Produção de alface americana em função de tipos de bandeja. Santino Seabra Jr1; Juliana Gadum; Luis Felipe Villani Purquerio; Luciana Mara GonçalvesTelles ; Norberto da Silva; Rumy Goto 1 UNESP-FCA, Departamento de Produção Vegetal/Horticultura, C. Postal 237, CEP 18603-970. Botucatu-SP. e-mail: [email protected] RESUMO Com o objetivo de avaliar a influência da qualidade das mudas na produção de alface, utilizou-se três tipos de bandejas (128, 200 e 288 células) e duas cultivares de alface americana (Raider e Lucy Brown), no delineamento em blocos ao acaso com quatro repetições. O transplante se deu aos 29 dias, quando as mudas tinham cerca de 4 folhas verdadeiras. Obtiveram-se mudas com maior área foliar, número de folhas, mais matéria fresca da parte aérea e maior altura, maior relação entre a altura da cabeça e coração, quando as mudas foram produzidas em bandeja de 128 células. A produção foi avaliada aos 85 dias após a semeadura e observou-se que a cultivar não influenciou na produção total e da cabeça. As mudas desenvolvidas em bandejas de 288 apresentaram menor produção total e de cabeça que as produzidas nos demais tipos de bandeja, sendo que as plantas oriundas de mudas de 128 e 200 células não apresentaram diferença significativa quanto à produção. Palavras-chave: Lactuca sativa, volume de células, transplante ABSTRACT Lettuce production in function of trays size. Evaluated the influence of cell size in the lettuce production, three types of trays having (128, 200 and 288 cells) and two cv. of iceberg lettuce (Raider and Lucy Brown), were essayed. The transplantation was done 29 days after seeding when the transplant had 4 true leaves. In seedlings phase it was obtained bigger leaf area, most number of leaves, higher fresh matter, and heigher relationship between height of the head and its heart, when seedlings were from trays having 128 cells. The production was evaluated at 85 days after the seeding and it was observed that the cv. type didn't influenced the total and the head production. Those plants that come from seedlings grown in trays having 288 cells presented smaller total and head production than the othersKindof trays .Plants originated from seedlings grown on 128 and 200 cells didn't presented significant difference of production. Keywords: Lactuca sativa, cell size, transplant As bandejas de poliestireno expandido (isopor) tem sido amplamente utilizada para a produção de diversas espécies. Entretanto, a absorção de nutrientes e água, a respiração, e a produção, são afetados pela restrição das raízes e, portanto, o volume de substrato, que é determinado pelo tamanho do recipiente é um fator importante para o crescimento das mudas e consequentemente, no desenvolvimento da planta no campo (Nesmith & Duval, 1998). Maior massa de raízes em recipientes pequenos contribui para a redução do espaço poroso e maior competição por oxigênio. Algumas pesquisas relatam que o volume de célula pode influenciar a produção. Em repolho (Marsh & Paul, 1988), alface (Nicola & Cantliffe, 1996), melão (Mayanard et al., 1996) e pepino (Seabra Jr. & Cardoso, 2001) foram observadas uma tendência das mudas produzidas em células menores terem sua produção reduzida. Com o objetivo de avaliar a influência do tipo de bandeja na produção de alface americana, desenvolveu-se este experimento. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido na Fazenda de Ensino, Pesquisa e Produção São Manuel pertencente ao Departamento de Produção Vegetal/Horticultura da FCA-UNESP, Campus de Botucatu. Os tratamentos consistiram em três tipos de bandejas (128 células com 6,2 cm de altura e 34,6 cm3 de volume de substrato, 200 células com 6,0 cm de altura e 22,3 cm3 de volume de substrato e 288 células com 4,2 cm de altura e 9,7 cm3 de volume de substrato) e duas cultivares (Raider e Lucy Brown). O substrato utilizado era composto por 1200 litros de solo de barranco, 600 litros de casca de arroz carbonizada, 600 litros de húmus, 4,8 kg da fórmula 4-14-8 e 4,8 kg de Yoorin. As mudas foram transplantadas 10 de setembro 2002 ( 29 dias após a semeadura). O espaçamento utilizado foi de 0,35 x 0,35 m. A adubação foi realizada de acordo com Trani et al. (1997) após feita a análise química do solo e a irrigação foi realizada por aspersão. O experimento foi realizado em blocos ao acaso, com seis tratamentos em esquema fatorial 3x2, com quatro repetições e 28 plantas por parcela, sendo que somente quatro plantas foram avaliadas e o restante considerada bordadura. Foram avaliadas no dia de transplante, massa fresca da parte aérea, área foliar e altura da muda e o número de folhas definitivas. A colheita foi realizada aos 85 dias da semeadura e avaliou-se a massa fresca da planta, diâmetro, formação de cabeça, com notas variando de 0 a 2, sendo nota 0 sem formação de cabeça, ou seja, folhas soltas, nota 1 para início de formação de cabeça e 2 para cabeça formada. Foi avaliada também a relação entre altura da cabeça e do coração. As médias foram comparadas pelo teste de Tukey (5%). RESULTADO E DISCUSSÃO Observou-se efeito do tamanho das células, com interação entre o volume de substrato e cultivares para todas as características avaliadas na fase de mudas e para produção total. Para a cultivar Raider as plantas originadas de mudas produzidas em bandeja de 128 células apresentaram melhores resultados em todas as características avaliadas no dia do transplante, estando esses resultados de acordo com Silva et al. (2000a) e Silva et al. (2000b). Já a cultivar Lucy Brown não sofreu influência do volume de células para todas características na fase de muda (Tabela 1). Ao comparar as cultivares observa-se diferença significativa somente nas mudas produzidas em bandejas de 200 células, o qual a ‘Lucy Brown’ apresentou maior número de folhas, altura e área foliar, que a ‘Raider’ (Tabela 1). Tabela 1. Número de folhas, massa fresca, altura e área foliar de mudas de função do tipo de bandeja. FCA/UNESP, Botucatu, 2002. Bandeja No Folhas Massa Fresca Altura (células) Raider L. Brown Raider L. Brown Raider L. Brown 128 4,41 Aa 4,08 Aa 1,47 Aa 1,36 Aa 0,49 Aa 0,45 Aa 200 3,75 Bb 4,16 Aa 1,25 Ba 1,33 Aa 0,42 Bb 0,46 Aa 288 3,58 Ba 3,83 Aa 1,19 Ba 1,27 Aa 0,40 Ba 0,42 Aa CV% 6,16 6,10 6,19 alface americana em Área Foliar Raider L. Brown 0,16 Aa 0,15 Aa 0,14 Bb 0,15 Aa 0,13 Ba 0,14 Aa 6,17 Médias seguidas de mesma letra, maiúscula na coluna e minúscula na linha, não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. A produção total da cultivar Raider foi maior em plantas oriundas de mudas produzidas em bandeja de 128 células do que as produzidas em bandeja de 200 e 288 células (Nicola & Cantliffe, 1996). Utilizando a cultivar ‘Lucy Brown’, somente as mudas produzidas em bandeja de 200 células e de 288 células apresentaram diferença estatística significativa entre si, sendo que a de maior volume de substrato (200 células) apresentou maior produção (Tabela 2). A cultivar Raider apresentou maior produção total que a ‘Lucy Brown’ somente em plantas oriundas de mudas produzidas em bandeja de 128 células (Tabela 2). Tabela 2. Produção total de alface americana (g) em função do tipo de bandeja. FCA/UNESP, Botucatu, 2002. Bandeja Cultivares (células) Raider Lucy Brown 128 530,12 Aa 390,33 ABb 200 388,12 Ba 442,21 Aa 288 331,84 Ba 359,14 Ba CV% 10,94 Médias seguidas de mesma letra, maiúscula na coluna e minúscula na linha, não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. As características formação e produção de cabeça e relação altura da cabeça e coração não apresentaram interação significativa em nível de 5% de probabilidade entre as cultivares e tamanho das células das bandejas. Pode-se observar que a produção da cabeça de alface foram semelhantes para ambas as cultivares, embora a cultivar Raider tenha apresentado melhor formação de cabeça aos 85 dias após a semeadura, sendo mais precoce que a cultivar Lucy Brown (Tabela 3). As bandejas de 128 e 200 células não apresentaram diferença estatística significativa na produção de cabeça, mas formaram maior cabeça que as plantas oriundas de mudas produzidas em bandeja de 288 células (Tabela 3). A formação de cabeça foi melhor com o aumento do volume de substrato, devido as mudas produzidas em volume maior de substrato apresentarem um desenvolvimento mais rápido, já que possuíam uma relação parte aérea raiz melhor, te ndo nutrientes disponíveis, melhor aeração, etc (Nesmith & Duval, 1998). Por terem um sistema radicular mais desenvolvido no ato do transplante, apresentaram maior precocidade de colheita (Tabela 3) de acordo com Seabra Jr. (2002). Observou-se que a cultivar Lucy Brown apresentou uma relação altura da cabeça e do coração menor que a Raider em nível de 5% de probabilidade e que nas bandejas de 200 e 288 células essa relação foi menor que na de 128 células (Tabela 3) Tabela 3. Produção de cabeça (g) e formação das cabeça e relação altura da cabeça e altura do coração de alface americana em função do tipo de bandeja. FCA/UNESP, Botucatu, 2002. Tratamentos Produção da cabeça Formação da cabeça Relação altura cabeça (g/planta) e coração Raider 228,97 A 1,44 A 25,37 A Lucy Brown 200,54 A 0,88 B 22,79 B 128 células 274,25 A 1,66 A 28,03 A 200 células 217,96 A 1,25 B 21,71 B 288 células 152,06 B 0,57 C 22,50 B CV% 21,43 25,63 8,02 Médias seguidas pela mesma letra, maiúscula na coluna e minúscula na linha, não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Conclui-se portanto que, nas condições em que foram desenvolvidos os experimentos, as mudas devem ser produzidas em bandeja com volume maior de substrato. LITERATURA CITADA BARROS, S.B.M. Avaliação de recipientes na produção de mudas de tomate (Lycopersicon esculentum Mill.) e pepino (Cucumis melo L.). Piracicaba, 1997. 70p. Dissertação (Mestrado) - Escola Superior de Agricultura ''Luiz de Queiroz'', Universidade de São Paulo. MARSH, D., PAUL, K.B. Influence of container type and cell size on cabbage transplant and field performace. 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