Newsletter

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Volume 4
Número 08
15 de abril de 2006
GBETH Newsletter
de Tumores Hereditários
de Estudos
o
r
i
e
l
i
s
Uma
o Bra
publicação
semanal do Grup
www.gbeth.org.br
GBETH Newsletter é uma
publicação semanal
distribuída aos sócios
do Grupo Brasileiro de
Estudos de
Tumores Hereditários.
Sede
R José Getúlio, 579 cjs 42/43 Aclimação São Paulo - SP
CEP 01503-001
PAPEL
DA
ENTES DE
HISTERECTOMIA PROFILÁTICA EM PACIALTO RISCO PARA CÂNCER HEREDITÁRIO
VILLELLA JA, PARMAR M, DONOHUE KDB, CATHY FC, PIVER MS, RODABAUGH K. ROLE
OF PROPHYLACTIC HYSTERECTOMY IN PATIENTS AT HIGH RISK FOR HEREDITARY CANCERS.
GYNECOLOGY ONCOLOGY 2006; EPUB AHEAD OF PRINT.
Francisco Ricardo Gualda Coelho
Depto. de Ginecologia do Hospital do Câncer
E-mail
[email protected]
[email protected]
Na população em geral o risco de uma mulher desenvolver câncer do ovário, ao
longo de sua vida, é de 1% a 2%. Para aquelas mulheres que possuem história familiar
Editor
Erika Maria M Santos
Diretoria
Presidente
Benedito Mauro Rossi
Vice-Presidente
Gilles Landman
Diretor Científico
André Vettore
Secretário Geral
Fábio de Oliveira Ferreira
Primeira Secretária
Erika Maria M Santos
Tesoureiro
Wilson T Nakagawa
de câncer do ovário, o risco aumenta de 4% a 5%, com um parente de primeiro grau
afetado, e de 7% se existem dois parentes de primeiro grau acometidos pela doença.
Já o risco de desenvolvimento do câncer ovariano na família de mulheres afetadas
pela chamada HBOC (Síndrome do Câncer Hereditário de Mama-Ovário) varia de
40% a 60%.
Dentre as alternativas de seguimento de paciente com HBOC estão exames
pélvicos periódicos, ultrassom pélvico com Doppler Colorido, marcador tumoral
CA-125, utilização de anticoncepcionais orais e salpingooforectomia profilática. Ao
expor estas informações, deve ser esclarecido que apesar da salpingooforectomia
profilática garantir 100% de proteção contra o câncer do ovário, ainda permanece o
Conselho Científico
Beatriz de Camargo
José Claúdio C Rocha
Maria Aparecida Nagai
Maria Isabel W Achatz
Samuel Aguiar Jr
risco do desenvolvimento de carcinoma peritoneal primário. Em relação ao útero,
Conselho Fiscal
Titulares
André Lopes Carvalho
Gustavo Cardoso Guimarães
Stênio de Cássio Zequi
Suplentes
Fábio José Hadad
Mariana Morais C Tiossi
Milena J S F L Santos
carcinoma do endométrio e simplificação da administração de terapia de reposição
controvérsias ainda permanecem em relação à vantagem da sua retirada profilática
junto com a salpingooforectomia. Os que defendem a histerectomia alegam vantagens
como: redução de cirurgias ginecológicas futuras, redução da incidência de risco do
hormonal na ausência uterina (TRH). Tendo em vista o aumento da morbidade,
tempo da cirurgia, tempo de recuperação e custos envolvendo a histerectomia
“profilática”, este estudo resolveu avaliar o impacto da histerectomia quando
adicionada à salpingooforectomia profilática, em um grupo de pacientes de risco.
MATERIAL
E
MÉTODOS
O estudo convidou 280 mulheres do Gilda Radner Familial Ovarian Cancer
Registry (GRFOCR), as quais haviam sido submetidas previamente à ooforectomia
PAPEL
DA
HISTERECTOMIA PROFILÁTICA
EM
PACIENTES
ALTO RISCO
DE
CÂNCER HEREDITÁRIO
PARA
Na Tabela 2 as características do procedimento
entre 1981 e 2002, a responderem um questionário.
Além das informações demográficas; a indicação para para ooforectomia foram sumarizados.
histerectomia e a incidência de subseqüente novos
cânceres ginecológicos após cirurgia profilática foram Tabela 2 – Características dos procedimentos para
ooferectomia (n=154).
investigadas. Estas informações foram analisadas Características
N
%
através do teste Exato de Fisher. As pacientes
Ovários Removidos
foram estratificadas baseando-se na informação de
um
10
6
histerectomia coincidente, e tempo da realização da
ambos
143
93
1
1
105
68
ooforectomia.
ignorado
Útero removido
sim
RESULTADOS
Um total de 154 (55%) das mulheres convidadas
sim (anteriormente)
4
3
não
44
29
ignorado
1
1
responderam ao questionário. A média de idade foi
Tipo de Cirurgia
de 51 anos (29-79 anos). A maioria era branca (97%),
laparotomia
88
57
três eram hispânicas (2%) e uma “nativa” (1%).
laparoscopia
58
38
via vaginal
2
1
ignorada
6
4
Apenas 21 (14%) pacientes se declararam judias.
Cerca de 80% delas costumavam realizar ao menos
uma consulta ginecológica anual. Do total, 106 (69%)
A idade média da ooforectomia foi 41 anos.
tinham história do uso pregresso de anticoncepcional
oral e 141 (92%) possuíam história de pelo menos
uma gravidez à termo.
As pacientes foram classificadas quanto ao risco de
identificação de mutação nos genes BRCA1/BRCA2
de acordo com quatro modelos de risco (BRCAPRO,
Shattuch Eidens, Couch and Myriad Laboratory Data
Tables). Na Tabela 1, as pacientes foram classificadas
de acordo com os quatro modelos de probabilidade
de risco.
Os motivos que levaram quatro pacientes
à
realizarem
histerectomia,
previamente
à
ooforectomia, para redução do risco de câncer do
ovário foram: em duas miomatose uterina, uma
em função de menorragia e a última de causa não
reportada.
Na tabela 3 é apresentada à incidência de
câncer subseqüente à realização do procedimento
“profilático”, estratificada em função da realização
da histerectomia ao mesmo tempo da ooforectomia:
Tabela 1 – Avaliação da probabilidade de risco para
mutação
Modelo
Média
Baixo
Risco
Alto
Risco
Shattuch-Eidens (BRCA1)
22%
0,4%
99%
Couch (BRCA1)
25%
0,3%
96%
BRCAPRO
21%
0,1%
100%
Myriad
16%
3%
90%
Tabela 3 – Incidência de câncer em função da
realização de histerectomia
Histerectomia
prévia
Doença maligna subsequente
Sim
Não
Total
Sim
3
103
106
Não
0
43
43
Ignorado
-
-
5
Total
3
146
154
A probabilidade de apresentar mutação em
BRCA1 ou BRCA2 em pelo menos um dos modelos
acima foi de 86%, comparado ao risco de 7,8% da
população em geral. Ao utilizar o modelo BRCAPRO,
a média de risco foi de 21%.
Não foi observado nenhum caso de câncer
entre as pacientes que não haviam removido o seu
útero no momento da ooforectomia. No grupo de
mulheres na qual o útero fez parte do procedimento
GBETH Newsletter 2006; volume 04 número 08
PAPEL
DA
HISTERECTOMIA PROFILÁTICA
EM
PACIENTES
DE
ALTO RISCO
PARA
profilático, três (3%) delas desenvolveram um câncer
Atualmente,
subseqüente: duas neoplasias de peritônio e um
prevenção do carcinoma da tuba uterina, que possui
carcinoma de ovário recidivado em uma paciente
comportamento semelhante ao do câncer ovariano, e
que apresentava o diagnóstico de câncer ovariano na
da mesma forma, se desenvolve de maneira muitas
sua cirurgia original. A diferença apresentada não foi
vezes assintomática. Ao que parece também existe
estatisticamente significativa (p=0,56). Ao estratificar
uma relação entre o carcinoma da tuba uterina e
em função do tempo decorrido da ooferectomia
mutações BRCA1 / BRCA2. Contudo, a necessidade
profilática (por intervalos de 5 anos) foi observado
de histerectomia para prevenir carcinoma da tuba
que a imensa maioria das pacientes teve o seu útero
uterina ainda permanece controversa. Relativo ao
removido antes de 1990.
risco futuro, de desenvolvimento do carcinoma
DISCUSSÃO
um
CÂNCER HEREDITÁRIO
argumento
a
mais
seria
a
sero-papilífero do endométrio, as informações
atuais sugerem que mulheres judias Ashkezazi
Um dos desafios na tentativa de melhor controlar
com mutações no BRCA, poderiam ser de risco
as mulheres com risco aumentado para câncer
para este tipo de carcinoma endometrial, e assim,
de mama ou ovário é a identificação de soluções
se beneficiaram com a histerectomia profilática,
que possam ser usadas para a redução do risco ou
concomitante à ooforectomia para as mesmas
morbidade. Dentre as opções estão a quimioprevenção
finalidades.
e a cirurgia profilática.
Os autores concluem que apesar do estudo ser
Tendo em vista o alto risco para o desenvolvimento
limitado pelo seu tamanho e caráter retrospectivo,
de câncer apresentado pelas pacientes portadoras
enquanto mulheres não requerem histerectomia
de mutações na sua linhagem germinativa (BRCA1
para a profilaxia de câncer do ovário ou tuba uterina,
ou BRCA2), elas podem optar pela ooforectomia
elas podem ser rastreadas para a identificação de
profilática para reduzir o seu risco de desenvolver
indicações ginecológicas “benignas” de histerectomia.
carcinomas do ovário ou mama. A extensão da
Deve ser feita distinção cuidadosa da histerectomia
cirurgia é que permanece em debate.
profilática em mulheres com história familiar de
Na introdução já citamos algumas vantagens
alegadas por autores para a histerectomia realizada
ao mesmo tempo da ooforectomia profilática.
Síndrome de Lynch/HNPCC, desde que 5% dos
tumores de endométrio se desenvolve neste grupo
de pacientes.
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