A INCIVILIDADE E A INDISCIPLINA: DESAFIOS PARA A GESTÃO PEDAGÓGICA E ADMINISTRATIVA. Layza Oliveira Lima, Universidade Estadual do Piauí (UESPI); [email protected] Eduarda Cristina de Sousa Mendes, Universidade Estadual do Piauí (UESPI); [email protected] José da Cruz Bispo de Miranda, Universidade Estadual do Piauí (UESPI), [email protected] 1. INTRODUÇÃO A escola tem processado transformações em todos os tipos de sociedades. Essas mudanças estão vinculadas a projetos idealistas, materialistas, transformadoras e outras conservadoras; várias dessas propostas são vinculadas a governos e aos partidos políticos que disputam o poder o interior da sociedade. Essa disputa ocorre na escola através das alternativas de gestão pedagógica e administrativa, especialmente pela forma de problematizar e gerir os desafios produzidos no ambiente escolar. A gestão administrativa tem contribuído para desenvolver a organização dos papéis na escola, subsidiar as condições materiais e a formação dos docentes. Contudo, a gestão pedagógica é a que sofre com as mudanças nas ações dos grupos e dos indivíduos na escola, uma vez que estas afetam diretamente os objetivos da escola, objetivos estes vinculados à organização do espaço escolar, às atividades de aprendizagens e à elaboração e execução dos projetos sociais e pedagógicos. Neste trabalho a preocupação está em perceber as afetações dos comportamentos incivis e indisciplinares na gestão pedagógica e na aprendizagem dos alunos. Com isso, as formas de enfrentamento de problemas por parte de professores e gestores escolares por diálogos, tomadas de atitudes e de projetos pedagógicos estão no âmbito da gestão pedagógica; ou seja, a relação professor – aluno (a), a prática docente e a gestão são condicionadores do êxito escolar. ISSN 2448-3206 A gestão administrativa e pedagógica é percebida neste trabalho a partir das observações realizadas na sala de aula e em outros espaços comuns na escola. A ideia é identificar os aspectos atitudinais dos sujeitos envolvidos (gestores, professores e alunos) e a influência destas no êxito da escola e dos alunos. 2. RELAÇÕES PROFESSOR ALUNO A relação professora/aluno é complexa e abrange vários aspectos, ela se dá principalmente em sala de aula, envolvendo sujeitos diferentes, com expectativas diferentes, valores, sentimentos onde tanto o professor, tanto os alunos diante desse cenário devem procura um equilíbrio entre os conflitos, as obrigações e direto, visando o real proposito dessa relação que é a aprendizagem, que se dá numa via de duas mãos, pois num espaço que envolve há interação de tantas pessoas diferentes, sempre há a possibilidade de aprender com o outro, assim não só o aluno aprende os conteúdos, ideias, mas o professor também aprende como o relacionamento diário. Para melhor compreender a relação entre professor e aluno, foi realizada observações do ambiente de sala de aula, com uma turma do fundamental menor, acompanhada por três docentes, porém no período de observação, dois destes que se atribui a denominação de professor A e professor B. Na aula do professor A, os alunos eram recebidos normalmente, os cadernos eram postos em cima da mesa, para correção da atividade passada anteriormente, a correção era feita, seguia então para a parte expositiva do conteúdo, o professor tinha um jeito meio rígido, fala sério, volta e meia surgia um grito, assim como uma brincadeira, um momento lúdico. Um ponto em especifico que pôde ser percebido era que o professor sempre desenvolvia as atividades, juntos com os alunos passo a passo, cobrando deles empenho nas atividades, e nos seus deveres como aluno, notou-se que em sua aula havia sanções, quando o aluno atrapalhava muito a aula, ficava 5 a 10 minutos no recreio na sala, fazendo as atividades, que deveria ter feito, no horário da aula. Aos alunos de maneira geral, respeitavam o andamento da aula, procuravam realizar as tarefas, os materiais necessários para a aula, eram trazidos, havia sim conversas paralelas, ISSN 2448-3206 brincadeira entre eles notava-se por parte de um aluno em especial havia certa rebeldia, esses sempre procurava desafiar os limites do professor que contornava a situação, voltando a atenção dele para o ensino, cobrando desse aluno a resolução das atividades, e não se ocupa em atrapalhar o colega. Os docentes dos mais diferentes níveis de ensino, por vezes sentem-se desafiados, por alunos, essa é uma situação bastante complexa, pois além do desafia do enfrentamento à rebeldia do aluno em sala de aula, há também o desafio de compreender e analisar a origem e a melhor forma de lida com a rebeldia do aluno. Eles além do difícil trabalho com aos alunos, tem que enfrentar a realidade de pobreza, violência doméstica, violência na comunidade, às drogas. Essa pequena pausa no descrever das observações, se deu para chamar à atenção para o auno de comportamento desafiante, citado anteriormente, ao procura conhecer melhor esse aluno, preparou-se no um caso familiar bastante conturbado, e um relacionamento difícil com a mãe. Esses alunos foi o que mais apresentou diferença no comportamento nas aulas, do professor A para o professor B. Na aula do professor B, observa-se maior agitação dos alunos, eles levantam como mais frequência, há discursões entre aos alunos, a relação desses com esse professor também é mais agitada, tendo em vista que esse por vezes chegou a pequenas discursões como os alunos. Ao chegar à sala em determinado dia, encontrou-se os alunos dispersos, uns chegaram a levantar e dirigisse até a carteira de outro colega, gritos, brincadeiras, e o professor sentado em sua cadeira, com a voz alta tentava controlar a turma enquanto, preparava um determinado material para a aula em questão. Quanto ao aluno de comportamento desafiante relatado anteriormente, notou-se que seu comportamento tem piorado em todas as aulas, porém seu relacionamento como o professor B é mais intenso, chega à troca de provocações, como frases do tipo: “eu não tenho medo de você”. O diretor foi chamado à sala por conta do comportamento desse aluno, quando o ISSN 2448-3206 diretor não ia à sala de aula, o aluno era retirado e conduzido até a direção na aula do professor B. O que se percebeu nas observações, é que o comportamento de um mesmo grupo de alunos de acordo com o professor da sala de aula, o modo como agia com outros dois professores se diferenciava bastante, tanto na condução da aula, quanto na reação com os alunos, assim a relação professor/aluno se dará de acordo com o clima que professor instala em sala de aula, se é uma relação de confiança, de autoritarismo, ou de empatia toda postura assumida pelo professor frente à turma refletira no comportamento dos alunos, contudo não somente esse ponto que determina essa relação, muito embora se tenha uma boa relação entre discente e docente os conflitos não desapareceram. Sabe-se que o professor deve estar preparado para situações de conflitos que emergem em sala, acompanhar o aluno no seu processo de desenvolvimento, cognitivo, emocional e social. Trabalhar os conflitos entre alunos/aluno, aluno/professor, podem ser uma boa oportunidade de aprendizagem e crescimento para a turma, pois são nesses, momentos que o docente pode exercita na prática, os valores que se espere do cidadão, o respeito às normas, a fala do outro, o espaço, o material de uso coletivo, o saber dialoga e argumentar. A condução de uma turma não é tarefa fácil para o professor, é preciso estabelecer limites e regras de convivência, para um bom andamento das atividades pedagógicas, relações humanas, e para uma sólida formação cidadã. Assim Perrenoud (2000, p. 143) considera cinco competências de uma educação coerente com a cidadania. Prevenir a violência na escola e fora dela. Lutar contra os preconceitos e as discriminações sexuais, éticas e sociais. Participar da criação de regras da vida comum referente à disciplina na escola, às sanções e à apreciação da conduta. Analisar a relação pedagógica, a autoridade e a comunicação em aula. Desenvolver o senso de responsabilidade, a solidariedade e o senso de justiça. ISSN 2448-3206 Oportunizar a vivência na elaboração e discursões de regras para os alunos, possibilita além da maior chance de cumprimento, da mesma, ajuda na formação crítica, tornando os alunos participantes, exercitando também seu lado político, nas discursões das regras e sanções, do que se entende por certo e errado na vivência social, fazendo com que essas regras tenham um real significado para eles, e não apenas algo imposto, e uma obediência cega. O docente além do domínio da sua área de formação acadêmica depara-se como a necessidade de ensinar regras e a importância das mesmas, o respeitar, inspira uma boa conduta social, isso demanda do professor além do ensino a capacidade de relacionasse bem como os pais e comunidade, perceber problemas de ordem afetivas psíquicas dos alunos, as desigualdades econômicas, casos de violências dentro e fora da escola. Não que a escola deva assumir unicamente o papel de educar a criança e o jovem, porém ela deve fazer a sua parte, o professor por sua vez sente que apenas o modo tradicional e a transmissão do conhecimento já não atendente a realidade atual. É necessário um esforço continuo para adaptar e adaptarem-se os novos conteúdos como orientação sexual, diversidade de gênero entre tantos que surgi a todo o momento, assim como as tecnologias aplicadas a sala de aula, tudo isso exige do professor ser bem mais que um professor, e preciso ser educador. Eu diria que os educadores são com s velhas árvores. Possuem uma fase, um nome, uma “estória” a ser contada. Habitam um mundo em que o que vale é a relação que os liga aos alunos, sendo que cada aluno é uma “entidade” suigeneris, portador de um nome, também de uma “estória”, sofrendo tristezas e alimentando esperanças. E a educação é algo pra acontecer nesse espaço invisível e denso, que se estabelece a dois. Espaço artesanal. Mas professores são habitantes de um mundo diferente, onde o “educador” pouco importa, pois o que interessa é um “crédito” cultural que o aluno adquire numa disciplina identificada por uma sigla, sendo que, para fins institucionais, nenhuma diferença faz aquele que a ministra. Por isso mesmo professores são entidades “descartáveis”. Da mesma forma como há canetas, coadores de café descartáveis, copinhos plásticos para café descartáveis. De educadores para professores realizamos um salto de pessoa para função. (ALVEZ, 2000, p.19) ISSN 2448-3206 O trabalho docente implica na formação cidadã uma difícil tarefa a ser realizado, saber perceber a realidade que o cerca, montar estratégias de trabalho, pensar nas condições de vida e aprendizagem do aluno, e não apenas fixasse ou esconder-se nos calendários acadêmicos, livros didáticos e seus conteúdos visando apenas notas aprovativas. O desafiar e quebrar regras são intrínsecos ao ser humano que tem a natural curiosidade, contudo, é essencial conhecer seus limites, para formar alunos, atuantes, e críticos é preciso trabalhar sua capacidade de autolimite, trabalhar os valores como amizade, respeitando, solidariedade, a tão esquecida ética, chama a atenção dos alunos e necessário, assim como manter o clima de cordialidade em sala, reconhecer os avanços dos alunos, transmitir confiança, boa comunicação, são elementos indispensável para o aprendizado. 2.1. A influencia da prática docente no comportamento do aluno. A prática docente pode influenciar diretamente o comportamento do aluno. Perrenoud (2000) salienta que o professor deve dispor de uma sequência e dispositivos didáticos que se inscrevem em contrato pedagógico e didático, regras de funcionamento que podem ser exercidas em sala de aula. Ressaltando que essa sequência didática não ocorre ao acaso e é aliada a uma tarefa a ser realizada em que o objetivo é aprendizagem do aluno. O sistema escolar tenta homogeneizar cada turma, colando alunos da mesma idade, os repentes separados dos que não são e até mesmo pelo nível de desenvolvimento intelectual, mas está provado que não é possível existir essa homogeneidade total em uma turma de alunos, pois, Perrenoud (2000) afirma que o professor deve está consciente que não vai encontrar turmas homogêneas, ele deve enfrentar a heterogeneidade de sua turma compreendendo que o nível de aprendizagem de seus alunos é diferente. Que muitos alunos que possuem dificuldades de aprendizagem são alunos com históricos familiares distintos, e ISSN 2448-3206 que todos esses fatores podem influenciar direto ou indiretamente o seu processo de aprendizagem. Perrenoud (2000) salienta que para o bom andamento da sala de aula e da aprendizagem dos alunos, é preciso o professor compreender que seus alunos não tem o mesmo nível de desenvolvimento, os mesmos conhecimentos prévios, a mesma relação com o saber, os mesmos interesses, e os mesmos recursos e maneiras de aprender. Quando o professor compreende essas diversas situações de seus alunos ele é capaz de organizar seu trabalho e os dispositivos didáticos e dessa forma podem colocar cada aluno em uma situação em que prioriza quem mais precisa aprender. Perrenoud (2000, p. 58) menciona que: O importante, em uma pedagogia diferenciada, é criar dispositivos múltiplos, não baseando tudo na intervenção do professor [...] organizar o espaço em oficinas ou em “cantos” – entre os quais os alunos circulam – é uma outra maneira de enfrentar as diferenças. De acordo com esse pensamento o professor deve está sempre buscando alternativas, meios para trabalhar com a heterogeneidade presente em sua sala de aula para garantir a aprendizagem de seus alunos. Perrenoud propõe aos professores algumas competências para fornecer apoio integrado e trabalhar com alunos portadores de grandes dificuldades. - Dominar um procedimento clínico (observar, agir, corrigir, etc.) saber tirar partido das tentativas e erros, possuir uma prática metódica, sistemática. - Saber construir situações didáticas sob medida (mais a partir do aluno do que do programa). - Estar familiarizado com uma abordagem ampla da pessoa, da comunicação, da observação, da intervenção e da regulação. - Ter domínio teórico e prático dos aspectos afetivos e relacionais da aprendizagem e possuir cultura psicanalítica básica. - Está convencido de que os indivíduos são todos diferentes e o que “funciona” para um não “funcionará” necessariamente para o outro. ISSN 2448-3206 - Dispor de boas bases teóricas em psicologia social do desenvolvimento e da aprendizagem. (PERRENOUD, 2000, p. 61). De acordo com essas competências propostas por Perrenoud vê-se que o trabalho do professor em sala de aula requer tempo de estudo, conhecimentos específicos e amplos. E para envolver seus alunos no processo de aprendizagem ele deve dispor de várias competências. Perrenoud (2000) também afirma que os professores devem também utilizar as ferramentas multimídia no ensino, que essas ferramentas tornam-se cada vez mais sofisticadas e que o mundo do ensino deve está cada vez mais utilizando os recursos tecnológicos para a promoção dos saberes. O datashow que está sendo um recurso didático já usado por alguns professores na educação básica é um recurso bastante apreciado pelos os alunos na escola pesquisada. É realidade também que muitos professores não sabem como utilizá-lo e por falta de conhecimentos para preparação de slides para seu uso ele ainda não é utilizado por todos. É importante destacar o quanto pode ser importante à utilização desses recursos tecnológicos e didáticos na sala de aula, também pelo o grau de atenção que ele desperta nos alunos e pelo interesse que eles despertam na aula. É necessário que os professores tenham a habilidade de envolver seus alunos no processo de aprendizagem, porque infelizmente muitos alunos que frequentam a escola não levam consigo o desejo de aprender, Perrenoud (2000). Os professores que não desenvolvem em seus alunos a motivação necessária para o seu processo de aprendizagem podem se deparar com alunos que terminam demonstrando o seu desinteresse pela aprendizagem em seus comportamentos que podemos classificar como sendo Incivilidade ou indisciplina. Nesse caso fica perceptível que as aulas bem planejadas e dinâmicas despertam interesse e atenção dos alunos, não os deixando dispersos e fazendo com que a aula ocorra com o máximo de aproveitamentos possível. ISSN 2448-3206 Dessa forma pode-se constatar que muitos comportamentos incivis ou indisciplinares podem ser causados pelo desinteresse de aprender do aluno, e que muitos motivos podem gerar esse desinteresse. No período de observação de sala de aula na escola, pode-se observar tais comportamentos indisciplinares dos alunos. A professora por mais que se esforçasse seus alunos da turma de 3º ano não paravam por muito tempo, os alunos conversavam durante a aula, não prestavam a atenção ao que a professora estava tentando explicar, insultavam (apelidos, xingamentos, palavrões) uns com os outros, alguns desenhavam e dois até começaram uma briga no final da sala, foi nesse momento que ela teve que parar a aula separar as duas crianças que brigavam e depois continuar a dar a sua aula. O que se pode perceber nessa aula é que a maiorias dos alunos não estavam interessados a ouvir ou “aprender” o que a professora estava propondo. E muitas vezes o discurso dessa professora era de não saber mais o que fazer a turma. Perrenoud (2000, p.69) diz que “é competência do professor Suscitar o desejo de aprender, explicitar a relação com o saber”. O que foi percebido nessa observação é que as maiorias dos alunos não despertavam interesse e nem motivação para aprender o que a professora estava propondo ensinar, e muitos no decorrer da aula demonstravam essa falta de interesse com comportamentos incivis e indisciplinares. 3 A GESTÃO ESCOLAR FRENTE À INCIVILIDADE E À INDISCIPLINA Entende-se aqui por gestão escolar um processo que ocorre em todo o ambiente escolar. Principalmente em sala de aula, lugar em que o Projeto Político Pedagógico da escola é posto em prática. Como afirma Ferreira: [...] fazendo-se em sala de aula, por conter “gérmen” o espírito e conteúdo do projeto político pedagógico que expressa os compromissos e o norte da escola por meio da gestão de ensino, da gestão de classe, da gestão das relações, da gestão do processo de aquisição do conhecimento. (FERREIRA, 2006, p. 1348) ISSN 2448-3206 Gestão (do latim gestio-õnis) significa ato de gerir, gerência, administração. Holanda Ferreira (1999 apud FERREIRA e AGUIAR, 2001, p. 985). Percebe-se então que à gestão democrática ou participativa vai além das questões administrativas e burocráticas, e que devem acontecer-nos diversos espaços escolares principalmente a sala de aula. Gestão democrática configura-se com a “participação dos profissionais e da comunidade escolar, elaboração do Projeto Político Pedagógico da escola, autonomia pedagógica e administrativa.” (FERREIRA e AGUIAR, 2006, p. 306). Desse modo fica claro que para que a gestão democrática aconteça ela precisa da participação de todos os profissionais quem compõem a escola, de um projeto Político Pedagógico elaborado por todos e executado principalmente na sala de aula e de autonomia. A gestão escolar passa por muitos dilemas, ela deve buscar a cada dia a participação dos professores para colaborarem com a os processos educativos. Perrenoud (2000) diz que: não basta apenas formar professores para participarem da escola, nem esperar que essa evolução de pensamento de participação ocorra naturalmente, para ele. A mudança por meio da junção de dois procedimentos complementares: de um lado, uma adesão progressiva dos atores dos novos modelos; de outro, a construção, igualmente progressiva, dos saberes e das competências capazes de fazê-lo funcionarem na prática (p.96). Dessa forma fica explícito a necessidade que a gestão tem em “buscar”, “convencer” o professor a fazer parte da gestão escolar, nesse caso o professor sente-se parte da gestão, quando tem consciência dos deveres, das obrigações, participa dos projetos e da dinâmica da escola como um todo. É necessário que o professor tenha a competência de construir saberes e de fazer com que esses saberes sejam vividos na prática. Perrenoud (2000) afirma que é necessário um diretor que aproveite as oportunidades para criar uma dinâmica coletiva e funcione como um líder cooperativo, mediador, um garantidor da lei e da equidade. Os comportamentos incivis e indisciplinares afetam diretamente a gestão do professor em sala de aula e toda a gestão escolar como um todo, ISSN 2448-3206 muito podem ser as consequências para esses comportamentos, pois quando esses comportamentos ocorrem na sala de aula pode afetar diretamente o processo de aprendizagem dos alunos, porque o professor muitas vezes perde um bom tempo de sua aula tentando conversar e resolver esses comportamentos. A gestão escolar e a dos processos para enfrentarem os comportamentos incivis e indisciplinares precisa da ajuda de todo à comunidade escola, principalmente dos professores, pois eles devem dar continuidade dos processos de prevenção à violência, projetos, regras, decisões da gestão escolar em sua gestão de sala de aula. O gestor da escola relata o modo como a escola trata a questão dos comportamentos de incivilidade e indisciplina na escola: Perrenoud (2000) salienta que o papel do diretor na instituição é principalmente de facilitar a cooperação dos diversos profissionais da escola embora esse papel possa ocorrer de forma não harmoniosa. O leque de profissionais e projetos que a escola pode receber pode contribuir de forma significativa para a qualidade do trabalho escolar. O diretor (a) na fala acima afirma que está disposto a ajudar e receber todas as colaborações que a escola possa receber com o intuito de melhorar o seu funcionamento, reconhecer que a ajuda de diversos profissionais podem colaborar para o bom andamento da escola. Dessa forma é perceptível que a gestão administrativa percebe a necessidade e a importância da escola trabalhar com diversos projetos, que a participação e a colaboração de todos os funcionários da escola são importantes e que a escola é feita por um conjunto, em que todos têm o mesmo objetivo que é a aprendizagem dos alunos. 4 CONCLUSÕES Não é fácil traçar ideias conclusivas sobre a temática debatida neste trabalho. A escola, mesmo lenta, tem transformado sua estrutura física, a prática docente e os seus projetos tem visado alcançar os alunos (as) em sua diversidade; contudo, ainda predomina um padrão escolar para uma diversidade de alunos. Este padrão reproduz as ações incivis, indisciplinares e a condição social de seus alunos. ISSN 2448-3206 Mas, o que se pode retirar das observações, das falas e da leitura dos documentos escolares sobre as ações incivis e indisciplinadas dos alunos no ambiente escolar? Pode-se observar que a gestão administrativa, em suas decisões contribuiu para amenizar as ações incivis e indisciplinadas? A gestão dos processos educativos, expressa pelas atitudes dos docentes, pelos projetos da escola, pelo acompanhamento do alcance dos objetivos educacionais assegurou maior aproveitamento no campo da aprendizagem dos discentes? São questões que talvez o texto elaborado tenha dado poucas pistas, mas nestas pode-se apontar janelas das quais é possível vislumbrar respostas. Na compreensão dessa organização escolar foram observados os fatos e as decisões no interior da escola de forma diferente. Entre elas, as reuniões pedagógicas, nas quais se não houver o engajamento do gestor administrativo em comprometer seus professores convencendo-os da relevância destas reuniões para o alcance dos objetivos educacionais da escola, na maioria das vezes, ficam esvaziadas e a coordenação pedagógica não consegue realizar suas atividades. Por outro lado, a gestão administrativa, pensa que só com suas atitudes pode resolver os dilemas de sua instituição, colocando em segundo plano, a gestão pedagógica. A gestão pedagógica é entendida aqui, desde a sala de aula, sendo o docente o gestor pedagógico número um. A sala de aula precisa de gestão, sem ela os objetivos da aula não podem ser alcançados e, consequentemente, a aprendizagem torna-se um problema. O docente e o discente são protagonistas no processo de aprendizagem, sem esquecer as condições a serem implementadas pela gestão administrativa e pedagógica para a sala de aula. As observações e as entrevistas trouxeram à tona à incapacidade do docente em conduzir um diálogo onde este pudesse convencer o discente a participar de sua estratégia de aula, quando ele a tem. Mais do que isso, nas observações percebeu-se a falta de estratégia para a ministração do conteúdo e para gerir os possíveis problemas que podem surgir numa sala de aula. Sem isto, imperam os gritos, que podem ser ouvidos pela vizinhança da escola. ISSN 2448-3206 Várias iniciativas têm se agrupado aos interesses da escola, dentre elas o Programa Institucional de Iniciação à Docência (PIBID), o MAIS EDUCAÇÃO e o Atleta na Escola. Por outro lado, o acompanhamento dessas iniciativas carece de melhor gestão. Percebe-se que as atividades não seguem uma rotina pedagógica capaz de envolver os discentes com os conteúdos escolares, o que gera a separação entre o que se tenta ensinar na sala de aula e o que se faz nos projetos. A prova disso são os conflitos entre professores da escola e os instrutores dos programas quando debatem sobre as causas das ações incivis, indisciplinadas e da aprendizagem de seus alunos. A escola, os seus professores, gestores administrativos e pedagógicos devem elaborar uma arquitetura pedagógica capaz de conduzir os atores da escola para o alcance dos objetivos educacionais, sem que dependam dos projetos pedagógicos extraescolar. As ações incivis e de indisciplinadas continuam a ter repercussões significativas para o êxito escolar. Duas razões para isso, a primeira, por que são ações produzidas, na maioria das vezes, pela escola, as gestões não conseguem alterar o contexto da sala de aula e com isso não alteram a qualidade do desempenho acadêmico de seus alunos. A segunda razão é que apesar de existir uma organização escolar com atores que se posicionam e têm papéis, estes não são eficientes, desde o professor na estruturação do seu diálogo com seus alunos e alunas; o gestor administrativo que não tem autoridade juntos aos seus docentes e, o pedagógico que não consegue gerir os objetivos pedagógicos através dos inúmeros projetos e, além disso, não propicia uma escola democrática para uma população de crianças e jovens cada vez mais diversa. 5 REFERÊNCIAS ALVEZ, Rubem. Conversa com quem gosta de ensinar. Campinas, SP. Papirus, 2000. FERREIRA, Naura S. e AGUIAR, Márcia Angela de Sousa (orgs) Gestão da Educação: impasses, perspectivas e compromissos: 2º ed. São Paulo, ed. Cortez 2001. ______________. Diretrizes Curriculares para o curso de pedagogia no Brasil: a gestão da educação com Germên da formação. In: Educc. Soc. Campinas. Vol 27. p. 1341-1358. ISSN 2448-3206 Disponível em:http://www.scielo.br/pdf/es/v27n97/a13v2797.pdf PERRENOUD, Philippe Dez novas competências para ensinar/ Philippe Perrenoud; trad. Patrícia Chitoni Ramos- Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000. ISSN 2448-3206