UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS CARACTERIZAÇÃO ESTRUTURAL MULTIESCALAR DO TONALITO-GRANODIORITO UMBAÚBA, CACULÉ, BAHIA Por: Alex Moura Gomes Orientadora: Dra. Simone Cerqueira Pereira Cruz Salvador/Bahia 2007 UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS CARACTERIZAÇÃO ESTRUTURAL MULTIESCALAR DO TONALITO-GRANODIORITO UMBAÚBA, CACULÉ, BAHIA Alex Moura Gomes Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Geologia pela Universidade Federal da Bahia. Orientadora: Dra. Simone Cerqueira Pereira Cruz Salvador/Bahia 2007 Gomes, Moura Alex, Caracterização estrutural multiescalar do Tonalito-Granodiorito Umbaúba, Caculé, Bahia / Alex Moura Gomes _ Salvador, 2007. Orientadora: Dra. Simone Cerqueira Pereira Cruz. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado) – Graduação em Geologia. Instituto de Geociências. Universidade Federal da Bahia, 2007. UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS ALEX MOURA GOMES CARACTERIZAÇÃO ESTRUTURAL MULTIESCALAR DO TONALITO-GRANODIORITO UMBAÚBA, CACULÉ, BAHIA Trabalho de conclusão de curso aprovado como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Geologia, Universidade Federal da Bahia, pela seguinte banca examinadora: ______________________________________________________________ 1ª Examinadora – Dra. Simone Cerqueira Pereira Cruz – Orientadora Doutora em Geologia Estrutural e Tectônica Instituto de Geociências, UFBA. _____________________________________________________________ 2° Examinador – Dr. Luís Rogério Bastos Leal Doutor em Geologia Instituto de Geociências, UFBA. _____________________________________________________________ 3° Examinador – Bacharel José Carlos Cunha Geológo Companhia Baiana de Pesquisa Mineral. Salvador,____ julho de 2007. A D. Zélia, minha mãe, por estar sempre presente em todos os momentos da minha vida com a dedicação constante e Eric, meu filho, razão maior de toda minha luta. Simone, minha orientadora, pela dedicação exemplar para orientar e ensinar com a vontade de sempre. E meu amigos e colegas que de uma forma direta ou indireta contribuíram para este trabalho. AGRADECIMENTOS A Deus, por ter me dado forças para chegar aos meus objetivos. À Zélia Maria de Moura Gomes, minha mãe, por estar presente em todos os momentos de minha vida, nas horas de alegria, nas doenças, nas horas mais difíceis. Sem ela jamais teria conseguido. Foi meu alicerce em tudo, mas tudo mesmo. Eric, meu filho que me impulsionou a correr atrás do prejuízo, me trouxe alegria nas horas mais difíceis. Nando, meu irmão e amigo de todas as horas. Sempre esteve ali ajudando de alguma forma em toda essa jornada. Minha vó Ana queria que ela estivesse aqui para presenciar mais um degrau da minha vida. Uma segunda mãe pra mim. Que Deus a tenha, onde ela estiver. As minhas tias Célia e Júlia, sempre presente e incentivando e acreditando que eu conseguiria. À minha família toda, melhor família do mundo, tio Val, Dindão, tio Leco, tia Elza, tia Cida, tio Bebeto, tia Roge e todos os meus primos (são todos massa!!!!) , sempre me ajudaram de forma direta e indireta. À minha pró Simone, essa merece um agradecimento especial, foi forte e determinada na conquista de meus trabalhos. Foram várias noite perdidas, incentivando e passando seu conhecimento sem nenhuma restrição. Valeu Pró! Aos meus professores do Igeo, sempre dispostos a ensinar e passar seus conhecimentos, Johildo Barbosa, Haroldo Sá, Telesforo, Flávio, Marcão, Cícero, Joaquim Xavier, Luís Rogério, Professoras Lourdes e Ângela entre outros. Valeu! Aos meus amigos e colegas que de uma forma direta ou indireta ajudaram para a realização desta jornada da minha vida, Thupea, Dani, Débora, Peithola, Lú (Andalusandra), Truculência (vulgo Cristiano), Tiago Morro, Marcel, Decrépto, Niemayer Pivete, Gnomo, Liba (companheiro de todos os campos), velho Pit, Barbarina, Rejane, Bruno, Thelo boca de visgo e mais uma galera que esteve presente. Mil desculpas aos que não veio a mente. Obrigado! RESUMO O granitóide Umbaúba localiza-se no Bloco Gavião, porção central do Cráton do São Francisco, no Estado da Bahia. Este trabalho tem como objetivo a análise estrutural multiescalar de um expressivo corpo granitóide localizado na porção sudoeste do Bloco Gavião, entre as cidades de Ibitira e Caculé, denominado de Granitóide Umbaúba. Para atingir o objetivo proposto, foi selecionada uma área de 180 Km² onde foram realizados levantamento bibliográfico, fotointerpretação, levantamentos de campo e petrologia estrutural. Duas tectonofácies foram identificadas no granitóide Umbaúba, denominada de granitóide Umbaúba foliado e granitóide Umbaúba gnaissificado. A diferença entre elas é a intensidade de deformação. A primeira, pode ser caracterizado como rocha protomilonítica e a segunda varia entre termos miloníticos e ultramiloníticos. Texturas sugerem a presença de um fluido hidrotermal em condições pós-magmáticas,/pósgnaissifcação. A foliação impressa nessas rochas sugere uma evolução continua da trama desde condições magmáticas até o estado sólido, com desenvolvimento de feições de deformação e recristalização sin-colocação do plúton. O conjunto de estruturas deformacionais sugere campo de tensão principal segundo SSE-NNW, em regime transpressional sinistral A distribuição dos elementos da trama sugerem que a deformação do granitóide umbaúba ocorreu em condições sin-colocação magmática, tendo a sua evolução ligada à presença de zonas de cisalhamento sinistrais, de âmbito regional. 1 – INTRODUÇÃO 1 1.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS 1 1.2. CONTEXTUALIZAÇÃO E APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA 2 1.3. OBJETIVOS 3 1.4. ÁREA SELECIONADA PARA ESTUDO 3 1.5. JUSTIFICATIVA 4 1.6. METÓDOLOGIA DE TRABALHO 5 1.6.1. Atualização do acervo bibliográfico 5 1.6.2. Trabalhos de sensoriamento remoto 5 1.6.3. Trabalhos de Campo 5 1.6.4. Estudo Petrográfico/Microestrutural 5 1.6.5. Tratamento de dados estruturais 6 2 – CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL 7 2.1. INTRODUÇÃO 7 2.2. UNIDADES LITOESTRATIGRÁFICAS 8 2.2.1. Embasamento 8 2.2.2. As Rochas plutônicas arqueanas e paleoproterozóicas do Bloco Gavião. 11 2.2.3. O Complexo Lagoa Real 12 2.2.4. O Supergrupo Espinhaço 12 2.2.5. Intrusivas Básicas 14 2.2.6. O Supergrupo São Francisco 15 2.3. ARCABOUÇO ESTRUTURAL 15 3 – EVOLUÇAO ESTRUTURAL DE DOMOS MAGMÁTICOS E SUA RELAÇÃO COM AS ENCAIXANTES 20 3.1. CAMPOS DE DEFORMAÇÃO NOS DOMOS MAGMÁTICOS 3.2. MICROESTRUTURAS RELACIONADAS AO FLUXO 20 MAGMÁTICO SUBMAGMÁTICO 22 3.2.1. Evidências de fluxo magmático 23 3.2.2. Evidências de fluxo submagmático 23 3.2.3. Evidências de deformação no estado sólido 24 E 4 – CARACTERIZAÇÃO E ANÁLISE ESTRUTURAL MULTIESCALAR DO TONALITOGRANODIORITO UMBAÚBA 25 4.1. INTRODUÇÃO 25 4.2. DESCRIÇÃO DAS TECTONOFÁCIES 25 4.2.1. Tectonofácies 1: Granitóide Umbaúba foliado 27 4.2.2. Tectonofácies 2: Granitóide Umbaúba Gnaissificado 38 4.3. ASPECTOS ESTRUTURAIS MULTIESCALARES ASSOCIADOS COM DEFORMAÇÃO DO TONALITO-GRANODIORITO UMBAUBA 41 4.4 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 48 5 – CONCLUSÕES 52 6 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 53 A LISTA DE FIGURAS Figura 1.1 – Cráton do São Francisco. Figura 1.2 – Mapa de Localização da área de estudo. Figura 2.1 – Principais unidades tectônica do Cráton do São Francisco. Figura 2.2 - Mapa geológico/estrutural da área de entorno da área pesquisada. Figura 2.3 – Reconstituição das colisões paleoproterozóicas no Estado da Bahia. Figura 2.4 – Modelo de evolução tectônica do Bloco Gavião no arqueano. Figura 3.1 – Campos de deformação em plutons. Figura 3.2 – Mapa de trajetória das superfícies de achatamento. Figura 3.3 – Distribuição na deformação nas rochas encaixantes. Figura 3.4 - Posição provável de cavalgamentos induzidos durante a evolução de domos magmáticos. Figura 4.1- Mapa geológico-estrutural do Complexo Umbaúba na área cartografada Figura 4.2 – Classificação Modal das rochas do Complexo Umbaúba Figura 4.3 – Diagrama estereográfico Figura 4.4 – Diagrama estereográfico Figura 4.5 – Diagrama estereográfico Figura 4.6 – Conjunto de estrutras levantadas no campo Figura 4.7 – Conjunto de estrutras levantadas no campo Figura 4.8 – Modelo de evolução deformacional Figura 4.9 – Corelação com campo de tensão a zona de cisalhamento IguatemiMocambo LISTA DE TABELAS Tabela 2.1 – Dados geocronológicos das rochas intrusivas no Bloco Gavião Tabela 2.2 – Síntese dos dados geocronológicos das rochas arqueanas e paleoproterozóicas do Bloco Gavião Tabela 4.1 – Analise petrográfica do granitóide Umbùba Tabela 4.1 – Analise petrográfica do granitóide Umbaúba Gnaissificado LISTA DE FOTOS Foto 4.1 – Granitóide Umbaúba vista geral do afloramento Foto 4.2 – Granitóide Umbaúba Detalhe . Foto 4.3 – Enclave no Granitóide Umbaúba. Foto 4.4 – Umbaúba gnaissificado apresentando bandamento composicional S1 paralelo à foliação magmática S0 Foto 4.5 – Granitóide Umbaúba, detalhe das biotitas estirada Foto 4.6 – Foliação magmática S1//S0 no Granitóide Umbaúba. Notar presença de dobras intrafoliais e de dique tardio à foliação Foto 4.7 – Boudin em Umbaúba gnaissificado . LISTA DE MICROGRAFIAS Fotomicrografia 4.1 – Aspectos da trama gnáissica no granitóide Umbaúba. Fotomicrografia 4.2 – Textura mimerquítica, ígnea Fotomicrografia 4.3 – Porfiroclasto de microclina em textura núcleo-manto Fotomicrografia 4.4 - Porfiroclato de plagioclásio em textura núcleo-manto Fotomicrografia 4.5 – Textura lepidoblática marcada pela biotita castanha Fotomicrografia 4.6 – Porfiroclasto de plagioclásio no granitóide Umbauba Fotomicrografia 4.7 – Grãos recristalizados de plagiolcásio Fotomicrografia 4.8 – Porfiroclatos de microclina Fotomicrografia 4.9 – Grãos poligonais recristalizados de microclina. Fotomicrografia 4.10 – Subgrãos de quartzo Fotomicrografia 4.11 – Cristal de zircão incluso em biotita . Fotomicrografia 4.13 – Textura sugerindo crescimento da mica branca a apartir da biotita. Fotomicrografia 4.14 – Textura sugerindo reação envolvendo epidoto (ep) e plagioclásio (pl). Fotomicrografia 4.15 – Textura poiquilítica envolvendo crescimento do epidoto a partir de alanita Fotomicrografia 4.16 – Mosaico mostrando trama milonítica (estado sólido) no granitóide de umbaúba. Fotomicrografia 4.17 – Mosaico mostrando trama ultramilonítica (estado sólido) no granitóide de umbaúba INTRODUÇÃO 1.1. CONSIDERAÇÕES INICICIAIS O Cráton do São Francisco (Figura 1.1) apresenta uma evolução polihistórica marcada por eventos tectônicos desde ao Arqueano ao Neoproterozóico (Martin et al. 1991, Nutman & Cordani 1993, Bastos-Leal et al. 1996,1998. Santos Pinto 1996, Barbosa & Sabaté et al 2002). Neste contexto, rochas ígneas, metamórficas e sedimentares, com assinaturas petrológica e geoquímica diversas, além de um conjunto de estruturas deformacionais, delineiam um cenário de história evolutiva complexa. Três blocos regionais foram delimitados na porção baiana deste cráton, o Bloco do Gavião, a oeste, e os blocos de Serrinha e Jequié, a leste. FAIXA RIACHO DO PONTAL FAIXA RIO PRETO BS CD BJ CRÁTON DO SÃO FRANCISCO FAIXA BRASÍLIA BG Salvado ORÓGENO ARAÇUAÍ OCEANO ATLÂNTICO BSF 0 COBERTURA S 200km N COBERTURAS PROTEROZÓI CINTURÕE S EMBASAMENTO (>1,8 Figura 1.1 – O Cráton do São Francisco e principais blocos arqueano-paleoproterozóico no estado da Bahia. Em verde, a localização da área de trabalho. BJ- Bloco Jequié, BG- Bloco Gavião, BS – Bloco Serrinha. Fonte: Cruz (2004). 1 Segundo Barbosa & Sabaté (2002), o Bloco do Gavião, juntamente com os blocos Jequié e Serrinha, particpou das colisões que estruturam o Orógeno Salvador-Curaçá. A história evolutiva do Bloco Gavião avança no Paleoproterozóico com a instalação do Aulacógeno do Espinhaço (Moutinho da Costa & Inda 1982) e sua posterior inversão tectônica no Neoproterozóico (Cruz & Alkmim 2006). Apesar da magnitude da deformação associada com eventos distensionais do Paleoproterozóico e compressionais do Neoproterozóico, no Bloco Gavião ainda podem ser encontrados domínios em que rochas e estruturas mais antigas que 1.8 Ga ainda encontram-se fortemente preservadas. A monografia objeto desse projeto pretende realizar a análise estrutural multiescalar de um corpo de granitóide que se encontra muito bem exposto na região entre as cidades de Ibitira e Caculé e que representa um importante laboratório para recuperar as rochas e estruturas anteriores à instalação do Aulacógeno do Espinhaço. Tal corpo foi recentemente definido pelos alunos de GEO-063 (Estágio de Campo IV – Instituto de Geociências da UFBA). Entretanto, a análise estrutural em variadas escalas é algo inédito para esse corpo e, por conseguinte, para essa porção do Bloco Gavião. 1.2. CONTEXTUALIZAÇÃO E APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA O Cráton do São Francisco apresenta uma unidade continental estabilizada no Paleoproterozóico e que foi poupada das deformações durante o Brasiliano (Almeida 1977). Em seu contexto, podem ser encontradas rochas de idades arquenas e paleoproterozóicas, de natureza granítico-granodioríticatonalítica, gnaissificadas ou não, que estão distribuídas nos Blocos Gavião, Serrinha e Jequié, e unidades mais jovens, agrupadas nos supergrupos Espinhaço e São Francisco. Em especial no Bloco Gavião, uma série de granitóides de idades arqueana e paleoproterozóica foram datados e estudados do ponto de vista geoquímico por Bastos-Leal et al. (1996, 1997, 1998) e Bastos Leal (1998). 2 O mapeamento da porção sudoeste da folha Caetité (Escala 1:100.000) pelos alunos da disciplina (Estágio de Campo IV – Instituto de Geociências da UFBA) mostrou a existência de um granitóide com rico acervo de estruturas ainda pouco estudadas. Diante do exposto, surgem as seguintes questões: quais as características macro-meso e microestrutural do granitóide Umbaúba? Quais as características da foliação nele fortemente impressa? Qual a relação entre a foliação observada e a evolução da zona de cisalhamento IbiassucêIguatemi-Mocambo? Responder a essas questões é de suma importância para o entendimento dos eventos magmáticos que levaram a consolidação do Bloco Gavião. 1.3. OBJETIVOS O objetivo geral da presente monografia é a realização de estudos de natureza estrutural multiescalar no Tonalito-Granodiorito de Umbaúba cartografado, na porção sudoeste da Folha Caetité (Escala 1:100.000) com vistas a elucidação dos contexto de colocação desse corpo. a) contribuir para o estudo da evolução do substrato do embasamento do Estado da Bahia. b) proceder estudos estrutural e microestrutural clássicos, com vistas a caracterizar a foliação presente e caracterizar as tramas magmáticas e deformacionais. c) entender o contexto cinemático das estruturas identificadas. 1.4. ÁREA SELECIONADA PARA ESTUDO Para proceder ao estudo ora proposto selecionou-se uma área de, aproximadamente, 180 km2 entre as cidades de Ibitira e Caculé (Figura 1.2). 3 Figura 1.2 – Localização da área de trabalho. Modificado de Cruz (2004). 1.5. JUSTIFICATIVA O estudo dos eventos tectônicos Arqueano e Paleoproterozóico no Bloco do Gavião ainda é matéria de controvérsias. A tectônica arqueana ainda não é bem entendida e a paleoproterozóica é objeto de discussões entre pesquisadores, tais como Arcanjo et al. (2000) e Barbosa & Sabaté (2002), dentre outros. Bastos-Leal (1988) publicou uma série de idade Pb/Pb de granitóides paleoproterozóicos, entretanto, essas rochas ainda não foram estudadas do ponto de vista petrológico. Recentemente, o mapeamento da porção SE Folha Caetité (Escala 1:100.000) pelos alunos da disciplina Geologia de Campo IV (Geo 063) demonstrou a existência de um granitóide com um rico acervo de estruturas, cujo estudo pode levar ao entendimento de aspectos cinemáticos associados a 4 sua colocação e/ou deformação posterior ao seu alojamento na crosta. A realização do presente trabalho irá contribuir para o entendimento da evolução tectônica do Bloco Gavião, com vistas a verificar o contexto de colocação magmático e deformação de corpos granitóides lá presentes. 1.6.MÉTODO DE TRABALHO Para atingir os objetivos colimados nesse projeto, foram realizadas as seguintes atividades. 1.6.1.Atualização do acervo bibliográfico Inicialmente, foram levantadas as publicações científicas que contemplem a área de trabalho, tais como resumos de congressos, artigos e projetos de pesquisa. 1.6.2. Sensoriamento Remoto O sensoriamento remoto foi utilizado na cartografia geológica 1.6.3. Trabalhos de Campo Os trabalhos de campo totalizaram 13 dias efetivos de campo, durante os quais realizou-se a cartografia das unidades presentes na área de estudo, o levantamento do arcabouço estrutural e a coleta de amostras para petrologia e geoquímica. A figura 1.3 apresenta os pontos visitados e aqueles que foram incorporados a partir dos trabalhos dos alunos da disciplina Geo (063 – Geologia de campo IV). 1.6.4. Estudo Petrográfico/Microestrutural Durante os trabalhos foram estudadas XX seções delgadas visando o estudo dos aspectos petrológicos, clássicos e microestruturais, assim como para o estudo do metamorfismo associado com o corpo. 1.6.5.Tratamento de dados Estruturais 5 Os dados estruturais coletados em campo foram lançados em tabelas do programa EXCELL e transferidos para planilhas com formato TXT. Em seguida, foi utilizado o programa STEREONET (versão 3.2 for Windows) para a construção de digramas estereográficos e diagramas de roseta contemplando os atributos estruturais coletados em campo. 6 CONTEXTUALIZAÇAO REGIONAL 2.1. INTRODUÇÃO O Bloco Gavião representa o seguimento crustal mais antigo do Cráton do São Francisco (Barbosa & Sabaté 2002) (Figura 2.1). É constituído por unidades de idades desde arquena a paleoproterozóica (Inda & Barbosa 1978, Bastos-Leal et al. 1998, Silva & Cunha 1999, Arcanjo et al. 2000) e recoberto por unidades de idades paleo e neoproterozóicas (Cordani et al. 1992, Misi & Veizer 1996). A variedade do arcabouço litológico, assim como a complexidade do seu arcabouço estrutural, denota uma história evolutiva complexa que tem sido alvo de pesquisa ao longo dos últimos anos. Fig. 2.1 – Figura esquemática mostrando as principais unidades tectônicas do Cráton do São Francisco. 1. embasamento arqueano/paleoproterozóico com sequências Greenstone Belts (preto), 2. unidades mesoproterozóicas, 3. unidades neoproterozóicas, 4. coberturas fanerozóicas, 5. limite do Craton, 6. Cinturão de dobramentos brasilianos, GB. Bloco Gavião, JB. Bloco Jequié, SB. Bloco Serrinha, ISCB. Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá Belt. O quadrado representa o orógeno paleoproterozóico no estado da Bahia. Fonte: Barbosa & Sabaté (2002). 7 2.2. UNIDADES LITOESTRATIGRÁFICAS A área de estudo desse trabalho apresenta-se na porção sudeste do Bloco Gavião (Figura 2.2), onde predominam rochas de natureza TonalíticoTrondjemítico-Granítica, de idade arquena e paleoproterozóicas (Bastos-Leal et al. 1998), além de sienitos e gnaisses deles derivados que estão agrupados no Complexo Lagoa Real (Costa et al. 1985), também de idade Paleoproterozóica (Pimentel et al. 1994). As unidades do Bloco Gavião serviram como substrato de bacias que se sucederam do Paleo ao Neoproterozóico (Dandefer Fº 1990 e Danderfer Fº 2000) e que compõem o rifte Espinhaço (sensu Moutinho da Costa & Inda 1982) e o Aulacógeno do Paramirim, segundo Pedrosa-Soares et al. (2000). Nesse capítulo serão descritas as unidades que encerram o cenário regional, sendo dada ênfase às rochas do embasamento mais antigo que 1.8 Ga. 2.2.1. O Embasamento O embasamento do Bloco Gavião é constituído, essencialmente, por rochas de composição granítica, granodiorítica migmatizadas ou não (Moraes et al. 1980 e Bastos Leal 1998, dentre outros) e por sequências vulcanossedimentares tipo Greenstone Belts arqueanos/paleoproterozóicos (Mascarenhas 1973, Barbosa & Sabaté 2002). E um conjunto de plútons de idades variando de 3.4 a 1.9 Ga (Cunha et al. 1994 a; Bastos Leal et al. 1998) compõe o cenário litológico. O substrato granítico-gnaíssico-migmatítico arqueano do Bloco Gavião corresponde a terrenos de médio grau metamórfico, cuja composição é de natureza tonalítica, trondhjemítica, granodiorítica (TTG) e granítica (Barbosa e Dominguez 1996, 1996; Bastos-Leal et al. 1997 e Barbosa et al 2001). Resultados geocronológicos produzidos para rochas do Bloco Gavião revelaram grupos de rochas TTG’s, metamorfisadas em fácies anfibolito e relacionados a uma crosta continental primitiva (primeiro evento plutônico) representado pelos maciços de Sete Voltas, Boa Vista/Mata Verde e o tonalito Bernarda (Martin et al. 1991; Nutman & Cordani 1993; Santos Pinto et al. 1996; Bastos Leal et al. 1996) com idades variando entre 3.2 a 3.4 Ga (Bastos Leal et al. 1996). 8 Figura 2.2- Mapa geológico/estrutural apresentando a área de trabalho. ZCBC- Zona de cisalhamento Brumado-Caetité; ZCI-Zona de ciasalhamento Ibiassucê-Iguatemi-Mocambo; ZTI- Zona de transferência de Itanajé, ES- Espinhaço Setentrional, CD- Chapada Diamantina, SRP- Saliência do Rio Pardo (Faixa Araçuaí), SG- Serra Geral, BG- Bloco Gavião, BJ- Bloco Jequié. O limite do Corredor do Paramirim está demarcado pela linha tracejada. Extraído de Cruz & Alkmim (2004). Um segundo evento plutônico está representado pelos granitóides de Serra do Eixo, Mariana e Piripá com idades variando entre 3.1 a 3.2 Ga (Martin et al. 1991, Marinho 1991, Santos-Pinto 1996, Cunha et al. 1996, Bastos Leal 1998). O terceiro evento plutônico está representado pelos maciços de Serra 9 dos Pombos e Malhada de Pedras (Marinho et al. 1991, Bastos Leal et al. 1997) com idades de cristalização (Rb/Sr e Pb/Pb em rocha total) em torno de 2,8 Ga. As seqüências vulcanossedimentares representam testemunhos de Greenstone Belts arqueanos/paleoproterozóicos, com características litológicas e estatigráficas distintas (Mascarenhas 1973). No Bloco Gavião as faixas mais expressivas foram caracterizadas individualmente com as denominações de Greenstone Belt Umburanas (Cunha & Fróes 1994), Ibitira-Ubiraçaba, Brumado e Guajeru (Cunha et al., 1996), Boquira (Carvalho 1982) e Licínio de Almeida (Souza et al. 1990). A área de trabalho está inserida no domínio do greenstone belt IbitiraUbiraçaba (Cunha et al. 1994) que representa uma feição orientada, em geral, segundo NNE a NNW, com inflexões para ENE/WSW. É formado por um conjunto de meta-vulcânicas máficas, ultramáficas e félsicas, anfibolitos, clorita xistos, metagabros, serpentinitos, tremolitos ortoderivados, metaultrabásicas, além de metassedimentos químicos/vulcanoquímicos diversos, como BIF’s, formações manganesíferas, rochas calssilicáticas, cherts, mármores, filitos e xistos (Moraes et al. 1980). Milonitos quartzo feldspáticos gerados a partir de vulcânicas félsicas, quartzitos bandados e quartzitos ricos em minerais calcossilicaticas também estão presentes. Anteriormente, esta área estava inserida no Greenstone Belt Brumado-Urandi (Moraes et al,1980). Para este autor, as metavulcânicas máficas anteriormente citadas foram formadas por magma toleítico, ao passo que as metaultramáficas seria de provável natureza komatiítica e além disso, as metavulcânicas félsicas foram geradas a partir de um magma calcioalcalino. Rochas graníticas peraluminosas, de idade Paleoproterozóica, intrusivas nas rochas TTG’s arqueana e nas seqüências vulcanossedimentares arqueanas/paleoproterozóica, no Bloco Gavião, têm sido reconhecidas por diversos autores, podendo ser citados, no Bloco Gavião, os trabalhos de Bastos-Leal (1998) e Bastos-Leal et al. (1998). Trata-se de granitóides cuja composição varia desde tonalitos a álcali-granitos, que encontram-se, por vezes, foliados, principalmente em regiões atravessados por corredores de cisalhamentos (Bastos Leal et al. 1998). Estão representados pelos maciços de Serra da Franga, Umburanas, Rio do Paulo, Iguatemi, Caculé, Espiro Santo, 10 dentre outros (Bastos Leal & Teixeira 1996; Cunha et al. 1996; Bastos Leal 1998). Dados geocronológicos Rb/Sr (rocha total) e Pb/Pb (zircão) revelam idades de cristalização variando entre 1,85 e 2,05 Ga (Bastos Leal & Teixeira 1996, Bastos Leal et al. 1997). 2.2.2 As rochas plutônicas arqueanas e paleoproterozóicas do Bloco Gavião No Bloco Gavião ocorrem rochas gnáissicas de idades arqueana e paleoproterozóicas que foram estudadas por Bastos Leal et. al. (1998), podendo ser citados os granitóides (tonalíticos, graníticos e granodiorítico), arqueanos, denominados de Lagoa da Macambira e Malhada de Pedras e granitóides (granitos, granodioritos e monzogranitos) paleoproterozóicos, denominados de Caculé, Espírito Santo, Iguatemi e Rio do Paulo. As rochas arquenas, segundo aquele autor, apresentam formas ovais, com coloração cinza claro a rósea, granulometria fina a média, foliado e por vezes lineados quando afetados por zonas de cisalhamento regionais. É comum a presença de enclaves de rochas máficas. Quanto à geoquímica, as rochas arqueanas são de natureza cácioalcalina de baixo a médio potássio (Lagoa da Macambira) e médio a alto potássio (Malhada de Pedras). Tais granitóides foram comparados geoquimicamente por Bastos Leal (1998) com terrenos gnáissicos migmatíticos do Bloco Gavião. Segundo este autor, o granitóide de Lagoa da Macambira possui um padrão composicional similar aos ortognaisses cinzas (TTG), arqueanos, onde o processo de migmatização se mostra ainda incipiente, enquanto que o granitóide de Malhada de Pedras possui algumas semelhanças com os terrenos denominados de granito-gnaisses, estes de composição mais potássica. Por outro lado, para as rochas paleoproterozóicas, Bastos Leal (1998), separou dois grupos de rochas baseado nas semelhanças geológicas e petrográficas. Um primeiro grupo, representado pelos maciços de Caculé e Rio do Paulo, são caracterizados por granitos a biotita e anfibólio, que possuem xenólitos de rochas máficas e apresentam uma forte foliação de cisalhamento. Um segundo grupo, representados pelos maciços de Espírito Santo e Iguatemi, encontram-se levemente foliados e possuem a biotita e muscovita como 11 minerais acessórios. De acordo com aquele autor, são encontrados xenólitos de rochas TTG imersas nessas rochas. Em relação à composição modal no diagrama QAP, tais granitóides se posicionam no campo dos granodioritos a monzogranitos. A tabela 2.1 apresenta uma síntese das datações geocronológicas realizadas na área por diversos autores e compiladas por Bastos-Leal (1988) de rochas intrusivas no Bloco Gavião. Bastos Leal (1998), por sua vez, em sua tese de Doutorado apresentou um conjunto de dados geocronológicos. A tabela 2.2 apresenta uma síntese desses resultados. 2.2.3. O Complexo Lagoa Real Ocorre entre as cidades de Paramirim e Caculé e engloba o Granito São Timóteo (Costa et al. 1985) É constituído por meta-granitóides com idade de colocação em torno de 1.7 Ga (Pimentel et al. 1994) e um conjunto de granitóides milonitizados em graus variados gerados no curso de uma deformação compressional (Cruz 2004) de idade brasiliana (Cruz & Alkmim 2006). Corpos de albititos mineralizados em urânio também ocorrem encaixados concordantemente nas rochas gnáissicas da Suíte lagoa Real. Os resultados de datações utilizando variados métodos geocronológicos produzidos por diversos autores, como compilado por Basto-Leal (1998), sugerem que entre 1.8 e 1.7 Ga houve a intrusão do Granito São Timóteo. Em torno de 500 Ma (Pimentel et al. 1994), teria ocorrido rehomogeneização isotópica durante o Brasiliano. 2.2.4. O Supergrupo Espinhaço É constituído por um conjunto de sedimentos terrígenos com contribuições de vulcânicas ácidas que ocupam a serra do Espinhaço Setentrional e a Chapada Diamantina (Pedreira 1994). Na porção norte da sua área de ocorrência, concordantemente os sobre sedimentos as rochas desse do supergrupo repousam embasamento arqueano- paleoproterozóico e, na medida em que se avança para sul o seu contato com as rochas do embasamento e do Complexo Lagoa Real passa a ser de natureza deformacional (Cruz 2004). 12 Tabela 2.1-Dados geocronológicos da rochas intrusivas do Bloco Gavião. A tabela foi extraída de Basto-Leal (1998). Rocha Idade Granitóide Método Sete Entre 3.4 e 3.1 Ga U/Pb e Pb/Pb (zircão) Rb/Sr (RT) Pb/Pb(RT), Boa Entre 3.3 e 3.4 Ga U/Pb e Pb/Pb (zircão) Rb/Sr (RT) Pb/Pb(RT),) Tonalitos de Bernarda Entre 2.7 e 3.3 Ga U/Pb e Pb/Pb (zircão) Rb/Sr (RT) Granitóides Entre 0.5 e 3.2 Ga U/Pb e Pb/Pb (zircão) Rb/Sr (RT) Gnaisses de Piripá Entre 2.0 e 3.2 U/Pb e Pb/Pb (zircão) Rb/Sr (RT) Granitóides Lagoa do Entre 2.8 e 3.2 U/Pb e Pb/Pb (zircão) Rb/Sr (RT) Pb/Pb(RT), 3.1 Ga U/Pb e Pb/Pb (zircão) Rb/Sr (RT) 2.8 Ga Rb/Sr(RT) e Pb/Pb(RT) Entre 1.8 e 3.2 Ga U/Pb e Pb/Pb (zircão) Rb/Sr (RT) Entre 2.55 e 2.6 Ga Rb/Sr(RT) e Pb/Pb(RT) Entre 2.5 e 2.6 Ga U/Pb e Pb/Pb (zircão) Voltas Gnaisse Vista/Mata Verde de Mariana e Aracatu Morro/Anagé Granitos Calcioalcalino Serra do Eixo Granitos Serra dos Pombos Rochas Gnáissicas e migmatíticas Granitos subalcalinos de Pé de Serra Granitos Alcalino Serra do Eixo Sill do Rio Jacaré Entre 1.9 e 2.5 Ga Rb/Sr(RT) e Pb/Pb(RT) Granitos Entre 1.2 e 2.3 Ga Rb/Sr(RT) e Pb/Pb(RT 2.0 Ga U/Pb e Pb/Pb (zircão) 2.0 Ga U/Pb e Pb/Pb (zircão) alcalinos Serra do Eixo Granito Umburanas Granito Serra da Franga Granito Mariana 1.9 Ga U/Pb e Pb/Pb (zircão) Granito Aracatu 2.1 Ga U/Pb e Pb/Pb (zircão) Granito Gameleira 1.95 Ga Rb/Sr (RT) Granito Riacho 1.9 Ga Rb/Sr (RT) Lagoa 2.0 Ga Rb/Sr (RT) Pedras Granito Grande/Lagoinha 13 Tabela 2.2.- Síntese dos resultados geocronológicos apresentados por Bastos-Leal (1998) para as rochas arqueanas/paleoproterozóicas do Bloco Gavião. Rocha Idade Método ΣNd(t) Lagoa da Macambira 3.146 Ga Pb/Pb em -1,5 zircão Malhada de Pedras 2.84 Ga Rb/Sr Maciço Caculé Entre 1.9 e 2.07 Ga Pb/Pb 1.734 Ga Rb/Sr 2.63 e 2.77 Ga Sm/Nd 1.064 Ga K/Ar 551 Ma (anfibólio) -5,1 -6,8 e -7,9 K/Ar (biotita) Maciço Rio do Paulo 1,96 Ga Rb/Sr 2,73 Ga Sm/Nd 507 Ma -5,8 K/Ar (biotita) Maciço Espírito Santo Entre 1,99 e 2,02 Ga Pb/Pb 1,68 Ga Rb/Sr Maciço Iguatemi 3.0 Ga Sm/Nd 2,03 Ga Rb/Sr 2,93 Ga e 3,46 Ga Sm/Nd 483 Ma K/Ar -11,1 e -12,0 -8,9 e -13,4 2.2.5 Intrusivas básicas As rochas da Formação Caboclo apresentam-se intrudidas por um grande número de diques e sills máfico, de idade U/Pb de 1.514 Ga (Babinsk et al. 1993) e Ar-Ar variando entre 1231 e 516 Ma (Battilani et al. 2004). Essas rochas possuem composição dioriticas a gabróica (TGuimarães et al. 2005), com ampla distribuição regional e dimensões variadas. A textura, em geral, é isotrópica, com presença de plagioclásio saussuritizado e augita parcialmente tremolitizada (Guimarães et al. 2005). Alguns corpos encontram-se cisalhados segundo a direção N-S, ao ponto que outros não apresentam deformação expressiva (Tanner de Oliveira & Corrêa Gomes,1996). 2.2.6.O Supergrupo São Francisco Na Chapada Diamantina e no Espinhaço Setentrional aflora um conjunto de rochas terrígenas e carbonáticas depositadas em ambiente lacustre/marinho profundo com influência glaciogênica (Guimarães 1996). Na serra do espinhaço 14 Setentrional está representado pelo Grupo Santo Onofre (Schobbenhaus 1996) e na Chapada Diamantina, pelo Grupo Una, subdividido nas Formações Bebedouro e Salitre (Inda & Barbosa 1978). Datações da Formação Bebedouro realizadas por Brito Neves et al. (1980), Macedo & Bonhomme (1981 e 1984) sugerem uma idade de sedimentação entre 1000 e 900 Ma e idades Rb/Sr em pelitos variando entre 930 e 920 Ma. 3. ARCABOUÇO ESTRUTURAL E EVOLUÇÃO TECTÔNICA As estruturas mais antigas do Bloco Gavião estão relacionadas à colisões e fusões parciais de terrenos Gnaissico Migmatíticos TTG’s paleoarqueanos e posterior individualização de estruturas dômicas magmáticas (Arcanjo et al. 2000). Segundo Barbosa & Sabaté (2002), no paleoproterozóico o Bloco Gavião participou das colisões que estruturaram o orógeno Itabuna-SalvadorCuraçá (Figura 2.2). As zonas que abrangem evidências da sua participação na colisão Paleoproterozóica é motivo de controvérsia entre diversos autores. Para Barbosa & Sabaté (2002), está representada no limite leste do Bloco Gavião por falhas de empurrão que colocaram rochas do Bloco Jequié sobre as rochas da Faixa Contendas-Mirante. Neste contexto, duas fases compressionais exibem estruturas NNW/SSE, com movimento reverso sinistral e sinistral reverso, ambos vergentes para oeste. Neste contexto, as rochas do embasamento exibem metamorfismo de fácies anfibolito alto e as unidades metassedimentares, de fácies xisto verde. Por outro lado, para Jardim de Sá et al. 1984, o registro deformacional mais antigo no Bloco Gavião possui cinemática destral e vergência para leste. 15 Figura 2.3 – Reconstituição das colisões paleoproterozóicas no Estado da Bahia (Barbosa & Sabaté 2002). . Por outro lado, Arcanjo et al. (2000) (Figura 2.4) propuseram que parte do Bloco Gavião foi deformado no Paleoproterozóico e sugere interações entre esse Bloco e o Guanambi-Correntina, estendendo para oeste o limite do Orógeno Paleoproterozóico no Estado da Bahia. 16 Figura 2.4 – Modelo de evolução tectônica do Bloco Gavião no arqueano (a,b)paleoproterozóico (c,d) (Arcanjo et al. 2000). No arqueano, em tempos mais antigos que 3.300Ma, houve a formação da crosta siálica primitiva, de composição tonalítico-trondjemítico. Entre 3.300 a 3.200 Ma (Figura 2.4a) houve a fragmentação da crosta sialica primordial, com estruturação de sistema de rifts na direção predominante WNW-ESSE. Neste período, ocorreu a deposição de associações vulcanossedimentares (protólitos dos complexos Ibitira-Ubiraçaba, Ibiajara, Boquira e Riacho de Santana), com seqüências mais completas (evoluídas) em direção a su-sudoeste, culminando nesta porção com geração de assoalho oceânico. Entre 3.000 a 2.700Ma 17 (Figura 2.4b) ocorreu orogênese, com subducção de placa oceânica sob placa oceânica para nór-nordeste. Neste contexto, houve a fusão parcial da placa oceânica subductada, com produção de plutões TTG, protólitos de porções dos complexos Santa Isabel e Paramirim e constituição de prisma acrescionário. Associada com a orogênese houve um evento deformacional tangencial e metamorfismo nas facies xisto verde e anfibolito. No Paleoproterozóico, entre 2.400 a 2.300Ma (Figura 2.4c), ocorreu orogênese com mecanismo motriz focado a oés-sudoeste do bloco Gavião com desenvolvimento da faixa móvel Urandi-Paratinga. Neste cenário, um evento de deformação tangencial com cavalgamentos para oés-sudoeste e reorientação das estruturas pretéritas para NNW-SSE ocorreu associado com metamorfismo de fácies granulito em alguns setores, a exemplo do Complexo Santa Isabel. Entre 2.200 a 2.000Ma (Figura 2.4d) ocorreu espessamento crustal com fusão parcial da porção inferior da crosta siálica, gerando retrabalhamento (migmatização) de litologias existentes. Em seguida houve um período de relaxamento pós-compressional do orógeno com geração de magmatismo híbrido (componente mantélica de natureza alcalina+produto da fusão parcial de crosta TTG) produzindo intrusões granitóides metaluminosas de filiação calcialcalina de alto K. As deformações sofrem inflexão das estruturas NNWSSE, que tendem a contornar os corpos graníticos. No final do Paleoproterozóico houve a instalação de uma bacia denominadada de Aulacógeno do Espinhaço por Moutinho da Costa & Inda (1982), Bacia do Espinhaço por Danderfer Fº (2000) e Aulacógeno do Paramirim por Pedrosa Soares et al. (2001). Independente da concepção adotada, neste período houve a geração de espaço que abrangeu a sedimentação dos Supergrupos Espinhaço e São Francisco. De acordo com Danderfer Fº (2000), processos distensionais se sucederam até o início do Neoproterozóico. No Neoproterozóico, interações entre placas levaram a nucleação de orógenos que bordejaram núcleos cratônicos, dentre eles, o Cráton do São Francisco/Congo (Almeida 1977). As interações brasilianas entre o Cráton São Francisco/Congo e o Cráton Amazônico levaram às inversões das bacias paleo-meso-neoproterozóicas do interior do continente (Cruz & Alkmim 2006) e à geração de estruturas compressionais da Chapada Diamantina e do 18 Espinhaço Setentrional. Associado com esse evento, no substrato do Bloco Gavião, Cruz & Alkmim (2006) identificaram zonas de cisalhamento E-W vergentes para NNE que são truncadas por zonas destrais e destrais reversas com orientação NNW/SSE. Tais estruturas cortam o embasamento mais antigo que 1.8 Ga e as unidades de cobertura de rochas metassedimentares dos supergrupos Espinhaço e São Francisco. 19 EVOLUÇÃO ESTRUTURAL DE DOMOS MAGMÁTICOS E SUA RELAÇÃO COM AS ENCAIXANTES 3.1. CAMPOS DE DEFORMAÇÃO NOS DOMOS MAGMÁTICOS A colocação de corpos plutônicos na superfície crustal origina campos de deformação com uma grande variedade de estruturas, desde compressionais a distensionais (Choukroune 1995). A figura 3.1 resume os campos de tensão associados com a colocação de plútons. Nela, pode ser verificado que o núcleo dos domos é caracterizado por planos de achatamento bastante inclinados, que rotacional em direção ao topo, para a horizontal. Nas porções marginais, sinformes podem ser gerados. λ1 λ2 Figura 3.1- Campos de deformação em plútons, onde estão representados os planos de achatamento λ1 λ2. Fonte: Choukroune (1995). 20 A região situada entre o domínio onde os planos de achatamento são horizontais (teto do domo) e verticais (flancos do domo) é considerada uma zona de deformação fraca ou nula (Choukroune 1995). Estes setores são denominados de junções tríplices. Muito comum nesses corpos é a presença de uma foliação magmática (Paschier & Trouw 2005), cuja trajetória está relacionada com a evolução do domo (Choukroune 1995) (Figura 3.2). Figura 3.2- Mapa de trajetória λ1 λ2 em três estágios distintos. Fonte: Choukroune (1995) λ1=Direção de máximo estiramento; λ2= Direção de estiramento intermediário. As rochas encaixantes dos domos também sofrem deformação (Choukroune 1995) e, neste contexto, dobras de diversas naturezas e geometria podem ser nucleadas, além de falhas reversas e normais (Figuras 3.3 e 3.4) (Choukroune 1995). Nessas figuras, pode ser observado que a foliação magmática contorna o corpo intrusivo, gerando uma geometria dômica. 21 Figura 3.3 – Distribuição das deformação nas rochas encaixantes dos granitóides. Fonte: Choukroune (1995). Figura 3.4 – Posição provável de cavalgamentos induzidos durante a evolução de domos magmáticos. Fonte: Choukroune (1995). 3.2. MICROESTRUTURAS RELACIONADAS AO FLUXO MAGMÁTICO E SUBMAGMÁTICO Várias microestruturas de rochas ígneas são similares às estruturas de rochas metamórficas (Paschier & Trouw 2005). Durante a cristalização, as rochas ígneas passam por estágio intermediário entre o estado líquido e sólido, aumentando, gradativamente, a porcentagem de cristais na porção fundida e a possibilidade de interação entre eles. Se a rocha sofre uma deformação durante esse processo, ou seja, deformação sin-magmática, um conjunto específico de microestruturas serão indicativas destes estágios.Tais estágios são denominados de magmáticos (líquido>sólido), submagmático (líquido<sólido) e estado sólido Paschier & Trouw (2005). A seguir será realizada uma síntese a cerca das 22 estruturas que sugerem os diversos estágios evolutivos da deformação durante a colocação de rochas plutônicas. 3.2.1. Evidências de fluxo magmático O melhor critério para reconhecimento de fluxo magmático é a orientação preferencial dos cristais euédricos (Paschier & Trouw 2005). De acordo com esses autores, a trama foliação-lineação nas rochas ígneas é marcada pelos cristais de feldspato e da mica orientados e pela extinção ondulante nos cristais de quartzo. Durante o processo de cristalização, as estruturas anteriores à solidificação do magma dificilmente ficam preservadas pois estas podem facilmente ser destruídas pelo fluxo magmático. Outra evidência de fluxo magmático é a imbricação de cristais euédricos, cuja estrutura depende da presença do material fundido para posterior rotação dos cristais. Blenkinsop (2000) e Mulchrone et al. (2005) consideram estas estruturas como não diagnóticas da formação de milonitos. O fluxo magmático também é evidenciado pela presença da textura ofítica e subofítica típica de cristalização magmática, bem como pela presença de zoneamento químico oscilatórias em plagioclásio. A falta de deformação de cristais é apontada por Paschier & Trouw (2005) como uma evidencia do fluxo magmático. 3.2.2. Evidências de fluxo submagmático O fluxo submagmático é marcado pela presença de processos relacionados com a deformação de cristais em presença de material fundido. Este estágio é caracterizado por apresentar migração de bordas de grãos, deformação plástica intracristalina, ou seja, migração de defeitos do cristal, partição da deformação e transferência difusiva de massa entre sítios de alta e baixa pressão. Outra evidência de fluxo submagmático é a reorientação da trama magmática por deformação plástica aliado a rotação rígida. Nestas condições é comum a presença de quartzo com extinção ondulante. Uma das melhores evidências de microestruturas desenvolvidas em estágio submagmático é a presença de fraturas preenchidas pelo material fundido. 23 Segundo Hibbard (1987), em condições de pressão de fundido superiores a 15% pode ocorrer o desenvolvimento de fraturas e fluxo cataclástico de grãos. 3.2.3 Evidências de deformação no estado sólido As principais evidências de deformação no estado sólido é presença intensa de deformação interna dos grãos, em que pode observar extinção ondulante largamente desenvolvida, formação de subgrãos; atuação de mecanismos de recristalização gerando novos grãos poligonais; desenvolvimento de uma foliação anastomosada a contínua, estruturas assimétricas, por exemplo, S/C e dobras de arrasto, além da presença de minerais boudinados (Paschier & Trouw 2005). Uma vez conhecidas as características diagnósticas e os modelos relacionados com a colocação de plútons magmáticos, partiu-se para o estudo do tonalito-granodiorito de Umbaúba, que se caracterizou como um excelente laboratório natural para estudos relacionados com a transição entre os estágios magmático e sólido. 24 CARACTERIZAÇÃO E ANÁLISE ESTRUTURAL MULTIESCALAR DO GRANITOIDE UMBAÚBA 4.1 INTRODUÇÃO Como granitóide Umbaúba, recentemente, foi definido nos trabalhos de Geologia de Campo IV (Geo-063) pelos alunos da Universidade da Bahia um conjunto de rochas de natureza tonalítica a granodiorítica que afloram na porção SE da Folha Caetité (1:100.000). A partir de trabalhos de campo em área selecionada como laboratório (Figura 1.3) e através de estudos microestruturais em seções delgadas de amostras de afloramentos da região compreendida entre as cidades de Caculé e Ibitira, foi possível verificar as feições estruturais relacionadas com o tonalito-granodiorito em questão. Nesse trabalho redefine-se o tonalito-granodiorito Umbaúba como um complexo homônimo que compreende granitóides, aplitos, pegmatitos, granitóides gnaissificados, enclaves de anfibolitos e mega-xenólitos de gnaisses anfibolíticos e migmatitos que afloram na região de trabalho. Os estudos aqui apresentados estão focados na análise microestrutural de duas das litofácies desse complexo, a saber, os granitóides e granitóides gnaissificados. Não se teve a pretensão de realizar uma análise petrográfica/petrológica detalhada e relacionada com a evolução do magma que deu origem a essas rochas, mas o levantamento das características da mineralogia com o objetivo principal de verificar as feições que sugerissem processos de deformação associada com a colocação dos corpos estudados e feições de deformação pós-magmática. 4.2. DESCRIÇÃO DAS TECTONOFÁCIES Na área de estudo foram individualizadas duas tectonofácies envolvendo as rochas granitóides, denominadas de tonalito-granodiorito Umbaúba Foliado e tonalito-granodiorito Umbaúba Gnaissificado (Figura 4.1). O critério de distinção entre elas foi a intensidade de deformação no estado intermediário entre o magmático e o sólido sensu strictu, baseado nos critérios estabelecidos por Paschier & Trouw (2005). Como Umbaúba foi denominada a tectonofácies protomilonítica a milonítica (sensu Sibson 1977), em que as feições do protólio 25 Figura 4.1- Mapa geológico-estrutural do Complexo Umbaúba na área cartografada. 26 encontram-se preservadas, e como Umbaúba Gnaissificado foi classificada a rocha em que as estruturas deformacionais e de recristalização sintectônica imperam em mais de 90 % da rocha, sendo, então, classificados como rochas miloníticas a ultramiloníticas (sensu Sibson 1977) (Figura 3.1). Em ambos os casos uma expressiva foliação é observada em campo, foliação essa marcada macroscopicamente pelo alinhamento de feldsptos e biotita, e ao microscópio pela presença de feições de recristalização sin-tectônica, como será demonstrado ao longo do capítulo. Não há evidências de metamorfismo associado com a formação da foliação do Complexo Umbaúba. A mineralogia metamórfica (i.e, pósgnaissificação) está associada com a presença de fraturas de cisalhamento tardias. Ela é representada pela mica branca e epidoto. Os dados integrados do trabalho de Geologia de Campo IV a cerca da distribuição espacial das foliações internas ao corpo sugere uma geometria dômica alongada. Xenólitos de gnaisses anfibolíticos são encontrados inseridos nas rochas desse complexo. Tais rochas apresentam uma foliação milonítica associada com bandamento composicional, cuja distribuição é discordante à foliação de forma tonalito-granodiorito Umbaúba Gnaissificado. A seguir, será dada ênfase à caracterização dos aspectos petrográficos e microestruturais das tectonofácies que integram o Complexo Umbaúba. 4.2.1. Tectonofácies 1: tonalito-granodiorito Umbaúba foliado Essa tectonofácies ocupa cerca de 60% da área de estudo. Ocorre como núcleos amendoados contornados pela tectonofácies descrita a seguir (Figura 4.1). Trata-se de um tonalito-granodiorito, predominantemente, de coloração cinza, anisotrópico, de granulação média a grossa, composto de quartzo, Kfeldspato, plagioclásio e biotita (Fotos 4.1 e 4.2). Aglomerados lenticulares de biotita ocorrem imersos na matriz. Estes em geral, apresentam geometria fusiforme (Foto 4.2). Nessas rochas é comum encontrarem-se enclaves de níveis biotíticos (Foto 4.3), cuja geometria predominante é também a fusiforme. Além disso, diques de composição granítica são observados nessas rochas. Tanto o tonalito-granodiorito Umbaúba, quanto os diques de rochas graníticas, apresentam uma proeminente foliação de fluxo magmático. 27 Foto 4.1 – vista geral, em perfil, do afloramento do tonalito-granodiorito Umbaúba, Ponto TC-30. Foto 4.2 – tonalito-granodiorito Umbaúba: detalhe do alinhamento de aglomerados fusiformes de biotitadetalhe das biotitas estiradas, Ponto TC-28, neste em planta. Foto 4.3 – Enclave de nível biotitico no tonalito-granodiorito Umbaúba, detalhe das biotitas estiradas Ponto TC-28, neste em planta. Ao microcópio, as rochas são de granulometria média a grossa e podese observar a coexistência de texturas magmáticas (Fotomicrografia 4.1) e deformacionais no estado sólido. Tais texturas deformacionais são de caráter milonítico, pois alteram a trama original da rocha. Em geral, a trama original, primária, ígnea, está preservada em cerca de 30 e 60% da rocha, tendo sido classificada como milonito a protomilonito, de acordo com Sibson (1977). As texturas ígneas reliquiares do protólito ígneo são: 28 a) mimerquítica e gráfica - marcadas pelo intercrescimento irregular entre o plagioclásio sódico e quartzo (Fotomicrografia 4.2). Fotomicrografia 4.1 – Aspectos da trama gnáissica no granitóide Umbaúba. Notar porfiroclastos. b) fluxo magmático – orientação de forma de feldspatos. c) poiquilítica – inclusão de plagioclásio em feldspatos alcalinos; alanita, biotita, quartzo, opacos, titanita e zircão em plagioclásio; titanita e zircão em biotita; apatita em plagioclásio e biotita. d) inequigranular a equigranular porfirítica – existem litofácies em que a granulometria das rochas é semelhante, formando uma trama granular, e outras em que há variações granulométricas entre pórfiros (em geral de feldspato alcalino e plagioclásio) e matriz (Textura porfirítica). 29 e) hipidiomórfica a xenomórfica– predominam minerais com formas subeudrais, mas podem ser encontrados minerais com formas anedrais. Qz Mi Pl Fotomicrografia 4.2 - Textura mimerquítica (seta amarela). Ponto TC-42 (50X), Nicóis cruzados. Mi- Microclina, Pl- Plagioclásio, Qz- Quartzo. Texturas associadas com o estágio submagmático não foram encontradas nessas rochas. Algumas texturas foram consideradas como relacionadas com a deformação no estado sólido, podendo ser citadas as texturas milonítica, porfiroclástica e mortar (Fotomicrografias 4.3 e 4.10) ou núcleo-manto e estão marcadas pela presença de porfiroclastos de feldspatos, quartzo e microclina imersos em matriz de grãos poligonais recristalizados. As tabelas 4.1 e 4.2 apresentam a composição modal das amostras estudadas obtida nos trabalhos de campo pelos estudantes da disciplina de Campo IV (Geo-063). De acordo com a figura 4.2a e as tabelas em questão, predomina granodiorito à biotita tonalito. A paragênese mineral primária, isto é, magmática, é constituída pelos seguintes minerais: a) plagioclásio, que ocorre, preferencialmente, como porfiroclastos (Fotomicrografia 4.5) e, subordinadamente, como grãos poligonizados (Fotomicrografia 4.6). Os porfiroclastos apresentam forma tabular, subédrico a anédrico. Apresentam-se, por vezes, mimerquitizados. 30 Qz Pl Pl Mi Fotomicrografia 4.3 -Porfiroclasto de microclina em textura núcleo-manto Ponto TC-42 (2,5X) Nicóis cruzados. MiMicroclina, Qz- Quartzo. Pl Fotomicrografia 4.4 -Porfiroclato de plagioclásio em textura núcleo-manto. Ponto TC-42 (50X) Nicóis cruzados. PlPlagioclásio. Qz Pl Qz Pl Fotomicrografia 4.5- Porfiroclasto de plagioclásio (Pl) no granitóide Umbauba. Ponto TC-30 (2,5X), nicóis cruzados. Qz. Fotomicrografia 4.6- Grãos recristalizados de plagiolcásio (Pl). TC-42 (50X), nicóis cruzados. Qz- quartzo. Esses minerais possuem inclusões de alanita, biotita, quartzo, opacos, titanita e zircão. Os grãos apresentam sinais de deformação sintectônica marcado pela presença de extinção ondulante regular e subgrãos. Os subgrãos apresentam formas poligonais, em junções tríplices. Estão em contatos retos, e por vezes curvos e interpenetrantes com outros feldspatos e com o quartzo. Os grãos poligonais apresentam-se anédricos, com bordas variando entre curvas a retas. Neste último caso, formam junções tríplices e apresentam deformação interna marcada pela presença de extinção ondulante. Associamse com porfiroclastos que possuem extinção ondulante e subgrãos com forma, tamanho e orientação cristalográfica semelhantes aos grãos poligonais. Tais feições sugerem processos de deformação e recristalização por rotação de 31 subgrãos de acordo com Paschier & Trouw (2004). Alguns grãos poligonais possuem inclusões primárias de titanita e zircão. Tanto nos porfiroclastos, quanto nos grãos poligonais pode ocorrer a geminação polissintética do tipo Albita-Carlsbad. De acordo com o método de Michel-Levy, ambos possuem teor de anortita em torno de 25%, sugerindo tratarem-se de oligoclásios. Em algumas lâminas não foi possível determinar o teor de anortita pelo fato dos cristais não estarem geminados. Alguns grãos apresentam-se parcialmente transformados em epidoto (epidoto sensu-strictu e zoizita). b) microclina que, assim como o plagioclásio, ocorre como grãos tabulares, anédricos, na forma de porfiroclastos (Fotomicrografia 4.7), em sua maioria, e como grãos poligonais recristalizados, ou novos grãos poligonais (Fotomicrografia 4.8). Tabela 4.1- Análise petrográfica da tecnofácies Umbaúba de acordo com os resultados fornecido pelos alunos da disciplina GEO (063- UFBA). Ponto TC03 TC05 TC06 TC09 TC24 TC25 TC26 TC30 TC42 ANÁLISE PETROGRÁFICA DA TECNOFÁCIES UMBAÚBA Felds. NOME DA Alc. Plag Qtz Bio Mus Epidoto Esfeno Opacos ROCHA 49,32 24,13 21,20 4,40 0,79 0,16 9,37 55,63 18,95 10,70 3,67 0,31 1,38 8,35 54,42 23,05 11,35 1,28 0,55 1,00 8,79 70,08 10,21 3,61 0,06 1,01 54,63 35,91 6,17 0,70 0,76 22,30 51,90 22,82 1,95 0,94 0,21 0,52 52,74 28,13 18,22 0,10 0,29 11,68 57,84 18,40 10,17 1,91 Biotita Tonalito Biotita granodiorito 16,99 53,43 23,23 3,74 1,79 1,02 Granodiorito 0,25 0,81 Sienogranito Biotita granodiorito Biotita granodiorito Quartzo Monzodiorito Biotita Tonalito 0,10 Granodiorito 32 Tabela 4.2- Análise petrográfica da tecnofácies Umbaúba gnaissificado de acordo com os resultados fornecido pelos alunos da disciplina GEO (063- UFBA). a) Aspectos petrográficos da paragênese magmática ANÁLISE PETROGRÁFICA DA TECNOFÁCIES UMBAÚBA GNAISSIFICADO NOME DA Felds. ROCHA PONTOS Alc. Plag Qtz Bio Mus Epidoto Esfeno Opacos Quartzo TC-12 10,83 65,70 15,21 3,69 1,62 2,82 0,11 Monzodiorito TC-14 1,60 78,54 18,25 0,15 0,35 0,85 0,25 Tonalito Biotita TC-34 11,03 56,64 26,05 12,24 1,63 0,68 0,90 0,03 Granodiorito Quartzo TC-39 10,44 63,33 18,28 3,56 1,56 2,72 0,11 Monzodiorito Biotita TC-71 7,79 61,07 21,23 8,39 1,42 0,10 0,20 Granodiorito Figura 4.2 – Classificação modal das rochas do gnaisse Umbaúba e do Umbaúba gnaissificado. A- Álcali-feldspato, Q- Quartzo, P- Plagioclásio. 33 Qz Mi Mi Mi Fotomicrografia 4.7-Porfiroclatos de microclina (Mi). TC-42 (50x), nicóis cruzados. Fotomicrografia 4.8- Grãos poligonais recristalizados de microclina. Ponto TC-03 (50X) NC. Também nesse caso é possível verificar que os novos grãos poligonais contornam os porfiroclastos com extinção ondulante e subgrãos, sugerindo a atuação de mecanismo de recristalização por rotação de subgrão. Tanto os porfiroclastos, quanto os grãos poligonais encontram-se geminados segundo a lei albita-periclina. Os porfiroclastos apresentam contatos curvos e interlobados com o quartzo e o plagioclásio. Nos grãos poligonais, os contatos são retos entre indivíduos de microclina. c) quartzo, que ocorre de forma irregular, anédrico, ocupando os interstícios entre porfiroclastos de feldspatos. Apresentam extinção ondulante, subgrãos (Fotomicrografia 4.9) e estão parcialmente recristalizados nas bordas, formando grãos poligonais. Os porfiroclastos apresentam contatos retos com os feldspatos e interlobados com a microclina. d) biotita, que apresenta-se com pleocroísmo variando entre castanho esverdeado e castanho claro, subédrica e tabular (Fotomicrografia 4.10). Os grãos possuem extinção ondulante e apresentam eixo maior orientados, imprimindo uma orientação preferencial a rocha. Está frequentemente associada ao esfeno e à mica branca, apresentando com estes texturas de reação (alteração hidrotermal), e a outros cristais de biotita. Possui inclusões de zircão (Fotomicrografia 4.11). e) esfeno (titanita), por sua vez, ocorre subédrico, com forma losangulares típicas, associado à biotita, muscovita e minerais opacos. 34 f) zircão, que ocorre incluso em plagioclásio e biotita (Fotomicrografia 4.11). g) apatita, euédrica, que está inclusa em plagioclásio e biotita. h) alanita, anédrica, com coloração castanha, que ocorre inclusa em plagioclásio Qz Fotomicrografia 4.9- Subgrãos de quartzo (Qz). Ponto TC-30 (25X) . Nicóis cruzados. Bi Pl Pl Fotomicrografia 4.10- Biotita castanha orientada, segundo o fluxo magmático. Ponto TC-42, (25X), luz plana. Bi- Biotita, Pl- Plagiolcásio. 35 Bi Pl Zr Fotomicrografia 4.11- Cristal de zircão (Zr) incluso em biotita (Bi). Ponto TC-05 (100X), nicóis cruzados. Pl- Plagioclásio. (100X). Trama pós-magmática é encontrada nessas rochas e representada pelas texturas de reações envolvendo o crescimento de mica branca a partir de biotita (Fotomicrografia 4.12), plagioclásio e k-feldspato (Fotomicrografia 4.13); do epidoto (sensu strictu) a partir do plagioclásio (Fotomicrografia 4.14); e da biotita e da titanita a partir da biotita; do epidoto (sensu strictu) a partir da alanita (Fotomicrografia 4.15). A geração desses minerais a partir de alteração hidrotermal desses minerais produz a textura pseudopoiquilítica. Bi Bi Mb Mb Bi Fotomicrografia 4.12-Textura de reação sugerindo crescimento da mica branca (Mb) a apartir da biotita (Bi). Ponto TC-06 (100X), luz plana. Fotomicrografia 4.13- Textura de reação sugerindo crescimento da mica branca (Mb) a apartir do k-feldspato(Fss). Ponto TC-042 (100X), luz plana.. 36 Pl Ep Al Ep Fotomicrografia 4.14- Textura sugerindo reação envolvendo epidoto (ep) e plagioclásio (pl). Ponto TC-42, (25X) NC. Foto Fotomicrografia 4.15- Textura poiquilítica envolvendo crescimento do epidoto (Ep) a partir de alanita (Al). Ponto TC-42, (25X). Nicóis cruzados. Pl- Plagioclásio. A presença de texturas de reação sugere a interação de fluido aquoso com a rocha encaixante. Algumas reações podem ser aventadas, tais como: Na4CaAl6Si14O40 (plagioclásio) + 1.5 KAlSI3O8 (ortoclásio) + 0.5 K+ + 0.5 H2O + 3.5 H+ = 0.5 Ca2Al3Si3O12(OH) (zoizita) + 2 KAl3Si3O10 (OH)2 (moscovita) + 1 SiO2 (quartzo) + 4 Na+1 (Bryant 1966) A mica branca ocorre em algumas rochas como coloração esbranquiçada, com forma tabular e grãos subédricos. Frequentemente está associada à biotita e aos feldspatos. Não é comum a todas as rochas, mas somente naquelas em que fraturas de cisalhamento são encontradas em campo. O epidoto (sensu strictu), por sua vez, ocorre como grãos com coloração verde pálida, anédrico e granular. Está frequentemente associado à biotita. A titanita ocorre granular, anédrica, associada com a biotita verde. 4.2.2. Tectonofácies 2: tonalito-granodiorito Umbaúba Gnaissificado Ocupa cerca de 40% da área. Ocorre bordejando o tonalito-granodiorito Umbaúba ou como faixas descontínuas em seu interior, isolando núcleos amendoados e alongados seguindo a foliação principal. Em campo, diferencia- 37 se da tectonofácies 1 por apresentar um bandamento composicional marcado pela alternância de níveis tonalíticos e níveis graníticos (Foto 4.4). S0//S1 Foto 4.4 Umbaúba gnaissificado apresentando bandamento composicional S1 paralelo à foliação magmática S0. Ponto TC-26, em planta. Em geral predominam ultramilonitos, constituindo gnaisses com bandamento tabular milimétrico a centimétrico, mas faixas de milonitos podem ser encontradas. Neste caso, ocorrem como augen-gnaisses. Ao microscópio, essas rochas apresentam-se fortemente recristalizadas. A trama ígnea é ausente a pouco expressiva. As texturas predominantes refletem atuação de processos deformacionais e mecanismo de recristalização sintectônica associados com a formação da foliação principal, sendo classificadas como milonítica e granoblástica, por vezes poligonal. Em alguns domínios ainda pode-se reconhecer a textura núcleo-manto típica da transição milonito-ultramilonito (Fotomicrografia 4.16). Em geral, predomina a textura granoblástica (Fotomicrografia 4.17). Essas rochas apresentam também textura lepidoblástica, marcada pela orientação dos cristais de biotita e Ribbons de quartzo. As texturas observadas e relacionadas com a foliação gnaíssica não envolvem texturas de reações entre os minerais, mas uma mudança da forma dos mesmos através da atuação de processos deformacionais e de mecanismos de recristalização. 38 Fotomicrografia 4.16 – Trama milonítica (estado sólido) no tonalito-granodiorito Umbaúba gnaissificado. Notar subgrão (seta). Fa- Feldspato alcalino. Aumento de 25 vezes, nicóis cruzados. Fotomicrografia 4.17 – Trama ultramilonítica (estado sólido) no tonalito-granodiorito Umbaúba Gnaissificado0. Fss- Feldspato, Qz- Quartzo, Ep- Epidoto (sensu strictu). Notar subgrão (seta). Aumento de 25 vezes, nicóis cruzados. 39 O plagioclásio apresenta-se anédrico, em agregados poligonais com contatos retos as curvos entre si. Porfiroclastos são raros e quanto presentes estão imersos em matriz de grãos poligonais. A geminação predominante é a albita e, através do método Michel-Levi pôde-se verificar que os grãos possuem teor de anortita em torno de 25%, como na tectonofácies 1. O quartzo ocorre anédrico, formando agregado de grãos poligonais. Alguns porfiroclastos foram observados e esses encontram-se imersos em manto de novos grãos. Quando poligonais, apresentam contatos interlobados entre si e retos com os feldspatos. Os porfiroclastos, por sua vez, apresentam contatos interlobados com a microclina e com o plagioclásio. Grãos estirados de quartzo podem ser encontrados formando ribbons. A microclina ocorre como grãos anédricos, com tamanhos variados devido a recristalização dos porfiroclastos (Fotomicrografia 4.16). Encontramse geminados segundo a lei Albita-Periclina. Apresentam contatos curvos entre si e com o quartzo e plagioclásio. A biotita apresenta cor castanha, com pleocroísmo variando de castanho claro a castanho escuro. Ocorre como grãos subédricos a anédricos, tabulares, com orientação de forma. Ocorre em aglomerados e está, freqüentemente, associada ao esfeno e à mica branca. 4.3. ASPECTOS ESTRUTURAIS MULTIESCALARES ASSOCIADOS COM A DEFORMAÇÃO DO TONALITO-GRANODIORITO UMBAUBA Macroscopicamente, o tonalito-granodiorito Umbaúba (Tectonofácies 1) é caracterizado por apresentar uma foliação S0 marcada pela orientação de forma de feldspato e biotita (Foto 4.5). 40 S0//S1 Foto 4.5-Tonalito-granodiorito Umbaúba, detalhe das biotitas estiradas Ponto TC-05 Enclaves máficos foram observados em campo. Em geral, esses enclaves apresentam-se com eixo maior paralelizado com a foliação principal das rochas. A foliação principal do corpo apresenta-se com amplo espalhamento, com máximo posicionado em N351/72 (Figura 4.3). Em virtude da carência de exposição do plano XZ, a lineação de estiramento associada com a foliação principal do corpo não foi observada. Uma série de diques de aplitos e pegmatóides, com geometria tabular ocorre cortando essas rochas e sendo cortados pela foliação magmática. Alguns deles, inclusive, encontram-se dobrados isoclinalmente, sendo transpostos por essa foliação (Foto 4.6). Uma geração de diques mais tardia ocorre truncando a foliacao deformacional S1//S0 (Foto 4.6). Esses diques apresentam uma variação de posição (Figura 4.4), mas, em geral, e encontram-se segundo N150/82SW. Associado a esses corpos, um conjunto de zonas de cisalhamento com componente de movimento direcional horária e antihorária e dobras com geometrias diversas podem ser observadas (Figura 4.5). As zonas com componente sinistral se posicionam em N029/33, ao passo que as destrais, em N349/79NE (Figura 4.5). Nos diques de pegmatóides, a lineação de crescimento mineral se posiciona segundo E-W. O campo de tensão relacionado com a formação dessas estruturas está apresentado na figura 4.4 e 4.5. 41 Figura 4.3 – Diagramas estereográficos sinópticos das estruturas associadas com o tonalitogranodiorito Umbaúba e Umbaúba gnaissificado. Hemisfério inferior, N= número de medidas. S0//S1 Foto 4.6– Foliação magmática S1//S0 no Granitóide Umbaúba. Notar presença de dobras intrafoliais e de dique tardio à foliação (seta verde). Ponto TC-03. 42 As diques de aplitos se encontram dobrados em vários estilos. Neste sentido, são encontradas dobras pitigmáticas, em geral assimétricas, e dobras assimétricas com geometria em S e em Z a depender da posição dessas estruturas (Figuras 4.5 e 4.6a). Na figura 4.6a pode ser visualizado que as dobras simétricas, em geral, possuem plano de achatamento posicionado em N330/78NE. As dobras em S, por sua vez, apresentam-se desenvolvidas em diques posicionados em N200/82SW(figura 4.6b), ao passo que as dobras assimétricas em Z ocorrem em diques orientados segundo N344/77NE. A direção da tensão principal máxima interpretada para essas estruturas encontra-se representadas na figura 4.7. A distribuição das assimetrias das dobras em campo, das falhas e da distribuição da foliação (S0) permitem sugerir um campo de tensão associado com a geração dessas estruturas posicionada segundo, aproximadamente, SSE-NNW, com variações para SSW-NNE (Figura 4.7). A relação entre esse campo de tensão e a foliação principal sugere componente sinistral de movimento associada com a geração dessas estruturas. Observações cinemáticas no plano XZ da foliação milonítica gerem movimentos reversos associados. A foliação principal(S0) do tonalito-granodiorito Umbaúba trunca os diques e ocorre posicionada segundo o plano axial das dobras neles desenvolvidas (Foto 3.26). Tal feição sugere cogeneticidade entre essas estruturas, ou sejam entre a formação da foliação principal(S0) e das dobras. Truncando a foliação magmática (S0), diques pegmatóides e de aplitos posiciona em 150/85 SW (Figura 4.5d). 43 Figura 4.4- Diagramas estereográficos sinópticos das estruturas deformacionais cartografadas. Hemisfério inferior, N= Número de medidas. 44 Figura 4.5- Diagramas estereográficos sinópticos das estruturas deformacionais cartografadas. Hemisfério inferior, N= Número de medidas. 45 Figura 4.6 – Conjunto de estruturas levantadas em campo com as respectivas direções. A seta em azul representa a direção de encurtamento máximo interpretada. Figura 4.7 – Análise cinemática sintética das estruturas deformacionais truncadas por S0. Em direção à tectonofácies 2, os diques de aplitos e pegmatóides tornam-se gradativamente paralelizados entre si e com a foliação milonítica (S//S0), semelhante ao que foi demonstrado por Paschier & Trouw (2005) para a geração de gnaisses a partir de rotação rígida de elementos tabulares. A rotação desses elementos levou ao desenvolvimento de um proeminente bandamento composicional que está parelelizado com a foliação milonítica 46 principal. Este bandamento é marcado pela alternância de bandas claras, rosadas, de composição quartzo-feldspáticas, semelhantes aos diques de rochas graníticas e pegmatóides descritos na tectonofácies 1, e bandas acinzentadas, de composição tonalítico a granodiorítico, com características macroscópicas e composicionais semelhantes aos granitóides da tectonofácies 1. A foliação S1 nessas rochas posiciona-se em N344/69 NE (Figura 4.5c). Sobre essa foliação desenvolve-se uma lineação de estiramento mineral marcado pelo quartzo e agregados poligonais de feldspatos. Esta estrutura posiciona-se em 22 p/ 161. Alternando-se com essas bandas podem ser encontrados níveis de composição máfica, intensamente estirados e compondo o bandamento gnáissico. Feições de boudinagem envolvendo enclaves de rocha básica e diques de granitóides são comuns (Foto 4.7). S0//S1 Foto 4.7- Boudin (Seta verde) em Umbaúba gnaissificado. Ponto TC-25. Ao microscópio, o aumento da deformação e atuação de mecanismos de recristalização levou à destruição das feições ígneas do protólito, sem, contudo, haver a atuação de processos de reação entre minerais. A presença de porfiroclastos de feldspato e quartzo com subgrãos e manto de grãos poligonais (textura núcleo-manto) em seu entorno sugere a atuação de mecanismo de recristalização sin-tectônica por rotação de subgrãos. Junções tríplices entre grãos poligonais de quartzo e entre grãos poligonais de 47 feldspatos são comuns. Em geral, o contato entre os grãos recristalizados é reto a interlobados. 4.4 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS O conjunto de dados levantados nas escalas macro (afloramentos), meso (amostra de mão) e microscópica (seções delgadas) sugere que a foliação do tonalito-granodiorito umbaúba está relacionada com a atuação de processos deformacionais e mecanismos de recristalização no estado sólido. Tais mecanismos envolvem, sobretudo, a atuação de processos de rotação de subgrãos. Além disso, na macro-escala, a relação plano axial da foliação milonítica e as dobras, a assimetria das dobras, assim como a formação de um bandamento gnáissico a partir da rotação e estiramento desses elementos, nos domínios mais deformados, sugerem que essas estruturas foram formadas e associadas a um plano de cisalhamento. Este plano está materializado pela foliação milonítica (S0//S1). A primeira possibilidade é que essas estruturas tenham se desenvolvido em estágio sin-magmático, ou de transição entre este, e o estágio sólido. Os principais argumenttos neste sentido, baseado nos trabalhos de Paschier & Trow (2005) e Chauvet et al. (1999), são: a) a foliação apresenta uma distribuição dômica, compatível com a geometria do corpo; b) as tectonofácies mais deformadas ocorrem nas borda do corpo e sua geometria segue a foliação principal. Ao ocorrer no interior dos granitóides, formam geometrias típicas associadas com zonas de cisalhamento, ou seja, formam corpos amendoados, menos deformados, ou poods de deformação, conforme Ramsay (1980); c) a foliação milonítica ocorre nos granitóides e nos diques de aplitos neles encaixados. Isso significa que é posterior ou contemporânea com a formação desses corpos. A distribuição dômica da foliação milonítica inserida tanto nos granitóides, quanto nos diques, sugere, entretanto, que essas são coetâneas. O seu caráter milonítico, por sua vez, sugere a atuação de processos de deformação associado com a colocação dos corpos ígneos. O fato de a foliação milonitica ser plano axial das dobras desenvolvidas nos diques corrobora o caráter transicional sin-magmático-estado sólido da deformação; 48 d) a deformação aumenta, em geral, do centro para a borda do corpo estudado; e) somando-se todas as argumentações acima, a forma alongada do corpo pode sugerir a sua deformação durante a sua colocação. Tomando-se como base esses argumentos e partir do que foi observado em campo e em lâmina, uma primeira hipótese pode ser aventada para explicar a colocação do tonalito-granodiorito de Umbaúba (Figura 4.8). Na meso-escala, a história evolutiva do tonalito-granodiorito de Umbaúba inicia-se com o desenvolvimento de uma foliação de fluxo magmático. Diques de pegmatitos e aplitos são colocados sem orientação preferencial. Ao serem submetidos a um campo de tensão, essas estruturas são dobradas e rotacionadas, se paralelizando com a foliação principal S0//S1, de caráter milonítico. Neste contexto, dobras isoclinais, intrafoliais são geradas, culminando com a geração de uma trama de transposição. Na micro-escala, a formação da foliação magmática, possivelmente, inicia-se com a orientação de forma de cristais tabulares de biotita e feldspatos (Figura 4.8). Com o aumento do volume de material magmático cristalizado, em virtude do campo de tensão e da elevada temperatura do sistema, inicia-se a deformação no estado plástico com recristalização sin-tectônica dos minerais já cristalizados e formação de uma foliação milonítica (S0//S1) em estágio transicional entre o magmático e sólido. Sendo o resfriamento mais rápido na borda do corpo com relação ao seu centro, assim como a maior velocidade de cristalização, enquanto no núcleo imperam processos em estado plástico, na borda imperam processos no estágio sólido, que levaram à paralelização da trama. A distribuição dos elementos estruturais sugere que o nível de exposição atual aflora a porção dos plútons em que os planos de achatamento encontram-se subverticais ou de alto ângulo, excluindo a possibilidade de estar exposta à cúpula do granitóide. A presença do sinforme na porção oeste do corpo pode estar relacionada com fluxos de massa no flanco dos domos, conforme modelo apresentado por Choukroune, 1995. Segundo essa hipótese a deformação do Umbaúba e sua colocação possivelmente está relacionada com a evolução da zona de cisalhamento de 49 Ibiassucê-Iguatemi-Mocambo. Tal fato é sugerido pela relação espacial entre os campos de tensões encontrados, a distribuição dos elementos estruturais, em especial, foliação S1 e Lx1, e os resultados obtidos por Mesquita (2007). A figuras 4.8 apresenta a relação espacial e temporal entre a evolução da zona de cisalhamento em questão e a evolução da foliação magmáticadeformacional do tonalito-granodiorito Umbaúba. Ao passo que a figura 4.9 apresenta o campo de tensão associado. Hipótese I: Colocação do tonalito-granodiorito Umbaúba em condições sin-tectonicas a zona de cisalhamento Ibiassucê-Iguatemi-Mocambo Hipótese II: A colocação do tonalito-granodiorito Umbaúba seja anterior à nucleação da zona de cisalhamento Ibiassucê-Iguatemi-Mocambo (Figura 4.9). Um fator que vai de encontro a esta hipótese é a concordância entre a foliação (S0) do tonalito-granodiorito Umbaúba e a foliação milonítica singnaissificação. Um outro aspecto é o fato da foliação magmática ser plano axial das dobras nucleadas em diques graníticos. 50 Figura 4.8 - Hipótese I que explicaria de evolução deformacional para explicar a evolução da trama no Granitóide Umbaúba. Ver texto para discussão. L=liquido, C=cristal, P=porfiroclasto, GR=novo grão poligonal Figura 4.9 – Correlação entre o campo de tensão da zona de cisalhamento Ibiassuçê-IguatemiMocambo e o campo encontrado no Granitóide Umbaúba. Em azul, a tensão principal máxima. 51 CAPÍTULO 5 – CONCLUSÕES A partir dos dados apresentados e discutidos, conclui-se que: 1. No tonalito-granodiorito Umbaúba podem ser individualizadas duas tectonofácies distintas associadas com a formação de rochas da fácies milonítica. A primeira, denominada de tonalito-granodiorito Umbaúba foliado, possui feições do protólito ígneo muito bem preservadas, permitindo classificála como protomilonítica. A segunda, o tonalito-granodiorito Umbaúba Gnaissificado, ocorre bordejando ou concordante com a trama do tonalitogranodiorito Umbaúba. Nesta tectonofácies, feições de deformação e processos de recristalização coexistem com feições reliquiares do protólito ígneo, nos termos miloníticos. Nos termos ultramiloníticos, a trama primária foi quase totalmente destruídas pelas feições de deformação no estado sólido. 2. O tonalito-granodiorito Umbaúba possui uma foliação marcada pela orientação de cristais, predominantemente, de plagioclásio e biotita pouco deformados imersos em uma matriz granodiorítica. Tal relação sugere que trata-se de uma foliação formada ainda no estágio magmático. O termo gnaissificado possui uma foliação milonítica materializada pela presença de textura mortar e granoblástica. Tais características sugerem que trata-se de foliação gerada em estado sólido. O estágio submagmático não foi verificado nessas rochas. 3. Texturas pós magmáticas/pós gnaissificação são encontradas nessas rochas e representadas por feições que sugerem a presença de fluido hidrotermal envolvendo a biotita, mica branca, clorita, epidoto e esfeno, em condições de fácies xisto verde. 4. A distribuição da foliação nas tectonofácies identificadas sugere uma estrutura dômica alongada segundo aproximadamente, NS. Os elementos estruturais obtidos sugerem duas hipóteses. A primeira propõe que o tonalitogranodiorito em questão foi colocado sob regime transpressional sinistral, cuja evolução está relacionada com a presença de zonas de cisalhamento regionais. A tensão principal possivelmente posicionou-se segundo SSE-NNW. Na segunda, a colocação do tonalito-granodiorito estudado é anterior à nucleação da zona de cisalhamento Ibiassucê-Iguatemi-Mocambo 52 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Almeida F. F. 1977. O Cráton do São Francisco. Rev. Bras. Geoc., 4: 349-364 Arcanjo, J. B., Marques-Martins, A. A., Loureiro, H. S. C., Varela, P. H. L. 2000. Projeto vale do Paramirim, escala 1:100.000. Programa de Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil, CD-ROOM. Babinsk, M., Van-Schmus, W. R., Chemale, J. R. F., Brito-Neves, B. B., Rocha, A. D. 1993. Idade isocrônica Pb/Pb em rochas carbonáticas da Formação Caboclo em Morro do Chapéu, BA. In: SBG/SGM, Simpósio sobre o Cráton do São Francisco, 2, Anais, p. 160-163 Babinski , M., Brito-Neves, B. B., Machado, N., Noce, C. M., Ulhein, A., Van Schumus, W. R. 1994. Problemas na metodologia U/Pb em zircões de vulcânicas continentais: o caso do Grupo Rio dos Remédios, Supergrupo Espinhaço, no estado da Bahia. In: SBG, Congresso Brasileiro de Geologia, Boletim de Resumos Expandidos, 2, p. 409-410 Barbosa, J. S. F., Sabaté, P., Leite, C. M. M. 2001. Os quatro blocos arqueanos do embasamento do Cráton do São Francisco na Bahia e a colisão no paleoproterozóico. In: SBG/NNE, Simpósio Nacional de Estudos Tectônicos, 8, Anais, p. 131-133. Barbosa, J. S. F. & Sabaté, P. 2002. Geological feature and the paleoproterozoic od four archean crustal segments of the São Francisco Craton, Bahia, Brazil. A syntesis. An. Acad. Bras. Cienc., 2: 343-359. Bastos-Leal, L.R. 1998. Geocronologia U/Pb (Shrimp), 207Pb/206Pb, Rb-Sr, Sm-Nd e K-Ar dos Terrenos Granito-Greenstone do Bloco do Gavião: Implicações para Evolução arquena e proterozóica do Cráton do São Francisco, Brasil. Tese de Doutoramento, Instituto de Geociências, Universidade Estado de São Paulo, 178p Bastos-Leal, L. R., Teixeira, W., Macambira, M. J. B., Cordani, U., Cunha, J. C. 1996. Evolução crustal dos terrenos TTGs arqueanos do Bloco do Gavião, Cráton do São Franscisco: Geocronologia U-Pb (Shrimp) e Pb-Pb em zircões. In: SBG, Congresso Brasileiro de Geologia, 39, Anais, p. 539-541. Bastos-Leal, L. R., Teixeira, W., Cunha, J. C., Macambira, M.J.B. 1998. Archean tonalitic-trondhjemitic and granitic plutonism in the Gavião block, São Francisco Craton, Bahia, Brazil: Geochemical and geochronology characteristics. Rev. Bras. Geoc., 2: 209-220. Battilani, G.B., Vascaoncelos, P. M., Gomes, N. S., Guerra, W. J. 2005. Geochronological data of dykes and sills intruding proterozoic sequences of the Tombador Formation, Bahia, Brasil. In: Simpósio do Cráton do São Francisco, 1, Salvador, SBG, p. 139-142 Blenkinsop, T.G. 2000. Deformation microstructures and mechanisms in minerals and rocks. Kluwer Academic Publisher, Dordrecht, 150p. Brito-Neves, B. B., Cordani, U. G., Torquato, J. R. 1980. Evolução geocronológica do Precambriano no estado da Bahia. In: Inda, H.A.D. & Duarte, F.B. Geologia e Recursos Minerais do Estado da Bahia, 3, SMECOM, pp.. 1-101. Bucher, K. & Frey, D. 1994. Petrogenesis of Metamorphic Rocks. SpingerVerlag , Germany. 307p. Choukroune, P. 1995. Deformação e deslocamentos da crosta terrestre. Editora, Unissinos, Rio Grande do Sul, 272p. Cruz, S.C.P. 2004. Tectônica do Embasamento na Porção Sul do Corredor do Paramirim-MG/BA e sua relação com o orógeno Araçuaí-Oeste Congo. Tese de Doutorado. Departamento de Geologia, Universidade Federal de Ouro Preto, 505p. Cruz, S.C.P. & Alkmim, F.F. 2006. The tectonic interaction between the Paramirim Aulacogen and the Araçuaí Belt, São Francisco Craton region, Easter Brazil. Anais da Academia Brasileira de Ciências, 1: 151-173. Cunha, J. C., Lopes, G. A. C., Fróes, R. J. B., Oliveira, N. S., Santana, E. A. N. 1996b. Projeto Ibitira-Brumado: Relatório Final. Salvador, CBPM, 1996, não publicado. Danderfer Fo, A. 1990. Análise estrutural descritiva e cinemática do Supergrupo Espinhaço na região da Chapada Diamantina (BA). Dissertação de Mestrado, Departamento de Geologia, Universidade Federal de Ouro Preto, 99p. Danderfer Fo A. & Dardenne, M. A. 2001. Tectonoestratigrafia da bacia Espinhaço na porção centro-norte do Cráton do São Francisco: registro de uma evolução policíclica, multitemporal e poliistórica. In: SBG/NNE, Simpósio Nacional de Estudos Tectônicos, 8, Anais. SBG-NE, p. 145-148 Dominguez, J. M. L. 1993. As coberturas do Cráton do São Francisco: Uma abordagem do ponto de vista da análise de bacias. In: Dominguez, J. M. L. & Barbosa, J. S. F. (eds) O Cráton do São Francisco, SGM, pp. 137-155. Dominguez, J. M. L. 1996. As Coberturas Plataformais do Proterozóico Médio e Superior. In: Barbosa J.S.F.& Dominguez, J.M.L. (eds). Mapa Geológico do Estado da Bahia, Texto Explicativo, pp. 109-112. Graham, W. & Dixon, J. 1982. Reaction and geometrical softening in granitoid mylonites. Textures and Microstructures, 4: 223-239. Guimarães, J. T. 1996. A Formação Bebedouro no Estado da Bahia: Faciologia, Estratigrafia e Ambiente de Sedimentação. Dissertação de Mestrado, Instituto de Geociências, Universidade Federal da Bahia, 155p. Guimarães, J. T., Teixeira, L. R., Silva, M´G., Martins, A. A., Filho, E. L. A., Loureiro, H. S. C., Arcanjo, J. B., Dalton de Souza, J., Neves, J. P. Mascarenhas, J. F., Melo, R. C., Bento, R. M. V. 2005. Datações U-Pb em rochas magmáticas intrusivas no Complexo Paramirim e no rifte Espinhaço: Uma contribuição ao estudo da evolução geocronológica da Chapada Diamantina. In: Simpósio do Cráton do São Francisco, 1, Salvador, SBG, p. 159-161. Hibbard, M.J. 1997. Deformation of incompletely crystallised magma systems: granitic, gneisses and their tectonics implications. Journal Structural Geology, 951: 543-561 Inda, H. A. V. & Barbosa, J. F. 1978. Texto Explicativo para o Mapa Geológico do Estado da Bahia, SME/COM. 137 p. Macedo, M. H. & Bonhome, M. G. 1984. Contribuição a cronoestratigrafia das Formações Caboclo, Bebedouro e Salitre na Chapada Diamantina (BA) pelos métodos RB-Sr e K-Ar. Rev. Bras. Geoc., 3: 153-163. Macedo, M. H. F. & Bonhome, M. G. 1981. Datação Rb-Sr e K-Ar das formações Bebedouro e Caboclo na Chapada Diamantina. In: CPM/SBG, Simpósio sobre o Cráton do São Francisco, 1, Anais, p. 98-99. Mascarenhas J. de F. 1973. A geologia do centro-leste do Estado da Bahia. In: SBG, Congr. Bras. Geol., 28, Anais: 35-66 Mesquita, V. L., Caracterização estrutural multiescalar metamórfica da zona de cisalhamento Ibiassucê-Iguatemi, Mocambo Cacule Ba 2007 Misi, A. & Veizer, J. 1996. Chemostratigraphy of neoproterozoic carbonate sequences of the Una Group, Irecê Basin, Brazil. In: SBG/NBA-SE, Congresso Brasileiro de Geologia, 39, Anais., v. 5, p. 487-489. Moraes, L. C., Martins, A. B. M., Sampaio, A. R., Gil, C. A. A, Andrade Filho, E. L., Arcanjo, J. B., Lima, R. C. C. L., Melo, R. C., Oliveira, R. B. A. O., Margalho, R. S. F. X. 1980. Projeto Brumado-Caetité. Relatório Final, 1a Fase. Salvador, CPRM/DNPM, 233p. Moutinho da Costa, L. A. & Inda, H. A. V. 1982. O Aulacógeno do Espinhaço. Ciências da Terra, 2: 13-18 Mulchrone, K. F,.Grogan, S., Prithwijit De. 2005. The relationship betwenn magmatic tiling, fluid flow and crystals fraction. Journal Structural Geology, 27: 179-197 Passchier, C. W. & Trouw, R. A. J. 2005. Microtectonics. Springer-Verlag, Germany. 366p Pedreira, A. J. C. L. 1994. O Supergrupo Espinhaço na Chapada Diamantina centro oriental, Bahia: Sedimentologia, estratigrafia e tectônica. Tese de Doutoramento, Instituto de Geociências, Universidade Estadual de São Paulo, 126p. Pedrosa-Soares, A. C. & Wiedeman-Leonardos, C. 2000. Evolution of the Araçuaí belt and its connection to the Ribeira belt, eastern Brazil. In: Cordani, U.G.. Milani, E. J., Thomaz Fo, A., Campos, D. A. (eds.) Tectonic Evolution of South America, SBG, pp.: 265-285. Pedrosa-Soares A. C., Noce C. M., Wiedemann C. M., Pinto C. P. 2001. The Araçuaí-West-Congo Orogen in Brazil: an overview of a confined orogen formed during Gondwanaland assembly. Precamb. Res., 1-4: 307-323. Schobbenhaus, C. 1996. As tafrogêneses superpostas Espinhaço e Santo Onofre, estado da Bahia: Revisão e novas propostas. Rev. Bras. Geoc., 4: 265-276. .