning, apesar de se contrapor a ⃗⃗⃗⃗ , tem seu valor máximo limitado pelo processo de fabricação adotado. Isto é, na prática, o valor densidade de corrente crítica que pode ser aplicado está ligado as características construtivas do supercondutor. É importante ressaltar que mesmo que pudéssemos elevar a força de pinning para níveis altíssimos, ainda assim o estado supercondutor pode ser extinto pela quebra dos Pares de Cooper. Pela Teoria BCS, existe uma densidade de corrente que demarca o fluxo de corrente máxima que ainda pode haver formação dos superelétrons. Como valor de é normalmente muito elevado, precisaríamos de uma força de pinning em níveis que hoje são inalcançáveis para poder ver a perda do estado supercondutor pela quebra dos Pares de Cooper. O Campo Magnético Irreversível é outro parâmetro que merece atenção quando queremos analisar supercondutores na prática [20]. O arranjo de vórtices em um estado de equilíbrio termondinamico possui magnetização neste caso “reversível”, isto é, não depende da história termomagnética da temperatura da amostra. Entretanto, existe um estado de não equilíbrio, ( ) de distribuição espacial não uniforme dos vórtices que impossibilita o aprisionamento de campo e consequentemente impede valores aceitáveis de corrente crítica. Neste caso as propriedades magnéticas são “irreversíveis”. A relaxação deste estado de não equilíbrio para o de equilíbrio termodinâmico é considerado como sendo o fenômeno básico observado em experimentos de relaxação magnética [20]. Após esta análise da dependência dos parâmetros que definem o estado supercondutor na prática, podemos definir uma nova região no gráfico da Figura 2.2.1 - 1 como mostrado na Figura 2.1.8 – 2. Figura 2.1.8-2 – Parâmetros teóricos e práticos dos supercondutores do tipo II [9] 13 2.1.9 Supercondutores de Alta Temperatura Crítica Em 1986, nos laboratórios da IBM em Zurique, Georg Bednorz e Alex Muller ao realizar experimentos com uma classe particular de óxidos metálicos BaCuO concluiram que cupratos apresentavam supercondutividade a 35 K. Esses novos materiais ficaram classificados como Supercondutores de Alta Temperatura Crítica (HTS – High Superconductores Temperature). Já no ano seguinte, novos materiais supercondutores com base em óxido de cobre foram concebidos com valores de temperatura crítica em torno de 80K. Foi a partir desse período que diversos cientistas e empresas no mundo todo começaram a dar mais atenção para o fenômeno da supercondutividade na aplicação em projetos de larga escala. Temperaturas críticas próximas de 80K poderiam ser obtidas com nitrogênio líquido ao invés do hélio líquido, consequentemente os custos com equipamentos de refrigeração se tornaram economicamente viáveis. Atualmente os HTS mais usados para fins práticos são e o , conhecidos também como ligas de BSCCO cuja temperatura crítica é de 90K. Outra liga extremamente usada é a de , também conhecida como Y-123 ou YBCO. Espera-se agora um desenvolvimento prático das aplicações com supercondutores de altas-temperaturas, aumentando a confiabilidade das máquinas e equipamentos eletrônicos, principalmente visando o decréscimo do custo com resfriamento dos dispositivos a temperaturas da ordem de 20 K. 2.2 Fitas Supercondutoras HTS Fitas supercondutoras são filamentos estruturais formados por trechos de material supercondutor HTS e diferentes compostos. A estrutura macroscópica é um fio flexível que abaixo de uma temperatura crítica adquire as características elétricas de um supercondutor. 2.2.1 Fitas HTS 1G e 2G Existem dois tipos bem conhecidos de fitas supercondutoras de alta temperatura: BSCCO, feitos de "óxido de bismuto - estrôncio - cálcio - cobre", também conhecidos como fitas de primeira geração (1G), e ReBCO, que significa " óxido de (terras raras) - bário - cobre, também conhecido como fitas de segunda geração (2G). Cada um desses processos vem sendo aperfeiçoados ao longo de 20 anos e para cada tipo de condutor revestido existem suas vantagens e desvantagens. A primeira geração (1G) de fitas HTS está disponível comercialmente desde 1990. Sua produção consiste em encher tubulações de liga de prata com um pó da liga supercondutora 14 BSCCO que são processadas em um fio de multi - filamentos de HTS por meio de uma tecnologia de laminação especial. As fitas 1G HTS, mesmo operando em temperaturas mais altas possuem o problema do alto custo com a criogênia. A dependência de prata como uma matéria-prima faz o preço final do produto demasiado caro, o que diminiu sua atratividade. Atualmente a maioria dos fabricantes de fitas supercondutoras está migrando para a segunda geração (2G) HTS. Materiais 2G HTS são reconhecidos como superiores, oferecendo melhor desempenho em campo magnético e propriedades mecânicas melhoradas, tudo a um custo menor. Fitas HTS fabricadas com tecnologia 2G agora superam as 1G no desempenho elétrico, mas com custos mais elevados. Poucos compostos de terras raras são conhecidos como opções de materiais para as fitas 2G. As ligas mais utilizadas na indústria atualmente são a (Ìtrio, Samário, Neodímio, Gadolínio) com bário e de óxido de cobre para formar o (Re) BCO. 2.2.2 Estrutura das Fitas 2G HTS O processo de fabricação das fitas 2G é significativamente diferente do processo utilizado para fazer fitas 1G. O processo de fabricação para fitas 1G HTS envolve a embalagem de um pó de material BSCCO em um tubo que é subsequentemente estirado, laminado e tratado térmicamente para produzir uma fita internamente multifilamentada. Já a 2G HTS, que foi a geração de fita foco desse trabalho, é produzida pela deposição de várias camadas de materiais sobre uma base metálica ou substrato. Cada camada ou revestimento utilizado na arquitetura da fita 2G deve ser produzido com uma grande precisão, a fim de alcançar o melhor desempenho elétrico na camada de ReBCO supercondutor no interior. A grande maioria das fitas 2G possui a mesma estrutura básica: um substrato, na qual a fita será montanda, a camada de material supercondutor (Re)BCO com terra-rara de escolha, as camadas de buffer e a camada estabilizadora. Existem variações na composição e na espessura das camadas dependendo do tipo de aplicação, como por exemplo, os diferentes revestimentos (cobre, latão, inox, sem revestimento) ou a espessura da camada protetora de prata. Na maioria das vezes, o supercondutor é filamentado ou sobre um substrato de metal plano encapsulado numa matriz de cobre ou de alumínio. Um esquema exemplo dessa estrutura em camadas para o modelo SCS 4050 da SuperPower se encontra na Figura 2.2.2 – 1 e uma foto da fita em escala se encontra na Figura 2.2.2 – 2. Informações mais aprofundadas sobre os aspectos operacionais e construtivos da fita SCS4050 se encontram no Anexo (3). 15 Figura 2.2.2-1 – Esquema do corte laminar da fita Superpower 2G-HTS SCS4050 Substrato: Feita de liga de níquel Hasteloy C276, esta provê a fundação para a formação ordenada das camadas de (Re)BCO e as de buffer; Camada buffer I: Evita difusão dos metais do substrato para as camadas intermediárias. Feita de Al2O3 na SCS4050; Camada buffer II: Chamada tambem de “camada semente” feita de Y2O3, influencia o plano de orientação da “camada guia”. Camada buffer III: conhecida como “camada guia”, é feita de MgO e gera a simetria biaxial da fita; Camada buffer IV: feita de MgO homo-expitaxial, auxilia na textura de deposição; Camada buffer V: ultima camada de buffer que serve como “camada capa” e faz o casamento dos reticulados de MgO com os reticulados de (Re)BCO (no caso YBCO) protegendo a camada epitaxial de MgO; Camada (Re)BCO: é camada de material supercondutor; Camada de Prata: camada que desvia o fluxo de corrente elétrica na fita em caso de transição da camada de supercondutora do estado normal para o supercondutor; Estabilizador de Cobre: O modelo SCS4050, possui essa camada dupla de cobre revestindo ambos os lados da fita, protegendo-a durante as fases de transição pela ótima condutibilidade térmica, isolando as camadas intermediárias do meio externo e oferecendo resistência mecânica; Figura 2.2.2-2 – Foto de um trecho da fita Superpower 2G-HTS SCS4050 16 2.3 Curvas de Caracterização O processo de caracterização das fitas supercondutoras baseia-se na medição do campo elétrico resultante quando os Fluxóides ficam sob a influência de uma densidade de corrente de transporte. 2.3.1 Formulação de Anderson - Kim A formulação de Anderson – Kim estabelece uma relação entre o campo elétrico e a densidade de corrente no supercondutor. Para entendermos melhor essa relação resgatamos a Lei de Arrhenius que descreve a relação da velocidade de uma reação química com a temperatura em que ela ocorre e sua energia de ativação [8]. Na equação de Arrhenius (2.3.1) é a taxa de constante de uma reação química, T é a temperatura absoluta ( em Kelvin ) , A é uma constante específica de cada reação química, é a energia de ativação e R é a constante universal dos gases perfeitos, também conhecida como constante de Boltzman. Fazendo uma analogia do campo elétrico gerado pela movimentação dos Fluxóides com a velocidade das reações químicas descrita em (2.3.1), temos (2.3.2): Onde é o valor crítico do campo elétrico do supercondutor que leva a movimentação dos Fluxóides e a densidade de corrente que provoca esse campo. E assim como nas reações químicas, também é necessário haver uma energia de ativação para que o fenômeno ocorra. Essa energia que surge em função da densidade de corrente , como já foi discutido na sessão 2.1.8, é descrita pela Equação (2.3.3) [8]: ( ) Sendo a energia de ativação crítica, a densidade de corrente crítica característica de cada supercondutor e a densidadede corrente aplicada. Agora, substituindo a equação (2.3.2) em (2.3.3) temos: ( ) Chamando podemos escrever a equação (2.3.5) que permite caracterizar o supercondutor pela relação densidade de corrente com o campo elétrico. ( ) 17 2.3.2 Curva de caracterização e seus Parâmetros Normalizados Para a equação (2.3.5) ser usada na modelagem dos estudos de caracterização é preciso determinar o valor de densidade de corrente crítica e do campo crítico . Estudos prévios se baseando na resistividade e no campo elétrico, já determinaram empiricamente que o valor do campo elétrico induzido tende a aumentar junto com a densidade de corrente , e é dito crítico quando o campo atinge valor de 1 µV/cm [21]. Sabendo os valores de e é possível realizar uma análise adimensinal da equação (2.3.5) normalizando seus parâmetros de corrente e campo pelos valores críticos. A Equação (2.3.6) ilustra esse raciocínio: ( ) Ao incrementar gradativamente a densidade de corrente que atravessa um supercondutor já foi constatado que o material passa por dois estágios antes de transitar completamente para o estado normal. Atráves do valor de n podemos caracterizar o supercondutor nesses estados: ) Estado Normal: Resistividade se comporta de forma linear, ou seja, dissipação de energia proporcional com o quadrado da corrente. Material fora do estado supercondutor. Estado de Flux-Flow: Fluxóides são movidos por forças muito superiores as forças de pinning. para BSCCO e para YBCO, Estado de Flux-Creep: Fluxóides são movidos por forças da mesma ordem de grandeza das forças de pinning. Estado de Resistência Nula: Não há movimentação dos fluxóides e a dissipação de energia é praticamente nula. Esses estados podem ser visualizados quando esboçamos a curva log(E)xlog(J) para um supercondutor, Figura 2.3.2-1. Figura 2.3.2-1 – Esboço da curva para um supercondutor [4] 18 Sabendo-se as dimesões da amostra da fita supercondutora é possível determinar a tensão crítica correspondente ao e a corrente crítica associada a . Experimentalmente aplica-se uma corrente na fita e mede-se o valor de tensão resultante em um trecho, aumentando o valor de corrente gradativamente até que a tensão crítica seja atingida. Dessa forma, adquirindo os valores de tensão x corrente pode-se gerar uma curva tensão normalizada x corrente normalizada como na equação (2.3.7): ( ) 2.3.3 Corrente Crítica vs. Campo magnético. Pela sessão 2.1.8 constatamos que os supercondutores do tipo II deixam o estado supercondutor quando há movimentação da rede de Abrikosov. Sendo a força que atua na rede para movimenta-la proporcional ao campo magnético aplicado no corpo e a força de pinning se contrapondo a movimentação. Ou seja, para uma mesma temperatura a densidade de corrente crítica diminui com o aumento do campo magnético aplicado . Como a força de pinning depende da dopagem, cada material possui uma curva própria . Por falta de uma teoria geral que explique os supercondutores do tipo II na sua física fundamental, a curva só é obtida de forma confiável experimentalmente. Para algumas aplicações, especialmente aquelas que envolvem materiais anisotrópicos [22] como as fitas HTS, a curva característica precisa ser também determinada como função do ângulo entre o campo magnético e a superfície da amostra, ou seja, . Usualmente o eixo de rotação do campo fica alinhado com o eixo da amostra, para que o campo esteja sempre perpendicular à direção da passagem de corrente, figura 2.3.3 - 1. Figura 2.3.3-1 – Diagrama do ângulo de incidência do campo externo ⃗⃗ com relação a superfície da fita 19 2.3.4 Medição Quatro Pontas A técnica de medida de quatro pontas é largamente usada para a medida de resistividades e resistências de malhas e superfícies. Essa foi a técnica empregada nas caracterizações realizadas nesse trabalho. A geometria das pontas usualmente empregada na medida de quatro pontas é mostrada na Figura 2.3.4 – 1. Figura 2.3.4-1 – Geometria empregada na medição de quatro pontas [23] Quatro eletrodos são dispostos colinearmente. A corrente é injetada através de dois dos eletrodos e é medida a tensão sobre os outros dois. A configuração mais usual é utilizar os dois eletrodos externos para injetar corrente e os dois internos, para medir a queda de tensão, mas em princípio qualquer das possíveis combinações pode ser usada. No caso em que se tem as pontas com espaçamentos variados sobre uma superfície semi-infinita a resistividade é dada pela equação (2.3.8) [23]: A príncipio este é um método não destrutivo, muito embora a pressão exercida pelos eletrodos sobre a superfície da amostra possa vir a danificar o material caso venha a ser excessivamente alta. Sua aplicabilidade na identificação de pequenas resistências vem do fato de não haver injeção de corrente pelos terminais de medição de tensão, de forma que sua própria resistência não interfere no resultado. Como a resistência de um voltímetro é muito maior que a entre os terminais medidos, não há praticamente nenhum desvio de corrente do elemento aferido para o equipamento, de forma que toda a diferença de potencial entre os terminais seja referente a resistividade no elemento. De forma geral, a grande vantagem do método é a simplicidade da medida, incluindo o fato de não ser necessário um bom contato elétrico entre o eletrodo de tensão e a amostra. 20 2.4 Modelagem Matemática de Modelos numéricos para calcular a efetiva corrente crítica de dispositivos feitos de fitas supercondutores de alta temperatura requerem o conhecimento de . Ou seja, a forma como a densidade crítica de corrente depende da densidade de fluxo magnético e a sua orientação em relação a fita. 2.4.1 Modelos de trabalhos anteriores São conhecidos diversos trabalhos dedicados a extração de a partir de dados experimentais. Para obter as curvas com melhor relação aos dados, Rostila [24] e Sirois [25] constataram que o algoritmo de Nelder-Mead poderia levar a ótima convergência das curvas. Outros autores, como Pardo et al. evitaram totalmente o problema de utilizar um algoritmo de otimização e partiram para um método mais intuitivo de descrever a função de supercondutores ReBCO. Baseando-se na posição angular em que ocorrem os picos de , propôs-se uma equação de deduzida a partir dos parâmetros de três elipses sobrepostas. Essa técnica fornece uma exelente concordância da dependência ângular de com os dados experimentais, porém fica a mercê da habilidade do usuário de achar os parâmetros e, do seu bom julgamento para ajustá-los adequadamente. Por final, Zhang et al. desenvolveu um método alternativo baseado na obtenção de com relação as componentes de campo perpendicular ( ) e paralelo ( ) [26]. Esses dados são em seguida modulados por uma função angular baseada nas medições de em função do ângulo para um valor particular de campo aplicado. A função modulada é então usada na dependência . Esse método teve grande sucesso na modelagem de bobinas double pancake feitas de fitas 2G [26]. 2.4.2 Modelagem utilizada Visto essas observações em trabalhos anteriores, Francesco Grilli et al. abordaram as vantagens e desvantagens entre a necessidade de uma identificação robusta comparado com a acurácia proveniente de um algoritmo de otimização para aproximações de curvas [27]. Seus resultados indicaram que uma determinação extremamente precisa dos parâmetros para ajuste de curva não é tão importante, contanto que as principais caracteristicas das curvas estejam de acordo com os dados experimentais. Ou seja, um ajuste manual dos parâmetros fornece um resultado igualmente satisfatório a um ajuste rigoroso feito com algoritmos de interação. Com base nesses resultados, para a modelagem utilizada nesse trabalho de , foi assumida a função (2.5.1) de formato elíptico, cujos os parâmetros para ajuste de curva , , e foram determinados através de um algoritmo de otimização “varredura.m”, motrado no Apêndice 3. 21 * √ ( ⁄ )+ Na equação (2.5.1), representa a densidade de corrente crítica sem a presença de qualquer campo magnético. A constante é um valor atrelado a variando entre 0 e 1 que mostra a influência do campo paralelo. a razão de divisão da soma quadrática das componentes e um fator exponecial. A fim de se obter os melhores parâmetros , , e que aproximam a equação dos dados experimentais, calcula-se o erro quadrático com respeito aos dados de corrente crítica obtidos, conforme a equação (2.5.2). ∑ * + Onde e são a quantidade de intensidades de campos aplicados e quantidade de posições da superfície da fita com relação ao campo, respectivamente. é a corrente crítica calculada com a equação (2.5.1) e é a corrente crítica medida experimentalmente. Em adição ao erro quadrático, o erro médio com relação aos dados experimentais também é calculado de acordo com a equação (2.5.3). ∑ | | Os melhores ajustes das constantes , , e produzem erros médios na faixa de 3%. No entanto, parâmetros com erros na faixa de 10% ainda sim produzem aproximações satisfatórias [27]. 22 Realizando as derivadas parciais de , se obtem as equações (2.5.4) e (2.5.5) que podem ser utilizadas para análise da taxa de variação densidade de corrente crítica. Ou seja, o quão sensivel é com relação as componentes de campo perpendicular e campo paralelo. ( √ ) √ ( √ ) √ 23 3 Equipamentos e Metodologia 3.1 Fitas Caracterizadas Para os testes de caracterização realizados nesse trabalho, quatro modelos de fita supercondutora 2G foram selecionados: dois modelos da frabricante SuperOx, um modelo da SuperPower e um da SuNAM. 3.1.1 Informações das fitas Todas as fitas são compradas por metro em carretéis e cortadas em comprimentos de 200 mm para servirem de amostras no processo de caracterização. Uma foto das quatro amostras de fita se encontra na Figura 3.1.1 – 1. 1 2 3 4 Figura 3.1.1-1– Foto das fitas 2G HTS utilizadas. (1) SuperOx#2014-03-C, (2) SuperOx#2014-10-R, (3) SuNAM#SCN04200, (4) SuperPower#SCS4050-AP-i A tabela com as informações mais pertinentes dos modelos de fita caracterizados encontra-se na Tabela 3.1.1-1. Tabela 3.1.1-1 – Informações sobre os modelos de fita caracterizados Fabricante Modelo Espessura da camada supercondutora (µm) Camada Estabilizadora SuperOx #2014-10-R 1 Cu e PbSn 100 SuperOx #2014-03-C 1 Cu 120 SuperPower SCS4050-AP-I 1 Cu & Kapton 120 SuNAM SCN04200 2 Cu & Kapton 200 24 3.2 Equipamentos de Contato e resfriamento Em estudos de caracterização feitos anteriormente no laboratório, foi desenvolvido um suporte especial capaz de dar estabilidade mecânica e térmica as fitas supercondutoras durante os ensaios. Entretando, devido as dimensões do suporte original, o sistema de caracterização ficava limitado no seu posicionamento com relação ao campo. Neste trabalho, foram utilizadas duas novas topologias de porta amostra e duas formas de contato elétrico para contornar as limitações do antigo suporte e realizar a tomada de dados. Essas alterações foram sendo implementadas conforme se observou que era preciso haver maior praticidade no processo de caracterização de múltiplas amostras de fitas de maneira sistemática. 3.2.1 Primeiro Porta Amostras Nesse suporte a fita supercondutora ficava apoiada sobre uma barra maciça de cobre sendo esta, envolta em uma fita de uma material isolante elétrico (no caso uma fita de Kapton foi utilizada para tal (Anexo 3)). Nas extremidades da barra onde também estão as extremidades da fita, o contato elétrico de corrente era feito atráves de duas placas de cobre prensadas e aparafusadas juntas mantendo contato elétrico apenas com a fita. Já os contatos elétricos de tensão são feitos atráves de um par trançado cuja extremidade era soldada na superfície da fita com uma solda especial de In-Sn seguindo o protocolo de solda da SuperPower (Anexo 4). A Figura 3.2.1 - 1 mostra uma vista explodida e montada do porta amostra pronto para ser mergulhado em um recipiente de nitrogênio líquido. Figura 3.2.1-1 – Vista montada e explodida do primeiro Porta Amostra 25 3.2.2 Segunda Topologia do Porta Amostra Nessa segunda topologia mantiveram-se as características básicas do primeiro suporte, Figura 3.2.2-1 e Figura 3.2.2-2. Continuou-se usando uma barra maciça de cobre envolta em kapton para dar apoio a fita, os contatos de pressão para injeção de corrente e a solda para a leitura de tensão permaneceram os mesmos. O que foi modificado de fato foram as dimensões da barra de cobre (30 x 2 x 1,5 cm) e das placas para os contatos de corrente, deixando o suporte mais leve e esguio para poder ser posicionado no entreferro do eletromagneto e girar livremente. Outra pequena alteração importante foi o prolongamento das duas extremidades da barra de cobre na forma de pequenos eixos cilíndricos de 6 mm de diâmetro de maneira a facilitar o acoplamento mecânico com o servo-motor. Figura 3.2.2-1 - Vista montada do segundo Porta Amostra Figura 3.2.2-2 – Vista explodida do segundo Porta Amostra 26 3.2.3 Terceira Topologia do Porta Amostra A terceira topologia nada mais foi que um aprimoramento da segunda. A barra de cobre envolta em Kapton junto com os terminais de cobre prensados foi mantida da mesma forma que na primeira topologia, no entanto uma segunda barra de cobre, também coberta em Kapton, de dimenções 15 x 2 x 1,5 cm foi criada. Esta é aparafusada junta com a primeira barra com intuito de pressionar a fita o máximo possível contra as duas superfícies de cobre e assim planifica-la para obter a melhor transferência de calor e precisão com relação ao ângulo de incidência do campo aplicado na fita. A Figura 3.2.3-1 mostra uma vista montada dessa terceira topologia. Figura 3.2.3-1 – Vista montada do Terceiro Porta Amostra Com essa nova configuração a segunda barra de cobre adicionada teve de ser usinada de maneira a obter dois furos transversais para que se pudesse ter acesso a fita e assim realizar as soldas de In-Sn do contato elétricos de tensão. As Figuras 3.2.3 - 2 e 3.2.2 - 3 mostram uma vista explodida dessa topologia e uma fotográfia do porta amostra já desmontado, respectivamente. Figura 3.2.3-2 – Vista explodida do Terceiro Porta Amostra 27 Conforme os ensaios foram sendo realizados constatou-se que, para baterias de ensaios sistemáticos, o contato de tensão feito com solda tornava o procedimento de montagem e desmonte do porta amostra lento e de complicado manuseio. Visando contornar esse problema decidiu-se que o contato de tensão seria feito por pressão de sondas imbutidas na nova barra desenvolvida. Figura 3.2.3-3 - Foto do terceiro Porta Amostra desmontado já adaptado com sondas para contato de tensão Seguindo essa idéia, os furos transversais antes usados para passagem do fio que seria soldado, foram preenchidos com material EpoX para isolar eletricamente a passagem e macheados para alocar parafusos de Inox de comprimento igual a espessura da barra. Na cabeça do parafuso acoplou-se um terminal olhal para o fio do nanovoltímetro e na ponta de contato com a fita acrescentou-se folha de Índio para garantir um bom contato elétrico, como ilustrado na Figura 3.2.3-4. Figura 3.2.3-4 – Esquema das sondas de tensão no terceiro porta amostra 28 3.2.4 Recipiente para o banho de LN2 Para a fita se manter no estado supercondutor durante os ensaios, o suporte deve ficar imerso em nitrogênio líquido a todo momento. Devido as restrições nas dimesões do eletromagneto, um recipiente especial teve de ser criado para manter o suporte no banho de nitrogênio dentro dessas dimensões. O recipiente também precisou ser alterado para poder alinhar a amostra com região mais homogênea de campo. A Figura 3.2.4 - 1 ilustra o recipiente com o suporte em seu interior. Figura 3.2.4-1 – Recipiente para NL2 com suporte posicionado Para resistir as dilatações e contrações dos ciclos térmicos gerados pelo nitrôgenio e isolar eletricamente o porta amostra, o recipiente foi construido com placas de fibra de vidro reforçada em epox comercialmente conhecida como TVE ou G10. Mais informações sobre esse material se encontram no Anexo 5. 29 3.3 Equipamentos do eletromagneto Nessa seção serão apresentados todos os equipamentos utilizadados para geração do campo magnético no eletromagneto e no posicionamento de amostras dentro do mesmo. 3.3.1 Eletromagneto Para produzir campos magnéticos homogêneos de diversas intensidades nos quais serão submetidas as amostras de fitas supercondutoras, utilizou-se um eletromagneto da Lake Shore Modelo EM4 – HV. Um desenho esquemático da vista frontal com as dimesões de interesse desse modelo de eletromagneto se encontra na Figura 3.3.1 - 1. Figura 3.3.1-1 – Vista frontal do eletromagneto EM4 – HV Segundo as especificações do fabricante, devido a geometria das peças polares no formato cônico, com face de 2 pol e a capacidade de ajuste do entreferro entre as peças polares, é possível atingir campos de até 2,7 T. No entanto, neste trabalho, devido as dimensões do porta amostra e seu recipiente de armazenamento o air gap utilizado ficou na faixa 38,1 a 50,8 mm, restringindo os estudos de caracterização a um máximo de 1,1 T. Para esse trabalho, essa intensidade máxima de campo foi o suficiente para adquirir os resultados desejados. Esses campos de alta intensidade são gerados pelas bobinas do eletromagneto que são alimentadas por corrente contínua de uma fonte de alimentação. As bobinas podem ser conectadas em paralelo, somando 0,16 Ω, ou em série, 0,96 Ω e dependendo da intensidade de campo que se deseja alcançar os valores de corrente podem ficar bem elevados, dissipando muito calor nos enrolamentos. Por isso, as bobinas em operação possuem um sistema de refrigeração que deve ser alimentado por um fluxo de água constante de 3,8 L / min na faixa de 15 a 24 °C. 30 3.3.2 Fonte de Alimentação do Campo A fonte de alimentação de corrente contínua utilizada para as bobinas do eletromagneto foi uma da LakeShore Modelo 662, figura 3.3.2-1. Esta fonte usa uma série de bancos de transistores para reduzir ao máximo o ripple no sinal de corrente e alcançar alta estabilidade, chegando à classe . Sendo sua carga mínima de 0,35 Ω, a fonte produz em uma faixa de tensão de . Este modelo de fonte, por dissipar potência na regulação com os bancos de transistores, necessita de um sistema auxiliar de refrigeração a água que seja capaz de fluir continuamente 6 L / min ente 11 a 25 °C. Figura 3.3.2-1 – Foto da fonte LakeShore 662 e seu esquema 3.3.3 Resfriamento A unidade de resfriamento utilizada para dissipar o calor produzido no eletromagneto e na fonte de alimentação de corrente contínua foi um Chiller da Thermo Scientific Neslab Merlin modelo M75, figura 3.3.3-1. Esse dispositivo atua resfriando e bombeando água em um circuito fechado com os outros equipamentos de modo a manter uma circulação de temperatura fixa controlada dentro da faixa de 15 a 35 °C, com um fluxo de 12,5 L / min. A temperatura pode ser controlada pelo painel frontal do chiller e nesse trabalho a temperatura foi mantida a 18 °C. Figura 3.3.3-1 – Foto do Chiller Neslab Merlin modelo M75 e seu esquema 31 3.3.4 Servo Motor O servo motor é uma máquina eletromecânica, que apresenta movimento proporcional a um comando. Esses dispositivos possuem controle interno de comando em malha fechada, ou seja: recebem um sinal de controle, que verifica a posição atual para controlar sua movimentação indo para a posição desejada com velocidade monitorada por um dispositivo denominado taco, encoder, ou tachsin, dependendo do tipo de servomotor e aplicação. Diferentemente da maioria dos motores que giram indefinidamente, o eixo dos servo motores possui a liberdade de cerca de (360° em alguns modelos) porém, são precisos quanto a posição. Para isso possuem três componentes básicos, ilustrados na imagem 3.4.1-1. Figura 3.3.4-1 – Diagrama Simplificado de um Servomotor Sistema Atuador - o sistema atuador é constituído por um motor CC de imãs permanentes sem escova, embora também possa encontrar servos com motores de corrente alternada, a maioria utiliza motores de corrente contínua. Também está presente um conjunto de engrenagens que forma uma caixa de redução com uma relação que ajuda a amplificar o torque. Sensor - o sensor normalmente é um potenciômetro solidário ao eixo do servo. O valor de sua resistência elétrica indica a posição angular em que se encontra o eixo. A qualidade deste vai interferir na precisão e estabilidade. Circuito de Controle - o circuito de controle é formado por componentes eletrônicos discretos ou circuitos integrados e geralmente é composto por um oscilador e um controlador PID (controle proporcional integrativo e derivativo) que recebe um sinal do sensor (posição do eixo) e o sinal de controle e aciona o motor no sentido necessário para posicionar o eixo na posição desejada. 32 Servos possuem três fios de interface, dois para alimentação e um para o sinal de controle como ilustrado na Figura 3.3.4-2. Figura 3.3.4-2 – Diagrama dos fios de interface do servo motor O sinal de controle utiliza o protocolo PPM (modulação por posição do pulso) que possui três características básicas: ciclo de trabalho mínimo, ciclo de trabalho máximo e taxa de repetição (frequência). O ciclo de trabalho do pulso de controle determinará a posição do eixo: Ciclo de trabalho máximo equivale a posição 180° do eixo mecânico do motor; Ciclo de trabalho mínimo equivale a posição 0° do eixo; Ciclos de trabalho intermediários representam posições de 0°-180°; O pulso de controle pode ser visto na ilustração da figura 3.4.3 - 3. Figura 3.3.4-3 – Sinal de Controle do Servo Motor 33 Em geral, a taxa de repetição é 50 Hz e a largura do pulso do sinal de controle varia de 1 a 2 ms. Porém um servo motor pode também funcionar a 60 Hz. Neste projeto foi usado um servomotor da HexTronik modelo HX12K de torque padrão 10 Kgf, polarização 5 – 7 V. Uma foto do motor e seu esquema se encontram nas Figuras 3.3.4 – 4 e 3.3.4-5, respectivamente. Figura 3.3.4-4 – Servomotor HX12K Figura 3.3.4-5 – Esquema do servomotor HX12K e suas principais dimensões 34 3.3.5 Sensor de Efeito de Hall O efeito Hall é uma propriedade que se manifesta em um condutor quando um campo magnético é aplicado perpendicularmente ao fluxo de corrente. Quando isso ocorre, uma diferença de potencial no condutor é gerada, chamada de Tensão Hall. Esta tensão possui direção perpendicular ao campo magnético e à corrente, e é proporcional à densidade de fluxo magnético e à corrente. Fisicamente falando, o campo magnético aplicado provoca uma concentração de portadores em todo o condutor e quando o número de portadores de um lado do condutor for maior do que do outro, surgirá esta diferença de potencial. A amplitude da tensão de Hall varia com a corrente e a intensidade do campo magnético. De fato, o Efeito Hall nada mais é que o desvio da trajetória de corrente quando há presença de um campo magnético. Este desvio faz com que a Tensão de Hall seja gerada, e esta pode ser aproveitada por um circuito externo, pois ela é proporcional à intensidade do campo. O Sensor Hall tem seu princípio de funcionamento baseado no Efeito Hall e no caso desse trabalho utilizou-se um sensor CYSJ106C da Chen Yang Technologies. Esse modelo feito de um monocristal de Gálio e Arsênio (Ga-As) com material semicondutor (grupo III-V) e utiliza uma tecnologia de ion implatado [28] para converter a densidade de fluxo magnético linearmente em uma tensão de sáida. Esse modelo foi escolhido pela sua alta relação de linearidade tensão/campo, estabilidade térmica, dimensões do componente e uma larga faixa de operação (0 – 3 T). A Figura 3.3.5 - 1 mostra um desenho do sensor com suas principais dimensões e pinagem. Figura 3.3.5-1 – Esquema do sensor Hall CYSJ106C 35 3.3.6 Medição do Campo Magnético na amostra de fita Dentro do eletromagneto um campo magnético de determianda intensidade é gerado e se mantem praticamente homogêneo se desconsiderando o espraiamento nas bordas das peças polares e mantendo a zona de interesse o mais próximo possível do centro do cone. Imerso nesse campo se encontra o porta amostra, que guarda a amostra de fita supercondutora dando estabilidade mecânica e térmica para a fita como na Figura 3.3.6 – 1. Figura 3.3.6-1 – Diagrama do Campo entre as peças polares do Eletromagneto à esquerda e à direita diagrama do porta amostra imerso no campo O porta amostra fica acoplado mecânicamente ao eixo do servo motor. Dessa forma, a estrutura pode ser rotacionada livremente dentro do seu eixo de simetria e assim mudar o ângulo de incidência do campo gerado com relação à superfície da fita, como mostra a figura 3.3.6 – 2. Ou seja, para diferentes valores de obtem-se diferentes componentes de campo perpendicular ( ) e tangencial ( || ) com relação à superfície da fita. Ambas componetes são facilmente equacionadas pelas equações 3.3.1 e 3.3.2: || 36 Figura 3.3.6-2 – Diagrama do ângulo relativo do campo com o eixo de Simetria do Porta Amostra Para que o valor de intensidade do campo magnético aplicado que incide no porta amostras seja conhecido, utiliza-se o sensor de efeito Hall. Esse sensor é acoplado no porta amostra em uma cavidade usinada na estrutura metálica de forma que a face do sensor fique paralela com a superfície da fita, figura 3.3.6 – 3. Como nesse trabalho foi utilizado um sensor do tipo Analógico/Linear, a tensão de saída aumenta ou diminui proporcional ao aumento ou diminuição do campo magnético. A saída de tensão é linear as variações no campo medido, o sinal de saída irá aumentar até que ele comece a saturar devido aos limites impostos pela fonte de alimentação. 37 Figura 3.3.6-3 – Diagrama do Porta Amostra com Sensor de Efeito Hall A relação da tensão Hall e intensidade de campo pode ser descrita pela equação (3.3.3) [29]. é uma tensão de saída quiescente, normalmente metade da tensão de alimentação e varia para mais ou menos em relação a este valor, conforme o campo magnético de saída. E é uma constante de calibração que varia de acordo com a temperatura e tipo de material utilizado na construção do sensor. Lembrando também que o sensor só responde ao campo perpendicular incidente a ele, ou seja , . E assim a equação do (3.3.3) pode ser reescrita para nossa variável de controle na forma da equação (3.3.4). 38 3.4 Equipamentos de medição e aquisição 3.4.1 Nanovoltímetro e fonte de corrente contínua da Fita 2G Para se obter a mais fiel caracterização do material não deve haver mudança de temperatura da amostra durante a aquisição dos dados. Essa situação na prática é impossível, pois a corrente aplicada crescente faz o material transitar do estado supercondutor para o normal e a resistência que surge dissipa calor. Contudo os efeitos térmicos da passagem de corrente podem ser minimizados ao se aplicar pulsos rápidos e controlados dentro da faixa de milisegundos. Com base nessa informação, para realizar as injeções de corrente nas amostras de fita 2G utilizou-se uma fonte da Agilent modelo 6671 A com saída em Corrente Contínua de valores máximos de 8 V e 220 A, figura 3.4.1-1. Escolheu-se essa fonte pela sua capacipade de alta regulação de degraus de corrente de curtíssima duração (em torno de 200ms). Figura 3.4.1-1 – Foto da fonte Agilent 6671A e seu esquema No entanto, mesmo com a capacidade de regulação de rápidos pulsos de corrente, a necessidade de haver uma leitura precisa do valor de corrente aplicada na amostra durante o ensaio gerou uma limitação no sistema. Ao enviar um comando para a fonte requisitando o valor de corrente que foi gerado, nenhuma outra função pode ser executada antes que o valor de corrente seja retornado. Todo o processo faz com que o comando para finalizar os pulsos seja executado muito tarde, ou seja, o tempo de pulso aumenta consideralvemente a ponto de interferir gerando dissipação térmica. Para contornar esse problema, um resistor de precisão de 400 mΩ e corrente máxima 150 A foi instalado em série com a sáida da fonte, figura 3.4.12. A cada pulso uma mediação de tensão é realizada no resistor e o valor de corrente é calculado indiretamente. 39 Figura 3.4.1-2 – Conexão do resistor shunt e seu esquema Para realizar as medições de tensão nas amostras de fitas supercondutoras de forma eficiente utilizou-se um nanovoltímetro da Keithley de dois canais Modelo 2182A, figura 3.4.13. Este modelo é otimizado para fazer, medições de tensão estáveis de baixo ruído e para a caracterização de materiais de baixa resistência e dispositivos de forma confiável e sistemática. Figura 3.4.1-3 – Esquema do painel frontal do nanovoltímetro Keithley 2182A 40 3.4.2 Placa de Aquisição Para realizar certas funções dentro do sistema foi necessária a utilização de uma placa de aquisição especial compatível com o programa LabView. Para tal, escolheu-se uma placa da National Instruments modelo NI SCB-68. Essa placa atua como um bloco conector blindado para sinais I / O. Sua interface faz o “plug-in” para dispositivos de aquisição de dados (DAQ) com conectores de 68 pinos. Por utilizar cabos blindados, a SCB-68 fornece a terminação do sinal robusto com muito baixo ruído. É compatível com dispositivos simples e dual-conector NI da Série X e M Series com conectores de 68 pinos. O bloco de ligação também é compatível com a maioria dos NI E, B, S e R Series DAQ. Figura 3.4.2-1 - Placa da National Instruments modelo NI SCB-68 Mesmo tendo o foco na aquisição de dados, essa placa também é capaz de excursionar sinais analógios de baixa potência. Dessa forma, as seguintes funções foram atribuídas para esse bloco: Gerar sinal de polarização + 5 V com GND para o servo motor; Gerar os sinais pulsados para controle de posicionamento do eixo do servo motor; Aquisitar os valores de tensão pertinentes ao sensor Hall; Aquisitar os valores de tensão do resistor de precisão conectado em série na saída da fonte de corrente da Agilent; 41 3.4.3 Interface entre os Equipamentos A conexão entre o computador e o conjunto nanovoltímetro/ fonte de corrente é toda feita em série pela interface de um sistema GPIB (General Purpose Interface Bus) e um adaptador GPIB – USB Keythley KUSB – 488B, Figura 3.4.3-1. Essa comunicação GPIB, também conhecida como IEEE 488 Bus é um barramento paralelo de 8 bits. Em um total de 24 pinos, o barramento emprega 16 linhas de sinal: 8 usadas para transferência de dados bidirecional, 3 para handshake e 5 para gerir o barramento. As 8 linhas restantes são de retorno de terra [22]. Figura 3.4.3-1 – Foto do conector GPIB conectado ao adaptador Keithley GPIB/USB e seu esquema Conectado ao barramento, todo dispositivo tem um endereço primário único de 5 bits, ou seja, 31 endereços possíveis. Com esse conector até 15 dispositivos podem dividir um único barramento, com uma restrição de até 20 m total de cabos. No quesito Controle e transferência de dados, estes estão logicamente separados; um controlador pode endereçar um dispositivo para enviar dados e um ou mais dispositivos para receber dados sem ter que participar na transferência. É possível múltiplos controladores dividirem o mesmo barramento, mas somente um pode ser o "controlador atuante" a cada comando. No protocolo original, a taxa máxima de dados é de aproximadamente 1 MBps. Entretanto a extensão do HS-488 com os requerimentos de handshake foi utilizada nesse projeto, permitindo um transporte de até 8 MBps. 42 3.4.4 Montagem dos equipamentos Um desenho esquemático e uma foto dos equipamentos nas Figuras 3.4.4 – 1 e 3.4.4 – 2, respectivamente, ajuda a visualizar a montagem geral do sistema de caracterização. Figura 3.4.4-1 – Esquema da Montagem dos equipamentos do sistema de caracterização Figura 3.4.4-2 – Foto do sistema de caracterização 43 3.4.5 Antigo Programa para levantamento da curva V x I em Labview O primeiro programa para controle dos equipamentos de aquisição de dados foi desenvolvido pelo professor Felipe Sass. Este visava a caracterização elétrica de amostras de fitas sem a presença de campos magnéticos externos e já havia sido utilizado em trabalhos anteriores [22]. O programa, intitulado “Sistema de Medidas” foi concebido em três etapas: Configuração – Nessa aba do programa, o usuário deve definir o Número de Aquisições que serão feitos durante o ensaio, o Intervalo entre Aquisições em segundos, Campo Elétrico Máximo que amostra deverá suportar em µV/mm e o Comprimento da Amostra em mm. Já nessa etapa define-se a Tensão Máxima na Amostra como critério de parada do ensaio multiplicando o Comprimento da Amostra pelo Campo Elétrico Máximo definido. A imagem dessa aba se encontra na figura 3.4.5-1. Figura 3.4.5-1 – Tela da aba de Configuração no LabView 44 Entrada de Dados – Nesta aba é definido como os pulsos de corrente vão se desenvolver ao longo do tempo na amostra, ou seja, a tabela da “Corrente Planejada”. Para tal, o usuário preenche os campos da área “Ferramenta de Preenchimento Automático”. A imagem dessa aba se encontra na figura 3.4.5-2. Figura 3.4.5-2 – Tela da aba de Entrada de Dados no LabView Ensaio – Nesta última aba é onde o ensaio de fato é iniciado. O usuário deve clicar em “Carregar Dados” para Carregar os dados que ele definiu nas abas anteriores. Estes serão ilustrados na primeira coluna da tabela (Corrente Planejada (A)) do Ensaio e no gráfico de progressão do canto inferior direito da janela. Para iniciar o ensaio clica-se no botão verde “Iniciar Ensaio” que fará a inicialização dos equipamentos e irá aplicar os valores de corrente planejada. Ao mesmo tempo se realiza as medições em tempo real preenchendo linha a linha os valores de Corrente Medida (A), Tensão (V), Instante (ms) e Data. No gráfico Tensão x Corrente no canto inferior ocorre o levantamento de pontos e no canto inferior esquerdo a progressão temporal pré-determinada em azul vai sendo sobreposto por um traçado vermelho representando a evolução do ensaio. O ensaio pode ser interrompido a qualquer instante se o usuário clicar na tarja vermelha “ Interromper Ensaio “ que aparece na parte superior da tela logo após o botão “Iniciar Ensaio “ ser pressionado. A imagem dessa aba se encontra na figura 3.4.5-3. 45 Figura 3.4.5-3 – Tela da aba de Ensaio no LabView O ensaio é finalizado naturalmente após a sequência de pontos planejada ser concluída ou caso o critério de parada seja atingido. Após a finalização o programa retorna um arquivo texto com os dados da tabela que foi preenchida. 46 3.4.6 Novo Programa para levantamento da curva V x I em Labview Para os objetivos de estudo desse trabalho, foi necessário a criação de um programa inteiramente novo capaz de proporcionar a movimentação da amostra, controlando a angulação de campo magnético junto do processo de caracterização do antigo programa. Toda lógica dos comandos para os instrumentos nanovoltímetro, fonte de corrente e placa de aquisição foi refeito também em Lab View. A figura 3.4.6 - 1 mostra a tela principal do novo programa com a interface. Figura 3.4.6-1 – Tela Principal do Novo programa em LabView O programa como um todo foi divido em quatro blocos: “Rotina de Corrente e Aquisição”, “Rotina de Mapeamento de Campo”, “Posicionamento” e “Caracterização”. O bloco “Rotina de Corrente e Aquisição” e “Rotina de Mapeamento de Campo” são os algoritmos principais da programação, já os blocos “Posicionamento” e “Caracterização” são algoritmos auxiliares durante a execução do principal “Rotina de Corrente e Aquisição”. Os Fluxogramas desses quatro blocos serão apresentados mais a frente. Com todas as lacunas da tela inicial do programa preenchidas corretamente o usuário dá inicio ao Ensaio, deixando a amostra na ausência de campo e apertando o botão “MEDIR OFFSET”. Esse botão envia um comando para a placa de aquisição medir o , essa é a tensão de saída, normalmente metade da tensão de alimentação, como mecionado na sessão 3.3.6. Com o offset do sensor hall medido, pressiona-se o botão “VARREDURA” que leva o programa a executar o bloco Rotina de Mapeamento de Campo, cujo Fluxograma está ilustrado na Figura 3.4.6 - 2. 47 Figura 3.4.6-2 – Fluxograma do Bloco de Programação “Rotina de Mapeamento de campo” “Mover para posição 0° do Motor” – Envia-se um sinal pela placa de aquisição da Texas Instruments para posicionar o eixo do servo motor na sua posição de 0°. “Varredura Primária” – Nessa varredura primária o motor vai girando de 0° até 180° sentido horário em passos de 5°, como ilustrado da figura 3.4.6 – 3. É medido o valor da tensão Hall em cada posição, armazenando os valores em um vetor. Figura 3.4.6-3 - Diagrama do movimento do porta amostra durante “Varredura Primária” 48 “Varredura Secundária” – O motor se reposiciona 5° antiorário da posição de máximo valor encontrado na “Varredura Primária” e anda 10° horários em passos de 1° medindo novamente os valores de tensão em cada posição e armazenando-os em um novo array. A figura 3.4.6 – 4 ilustra esse movimento da varredura secundária. Figura 3.4.6-4 - Diagrama do movimento do porta amostra durante“Varredura Secundária” “Mover para 90° com relação ao campo” – Motor volta a se reposicionar na posição referente a tensão máxima dentro do array criado na segunda varredura, que como já foi mencionado anteriormente, acaba sendo a posição de 90° (Figura 3.4.6 – 5) com a relação ao campo. Figura 3.4.6-5 – Diagrama do porta amostra na posição de 90°com relação ao campo “Cálculo do campo máximo” – Uma vez na posição de 90° com relação ao campo, o valor de campo é calculado em Tesla com base em uma calibração préviamente feita. “Refazer Varredura?” – Por final o programa abre uma janela perguntando ao usuário se deseja que todo o processo seja refeito. Caso “Sim” o programa zera os arrays 49 criados, volta para a posição de 0 ° mecânico e recomeça as varreduras. Caso “Não”, a programação segue para “Deixar a amostra em 0°?”. “Deixar a amostra em 0°?” – Questiona-se o usuário se o motor deve fazer um último reposicionamento girando a amostra 90° no sentido anti-horário, para a posição de 0 ° (paralelo) com relação ao campo magnético. Caso “Sim”, o programa reposiciona a amostra na posição de 0° com relação ao campo e em seguida finaliza a Rotina de Mapeamento. Caso “Não”, o programa mantém a posição de 90° e segue direto para finalizar a Rotina. Para dar início à execução do bloco “Rotina de Corrente e Aquisição” o usuário deve pressionar o botão “ENSAIO AUTOMÁTICO”, cujo Fluxograma está ilustrado na Figura 3.4.6 – 6. Em seguida, o programa automaticamente executa um comando de inicialização da fonte de corrente da Agilent e calibração do nanovoltímetro. Figura 3.4.6-6 - Fluxograma do Bloco da “Rotina de Corrente e Aquisição” 50 “Carregar Progressão de Corrente” – Carrega a listagem da progressão de corrente que será aplicada na amostra. Existem duas opções nessa etapa, podendo-se usar o Processo “Ida e Volta” ou “Tabela Excel”. o “Ida e Volta” – a corrente aplicada começa em zero e vai sendo incrementada com um passo igual ao da lacuna “Incremento de Ida” na tela principal do programa. Quando a tensão durante a aplicação de corrente atinge um valor superior a tensão crítica ( ), a corrente aplicada passa a receber um decremento de valor defino pela lacuna “Decremento de Volta” na tela principal. A corrente aplicada vai decrescendo até atingir uma tensão de limite mínima definida pelo usuário na lacuna “Tensão de Volta”. o “Tabela Excel” – todos os valores de corrente que serão aplicados na amostra são listados na primeira coluna de um arquivo com extensão xls. Esse arquivo deve ser criado e preenchido pelo usuário previamente ou no momento que o programa pedir para o arquivo ser carregado. Com a opção “Tabela Excel” o critério será a , calculada pelo programa a partir dos dados de campo elétrico crítico e comprimento da fita definidos pelo usuário. “Criação/Atualização do arquivo texto” – Arquivo texto cujo nome definido pelo usuário é criado. Nesse arquivo é inserido um cabeçalho contendo as informações de data, horário, dimensões da fita, campo elétrico crítico, campo magnético máximo e as colunas de corrente planejada, corrente aplicada, tensão e tempos de pulso. O formato deste arquivo se encontra na Figura 3.4.6 – 7. Figura 3.4.6-7 – Modelo do arquivo.txt gerado pelo programa 51 “Caracterização” – Dá-se início as injeções de corrente na amostra com a progressão escolhida. A cada aplicação, o valor de tensão induzida na amostra é medida pelo nanovoltímetro e o par de dados é armazenado nas colunas do arquivo. Esse processo de aplicação, medida e armazenamento perdura até que o Critério de Parada seja atingido e assim o bloco de “Posicionamento” é automaticamente iniciado. Lembrando que o critério de parada depende da progressão de corrente escolhida no início. “Posicionamento” – O programa entra em estado de suspensão das atividades e pergunta se o usuário gostaria de refazer o ensaio na posição que a amostra se encontra. Caso “Sim”, o motor mantém a posição e volta para “Criação/Atualização do arquivo texto”, os dados de caracterização anteriores são apagados no arquivo texto e e em seguida volta-se para “Caracterização”. Caso “Não”, o motor se desloca 10° no sentido horário, faz a medição do novo campo magnético perpendicular à amostra, define uma nova região dentro do arquivo texto para armazenar os futuros valores de tensão x corrente e continua a execução do bloco “Rotina de Corrente e Aquisição”. Começando em 0° com relação ao campo, o programa vai avançando de 10 em 10° fazendo as curvas tensão x corrente para cada posição até chegar a posição de 180°. Quando chegar em 180° todas as posições de ensaio terão sido feitas e o programa será finalizado. 52 3.5 Rotinas em Matlab para análise das curvas V x I Para poder representar os dados de um ensaio na forma gráfica e conseguir fazer as análises pertinentes, foi necessário criar uma rotina em Matlab para realizar a leitura do arquivo texto e outra para tratar os dados de maneira a gerar as imagens desejadas. 3.5.1 Rotina de Leitura (leitura.m) O primeiro programa criado foi a função leitura.m. Este recebe o nome do arquivo texto e realiza uma leitura de todas as linhas do arquivo criando uma matriz de ângulos, representando as posições da fita durante o ensaio. Para cada posição da lista de ângulos criase uma variável struct onde serão armazenados os dados VxI de caracterização, campo perpendicular e tangencial. Ambas as matrizes de ângulos e as variáveis struct de caracterização ficam dentro de outro struct definido pelo usuário no momento da chamada da função. No exemplo da figura 3.5.1-1 a função leitura.m foi chamada e os dados armazenados na variável R2. Figura 3.5.1-1 - Tela e Comando pós chamada da função leitura.m para o arquivo superOx#2014-03-C_100mT.txt 53 3.5.2 Rotina para análise de dados Com os dados organizados na variável struct, um segundo programa leitura_VxI.m extrai os valores de corrente crítica (IC) dos ensaios VxI para cada struct a0, a10, a20 . . ., com base na tensão crítica (VC) definada pelo usuário. Para tal, utiliza-se a função de interpolação (interp1) existente na própria biblioteca do Matlab. Com os valores de IC e VC definidos em cada posição, o próximo passo é a obtenção do fator exponencial n. Aplicando a função Logaritmo Natural nos dois lados da equação (2.3.7) temos a equação (3.5.1). ( ) ( ) Realizando uma simples manipulação de propriedade logarítmica na equação (3.5.1) tem-se: ( ) ( ) Olhando a equação (3.5.2) percebe-se que a equação original foi linearizada e assim pode-se usar o método dos Mínimos Quadrados para determinar o coeficiente ângular da equação, que será o fator exponencial . Com os valores de IC e definidos uma curva aproximada é traçada para rastrear os pontos do ensaio e caracterizar a amostra atráves da equação (2.3.7). A curva linearizada, equação (3.5.2), também é traçada junto para avaliar a dispersão dos pontos da reta no cálculo de . Por fim, são traçadas as curvas dos valores de IC e calculados com relação a cada posição de angulo, como na figura 3.5.2-1. Figura 3.5.2-1 - Gráficos exponencial e linear VxI normalizados 54 4 Resultados Com todos os dados de caracterização coletados, busca-se traçar as curvas VxI e as IC x θ e em seguida passa-se para o ajuste dos mesmos com base nos conceitos apresentados na sessão 2.4. Utilizando a função “varredura.m” (Apêncide 7.3) é possível encontrar os valores de , , e que melhor se aproximam da equação (2.5.1) em cada um dos modelos de fita. Em seguida uma análise é feita para comparação dos resultados. 4.1 Ensaio para as fitas da SuperOX As primeiras fitas 2G a serem caracterizadas foram dois modelos da fabricante SuperOx. Ambas as fitas de largura 4 mm usam substrato Hastalloy C-276. O primeiro modelo, #2014-03-C com camada estabilizadora de 1 μm de Ag, 20 μm de Cu e IC mínima de 120 A a 77 K. Já a segunda fita #2014-10-R foi um modelo igual ao primeiro com uma camada extra de 10 μm de Pb-Sn e sua e IC mínima, segundo fabricante, de 100 A a 77 K. 4.1.1 Sem Campo Magnético Nos primeiros ensaios sem campo magnético, como não há necessidade de qualquer variação de ângulo, apenas um gráfico VxI é feito. Para o modelo #2014-03-C, figura 4.1.1-1, o valor de n ficou em 26,26, o que indica que a caracterização ficou dentro da faixa de Flux Creep. No caso da = 135,69 A, um valor 15 A acima do informado pelo fabricante. Figura 4.1.1-1 – Gráficos exponencial e linear VxI normalizados para amostra de fita SuperOx#2014-03-C sem presença de campo magnético No modelo #2014-10-R, figura 4.1.1-2, o valor de n ficou na faixa de 25,05, dentro do Flux Creep como esperado. No caso da = 122,53 A, um valor 22 A acima do informado pelo fabricante. 55 Figura 4.1.1-2 – Gráficos exponencial e linear VxI normalizados para amostra de fita SuperOx#2014-10-R sem presença de campo magnético 4.1.2 Ensaio com Campos Magnéticos Para fita SuperOx#2014-03-C, os valores de campo foram ajustados para ficar em torno dos seguintes valores: 25, 50, 100, 200, 350, 550, 800 e 1100 mT. Em cada uma dessas intensidades as curvas V x I foram feitas e os valores de calculados pela rotina em Matlab para 19 posições de ângulo indo de 0 a 180°. Figura 4.1.2-1 - Gráfico das curvas para amostra de fita SuperOx#2014-03-C 56 Analisando o gráfico da figura 4.1.2 -1 observa-se que os valores de corrente crítica diminuem conforme o aumento da intensidade de campo aplicado. Também é importante notar que, para um mesmo campo, os valores de são mínimos quanto mais próximos da posição de 90°. Quanto mais intensa a componente de campo magnético normal ao plano da fita menor é o valor de . Outro ponto que vale ser ressaltado é a simetria par da curva em torno de 90°. Do modelo SuperOx#2014-03-C para o SuperOx#2014-10-R a única diferança de fato é no material da camada estabilizadora, sendo assim, esperava-se que a relação seguisse os mesmos formatos de curva. O gráfico da figura 4.1.2 - 2 confirma a suposição. Figura 4.1.2-2 – Gráfico das curvas para amostra de fita SuperOx#2014-10-R 4.1.3 Ajuste ao modelo para as fitas SuperOx Utilizando como sendo a razão entre e a área da sessão reta supercondutora na condição sem campos magnéticos, e obtendo-se as variáveis , , e na função varredura.m, obtém-se as figuras 4.1.3– 1 e 4.1.3 – 2, para os modelos SuperOx#2014-03-C e SuperOx#201410-R, respectivamente. Os pontos azuis são os dados experimentais e as curvas vermelhas a aproximação. 57 Figura 4.1.3-1 – Modelagem da fita SuperOx#2014-03-C Figura 4.1.3-2 – Modelagem da fita SuperOx#2014-10-R Visto que os valores de erro médio para ambas as fitas da SuperOx ficaram abaixo de 10%, conclui-se que o ajuste foi satisfatório. 58 4.2 Ensaios para fita da Super Power A terceira fita a ser caracterizada foi o modelo SCS4050-AP-I da empresa Super Power. Essa fita de 4 mm segundo informações do fabricante possui uma IC de 120 A e uma mínima de 80 A a 77 K. O código AP na identificação indica que esse modelo passou por um processo de “Advanced Pinning”. Isso indica que uma dopagem especial foi feita no material supercondutor da fita para aumetar a força de pinning na rede vórtices e assim otimizar a capacidade de transporte de corrente em condições de campos magnéticos elevados. 4.2.1 Sem Campo Magnético Nesse modelo SCS4050-AP-I, figura 4.2.1-1, o valor de n ficou na faixa de 17,15. No caso da = 110,199 A, um valor 10 A abaixo do informado pelo fabricante o que é aceitável lembrando que o mínimo informado seria 80 A. Vale ressaltar, dentro de um rolo de fita, devido a inomogeneidade do material cerâmico supercondutor, a pode variar até 20% do valor médio de 120 A. Figura 4.2.1-1 - Gráficos exponencial e linear VxI normalizados para amostra de fita SuperPower#SCS4050-AP-I sem presença de campo magnético 4.2.2 Ensaio com Campos Magnéticos Assim como se esperava, os valores de corrente crítica mantém uma relação inversamente proporcional com a intensidade de campo, figura 4.2.2-1. No entanto percebe-se que a relação de IC com θ difere do observado em ambos os modelos da SuperOx. Nas primeiras intensidades de campo (25, 50 e 100 mT) as curvas parecem tender para um formato próximo de uma senóide. No entanto, conforme se aumenta a intensidade de campo para valores mais significativos (200, 300 e 500 mT) os valores de IC tendem a ficar maiores para as 59 posições mais próximas de 90°. Diferente dos modelos anteriores, para campos acima de 300 mT quanto maior for a componente perpendicular de campo incidente com relação a superfície da fita maior o valor da corrente crítica. Esse fenômeno ocorre devido a um processo especial chamado advanced pinning realizado na camada supercondutora da fita durante sua fabricação. Essa dopagem diferenciada otimiza a estabilidade da rede de fluxóides nas posições em que a face da fita está mais próxima da ortogonalidade com relação ao campo. Com isso, apresentam-se os maiores valores de perto de 90° e, consequentemente, a distorção na simetria da curva. Figura 4.2.2-1 – Gráfico das curvas IC x θ para amostra de fita SuperPower#SCS4050-AP-I No caso desse modelo de fita não foi possível obter as curvas referentes as intensidades de campo 800 mT e 1100 mT. Os dados de caracterização para essas intensidades ficaram corrompidos devido alguma interferência externa não identificada. Mesmo assim, os dados obtidos foram o suficiente para se ter uma boa noção do comportamento da fita SuperPOwer SCS4050-AP-I com relação a sua posição em campos magnéticos. 4.2.3 Ajuste ao modelo para as fitas Super Power Para a fita da Super Power, devido as suas curvas assimétricas, foi necessário realizar uma média aritmética entre os valores de nas posições ângulares equidistantes da posição de 90°. Na figura 4.2.3–1 os pontos azuis são os dados experimentais e os pontos verdes traçejados, valores calulados pela média já mencionda. 60 Figura 4.2.3-1 – Curvas experimental antes e depois de realizar a média. Após realizar a média aritmética entre os valores de nas posições ângulares equidistantes de 90°, realiza-se o mesmo procedimento utilizado nas fitas SuperOX. Com isso obtém-se a modelagem ilustrada na figura 4.2.3 – 2. Figura 4.2.3-2 – Ajuste da fita SuperPower#SCS4050-AP-i 61 4.3 Ensaio para fita da SuNAM A quarta e última fita caracterizada foi da empresa SuNAM modelo SNC04200. Assim como a fita da SuperPower essa fita de 4 mm também possui uma camada estabilizadora de Cu e um isolamento de Kapton de fábrica. No entanto seu substrato de Hastalloy C-256 dá uma espessura final de 150 15 μm. Segundo dados do fabricante, esse modelo, mesmo sendo uma fita de 4 mm possui IC mínima de 200 A a 77K, podendo chegar a 220 A. 4.3.1 Sem Campo Magnético Nesse modelo SNC04200, figura 4.3.1-1, o valor de n ficou em 39,88, um valor mais elevado que os observados nos modelos da SuperOX e SuperPower. Um n mais elevado indica que esse modelo de fita nas condições sem campo possui uma transição mais rápida para o estado normal. A tensão no material sobe mais rapidamente quando os valores de correntes aplicados ficam próximo do valor crítico. No caso da corrente crítica = 204,015 A, um valor 4 A acima do mínimo esperado pelo fabricante. De fato, em condições sem campo esse valor nos leva a uma primeira impressão de que o modelo SCN04200 supera a capacidade de transporte de corrente com relação aos outros fabricantes analisados. Figura 4.3.1-1 – Gráficos exponencial e linear VxI normalizados para amostra de fita SuNAM#SCN04200 sem presença de campo magnético 62 4.3.2 Ensaio com Campos Magnéticos Com base nas curvas anteriores percebeu-se que as curvas mais significativas são obtidas a partir de 100 mT de campo. Sendo assim, os valores de campo foram ajustados para ficar em torno dos seguintes valores: 100, 200, 350, 550, 800 e 1100 mT, figura 4.3.2-1. Como já se havia visto os valores de corrente crítica mantém uma relação inversamente proporcional com a intensidade de campo e percebe-se que a relação de IC com θ é similiar aos modelos da SuperOX. Figura 4.3.2-1 - Gráfico das curvas IC x θ para amostra de fita SuNAM#SCN04200 É interessante notar que para os primeiros valores de campo 100 mT, 200, mT, 350 mT e 550 mT, os valores de corrente crítica continuam maiores que os dos outros fabricantes, mas conforme o campo chega em valores elevados de 800 mT e 1100 mT as curvas nos ângulos próximos a 90° tendem a valores bem similares. Ou seja, para altos valores de campo esse modelo SNC04200 chega a ter sua corrente crítica reduzida para 10% do valor mínimo, se comportando de forma similar aos modelos da SuperOx. 4.3.3 Ajuste ao modelo para a fita SuNAM Para a fita da SuNAM, modelo SCN04200 o ajuste obtido se encontra na figura 4.3.3 – 1. Esse foi o único modelo de fita cuja equação (2.5.1) não conseguiu ser aproximada com um erro menor que 10%. Deve-se ressaltar também que o fabricante não disponibiliza a espessura exata da camada supercondutora da fita de 4 mm, apenas dizendo que ela pode variar entre 1 a 3 μm, variando os valores de Ic entre 100 A e 200 A. Nesse caso, infere-se que a alta corrente crítica destas fitas, comparada às demais, esteja fortemente relacionada com a espessura da camada supercondutora do dobro ou mais do especificado 63 pelos demais fabricantes. Portanto, para os cálculos de Jc na amostra da SuNAM, foi utilizada uma camada supercondutora com uma espessura média de 2 μm. Figura 4.3.3-1 – Ajuste da fita SuNAM#SCN04200 4.4 Análise Comparativa 4.4.1 Comparação das Curvas Com todos os coeficientes de determinados é possível traçar os gráficos das superfícies de densidade de corrente para cada uma das fitas caracterizadas, como na figura 4.4.1-1. Com essa figura pode-se perceber novos detalhes sobre as características operacionais das fitas. Vale ressaltar que dos modelos da SuperOX, apenas a curva da 2014-03-C foi traçada, uma vez que ambos os modelos 2014-03-C e 2014-10-R possuem coeficientes , , e muito próximos (Tabela 4.4.1-1). Figura 4.4.1-1 – Curvas para os modelos de fita SuperOX, Super Power e SuNAM 64 Figura 4.4.1-2 – Curvas para os modelos de fita SuperOX, Super Power e SuNAM Primeiramente, nota-se que embora o modelo SCN04200 da SuNAM possua a corrente crítica de transporte mais elevada sua densidade de corrente crítica é a segunda menor entre as fitas testadas. No entanto, para valores de baixa densidade de campo (0 até 500 mT) o é o menos sensível as variações de campo. Mas para altos valores de campo os valores de são os menores dentre as três superfícies. As fitas da SuperOx possuem a maior densidade de corrente crítica na ausência de campo mas seu decaimento para pequenas intensidades é o mais acentuado. Já no caso da Super Power, a densidade não mostra um decaimento acentuado para valores de campo elevados (acima de 500 mT). É notável que para campos acima de 800 mT a fita da SuperPower chega nos valores de mais elevados. Uma forma mais direta de realizar essa análise de sensibilidade é traçando as curvas das derivadas parciais de , que podem ser visualizadas nas figuras 4.4.1-2, 4.4.1-3 e 4.4.1-4. Figura 4.4.1-3 – Curvas de para os modelos de fita SuperOX, Super Power e SuNAM 65 Figura 4.4.1-4 – Curvas de para os modelos de fita SuperOX, Super Power e SuNAM Como se pode notar, os maiores valores de derivada são alcançados pela curva da SuperOX e os menores na curva da SuNAM. A Super Power fica como intermediário entre os modelos. Figura 4.4.1-5 – Curvas de para os modelos de fita SuperOX, Super Power e SuNAM É interessante notar que os aspectos mais destoantes em cada fita, anteriormente mencionados, também podem ser previstos pelos seus parâmetros de calibração , ,e . Olhando a Tabela 4.4.1-1, percebe-se que o valor de para fita da SuNAM é extremanete elevado em comparação aos outros, isso gera pouca sensibilidade para valores pequenos de campo. Já no caso da Super Power, um indica que a parcela de campo paralelo tem grande influência e também desacelera o decaimento de para os altos valores de densidade de fluxo. 66 Tabela 4.4.1-1 – Parâmetros de ajuste de Fabricante (A/m2) para cada modelo de fita (mT) (%) SuperOx 3,37e10 80 0,43 0,76 8,869e-3 7,31 3,06e10 85 0.28 120 7,996e-3 7,45 2,75e10 42 0,9 0,45 4,999e-3 5,72% 2,80e10 400 0,59 2,03 2,499e-2 13,27% #2014-03-C SuperOx #2014-10-R SuperPower #SCS4050-AP-i SuNAM #SCN04200 Ao final dessa sessão de resultados pode-se averiguar a capacidade do novo sistema criado de realizar caracterizações de fitas 2G com variações de posição com relação a campos magnéticos de diferentes intensidades. Foi notável como cada modelo de fita possui uma curva própria que depende do processo de fabricação adotado. O modelo SCS4050 com advanced pinning ilustrou fortemente o aspecto anisotrópico causado pela dopagem especial. Já no modelo da SuNAM SCN04200, mesmo com sua sem campo, constatou-se que, para campos elevados (800 e 1100 mT), a ficou na mesma faixa que os modelos da SuperOx. Ou seja, o sistema se mostra confiável para revelar as peculiaridades operacionais de diferentes modelos de fitas, proporcionando conhecimento para projetos de engenharia e simulações. 67 5 Conclusões e Trabalhos Futuros Neste último capítulo serão feitas as considerações finais acerca do trabalho, desde as etapas iniciais até os resultados, bem como propostas de possíveis estudos para almejar novos projetos. Esse trabalho teve por objetivo dar continuidade aos estudos de caracterização de fitas supercondutoras de segunda geração na presença de campos magnéticos. O antigo sistema estava limitado a caracterizar fitas apenas na posição de 90° com relação ao campo, mas devido as carcterísticas anisotrópicas das fitas 2G desejava-se observar as propriedades elétricas em uma gama mais ampla de posições. Para isso foi necessário adaptar todos os sistemas desde a acomodação das amostras de fita até o software de caracterização. O desenvolvimento se deu em quatro etapas. A primeira foi projetar e construir um porta amostra capaz de acomodar as amostras para executar a medição de quatro pontas, dando estabilidade térmica e liberdade de giro para posicionamento. A segunda foi programar um sistema de posicionamento do porta amostra dentro do eletromagneto . A terceira foi juntar toda a lógica de posicionamento junto com o programa de caracterização para obtenção das curvas VxI. E por último, testar o sistema em algumas amostras de fitas de diferentes fabricantes e obter dados de caracterização. No final, todos os objetivos das etapas foram alcançados de forma satisfatória para esse trabalho. Certamente, para gerar resultados mais completos e consistentes muitos ajustes precisam ser feitos sem falar que há um gama muito maior de estudos possíveis com esse novo sistema. Como por exemplo: analisar o comportamento da componente exponencial n em relação ao campo magnético. Os resultados estão dentro do esperado e deram espaço para análises de extrema relevância citadas anteriormente na Sessão 4. A caracterização das fitas forneceu uma boa ideia do limite operacional viável para futuras aplicações práticas e mostrou diferença apreciável no valor de entre as fitas de diferentes fabricantes para diferentes condições de campo e posicionamento. Estas podem ser tanto devido ao próprio processo de fabricação do material supercondutor, como visto na fita da SuperPower SCS4050 com advanced pinning, quanto no material utilizado no substrato que gera degradação por contração e dilatação térmica. Nos ensaios para obtenção das curvas de VxI foi possível ultrapassar até 10x o valor do campo crítico durante a tomada de dados. Esse resultado só foi possível graças à estabilidade térmica do suporte de cobre desenvolvido. Isso gera expectativa para estudos futuros mais audaciosos em direção ao objetivo central de conseguir uma caracterização completa que capture com precisão junto de o fator exponencial e englobe não só a região de Flux Creep, mas também a Flux Flow. Em suma, este trabalho comprovou os conceitos mostrados na teoria e forneceu ao laboratório uma ferramenta capaz de gerar informações mais detalhadas sobre fitas supercondutoras. Sua continuidade em estudos futuros gerará resultados que poderão ser usados para melhorar a modelagem de Supercondutores. Modelos tais serão usados no projeto envolvendo novas aplicações de Fitas 2G, sem os quais, seria impossível prever os comportamentos não lineares desses materiais em variadas condições de operação. 68 6 Referências Bibliográficas [1] Sass, F., “Mancais Magnéticos Supercondutores Utilizando Fitas de Segunda Geração”, Dissertação de M.Sc., COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2011. [2] Sotelo, G. G., Proposta de um Mancal Magnético Supercondutor com Fita YBCO de Segunda Geração. Projeto Final para o grau de Engenheiro Eletricista, DEE/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2008. [3] Sass, F., Sotelo, G. G., Polasek, A., et al., “Application of 2G-Tape for Passive and Controlled Supercondctivity Levitation”, IEEE Transactions on Applied Superconductivity, 2010 [4] Batista de Sousa, W. 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[22] Zeng, B. et al. Anisotropic structure of the order parameter FeSe0.45Te0.55 revealed by angle-resolved specific heat. Nat. Commun. 1, 112 (2010). in [23] W. R. Runyan, “Semiconductor Measurements and Instrumentation”, McGraw-Hill, New York, 1975 [24] L. Rostila et al., “How to determine critical current density in YBCO tapes from voltage-current measurements at low magnetic fields,” Supercond.Sci. Technol., vol. 20, no. 12, pp. 1097–1100, Dec. 2007. [25] F. Sirois, D. R. Watson, W. Zhu, and J. R. Cave, “Development of a numerical method to determine the local E-J characteristics of anisotropic HTS from experimental V–I curves,” Adv. Cryogenic Eng., vol. 48B, pp. 1118–1125, 2002. [26] M. Zhang et al., “Study of second generation, high-temperature superconducting coils: Determination of critical current,” J. Appl. Phys., vol. 111, no. 8, pp. 083902-1–083902-8, Apr. 2012. [27] Francesco Grilli, Frédéric Sirois, Victor M.R. Zermeño, and Michal Vojen, “SelfConsistent Modeling of the Iof HTS Devices: How Accurate to Models Really Need to Be?” IEEE Transactions on Applied Superconductivity, vol. 24, n. 6, DECEMBER 2014 [28] CYSJ106C GaAs HALL-EFFECT ELEMENTS Datasheet, ChenYang Technologies GmbH & Co. KG [29] Fernandes, R. P., “Desenvolvimento de um Sistema de Mapeamento de Densidade de Fluxo Magnético”, Projeto Final para o grau de Engenheiro Eletricista, DEE/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2011. 70 7 Apêndices Nessa sessão são apresentados os códigos em matlab para a manipoulação dos dados experimentais obtidos. Todas as rotinas desde a extração dos dados do arquivo txto até a geração das cruvas e modelagem das superfícies 7.1 Rotina em Matlab para leitura do arquivo texto function [Ensaio]=leitura(doc) filename = [doc]; delimiter = '\t'; % For more information, see the TEXTSCAN documentation. formatSpec = '%s%s%s%*s%*s%*s%*s%*s%[^\n\r]'; %% Open the text file. fileID = fopen(filename,'r'); dataArray = textscan(fileID, formatSpec, 'Delimiter', delimiter, 'HeaderLines', 4); %% Close the text file. fclose(fileID); ind=[]; for i = 1:length(dataArray{1,1}) k = dataArray{1,1}; if ismember('N',cell2mat(k(i))) ind = [ind i]; end end N = i; ang = 0; o=0; Ensaio.angles = []; for i = [1 3:N] if ismember(i,ind) o=i; c = dataArray{1,1}(i); d = dataArray{1,2}(i); e = dataArray{1,3}(i); a = findstr(' ',cell2mat(dataArray{1,1}(i))); b = findstr(',',cell2mat(dataArray{1,1}(i))); c{1}(b) = '.' ; ang = str2num(c{1}(a+1:end-1)); a = findstr(':',cell2mat(dataArray{1,2}(i))); b = findstr(',',cell2mat(dataArray{1,2}(i))); d{1}(b) = '.' ; cmpper = str2num(d{1}(a+2:end)); a = findstr(':',cell2mat(dataArray{1,2}(i))); b = findstr(',',cell2mat(dataArray{1,2}(i))); e{1}(b) = '.' ; cmppar = str2num(e{1}(a+2:end)); Ensaio.angles = [Ensaio.angles ang]; eval(['Ensaio.a' num2str(ang) '.CampoPerp = cmpper;']); eval(['Ensaio.a' num2str(ang) '.CampoTang = cmppar;']); else 71 eval(['Ensaio.a' num2str(ang) '.values(i-o,1:2)= [str2num(cell2mat(dataArray{1,2}(i))) str2num(cell2mat(dataArray{1,3}(i)))];' ]); end end end 7.2 Rotina em Matlab para geração dos gráficos function [Dados]=leitura_VxI(ensaio) close all clc Lista_N = []; Lista_Ic = []; for i = 1:(length(ensaio.angles)) eval(['tabela = ensaio.a' num2str(ensaio.angles(i)) '.values ;']); %eval(['campo = ensaio.a' num2str(ensaio.angles(i)) '.CampoTang ;']); current=tabela(:,1); ddp=tabela(:,2); ddp_crit=4.5*10^-6; Vc=ddp_crit; current_crit=interp1(ddp,current,ddp_crit); Ic=current_crit; Lista_Ic = [Lista_Ic Ic]; Inorm=current./current_crit; Vnorm=ddp./ddp_crit; Ln_Inorm=log(Inorm); Ln_Vnorm=log(Vnorm); Ln_Inorm_filtro=[]; Ln_Vnorm_filtro=[]; for j=1:length(Ln_Inorm) if (Ln_Inorm(j)> -0.04 && Ln_Inorm(j)<0.15) Ln_Inorm_filtro = [Ln_Inorm_filtro Ln_Inorm(j)]; Ln_Vnorm_filtro = [Ln_Vnorm_filtro Ln_Vnorm(j)]; end end coef = polyfit(Ln_Inorm_filtro,Ln_Vnorm_filtro,1); N = coef(1); Lista_N = [Lista_N N]; % eval(['Log_VxI_' num2str(ensaio.angles(i)) '= figure;']); eval(['figure(Log_VxI_' num2str(ensaio.angles(i)) ');']); subplot(2,1,1); set(gca,'FontSize',14); set(gcf,'Color','white'); plot(Inorm,Vnorm,'o','MarkerSize',8,'LineWidth',2); hold on; plot(sort(Inorm),(sort(Inorm.^N)),'r-','LineWidth',2); hold off; grid on ; dim = [0.15 0.8 0.1 0.1]; str = {['I_c = ',num2str(Ic),' A'],['V_c = ',num2str(Vc),' V'],['N = ',num2str(N)]}; annotation('textbox',dim,'String',str,'BackgroundColor','white',' FontWeight','bold','FontSize',14); 72 ylhand = get(gca,'ylabel'); set(ylhand,'string','Tensão Normalizada (V/Vc)','fontsize',16); xlhand = get(gca,'xlabel'); set(xlhand,'string','Corrente Normalizada (I/Ic)','fontsize',16); subplot(2,1,2); set(gca,'FontSize',14); plot(Ln_Inorm_filtro,Ln_Vnorm_filtro,'o','MarkerSize',8,'LineWidt h',2); hold on; plot(sort(Ln_Inorm_filtro),(sort(Ln_Inorm_filtro.*N)),'r','LineWidth',2); hold off; grid on; ylhand = get(gca,'ylabel'); set(ylhand,'string','Log(V/Vc)','fontsize',16); xlhand = get(gca,'xlabel'); set(xlhand,'string','Log(I/Ic)','fontsize',16); %} end Nxtheta = figure; figure(Nxtheta); plot(ensaio.angles,Lista_N,'o-');set(gca,'FontSize',14); set(gcf,'Color','white'); grid on; hold on; ylhand = get(gca,'ylabel'); set(ylhand,'string','N','fontsize',16); xlhand = get(gca,'xlabel'); set(xlhand,'string','Angulos(°)','fontsize',16); %} Icxtheta = figure; figure(Icxtheta); plot(ensaio.angles,Lista_Ic,'o-');set(gca,'FontSize',14); set(gcf,'Color','white'); grid on; hold on; ylhand = get(gca,'ylabel'); set(ylhand,'string','Corrente Crítica (A)','fontsize',16); xlhand = get(gca,'xlabel'); set(xlhand,'string','Angulos(°)','fontsize',16); end 7.3 Rotina em Matlab para ajuste da curva function [Jc0,k,Bc,b,JxthetaxB,J_surf,Deriv_graph1,Deriv_graph2] = varredura(Dados) %Essa função recebe uma matrix 3xN com dados de Campo Perpendicular (mT), Campo Tangencial (mT) e Densidade de Corrente (A/m^2) e acha os valores de Jc0,k,Bc,b que melhor aproximam os dados para função z = Jc0./((1 +sqrt((k.*B_paral).^2 + (B_perp.^2))./Bc).^b) usando como critério o erro quadrático (erro1) e erro médio (erro2) close all clc Dados = Dados'; JxthetaxB = figure; J_surf = figure; %fechar todas as figuras %limpar a área de trabalho 73 Deriv_graph1 = figure; Deriv_graph2 = figure; Jc = Dados(:,3)./(0.004*1e-6); %Array de valores de J B_perp = Dados(:,1); %Array de valores de Campo perp. B_paral = Dados(:,2); %Array de valores de Campo paralelo figure(JxthetaxB); plot3(B_perp, B_paral, Jc,'o'); hold on; %plotando gráfico dos dados experimentais Jc01 = 134.69/(4e-3*1e-6); %Jc0 encontrada sem campo for Jc0=Jc01:Jc01*0.1:Jc01*1.1 %Varrendo valors para Jc0 for k=0.2:0.01:1 %Varrendo valores de k for Bc = 0:10:100 %Varrendo valores de Bc for b = 0:0.01:2 %Varrendo valores de b z = Jc0./((1 + sqrt((k.*B_paral).^2 + (B_perp.^2))./Bc).^b); erro1 = sum(((z - Jc)./Jc).^2)/length(z); erro2 = sum(abs((z - Jc)./Jc))/length(z); if (erro1 <= 0.009) c=Jc0; a=k; d=Bc; dev_Bparal = (1).*((a^2)*b*c.*B_paral).*(((sqrt((a.*B_paral).^2+B_perp.^2)+d)./d).^( -b-1))./(d.*sqrt((a.*B_paral).^2+B_perp.^2)); dev_Bperp = (1).*(b*c.*B_perp).*(((sqrt((a.*B_paral).^2+B_perp.^2)+d)./d).^(-b1))./(d.*sqrt((a.*B_paral).^2+B_perp.^2)); for i=0:((length(z)-1)/19)-1 %For criado para plotar as curvas aproximadas uma por uma figure(JxthetaxB); x=B_perp((1+19*i)+1:(19*(i+1))+1); y=B_paral((1+19*i)+1:(19*(i+1))+1); plot3(x,y,z((1+19*i)+1:(19*(i+1))+1),'.r-'); hold on; grid on; end set(gca,'FontSize',14); set(gcf,'Color','white'); dim = [0.6 0.7 0.1 0.1]; str = {['J_{c0} = ',num2str(Jc0,'%10.3e\n'),' A/m^2'],['B_c = ',num2str(Bc)],['b = ',num2str(b)],['k = ',num2str(k)], ... ['\epsilon = ',num2str(erro1,'%10.3e\n')],['\epsilon_{med} = ',num2str(erro2)]}; %preparando texto do textbox annotation('textbox',dim,'String',str,'BackgroundColor','white','FontW eight','bold','FontSize',14); xlhand = get(gca,'xlabel'); set(xlhand,'string','Campo Perpendicular (mT)','fontsize',16); ylhand = get(gca,'ylabel'); set(ylhand,'string','Campo Paralelo (mT)','fontsize',16); zlhand = get(gca,'zlabel'); set(zlhand,'string','Densidade de Corrente (A/m^2)','fontsize',16); view(45,20); %definido projeção azimutal do gráfico figure(Deriv_graph1); for i=0:((length(z)-1)/19)-1 x=B_perp((1+19*i)+1:(19*(i+1))+1); y=B_paral((1+19*i)+1:(19*(i+1))+1); plot3(x,y,dev_Bparal((1+19*i)+1:(19*(i+1))+1),'.r-');hold on; grid on; 74 end [X,Y]=meshgrid(0:20:1100,-1100:20:1100); dev_Bparal = (1).*((a^2)*b*c.*Y).*(((sqrt((a.*Y).^2+X.^2)+d)./d).^(-b1))./(d.*sqrt((a.*Y).^2+X.^2)); surf(X,Y,dev_Bparal); view(90,0); set(gca,'FontSize',14); set(gcf,'Color','white'); xlhand = get(gca,'xlabel'); set(xlhand,'string','Campo Perpendicular (mT)','fontsize',16); %definindo cooredenada X ylhand = get(gca,'ylabel'); set(ylhand,'string','Campo Paralelo (mT)','fontsize',16); %definindo coordenada Y zlhand = get(gca,'zlabel'); set(zlhand,'string','$$ \frac{\partial J_{c}}{\partial B_{\parallel}} $$','fontsize',16,'interpreter','latex') figure(J_surf); [X,Y]=meshgrid(0:20:1100,-1100:20:1100); Z = Jc0./((1 + sqrt((k.*Y).^2 + (X.^2))./Bc).^b); surf(X,Y,Z); xlhand = get(gca,'xlabel'); set(xlhand,'string','Campo Perpendicular (mT)','fontsize',16); ylhand = get(gca,'ylabel'); set(ylhand,'string','Campo Paralelo (mT)','fontsize',16); zlhand = get(gca,'zlabel'); set(zlhand,'string','Densidade de Corrente (A/m^2)','fontsize',16); %Definindo coordenada Z view(45,20); %definido projeção azimutal do gráfico figure(Deriv_graph2); for i=0:((length(z)-1)/19)-1 x=B_perp((1+19*i)+1:(19*(i+1))+1); y=B_paral((1+19*i)+1:(19*(i+1))+1);hold on; grid on; plot3(x,y,dev_Bperp((1+19*i)+1:(19*(i+1))+1),'.b'); end [X,Y]=meshgrid(0:20:1100,-1100:20:1100); dev_Bperp = (1).*(b*c.*X).*(((sqrt((a.*Y).^2+X.^2)+d)./d).^(-b1))./(d.*sqrt((a.*Y).^2+X.^2)); surf(X,Y,dev_Bperp); view(0,0); set(gca,'FontSize',14); set(gcf,'Color','white'); xlhand = get(gca,'xlabel'); set(xlhand,'string','Campo Perpendicular (mT)','fontsize',16); ylhand = get(gca,'ylabel'); set(ylhand,'string','Campo Paralelo (mT)','fontsize',16); zlhand = get(gca,'zlabel'); set(zlhand,'string','$$ \frac{\partial J_{c}}{\partial B_{\perp}} $$','fontsize',16,'interpreter','latex') return end end end end end end 75 8 Anexos 8.1 Datasheet da Fita Superpower 2G-HTS SCS4050 76 77 8.2 Instruções da Soldagem da Fita 78 8.3 Datasheet do Kapton 79 80 81 82 8.4 Informações Servo motor HX12K Servo: +Pulse Width Control 1500μsec Neutral Required Pulse: 3 - 5 Volt Peak to Peak Square Wave Tensão de operação: 4.8 - 7.2 Volts Faixa da Temperatura de Operação: -20 to +60 °C Velocidade de Operação (4.8V): 0.20sec/60 degrees at no load Velocidade de Operação (6.0V): 0.17sec/60 degrees at no load Torque (4.8V): 9,kg .cm Torque (6.0V): 11 kg .cm Angulo de Operação: 45 Deg. one side pulse traveling 400 μsec Direção de Rotação: Clockwise/Pulse Traveling 1500 to 1900 μsec Corrente Drenada (4.8V): 8.8 mA/idle and 350mA no load operating Corrente Drenada (6.0V): 9.1 mA/idle and 450mA no load operating Largura da Banda morta: 4 μsec Tipo de Motor: 3 Pole Ferrite Potênciometro: Indirect Drive Bearing Type: Dual Ball Bearing Tipo de Engrenagem: All Metal Gears Largura dos cabos conectores: 11.81" ( 300mm ) Dimensões: 1.5’’ x 0.77"x 1.48" (40.6 x 19.8 x 37.8mm ) Peso: 55.2 g 83 8.5 Informações G10 Vidro poliéster G10 é criado através de um processo de fabricação em que o poliéster é adicionado à fibra de vidro para alterar a elasticidade, flex, compressão, alongamento, dureza, gravidade específica, propriedades de moldagem e a expansão do vidro. O tipo de poliéster usado é termoplástico ou termofixo policondensado, que é normalmente comercializado como Valox ou Celanex. O poliéster de vidro produzido durante este processo é dividido em classes separadas com base nas características de desempenho. A figura 8-1 mostra uma fotográfia da placa G10 utilizada. N° do modelo G10/FR4/Epgc 201 Tipo Placa de Isolamento Química Isolamento Inorgânico Material Fibra de vidro Tensão máxima 20 KV 100KV Avaliação Térmica B 130 Certificação UL, ISO9001, SGS Figura 8 - 1 – Fotográfia da placa de fibra G10 Amplamente utilizado como o isolamento de partes estruturais em equipamentos elétricos & mecânicos, tais como geradores, motores, transformadores, placas terminais, placas de PC, arruelas, e muitos outro 84