Avaliação da Depressão de familiares de pacientes que estão em tratamento contra o câncer através do Inventário de Depressão de Beck. Carolina Beatriz Savegnago Martins, Dr. Nelson Silva Filho, Dra. Maria Laura Nogueira Pires, Campus de Assis, Faculdade de Ciências e Letras, Psicologia, [email protected]. Palavras Chave: Câncer, Família, Depressão. Introdução Segundo dados da Estimativa 2012: Incidência de Câncer no Brasil, produzida pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA) a cada dois anos, o Brasil terá cerca de 518.510 novos casos em 2012, significa que pouco mais de 500 mil pessoas serão diagnosticadas com a doença. Entre a descoberta da doença e “ao adentrar no ambiente hospitalar a família apresenta problemas emocionais decorrentes do próprio ambiente e sua dinâmica de trabalho, aliado ao fato de ter que conviver com a doença (...)” (Milanesi et al., 2006, p.770). O fato de cuidar requer que o cuidador disponha-se de um longo período de tempo para se dedicar ao familiar e, diante desse fato além de todo o desgaste físico e emocional, desencadeado pela situação, a depressão do cuidador pode ser um agravante. Simon (2000) define a depressão como “o resultado de continuadas soluções pouco ou pouquíssimo adequadas” (p.02). O autor define solução pouco adequada como “a resposta soluciona o problema, mas: a) é gratificante, porém conflitiva ou b) a resposta é pouco gratificante, mas não traz conflito” Quanto a resposta pouquíssimo adequada, refere-se “ a solução, além de não ser gratificante, é também conflitiva.” (p.02) Material e Métodos Instrumentos Utilizados: Questionário estruturado elaborado para o estudo com a finalidade de obter dados dos entrevistados, bem como avaliação da gravidade do diagnóstico e importância da religiosidade; e Inventário de Depressão de Beck. Resultados e Discussão Participaram do estudo 40 familiares acompanhantes, sendo 32 (80%) do sexo feminino e 8 (20%) do sexo masculino. Destes, 25 (62,5%) eram parentes consanguíneos (filhos, mães, netos, sobrinhas) e 37,5% eram parentes por afinidade (esposa/esposo, nora, cunhada) com média de idade de 42,85 (dp = 11.30; variando de 20 a 66 anos), sendo que 27 (67,5%) eram casados e 13 (32,5%) solteiros. Com relação à escolaridade, 17 (42,5%) disseram ter o ensino fundamental, 13 (32,5%) o ensino médio e 10 (25%) o ensino superior. Quanto a situação ocupacional dos sujeitos, 25 (62,5%) exerciam atividade remunerada, 15 (37,5%) não exerciam atividade remunerada. Quanto ao diagnóstico dos 37 pacientes obtidos através de 40 familiares, observou-se o câncer de XXIV Congresso de Iniciação Científica mama, em 6 (15,7%) casos, seguido de câncer de próstata e pulmão com 5 (13,1%) casos cada e intestino em 4 (10,5%) casos, câncer de útero 3 (7,8%) pacientes; os cânceres de estomago, fígado, bexiga e leucemia tiveram 2 (5,2%) casos cada e 7 (18,4%) outros tipos de câncer com 1 caso cada. Ao avaliarem a gravidade do diagnóstico, 47,5% consideram que não é grave ou pouco grave e 52,5% avaliaram como sendo muito ou extremamente grave. Quanto à importância da religião, 2,5% não consideram importante ou pouco importante e 97,5% consideram muito ou extremamente importante. A associação entre os dados sociodemográficos dos familiares e a presença ou não de depressão não foram significativas Conclusões O diagnóstico de câncer pode ocasionar nos familiares uma avaliação de alta gravidade quanto à doença.Entretanto, os cuidadores avaliam a religiosidade como sendo um aspecto extremamente importante neste momento de descoberta e tratamento do câncer. Os entrevistados apresentaram sinais de depressão e, reorganização na rotina e da dinâmica familiar para adaptação à nova realidade do paciente, independendo da idade, sexo, atividade remunerada, grau de parentesco, gravidade da doença e religiosidade, sugerindo o peso da realidade, a urgência da situação e a possível necessidade de apoio psicológico a este familiar. Agradecimentos Ao Dr. Nelson Silva Filho, pela dedicação e orientação do trabalho. À Dra. Maria Laura Nogueira Pires, pelas contribuições metodológicas. A todos os participantes entrevistados, sem eles não seria possível à conclusão do trabalho. ___________________ 1 ESTIMATIVA 2012: INCIDÊNCIA DE CÂNCER NO BRASIL/ Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva, Coordenação Geral de Ações Estratégicas, Coordenação de Prevenção e Vigilância – Rio de Janeiro: INCA, 2011, 118 p. 2 MILANESI, K; et al. Sofrimento psíquico da família de crianças hospitalizadas. Rev Bras Enferm,.2006, v.59, n.6, p. 769-74 ³ SIMON, R. Variedades de depressão e a teoria da adaptação considerações psicoterápicas. Apresentação aos e estagiários da Divisão de Psicologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, Centro de Convenções Rebouças, São Paulo, em 24-03-2000, 14 p.