Artigo publicado no jornal Zero Hora em março/17 - Cepea

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EXPODIRETO
ESPECIAL
Na maioridade
PALAVRA DO ESPECIALISTA | PECUÁRIA
Mais leite
na entressafra
JOANA COLUSSI
[email protected]
Não-Me-Toque
No ano em que alcançou a maioridade, ao chegar
à 18ª edição, a Expodireto-Cotrijal teve ingredientes
fundamentais para o sucesso de uma feira. A
expectativa de uma supersafra e os sinais de
recuperação da economia garantiram a retomada
dos negócios em um dos principais eventos do país.
FOTODIOGO ZANATTA
Novo ânimo
Quem esteve na Expodireto em 2016
e neste ano percebeu claramente a diferença no clima entre expositores e
visitantes. Os sinais de recuperação da
economia, com juro básico e inflação
menores, revigoram o ânimo do produtor na hora de investir.
– O momento é outro, nem se compara com o ano passado – comemora
Cláudio Bier, presidente do Sindicato
das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas do RS.
Além da grande procura por tratores,
plantadeiras, pulverizadores e colheitadeiras, surpreendeu o interesse em
equipamentos para irrigação. As altas
produtividades vistas na safra estimulam investimentos na tecnologia.
182
expositores
vendem
produtos
coloniais,
artesanatos
e flores no
pavilhão da
agricultura
familiar
AVEIA, AZEVEN,
PENSACOLA, ARUANA, TREVO, CORNICHÃO,
SORGO FORRAJEIRO, BRACHIARA E GRAMA
BERMUDA GRASS.
Direto do produtor, sementes com certificado.
Remetemos para todo o estado.
F: (55) 3251-2275 / (55) 3251-1067
(55) 99975-2013/ (55) 99664-3926
Santiago/RS
Safra farta
Embora boa parte das máquinas e equipamentos seja comprada por necessidade,
é quase impossível separar os resultados da
safra com a disposição em investir. Após uma
colheita de milho recorde em produtividade e de arroz retomando a normalidade, os
produtores foram à feira com a expectativa
de nova supersafra de soja. A colheita das lavouras de verão deverá alcançar volume recorde de 30,8 milhões de toneladas, segundo
a Emater. A euforia nos dias da feira só não
foi maior por conta da redução do preço do
grão que caiu para a casa dos R$ 60 após ter
batido o pico de R$ 100 no ano passado.
– Os produtores tiveram oportunidade de
fixar boas cotações. Quem não o fez, pelo
menos terá a baixa de preço recompensada
por altas produtividades – avaliou Nei Mânica, presidente da Expodireto-Cotrijal.
SERGIO
DE ZEN
Professor doutor
da Esalq/USP
e pesquisador
responsável
pela área de
pecuária do
Centro de Estudos
Avançados em
Economia Aplicada
(Cepea)
WAGNER
YANAGUIZAWA
Mestrando em
Administração pela
Esalq/USP e analista
de mercado do
Cepea
Espaço disputado a cada ano
No ano em que completou 10 anos de
participação na Expodireto, a agricultura familiar teve seu espaço ampliado
na feira e mais uma vez foi um dos mais
visitados, com vendas crescentes.
– O espaço é uma vitrine para a produção familiar e vem se consolidando
– avalia Tarcísio Minetto, secretário estadual de Desenvolvimento Rural.
O pavilhão faz tanto sucesso que a organização da feira cogita ampliar o espaço na próxima edição. Segundo Minetto, existe uma lista de espera de mais
de 200 produtores interessados em levar seus produtos à Expodireto:
– Temos procurado fazer um rodízio entre os expositores, para que um
número maior de agroindústrias tenha
oportunidade de vir para cá.
ZERO HORA SÁBADO E DOMINGO, 11 E 12 DE MARÇO DE 2017
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Depois de 10 anos liderando como o
segundo maior produtor de lácteos do
Brasil, atrás apenas de Minas Gerais,
o Rio Grande do Sul perdeu a posição
para o Paraná em 2015 (último ano
disponível), segundo dados da Produção
da Pecuária Municipal (PPM), do
IBGE. O ano de 2017, contudo, se inicia
mais favorável ao produtor de leite do
Estado, cenário que pode estimular
esse pecuarista a realizar maiores
investimentos na dieta dos animais,
resultando em maior produção.
Segundo dados do Cepea, enquanto
os preços do leite estão em recuperação
nos últimos meses, os custos de produção
vêm caindo – o valor da ração recua há
seis meses consecutivos. Apesar de este
ser um momento de início de entressafra,
maiores investimentos podem limitar a
redução na oferta de leite no Estado nos
próximos meses.
Vale destacar que, no que diz respeito
à produtividade, Santa Catarina e Rio
Grande do Sul disputam o posto de líder
nacional. De 2006 a 2010, catarinenses
apresentaram as maiores médias, porém
desde 2011, o RS tem registrado maior
produtividade. Analisando-se o período
de 2006 a 2015, a produtividade média
foi de 2.469 litros/vaca/ano em SC e de
2.565 no RS.
MG, por sua vez, mesmo tendo a
maior produção de leite entre os Estados
brasileiros, apresenta produtividade
menor, de 1.549 litros/vaca/ano. Esse
fato pode ser explicado pelo perfil da
pecuária leiteira, que apresenta alta
diversidade de sistemas de produção
e uma grande variedade de raças
utilizadas.
A Região Sul do país tem se destacado
na produção leiteira brasileira,
buscado investimentos e recursos que
contribuam com maior produtividade,
com a vantagem de poder manter
rebanho de vacas holandesas e dispor
de forrageiras anuais. Além disso,
essa região apresenta um histórico
na pecuária do leite, o que influencia
na produtividade.
Em um ano, o “poder de compra”
de produtores gaúchos frente à ração
aumentou quase 30%. Enquanto em
fevereiro de 2016 produtores necessitavam
vender 1,29 litro de leite para comprar
um quilo de ração, no mês passado,
precisaram de apenas 0,91 litro de leite.
Isso se deve à forte desvalorização
do milho e do farelo de soja e ao maior
valor pago pelo leite. Os chamados
“concentrados” (ração utilizada
na pecuária leiteira) têm grande
importância nos custos de produção
da atividade, visto que representam
mais de 36% dos gastos totais, segundo
cálculos do Cepea, em parceria com a
Confederação da Agricultura e Pecuária
do Brasil (CNA). O leite ao produtor sulrio-grandense, por sua vez, se valorizou
23,3% entre fevereiro/16 e fevereiro/17,
em termos reais (valores deflacionados
pelo IPCA de janeiro/17).
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