Texto de apoio ao curso de Especialização

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Texto de apoio ao curso de Especialização
Atividade física Adaptada e saúde
Prof. Dr. Luzimar Teixeira
Componentes do sistema imunitário
Manual Merck
Capítulo 167
O sistema imunitário é composto por células e substâncias solúveis. As células mais
importantes do sistema imunitário são os glóbulos brancos. Os macrófagos, neutrófilos
e linfócitos são tipos diferentes de glóbulos brancos. As substâncias solúveis são
moléculas que não fazem parte das células, mas que se dissolvem num líquido como o
plasma. (Ver secção 14, capítulo 152) As substâncias solúveis mais importantes são os
anticorpos, as proteínas do sistema do complemento e as citocinas. Algumas substâncias
solúveis actuam como mensageiros para atrair e activar outras células. O complexo
major de histocompatibilidade (MHC, major histocompatibility complex) é a base do
sistema imunitário e ajuda a identificar o que é próprio e o que é estranho.
Macrófagos
Os macrófagos são grandes glóbulos brancos que ingerem micróbios, antigénios e
outras substâncias. Um antigénio é qualquer substância que pode estimular uma
resposta imune. As bactérias, os vírus, as proteínas, os hidratos de carbono, as células
cancerosas e as toxinas podem actuar como antigénios.
O citoplasma dos macrófagos contém grânulos ou massas envoltos por uma membrana
e que consistem em variadas substâncias químicas e enzimas. Estas permitem que o
macrófago digira o micróbio que tiver ingerido e, em regra, o destrua.
Sistema linfático: defesa contra a
infecção
O sistema linfático é uma rede de gânglios
linfáticos ligados entre si por vasos
linfáticos. Os gânglios linfáticos contêm
uma malha de tecido à qual os linfócitos
estão estreitamente ligados. Esta rede de
linfócitos filtra, ataca e destrói organismos
prejudiciais que causam infecções. Os
gânglios linfáticos costumam agrupar-se
em zonas em que os vasos linfáticos se
ramificam, como o pescoço, as axilas e as
virilhas.
A linfa, um líquido rico em glóbulos
brancos, flui pelos vasos linfáticos. A linfa
contribui para que a água, as proteínas e
outras substâncias dos tecidos corporais
regressem à corrente sanguínea. Todas as
substâncias absorvidas pela linfa passam
pelo menos por um gânglio linfático e o
seu correspondente filtro formado por uma
rede de linfócitos.
Outros órgãos e tecidos corporais (o timo,
o fígado, o baço, o apêndice, a medula
óssea e pequenas aglomerações de tecido
linfático como as amígdalas na garganta e
as placas de Peyer no intestino delgado)
fazem também parte do sistema linfático.
Estes tecidos também ajudam o corpo a
combater as infecções.
Os macrófagos não se encontram no sangue; na realidade, localizam-se em zonas
estratégicas onde os órgãos do corpo contactam com a corrente sanguínea ou com o
mundo exterior. Por exemplo, os macrófagos encontram-se onde os pulmões recebem o
ar exterior e onde as células do fígado se ligam aos vasos sanguíneos. As células
semelhantes do sangue recebem o nome de monócitos.
Neutrófilos
Como os macrófagos, os neutrófilos são grandes glóbulos brancos que absorvem
micróbios e outros antigénios e possuem grânulos que contêm enzimas cuja finalidade é
destruir os antigénios ingeridos. Todavia, diferentemente dos macrófagos, os neutrófilos
circulam no sangue; necessitam de um estímulo específico para abandonar este e entrar
nos tecidos.
Os macrófagos e os neutrófilos costumam trabalhar juntos. Os macrófagos iniciam uma
resposta imunitária e enviam sinais para mobilizar os neutrófilos, com a finalidade de
que se juntem a eles no sector com problemas. Quando os neutrófilos chegam, digerem
os invasores e assim os destroem. A acumulação de neutrófilos e a morte e digestão dos
micróbios formam o pus.
Linfócitos
Os linfócitos, as principais células do sistema linfático, são relativamente pequenos
quando comparados com os macrófagos e os neutrófilos. Ao contrário dos neutrófilos,
que não vivem mais de 7 a 10 dias, os linfócitos podem viver durante anos ou décadas.
A maioria dos linfócitos divide-se em três categorias principais:
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•
Os linfócitos B derivam de uma célula (célula mãe ou precursora) da medula
óssea e amadurecem até se converterem em células plasmáticas, que segregam
anticorpos.
Os linfócitos T formam-se quando as células mães ou precursoras migram da
medula óssea para o timo, uma glândula onde se dividem e amadurecem. Os
linfócitos T aprendem a distinguir o próprio do estranho no timo. Os linfócitos T
maduros abandonam o timo e entram no sistema linfático, onde funcionam como
parte do sistema imunitário de vigilância.
As células NK (natural killer, assassinas naturais), que são ligeiramente
maiores que os linfócitos T e B, recebem este nome porque matam certos
micróbios e células cancerosas. O adjectivo «natural» indica que, quando se
formam, já estão preparadas para matar diversos tipos de células, em lugar de
requerer a maturação e o processo educativo que os linfócitos B e T por seu lado
necessitam. As células NK também produzem algumas citocinas, substâncias
mensageiras que regulam certas funções dos linfócitos T, dos linfócitos B e dos
macrófagos.
Alguns glóbulos brancos que combatem as infecções
Anticorpos
Quando são estimulados por um antigénio, os linfócitos B amadurecem até se
converterem em células que formam anticorpos. Os anticorpos são proteínas que
interagem com o antigénio que inicialmente estimula os linfócitos B. Os anticorpos
também recebem o nome de imunoglobulinas.
Cada molécula de anticorpo tem uma parte idêntica que se liga a um antigénio
específico e outra parte cuja estrutura determina a classe do anticorpo. Existem cinco
classes de anticorpos: IgM, IgG, IgA, IgE e IgD.
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A IgM (imunoglobulina M) é o anticorpo que é produzido face à primeira
exposição a um antigénio. Por exemplo, quando uma criança recebe a primeira
vacina antitetânica, os anticorpos antitétano formam-se 10 a 14 dias mais tarde
(resposta primária de anticorpos). A IgM abunda no sangue, mas normalmente
não está presente nos órgãos nem nos tecidos.
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A IgG, o tipo de anticorpo mais frequente, só se produz depois de várias
exposições a um antigénio. Por exemplo, depois de receber uma segunda dose
de vacina antitetânica (de reforço), uma criança produz anticorpos IgG num
lapso de tempo de 5 a 7 dias. Esta resposta secundária de anticorpos é mais
rápida e abundante do que a resposta primária. A IgG encontra-se tanto no
sangue como nos tecidos. É o único anticorpo que se transmite da mãe para o
feto através da placenta. A IgG da mãe protege o feto e o recém-nascido até que
o sistema imunitário do bebé possa produzir os seus próprios anticorpos.
A IgA é o anticorpo que desempenha um papel importante na defesa do corpo
quando se verifica uma invasão de microrganismos através de uma membrana
mucosa (superfícies revestidas, como o nariz, os olhos, os pulmões e os
intestinos). A IgA encontra-se no sangue e em algumas secreções como as do
tubo gastrointestinal e do nariz, dos olhos, dos pulmões e do leite materno.
A IgE é o anticorpo que produz reacções alérgicas agudas (imediatas). Neste
aspecto, a IgA é o único tipo de anticorpo que aparentemente faz mais mal que
bem. Contudo, pode ser importante no momento de combater infecções
parasitárias, muito frequentes nos países em vias de desenvolvimento.
A IgD é um anticorpo presente em concentrações muito pequenas no sangue que
circula pelo corpo. Ainda não está muito bem compreendida a sua função.
Estrutura básica em Y dos anticorpos
Todas as moléculas dos anticorpos têm uma
estrutura básica em forma de Y na qual
vários elementos se unem através de
estruturas químicas chamadas pontes
dissulfídicas. Uma molécula de anticorpo
divide-se em regiões variáveis e constantes.
A região variável determina a que antigénio
se unirá o anticorpo. A região constante
determina a classe de anticorpo
(IgG,IgM,IgD,IgE ou IgA).
Sistema do complemento
O sistema do complemento engloba mais de 18 proteínas. Essas proteínas actuam em
cadeia, isto é, uma activa a seguinte. O sistema do complemento pode ser activado por
meio de duas vias diferentes. Uma delas, chamada de via alternativa, é activada por
certos produtos microbianos ou antigénios. A outra via, chamada clássica, é activada
por anticorpos específicos ligados aos seus antigénios (complexos imunes). O sistema
do complemento destrói substâncias estranhas, directamente ou em conjunção com
outros componentes do sistema imunitário.
Citocinas
As citocinas comportam-se como os mensageiros do sistema imunitário. São segregadas
por células do sistema imunitário em resposta a uma estimulação.
As citocinas amplificam (ou estimulam) alguns aspectos do sistema imunitário e inibem
(ou suprimem) outros. Foram identificadas já muitas citocinas, no entanto a lista
continua a crescer.
Algumas citocinas podem ser injectadas como parte do tratamento para certas doenças.
Por exemplo, o interferão alfa é eficaz no tratamento de certos cancros, como a
tricoleucemia. Outra citocina, o interferão beta, pode ajudar a tratar a esclerose
múltipla. Uma terceira citocina, a chamada interleucina-2, pode ser útil no tratamento
do melanoma maligno e do cancro do rim, apesar de o seu uso ter efeitos adversos.
Existe ainda outra citocina, chamada factor estimulante das colónias de granulócitos,
que estimula a produção de neutrófilos e pode ser utilizada em doentes com cancro que
têm uma pequena quantidade de neutrófilos em virtude da quimioterapia.
Complexo major de histocompatibilidade (MHC)
Todas as células têm à sua superfície moléculas que são únicas para cada pessoa
determinada. São referidas com a designação de moléculas do complexo major de
histocompatibilidade. O corpo pode, através delas, distinguir o que é próprio do que é
estranho. Toda a célula que apresente moléculas idênticas do complexo major de
histocompatibilidade é ignorada, ao passo que toda aquela que apresentar moléculas não
idênticas às do complexo major de histocompatibilidade é rejeitada.
Existem dois tipos de moléculas do complexo major de histocompatibilidade (também
chamadas antigénios leucocitários humanos ou HLA): as da classe I e as da classe II. As
moléculas do complexo major de histocompatibilidade da classe I estão presentes em
todas as células do corpo com excepção dos glóbulos vermelhos. As moléculas do
complexo major de histocompatibilidade da classe II estão apenas presentes nas
superfícies dos macrófagos e nos linfócitos B e T que tiverem sido estimulados por um
antigénio. As moléculas do complexo major de histocompatibilidade das classes I e II
de cada pessoa são únicas. Apesar de os gémeos idênticos terem idênticas moléculas de
histocompatibilidade, existe uma fraca probabilidade (uma em quatro) de que os gémeos
não idênticos tenham moléculas idênticas, enquanto é extraordinariamente baixa para
duas pessoas que não sejam filhas dos mesmos pais.
As células do sistema imunitário aprendem a diferenciar o próprio do estranho na
glândula do timo. Quando o sistema imunitário se começa a desenvolver no feto, as
células mães ou precursoras migram para o timo, onde se dividem até se converterem
em linfócitos T. Enquanto a glândula do timo se desenvolve, qualquer linfócito T que
reaja face às moléculas do complexo major de histocompatibilidade do timo é
eliminado. A todo o linfócito T que tolere o complexo major de histocompatibilidade do
timo e aprenda a cooperar com as células que expressam as moléculas únicas do
complexo major de histocompatibilidade do corpo é-lhe permitido amadurecer e
abandonar o timo.
O resultado é que os linfócitos T maduros toleram as células e os órgãos do corpo e
podem cooperar com as outras células do corpo quando elas são chamadas a defender
este último. Se os linfócitos T não tolerassem as moléculas do complexo major de
histocompatibilidade do corpo, atacá-lo-iam. No entanto, por vezes os linfócitos T
perdem a capacidade de diferenciar o próprio do estranho e, como consequência,
desenvolvem-se as doenças auto-imunes como o lupus eritematoso sistémico (lúpus) ou
a esclerose múltipla. (Ver secção 16, capítulo 167)
Terminologia do sistema imunitário
Anticorpo: uma proteína, fabricada por linfócitos B, que reage perante um antigénio
específico; também é chamado de imunoglobulina.
Antigénio: qualquer molécula capaz de estimular uma resposta imune.
Antigénios de leucócitos humanos: um sinónimo do complexo major de
histocompatibilidade humana.
Célula: a mais pequena unidade de tecido viva, composta por um núcleo e um
citoplasma e rodeada por uma membrana. O núcleo contém ADN e o citoplasma
possui estruturas (organelos) que levam a cabo as funções da célula.
Célula NK (natural killer, assassina natural): um tipo de linfócito que pode matar
certos micróbios e células cancerosas.
Citocinas: proteínas solúveis, segregadas por células do sistema imunitário, que
actuam como mensageiros para ajudar a regular a resposta imune.
Complemento: um grupo de proteínas que ajuda a atacar antigénios.
Complexo major de histocompatibilidade (MHC): um grupo de moléculas
importantes que ajuda o corpo a distinguir o que é próprio e o que é estranho.
Endocitose: o processo pelo qual uma célula engloba (ingere) certos antigénios.
Histocompatibilidade: literalmente significa tecido compatível. Utilizada para
determinar se um tecido ou órgão transplantado (por exemplo, a medula óssea ou um
rim) será aceite pelo receptor. A histocompatibilidade é determinada pelas moléculas
do complexo major de histocompatibilidade.
Imunoglobulina: um sinónimo de anticorpo.
Interleucina: um tipo de citocina que actua sobre várias células.
Leucócito: glóbulo branco. Os linfócitos e os neutrófilos, entre outros, são
leucócitos.
Linfócito: a célula principal do sistema linfático. Classificam-se em linfócitos B (que
produzem anticorpos) e linfócitos T (que ajudam o corpo a distinguir o próprio do
alheio).
Macrófago: uma célula grande que absorve (ingere) micróbios uma vez que o
sistema imunitário os tenha assinalado para que sejam destruídos.
Molécula: um grupo (agregado) de átomos quimicamente combinados para formar
uma única substância química.
Neutrófilo: um grande glóbulo branco (leucócito) que ingere antigénios e outras
substâncias.
Péptido: dois ou mais aminoácidos quimicamente unidos para formar uma molécula
única.
Proteína: um grande número de aminoácidos quimicamente unidos numa cadeia. As
proteínas são péptidos de grande dimensão.
Quimiotaxia: um processo de atracção e recrutamento de células em que estas se
deslocam atraídas por uma concentração elevada de uma substância química
determinada.
Receptor: uma molécula da superfície celular ou do citoplasma que encaixa noutra
molécula como uma chave na sua fechadura.
Resposta imune: a resposta perante um antigénio produzida por componentes do
sistema imunitário, quer sejam células ou anticorpos.
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