1 INTRODUÇÃO

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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E
TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE SAÚDE E SERVIÇOS
CURSO TÉCNICO EM METEOROLOGIA
PROF. ORIENTADOR: MÁRIO F. LEAL DE QUADRO
PROF. ORIENTADORA: ELIANE S. BARETA
Maria Angélica da Costa
Melina Klein d`Ávila
Rafael Cirilo
MONITORAMENTO COSTEIRO DO LITORAL CATARINENSE
FLORIANÓPOLIS
NOVEMBRO 2012
RESUMO
Esta monografia apresenta uma vasta quantidade de informações sobre tempo e
clima, sobretudo devido às tecnologias, torna-se mais fácil o acesso á informações
sobre o estado momentâneo da atmosfera, ou ainda a sucessão típica dos tipos de
tempo num determinado lugar da superfície terrestre. Devido a este fato, sabe-se
que o clima do estado de Santa Catarina é subtropical úmido. Significa que o estado
possui as quatro estações do ano bem definidas, e que as temperaturas médias
variam de acordo com a região: são mais baixas nas regiões serranas e mais
elevadas no litoral. Portanto, o litoral do Estado apresenta um maior índice de
elevação da temperatura (sobretudo no verão), e sua distribuição anual de chuvas,
varia conforme a presença de fenômenos atmosféricos atuantes na região sul do
Brasil, tais como: el niño e la niña.
Palavras - chave: Subtropical úmido.Temperaturas. Litoral. Precipitação.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................1
1.1.
Objetivos ........................................................................................................1
1.1.1.
Objetivo Geral .............................................................................................1
1.1.2.
Objetivo Específico .....................................................................................2
2. INFLUÊNCIA DE FENÔMENOS METEOROLÓGICOS EM ESCALA GLOBAL 3
2.1.
Características do litoral sul do Brasil ............................................................3
2.2.
Circulação térmica global ...............................................................................4
2.3.
Força de Coriolis ............................................................................................4
2.4.
EL NIÑO/LA NIÑA ..........................................................................................5
3. O CLIMA DE SANTA CATARINA ......................................................................9
4. CARACTERÍSTICAS DE VARIÁVEIS METEOROLÓGICAS NO LITORAL DE
SANTA CATARINA................................................................................................11
4.1.
Temperatura .................................................................................................11
4.2.
Precipitação .................................................................................................15
4.3.
Pressão Atmosférica ....................................................................................16
4.4.
Ventos ..........................................................................................................20
4.4.1.
Ventos do quadrante sul (Vento-Sul) ........................................................21
5. CONCLUSÃO ..................................................................................................23
REFERÊNCIAS .....................................................................................................24
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1-Direção e sentido do movimento de correntes oceânicas nos hemisférios
norte e sul.....................................................................................................................5
FIGURA 2-Comportamento da atmosfera sem a presença do El Niño........................6
FIGURA 3-Comportamento da atmosfera com a presença do El Niño........................6
.
FIGURA 4-Bloqueio de sistemas frontais pelo fortalecimento do jato
subtropical....................................................................................................................8
FIGURA 5-Climas de SC.............................................................................................9
FIGURA 6-Climatologia de Temperatura máxima do Brasil para as quatro estações
do ano.........................................................................................................................13
FIGURA 7-Climatologia de Temperatura mínima do Brasil para as quatro estações
do ano.........................................................................................................................14
FIGURA 8-Média anual de precipitação no território
Brasileiro.....................................................................................................................15
FIGURA 9-Climatologia de chuvas no estado de Santa Catarina no período de 1961
a 1990 para os meses de verão e inverno.................................................................16
FIGURA 10- Decréscimo no valor da pressão atmosférica na cidade de São José
entre os dias 28 e 29 de maio de 2010......................................................................17
FIGURA 11-Centro de baixa pressão no território uruguaio e jatos subtropicais em
Santa Catarina............................................................................................................18
FIGURA 12-Areas de baixa pressão alongada na América do Sul...........................19
FIGURA 13- Análise atmosférica mostrando uma Zona de Convergência de
Umidade.....................................................................................................................22
FIGURA 14-Comportamento do El Niño no planisfério político.................................23
LISTA DE TABELA
TABELA 1- Relação do relevo com o clima em Santa Catarina................................10
1. INTRODUÇÃO
O clima de uma determinada localidade é formado por uma complexa interação
entre os continentes, oceanos e as diferentes quantidades de radiação recebida do
sol. O giro da Terra em torno deste astro faz com que essa quantidade de energia
recebida em cada localidade varie ao longo do ano, criando um ciclo sazonal
responsável pelas estações de verão, outono, inverno e primavera.
Em Santa Catarina esta variação sazonal do clima é bastante definida por causa
da localização geográfica. No verão, quando os raios solares estão chegando com
maior intensidade, a quantidade de radiação solar global recebida chega a 502
cal/cm2; no inverno, esse fluxo é bem menor e fica em torno de 215 cal/cm2. Ao
contrário da maior parte do território brasileiro, no centro sul do país as quatro
estações são bem definidas. O clima mesotérmico predominante em Santa Catarina
proporciona temperaturas agradáveis, variando de 13 a 25°C, com chuvas
distribuídas durante todo o ano.
O trabalho proposto tem foco no clima do estado de Santa Catarina, em
especial o litoral. Para essa região, apresenta-se o comportamento de algumas
variáveis meteorológicas ao longo da costa de Santa Catarina e suas interações
com os principais fenômenos meteorológicos que atuam na região.
Portanto, é de extrema importância o conhecimento e difusão do estudo de
elementos meteorológicos, tais como: temperatura, precipitação e ventos, uma vez
que estão ligados com eventos anômalos e que possam causar prejuízos materiais
da ordem de centena de milhões de reais. É essencial para realizar uma climatologia
a fim de fazer previsões ou estimativas que caracterizem o comportamento de certas
variáveis para os próximos anos.
1.1. Objetivos
1.1.1. Objetivo Geral
1
Apresentar uma análise comportamental das variáveis meteorológicas de
temperatura, precipitação, pressão e ventos na região sul do Brasil, em especial o
litoral do estado de Santa Catarina.
1.1.2. Objetivo Específico
Relacionar as variáveis meteorológicas descritas acima, com os principais
fenômenos climáticos que acontecem no sul do Brasil e na costa Catarinense.
2
2. INFLUÊNCIA DE FENÔMENOS METEOROLÓGICOS EM ESCALA GLOBAL
Fenômenos meteorológicos como circulação térmica global e força de coriolis
influenciam grande parte das principais variáveis meteorológicas, como o vento, por
exemplo. Portanto, é de extrema importância o conhecimento do comportamento
desses fenômenos, e não é correto descartá-los em hipótese alguma.
2.1. Características do litoral sul do Brasil
A paisagem litorânea catarinense é muito diversificada. A "costa" é apenas uma
faixa
do Litoral,
porém
compreende
uma
área
mais
ampla
repleta
de
formações montanhosas e de planícies. Portanto, o litoral sul do Brasil é bastante
irregular. Alguns pontos elevados e ilhas completam a paisagem, como a belíssima
capital de Santa Catarina: Florianópolis.
O clima subtropical é o que ocorre unicamente na região Sul do Brasil.
Essa característica climática se distingue totalmente do restante do Brasil. As
médias anuais de temperatura giram em torno de 18°C, com alta amplitude térmica.
As chuvas são bem distribuídas e os índices pluviométricos superam os 1.250 mm
ao ano (FREITAS, de Eduardo, 2012)
O clima no litoral sul do Brasil é influenciado principalmente pela massa de ar
subtropical do Atlântico sul, que mantém o vento predominante do quadrante
nordeste ao longo da costa. Existem também avanços de massas de ar de origem
polar. No inverno, além de mais frequentes, estas massas polares são muito frias. A
circulação dessas massas polares provém do sentido anti-horário, provocando
ventos do quadrante sul e sudeste. Quando existe um ciclone extratropical próximo
ao continente, os ventos sopram com forte intensidade do quadrante sudoeste
ocasionando ressacas(TURISMO,Climatempo).
3
2.2. Circulação térmica global
A circulação térmica é responsável pelo movimento do ar em escala global. A
primeira causa para os movimentos do ar (vento) é a energia solar. A superfície da
Terra se aquece, pois absorve a energia do sol. Porém essa absorção é desigual em
várias regiões do planeta, e é exatamente isso que determina os movimentos do ar.
Essas diferenças podem ser provocadas pela latitude, inclinação do terreno ou
diferentes capacidades térmicas do solo.
A energia recebida por radiação é transportada dos trópicos para os pólos. Se
esse transporte de energia não fosse realizado, a temperatura da região tropical se
intensificaria imprecisamente, enquanto que as regiões polares ficariam com uma
temperatura cada vez menor. É este gradiente térmico que origina a circulação da
atmosfera e dos oceanos. O sol aquece toda a terra, porém a distribuição de energia
em sua superfície é irregular: regiões polares e de latitudes médias recebem menos
energia solar que regiões equatoriais e tropicais.
2.3. Força de Coriolis
A força de coriolis aparentemente influencia o deslocamento do ar. Sabe-se que
o ar sempre se desloca de uma região de alta pressão para uma de baixa pressão, e
sua trajetória começa a se curvar ao redor de uma alta ou uma baixa pressão, com
resultado do efeito de coriolis. No hemisfério sul o ar gira no sentindo horário nas
baixas pressões (ciclônico) e no sentindo anti-horário nas altas pressões (anticiclônico).
O fator que influencia na direção do vento é a rotação da terra, que origina a
força de coriolis. Se a terra não girasse, o movimento do ar seria diretamente de
uma zona de alta pressão para uma de baixa pressão. Isso é o que realmente ocorre
em pequenas escalas de movimentação do ar, mas ele é desviado devido à rotação
da terra, quando se move sobre uma grande distância.
Portanto, qualquer massa de ar que se move livremente, é desviada quando se
desloca sobre a superfície. Esse desvio acontece em relação ao solo. No hemisfério
sul os ventos são desviados à esquerda do movimento e no hemisfério norte à
direita do movimento.
4
Também há outros fatores que influenciam bastante a circulação na atmosfera,
tais como o aquecimento desigual da superfície, a orografia, as costas marítimas, as
correntes oceânicas, além de outros fatores que podem modificar o comportamento
dos ventos em escala global.
A mudança na direção do vento tem relação com a latitude que é de leste nos
trópicos e de oeste em latitudes médias. Os fenômenos descritos acima causam
também a circulação dos oceanos, que acontece no sentido horário no hemisfério
norte e anti-horário no hemisfério sul. Na figura 1 observa-se que as correntes
oceânicas obedecem a mesma propriedade dos ventos.
Fonte: http://www.escolanautica.com.br/coluna/ensinando_parte_08.htm
FIGURA 1- Direção e sentido do movimento de correntes oceânicas nos
hemisférios norte e sul.
2.4. EL NIÑO/LA NIÑA
O fenômeno El Niño provoca um aumento anormal da temperatura da superfície
da água do mar na região do Pacífico-Leste, próximo à linha do equador, o que
causa efeitos significativos no clima regional e global, e consequentemente na
circulação geral da atmosfera. Os ventos alísios sopram no sentido oeste pelos
do Oceano Pacífico tropical , sem a existência do fenômeno El niño, o qual pode ser
observado na figura 2, e em como a atmosfera se comporta sem a presença do El
5
niño. No oceano Pacífico, pode-se ver a região com águas mais quentes
representadas pelas cores avermelhadas e mais frias pelas cores azuladas. Pode-se
ver também a inclinação da termoclina, mais rasa junto à costa oeste da América do
Sul e mais profunda no Pacífico ocidental.
Fonte: http://www.nemrh.uema.br/meteoro/elnino.htm
FIGURA 2- Comportamento da atmosfera sem a presença do El Niño.
O sentido de movimento dos ventos origina um excesso de água no Pacífico
ocidental e provoca a ressurgência de águas profundas. Com a presença do
fenômeno no oceano Pacífico, os ventos sopram com menos força, diminuindo a
ressurgência de águas profundas e ocasionando um acúmulo de água mais quente
que o normal, representado na figura 3.
6
Fonte: http://www.nemrh.uema.br/meteoro/elnino.htm
FIGURA 3- Comportamento da atmosfera com a presença do El Niño.
Na figura 3, observa-se que os ventos em superfície mudam de sentido, isto é,
ficam de oeste para leste. No oceano Pacífico equatorial podem ser observadas
águas quentes em sua extensão. A termoclina fica mais aprofundada junto à costa
oeste da América do Sul, criando uma elevação maior dos movimentos ascendentes
do ar e maior formação de nuvens e chuvas sobre a Região centro-leste do
Pacífico.
O El Niño provoca chuvas extremamente fortes na América do Sul, pois massas
de ar quentes e úmidas acompanham a água mais quente, migrando para a região
sul do Brasil, o que provoca um aumento irregular de acumulação de precipitação,
principalmente, nos meses de primavera, fim do outono e começo de inverno. As
temperaturas ficam alteradas. O inverno, por exemplo, é mais ameno e no sudeste
as temperaturas ficam mais altas se relacionadas com o padrão que é observado de
normalidade. É de grande importância dizer que o fenômeno climático ocorre com
intervalos de dois a sete anos.
A região sul é uma área de convergência de baixa pressão que beneficia o
transporte da umidade amazônica, combinada com elevadas temperaturas aumenta
a média normal de precipitação. É o que favorece o aumento irregular das chuvas no
estado de Santa Catarina. O El niño torna os ventos em altos níveis (jatos
7
subtropicais) mais intensos do que o normal devido a um acréscimo da diferença de
temperatura entre o equador e os pólos.
Os sistemas frontais que chegam ao estado são bloqueados em decorrência da
fortificação desses jatos, e tornam-se estacionários sobre o estado de Santa
Catarina. (figura 4). Desta forma, ocorre um aumento da precipitação (anomalia
positiva) nesta região, principalmente na primavera do ano em que o fenômeno se
inicia, e no outono-inverno do ano seguinte, abrangendo mais intensamente as
áreas próximas ao oceano (GRIMM et al., 1996). Por isso, é comum, cidades como
Florianópolis estarem sob influência do fenômeno climático, pois é uma região com
grande disponibilidade de porções oceânicas. Porém na costa catarinense, há outros
fatores que podem exercer influência na climatologia de chuvas. As temperaturas da
superfície do mar do oceano atlântico, por exemplo, podem ser as causas do
aumento de precipitação no litoral.
Fonte:
http://www.escolainterativa.com.br/canais/18_vestibular/estude/geogr/tem/geo_tem0
14.asp#03
FIGURA 4- Bloqueio de sistemas frontais pelo fortalecimento do jato
subtropical.
8
3. O CLIMA DE SANTA CATARINA
O clima de Santa Catarina é subtropical úmido. Apresenta temperaturas
amenas que podem variar entre 13º e 25ºC. Os índices pluviométricos são
relativamente elevados e bem distribuídos no decorrer do ano. Diferentemente dos
outros estados brasileiros nos quais são percebidas basicamente duas estações do
ano, em Santa Catarina é possível distinguir as quatro estações, constituídas por
verões quentes e invernos rigorosos. Os pontos mais elevados atingem até 1.810
metros, lugar onde ocorre precipitação de neve. Portanto, o clima não é igual em
todo o estado
Existem diferenças significativas entre as regiões. No litoral (devido à baixa
altitude) e no Oeste (devido à continentalidade), o verão é mais quente e
prolongado. Em Florianópolis, é comum ocorrer o vento sul, que traz para a
atmosfera a umidade oceânica, tornando o inverno úmido. O estado possui o clima
úmido mesotérmico (figura 5), ou seja, significa que o território catarinense possui
estações do ano bem definidas e que ocorre chuva o ano inteiro. Ou ainda, clima
que não possui estação seca e depende da Massa Polar Atlântica (inverno e outono)
e da Massa Tropical Atlântica (verão e primavera) para as mudanças de estação e
temperatura (WIKIPÉDIA)
Fonte:http://www.geoensino.net/2012/09/climas-quentes-e-frios-em-santacatarina.html
FIGURA 5: Climas de SC
9
O principal responsável pela diversidade climática é o relevo. Ele transforma o
clima catarinense. Nas áreas de relevo baixo há sempre temperaturas diferentes das
áreas de relevo elevado. Em baixas altitudes o inverno é mais ameno e o verão mais
quente. Já nas altas altitudes o inverno é mais rigoroso e o verão mais ameno
(Tabela 1).
A ocorrência de geadas e neves é frequente no planalto sul (Abdon Batista,
Brunópolis, Campos Novos, Celso Ramos, Monte Carlo, Vargem, Zortéa) devido às
altitudes que variam de cerca de 800 a até 1828 metros. Entre os municípios do
estado de Santa Catarina destacam-se São Joaquim, Urubici e Urupema, pois são
regiões onde o frio é intenso.
CFB- clima mesotérmico úmido e de verão brando.
CFA- clima mesotérmico úmido e de verão quente.
Fonte: http://www.geoensino.net/2012/09/climas-quentes-e-frios-em-santacatarina.html
TABELA 1: Relação do relevo com o clima em Santa Catarina
10
4. CARACTERÍSTICAS DE VARIÁVEIS METEOROLÓGICAS NO LITORAL DE
SANTA CATARINA
4.1. Temperatura
Santa Catarina encontra-se na posição astronômica do Sub-trópico, portanto a
incidência de raios solares nesta região resulta numa quantidade significativa de
calor e na existência de temperaturas se não muito elevadas, suficientemente
estimulantes para a produção de um clima subtropical. Em uma faixa litorânea as
médias de temperaturas anuais oscilam entre 18°C a 20,5°C, devido à regiões
localizadas nessa faixa encontrarem-se em altitudes mais baixas.
É importante lembrar que os fatores climáticos têm grande importância no clima,
o que afeta a temperatura. No inverno, por exemplo, a frequencia de inserção de
frentes frias e massas de ar frio é muito maior e contrastam com as altas
temperaturas de verão, geradas pela permanência da massa de ar tropical. As
estações de transição, outono e primavera, mesclam características das duas outras
estações. Além das variações sazonais associadas ao movimento da Terra em torno
do sol, a orografia (distribuição das montanhas) de Santa Catarina e a proximidade
do mar são os grandes responsáveis pelas diferenças de clima e temperatura
existente entre as diversas localidades do estado. (MONTEIRO, 2001).
Segundo Monteiro (2001), no verão, são comuns índices elevados de umidade,
intensificando o calor, o que favorece nuvens do tipo cumulonimbus devido à
formação de convecção tropical que resulta em pancadas de chuva. A passagem de
frentes frias nesta estação do ano é constante, resultando em tempestades com
chuvas de forte intensidade, rajadas de ventos fortes e granizo.
Apesar da precipitação ser bastante presente no verão, a quantidade de horas
de insolação não é afetada, já que as nuvens cumuliformes (isoladas) são
predominantes e se intensificam no período da tarde. As temperaturas mínimas
giram em torno dos 20 graus e as máximas geralmente ultrapassam os 30 graus.
(MONTEIRO, 2001).
Nas figuras 6 e 7 é apresentada uma climatologia de temperaturas máximas e
mínimas de acordo com cada estação do ano. No verão, por exemplo, as
temperaturas máximas oscilam entre 22 e 32 graus (para a climatologia de
11
temperaturas máximas), dependendo da região como pode ser observado. No
inverno, as temperaturas mínimas oscilam de 6 a 14 graus Celsius (para a
climatologia de temperaturas mínimas). Observa-se também neste último que na
faixa sul/sudeste de Santa Catarina, as temperaturas obtém um decréscimo em
relação a outras localidades do estado.
Quando uma frente fria se aproxima em Santa Catarina, as temperaturas
chegam a aproximadamente 33 graus, em áreas próximas ao litoral. É o que
acontece no litoral norte, a região mais quente do estado. (MONTEIRO, 2001).
No inverno as temperaturas são mais baixas, pois são influenciadas por
sucessivas massas de ar polar provenientes do continente ártico. Sistemas como
anticiclones trazem o frio, pois se deslocam sobre a Argentina e a região sul do
Brasil, e ocasionam um declínio acentuado na temperatura, apesar do tempo
apresentar-se estável, com predomínio de céu claro. Ao contrário do que acontece
em meses de verão, a trajetória de anticiclones é mais continental durante o inverno,
formando frentes frias que se propagam pelo interior do continente.
As temperaturas são mais altas no litoral norte e mais baixas no litoral sul, pois o
efeito latitudinal na temperatura é predominante. As quotas altimétricas também
desempenham um papel importante. A probabilidade de ocorrência de geadas é
maior quando as temperaturas ficam muito baixas em todo o estado, sob a influencia
das massas de ar frio, principalmente ao norte das regiões Meio-Oeste e Oeste.
Porém, as chances de ocorrência desse fenômeno em faixas costeiras são bem
menores.
12
Fonte: http://climanalise.cptec.inpe.br/~rclimanl/boletim/cliesp10a/fig3_9.html
FIGURA 6 - Climatologia de Temperatura máxima (graus C) do Brasil para as
quatro estações do ano: verão (a); primavera (b); inverno (c) e outono (d);
realizada durante o período de 1961 a 1990.
13
Fonte: http://climanalise.cptec.inpe.br/~rclimanl/boletim/cliesp10a/fig3_9.html
FIGURA 7 - Climatologia de Temperatura mínima (graus C) do Brasil para as
quatro estações do ano: verão (a); primavera (b); inverno (c) e outono (d);
realizada durante o período de 1961 a 1990.
14
4.2. Precipitação
A distribuição anual das chuvas sobre o sul do Brasil se faz de forma bastante
uniforme. Ao longo de quase todo seu território a média anual da precipitação varia
de 1250 a 2000 mm, (Figura 8), porém algumas regiões encontram-se fora desse
limite pluviométrico. É o caso do estado de Santa Catarina, que registra médias
pluviométricas anuais acima de 2000 mm. Valores abaixo de 1250 mm são típicos
do litoral sul do estado (NIMER, 1979).
Fonte: http://climanalise.cptec.inpe.br/~rclimanl/boletim/cliesp10a/chuesp.html
FIGURA 8- Média anual de precipitação no território Brasileiro.
Fenômenos atmosféricos de grande importância atuam na região sul do Brasil e
afetam a climatologia de chuvas nessa região. Entre os mais importantes, podemos
citar a passagem de sistemas frontais sobre a Região, que são responsáveis por
grande parte dos totais pluviométricos registrados (OLIVEIRA, 1986). A trajetória
desses sistemas está intimamente ligada ao posicionamento e à intensidade do jato
subtropical da América do Sul. (KOUSKY e CAVALCANTI,1996).
Em municípios litorâneos catarinenses o total de precipitação trimestral varia em
torno de 140 a 180 mm para os meses de setembro e outubro. As chuvas no litoral
15
de santa Catarina acontecem pelo deslocamento de frentes frias e sistemas de baixa
pressão. Na costa catarinense, a quantidade de precipitação possui influências dos
fenômenos El niño e La niña. A quantidade de chuvas fica abaixo da média nos
meses de outubro e novembro pela influência do fenômeno climático La niña. O
comportamento oposto se dá nos meses de abril e maio. Em anos de El niño as
chuvas de setembro ficam abaixo da média climática no itoral de Santa Catarina. Os
períodos mais chuvosos acontecem no verão e no mês de maio, devido à
temperatura da superfície do mar nas regiões do oceano pacífico-equatorial
(MINUZZI, 2010).
Na figura 9 é apresentada a climatologia da precipitação para o Estado de
Santa Catarina no período de 1961 a 1990 para os meses de verão e inverno.
Fonte: http://ciram.epagri.sc.gov.br/portal/website/
FIGURA 9- Climatologia de chuvas no estado de Santa Catarina no período de
1961 a 1990 para os meses de verão e inverno.
4.3. Pressão Atmosférica
Pressão atmosférica é a ação do peso da atmosfera sobre a superfície do
planeta e pode variar em função da altitude e da temperatura. Quanto menor é a
altitude, maior é a temperatura, e quanto maior é a altitude, menor é a temperatura.
16
Portanto, na serra e no planalto do estado de Santa Catarina a pressão é menor,
pois a altitude é maior se comparada a regiões litorâneas.
A pressão atmosférica é responsável por indicar as épocas do ano mais
favoráveis à inversão térmica do ar por subsidência. No litoral e no planalto de Santa
Catarina, a pressão atmosférica é maior nos meses de inverno, pois indica a
presença de um ar subsidente, devido a um centro de alta pressão. Esta alta
pressão é um indicativo de que o ar está descendo na atmosfera (ar subsidente), e
impossibilita que se criem correntes convectivas de ar ascendente como acontece
em centro de baixa pressão. (VIEIRA, 2010).
As células de circulação atmosférica estimulam a ascensão do ar e
consequentemente diminuição da pressão atmosférica. Esse fato foi evidenciado no
ano de 2010 em São José, como mostra o figura 10, que teve como os jatos
subtropicais (ventos fortes em altos níveis na troposfera).
A variação da pressão está sujeita a uma série de fatores, dentre eles o vórtice
ciclônico de altos níveis. Esse fenômeno causa queda da pressão atmosférica. Tem
grande influência no estado de Santa Catarina quando forma uma frente fria,
tornando nítida a presença dos jatos subtropicais que produzem nebulosidade sobre
o estado.
17
Fonte:
http://wwwpaulotempo.blogspot.com.br/2010/05/pressao-atmosferica-em-
queda-em-santa.html
FIGURA 10- Decréscimo no valor da pressão atmosférica na cidade de São
José entre os dias 28 e 29 de maio de 2010.
Na figura 11, é possível identificar um centro de baixa pressão (letra B) no
oeste e centro do território uruguaio, influenciando a região sul do Brasil. É
notável também a nebulosidade nessa região. A seta vermelha sobre o estado de
santa Catarina representa o jato subtropical.
Fonte: http://wwwpaulotempo.blogspot.com.br/2010/05/pressao-atmosferica-emqueda-em-santa.html
FIGURA 11- Centro de baixa pressão no território uruguaio e jatos subtropicais
em Santa Catarina.
18
Quando uma frente fria alcança o litoral de Santa Catarina, pode ser desviada
para o alto mar como reflexo de um bloqueio atmosférico que se forma no sul do
oceano Atlântico Sul. A presença de um cavado nos médios níveis da troposfera, em
associação com os jatos subtropicais, produz uma área de baixa pressão alongada
bem próximo À superfície, isto é, na baixa troposfera. Na figura 12, as linhas pretas
simbolizam uma área de baixa pressão alongada.
Fonte: http://wwwpaulotempo.blogspot.com.br/2011/09/cavado-e-jatosubtropical-formam-
nuvens.html
FIGURA 12 - Áreas de baixa pressão alongada na América do Sul.
19
4.4. Ventos
O comportamento do vento é influenciado pela mudança nas condições de
tempo. Nas regiões sul e sudeste do Brasil, por exemplo, as condições
meteorológicas estão associadas à passagem, formação ou intensificação de frentes
frias, e sistemas meteorológicos sinóticos típicos de latitudes médias, que atuam no
litoral brasileiro em todas as épocas do ano (KOUSKY, 1979; SATYAMURTY ET
AL., 1998). A interação de uma massa de ar quente com uma massa de ar frio é o
que origina um sistema de frentes. Na região sul é comum a formação de centros
de alta e baixa pressão, que podem formar grandes massas de ar e
consequentemente as frentes.
Os ventos de leste-oeste na costa catarinense estão associados às
características locais, tais como brisa do mar e da terra. A intensidade e velocidade
média dos ventos na faixa litorânea da região também variam em função das
estações do ano, com ventos mais intensos registrados no inverno. E por fim,
diferenças locais como topografia ou hidrografia podem interferir na direção dos
ventos. Vales, montanhas, planícies, rios, lagos, contribuem com esse fato, e o litoral
catarinense de norte a sul é bem diversificado nesses quesitos. (TRUCCOLO,
2011).
Pode-se exemplificar bem o que foi dito na região que comporta o vale do
Itajaí, pois o local possui características geomorfológicas que alteram o padrão de
atuação dos ventos. Em São Francisco do Sul, por exemplo, é predominante a
presença da brisa terrestre em períodos diurnos, ocasionando ventos de W/SW. Os
ventos de NE são constantes nos meses de verão e primavera devido ao
enfraquecimento da brisa terrestre. Na ilha do arvoredo, um conjunto de ilhas
costeiras localizadas a norte da ilha de Santa Catarina, os ventos médios, são
considerados os de maior intensidade com valores entre 71Km/h e 80Km/h
(Monteiro, et al 2011).
No litoral de Santa Catarina, a climatologia de frentes frias definida no estudo
de Rodrigues et al (2004), torna evidente o deslocamento das frentes frias, de
sudoeste para nordeste, durante três dias em média. A frequencia média mensal é
de três a quatro frentes frias que atingem Santa Catarina em todos os meses do
ano. Sabe-se que uma massa de ar quente que exerce interação com uma massa
20
de ar frio, origina um sistema de frentes. Quando frentes frias passam próximas ao
litoral de SC, fazem com que os ventos mudem do quadrante norte para o quadrante
sul. O sistema frontal formado pode ser intenso e resultar em um ciclone
extratropical. (TRUCCOLO, 2011).
De acordo com Walace & Hobbs (1997 apud RODRIGUES et al, 2004), os
sistemas frontais deslocam-se acompanhados de ciclones e anticiclones móveis,
alterando os campos de pressão atmosférica e de outras variáveis atmosféricas, ao
longo de sua trajetória.
Portanto é identificável uma variação sazonal de vento após a passagem de um
sistema frontal: É possível verificar um fluxo considerável de vento sudoeste, no
inverno, nos dois dias seguintes à passagem de um sistema frontal, com relação a
ciclones extratropicais que se intensificam no oceano em regiões próximas a costa
sul do Brasil. No verão os ciclones deslocam-se em latitudes mais altas, e os ventos
de sudeste são típicos de uma condição pós-frontal no litoral catarinense,
associados à atuação de sistemas de baixa pressão (ciclones e cavados), que se
configuram na altura do litoral sudeste do Brasil, após a passagem frontal nesta
região (RODRIGUES et al., 2004).
4.4.1. Ventos do quadrante sul (Vento-Sul)
Ventos provenientes do quadrante sul podem estar associados à atuação
anticiclone polar, que transfere a umidade do oceano para o litoral da região sul,
ocasionando ventos de sul a sudeste de grande intensidade, frios e úmidos, ou
ainda ciclones extratropicais.
Fenômenos relacionados a sistemas de baixa pressão também influenciam o
desempenho dos ventos do quadrante sul. É o caso do ciclogênese. Segundo a
Wikipédia, 2006, ciclogênese é o desenvolvimento ou fortalecimento de uma
circulação ciclônica na atmosfera (em uma área de baixa pressão). Na figura 13
observa-se a formação de um ciclone extratropical na costa da região sudeste do
Brasil, que originou uma frente fria atuante sobre o continente.
21
Fonte: http://cat-unifei.blogspot.com.br/2011/11/boletim-meteorologico-outubro2011.html
FIGURA 13: Análise atmosférica do dia 02/10/11 às 18Z (15 horas local)
mostrando uma zona de convergência de umidade (linhas verdes que se
estendem do sul da Amazônia até o oceano Atlântico).
22
5. CONCLUSÃO
Pelos os estudos climáticos descritos sobre o litoral de Santa Catarina, pode-se
concluir que a região possui as quatro estações bem definidas, constituídas por
verões quentes e invernos consideravelmente frios. Os ventos se destacam
bastante, especialmente os de quadrante sul e os de norte. Ventos provenientes da
direção sul ocorrem com mais frequência na época de inverno, e os de direção norte
com maior ocorrência no verão.
Quanto á precipitação, pôde-se perceber que geralmente há uma regular distribuição
das chuvas na faixa costeira de Santa Catarina, que seguem padrões similares das
demais regiões do estado com um regime de chuvas mais volumoso no verão, e no
inverno a predominância é de um período mais seco. As chuvas ocorrem no litoral
de Santa Catarina pelo deslocamento de frentes frias e sistemas de baixa pressão.
Na costa catarinense, a quantidade de precipitação possui influências dos
fenômenos El niño e La niña. O El niño torna os ventos em altos níveis (jatos
subtropicais) mais intensos do que o normal devido a um acréscimo da diferença de
temperatura entre o equador e os polos.
Esses são apenas alguns dos detalhes que ligam esses fenômenos com que
acontece de fato na variação do clima no litoral catarinense. Por isso, é de grande
importância que sejam feitos estudos mais detalhados para se obter dados do litoral
como um todo, para que assim seja possível compreender melhor esses fenômenos
e prever as suas ocorrências da maneira mais precisa.
23
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