EXPODIRETO ESPECIAL Na maioridade PALAVRA DO ESPECIALISTA | PECUÁRIA Mais leite na entressafra JOANA COLUSSI [email protected] Não-Me-Toque No ano em que alcançou a maioridade, ao chegar à 18ª edição, a Expodireto-Cotrijal teve ingredientes fundamentais para o sucesso de uma feira. A expectativa de uma supersafra e os sinais de recuperação da economia garantiram a retomada dos negócios em um dos principais eventos do país. FOTODIOGO ZANATTA Novo ânimo Quem esteve na Expodireto em 2016 e neste ano percebeu claramente a diferença no clima entre expositores e visitantes. Os sinais de recuperação da economia, com juro básico e inflação menores, revigoram o ânimo do produtor na hora de investir. – O momento é outro, nem se compara com o ano passado – comemora Cláudio Bier, presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas do RS. Além da grande procura por tratores, plantadeiras, pulverizadores e colheitadeiras, surpreendeu o interesse em equipamentos para irrigação. As altas produtividades vistas na safra estimulam investimentos na tecnologia. 182 expositores vendem produtos coloniais, artesanatos e flores no pavilhão da agricultura familiar AVEIA, AZEVEN, PENSACOLA, ARUANA, TREVO, CORNICHÃO, SORGO FORRAJEIRO, BRACHIARA E GRAMA BERMUDA GRASS. Direto do produtor, sementes com certificado. Remetemos para todo o estado. F: (55) 3251-2275 / (55) 3251-1067 (55) 99975-2013/ (55) 99664-3926 Santiago/RS Safra farta Embora boa parte das máquinas e equipamentos seja comprada por necessidade, é quase impossível separar os resultados da safra com a disposição em investir. Após uma colheita de milho recorde em produtividade e de arroz retomando a normalidade, os produtores foram à feira com a expectativa de nova supersafra de soja. A colheita das lavouras de verão deverá alcançar volume recorde de 30,8 milhões de toneladas, segundo a Emater. A euforia nos dias da feira só não foi maior por conta da redução do preço do grão que caiu para a casa dos R$ 60 após ter batido o pico de R$ 100 no ano passado. – Os produtores tiveram oportunidade de fixar boas cotações. Quem não o fez, pelo menos terá a baixa de preço recompensada por altas produtividades – avaliou Nei Mânica, presidente da Expodireto-Cotrijal. SERGIO DE ZEN Professor doutor da Esalq/USP e pesquisador responsável pela área de pecuária do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) WAGNER YANAGUIZAWA Mestrando em Administração pela Esalq/USP e analista de mercado do Cepea Espaço disputado a cada ano No ano em que completou 10 anos de participação na Expodireto, a agricultura familiar teve seu espaço ampliado na feira e mais uma vez foi um dos mais visitados, com vendas crescentes. – O espaço é uma vitrine para a produção familiar e vem se consolidando – avalia Tarcísio Minetto, secretário estadual de Desenvolvimento Rural. O pavilhão faz tanto sucesso que a organização da feira cogita ampliar o espaço na próxima edição. Segundo Minetto, existe uma lista de espera de mais de 200 produtores interessados em levar seus produtos à Expodireto: – Temos procurado fazer um rodízio entre os expositores, para que um número maior de agroindústrias tenha oportunidade de vir para cá. ZERO HORA SÁBADO E DOMINGO, 11 E 12 DE MARÇO DE 2017 Leia outras colunas em bit.ly/ palavraespecialista Depois de 10 anos liderando como o segundo maior produtor de lácteos do Brasil, atrás apenas de Minas Gerais, o Rio Grande do Sul perdeu a posição para o Paraná em 2015 (último ano disponível), segundo dados da Produção da Pecuária Municipal (PPM), do IBGE. O ano de 2017, contudo, se inicia mais favorável ao produtor de leite do Estado, cenário que pode estimular esse pecuarista a realizar maiores investimentos na dieta dos animais, resultando em maior produção. Segundo dados do Cepea, enquanto os preços do leite estão em recuperação nos últimos meses, os custos de produção vêm caindo – o valor da ração recua há seis meses consecutivos. Apesar de este ser um momento de início de entressafra, maiores investimentos podem limitar a redução na oferta de leite no Estado nos próximos meses. Vale destacar que, no que diz respeito à produtividade, Santa Catarina e Rio Grande do Sul disputam o posto de líder nacional. De 2006 a 2010, catarinenses apresentaram as maiores médias, porém desde 2011, o RS tem registrado maior produtividade. Analisando-se o período de 2006 a 2015, a produtividade média foi de 2.469 litros/vaca/ano em SC e de 2.565 no RS. MG, por sua vez, mesmo tendo a maior produção de leite entre os Estados brasileiros, apresenta produtividade menor, de 1.549 litros/vaca/ano. Esse fato pode ser explicado pelo perfil da pecuária leiteira, que apresenta alta diversidade de sistemas de produção e uma grande variedade de raças utilizadas. A Região Sul do país tem se destacado na produção leiteira brasileira, buscado investimentos e recursos que contribuam com maior produtividade, com a vantagem de poder manter rebanho de vacas holandesas e dispor de forrageiras anuais. Além disso, essa região apresenta um histórico na pecuária do leite, o que influencia na produtividade. Em um ano, o “poder de compra” de produtores gaúchos frente à ração aumentou quase 30%. Enquanto em fevereiro de 2016 produtores necessitavam vender 1,29 litro de leite para comprar um quilo de ração, no mês passado, precisaram de apenas 0,91 litro de leite. Isso se deve à forte desvalorização do milho e do farelo de soja e ao maior valor pago pelo leite. Os chamados “concentrados” (ração utilizada na pecuária leiteira) têm grande importância nos custos de produção da atividade, visto que representam mais de 36% dos gastos totais, segundo cálculos do Cepea, em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). O leite ao produtor sulrio-grandense, por sua vez, se valorizou 23,3% entre fevereiro/16 e fevereiro/17, em termos reais (valores deflacionados pelo IPCA de janeiro/17). [email protected] e [email protected]