um basta à estagnação

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UM BASTA À ESTAGNAÇÃO
Milton Lourenço (*)
Reduzir o Estado, tornando-o menos dispendioso e menos pesado para a sociedade que o
sustenta, tem sido o objetivo do atual governo-tampão. Se vai consegui-lo até o final de 2018,
ainda não é possível prever, até porque nem mesmo se sabe se as principais figuras que o
compõem conseguirão escapar às delações que surgem em função das investigações da
operação Lava-Jato e colocam a nu uma teia de corrupção que se acha instalada no País há
mais de 30.
Independente disso, o Brasil não pode parar e precisa continuar a construir o seu destino de
país do futuro, na definição do escritor austríaco Stefan Zweig (1881-1942). E esse futuro,
como se vê pelos últimos resultados da balança comercial, passa por seu manifesto destino de
fornecedor de alimentos. Isso não constitui nenhum demérito porque é intrínseco à natureza
de todo país continental, ou seja, vender commodities do agronegócio e dos demais
segmentos ao mercado externo.
Hoje, se o País não entrou em parafuso, é porque os produtos do campo e não transformados,
como soja, milho, carne e minério de ferro, têm sido fundamentais para a manutenção do
equilíbrio da balança comercial. E se a economia está conseguindo sair da recessão depois de
anos difíceis, é porque os alimentos e outros produtos originários do campo têm mantido e até
mesmo ampliado os mercados que abriram no mundo.
Ao contrário da indústria, que não conseguiu produzir inovação nem acumular ganhos de
competitividade, o que se tem refletido no fechamento de postos de trabalho, o agronegócio só
não obteve melhores resultados porque o governo federal não investiu tanto quanto deveria na
infraestrutura logística, deixando de recuperar e ampliar as estradas que permitem o
escoamento da produção do Centro-Oeste.
Obviamente, não se pode imaginar que só o agronegócio será capaz de recuperar a
economia, mas constitui a base em que se pode sustentar qualquer plano de recuperação. Por
isso, é fundamental que a atividade industrial continue a ser subsidiada; caso contrário, correse o risco de mais nenhuma grande indústria vir a se instalar em solo brasileiro. Ou seja, não
se pode impedir que os Estados continuem a lutar entre si para atrair indústrias inovadoras em
troca de incentivos fiscais.
É claro que, nas atuais circunstâncias, alguns Estados mais endividados, como Rio de Janeiro
e Rio Grande do Sul, precisam conter a sangria da renúncia fiscal, aumentando suas receitas,
mas aqueles que tiveram governos menos perdulários têm todo o direito de procurar atrair
empresas – especialmente, indústrias – que venham a ampliar a oferta de empregos.
Seja como for, tanto os Estados como a União precisam investir em obras de infraestrutura
que são decisivas para a retomada do crescimento, além de estimular as privatizações e
destravar o Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), lançado em setembro de 2016,
ampliando o número de concessões para ferrovias, portos, rodovias, galpões de armazenagem
e energia elétrica. Só assim o País conseguirá reverter o processo de estagnação em que se
encontra.
(*) Milton Lourenço é Presidente da Fiorde Logística Internacional e Diretor do
SINDICOMIS e ACTC. E-mail: [email protected] - Site: www.fiorde.com.br
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