COMISSÃO DE EPIDEMILOGIA HOSPITALAR HOSPITAL SÃO PAULO UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE 2012 Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 1/240 SUMÁRIO 1. Higienização das mãos 2 2. Precauções e isolamentos 11 3. Precauções para pacientes com bactérias multirresistentes 32 4. Recomendações sobre coleta e transporte de amostras de material biológico 5. Prevenção da infecção da corrente sanguínea relacionada a cateteres 45 58 6. Prevenção da infecção do trato urinário relacionada à assistência à saúde 66 7. Prevenção da pneumonia relacionada à assistência à saúde 73 8. Prevenção da infecção do sítio cirúrgico 82 9. Profilaxia antimicrobiana em cirurgia 94 10. Racionalização do uso de antimicrobianos 109 11. Protocolo de terapia antifúngica inicial 117 12. Prevenção de infecções hospitalares virais 125 13. Medidas de prevenção e cuidados especiais com pacientes transplantados em internação hospitalar 137 14. Limpeza, desinfecção, esterilização de artigos médico-hospitalares 154 15. Limpeza e desinfecção de superfícies 167 16. Acidentes envolvendo material biológico 180 17. Imunização do profissional da área da saúde 190 18. Controle ambiental em serviços de saúde 194 19. Resíduos em serviços de saúde 203 20. Vigilância epidemiológica das doenças de notificação compulsória 212 21. A qualidade, a segurança do paciente e o controle de infecção 223 22. Rotinas para troca, limpeza e desinfecção de materiais e dispositivos 231 Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 2/240 1. HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS A higienização das mãos é uma importante medida no controle das infecções em serviços de saúde, por isso tem sido considerado um dos pilares do programa de controle de infecção. Os profissionais da área da saúde, apesar de concordarem com este conceito, na prática não o fazem, ou seja, a falta de adesão a esta prática ocorre em diversos tipos de unidades, serviços e países. Há de se lembrar que um dos componentes chaves para garantir a efetividade de um programa de CIH é a aderência as boas práticas deste programa. Com base em algumas recomendações tentaremos abordar neste texto as principais questões envolvidas na não aderência e sugerir diretrizes para implementar um programa de higiene das mãos em serviços de saúde. CONCEITOS IMPORTANTES A prática da higiene das mãos A utilização de água e sabão pode reduzir a quantidade de microorganismos presentes nas mãos e, por vezes, interromper a transmissão de doenças veiculadas através do contato. A aplicação de produtos antisépticos, em especial de agentes com base alcoólica, pode reduzir ainda mais os riscos de transmissão, pela intensificação da redução microbiana ou por favorecer um aumento na freqüência de higienização das mãos. Por outro lado, a freqüência aumentada na higienização e o tipo de substância utilizada podem causar danos à pele e aumentar a liberação de microrganismos no ambiente. Irritações associadas a sabões antimicrobianos podem ser causadas pelos agentes antimicrobianos ou por outros ingredientes da formulação. Para Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 3/240 minimizar estes problemas pode-se: substituir formulações com alto poder irritativo e fornecer produtos hidratantes. O uso de novos produtos e a racionalização das indicações de higienização das mãos pode contornar este problema e facilitar a adesão de profissionais a esta prática, com conseqüente redução das infecções. Baixa aderência à higiene das mãos e suas causas Particularmente em unidades de terapia intensivas são observados os maiores índices de infecção relacionada à assistência à saúde (IRAS), afetando a mortalidade, morbidade, duração da hospitalização e os custos hospitalares. Ocorre também um aumento da carga de trabalho da enfermagem, que pode ser causa e conseqüência das IRAS, particularmente quando estamos diante de microrganismos multirresistentes. Pittet (2000) notou que a maioria dos estudos sobre lavagem das mãos informa taxas de aderência entre 16% e 81%, e relatou que quanto maior a necessidade de higiene das mãos menos elas são efetivamente lavadas: médicos lavam as mãos menos do que enfermeiras, os auxiliares de enfermagem lavam menos do que enfermeira, gênero masculino, trabalhar em Unidade de Terapia Intensiva, trabalhar ao final de semana, usar aventais e luvas, estar envolvido com atividades com alto risco de contaminação cruzada e quanto maior for o número de oportunidades para higienização de mãos por hora de cuidado a pacientes, menor será sua aderência. Em relação as causas relatadas pelos PAS: irritação e ressecamento da pele ocasionado pelo uso excessivo ou pela falta de emolientes na fórmula da solução, falta de sabão e papel toalha, excesso de trabalho, as necessidades do paciente são prioridade, a higienização das mãos pode interferir na relação com paciente, falta de conhecimento e/ou ceticismo quanto ao real valor, Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 4/240 ausência de exemplos de colegas ou superiores e ausência de informação científica de impacto definitivo e colocação inadequada de pia. Quando feito corretamente, a lavagem de mãos exige aproximadamente 1 minuto para ir até a pia, lavar durante um tempo apropriado, secar as mãos, e voltar ao paciente. Freqüentemente o procedimento inteiro é completado entre 8 a 20 segundos com remoção mínima de organismos adquiridos. Boyce e colaboradores (2002) relataram o uso e a aceitabilidade das várias tecnologias para lavagem das mãos e sugeriu que pias localizadas ao lado do leito são associadas a uma redução do risco de infecção nosocomial de 26%.Também observou que o aumento da disponibilidade de dispensadores de anti-sépticos de mão a base de álcool de 1: 4 leitos para 1 por leito é associado com o dobro de aderência nas práticas higiênicas das mãos recomendadas entre trabalhadores de saúde, indo de 25% a 50%. Evidências da transmissão de patógenos através das mãos A transmissão de microrganismos pelas mãos da equipe é importante para as infecções exógenas primárias, pois neste caso, um microrganismo é introduzido em um local suscetível, principalmente através de procedimento invasivo. Nas infecções endógenas secundárias, as mãos conduzem microrganismos que estabelecem colonização no paciente e subseqüentemente, um processo infeccioso. Quatro fatores básicos devem ser considerados para se avaliar a necessidade e técnica empregada na lavagem das mãos: (1) grau de contato com o paciente ou objetos; (2) extensão da contaminação; (3) cuidado prestado e (4) suscetibilidade do paciente. Sempre devemos lembrar que: os microrganismos presentes na pele do paciente ou em objetos inanimados próximos ao paciente podem sobreviver no ambiente e nas mãos dos PAS, a lavagem de mãos pode ser inadequada ou o Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 5/240 agente usado inapropriado, as mãos dos PAS podem ser contaminadas e transferir ao ambiente ou outro paciente a contaminação. Estudos bem conduzidos têm mostrado que a adesão à higienização das mãos é o meio mais simples e eficaz de prevenir a transmissão de microrganismos no ambiente assistencial. Soluções utilizadas para higiene das mãos Segundo a portaria 930/1992 do Ministério da Saúde, os anti-sépticos devem possuir algumas propriedades e seguir alguns requisitos como: 1. atividade germicida sobre a flora cutânea, sem causar irritação da pele ou mucosas; 2. Não provocar reações alérgicas ou queimaduras e 3. Possuir baixo teor de toxicidade. Os anti-sépticos são substâncias antimicrobianas aplicadas à pele para reduzir o número de agentes da flora microbiana. A diferença entre eles está no tempo de exposição, número de microorganismos e na concentração do agente. São classificados como bactericidas por sua capacidade em destruir as bactérias nas formas vegetativas, ou bacteriostáticos por inibir o crescimento de microorganismos. Em virtude de tal evento devem-se ter alguns cuidados para que essas soluções anti-sépticas não sofram contaminação por microorganismos, principalmente por Gram negativos. Algumas sugestões podem ser: proteger a solução da luz solar direta ou do excesso de calor; evitar que gazes ou algodões entrem em contato com as soluções anti-sépticas e adotar técnicas que impeçam a contaminação da borda da almotolia quando em uso, protegendo-a do contato direto com a pele, mucosa e instrumental cirúrgico. MEDIDAS DE CONTROLE Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 6/240 a. Indicações para higienização das mãos • Contato com paciente com pele íntegra • Contato com superfícies ambientais próximas ao paciente • Depois de remover as luvas • Contato com material orgânico • Antes de procedimentos de alto risco • Antes e depois de efetuar atividades corriqueiras (assoar o nariz, ir ao banheiro, se alimentar, etc) b. Outros aspectos de higiene das mãos • Não utilize unhas postiças quando presta assistência direta ao paciente • Mantenha as unhas naturais sempre curtas (<1/4) • Utilize luvas quando em contato com sangue ou outros materiais potencialmente infecciosos, membrana mucosa e pele não intacta. • Retire as luvas após cuidar do paciente. Não utilize uma luva para cuidar de mais de um paciente e não lave as luvas • Troque de luvas quando trocar de áreas contaminadas para áreas limpas • Não utilize anéis c. Programas educacionais • Identificar tipos de cuidado com o paciente que levam a contaminação das mãos, além das vantagens e desvantagens dos vários métodos. • Medir aderência à higienização das mãos e divulgar dados Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE • Página: 7/240 Incentivar os pacientes e seus familiares a lembrar o PAS para higienizar suas mãos d. Medidas administrativas • Faça do Programa de Higienização das Mãos uma prioridade institucional e disponibilize recursos financeiros para tal • Implante um programa multidisciplinar para estimular a aderência dos PAS à Higienização das Mãos • Como parte do Programa de Higienização das Mãos disponibilize gel alcoólico para incentivar aderência • Para unidades manipulações com que o requerem paciente inúmeros disponibilizar procedimentos gel alcoólico e em dispensadores individuais e de parede (ao lado da cama) • Manter estoque de gel alcoólico em áreas próprias para materiais inflamáveis RECOMENDAÇÕES Lavar as mãos com água e sabão (antimicrobiano ou não): • Mãos visivelmente sujas ou contaminadas com material biológico; • Antes de entrar em contato com os pacientes; • Antes de calçar luvas estéreis para inserção de cateter vascular central, cateter urinário de demora, cateteres vasculares periféricos ou outros dispositivos invasivos que não requeiram um preparo cirúrgico; • Após contato com pele íntegra dos pacientes; Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE • Página: 8/240 Após contato com fluidos corpóreos ou excreções, membranas mucosas, pele não intacta, e curativo de ferida se as mãos não estão visivelmente sujas; • Quando se faz o movimento do sítio contaminado para o mais limpo durante o cuidado do paciente; • Após o contato com objetos inanimados próximos ao paciente • Após a remoção das luvas; • Após atividades corriqueiras (comer e usar o banheiro). Utilização de álcool gel: • Mãos não visivelmente sujas; • Antes de entrar em contato com os pacientes; • Após contato com pele íntegra dos pacientes; • Quando se faz o movimento do sítio contaminado para o mais limpo durante o cuidado do paciente; • Após o contato com objetos inanimados próximos ao paciente; • Após atividades corriqueiras (comer e usar o banheiro). Anti-sepsia cirúrgica das mãos • Retirar anéis, relógios e braceletes antes de iniciar a escovação/esfregação cirúrgica; • Remover resíduos sob as unhas com escova/espátula sob água corrente; • Utilizar sabão antimicrobiano ou produto de base alcoólica com efeito residual antes de vestir luvas estéreis; • Tempo de escovação/esfergação: de 2 a 5 minutos . Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 9/240 TÉCNICA DE HIGIENE DAS MÃOS Como aplicar os produtos à base de álcool Colocar o produto na palma de uma das mãos Friccionar as mãos juntas cobrindo todas as superfícies das mãos e dedos Friccionar até secar. Como lavar as mãos com água e sabão 1. Molhe as mãos 2. Aplique sabão na palma de uma das mãos 3. Friccionar as mãos juntas cobrindo todas as superfícies das mãos e dedos 4. Enxágüe as mãos 5. Seque as mãos com toalha descartável 6. No caso de torneira manual, utilize toalha descartável para fechar a torneira * Não utilize água quente para lavar as mãos (risco de dermatites) REFERÊNCIAS • Boyce JM, Pittet D. Guideline for hand hygiene in health-care settings: Recommendations of the healthcare infection control practices advisory committee. MMWR 2002; 51 (Nº RR-16). • Garner JS. Hospital Infection Control Practices Advisory Committee. Guideline for isolation precautions in hospitals. Infect Control Hosp Epidemiol 1996, 17:53-80. • Larson E. APIC Guidelines for hand washing and hand antisepsis in healthcare settings. J Infect Control1995; 23: 251-269. Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE • Página: 10/240 Pittet D, et al. Effectiveness of a hospital-wide program to improve compliance with hand hygiene. Lancet 2000; 356:1307-12. • Pittet D. Improving compliance with hand hygiene in hospitals. Infect Control Hosp Epidemiol 2000; 21: 381- 386. • Portaria nº 2.616 de 12 de maio de 1998 do Ministério da Saúde D.O.U. 13/05/98. • Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Segurança do Paciente em Serviços de Saúde: Higienização das Mãos. Brasília: ANVISA, 2009. Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 11/240 2. PRECAUÇÕES E ISOLAMENTOS O objetivo básico de um sistema de precauções e isolamento é a prevenção da transmissão de microorganismos de um paciente para outro paciente, de um paciente para um profissional da saúde, de um portador são ou doente para outro; tanto na forma direta como indireta. Esta prevenção abrange medidas referentes aos pacientes, mas também aos profissionais da saúde que podem servir de veículo de transmissão destes microrganismos. Em 1996 o Centers for Disease Control and Prevention (CDC) publicou o novo sistema de precauções e isolamentos, o qual contempla dois tipos de precauções: Precauções Padrão o devem ser aplicadas no atendimento de todos pacientes, na presença de risco de contato com sangue; todos fluídos corpóreos, secreções e excreções (com exceção do suor); pele com solução de continuidade; e mucosas. Precauções Específicas o elaboradas baseadas em mecanismo de transmissão das patologias e designadas para pacientes suspeitos ou sabidamente infectados ou colonizados por patógenos transmissíveis e de importância epidemiológica, baseada em três vias principais de transmissão: o Transmissão por contato o Transmissão aérea por gotículas o Transmissão aérea por aerossol Podem ser combinadas caso a doença apresente diversas vias de Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 12/240 transmissão. Deve-se associar às precauções padrão. PRECAUÇÕES PADRÃO Devem ser utilizadas para todos os pacientes independentemente do diagnóstico. • Higienização das mãos: antes e após contato com o paciente, após contato com sangue, outros líquidos orgânicos, e itens contaminados; após a retirada de luvas, entre um paciente e outro e no mesmo paciente, caso haja risco de contaminação cruzada entre diferentes sítios anatômicos. • Luvas: usar luvas limpas quando houver possibilidade de contato com sangue, outros fluídos ou itens e superfícies contaminados; trocar de luvas entre procedimentos; retirar luvas após uso e lavar as mãos obrigatoriamente. • Máscara e óculos de proteção: recomendados para proteção individual durante procedimentos que envolvam riscos de respingos. • Avental: avental limpo para proteção individual sempre que houver risco de contaminação com sangue ou líquidos orgânicos. Quando houver sujidade visível, retirar o avental o mais rápido possível e lavar as mãos. • Artigos e equipamentos de assistência ao paciente: realizar limpeza, desinfecção ou esterilização, de acordo com a classificação do artigo, após o uso e entre pacientes. • Ambiente: seguir os procedimentos de rotina para adequada limpeza e descontaminação das superfícies ambientais. Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE • Página: 13/240 Roupas: ensacar as roupas usadas e contaminadas com material biológico (sangue, líquidos orgânicos e excreções) de forma a prevenir exposição. • Material perfuro - cortante: manusear com cuidado os materiais perfuro - cortantes, proceder descarte adequado em recipientes próprios. Seguir adequadamente as orientações para montagem e preenchimento destes recipientes, não ultrapassando o limite indicado. • Quarto privativo: indicado conforme orientação do SCIH e nos casos em que o paciente não tem controle das eliminações de fezes ou urina. • Higiene respiratória/ Etiqueta da tosse: conter secreções respiratórias, especialmente durante surtos sazonais de infecções virais do trato respiratório. PRECAUÇÕES DE CONTATO Indicadas para infecção (ou suspeita de infecção) ou contaminação por microorganismos multirresistentes ou epidemiologicamente importantes passíveis de transmissão por contato direto. Internação do paciente: quando possível em quarto privativo ou em quarto com paciente que apresente infecção pelo mesmo microrganismo (coorte). Se coorte: manter distância entre leitos (1metro) e realizar troca de paramentação entre os atendimentos aos pacientes. • Higienização das mãos: deve ser enfatizada a importância desta ação; utilizar anti-séptico como o álcool-gel ou soluções degermantes (clorexidina 2% ou PVPI 10%). Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE • Página: 14/240 Luvas: usar luvas limpas, não estéreis, ao entrar no quarto e durante o tempo de atendimento; trocar de luva após contato com material biológico; retirar as luvas antes de deixar quarto e higienizar as mãos. • Avental: usar avental limpo, não necessariamente estéril, ao entrar no quarto e retirá-lo antes de deixar o quarto. • Equipamentos de cuidado ao paciente: estetoscópio, esfignomanômetro e termômetros devem ser de uso individual. Caso não seja possível, devem ser limpos e desinfetados com álcool 70%, entre pacientes. • Ambiente: itens com os quais o paciente teve contato e superfícies ambientais devem ser submetidos à desinfecção com álcool 70%. Para Clostridium difficile recomenda-se o uso de hipoclorito de sódio. • Visitas: restritas e instruídas pelo enfermeiro. • Transporte do paciente: deve ser limitado. O profissional que transportar o paciente deve utilizar as precauções padrão, realizar desinfecção das superfícies após o uso do paciente. Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Outras patologias Página: 15/240 Microrganismos Multirresistentes PRECAUÇÕES RESPIRATÓRIAS PARA AEROSSÓIS Indicadas para infecção respiratória suspeita ou confirmada por microorganismos transmitidos por aerossóis (partículas de tamanho menor ou igual a 5µ) que permanecem suspensas no ar e podem ser dispersas a longas distâncias, como varicela, sarampo e tuberculose. • Local de internação: quarto privativo com pressão negativa; filtragem do ar com filtros de alta eficiência (caso seja reabsorvido para o ambiente); seis a doze trocas de ar por hora, manter as portas do quarto sempre fechadas. Caso a instituição não tenha quartos com estas características, manter o paciente em quarto privativo, com as portas fechadas e janelas abertas, permitindo boa ventilação. • Proteção respiratória: utilizar máscaras com capacidade de filtragem e vedação lateral adequada (PFF2 – Proteção Facial Filtro 2, ou N95 – Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 16/240 regulamentação por entidades americanas). Estas máscaras podem ser reutilizadas pelo mesmo profissional por período não superior a 30 dias, desde que se mantenham íntegras, secas e limpas. Utilizar PFF2 durante a assistência a pacientes intubados, pois pela válvula expiratória continua ocorrendo eliminação de microorganismos no ambiente. • Transporte de paciente: utilizar máscara cirúrgica no paciente. • Visitas: restritas e orientadas pelo enfermeiro. Em algumas doenças há necessidade de se associar diferentes tipos de precauções, por exemplo: herpes zoster (em pacientes imunossuprimidos ou disseminado) e varicela: associar precaução de contato com precaução respiratória para aerossóis. PRECAUÇÕES RESPIRATÓRIAS PARA GOTÍCULAS Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 17/240 Indicada para pacientes portadores ou infectados por microorganismos transmissíveis por gotículas (partículas de tamanho maior ou igual a 5µ) que podem ser gerados por tosse, espirro ou conversação. • Internação de paciente: quarto privativo ou, caso não seja possível, em quarto de paciente com infecção pelo mesmo microorganismo (coorte); a distância mínima entre os leitos deve ser de 01 (um) metro. • Máscara: deve ser utilizada a máscara cirúrgica quando a proximidade com o paciente for menor que 01 (um) metro. • Transporte de paciente: limitado, mas quando necessário, utilizar máscara cirúrgica no paciente. • Visitas: restritas e orientadas pelo enfermeiro. EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI): SEQUÊNCIA PARA COLOCAÇÃO E RETIRADA Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 18/240 Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 19/240 AMBIENTE PROTETOR Indicado para pacientes em unidades de transplante de medula óssea • Higienização das mãos: deve ser reforçada, assim como as demais medidas de Precauções Padrão. • Ambiente: quarto com fluxo laminar e filtro HEPA; troca e limpeza regular dos filtros de ar; proibir presença de flores. • Não há indicação para realização do isolamento reverso. Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 20/240 Tabela 1. Principais doenças em ordem alfabética com o tipo de precaução e o período de isolamento Infecção/Condição/Microrganismo Tipo de Período Precaução Abscesso drenante Drenagem não contida pelo curativo Contato Drenagem contida pelo curativo Padrão Actinomicose Durante a doença Padrão Adenovírus, infecção por: Lactente e pré-escolar Gotículas + Durante a doença Contato Amebíase Padrão Angina de Vincent Padrão Antrax: cutâneo e pulmonar Padrão Ascaridíase Padrão Aspergilose Padrão Bactérias multirresistentes (infecção ou Contato (a colonização) critério da Não definida CCIH) Botulismo Padrão Brucelose Padrão Candidíase Padrão Caxumba Gotículas até 9 dias após início tumefação Celulite: drenagem não contida Cancro Mole (Clamydia trachomatis) Contato Durante a doença Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE conjuntivite, genital e respiratória Página: 21/240 Padrão Cisticercose Padrão Citomegalovirose: neonatal em Padrão imunossuprimido Clostridium botulinum (Botulismo) Padrão Clostridium difficile (Colite associada a Contato Durante a doença antibiótico) Clostridium perfringens (gangrena gasosa Padrão e intoxicação alimentar) Clostridium tetanii (tétano) Padrão Cólera Contato Durante a doença Colite associada a antibiótico Contato Durante a doença Padrão Durante a doença Contato Durante a doença Gotículas Terapêutica eficaz 5 Conjuntivite Bacteriana, gonocócica e Clhamydia trachomatis Viral aguda (hemorrágica) Coqueluche dias Creutzfeldt - Jacob, doença. Padrão Criptococose Padrão Infecção/Condição/Microrganismo Tipo de Precaução Padrão Dengue Dermatofitose / Micose de pele / Tínea Difteria Padrão Período Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Cutânea Contato Página: 22/240 Terapêutica eficaz + 2 dias Faríngea Gotículas culturas negativas em dias diferentes Donovanose (granuloma inguinal) Padrão Endometrite puerperal Padrão Enterobíase Padrão Enterocolite necrotizante Padrão Enterocolite por Clostridium difficile Contato Durante a doença Enterovirose (Coxackie e Echovirus) Adulto Padrão Lactente e pré-escolar Contato Durante a doença Gotículas terapêutica eficaz 24 Epiglotite (Haemophylus influenzae) horas Contato Escabiose terapêutica eficaz 24 horas Esporotricose Padrão Esquistossomose Padrão Estafilococcia - S. aureus Pele, ferida e queimadura: com secreção não contida Contato com secreção contida Padrão Enterocolite Padrão Pneumonia Padrão síndrome da pele escaldada Padrão síndrome do choque tóxico Padrão Durante a doença Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 23/240 Estreptococcia – Streptococcus Grupo A Pele, ferida e queimadura: com secreção não contida Contato Durante a doença com secreção contida Padrão Endometrite (sepse puerperal) Padrão faringite: lactante e pré-escolar Gotículas Terapêutica eficaz 24h Escarlatina : lactante e pré-escolar Gotículas Terapêutica eficaz 24h Pneumonia: lactante e pré-escolar Gotículas Terapêutica eficaz 24h Estreptococcia – Streptococcus Grupo B Padrão Neonatal Estreptococcia (não A não B) Infecção/Condição/Microrganismo Padrão Tipo de Período Precaução Estrongiloidíase Padrão Exantema súbito (Roséola) Padrão Febre amarela Padrão Febre por arranhadura de gato Padrão Febre por mordedura de rato Padrão Febre recorrente Padrão Febre reumática Padrão Furunculose estafilocócica Lactente e pré-escolar Gastroenterite: Contato Durante a doença Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Campylobacter, Página: 24/240 Cholera, contato Durante a doença Clostridium difficile contato Durante a doença Escherichia coli: enterohemorrágica Padrão Durante a doença Criptosporidium spp Contato Em incontinente ou uso de fralda Giardia lamblia Padrão Yersinia enterocolítica Padrão Salmonella spp (inclusive S. typhi) Padrão Em incontinente ou uso de fralda Contato Padrão Shigella spp Contato Em incontinente ou uso de fralda Padrão Vibrio parahaemolyticus Rotavírus e outros vírus em pacientes Contato Durante a doença incontinentes ou uso de fralda Gangrena gasosa Padrão Gonorréia Padrão Guillain-Barré Padrão Hanseníase Padrão Hantavírus pulmonar Padrão Helicobacter pylori Padrão Hepatite viral Vírus A Padrão Uso de fralda ou incontinente Contato Durante a doença Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Vírus B (HBsAg +), vírus C e outros Página: 25/240 Padrão Herpes Simplex Encefalite Padrão Neonatal Contato Durante a doença Mucocutâneo, disseminada ou primária, Contato grave Infecção/Condição/Microrganismo Tipo de Período Precaução Padrão Mucutâneo, recorrente (pele, oral e genital) Herpes Zoster localizado em imunossupremido, ou Contato + até tornarem-se disseminado aerossois crostas localizado em imunocompetente Padrão Hidatidose Padrão Histoplasmose Padrão HIV Padrão Impetigo Contato Infecção cavidade fechada Padrão terpêutica eficaz 24 h Infecção de ferida cirúrgica Com secreção contida Padrão Com secreção não contida Contato Infecção do Trato Urinário Durante a doença Padrão Influenza Sazonal Gotículas Durante a doença Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE H1N1 2009 Gotículas Página: 26/240 7 dias a partir do ínicio dos sintomas (14 dias para crianças e imunossuprimidos) H1N1 2009 - Se risco de geração de aerossol (aspiração, intubação, Aerossóis e contato broncoscopia) Intoxicação alimentar por: C. botulium, C. perfringens, C.welchii, Padrão estafilocócica Kawasaki Padrão Legionelose Padrão Leptospirose Padrão Listeriose Padrão Lyme Padrão Linfogranuloma venéreo Padrão Malária Padrão Melioidose Padrão Meningite Bacteriana Gram negativo, entéricos, Padrão em neonatos Fúngica, viral Padrão Meningite Haemophilus influenzae (suspeita ou confirmada) Gotículas terapêutica eficaz 24 h Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Listeria monocytogenes Padrão Neisseria meningitidis (suspeita ou Gotículas Página: 27/240 terapêutica eficaz 24 h confirmada) Pneumocócica Padrão Tuberculosa Padrão Infecção/Condição/Microrganismo Tipo de Período Precaução Outras bactérias citadas Padrão Gotículas terapêutica eficaz 24 h Meningococcemia Micobacteriose atípica Não M. tuberculosis: pulmonar e Padrão cutânea Molusco contagioso Padrão Mononucleose infecciosa Padrão Mucormicose Padrão Nocardiose Padrão Oxiúros Padrão Parvovírus B19 Padrão Doença crônica em imunossupremido Gotículas Durante internação Crise aplástica transitória ou de células Gotículas Durante 7 dias Contato terapêutica eficaz 24 h vermelhas Pediculose Peste Bubônica Padrão Pneumônica Gotículas terapêutica eficaz 3 Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 28/240 dias Pneumonia Adenovírus Contato + Durante a doença Gotículas Pseudomonas cepacia em fibrose Padrão cística Padrão Incluindo colonização do trato respiratório Chlamydia, Legionella spp, S. Aureus Padrão Fúngica Padrão Haemophilus influenzae adultos Padrão Haemophilus influenzae lactentes e Gotículas terapêutica eficaz 24 h Meningocóccica Gotículas terapêutica eficaz 24 h Mycoplasma (pneumonia atípica Gotículas Durante a doença crianças de qualquer idade primária) Outras bactérias não listadas incluindo Padrão Gram Negativas Pneumocócica Padrão Pneumocystis carinii Padrão Pneumonia Streptococcus, grupo A adultos Padrão Streptococcus grupo A lactente e pré- Gotículas escolar terapêutica eficaz 24 h Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 29/240 Padrão Viral adultos Viral lactente e pré-escolar Contato Durante a doença Padrão Poliomielite Psitacose (Ornitose) Infecção/Condição/Microrganismo Padrão Tipo de Período Precaução Raiva Padrão Riquetsiose Padrão Rubéola Gotículas início do rash até 7 dias Congênita Contato Até 1 ano de idade Sarampo Aerossóis Durante a doença Síndrome da pele escaldada Padrão Síndrome respiratória aguda grave Aerossóis + contato Sífilis pele e mucosa (incluindo congênita, 1ª e Padrão 2ª) 3ª e soro-positivo sem lesões Padrão Teníase Padrão Tétano Padrão Tinea Padrão Toxoplasmose Padrão Tracoma agudo Padrão Tricomoníase Padrão Durante a doença Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Tricuríase Padrão Triquinose Padrão Página: 30/240 Tuberculose Extra pulmonar, meningite e outras sem Padrão drenagem Extra pulmonar com lesão drenando Padrão Pulmonar (suspeita ou confirmada) Aerossóis 3 BAAR(-) e terapêutica eficaz Laríngea (suspeita ou confirmada) Aerossóis 3 BAAR(-) e terapêutica eficaz Mantoux (PPD): reator (>5mm) sem Padrão evidência de doença pulmonar ou laríngea atual Tularemia: lesão drenando ou pulmonar Padrão Tifo: endêmico e epidêmico Padrão Varicela Aerossóis + até todas as lesões contato tornarem-se crostas Vírus Parainfluenza Contato Durante a doença Vírus Sincicial Respiratório Contato Durante a doença Zigomicose (ficomicose/mucormicose) Padrão REFERÊNCIAS • Siegel JD, et al. Guideline for isolation precautions: preventing transmission of infectious agents in healthcare settings. recommendations of the healthcare Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 31/240 infection control practices advisory committee. Am J Infect Control 35 (10): supply 2; 2007. • Siegel JD, Rhinehart E, Jackson M, et al. management of multidrug-resistant organisms in health care settings, 2006. Am J Infect Control 35 (10): supply 2; 2007. • CVE. Norma Técnica Influenza Pandêmica H1N1 2010. Disponível em: www.cve.saude.sp.gov.br/doc_tec/RESP/INFLUA10_NORMA. Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 32/240 3. PRECAUÇÕES PARA PACIENTES COM BACTÉRIAS MULTIRRESISTENTES As bactérias multirresistentes são definidas como microrganismos que são resistentes a várias classes de antimicrobianos. Os principais patógenos caracterizados como multirresistentes são: Pseudomonas aeruginosa e Acinetobacter spp. resistentes aos carbapenêmicos, Enterobactérias produtoras de ESBL (Beta-Lactamase de Espectro Ampliado), Enterococcus spp. resistente à vancomicina (VRE), Staphylococcus aureus resistente à oxacilina (MRSA) e recentemente as Enterobactéria cepa produtoras de carbapenemase que são resistentes aos carbapenêmicos. Entretanto, cada CCIH deverá estabelecer sua política de controle dos patógenos multirresistentes, adaptados a sua realidade, começando pela definição destes em cada instituição. Na maioria das vezes as infecções por patógenos multirresistentes têm manifestações clínicas similares e virulências comparáveis às infecções por patógenos sensíveis, entretanto estudos recentes mostram uma associação de infecções por bactérias multirresistentes e o aumento de morbidade e mortalidade (notadamente com MRSA). A transmissão de paciente para paciente, usualmente através das mãos dos profissionais de saúde tem sido o maior fator para o aumento na incidência de bactérias multirresistentes. Os microrganismos multirresistentes são introduzidos nos hospitais de duas formas principais: 1. Através de pacientes colonizados ou infectados; 2. Devido à pressão seletiva ocasionada pelo uso de antibióticos. Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 33/240 Os patógenos gram-positivos (MRSA e VRE) são mais relacionados à presença de pacientes colonizados/infectados, enquanto os bacilos gramnegativos (Pseudomonas aeruginosa, Acinetobacter spp) são mais associados à pressão seletiva do uso de antimicrobianos, apesar da transmissão entre pacientes também ser documentada. CULTURA DE VIGILÂNCIA Uma das estratégias que podem ser adotadas pela instituição para evitar a disseminação desses agentes dentro da instituição é realizar a cultura de vigilância de pacientes com maior risco de estar colonizados para que possa ser instituída a precaução de contato. No Hospital São Paulo adotamos os seguintes critérios para realização desta vigilância. Cultura de vigilância de pacientes provenientes de outras instituições – fluxograma anexo 1 Pacientes provenientes de outra instituição internado por período igual ou superior a 7 dias, desde que não possuam procedimento invasivo (SVD, CVC, traqueostomia, tubo endotraqueal, ferida cirúrgica aberta ou drenos); Pacientes proveniente de outra instituição, após 72 horas de internação, quando possui dispositivos invasivos. Cultura de vigilância de pacientes provenientes de UTI em vigilância para KPC – fluxograma anexo 2 Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 34/240 Paciente proveniente de UTI do HSP em vigilância para KPC (UTI que possui paciente com cultura positiva para KPC, ou que está em período de vigilância (4 semanas após alta ou óbito do último paciente que possui KPC) e que possui dispositivo invasivo. ISOLAMENTO DE CONTATO Preferencialmente em quarto privativo ou “coorte” com pacientes apresentando infecção ou colonização pelo mesmo patógeno e, se não possível, manter paciente em leito nas extremidades do quarto; Manter idealmente um profissional exclusivo para os cuidados do paciente; Avental e luvas antes de entrar em contato com o paciente ou material infectante; Lavar as mãos com anti-séptico (PVPI ou clorexidina) ou utilizar álcool gel, antes e após o contato com o paciente ou material infectante e, também depois da retirada das luvas; Uso de artigos (estetoscópio, aparelho de pressão, termômetros) individualizado para o paciente ou, se não possível, proceder à desinfecção como especificado; Processar os materiais e superfícies conforme especificado. Quais os pacientes com indicação de precaução de contato? – fluxograma anexo 3 Pacientes colonizados/infectados com patógenos multirresistentes definidos pela instituição; Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 35/240 Pacientes submetidos às culturas de vigilância aguardando o resultado final. MANUTENÇÃO DO ISOLAMENTO – fluxograma anexo 3 Manter o isolamento enquanto o paciente mantiver dispositivos invasivos ou feridas abertas (ferida cirúrgica, drenos) no caso de infecção ou colonização em geral. No caso de pacientes colonizados/infectados por VRE manter em isolamento até a alta e se o paciente retornar à instituição, instituir imediatamente o isolamento de contato. Obs: Não colher culturas para retirar o paciente do isolamento Tabela 1. Limpeza e desinfecção de artigos e superfícies do ambiente de pacientes colonizados/infectados com patógenos multirresistentes ARTIGOS Pisos e paredes LIMPEZA/DESINFECÇÃO Limpeza com água e sabão e a seguir desinfecção com hipoclorito de sódio ou equivalente Mobiliário: cama, colchão, mesas, suporte de soro Limpeza com água e sabão seguido de fricção com álcool a 70% por 30 segundos para desinfecção Estetoscópio Fricção com álcool a 70% por 30 segundos entre pacientes Termômetros Limpeza com água e sabão e fricção com álcool a 70% por 30 segundos entre pacientes Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Aparelhos de pressão Página: 36/240 Tecido: enviar à lavanderia Restante: limpeza com água e sabão e fricção com álcool a 70% por 30 segundos para desinfecção Comadres, papagaios e medidores de urina de desinfecção álcool a 70% para desinfecção Circuitos respiratórios Artigos de Limpeza mecânica com água e sabão seguido Manter procedimentos de rotina (ver capítulo terapia sobre o tema) inalatória Principais recomendações do “Healthcare Infection Control Practices Advisory Committee (HICPAC). Management of Multidrug-Resistant Organisms in Healthcare Settings, 2006.” Categoria IA – Fortemente recomendada para implementação com suporte em estudos epidemiológicos, clínicos e experimentais bem desenhados Categoria IB - Fortemente recomendada para implementação com suporte em alguns estudos clínicos, epidemiológicos e experimentais e forte fundamento teórico Categoria IC – Implementação de acordo com regulamentação federal ou estadual Categoria II – Sugerido para implementação e suporte de acordo com estudos epidemiológicos e clínicos sugestivos ou com fundamento teórico Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 37/240 Sem recomendação : assunto não resolvido, por exemplo, referente a descontinuação das precauções de contato em hospitais, devido à duração intermitente e prolongada da colonização. Vigilância a) Calcular e analisar a incidência de microrganismos multirresistentes – IB; b) Monitorizar suscetibilidade antimicrobiana como recomendado pelo CLSI - II; c) Instituir protocolos para análise molecular de cepas multirresistentes no laboratório, com o intuito de investigação epidemiológica – IB; d) Desenvolver protocolos para vigilância ativa de culturas em populações de alto risco – IB; e) Conduzir vigilância de culturas (semanal) para avaliação de eficácia das medidas de prevenção e controle, avaliando aumento ou redução da transmissão de multirresistência – IB; f) Coletar culturas em profissionais de saúde se houver evidência epidemiológica de transmissão, bem como de pacientes expostos ao risco de infecção ou colonização por multirresistentes - IB; g) Definir a freqüência de multirresistência para desencadear intervenções adicionais no controle, avaliando as condições de risco para aquisição (colonização ou infecção) – IA. Medidas administrativas a) Fornecer suporte administrativo, fiscal e recursos humanos para as atividades relacionadas ao controle de infecção, bem como designar equipe de “experts” para o controle e prevenção de microrganismos multirresistentes - IB; Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 38/240 c) Implementação de programa multidisciplinar desenhado para educar, monitorar e melhorar a aderência das práticas de precauções padrão e específicas - IB; d) Implementação de sistema de comunicação sobre colonização e infecção de microrganismos multirresistentes dentro da instituição - IB. Educação a) Oferecer treinamento sobre riscos de transmissão e de como realizar a prevenção para os profissionais da área da saúde (manipulação de equipamentos, etc) – IB. Precauções a) Manter precauções padrão para todos os pacientes - IB; b) Precauções em hospitais e instituições de longa permanência - IB: b.1) quando for disponível quartos individuais, priorizar pacientes com conhecida ou suspeita de infecção/colonização por multirresistentes; b.2) Priorizar aqueles pacientes com condições que facilitem a transmissão (incontinência fecal, drenagem não contida, crianças) ou com alto risco de infecção e complicação (imunossuprimidos); b.3) quando não disponível quartos individuais, cohort de pacientes com mesmo patógeno multirresistente. Precauções de contato a) Implementar nos hospitais precauções de contato para todos os pacientes com colonização ou infecção por patógeno multirresistente – IA; b) Em Instituições de longa permanência avaliar caso a caso, considerando a natureza da interação paciente/profissionais e/ou risco de outros pacientes - II. Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 39/240 Medidas ambientais a) Seguir rotina de recomendação de procedimentos da limpeza/esterilização e desinfecção para artigos críticos e não críticos / equipamentos, bem como monitorizar a performance destes procedimento – IB; b) Culturas de vigilância do ambiente somente quando existir a possibilidade de importância epidemiológica da transmissão – IB; c) Treinamento de profissionais que atuam em áreas de risco e controle de multirresistentes quanto ao papel do meio ambiente como forma de transmissão – IB. Uso de antimicrobianos a) Para adequado uso de antimicrobiano, realizar controle de antimicrobianos – IB. Descolonização a) Sem recomendação para descolonização de pacientes portadores de VRE e bacilos gram-negativos multirresistentes; b) Não utilizar mupirocina tópica rotineiramente para descolonização de MRSA – IB. Utilizar a mupirocina tópica somente quando recomendado por “experts” (II), em controle de surtos, monitorizando o perfil de resistência da cepa para mupirocina. Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 40/240 Descontinuação das medidas de prevenção e controle de multirresistência a) Sem recomedação para descontinuação das medidas de prevenção e controle de multirresistência. REFERÊNCIAS APECIH – Associação Paulista de Estudos e Controle de Infecção Hospitalar. Monografia: Precauções e Isolamento. São Paulo, APECIH, 1999. Lemmen SW; Häfner H; Zolldann D; et al. Distribution of multi-resistant Gram-negative versus Gram-positive bacteria in the hospital inanimate environment. J Hosp Infect. 2004; 56: 191 – 197. Muto CA; Jeringan JA; Ostrowsky BE; et al. SHEA Guideline for Preventing Nosocomial Transmission of Multidrug Resistant Strains of Staphylococcus aureus and Enterococcus. Infect Control Hosp Epidemiol. 2003; 24: 362 – 386. Shlaes DM; Gerding DN; John JF; et al. Society for Healthcare Epidemiology of America and Infectious Diseases Society of America Joint Committee on the Prevention of Antimicrobial Resistance: Guideline for the Prevention of Antimicrobial Resistance in Hospitals. Clin Infect Dis. 1997; 25: 584 – 599. Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 41/240 Siegel JD, Rhinehart E, Jackson M, Chiarello L, and the Healthcare Infection Control Practices Advisory Committee, 2007 Guideline for Isolation Precautions: Preventing Transmission of Infectious Agents in Healthcare Settings. Siegel J; Rhinehart E; Jackson M; et al. Management of Multidrug-Resistant Organisms in Healthcare Settings, 2006. Healthcare Infection Control Practices Advisory Committed (HICPAC). 2006. 1 – 73. Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 42/240 Anexo 1: Fluxograma para coleta de Cultura de Vigilância - HSP Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 43/240 Anexo 2: Indicação de coleta de swab anal para vigilância de KPC HSP Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 44/240 Anexo 3: Manutenção do isolamento de pacientes com microrganismos multirresistentes - HSP Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 45/240 4. RECOMENDAÇÕES SOBRE COLETA E TRANSPORTE DE AMOSTRAS DE MATERIAL MICROBIOLÓGICO Todo resultado liberado pelo laboratório de microbiologia é conseqüência da qualidade da amostra recebida. O material coletado deve ser representativo do processo infeccioso investigado, devendo ser escolhido o melhor sítio da lesão, evitando contaminação com as áreas adjacentes. A coleta e o transporte inadequados podem ocasionar falhas no isolamento do agente etiológico e favorecer o desenvolvimento da flora contaminante, induzindo a um tratamento não apropriado. Portanto, procedimentos adequados de coleta devem ser adotados para evitar o isolamento de um “falso” agente etiológico, resultando numa orientação terapêutica inadequada. O profissional responsável pela coleta será também responsável por identificar de forma legível e correta o material a ser encaminhado ao laboratório de microbiologia. Na amostra devem estar identificados: Nome e registro do paciente. Leito ou ambulatório e especialidade. Material colhido e local de onde foi colhido. Data, hora e quem realizou a coleta. ASPECTOS BÁSICOS DA COLETA E DO TRANSPORTE DE AMOSTRA COLETA Colher antes do início do antimicrobiano, sempre que possível. Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 46/240 Instruir claramente o paciente sobre o procedimento. Observar a anti-sepsia na coleta de todos os materiais clínicos. Colher do local onde o microrganismo suspeito tenha maior probabilidade de ser isolado. Quantidade suficiente de material deve ser coletado para permitir uma completa análise microbiológica. Utilizar as barreiras de proteção necessárias a cada procedimento. Toda amostra deve ser tratada como potencialmente patogênica. Usar frascos e meios de transporte apropriados. Não manusear a amostra em trânsito. Não contaminar a superfície externa do frasco de coleta e verificar se ele está firmemente vedado (caso ocorram respingos ou contaminação na parte externa do frasco, fazer descontaminação com álcool 70%). Não contaminar a requisição médica que acompanha o material. As amostras deverão ser transportadas em sacos plásticos fechados. O profissional que manipula (entrega e recebe) o material deverá usar luvas de procedimento. Identificar claramente a amostra coletada, com todos os dados necessários. Colocar a identificação no frasco de coleta e nunca na tampa ou sobre rótulos. Encaminhar os materiais imediatamente ao laboratório. TRANSPORTE DAS AMOSTRAS Transportar as amostras IMEDIATAMENTE ao laboratório para: Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 47/240 Assegurar a sobrevivência e isolamento do microrganismo, pois o laboratório de microbiologia trabalha basicamente em função da viabilidade dos microrganismos. Evitar erros de interpretação nas culturas quantitativas, principalmente urina e lavado bronco-alveolar. Consultar o laboratório para verificar a disponibilidade dos meios de transporte. CRITÉRIOS PARA REJEIÇÃO DE AMOSTRAS CLÍNICAS O recebimento criterioso das amostras clínicas pelo laboratório de microbiologia garante uma melhor correlação clínico/laboratorial. O microbiologista ou responsável pela rotina deverá verificar se a amostra está apropriadamente identificada, se a quantidade de material é suficiente e observar o aspecto da amostra - purulento, límpido, hemorrágico, etc. Principais erros de identificação Discrepância entre a identificação da amostra e o pedido médico. Falta de identificação da amostra. Origem da amostra ou tipo de amostra não identificada. Teste a ser realizado não especificado. Amostras Inadequadas Material clínico recebido em solução de fixação (formalina). Ponta de cateter de Foley. Material conservado inadequadamente com relação à temperatura (urinas colhidas há mais de 24horas, que ficaram guardadas em geladeira, ou colhidas há mais de duas horas, sem refrigeração). Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 48/240 Frascos não estéreis. Presença de vazamentos, frascos quebrados ou sem tampa, com contaminação na superfície externa. Swab único com múltiplas requisições de testes microbiológicos. Swab seco. Amostras com as características acima descritas são inadequadas e demandam um contato prévio com o médico solicitante para melhores esclarecimentos. COLETA DE HEMOCULTURAS TÉCNICAS DE COLETA Lavar as mãos e utilizar luvas de procedimento. Remover os selos da tampa dos frascos de hemocultura e fazer assepsia prévia nas tampas com álcool 70%. Garrotear o braço do paciente e selecionar uma veia adequada. Esta área não deverá mais ser tocada com os dedos. Aplicar um anti-séptico, clorexidina alcoólica, com movimentos circulares e de dentro para fora. Para ação adequada do anti-séptico, deixar secar por um minuto antes de efetuar a coleta. Coletar a quantidade de sangue e o número de amostras recomendados de acordo com as orientações descritas ou se discriminadas no pedido médico. Identificar cada frasco com todas as informações padronizadas e enviar ao laboratório juntamente com a solicitação médica devidamente preenchida. Observações: Não é recomendada a técnica de coleta através de cateteres periféricos ou centrais, a não ser que esteja em pedido médico. Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Punções arteriais não trazem benefícios na Página: 49/240 recuperação dos microrganismos quando comparadas com punções venosas. Não se recomenda a troca de agulhas entre a punção de coleta e distribuição do sangue no frasco de hemocultura. Método de coleta do sangue e o volume coletado influenciam diretamente no sucesso de recuperação de microrganismos e uma interpretação adequada dos resultados. Não é necessário aguardar novo pico febril para realizar coleta de hemocultura em vigência de febre. Um total de duas a três amostras em 24 horas costuma ser suficiente para descartar bacteremia ou endocardite (coletas acima de quatro amostras não trouxeram maior índice de recuperação microbiana em diferentes trabalhos clínicos). COLETA DE PONTA DE CATETER INTRAVASCULAR Cateteres intravenosos são importantes fontes de bacteremia e fungemia, bem como causadores de complicações infecciosas no local da inserção. Quando existe suspeita de colonização no cateter, a ponta do cateter deve ser cultivada. TÉCNICAS DE RETIRADA DA PONTA DE CATETER Cultura semi-quantitativa (Método de Maki) da ponta de cateter é importante para determinar a relação entre colonização do cateter e sepsis. O resultado obtido, entretanto, depende de técnicas de retirada adequadas. Deve ser salientado que os mesmos cuidados de desinfecção utilizados na introdução do cateter devem ser adotados no momento da retirada. São eles: Lavar as mãos e utilizar luvas estéreis. Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 50/240 Fazer uma rigorosa anti-sepsia da pele ao redor do cateter com álcool 70%. Remover o cateter e, assepticamente, cortar 5 cm (NÃO MAIS QUE ISSO) da parte mais distal, ou seja, a que estava mais profundamente introduzida na pele. Não usar tesouras embebidas em soluções anti-sépticas. Colocar o pedaço do cateter num frasco estéril, sem meio de cultura Cateteres aceitáveis para cultura semi-quantitativa: Central, Hickman, arterial, umbilical e Swan-Ganz. Identificar o frasco com todas as informações padronizadas e enviar ao laboratório juntamente com a solicitação médica devidamente preenchida. O material deve ser transportado imediatamente ao laboratório evitando sua excessiva secagem. A presença de um número maior ou igual a 15 colônias de um único tipo de bactéria sugere que a ponta de cateter pode estar sendo fonte de infecção. COLETA DE URINA CRIANÇAS Assepsia rigorosa prévia dos genitais com água e sabão neutro, e posterior secagem com gaze estéril. A coleta deve ser feita pela manhã, preferencialmente da primeira micção do dia, ou então após retenção vesical de duas a três horas. TÉCNICA DE COLETA O Ideal é jato intermediário (jato médio) espontâneo. Bem indicado em crianças que urinam sob comando, usado também em lactentes. Em lactentes em que não se consegue coletar através do jato médio, pode-se usar o saco coletor de urina estéril, porém a troca deve ser realizada de 30 em 30 minutos e, ao trocar o coletor, refazer a assepsia. Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 51/240 Aspirar a urina de dentro do saco coletor com uma seringa, Após coleta colocar em frasco estéril e enviar ao laboratório. Identificar o frasco com todas as informações padronizadas e enviar ao laboratório juntamente com a solicitação médica devidamente preenchida. Encaminhar ao laboratório em até 30 minutos. ADULTOS SEXO FEMININO A coleta de amostras do sexo feminino deve ser supervisionada pessoalmente por uma enfermeira ou auxiliar treinada. A coleta deve ser feita pela manhã, preferencialmente da primeira micção do dia, ou então após retenção vesical de duas a três horas. TÉCNICA DE COLETA Afastar os grandes lábios com uma das mãos e continuar assim enquanto fizer a higiene e coleta do material. Usar uma gaze embebida em sabão neutro, lavar de frente para trás e certificar-se que está limpando por entre as dobras da pele, o melhor possível. Enxaguar com uma gaze umedecida com água, sempre no sentido de frente para trás. Continuar afastando os grandes lábios para urinar. O primeiro jato de urina deve ser desprezado no vaso sanitário. Colher o jato médio urinário no frasco fornecido pela enfermagem (um pouco mais da metade do frasco). Evite encher o frasco. Fechar bem o frasco e caso haja algum respingo na parte externa do frasco, realizar desinfecção com álcool 70%. Identificar o frasco com todas as informações padronizadas e enviar ao laboratório juntamente com a solicitação médica devidamente preenchida. Encaminhar ao laboratório em 30 minutos. Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 52/240 ADULTOS SEXO MASCULINO A coleta deve ser feita pela manhã, preferencialmente da primeira micção do dia, ou então após retenção vesical de duas a três horas. TÉCNICA DE COLETA Usar uma gaze embebida em sabão neutro, lavar prepúcio com movimento circulares e certificar-se que está limpando por entre as dobras da pele, o melhor possível. Enxaguar com uma gaze umedecida com água. O primeiro jato de urina deve ser desprezado no vaso sanitário. Colher o jato médio urinário no frasco fornecido pela enfermagem (um pouco mais da metade do frasco). Evite encher o frasco. Fechar bem o frasco e caso haja algum respingo na parte externa do frasco, realizar desinfecção com álcool 70%. Identificar o frasco com todas as informações padronizadas e enviar ao laboratório juntamente com a solicitação médica devidamente preenchida. Encaminhar ao laboratório em até 30 minutos. PACIENTES CATETERIZADOS COM SISTEMA DE DRENAGEM FECHADA Lavar as mãos e utilizar luvas de procedimento. Friccionar álcool 70% no dispositivo da sonda vesical de demora próprio para punção. Colher a urina puncionando-se o local indicado na extensão do saco coletor de urina, aspirando com agulha e seringa. Após coleta colocar em frasco estéril. Não colher a urina da bolsa coletora. No pedido laboratorial deverá constar que o paciente está cateterizado. Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 53/240 Identificar o frasco com todas as informações padronizadas e enviar ao laboratório juntamente com a solicitação médica devidamente preenchida. Encaminhar ao laboratório em até 30 minutos. Observações importantes Não realizar cultura de ponta de sonda vesical, porque o crescimento bacteriano representa a flora da uretra distal. Na suspeita de infecção urinária relacionada à sondagem vesical, com possibilidade de sacar a mesma, recomenda-se cultura de urina após 48 horas da retirada da sonda na monitorização de processos infecciosos. Uroculturas realizadas antes deste período podem fornecer resultados positivos sem que eles estejam, necessariamente, associados à infecção. COLETA DE ESCARRO Existem ocasiões em que o paciente deve participar ativamente da coleta de material, como no caso do escarro. A melhor coleta é feita sob a supervisão direta da equipe de enfermagem ou do fisioterapeuta. Lembrar que este material não é considerado ideal para avaliação microbiológica do trato respiratório. TÉCNICAS DE COLETA Orientar o paciente da importância da coleta do escarro e não da saliva. Colher somente uma amostra por dia, se possível o primeiro escarro da manhã, antes da ingestão de alimentos. Orientar o paciente para escovar os dentes, somente com água (não utilizar pasta dental) e enxaguar a boca várias vezes, inclusive com gargarejos. Respirar fundo várias vezes e tossir profundamente, recolhendo a amostra em um frasco de boca larga, caso haja algum respingo na parte externa do frasco, realizar desinfecção com álcool 70%. Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 54/240 Encaminhar imediatamente ao laboratório. Na suspeita de infecção por micobactérias ou fungos, coletar pelo menos três amostras, em dias consecutivos (somente uma amostra por dia). Em caso de pacientes com dificuldades para escarrar, esta amostra poderá ser induzida por inalação. COLETA DE SECREÇÃO OU ASPIRADO TRAQUEAL A coleta deste material é realizada em pacientes utilizando tubo endotraqueal e traqueostomizados, através de sonda de aspiração. Os resultados microbiológicos dessas amostras podem refletir colonização local, sendo a interpretação clínica extremamente complicada. TÉCNICAS DE COLETA Lavar as mãos e utilizar luvas de procedimento. Na sua mão dominante, utilizar luva estéril Faça a aspiração da secreção acumulada na traquéia e despreze. Conecte o “bronquinho” em uma nova sonda de aspiração e tente obter aproximadamente 2 ml de secreção, sempre de maneira asséptica. Se necessário, utilize solução fisiológica para diluir a secreção muito espessa, mas utilize a menor quantidade possível. Não abra o “bronquinho”. Fechar bem o frasco e caso haja algum respingo na parte externa do frasco, realizar desinfecção com álcool 70%. Identificar o frasco com todas as informações padronizadas e enviar ao laboratório juntamente com a solicitação médica devidamente preenchida. Encaminhar ao laboratório em até 30 minutos. Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 55/240 COLETA DE SECREÇÃO DE FERIDAS, ABSCESSOS E EXSUDATOS O termo “secreção de ferida” não é apropriado como informação da origem do material coletado. O sítio anatômico específico, bem como as informações adicionais (material de ferida superficial ou profunda), são extremamente valiosos para o laboratório, auxiliando na interpretação dos resultados. Lavar as mãos e utilizar luvas de procedimento. Proceder à limpeza do sítio a ser coletado com solução fisiológica. Coletar o material purulento localizado na parte mais profunda da ferida, utilizando-se, de preferência, aspirado com seringa e agulha. Quando a punção com agulha não for possível, aspirar o material somente com seringa tipo insulina. Swabs devem ser evitados. Só devem ser utilizados quando os procedimentos acima citados não forem possíveis. A escarificação das bordas após anti-sepsia pode produzir material seroso que é adequado para cultura. Identificar a seringa ou frasco com todas as informações padronizadas e enviar ao laboratório juntamente com a solicitação médica devidamente preenchida. Indicar precisamente o local de onde foi colhida a secreção. Encaminhar ao laboratório imediatamente. Observações: A descontaminação da superfície das lesões ou abscessos abertos, antes da coleta do material, é crítica para interpretação do resultado. Não coletar o pus emergente. O material das margens da lesão e a parte mais profunda do sítio escolhido são mais representativos e possuem maior viabilidade de microrganismos. A cultura de lesões secas e crostas não é recomendada, a menos que a obtenção de exsudato não seja possível. Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 56/240 A coleta de ferida de queimadura deve ser realizada após extensa limpeza e debridamento da lesão. Biópsia da pele é a técnica mais recomendada. COLETA DE SECREÇÃO OCULAR As culturas deverão ser coletadas antes da aplicação de antibióticos, soluções, colírios ou outros medicamentos. Lavar as mãos e usar luvas de procedimento. Desprezar a secreção purulenta superficial e, com swab colher o material da parte interna da pálpebra inferior. Identificar corretamente a amostra e enviar imediatamente ao laboratório, evitando a excessiva secagem do material. COLETA DE FEZES Devem ser coletadas no início ou fase aguda da doença, quando os patógenos estão usualmente presentes em maior número e, preferencialmente, antes da antibioticoterapia. Lavar as mãos, usar luvas de procedimento. Coletar as fezes e colocar em um frasco estéril em quantidade equivalente a uma colher de sobremesa. Preferir sempre as porções mucosas e sanguinolentas. Identificar o frasco com todas as informações padronizadas e enviar ao laboratório juntamente com a solicitação médica devidamente preenchida. Encaminhar ao laboratório em 30 minutos. SWAB RETAL Usar swab de algodão, certificando-se de que a ponta da haste que suporta o algodão está bem revestida. Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 57/240 Lavar as mãos, usar luvas de procedimento. Inserir o swab no esfíncter retal, fazendo movimentos rotatórios (sem contaminar com fezes). Identificar o frasco com todas as informações padronizadas e enviar ao laboratório juntamente com a solicitação médica devidamente preenchida. Encaminhar ao laboratório em 30 minutos. REFERÊNCIAS APECIH – Associação Paulista de Estudos e Controle de Infecção Hospitalar. Monografia: Manual de Microbiologia Clínica Aplicada ao Controle de Infecção Hospitalar. São Paulo, APECIH, 2004. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Manual de Procedimentos Básicos em Microbiologia Clínica para o Controle de Infecção em Serviços de Saúde. Módulo III: Procedimentos Laboratoriais: da Requisição do Exame à Análise Microbiológica, Brasília, 2004. Murray, P.R., Baron, E.J., Pfaller, M.A., Tenover, F.C. and Yolken, R.H. Manual of Clinical Microbiology, 8th ed., American Society for Microbiology, Washington, D.C. 2003. Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 58/240 5. PREVENÇÃO DA INFECÇÃO DA CORRENTE SANGUÍNEA RELACIONADA A CATETERES Os cateteres intravasculares são dispositivos de grande importância no cenário da assistência à saúde. As vantagens proporcionadas pela utilização dos cateteres somam-se as complicações que podem advir de seu uso, entre elas, realçamos as infecções de sítio de inserção, as infecções de corrente sanguínea, as tromboflebites sépticas, endocardites e outras infecções metastáticas (osteomielite, abscesso cerebral, endoftalmite, etc.). A incidência das complicações varia consideravelmente conforme o tipo de cateter, a frequência de manipulação, o tempo de permanência e os fatores relacionados ao paciente. Para minimizar os riscos de infecções para os pacientes e diminuir o custo associado com as complicações, uma série de recomendações baseadas em evidências foram elaboradas. DEFINIÇÕES • Cateter venoso central: podem ser de curta permanência, como os utilizados em unidades de terapia intensiva (mono lúmen, duplo lúmen, SwanGanz ou de hemodiálise) ou de longa permanência, utilizados em pacientes com terapia EV prolongada ou na infusão de quimioterápicos. Estes podem ser semi-implantáveis ou totalmente implantáveis, apresenta menor risco de infecção quando comparados aos de curta permanência. • Cateter periférico: são os mais comumente usados (“escalpe” e o “butterfly”). São inseridos em sítio venoso por punção direta, diferentemente das flebotomias, que são realizadas por dissecção venosa, em algumas Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 59/240 ocasiões podem ser projetados até localização central e apresentam maiores riscos de infecção. Os cateteres periféricos também podem ser inseridos em artérias, com a finalidade de monitorização de pressão arterial média. Cateter • central de inserção periférica (PICC): inseridos perifericamente por profissional habilitado, apresentam baixo risco de infecção, são de localização central e podem ser mantidos por longos períodos de tempo. Sinais de infecção do sítio de inserção de cateter: eritema maior que • 2 cm de diâmetro, calor e secreção purulenta no sítio de inserção do cateter na pele. • Colonização do cateter venoso central: crescimento de microrganismos na luz ou superfície externa do cateter sem causar infecção no paciente. • Infecção da corrente sanguínea relacionada a cateter: diagnostico realizado pelo isolamento de um mesmo agente no cateter (>15ufc) e na hemocultura, depois de excluída infecção em outros sítios (pulmão, urina, etc.). PATOGÊNESE DA INFECÇÃO DA CORRENTE SANGUÍNEA RELACIONADA A CATETERES A migração de organismos da pele para o sítio de inserção do cateter, com subseqüente colonização da ponta do cateter é a rota mais comum de infecção para os cateteres de curta duração inseridos perifericamente. Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 60/240 A contaminação da conexão do cateter, geralmente através dos profissionais da assistência, levando à colonização interna do cateter por migração de microrganismos é outra forma comum de colonização e ICSRC. Outras formas descritas de patogênese, menos comuns, são soluções contaminadas que são infundidas inadvertidamente pelo cateter, disseminação hematogênica de bactérias por focos distantes e contaminação do cateter antes da sua inserção, durante procedimento de re-esterilização ou até de fabricação. Os mecanismos de contaminação podem ser potencializados na sua propriedade de gerar infecção quando se consideram os fatores de risco inerentes aos cateteres venosos centrais, peculiaridades de certo microrganismos e a doença de base do paciente, como exemplos podemos citar: • Tempo de cateterização; • Técnica de manipulação do sistema; • Tipo de material do qual o cateter é feito: cateteres de polivinil e polietileno são mais suscetíveis à aderência de microrganismos que os de teflon, poliuretano ou silicone; • Capacidade de aderência de certos microrganismos, como S. aureus e S. coagulase negativo, que também têm a capacidade de produzir biofilme (barreira protetora contra fagocitose do organismo); • Presença de múltiplos lumens; • Gravidade da doença de base; • Local de inserção do cateter. RECOMENDAÇÕES Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 61/240 A - Escolha do local Punção venosa periférica: dar preferência aos membros superiores • evitando os locais de dobras cutâneas; Punção venosa central: ordem de preferência (veia subclávia > veia • jugular > veia femoral). B - Anti-sepsia: Cateter periférico: • Lavar as mãos, usar luvas de procedimento; • Fazer anti-sepsia da pele do paciente com álcool 70%. Cateter venoso central: • Fazer anti-sepsia rigorosa das mãos com solução anti-séptica degermante (PVP-I 10% ou clorexidina degermante 2%) antes da inserção do cateter central; • Realizar anti-sepsia da pele do paciente, (após limpeza com água e sabão ou solução degermante), com clorexidina alcoólica 0,5% preferencialmente, também pode ser usado álcool 70% ou PVPI alcoólico ou tópico 10% na ausência dos anteriores; • Utilizar barreira máxima estéril, ou seja, luvas estéreis, máscara, gorro, avental e campos estéreis para passagem de acesso venoso central, cateter umbilical, cateter central de inserção periférica e flebotomias; • Utilizar um check list para garantir a aderência do profissional às medidas de prevenção de infecção; • Padronizar um kit com todos os equipamentos e materiais necessários para a passagem adequada do dispositivo. Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 62/240 C - Manipulação dos cateteres venosos centrais: • Não se recomenda a coleta de sangue para exames laboratoriais através do cateter; • Não desobstruir o cateter (aspirar coágulo); • Proteger o cateter durante o banho para não molhar; • Lavar as mãos antes e após a inserção e manipulação dos cateteres; • Desinfetar hubs e conectores com álcool 70% antes da manipulação; • Nos cateteres semi-implantáveis, após a infusão de medicamentos ou sangue, o cateter deve ser lavado com soro fisiológico, pode-se usar heparina na luz do cateter durante o intervalo entre o seu uso (até por três semanas); • Para cateteres implantáveis evitar a infusão ou extração de sangue (dano ao equipamento), utilizar luvas estéreis e realizar anti-sepsia da pele com clorexidina alcoólica a 0,5% antes de inserir a agulha no dispositivo, trocar a agulha (agulha de Huber) a cada 2dias e para agulhas especiais (semelhantes ao escalpe) a cada 7dias; • Avaliar diariamente a necessidade de manutenção do cateter. D - Curativos no sítio de inserção: ▪ Para cateteres não-tunelizados, trocar adesivos transparentes a cada sete dias e curativos com gaze a cada 24 horas e sempre que o curativo estiver molhado ou houver sujidade em ambos os casos; ▪ Após a limpeza da pele, proceder à desinfecção com álcool 70% ou clorexidina alcoólica à 0,5% a cada troca de curativo; Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE ▪ Página: 63/240 O uso de pomada com antimicrobianos pode danificar o material do cateter e induzir resistência antibiótica, sendo por isso contra-indicada; ▪ Para cateteres de longa permanência semi-implantáveis o curativo deve ser diário até a cicatrização da pele. Após a cicatrização do túnel não é necessário fazer curativo; ▪ Para cateteres de longa permanência totalmente implantáveis o curativo não precisa ser feito enquanto o cateter não está sendo usado e após a infusão do medicamento o cateter deve ser lavado com soro fisiológico antes da retirada da agulha. E - Troca de cateter: a. Cateteres venosos periféricos: taxas de flebites para cateteres venosos periféricos são semelhantes para cateteres inseridos por 72h, assim, recomendamos a troca rotineira a cada 72h. b. Cateter venoso central (CVC), cateter venoso central de inserção periférica (PICC) e cateter de hemodiálise: não há necessidade de realizar trocas periódicas. Pode-se manter o cateter por tempo indeterminado e trocá-lo apenas na presença de déficit de função. F - Cuidados com os líquidos e sistemas de infusão (equipo, bureta, extensor e torneirinha): • Usar técnica asséptica no preparo de soluções, administrar imediatamente após o preparo ou refrigerar se recomendado pelo fabricante; • Anti-sepsia com álcool 70% ao abrir frascos de soro e de medicamentos; Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE • Página: 64/240 Observar: turvação, fendas e perfurações, vedação e perda de vácuo, data de validade; • Manter o sistema de infusão sempre fechado; • Administrar medicações em local próprio (injetor lateral, torneirinhas, extensões) com anti-sepsia prévia das conexões com álcool 70%; • Trocar equipos simples, buretas, extensões, torneirinhas e outros dispositivos a cada 72 horas quando em infusão contínua; • Trocar equipos simples sempre que ocorrer refluxo de sangue e no caso de infusões intermitentes a cada infusão (não reutilizar o equipo desconectado); • Troca equipos utilizados para infusão de NPT, sangue e hemoderivados a cada infusão ou máximo em 24h se em infusão continua. COLETA DE CULTURAS • Sempre que houver suspeita de infecção relacionada a cateter de natureza sistêmica (não restrita ao local), colher imediatamente após a retirada do cateter dois frascos de hemocultura de veia periférica, de locais diferentes e encaminhar a ponta do cateter (extremidade distal do cateter) para cultura (maior do que 5 cm). • Não há indicação para cultura da ponta do cateter venoso central na rotina, exceto se houver evidências de infecção. REFERÊNCIAS • Jonas Marschall, MD; Leonard A. Mermel, DO, ScM; David Classen et all. Strategies to Prevent Central Line-Associated Bloodstream Infections in Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 65/240 Acute Care Hospitals. Infection Control and Hospital Epidemiology October 2008, Vol. 29, Supplement 1. • CDC. Guidelines for the Prevention of Intravascular Catheter-Related Infections MMWR 2002 ; 51 (Nº RR10) • Veenstra DL, Saint S, Saha S, Lumley T, Sullivan SD. Efficacy of antiseptic-impregnated central venous catheters in preventing catheterrelated bloodstream infection: a meta-analysis. JAMA 1999; 281:261-7. • Mermel LA. Prevention of intravascular catheter-related infections. Ann Intern Med 2000;132:391-402. • Veenstra DL, Saint S, Saha S, Lumley T, Sullivan SD. Efficacy of antiseptic-impregnated central venous catheters in preventing catheterrelated bloodstream infection: a meta-analysis. JAMA 1999; 281:261--7. Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 66/240 6. PREVENÇÃO DA INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO RELACIONADA À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Conceitualmente, infecção do trato urinário relacionada a cateter/sonda vesical ocorre em pacientes que estão com cateter vesical locado ou cujo dispositivo foi retirado nas últimas 48 horas. A infecção do trato urinário (ITU) refere-se à bacteriúria em pacientes com sintomas urinários sem outros focos atribuíveis. Bacteriúria sintomática associada a cateterismo vesical é a infecção relacionada à assistência à saúde mais comum do mundo, compreendendo mais de 40% de todas as infecções adquiridas em instituições. Cerca de 70% a 88% dos casos de ITU ocorrem em pacientes submetidos a cateterismo vesical e 5% a 10% em pacientes após cistoscopias ou procedimentos cirúrgicos com manipulação do trato urinário. A simples introdução da sonda vesical causa, em 6,5% dos pacientes, bacteremias transitórias. A ITU pode levar a infecção da corrente sanguínea nosocomial e, associar-se com maior morbidade, mortalidade e aumento dos custos. Por sua significância e conseqüências, devem ser adotadas medidas preventivas para a ITU. A infecção urinária relacionada a cateterismo vesical é a mais previsível das infecções relacionadas a procedimentos invasivos. CONCEITOS IMPORTANTES Epidemiologia e Fisiopatogenia O risco de aquisição de ITU depende do método e da duração da cateterização, da qualidade do cuidado ao cateter e da susceptibilidade do Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 67/240 paciente. A adoção do sistema de drenagem fechado permitiu melhores resultados, mas o risco ainda é considerável. A duração do cateterismo é fator relevante para ocorrência de ITU. A incidência de bacteriúria por dia de cateterização é de 3% a 10%, chegando a 50% até o 15° dia e quase 100% em 30 dias. Entre pacientes com bacteriúria, 20% a 30% desenvolverão sintomas de ITU, o que corresponde de 2% a 6,6% de todos aqueles submetidos a cateterismo. Estima-se que 1% a 4% dos pacientes com bacteriúria podem desenvolver bacteremia clinicamente significante, com uma taxa de mortalidade de 10% a 30%. Vários fatores de risco independentes são conhecidos para ITU associada a cateteres urinários, dentre eles: cateterização prolongada; colonização microbiana do saco coletor; diabetes melito; ausência de antibióticos via sistêmica; sexo feminino; indicação inapropriada da sonda diferente de drenagem durante cirurgias ou monitoração do fluxo urinário; creatinina sérica elevada (> 2 mg/dl), desnutrição, outros focos de infecção, uso de stent ureteral, contaminação na inserção e erros na manipulação do cateter. A maioria dos germes causadores de ITU origina-se da flora do trato gastrointestinal, embora a flora vaginal, da pele e a fonte externa por manipulação do sistema pelo profissional de saúde tenham importância. O microrganismo alcança as vias urinárias por duas vias: Via extraluminal: é a mais freqüente; precocemente na inserção do cateter podem-se deslocar germes da flora da uretra distal para proximal e a seguir para a bexiga estéril ou tardiamente pela ascensão do organismo entre a superfície externa do cateter e a mucosa uretral. Via intraluminal: por refluxo até o lúmen do cateter após contaminação do saco coletor ou por violação do sistema fechado de drenagem. Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 68/240 Além disso pode ocorrer adesão microbiana no dispositivo com formação do biofilme que além de proteger os germes do fluxo urinário pode reduzir a penetração do antibiótico. MEDIDAS DE CONTROLE a. Indicações do cateterismo urinário Só deve ser utilizado quando houver indicação absoluta do seu uso: • Pacientes que requerem controle acurado do débito urinário; • Pacientes com retenção urinária aguda, ou obstrução ao fluxo; • No perioperatório de determinados procedimentos cirúrgicos (cirurgias urológicas ou em estruturas contíguas ao trato genitourinário, procedimentos de longa duração); • Previsão de uso de grande quantidade de fluidos endovenosos ou de diuréticos durante cirurgias; • Pacientes incontinentes e com escaras sacrais e/ou perineais; • Pacientes que necessitam de imobilização prolongada. A sonda vesical não deve ser utilizada em casos de incontinência isolada, pós operatórios prolongados em que não constem indicações precisas e nem como forma de obtenção de amostras de urina em pacientes com diurese espontânea. Para alguns pacientes, outros métodos de drenagem vesical devem ser considerados: cateterização suprapúbica, cateterização intermitente ou uso de coletores externos (condons). b. Cuidados na inserção dos cateteres urinários Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE • Página: 69/240 Somente pessoal treinado na técnica correta de inserção asséptica da sonda vesical deverá fazê-la; • O treinamento do pessoal e a revisão da técnica correta empregada na utilização dos cateteres urinários deverão ser feitos periodicamente; • O cateter deverá ter o menor calibre que possibilite um bom fluxo; • Lavagem das mãos com água e sabão deverá ser realizada imediatamente antes e após sondagem ou manipulação de quaisquer componentes do conjunto cateter/coletor urinário; • Realizar higienização da região perineal com água e sabão usando luva de procedimento. A seguir realizar degermação das mãos com PVPI ou Clorexidina; • Luvas estéreis, gazes, esponjas e solução aquosa de PVPI deverão ser utilizadas na anti-sepsia periuretral (do meato para periferia), e um lubrificante estéril (vaselina ou pasta de lidocaína) na inserção da mesma; Aceita-se técnica limpa para a cateterização intermitente em pacientes crônicos; • Deve-se fixar o cateter apropriadamente após a inserção. c. Cuidados na manutenção dos cateteres urinários • O sistema utilizado no cateterismo urinário de pacientes com sondas vesicais de demora deverá ser fechado ao meio ambiente, estéril e manter um fluxo urinário; • O cateter urinário deverá sempre ser mantido acima do solo e o saco de drenagem abaixo do nível da bexiga; • O coletor deve ser esvaziado regularmente em recipiente próprio e individual sem contato direto com este, através de dispositivo de Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 70/240 drenagem, seguindo o roteiro: lavagem de mãos - luva de procedimento - esvaziar individualmente o saco coletor - lavar o frasco - tirar luvas lavagem de mãos; • Devem ser substituídos: quando ocorrer a violação do sistema e contaminação do mesmo; na presença de grande quantidade de resíduos; presença de incrustações na ponta do cateter; mau funcionamento do cateter; obstrução do sistema; • Desconexões não poderão ocorrer, e, caso seja necessário à realização de irrigação, deverá ser utilizada preferencialmente cateteres de três vias; • Meato uretral deverá ser mantido limpo, com água e sabão, sem cuidados adicionais. O uso de anti-sépticos ou antimicrobianos locais não provou ser eficaz na prevenção de ITU. Não há dados suficientes disponíveis que suportem o uso de cateteres impregnados com antibióticos como forma de prevenção de ITU em pacientes sondados. d. Irrigação • Irrigação deverá ser evitada a menos que uma obstrução seja antecipadamente esperada como em cirurgias urológicas que cursam frequentemente com sangramento; • Devem-se utilizar preferencialmente sondas de três vias e técnicas assépticas no manuseio da conexão cateter - coletor ou da via de irrigação; • Uma seringa com grande volume de solução estéril deverá ser utilizada na desobstrução e depois descartada; Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 71/240 Se o cateter urinário ficar continuamente obstruído, necessitando de • contínuas irrigações, proceder à troca ou retirada. e. Coleta de urina • Pequenos volumes deverão ser coletados com agulha e seringa estéril nos dispositivos próprios, após desinfecção com álcool 70% dos mesmos; Quando necessários grandes volumes urinários poderão ser • coletados do saco coletor pelo dispositivo de drenagem. f. Outras medidas Os cateteres urinários não devem ser trocados com periodicidade previamente estabelecidos; A separação espacial dos pacientes com e sem cateter, não foi comprovada eficaz na prevenção de ITU; Monitoração rotineira com exames bacteriológicos em tempos regulares não é recomendável, pois aumentam os custos do sistema de saúde sem benefício para o paciente. A observação clínica, no entanto, deve ser rigorosa. REFERÊNCIAS • Gould CV, et al, Healthcare Infection Control Practices Advisory Committee (HICPAC): Guideline for Prevention of Catheter-Associated Urinary Tract Infections 2009. Infect Control Hosp Epidemiol. 2010; 30: 319326 Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE • Página: 72/240 Hooton TM, et al. Diagnosis, Prevention and Treatment of Catheter- Associated Urinary Tract Infections in Adults. Clin. Infect Dis 2010; 50:625663. • Stamm WE, Martin SM, Bennett JV. Epidemiology of nosocomial infections due to gram-negative bacilli: Aspects relevant to development and use of vaccines. J Infect Dis 1997; 136S:S151-S160. • Sullivan NM, et al. Clinical aspects of bacteremia after manipulation of the genitourinary tract. J Infect Dis 1973; 127:49-55. • Maki DG, et al. Engeneering out the risk for infection with urinary catheter. Emerging Infectious Diseases 2001; 7(2):342-47. Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 73/240 7. PREVENÇÃO DA PNEUMONIA RELACIONADA À ASSISTÊNCIA À SAÚDE A pneumonia associada/relacionada à assistência à saúde (PAAS), antigamente conhecida como pneumonia nosocomial ou hospitalar, é complicação frequente em pacientes hospitalizados, principalmente naqueles que permanecem em unidade de terapia intensiva (UTI). Sua prevalência estimada varia entre 10 a 65%, sendo que os pacientes sob suporte ventilatório invasivo apresentam um risco maior entre 6 a 20 vezes. Uma das formas de PAAS é a pneumonia associada a ventilação mecânica (PAV). Esta é a mais comum e fatal infecção relacionada à assistência à saúde das UTIs. Sua incidência está entre 9 e 27% dos pacientes intubados, e é associada a mortalidade em 30 a 50% dos casos, dobrando os riscos de óbito comparados com pacientes sem PAV. A PAAS aumenta o tempo de hospitalização, gerando maior morbidade, mortalidade e custos, sendo importante, portanto, entender os fatores de risco determinantes para tal patologia e aplicar estratégias para sua prevenção. A proposta deste capítulo é apresentar as novas recomendações sobre prevenção das pneumonias bacterianas associadas à assistência à saúde (PAAS). MEDIDAS DE CONTROLE Prevenção da pneumonia bacteriana associada à assistência à saúde • Educação e vigilância A educação do profissional de saúde sobre epidemiologia e medidas de controle de infecções bacterianas configura importante medida preventiva. Para se realizar a vigilância e coleta de dados, principalmente nas unidades com maior risco de desenvolvimento das PAAS (por exemplo, Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 74/240 unidades de terapia intensiva), faz-se necessário o conhecimento dos critérios diagnósticos para identificação da patologia, incluindo os microrganismos responsáveis pela infecção e dados de susceptibilidade antimicrobiana, fornecidos pelo National Nosocomial Infections Surveillance (NNIS/CDC). Na ausência de objetivos epidemiológicos, clínicos ou de controle de infecções, não se recomenda culturas de vigilância de rotina nos equipamentos de suporte ventilatório, testes de função pulmonar ou em dispositivos da anestesia. Prevenção de transmissão de microrganismos Esterilização ou Desinfecção e manutenção dos equipamentos Recomenda-se a realização de desinfecção ou esterilização de equipamentos do suporte ventilatório, como a esterilização em autoclave ou desinfecção de alto nível para artigos semi-críticos (artigos que entram em contato com pele não íntegra ou mucosa íntegra) não sensíveis ao calor. Preferencialmente, usar água estéril para enxágue de artigos semi-críticos após desinfecção. Entretanto, quando for indisponível a água estéril, podem ser utilizados água filtrada ou água proveniente da torneira, realizando um rinse com álcool 70% e secagem com ar comprimido. Se o hospital utilizar filtros higroscópicos, a troca pode ser feita somente quando apresentar problemas em seu funcionamento ou sujidade visível, porém, na ausência desse sistema, recomenda-se a troca a cada 7 dias. Ventiladores Não é recomendado realização de esterilização ou desinfecção da parte interna dos ventiladores.. Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 75/240 Circuitos respiratórios Recomenda-se a troca do circuito quando apresentar problemas em seu funcionamento ou sujidade visível nos casos em que se utiliza filtro higroscópico, caso contrário, a troca deverá ser feita a cada 7 dias. Quanto ao uso de fluídos nos umidificadores, recomenda-se água estéril. O manuseio dos umidificadores de oxigênio deve seguir as orientações do fabricante. Nebulizador de pequeno volume e tendas de oxigênio Recomenda-se a limpeza e desinfecção durante o tratamento no mesmo paciente, com a realização de rinse com água estéril e secagem com sistema de ar após a desinfecção entre cada utilização. Quando se tratar de outro paciente, realizar desinfecção de alto nível para prevenir transmissão de microrganismos. O uso de água estéril para a nebulização e dispensação do fluído de forma asséptica são medidas preventivas. O uso preferencial de sistema de dose unitária para a medicação administrada via aerossol evita o excesso de manipulação do fármaco e diminui a contaminação. No uso de tendas de oxigênio entre pacientes diferentes, requer esterilização ou desinfecção de alto nível. Quando se trata do mesmo paciente, pode-se realizar a limpeza com água e sabão neutro. Outros dispositivos de suporte respiratório Recomenda-se a esterilização ou desinfecção de alto nível do ambu, respirômetros e sensores térmicos de ventiladores, quando usados em pacientes diferentes. Equipamentos de anestesia Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 76/240 Assim como no caso dos ventiladores em unidades de terapia intensiva, a porção interna dos equipamentos de suporte respiratório invasivo da anestesia não deve ser esterilizada. Entre pacientes diferentes, realizar a limpeza, desinfecção de alto nível ou esterilização dos equipamentos reutilizáveis na assistência durante a anestesia (por exemplo, máscara facial), de acordo com as recomendações do fabricante do produto. Não se estabeleceu a freqüência da limpeza e desinfecção de válvulas unidirecionais e da “cal sodada”. Equipamentos para teste de função pulmonar Quanto à parte interna dos equipamentos, recomenda-se não esterilizar ou não realizar desinfecção de alto nível. Quanto ao bocal e filtro do espirômetro, recomenda-se a troca destes dispositivos entre pacientes. Prevenção da transmissão bacteriana entre indivíduos Precauções padrão Recomenda-se a realização da higiene das mãos antes e após contato com o paciente, antes e após uso de luvas para manipular membrana mucosa e secreção respiratória. Quanto ao paciente com traqueostomia: realizar os procedimentos sob condições assépticas, assim como a troca do tubo de traqueostomia por um material submetido à esterilização ou desinfecção de alto nível. Quanto à realização de traqueostomia precoce ou tardia, as evidências demonstram não haver diferença significativa quanto à incidência de PAV. Nas situações em que se faz necessário à aspiração de secreções respiratórias, não se tem recomendação quanto ao uso preferencial de sistema de aspiração fechado ou aberto. Se o sistema de aspiração for aberto, Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 77/240 recomenda-se o uso de material estéril. A aspiração deve ser realizada quando necessário, não sendo preconizados horários pré-estabelecidos. O líquido utilizado para a remoção das secreções deve ser estéril e o frasco de colheita do aspirador deve ser trocado entre pacientes distintos. Modificando fatores de risco do hospedeiro Vacinas No sentido de melhorar a resposta do hospedeiro ao agente infeccioso, temos o uso de vacinas, como por exemplo, a 23-valente contra pneumonia por pneumococo. Tal vacina é indicada para maiores de 65 anos e, entre 5 – 64 anos para pacientes com patologia crônica cardiovascular (exceto asma), diabéticos, alcoolistas, portadores de doença hepática crônica, portadores de fístulas liquóricas, casos de asplenia anatômica, imunossuprimidos HIV positivos com mais de 5 anos de idade, portadores de doenças mielo e linfoproliferativas, insuficiência renal crônica, síndrome nefrótica, neoplasias, receptores de transplante de medula óssea, de órgãos sólidos, uso de corticosteróides por longo tempo, indivíduos de casa de apoio. Quanto a vacina 7-valente, é indicada para crianças com menos de 2 anos e, entre 2 e 5 anos para aqueles com hemoglobinopatias, asplenia funcional ou anatômica, portadoras de doenças crônicas cárdio-pulmonares (exceto asma), fístulas crianças com infecção pelo HIV, diabéticas, portadores de liquóricas, insuficiência renal crônica, síndrome nefrótica, imunossuprimidas com quimioterapia, corticosteróides ou transplantadas. Prevenção de aspiração O uso preferencial de ventilação não invasiva (exceto nas contraindicações), reduzindo a necessidade de intubação e permanência, além de Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 78/240 reintubação desnecessária compreende uma das medidas de prevenção. Quando necessário, o uso preferencial de intubação orotraqueal ao invés de nasotraqueal. Recomenda-se a realização de aspiração de secreções acima do cuff antes de esvaziá-lo por qualquer motivo, manutenção do decúbito entre 30 e 45 º e a verificação rotineira da localização da sonda enteral, no intuito de evitar o refluxo da dieta e desvios de secreções para vias aéreas. Deve-se ainda evitar desvio inadvertido de líquidos do circuito para o tubo, ou de volta para o umidificador. Outra medida importante na prevenção de aspiração constitui-se em evitar sedação profunda e constante, assim como o uso de drogas que deprimem o reflexo da tosse, recomendando-se períodos diários de interrupção da mesma, o que constitui o despertar diário. O surgimento de evidências no uso de clorexidina a 0,12% para higiene oral em pacientes submetidos a cirurgias cardíacas, assim como a limpeza da orofaringe com ou sem agente anti-séptico em pacientes de UTI e casas de apoio (com alto risco para desenvolvimento de pneumonia) constituem medidas preventivas quanto à colonização de orofaringe. E, finalizando a prevenção de aspiração, permanece assunto não resolvido a questão do uso preferencial de antagonista H2, sucralfato e outros antiácidos na profilaxia anti-estresse de sangramento gastrointestinallém disso, tanto a descontaminação seletiva do trato gastrointestinal e acidificação gástrica são assuntos não resolvidos quanto a prevenção. Prevenção pós operatória A realização de medidas como deambulação precoce e exercícios com respirômetro durante o pós-operatório apresentam benefícios nos pacientes de Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 79/240 alto risco: cirurgias de correção de aneurisma abdominal aórtico, cirurgias torácicas ou de emergência, todas as cirurgias com uso de anestesia geral, maiores de 60 anos, pacientes dependentes, emagrecimento maior que 10%, alcoolistas, pacientes com DPOC, ex-tabagista há menos de 1 ano, pacientes que receberam mais do que 4 unidades de hemoderivados, elevado nível de uréia (>22mg/dl) ou reduzido nível (<8mg/dl), déficit neurológico residual (seqüela). Outros procedimentos profiláticos Outra medida preventiva constitui-se em manter níveis glicêmicos adequados. Níveis de glicose entre 80 e 110 mg/dl, diminui a infecção adquirida no hospital por via hematogênica, reduz a duração da VM, reduz a permanência na UTI, reduzindo a morbidade e mortalidade em pacientes cirúrgicos. Não se recomenda a profilaxia antimicrobiana sistêmica, assim como o uso de terapia de rotatividade de antimicrobianos como medida preventiva. A tabela abaixo sintetiza as principais recomendações das diretrizes atuais do CDC, diferenciadas entre categorias de impacto de evidência: IA (forte recomendação sustentada por estudos epidemiológicos, clínicos ou experimentais bem desenhados) e IB (forte recomendação baseada em alguns estudos epidemiológicos ou clínicos e fortes teorias). Categoria IA Educação envolvimento Categoria IB de profissionais multidisciplinar controle de infecções e no Quando realizar intubação, preferir a via orotraqueal a nasotraqueal Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 80/240 Estimular anti-sepsia das mãos com Verificar rotineiramente as sondas água e sabão e precauções padrão enterais Não No usar antimicrobianos com objetivo de prevenir pneumonias pós-operatório, deambulação realizar precoce e utilizar espirômetros para pacientes de alto risco Seguir o tempo recomendado para de os troca Descartar condensados líquidos do circuitos circuito respiratório para não refluir respiratórios Usar no paciente, com uso de luvas fluido estéril para Trocar cânulas de traqueostomia nebulizadores de pequeno volume com técnica asséptica Equipamentos semi-críticos devem Não ser submetidos à esterilização ou maquinário interno de equipamentos desinfecção de alto nível, de acordo de anestesia esterilizar ou desinfetar o com as características do material Uso de prevenção vacina 23-valente para de pneumonias nos grupos de alto risco Usar água estéril para limpeza de artigos semi-críticos após esterilização. Se impossível, usar água filtrada ou de torneira e enxaguar com álcool 70% com secagem posterior Quando uso de nebulizadores de pequeno volume no mesmo paciente, proceder a limpeza com água estéril, desinfecção e secagem Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 81/240 REFERÊNCIAS • Eggimann P, Hugonnet S, Sax H, et al. Ventilator-associated pneumonia: caveats for benchmarking. Intensive Care Med. 2003; 29:2086-89. • Van Nieuwenhoven CA, Buskens E, Begmans DC, et al. Oral decontamination is cost-saving in the prevention of ventilator-associated pneumonia in intensive care units. Critical Care Med. 2004, 32 (1): 126 – 130. • Diretrizes brasileiras para tratamento das pneumonias adquiridas no hospital e das associadas à ventilação mecanica. J Bras Pneumol. 2007;33(Supl 1):S 1-S 30. • Guidelines for the Manegement of Adults with Hospital-acquired, ventilatorassociated, and Healthcare-associated Pneumonia. American Thoracic Society documents, By The ATS Board of directors, december 2004 and The IDSA Guideline Committee, october 2004. Am Resp Crit Care Med, 2005; 171: 388-416. Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 82/240 8. PREVENÇÃO DA INFECÇÃO DO SÍTIO CIRÚRGICO Segundo dados do National Nosocomial Infections Surveillance System (NNIS/CDC – Atlanta) no período entre 1986 e 1996, foram notificadas 15.523 infecções de sítio cirúrgico entre 593.344 cirurgias, sendo a principal causa de infecção hospitalar entre pacientes cirúrgicos (38%). Estudos americanos demonstraram que a infecção de sítio cirúrgico resulta em aumento da permanência hospitalar em 7,3 – 10 dias com um custo adicional por evento entre U$ 2.000 – 3.152. O termo infecção de ferida operatória foi substituído por infecção de sítio cirúrgico (ISC) porque nem toda infecção relacionada à manipulação cirúrgica ocorre na ferida propriamente dita, mas também nos órgãos e espaços abordados: CONCEITOS Conhecendo a sua importância no cenário das infecções relacionadas à assistência à saúde, faz-se necessário estabelecer definições para a realização de adequada vigilância. Na tabela abaixo, são apresentados os critérios Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 83/240 diagnósticos de acordo com o guideline do CDC de 1999 sobre infecção de sítio cirúrgico. Tabela 1. Critérios diagnósticos para Infecção do sítio cirúrgico segundo CDC, 1999 A - Infecção incisional superficial – ocorre nos primeiros 30 dias após o procedimento e envolve epiderme, derme ou tecido celular subcutâneo e, pelo menos, 1 dos seguintes achados : 1. Drenagem purulenta, com ou sem confirmação microbiológica, da incisão superficial; 2. Organismos isolados na cultura de fluidos ou tecidos coletados de forma asséptica da incisão; 3. Pelo menos 1 dos sinais ou sintomas : dor, calor, rubor, edema e a incisão é aberta pelo cirurgião de propósito, a menos que a incisão tenha cultura negativa; 4. Diagnóstico de infecção pelo cirurgião ou médico assistente Não reportar como infecção de sítio cirúrgico sutura de abscessos, infecção em episiotomia ou circuncisão em neonato, infecção em queimaduras, infecção que se estenda para fáscia ou tecido muscular. B - Infecção incisional profunda – ocorre nos primeiros 30 dias de pósoperatório se não existir implante no local, caso contrário, 1 ano após cirurgia, envolvendo fáscia e tecido muscular, com pelo menos 1 dos seguintes achados : 1. Drenagem purulenta, mas não do componente órgão ou espaço Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 84/240 específico; 2. Deiscência de sutura ou abertura de ferida cirúrgica pelo cirurgião quando existe pelo menos 1 dos sintomas : febre (>38º C), dor, a menos que a cultura do local seja negativa; 3. Abscessos no exame direto, intra-operatório ou observados por métodos radiológicos; 4. Diagnóstico de infecção pelo cirurgião ou médico assistente Observação: notificar infecções que envolvam desde a epiderme até tecido muscular como infecções incisionais profundas. Notificar infecções de órgão ou espaço específico que drenam através da incisão como infecção incisional profunda. C - Infecção órgão e espaço específico - ocorre nos primeiros 30 dias de pós-operatório se não existir implante no local, caso contrário, 1 ano após cirurgia, envolvendo qualquer órgão ou espaço anatômico que foi aberto ou manipulado durante o ato cirúrgico e pelo menos 1 dos seguintes achados : 1. Drenagem purulenta do dreno locado no órgão ou espaço específico; 2. Organismos isolados em culturas de fluidos ou tecidos obtidos de forma asséptica no órgão ou espaço específico; 3. Abscesso ou outra evidência de infecção observada no exame direto, histopatológico, ou radiologia do órgão ou espaço específico; 4. Diagnóstico de infecção pelo cirurgião ou médico assistente AGENTES ETIOLÓGICOS Quanto à etiologia, segundo dados do NNISS entre 1990 e 1996 que notificou 17.671 casos de infecções de sítio cirúrgico, Staphylococcus aureus foi o agente mais prevalente, seguido dos seguintes agentes: Staphylococcus Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 85/240 coagulase negativo, Enterococcus spp., Escherichia coli, Pseudomonas aeruginosa, Enterobacter spp., Proteus mirabilis, Klebsiella pneumoniae, Candida albicans e Bacterioides fragilis. As principais fontes são: a microbiota do próprio paciente (pele e abertura dos tratos colonizados com o maior número de bactérias), a equipe cirúrgica, os materiais e equipamentos e o ambiente. Focos infecciosos à distância e procedimentos invasivos colonizados também atuam como reservatório de microrganismos. Líquidos e matérias contaminadas também podem estar envolvidos, principalmente em situações onde há quebra de procedimentos de esterilização. FATORES DE RISCO PARA INFECÇÃO DE SÍTIO CIRÚRGICO Os fatores de risco para aquisição de infecção de sítio cirúrgico podem ser divididos em: a) Fatores relacionados ao microrganismo: inóculo bacteriano, presença de cápsula, capacidade de produzir enzimas, fatores de aderência ao tecido. b) Fatores relacionados ao paciente: extremos de idade, doenças preexistentes, obesidade, desnutrição, neoplasia, uso de esteróides, tabagismo, infecções a distância do sítio operatório, estado de portador nasal de S. aureus. c) Fatores relacionados ao procedimento cirúrgico: tempo de internação préoperatório, retirada de pelos realizada num período superior a 2 horas antes do ato cirúrgico, técnica cirúrgica (hemostasia, prevenção de hipotermia, remoção de tecidos desvitalizados etc), presença de drenos, instrumentais cirúrgicos (processamento incorreto, contaminação do instrumental), Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 86/240 duração da cirurgia, perfuração de luvas, paramentação cirúrgica, equipe cirúrgica, higiene de mãos, ambiente Tabela 2. Classificação do tipo de cirurgia segundo seu potencial de contaminação Cirurgia Características Eletivas, fechadas, sem drenos, sem abordagem de Limpa vísceras ocas e sem sinal inflamatório. Potencialmente Abordagem de trato genito-urinário, trato respiratório, Contaminada trato genito urinário e orofaringe. Contaminada Abertas, com inflamação, mas não exsudação purulenta, trauma recente. Exsudação purulenta, tecidos desvitalizados, corpos Infectada estranhos, contaminação fecal, trauma com atraso de tratamento MEDIDAS DE CONTROLE Pré-operatório a. Preparo do paciente • Realizar exames pré-operatórios ambulatorialmente, agendar cirurgias de forma organizada e internar o paciente o menor tempo possível antes da operação. • Identificar e tratar infecções comunitárias antes do procedimento cirúrgico. Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE • Página: 87/240 Se a tricotomia for realmente necessária, limitá-la à área a ser operada e realizá-la imediatamente antes da cirurgia, de preferencialmente com aparelho elétrico ou creme depilatório e no centro cirúrgico. • Controlar a glicemia em todos os pacientes. • Encorajar a suspensão do tabagismo ou pelo menos a suspensão por no mínimo 30 dias antes da cirurgia eletiva. • Realizar banho pré-operatório no período de até 6h que antecedem a cirurgia, devendo ser feito com água e sabão ou clorexidina degermante a 2%. O uso de anti-sépticos deve ser reservado para cirurgias de grande porte, implante de próteses ou situações específicas como surtos. • Limpar a região da incisão cirúrgica com solução degermante antes de realizar a preparação anti-séptica da pele, para remover a contaminação grosseira. • Usar agente anti-séptico apropriado como soluções alcoólicas de PVP-I ou clorexidina, sem misturar esses dois anti-sépticos. • Realizar a anti-sepsia do campo operatório em sentido centrífugo, circular e grande o suficiente para abranger possíveis extensões da incisão, novas incisões ou instalações de drenos. • Realizar a proteção do campo operatório com campos de tecido estéreis. Filmes porosos de poliuretano não reduzem risco de infecção e não dispensam a anti-sepsia da pele. Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE • Página: 88/240 Não é necessário alterar/suspender o uso contínuo de corticóides antes de cirurgias eletivas. • Não há recomendação para melhorar o estado nutricional do paciente apenas para prevenir a infecção do sítio cirúrgico. • Colonização nasal por S. aureus foi identificada como fonte de ISC. No entanto, não é recomendado o uso da mupirocina tópica nasal no pré-operatório para prevenir infecção, uma vez que o desenvolvimento de resistência é rápido. Utilizar somente em situações de surto. b. Preparação das mãos e antebraços da equipe cirúrgica • Manter unhas curtas e não usar unhas artificiais. • Não usar jóias nas mãos ou braços. • Limpar abaixo das unhas antes de iniciar a escovação. • Realizar escovação de mãos e antebraços por pelo menos 3-5 minutos, utilizando anti-séptico (soluções degermantes de PVP-I ou clorexidina). Não usar “luva química” ou solventes como álcool e éter após a anti-sepsia, tanto por fricção como imersão em bacia, uma vez que há perda de eficácia do anti-séptico com este procedimento. • Após a escovação manter os braços em flexão com as mãos para cima, para que a água escorra dos dedos e mãos para os cotovelos. Enxugar com compressas estéreis e vestir aventais e luvas estéreis. Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE • Página: 89/240 As soluções devem ser utilizadas em dispensadores fixos ou em escovas-esponja já embebidas. O lavabo utilizado deverá ter torneira com fechamento sem auxílio das mãos e secagem das mãos deve ser realizada por meio de compressas estéreis. c. Manuseio de pessoal contaminado ou infectado • Educar e encorajar pessoal da equipe cirúrgica que apresente sinais ou sintomas de doenças infecciosas transmissíveis em se reportar ao supervisor imediato e ao pessoal de saúde ocupacional para restrições ou afastamento. • Afastar do trabalho e colher culturas apropriadas do pessoal que participa da cirurgia e que apresente lesões cutâneas. • Não é recomendado excluir do trabalho o pessoal da equipe cirúrgica que esteja colonizado por S. aureus ou Streptococcus do grupo A, a não ser quando relacionadas a surtos por estes microrganismos. Intra-operatório a. Ambiente da sala cirúrgica • A sala operatória deverá estar limpa, com as portas sempre fechadas (exceto para a passagem de equipamentos, pessoal ou paciente) e a circulação deverá ser evitada o máximo possível. • O uso de ar condicionado de parede ou ventiladores não são apropriados. Utilizar sistema de ar condicionado central, mantendo Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 90/240 ventilação com pressão positiva em relação ao corredor, com mínimo de 15 trocas de ar por hora, filtrando-o através de filtros apropriados. Introduzir o ar pelo teto e retirá-lo perto do chão. • Não utilizar raios ultravioletas com o objetivo de prevenir infecção de sítio cirúrgico. • b. Limitar o número de pessoas na sala cirúrgica. Limpeza e desinfecção de superfícies Utilizar um desinfetante aprovado pelo Ministério da Saúde e pelo • hospital antes da próxima cirurgia, quando houver contaminação visível por sangue ou fluídos corpóreos em superfícies ou equipamentos,. Não realizar limpeza especial ou fechamento de sala cirúrgica após a • realização de cirurgias contaminadas ou infectadas. Não é necessário o estabelecimento de salas exclusivas para cirurgias • contaminadas ou limitação de horários para realização destas, uma vez que as infecções têm origem principalmente endógena. Não utilizar tapetes porosos na entrada de salas cirúrgicas. • c. Coleta microbiológica • Não realizar culturas de rotina do ambiente cirúrgico. • Não realizar culturas intra ou pós-operatórias de pacientes, visando avaliar se houve contaminação da ferida. d. Esterilização do instrumental cirúrgico Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE • Página: 91/240 Esterilizar todo o material cirúrgico de acordo com as normas vigentes da instituição. Em caso de suspeita ou evidência de o material não estar estéril, cabe ao cirurgião e demais profissionais envolvidos rejeitar o material, notificar e enviá-lo para análise. • Realizar esterilização rápida (flash) apenas para itens que serão utilizados de maneira imediata (ex. reesterelizar um instrumento que foi inadvertidamente contaminado). Não realizar esterilizações rápidas por razões de mera conveniência, como uma alternativa para a falta de materiais de reserva ou para economizar tempo. Não deve ser utilizada para esterilização de implantes ou próteses. e. Roupas e vestimentas cirúrgicas • Usar máscara que cubra por total a boca e o nariz quando da entrada na sala cirúrgica, se a cirurgia estiver por começar, em andamento ou se houver material cirúrgico exposto, assim como gorros que cubram por completo cabelos da cabeça e face. • Usar gorros que cubram o cabelo por completo. • Não há recomendações para se utilizar propés com o intuito de prevenir infecções, pois são apenas proteção para os calçados dos profissionais quanto ao sangue e secreções. • Proceder a escovação das mãos e antebraços com anti-séptico, seca-las com compressas estéreis, vestir o avental estéril e calçar as luvas estéreis a seguir. • Utilizar aventais e vestimentas cirúrgicas que sejam barreiras efetivas caso sejam molhados ou contaminados. Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE • Página: 92/240 Trocar vestimentas que se apresentarem visivelmente sujas por sangue ou material potencialmente contaminante. • Não há recomendações de como ou onde lavar roupas utilizadas no centro cirúrgico, em restringir a utilização de vestimentas exclusivas ao centro cirúrgico ou cobrir as roupas cirúrgicas quando fora do centro cirúrgico. Na maioria das instituições, a restrição de uso de roupas tem como intuito a limitação de circulação de pessoas e o estabelecimento de disciplinas de trabalho. f. Assepsia e técnica cirúrgica • Utilizar técnicas assépticas quando da colocação de cateteres intravasculares, espinhais ou epidurais ou quando da administração de drogas intravenosas. • Seguir as recomendações para profilaxia antimicrobiana em cirurgias. • Abrir equipamentos ou soluções estéreis imediatamente antes do uso. • Manusear tecidos delicadamente, realizar hemostasia eficiente, minimizar a desvitalização dos tecidos e erradicar espaços mortos no sítio cirúrgico. • Utilizar fechamento primário retardado ou deixar a incisão aberta se considerar que sítio cirúrgico está grosseiramente contaminado. • Utilizar drenos fechados a vácuo, colocando o dreno por uma incisão separada e distante da incisão cirúrgica. Retire o dreno o mais precocemente possível. Pós-operatório Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE • Página: 93/240 Proteger a ferida com curativo estéril por 24-48 horas de pósoperatório. • Lavar as mãos antes e depois da troca de curativo e de qualquer contato com o sítio cirúrgico. • Quando necessário, trocar o curativo e fazê-lo de maneira asséptica. • Educar e orientar os pacientes e familiares quanto aos cuidados com a incisão cirúrgica e os sinais e sintomas de infecção. • Não há recomendação específica quanto a manter o curativo oclusivo por mais de 48h, nem do tempo para banhar/molhar a ferida sem o curativo. • Não há consenso quanto ao tipo de curativo a ser empregado, podendo ser utilizado curativo simples com gaze. REFERÊNCIAS ▪ APECIH – Associação Paulista de Estudos e Controle de Infecção Hospitalar. Monografia: Prevenção da infecção de sítio cirúrgico. São Paulo, APECIH, 2001 ▪ Mangram AJ, Horan TC, Pearson ML, et al. Guideline for prevention of surgical site infection. Infection Control and Hospital Epidemiology. 1999; 20(4): 247 – 278. ▪ Kluytmans J. Surgical Infections Including Burns. . In: Wenzel RP. ed. Prevention and Control of Nosocomial Infections. 3th Ed. Baltimore: Williams & Wilkins; 1997. P 841-87. Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE 9. Página: 94/240 PROFILAXIA ANTIMICROBIANA EM CIRURGIA HOSPITAL SÃO PAULO – UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO O emprego profilático de antibióticos restringe-se ao uso de um agente antimicrobiano na ausência de um processo infeccioso estabelecido. “Prophylaxis”, palavra de origem grega, designa exatamente o sentido da profilaxia, ou seja, a ação desenvolvida para prevenir a doença. Atualmente prefere-se utilizar o termo “profilaxia antimicrobiana peri-operatória”, para definir o uso de antimicrobianos com a finalidade de evitar ou prevenir o desenvolvimento da infecção do sítio cirúrgico (ISC) após o ato operatório. A ISC estabelece-se após a instalação e crescimento bacteriano na região manipulada. Estes microrganismos podem ser provenientes da pele submetida à incisão, de infecção local prévia, de infecção distante que atinge o sítio cirúrgico através da corrente sangüínea e também podendo ser proveniente do meio ambiente, através de fômites, do ar ou das mãos dos profissionais que manipulam o paciente (decorrente de falhas técnicas). Portanto, o desenvolvimento da infecção estará relacionado ao grau de contaminação e aos mecanismos de defesa local e sistêmicos do hospedeiro (Tabela 1). O antibiótico profilático tem sua ação neste momento, ao bloquear o crescimento de microorganismos contaminantes durante o procedimento cirúrgico. Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 95/240 Tabela 1 – Fatores de risco para o desenvolvimento de infecção do sítio cirúrgico ▪ Relacionados ao Relacionados ao Relacionados ao Paciente período pré-operatório período intra-operatório Extremos da ▪ Permanência pré- ▪ Contaminação intra- idade Desnutrição operatória hospitalar ▪ Obesidade prolongada ▪ Cirurgia prolongada ▪ Diabetes mellitus ▪ Tricotomia inadequada ▪ Uso abusivo do Hipoxemia ▪ Uso prévio de ▪ ▪ Infecção antimicrobianos operatória eletrocautério ▪ Presença de hematomas concomitante não drenados ou de Uso de tecidos desvitalizados corticosteróide ou ▪ imunossupressore Presença de corpos estranhos s ▪ Uso de próteses ▪ Radioterapia local ▪ Hipotermia ▪ Cirurgia recente ▪ Aplicação de vasoconstritores locais ▪ Hematócrito elevado ▪ Hipotensão arterial ▪ Transfusão sangüínea Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 96/240 PRINCIPAIS CONCEITOS a. INÍCIO DA PROFILAXIA Para maior eficácia da profilaxia antimicrobiana são necessários níveis séricos inibitórios da droga durante o período de maior risco de instalação de bactérias no sítio cirúrgico. Para alcançar este objetivo o início da profilaxia deve ocorrer momentos antes do início do procedimento, preferencialmente no período de indução anestésica, mantendo níveis séricos adequados até 4 horas após o fechamento da incisão. Para ser considerada adequada, a profilaxia antimicrobiana deve resultar em níveis inibitórios no local da incisão antes que esta seja realizada e tais níveis devem ser mantidos durante todo o procedimento. Para isto os agentes antimicrobianos devem ser administrados entre 30 e 60 minutos antes da incisão da pele. Em geral opta-se pela via parenteral. Desta forma, o antimicrobiano profilático atingirá concentrações adequadas, tanto na pele e tecido celular subcutâneo, quanto nos coágulos e hematomas formados durante o ato cirúrgico, impedindo a replicação da população bacteriana, que invariavelmente contamina o campo operatório. Existem duas exceções a este principio fundamental, já que se considera a dose pré-operatória a mais importante para a profilaxia da ISC. Nas cesarianas, onde a dose inicial deve ser postergada até o pinçamento do cordão umbilical, para evitar interferência do antimicrobiano na evolução de eventual processo infeccioso no recém-nascido, retardando seu diagnóstico e nas cirurgias colo-retais, onde a antibiótico profilaxia inicia-se com a descontaminação seletiva do colon. Este procedimento pode ser facilmente executado pelo anestesista, administrando o antimicrobiano após a venoclise, antes ou após a indução Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 97/240 anestésica, o que garante a aplicação do antimicrobiano antes do cirurgião iniciar a incisão da pele. b. Repetição intra-operatória Um parâmetro importante é a concentração tecidual do antimicrobiano, que diminui mais rapidamente que no soro, devido a diversos fatores, tais como as diversas alterações hemodinâmicas locais no sítio operatório. Diversas referências registram redução da taxa de eficácia da profilaxia antimicrobiana em procedimentos prolongados, indicando que doses suplementares devam ser administradas a intervalos de uma ou duas vezes a meia-vida da droga, de forma a obter níveis adequados durante toda a cirurgia. No caso da cefalotina, a meia vida do antibiótico varia entre 40 minutos e uma hora, sendo necessário administrar a dose suplementar no máximo a cada duas horas de cirurgia. Quando se utiliza a cefazolina, a meia vida deste antibiótico é de 1,8 horas, sendo a suplementação necessária somente após 3 ou 4 horas de cirurgia, tempo este, superior à maioria dos procedimentos cirúrgicos mais comuns. Este é um dos principais motivos para a preferência que se tem dado a esta última cefalosporina como antibiótico profilático. Outra indicação de dose suplementar no intra-operatório é sangramento superior a um litro ou 20mL por kg de peso em crianças. c. Duração da profilaxia A duração ideal da profilaxia antimicrobiana peri-operatória ainda não está completamente estabelecida. Diversos trabalhos indicam que a profilaxia é eficaz com uma única dose administrada corretamente no período préoperatório. É provável que não se obtenha nenhum benefício adicional com a Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 98/240 administração de doses suplementares além das primeiras 24 horas de pósoperatório. O prolongamento da profilaxia deve ser desencorajado. A administração prolongada de antimicrobianos acentua os efeitos colaterais dos antimicrobianos, aumenta a pressão seletiva exercida sobre as bactérias, favorece a eclosão de bactérias multirresistentes e acrescenta custo financeiro à internação. d. Indicações da profilaxia A profilaxia antimicrobiana não está indicada em todos os procedimentos cirúrgicos. Ela se restringe às cirurgias potencialmente contaminadas (procedimentos de urgência ou não, cuja incisão ocorra através da mucosa orofaringeana, gastrintestinal, contaminadas (procedimentos genito-urinária, envolvendo biliar tecidos ou traqueal) inflamados ou ou com contaminação importante como no trato gastrintestinal, biliar ou urinário), bem como a algumas cirurgias limpas, como neurocirurgias, cirurgias cardíaca ou cirurgias que envolvam a colocação de próteses. Já nas cirurgias infectadas (apendicectomia por apendicite em fase gangrenosa, por exemplo), não estão indicados antibióticos para profilaxia e sim para tratamento. CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES Aproximadamente 50% de todos os pacientes internados recebem algum tipo de antimicrobiano e destes, metade correspondem a profilaxia cirúrgica. Para sua melhor adequação é necessário conhecer o que é recomendado na literatura para cada procedimento cirúrgico e alguns princípios são importantes: Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE ▪ Página: 99/240 Conhecimento do espectro de ação do antimicrobiano e ao mesmo tempo, sua adequação aos patógenos de maior probabilidade de estarem relacionados à ISC. ▪ A profilaxia antimicrobiana deve exercer a menor pressão seletiva possível para o surgimento de cepas resistentes hospitalares. Desta forma, sempre opta-se por antimicrobianos de menor espectro, evitando o uso daqueles importantes para o tratamento de patógenos hospitalares, como por exemplo, vancomicina e cefalosporinas de terceira geração. ▪ Apresentar baixa toxicidade. ▪ Dar preferência à via parenteral. ▪ A escolha da droga também deve ser baseada no menor custo. ▪ A dose administrada deve ser alta, independente da função renal. É importante diferenciar tratamento de profilaxia. Nos casos onde haja claramente a presença de infecção, como por exemplo, peritonite, drenagem de abscesso, institui-se tratamento e não profilaxia, sendo imprescindível tanto a descrição cirúrgica como a cultura de materiais colhidos no ato cirúrgico para se determinar a presença de infecção e adequar a terapêutica antimicrobiana. Deve-se ficar alerta para a sensação de segurança que traz a profilaxia. Aqui cabe lembrar que todas as infecções diagnosticadas previamente ao ato cirúrgico devem ser tratadas, para que então, realizem-se os procedimentos cirúrgicos eletivos, no intuito de diminuir o risco de ISC, como por exemplo, investigar bacteriúria assintomática antes de se manipular o trato urinário. Cefalosporinas de terceira geração não devem ser usadas rotineiramente na profilaxia devido ao seu custo elevado, pouca atividade contra estafilococos e sua capacidade de induzir resistência em bactérias Gram negativas. Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 100/240 A vancomicina é utilizada como antimicrobiano profilático nos casos de alergia às cefalosporinas e nos serviços onde a incidência de ISC por estafilocos resistentes à oxacilina seja relevante. Deve ser ressaltado que o uso indiscriminado desta droga correlaciona-se com o aparecimento de enterococos resistentes. Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 101/240 Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 102/240 Tabela 2. Antimicrobianos de escolha para a profilaxia cirúrgica (Opções adotadas no Hospital São Paulo) Freqüência intraCirurgia Fatores de risco Antibiótico Dose Administração operatório/ Duração pósoperatório CARDIOTORÁCICA Cefazolina* 1g* ou Com implante de Na indução da anestesia (30min EV) prótese Cefuroxima 1.5g Cefazolina 1g 4h/8h 48h 4h/8h 24-48h 4h/8h 24-48h Cardiotorácica Sem implante de Na indução da anestesia (30min ou prótese EV) Cefuroxima 1.5g PULMONAR Ressecçao pulmonar Cefazolina* 1g Na indução da anestesia (30min EV) GASTROINTESTINAL _______ Gastroduoden al Procedimentos envolvendo entrada no lúmen do trato gastrointestinal. Vagotomia Cefazolina* 1g Na indução da anestesia (30min) Cefazolina* 1g Na indução da 4h 4h _______ Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE altamente seletiva, fundoplicatura de Nissen e cirurgia de Whipple anestesia (30min) 1g Na indução da anestesia (30min) 4h Não indicado ______ _ _______ ______ _ Gentamicin a + 1,5mg/k g Procedimento aberto Cefazolina* Cirurgia laparoscópica Trato Biliar Apendicectomi a Não complicada Colecistectomi a Hemiorrafia Pancreática Não indicado Com fatores de risco (idoso, obesidade mórbida, DM descompensado, colescistite recente) Cefazolina* Sem fatores Não indicado Com fatores de risco (obesidade mórbida, DM descompensado, uso crônico de corticóides e tela) Sem fatores _______ _______ 4h/8h 500mg Na indução da anestesia (30min) 6h/8h 24h ______ _ _______ ______ _ _______ Metronidaz ol Sem fatores Página: 103/240 1g Na indução da anestesia (30min EV) 4h Intraoperatóri o ______ _ _______ ______ _ _______ Cefazolina* 1g Na indução da anestesia (30min EV) 4h Intraoperatóri o Cefazolina 1g Na indução da 4h ______ Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE anestesia Na Metronidaz 500mg indução ol (30min EV); Hepática Geralmente + neoplasia Na indução 1,5mg/k Gentamicin (30-60min g a EV) Esôfago Contaminação de cavidade Eletivas Metronidaz ol + Gentamicin a 500mg 1g 1g oral Colorretal Eletivas/Emergênci a Gentamicin a 6h/8h 24-48h 4h/8h 6h/8h 24-48h 1,5mg/k g Neomicina oral + Eritromicina Metronidaz ol + Na indução (30min EV); Página: 104/240 500mg 1,5mg/k g Na indução 4h/8h e a (3060min EV) Às 10h (junto com a solução preparativa ______ ), 13h, 14h _ e 23h do dia anterior à cirurgia. Na indução 6h/8h (30min EV); Na indução (30-60min EV) 4h/8h ______ 24-48h ORTOPÉDICA Fratura exposta tipo I Sem fatores Cefazolina* 1g Na indução da anestesia (30min EV) 4h/8h 48 -72h Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Cefazolina* Fratura exposta tipos II e III Sem fatores Artroplastia Sem fatores Revisão de artroplastia Eletiva 1g + Gentamicina 1,5mg/kg Cefazolina* 1g Vancomicina 1g Sem fatores Cefepime 1g Cefazolina* 1g Ambas na indução da anestesia (3060min EV); 4h/8h 1 a 5 dias (suspender se PCR estiver normal) Na indução da anestesia (30min EV) 4h/8h 48h Na indução da anestesia 8h/12h (60min EV) Até resultado de cultura; colher biópsia p/ cult e anat patol. e avaliar necessidade Na indução da de ampliar anestesia 6h/12h tempo de (30min EV) antimicrobiano. Na indução da anestesia e a 4h/8h 24-48h cada 8h; (30min EV) + Sem fatores Página: 105/240 NEUROCIRURGIA Craniotomia eletiva Colocação de derivação Cirurgia transesfenoidal Cirurgia da coluna com prótese Sem fatores Sem fatores Sem fatores Sem fatores Cefuroxima 1.5g Cefazolina* 1g ou Cefuroxima 1.5g Cefazolina* 1g ou Cefuroxima 1.5g Cefazolina* 1g ou Cefuroxima 1.5g Na indução da anestesia (30min EV) 4h/8h 24h Na indução da anestesia e a cada 8h (30min EV). 4h/8h 48h Na indução da anestesia e a cada 8h (30min EV). 4h/8h 48h Na indução da anestesia (30min EV). 4h/8h 48h Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 106/240 UROLÓGICA Prostatectomia radical, ressecção de tumores vesicais, nefrectomia Cefazolina* Prostatectomia Sem fatores Cefazolina* de risco transvesical, RTU próstata e cirurgia de cálculo renal Com fatores Ciprofloxacina percutânea de risco Metronidazol Cistectomia radical com reconstrução 1g Na indução da anestesia (30min EV) 4h/8h 24h 1g Na indução da anestesia (30min EV) 4h/8h 24h 400mg Na indução da anestesia (1h EV) 8h/12h 24h 500mg Na indução (30min EV); 6h/8h 24h 4h/8h ______ + Gentamicina 1,5mg/kg Na indução (3060min EV) Prótese peniana e cirurgias de adrenal Cefazolina* 1g Na indução da anestesia (30min EV) Biópsia transrretal Ciprofloxacina 400mg Dose única (1h EV) 8h/12h _______ GINECOLÓGICA E OBSTÉTRICA Mastectomia Sem fatores Cefazolina* 1g Na indução da anestesia (30min EV) 4h/8h 24h Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Histerectomia vaginal ou abdominal Cesárea Contaminação de cavidade Página: 107/240 Cefazolina* 1g Na indução da anestesia (30min EV) 4h/8h 24h De urgência, trabalho de parto Cefazolina* 1g prolongado ou ruptura prematura da membrana. Após clampeamento do cordão; (30min EV) 4h Dose única CABEÇA E PESCOÇO Rinoplastia Com abertura da cavidade bucofaríngea Sem fatores Contaminação de cavidade Cefazolina* 1g Cefazolina* 1g + Clindamicina 600mg Dose única (30min EV) 4h ______ Ambas na indução da anestesia 4h/8h 24-48h (30min EV); PLÁSTICA Limpas Cefazolina* 1g Dose única (30min EV) 4h ______ Potencialmente contaminadas Cefazolina* 1g Na indução da anestesia (30min EV) 4h/8h 24h Na indução da anestesia (30min EV) 4h/8h 24-48h Plástica VASCULAR Com implante de prótese ou operação de aorta abdominal. Vascular Cefazolina* 1g Clindamicina 600mg Amputação de extremidades. + Na indução da anestesia (30min EV) 4h/8h 24-48h Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Gentamicina 1,5mg/kg Página: 108/240 - Na indução da anestesia (3060min) REFERÊNCIAS ▪ APECIH – Associação Paulista de Estudos e Controle de Infecção Hospitalar. Monografia: Prevenção da infecção de sítio cirúrgico. São Paulo, APECIH, 2001. ▪ ASHP therapeutic guidelines on antimicrobial prophylaxis in surgery. Am J Health-Syst Pharm 1999; 56: 1839-88. ▪ Bratzer DW et al. Antimicrobial prophylaxis for surgery: an advisory statement from the national surgical infection prevention project. Clin Infect Dis 2004, 38:1706-15. ▪ Classen DC, Evans S, Pestotnik SL, Horn S, Menlove RL, Burke JP: The timing of prophylatic administration of antibiotics and the risk of surgical-wound infection. N Engl J Med 1992; 326: 282-6. ▪ Dellinger EP, Gross PA, Barrett T, Krause Peter, Martone W, McGowan JE, Sweet RL. Wenzel RP: Quality standard for antimicrobial prophylaxis in surgical procedures. Infectious Diseases Society of America. Infect Control Hosp Epidemiol 1994; 15: 182-88. ▪ Wong ES. Surgical site infections. In: Mayhall G ed. Hospital epidemiology and infect control. 3rd Ed. Philadelphia, Lippincott Williams & Wilkins 2004. P. 287-310. Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 109/240 10 . RACIONALIZAÇÃO DO USO DE ANTIMICROBIANOS As bactérias e outros microrganismos causadores de doenças, como os fungos, vírus e parasitas, possuem notável habilidade para desenvolver mutações e adquirir genes provenientes de outros germes e desta forma, desenvolverem resistência aos antimicrobianos. Como conseqüência há o aumento da morbidade, mortalidade e elevação dos custos do tratamento. Os indivíduos infectados com bactérias resistentes permanecem, em geral, no hospital por tempo mais prolongado e tem pior prognóstico. O surgimento de novos antimicrobianos, sobretudo nas últimas três décadas, aliado ao avanço nos cuidados médicos-hospitalares proporcionou um aumento considerável no consumo de antimicrobianos no ambiente hospitalar, especialmente em unidades de terapia intensiva e oncohematologia. Este fato foi responsável por elevar a sobrevida destes pacientes, mas por outro lado proporcionou o desenvolvimento de altos níveis de resistência bacteriana aos antimicrobianos disponíveis. Atualmente o conceito de uso racional de antimicrobianos tem sido encarado como uma estratégia de controle para a disseminação da resistência antimicrobiana. Há, sem dúvida, uma expectativa que o uso racional destas drogas possa reduzir as altas taxas de resistência antimicrobiana e a morbimortalidade associada às infecções causadas por estes microrganismos. PRINCIPAIS CONCEITOS Resistência antimicrobiana A resistência antimicrobiana emergiu como um dos principais problemas de saúde pública na última década. Apesar do desenvolvimento e introdução de novos antibióticos, a resistência tem apresentado um crescimento Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 110/240 constante. Cerca de 70% dos patógenos isolados em hospitais dos Estados Unidos são resistentes a pelo menos um antimicrobiano. Os dados dos Centers for Disease Control and Prevention tem confirmado o aumento da resistência aos antimicrobianos de amplo espectro mais comumente utilizados (incluindo a vancomicina, cefalosporinas de terceira geração, carbapenens e quinolonas) entre os bacilos Gram negativos (Escherichia coli, Pseudomonas aeruginosa) e os cocos Gram positivos (enterococos resistentes a vancomicina, ERV, e Staphylococcus aureus resistentes a oxacilina, ORSA). O aumento da resistência antimicrobiana é marcante nas UTIs e as infecções hospitalares (IHs) relacionadas a microrganismos resistentes tem aumentado dramaticamente nestes setores nos últimos anos. Por exemplo, comparando o ano de 1999 a um período anterior de cinco anos (1994 a 98), o isolamento de P.aeruginosa resistentes a fluorquinolonas elevou-se em 49% em UTIs, em 48% para E.coli resistentes as cefalosporinas de 3a geração, em 40% para ORSA, em 30% para ERV e em 20% para P.aeruginosa resistentes aos carbapenens. Vários fatores contribuem para o aumento da resistência antimicrobiana no ambiente hospitalar (tabela 1). Alguns estão relacionados ao paciente, tais como o aumento da população de doentes com maior gravidade e imunodeprimidos. O desenvolvimento de procedimentos invasivos tem resultado em novos sítios e tipos de IHs. Outros fatores incluem o aumento da pressão de seleção exercida pelo uso de antimicrobianos e a baixa aderência dos profissionais de saúde à medida que visam o controle das IHs. Se por um lado há poucas estratégias para alterar os fatores relacionados ao paciente, há evidências que a melhora na prática de prescrição de antimicrobianos e das medidas de prevenção de IHs pode reduzir a resistência antimicrobiana. Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 111/240 Tabela 1. Fatores envolvidos no aumento da resistência antimicrobiana ▪ Pacientes mais gravemente enfermos ▪ Aumento da população de imunodeprimitidos ▪ Novos procedimentos invasivos ▪ Patógenos emergentes ▪ Uso abusivo de antimicrobianos ▪ Aumento do uso de antimicrobianos ▪ Programa de controle de infecção hospitalar ineficaz Conceito de uso racional de antimicrobianos A Organização Mundial de Saúde (OMS) desenvolveu uma estratégia global para conter a resistência antimicrobiana e estabeleceu a seguinte definição para adequação do uso de antimicrobianos: “é aquele que maximiza os efeitos terapêuticos clínicos, enquanto minimiza tanto a toxicidade relacionada aos medicamentos quanto o desenvolvimento de resistência antimicrobiana”. Na prática, isto significa prescrever um antimicrobiano que seja benéfico para o paciente, dirigido ao patógeno, em dose e com tempo de duração do tratamento adequado, principalmente no ambiente hospitalar. De forma geral o uso adequado de antimicrobianos deve seguir os mesmos princípios utilizados para todos os medicamentos (sobretudo eficácia, aliada a menor toxicidade). Deve ser ressaltado, que diferentemente de outros medicamentos, a terapia antimicrobiana, embora seja uma escolha individualizada, pode ter como resultado a pressão seletiva exercida por estes agentes e afetar a saúde de toda a sociedade. No Brasil o Ministério da Saúde obrigou as Comissões de Controle de Infecção Hospitalar a contemplar um programa de racionalização do uso de antimicrobianos em todos os hospitais. Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 112/240 Intervenções para promover o uso racional de antimicrobianos De forma geral, considera-se que aproximadamente metade dos pacientes hospitalizados utiliza, em algum momento de sua internação, pelo menos um antimicrobiano parenteral. Por outro lado, infelizmente, metade destas prescrições são inadequadas quanto à via de administração, dose e até mesmo na indicação do antibiótico. O médico muitas vezes deseja prescrever o antimicrobiano corretamente, mas não se recorda das recomendações que devem ser empregadas naquela situação. Portanto, ao realizar a escolha de um antimicrobiano o médico idealmente deveria possuir um bom conhecimento sobre as infecções mais comuns e as drogas mais adequadas para cada uma delas. As intervenções devem ter o objetivo de maximizar a eficiência destas decisões (tabela 2). Tabela 2. Principais intervenções para promover o uso racional de antimicrobianos Medidas educativas Medidas restritivas • Restrição do formulário terapêutico • Justificativas por escrito • Alertas e suspensão pelo computador • Sistemas computadorizados de suporte decisional • Guias terapêuticos • Rodízio de antimicrobianos Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 113/240 No Hospital São Paulo o Serviço de Racionalização do Uso de Antimicrobianos utiliza as medidas educativas aliadas às medidas restritivas (restrição do formulário terapêutico, justificativa por escrito, suspensão e liberação pelo computador). Os programas educacionais podem basicamente ter duas formas: a interação direta, através da discussão sobre o antimicrobiano prescrito pelo médico assistente do paciente ou um programa educacional mais formal. Na prática, a maioria dos serviços de racionalização de antimicrobianos associam estas técnicas. Os programas educacionais formais incluem as conferências para o corpo clínico, elaboração de cursos, apostilas com recomendações para a melhora na prescrição destas drogas. Para simplificar a prescrição de antimicrobianos, muitos hospitais utilizam um formulário restrito que limita as opções, geralmente contendo um ou dois representantes de cada classe de antibiótico. A restrição do uso de antimicrobianos tem sido considerado efetivo em reduzir custos e o excesso da prescrição de antimicrobianos de amplo espectro. Em um grande estudo que avaliou a autorização prévia para algumas drogas houve redução de 32% no uso de antimicrobianos por via parenteral, acompanhado por aumento da susceptibilidade dos microrganismos aos betalactâmicos e quinolonas. A escolha do antimicrobiano deve ser dirigida quando o microrganismo responsável pela infecção é conhecido. Quando este é desconhecido, ele deve ser presumido com certa segurança, sendo esta situação conhecida como terapia empírica. Nesta última situação muitas vezes são utilizados antimicrobianos de largo espectro. Idealmente a escolha do antimicrobiano deve ser orientada por padronizações de conduta, também conhecida como Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 114/240 guias terapêuticos (guidelines). Estes devem ser baseados em dados de vigilância da resistência antimicrobiana local. O Serviço de Racionalização do Uso de Antimicrobianos do HSP O Serviço de Racionalização do uso de antimicrobianos do Hospital São Paulo foi criado em janeiro de 1989 e está ligado à Comissão de Epidemiologia Hospitalar. Este setor avalia as solicitações para os antimicrobianos denominados de uso restrito (tab. 3). Tabela 3. Antimicrobianos de uso restrito Cefuroxima Imipenem Ampicilina-sulbactam Cefoxitina Meropenem Piperacilina-tazobactam Ceftazidima Tigeciclina Ciprofloxacina endovenosa Cefotaxima Vancomicina Levofloxacina Cefepima Teicoplanina Fluconazol endovenoso Linezolida Aciclovir endovenoso Polimixina Os infectologistas que participam deste serviço pertencem à Disciplina de Doenças Infecciosas e Parasitárias e as sugestões para alterar as condutas feitas pelo grupo de médicos deste serviço fazem parte de protocolos definidos em conjunto com a Disciplina. Atualmente este programa conta com três médicos contratados especificamente para a avaliação dos antimicrobianos classificados como restritos. A equipe de infectologistas também informa aos médicos os resultados de hemoculturas, isto é, o exame bacteriológico das hemoculturas positivas (Gram) e posteriormente o resultado final com a Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 115/240 identificação completa e seu respectivo antibiograma. Nestas duas ocasiões, o caso é discutido com o médico do paciente e são sugeridas ou não alterações na terapêutica antimicrobiana. As fichas de solicitação de antimicrobianos são encaminhadas ao serviço pela farmácia para a avaliação da adequação do antimicrobiano prescrito quanto à dose, duração, via de administração e indicação clínica, como demonstra o fluxograma. Fluxograma de avaliação das fichas de antimicrobianos de uso restrito Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 116/240 REFERÊNCIAS • Brown EM. Guidelines for antibiotic usage in hospitals. J Antimicrob Chemother 2002, 49:587-92. • Cunha BA. Antibiotic resistance – control strategies. Crit Care Clinics1998,14(2):309-27. • Murthy R. Implementation of strategies to control antimicrobial resistance. Chest 2001, 119:405S-411S. • Shlaes DM, Gerding DN, John JF, et al. 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Disponível em URL: documents/antimicrobial_resistance/docs/EGlobal_Strat.pdf www.who.int/emc- Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 117/240 11. PROTOCOLO DE TERAPIA ANTIFÚNGICA INICIAL Devido aos avanços das práticas terapêuticas na medicina contemporânea e refinamentos dos métodos diagnósticos observa-se um aumento considerável das infecções fúngicas no ambiente hospitalar, principalmente em Unidades de Terapia Intensiva, pacientes Onco- Hematológicos e pacientes submetidos a transplantes de órgãos. Os principais agentes responsáveis por essas infecções são: Candida spp.; Aspergillus spp.; Cryptococcus spp.; Fusarium spp. e Zigomicetos. Atualmente, temos a introdução de novos antifúngicos ao mercado (Voriconazol, formulações lipídicas de Anfotericina B, Caspofungina e Anidulafungina) que comprovadamente apresentam melhor perfil de segurança e eficácia semelhante ou superior à Anfotericina B desoxicolato. Os antifúngicos devem ser criteriosamente escolhidos em função do perfil clínico dos pacientes e potencial de resistência e toxicidade, espectro de ação, custo do tratamento, grau de comprometimento pela micose e eficácia do medicamento em estudos clínicos. Apesar de haver controvérsias na escolha inicial de antifúngicos, para diferentes cenários clínicos, há consenso com relação aos seguintes tópicos: 1- A terapia empírica é prática comum uma vez que a terapêutica precoce reduz mortalidade e métodos diagnósticos para infecções fúngicas têm baixa sensibilidade. 2- Anfotericina B desoxicolato é droga altamente nefrotóxica e aumenta a mortalidade e morbidade em populações específicas Estudos recentes demonstraram que a nefrotoxicidade relacionada à Anfotericina B ocorre em, pelo menos, 30% dos pacientes que a utilizam. Aumentando Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 118/240 consideravelmente as internações hospitalares e custos relacionados. É ainda mais preocupante o aumento da mortalidade associada à nefrotoxicidade, claramente demonstrada em alguns estudos. 3- Terapia inicial com voriconazol em aspergilose invasiva reduz mortalidade. 4- Formulações lipídicas da anfotericina B em altas doses desde o início estão associadas a melhor prognóstico na terapêutica da zigomicose. 5- Na neurocriptococose, anfotericina lipossomal negativa a cultura do líquor mais rapidamente em pacientes com Aids e apresenta menor mortalidade em 90 dias em pacientes submetidos a transplante de órgãos quando comparado a convencional. 6- Situações clínicas em que o uso de anfotericina B desoxicolato é tolerável: infecções neonatais, em crianças e nos paciente portadores de HIV com baixo risco de nefrotoxicidade. 7- Profilaxia é prática aceitável, com boa evidência científica, nas seguintes situações: TCTH com fluconazol, LMA e Síndrome Mielodisplásica/TCTH com GVHD com posaconazol e grupos de alto risco de transplantados hepáticos e neonatos, dependendo da epidemiologia local. Nesses casos preferimos a terapêutica pré-empitiva, que deve ser definida para cada um dos grupos. Desta maneira encaminhamos proposta de terapia antifúngica inicial do Grupo de Micologia da UNIFESP baseando-se no tipo de paciente e na infecção fúngica. A) TRANSPLANTE DE ÓRGÃO SÓLIDO (TOS) 1- CANDIDEMIA: Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 119/240 - FLUCONAZOL Dose Ataque 800mg Dose Manutenção 400mg IV: para pacientes clinicamente estáveis com baixo risco de resistência (não utilizaram profilaxia com a medicação), sem infecção ou colonização por C. krusei e C. glabrata. - ANFOTERICINA B DESOXICOLATO 1mg/Kg/dia: para pacientes com creatinina sérica basal ≤ 2 mg/dL, com baixo risco de nefrotoxicidade e com infecção documentada por C. krusei e C. glabrata ou clinicamente instáveis (choque sem resposta a volume). - EQUINOCANDINAS: para pacientes com candidemia comprovada e valor de creatinina sérica basal ≥ 2 mg/dL ou piora de 100% do valor da creatinina basal, clinicamente instáveis (choque sem resposta a volume) ou que apresentam hemocultura positiva após 72h do uso de fluconazol e não preenche critérios para a utilização de anfotericina B. • Caspofungina: Dose de Ataque no 1ª dia = 70 mg/dia Dose de manutenção = 50mg/dia 1x/dia • Anidulafungina: Dose de Ataque no 1ª dia = 200 mg/dia Dose de manutenção = 100mg/dia 1x/dia • Micafungina: Dose diária 100mg/dia 1x/dia 2- CRIPTOCOCOSE: Neurocriptococose, Disseminação (fungemia ou >1 órgão não contíguo) ou Pulmonar grave: - FORMULAÇÃO LIPÍDICA DE ANFOTERICINA B (Anfotericina B lipossomal 3mg/Kg/dia ou Anfotericina B complexo lipídico 5 mg/kg/dia) + 5- FLUOROCITOSINA 100mg/kg/dia dividido em 4x: para pacientes com valor de creatinina sérica basal ≥ 2 mg/dL. Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 120/240 - ANFOTERICINA B CONVENCIONAL 0,7mg/kg/dia + 5-FLUOROCITOSINA 100mg/kg/dia dividido em 4x: pacientes com creatinina < 2 mg/d/L Formas Leves a Moderadas - FLUCONAZOL 400mg/dia B) NEUTROPÊNICO E TCTH: 1- CANDIDEMIA: - FLUCONAZOL Dose Ataque 800mg Dose Manutenção 400mg IV para pacientes clinicamente estáveis com baixo risco de resistência (não utilizaram profilaxia com a medicação), sem infecção ou colonização por C. krusei e C. glabrata. - ANFOTERICINA B DESOXICOLATO 1mg/Kg/dia: para pacientes com creatinina sérica ≤ 2 mg/dL, com baixo risco de nefrotoxicidade e com infecção documentada por C. krusei e C. glabrata ou clinicamente instáveis (choque sem resposta a volume). - EQUINOCANDINAS: para pacientes com candidemia comprovada e valor de creatinina sérica basal ≥ 2 mg/dL ou piora de 100% do valor da creatinina basal, clinicamente instáveis (choque sem resposta a volume) ou que apresentam hemocultura positiva após 72h do uso de fluconazol. Mesmas doses que TOS. 2- ASPERGILOSE - VORICONAZOL Dose Ataque 6mg/kg/dose 12/12h Dose Manutenção 4mg/kg/dose 12/12h VO: para pacientes com formas leves ou moderadas de aspergilose comprovada e provável (ver definições em anexo). - VORICONAZOL Dose Ataque 6mg/kg/dose 12/12h Dose Manutenção 4mg/kg/dose 12/12h IV: para pacientes graves (choque sem resposta a volume Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 121/240 e/ou insuficiência respiratória), sem possibilidade de administração VO, sem insuficiência renal e com aspergilose comprovada e provável. - ANFOTERICINA B DESOXICOLATO: para pacientes com aspergilose possível ou terapia empírica. OBS: Pacientes com neutropenia prolongada (> 7dias) + febre ou instabilidade clínica + ausência de resposta a antibioticoterapia de amplo espectro + presença de alterações em tomografia de tórax ou seios da face + creatinina ≥ 2 mg/dL ou piora de 100% do valor da creatinina basal após o início da anfotericina B podem ser candidatos a uso de voriconazol. Lembrar sempre de buscar o diagnóstico etiológico nessa situação. 3- FUSARIOSE - FORMULAÇÃO LIPÍDICA DE ANFOTERICINA B (Anfotericina B lipossomal 3mg/Kg/dia ou Anfotericina B complexo lipídico 5 mg/kg/dia Na doença confirmada - Anfotericina B desoxicolato 1,5mg/kg/dia: casos suspeitos - Dependendo do caso pode-se utilizar VORICONAZOL 4- ZIGOMICOSE - FORMULAÇÃO LIPÍDICA DE ANFOTERICINA B (Anfotericina B lipossomal 3mg/Kg/dia ou Anfotericina B complexo lipídico 5 mg/kg/dia ma doença confirmada - Anfotericina B desoxicolato 1,5mg/kg/dia: casos suspeitos - Dependendo do caso pode-se utilizar POSACONAZOL C) PACIENTE SOB CUIDADOS INTENSIVOS Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 122/240 1- CANDIDEMIA: - FLUCONAZOL Dose Ataque 800mg Dose Manutenção 400mg IV para pacientes com baixo risco de resistência (não utilizaram profilaxia com a medicação), sem infecção ou colonização por C. krusei e C. glabrata. - ANFOTERICINA B DESOXICOLATO 1mg/Kg/dia: para pacientes com creatinina sérica ≤ 2 mg/dL, com baixo risco de nefrotoxicidade e com infecção documentada por C. krusei e C. glabrata. - EQUINOCANDINAS: para pacientes com candidemia comprovada e valor de creatinina > 2 mg/dL e clinicamente instáveis (em choque sem resposta a volume) ou que apresentam hemoculturas positivas para leveduras após 72h do uso de fluconazol e não preencham critérios para utilização de anfotericina B. Mesmas doses que TOS. D) POPULAÇÃO NEONATAL E PEDIÁTRICA CANDIDEMIA: - dar preferência a ANFOTERICINA B DESOXICOLATO 1 mg/kg/dia pelo baixo risco de nefrotoxicidade. - FLUCONAZOL 12mg/Kg/dia IV pode ser utilizado como alternativa. E) AIDS CRIPTOCOCOSE Neurocriptococose, Disseminação (fungemia ou > 1 órgão não contíguo) ou Pulmonar grave: - FORMULAÇÃO LIPÍDICA DE ANFOTERICINA B (Anfotericina B lipossomal 3mg/Kg/dia ou Anfotericina B complexo lipídico 5 mg/kg/dia + 5- FLUOROCITOSINA 100mg/kg/dia dividido em 4x: para pacientes com valor de creatinina sérica basal ≥ 2,5. Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 123/240 - ANFOTERICINA B CONVENCIONAL 0,7mg/kg/dia + 5-FLUOROCITOSINA 100mg/kg/dia dividido em 4x: para pacientes com valor de creatinina sérica basal < 2,5. Formas Leves a Moderadas - FLUCONAZOL 400mg/dia DEFINIÇÕES DE ASPERGILOSE: - COMPROVADA: anatomopatológico compatível com hialohifomicose e/ou cultura positiva de sítio estéril - PROVÁVEL: fatores do hospedeiro + manifestações clínicas/radiológicas compatíveis + evidência micológica: pesquisa direta, cultura ou galactomanana positiva. REFERÊNCIAS • Colombo AL, Thompson L, Graybill JR. et al, The north and south of candidemia: Issues for Latin America. Drugs Today (Barc). 2008 Sep;44 Suppl A:1-34. • Herbrecht R, Denning DW, Patterson T et al., Voriconazole versus amphotericin B for primary therapy of invasive aspergillosis. N Engl J Med. 2002 Aug 8;347(6):408-15. • Bates DW, Su L, Yu DT, Chertow GM et al., Mortality and costs of acute renal failure associated with amphotericin B therapy. Clin Infect Dis. 2001 Mar 1;32(5):686-93. Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE • Página: 124/240 Perfect JR, Dismukes WE, Dromer F, et al. Clinical practice guidelines for the management of cryptococcal disease: 2010 update by the infectious diseases society of america.Clin Infec Dis;50:291-322, 2010. • Nucci M, Anaissie E.et al. Fusarium infections in immunocompromised patients. Clin Microbiol Rev; 20(4):695-704, 2007. • De Pauw B, Walsh TJ, Donnelly JP et al. Revised definitions of invasive fungal disease from the European Organization for Research and Treatment of Cancer/Invasive Fungal Infections Cooperative Group and the National Institute of Allergy and Infectious Diseases Mycoses Study Group (EORTC/MSG) Consensus Group. 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Diferentes combinações de medidas de controle têm sido efetivas na tentativa de se prevenir e controlar infecções hospitalares pelo VSR. O diagnóstico clínico muitas vezes é indistingüível de outras doenças virais. Cultura de secreção respiratória apesar de ser considerada teste padrão para diagnóstico é onerosa e demorada. Testes antigênicos rápidos podem fornecer resultados em pouco tempo, apresentando alta sensibilidade e especificidade (80% a 95%). Medidas de Controle e Prevenção de Surtos Hospitalares Até o momento não há medida isolada ou metodologia simples universalmente aceita para controle e prevenção de infecções hospitalares pelo VSR .Diferentes combinações de estratégias têm sido efetivamente adotadas. Os programas que apresentam sucesso têm dois elementos em comum: implementação de precauções de contato e aderência pelos profissionais de saúde. Isoladamente a higienização das mãos é o método mais efetivo para prevenção da transmissão de infecções hospitalares pelo VSR. Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 126/240 A utilização de luvas e máscaras tem sido associada à diminuição das taxas de transmissão do VSR. Possivelmente a utilização de luvas aumenta a aderência dos profissionais à higienização das mãos, deve-se lembrar que as luvas devem ser trocadas após contato com pacientes infectados e com fômites ou superfícies contaminados e as mãos novamente higienizadas. Utilizar máscara cirúrgica e óculos ao realizar procedimentos em pacientes onde se possa gerar respingos respiratórios. A vigilância rotineira de novos casos não é recomendada pelo Centers for Desease Control and Prevention (CDC). Medidas adicionais indicadas pelo CDC para controle ou prevenção de surtos hospitalares • Estabelecer mecanismos pelos quais profissionais de saúde sejam prontamente alertados sobre aumentos de casos na comunidade. • Estabelecer mecanismos pelos quais profissionais de saúde possam informar prontamente aos departamentos locais e estaduais de saúde sobre aumentos de casos nos serviços de saúde • Em hospitais durante períodos de maior prevalência de sintomas de doenças respiratórias virais na comunidade e durante a “estação” de VSR realizar pronto diagnóstico de infecções causadas pelos vírus respiratórios. Utilizar técnicas de diagnóstico rápido quando indicadas em pacientes admitidos para internação e com risco para infecções virais graves (pacientes pediátricos, imunocomprometidos, cardiopatas e pneumopatas). • Internação do paciente: a. Quarto privativo quando possível ou coorte; b. Realizar prontamente testes rápidos em pacientes admitidos com suspeita de infecção pelo VSR; Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 127/240 c. Limitar transporte e movimentação do paciente: se necessário assegurarse de que as precauções para minimizar risco de contaminação de superfícies e equipamentos estejam sendo realizadas; d. Restringir profissionais de saúde com sintomas respiratórios de cuidar de lactentes e outros pacientes de risco para infecções virais. • Quando factível realizar teste rápido em profissionais de saúde com sintomas respiratórios que trabalhem em unidades de risco • Limitar visitas de pessoas com sintomas respiratórios em unidades de risco • Utilizar anticorpo monoclonal para atenuar infecção pelo VSR seguindo recomendação administração da Academia mensal em Americana menores de de Pediatria: 24 meses se considerar nascidos prematuramente <=32 semanas e displasia broncopulmonar e se <32 semanas sem doença pulmonar que terão menos de 6 meses na “estação” do VSR ou se nascido entre 32-35 semanas com dois ou mais dos seguintes fatores de risco: berçário, irmãos em faixa escolar, exposição a poluentes, anomalias congênitas das vias aéreas ou doença neuromuscular grave • Até o momento não está indicada a utilização de imunoglobulina específica ou anticorpo monoclonal para prevenção ou controle de surtos hospitalares. METAPNEUMOVÍRUS HUMANO RNA-vírus da família Paraxomyxoviridae recentemente identificado. A transmissão apesar de não bem estabelecida, possivelmente ocorre por via respiratória (gotículas) ou contato direto com fômites. Transmissão hospitalar em pediatria tem sido descrita. Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 128/240 Responsável por infecções do trato respiratório alto e baixo em qualquer faixa etária, principalmente em crianças pequenas e idosos. Em pacientes que necessitam internação o quadro clínico varia de quadros de bronquiolite a quadro de exacerbação da asma e mesmo pneumonia grave. O período de incubação apesar de não bem definido parece variar de 3 a 5 dias. O diagnóstico pode ser realizado por cultura, PCR-RT, sorologia (sendo necessário observar soroconversão ou aumento maior ou igual a 4 títulos em duas amostras de sangue colhidas com intervalo de pelo menos 4 semanas). Até o momento não há tratamento específico. O tratamento se retringe a medidas de suporte. Controle de transmissão hospitalar depende da aderência dos familiares e dos profissionais de saúde às precauções de contato e adequada higienização das mãos. Pacientes com diagnóstico de infecção por metapneumovírus devem ser colocados em quarto privativo ou em coorte, devendo-se evitar colocar em mesmo quarto de crianças com diagnóstico de infecção pelo vírus sincicial respiratório pois pode ocorrer coinfecção com quadros pulmonares mais graves. VARICELA A varicela é doença causada por um DNA vírus, do grupo herpesvírus (vírus Varicela-Zoster), que é também responsável por quadros de herpeszoster. Doença altamente contagiosa, com taxa de ataque de 90%. O período de incubação (PI) é de 10-21 dias. Manifesta-se como febre moderada, sintomas sistêmicos e exantema máculo-vésiculo-papular generalizado e pruriginoso com duração de 4-10 dias. Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 129/240 O período de maior contagiosidade é o que antecede o exantema (em 1 ou 2 dias) até que todas as lesões estejam na fase crostosa. As pessoas com antecedente da doença são consideradas imunes. A vacinação oferece proteção em torno de 85%. Testes sorológicos são úteis na determinação da imunidade quando o relato da doença ou da vacinação é duvidoso. A ocorrência de varicela em ambiente hospitalar pode decorrer de exposições a pacientes, visitantes ou profissionais de saúde infectados com varicela ou herpes zoster. Medidas de controle As seguintes medidas devem ser realizadas ao diagnóstico de um caso de varicela em paciente hospitalizado: a. Isolamento do paciente infectado: • Precauções por Contato e Aerossóis (utilização de máscara N95) até que todas lesões estejam em fase crostosa; quando possível em quarto com pressão negativa. b. Contatos: • Alta hospitalar quando possível • Coorte dos contatos (internar os contatos em um mesmo quarto) • Isolamento respiratório (precauções por aerossóis do 7º dia do primeiro contato ao 21º dia do último contato com o caso, lembrar que se o paciente recebeu Imunoglobulina anti-Varicela Zoster (VZIG) estas medidas devem ser extendidas até o 28º dia do último contato) • Afastamento e/ou remanejamento de profissionais suscetíveis Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE • Página: 130/240 Testes sorológicos devem ser realizados em profissionais sem história prévia de varicela e/ou não vacinados • VZIG: deve ser realizada até 96 horas do 1º contato, quando indicada, na dose de 125U/10kg ( mínimo:125U máximo:625U) o Indicações: imunodeprimidos, gestantes, recém-nascidos se mãe com varicela 5 dias antes a 48 hs após parto, prematuros >=28 semanas – se mãe sem história de varicela, prematuros<28 semanas independente história materna • Vacinação: deve ser aplicada até 72 horas do 1º contato, quando indicada, lembrando que só pode ser aplicada em maiores de um ano, sem imunodeficiência grave; o Indicações: LLA em remissão, suscetíveis submetidos a transplantes de órgãos sólidos (3 sem antes), profissionais de saúde suscetíveis, familiares de imunodeprimidos, suscetíveis à infecção em enfermarias com casos de varicela,bloqueio em enfermarias, crianças suscetíveis (1 a 5 anos) que frequentam creche em período integral com casos de varicela e população indígena Pacientes imunodeprimidos com herpes zoster (localizado ou disseminado), e pacientes imunocompetentes com herpes zoster disseminado necessitam de precauções por aerossóis e de contato. Para os pacientes imunocompetentes com herpes-zoster localizado, há necessidade apenas de precauções de contato, até que todas as lesões estejam na fase crostosa. A VZIG se encontra disponível nos Centros de Referência de Imunobiológicos (CRIEs) espalhados por todo o país (www.cve.saude.sp.gov.br). A duração da proteção contra a varicela nos Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 131/240 indivíduos que receberam VZIG é desconhecida. Diante de uma nova exposição após 3 semanas ao uso da VZIG em indivíduo que não apresentou varicela, recomenda-se nova administração de VZIG. SARAMPO O sarampo é uma doença infecto-contagiosa, causado por um RNA vírus da familia do Paramyxoviridae. Causa doença exantemática ,caracterizada por febre, tosse, coriza, conjuntivite, exantema eritematomáculo-papular confluente, antecedido por um enantema patognomônico (manchas de Köplik, vesículas esbranquiçadas com halo eritematoso na membrana mucosa do pré-molar, inicia-se 24 a 48 horas antes do exantema e permanece por dois a quatro dias após seu aparecimento). A disseminação da doença ocorre através do contato inter-humano pela via respiratória. O período de incubação é de 14 dias. A transmissibilidade ocorre mais intensamente durante o período prodrômico, perdurando até 4 dias após o aparecimento do exantema. Medidas de prevenção Várias estratégias podem ser adotadas para minimizar a possibilidade de transmissão do sarampo: • Manutenção de alta cobertura vacinal: rotina de imunização, ações especiais para grupos e áreas de alto risco, dias nacionais de imunização e campanhas em massas são estratégias importantes, que visam diminuir o número de indivíduos susceptíveis. • Reduzir a idade de vacinação durante epidemias: A OMS recomenda que, a idade de administração da vacina contra sarampo, seja antecipada para 6 meses de idade, durante epidemias da doença. As crianças vacinadas entre 6 e 9 meses de idade, devem receber uma segunda dose Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 132/240 da vacina após os 9 meses, respeitando um intervalo de pelo menos 4 semanas após a primeira dose.A segunda dose da vacina após os 9 meses é importante, visto que, a vacinação feita antes dos 9 meses resulta em baixo nível de proteção. Eliminar os atrasos vacinais e falta de vacinação: Deve-se verificar • rotineiramente a vacinação contra o sarampo , de todas as crianças atendidas em serviços de saúde, independente do tipo de atendimento , a razão do atendimento ou sua complexidade. Uma história de vacinação, ou de doença, não deve ser considerado para se contra-indicar a vacinação. Devendo-se considerar em dia, apenas as crianças que comprovem com o cartão de vacinas. Assegurar imunização adequada de todos os profissionais de • saúde: • Todos os profissionais de saúde devem ser imunes a doença. Em países sub-desenvolvidos, a grande maioria dos adultos tem imunidade natural a doença. • Estudo realizado nos EUA revelou que, de todos os adultos que adquiriram a doença em hospitais, 67% eram profissionais de saúde. Outro estudo relata que, destes os mais susceptíveis são enfermeiros. • Assegurar imunização adequada em pacientes internados: A imunização de todos os pacientes internados deve ser rigorosamente verificada. Pacientes ou profissionais de saúde não imunes expostos à doença, que não apresentem contra-indicação à vacinação, devem receber a vacina até 72 horas após a exposição, evitando dessa forma, o desenvolvimento da doença. Diversos estudos relatam proteção de 68% a 100%. Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE • Página: 133/240 Isolamento de casos de febre e exantema: • Em estudos realizados durante epidemia de sarampo, foi observado que atendimento em serviços de emergência 10- 18 dias antes do aparecimento do exantema foi fator de risco significante. • Todo paciente que procurar um serviço de saúde , com quadro de febre e exantema, deve ser levado para sala reservada, mantidos com máscara cirúrgica. • Administração de gamaglobulina: • A aplicação de gamaglobulina standart em paciente susceptível até o 6ª dia do contato pode prevenir ou modificar o sarampo. Se o contato ocorreu a menos de 72 horas deve-se preferir a vacinação, caso não haja contra-indicações ou a criança for maior de nove meses. • A gamaglobulina standart está indicada para crianças menores de nove meses e para pacientes imunocomprometidos. • Se expostos à doença, pacientes imunossuprimidos devem receber a gama-globulina standart na dose de 0,5 ml/kg (dose máxima 15 ml); em pacientes não imunossuprimidos a dose é de 0,25 ml/kg (dose máxima 15ml). A aplicação é realizada por via intramuscular. ROTAVÍRUS Rotavírus é o principal agente de diarréia aguda no mundo, resultando em 870.000 óbitos/ano em crianças jovens em países em desenvolvimento. Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 134/240 O rotavírus é um RNA vírus com sete grupos antigênicos distintos são conhecidos (A-G). Tem distribuição cosmopolita, ocorrendo principalmente durante o inverno. As manifestações clínicas mais frequentemente associadas à diarréia líquida são vômitos, febre e desidratação. Infecções hospitalares por rotavírus podem ocasionar sérios problemas principalmente em enfermarias pediátricas. É eliminado em grande quantidade pelas fezes. Medidas de Prevenção A principal forma de transmissão é através do contato com pacientes infectados, sendo indicado para prevenção de transmissão precaução de contato. Sempre que possível deve-se realizar pesquisa antigênica de rotavírus nas fezes em toda criança internada com quadro de diarréia aguda e se positiva deve ser instituída precauções de contato durante toda a fase da doença. Sempre que possível e factível a criança com quadro de diarréia, principalmente por rotavírus, deve ser mantida em quarto de isolamento e precauções de contato devem ser preconizadas. Evitar internação de pacientes com infecção por Rotavírus no mesmo quarto que pacientes imunossuprimidos, desnutridos, em uso de corticóides e recémnascidos. Na rede pública está disponível a vacina monovalente de vírus atenuado, monovalente para administração oral. O esquema vacinal recomendado é de duas doses, aos 2 e 4 meses de idade simultaneamente com as vacinas Tetravalente (DPT/Hib) e Sabin. O intervalo mínimo entre as doses é de quatro semanas. A prteção contra formas graves da doença é em torno de 80%. NOROVÍRUS Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 135/240 Norovírus são RNA-vírus pertencentes à família Calciviridae Pode ser transmitido rapidamente pessoa-a-pessoa (via fecal-oral ou por transmissão respiratória por gotículas) ou por contaminação de água, alimentos ou fômites. Os surtos por norovírus são caracterizados por alta taxa de ataque secundário. São importante etiologia nos surtos de diarréias alimentares, particularmente em cruzeiros de navios, e em diarréia dos viajantes. Os sintomas se iniciam abruptamente e varia de formas leves de diarréia com evacuações líquidas a quadros graves com febre elevada e vômitos. O período de incubação é de 24 a 48 horas. O diagnóstico pode ser realizado por cultura, PCR-RT, microscopia eletrônica ou por métodos imunoenzimáticos (apresentam menor sensibilidade e especificidade). Devido às múltiplas potenciais formas de transmissão do norovírus, muitas vezes há dificuldade em se conter surtos. Algumas medidas devem ser realizadas para limitar a transmissão. O paciente deve permanecer em precauções de contato e se ocorrerem vômitos esses deve ser removido cuidadosamente com objetivo de limitar formação de aerossóis, limpar e desinfetar superfícies com solução de hipoclorito (concentração mínima de 1000ppm, podendo ser necessária concentrações maiores de 5.000 ppm) e utilizar equipamento individual de proteção ao remover as fezes e vômitos dos pacientes. Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 136/240 REFERÊNCIAS • Peiris JS, Tang WH, Chan KH, Khong PL e cols.Children with respiratory disease associated with metapneumovirus in Hong Kong. Emerg Infect Dis 2003 ;9:628-33. • van den Hoogen BG; de Jong JC; Groen J; Kuiken T e cols. A newly discovered human pneumovirus isolated from young children with respiratory tract disease. Nat Med 2001; 7:719-24. • Brasil. Ministério da Saúde. Programa Nacional de Imunizações / CENEPI / FUNASA. Manual dos Centros de Referência de Imunobiológicos Especiais. Brasília; 2001 • • CDC. Immunization of health-care workers recommendations of the Advisory Committee on Immunization Practices (ACIP) and the Hospital Infection control Practices Advisory Committee (HICPAC). MMWR 1997; 46 (Nº RR-18). • CDC. Prevention of Varicella Updated Recommendations of the Advisory Committee on Immunization Practices (ACIP). MMWR 1999; 48 (RR06) 1-5. • World Health Organization. Expanded Programme on Immunization. Weekly Epidemiological Record 1995; 70: 61 -64. ▪ Biellik R. Strategies for minimizing nosocomial measles transmission. Bulletin World Health Organization1999; 75: 367 – 375. ▪ Soares-Weiser K, Goldenberg E, TamimiI,G. et al.-. Rotavirus vaccine for preventing diarrhea. Cochrane Database Syst Rev 2004; CD002848. ▪ CDC. Norovirus in Healthcare. Released http://www.cdc.gov/ncidod/dhqp/id_norovirusFS.html December 21, 2006 Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 137/240 13. MEDIDAS DE PREVENÇÃO E CUIDADOS ESPECIAIS COM PACIENTES TRANSPLANTADOS EM INTERNAÇÃO HOSPITALAR A prevenção de infecções em pacientes submetidos a transplantes corresponde a um dos grandes desafios, devido à presença de comprometimento severo do sistema imunológico (celular e humoral), associado à doença de base, regimes de tratamentos (quimioterápicos e imunossupressores) e procedimentos invasivos, resultando em alta incidência de infecção associada à assistência a saúde, infecções comunitárias e oportunistas. A proposta deste capítulo é discutir as medidas de prevenção e controle de infecção em transplantes de órgãos sólidos e transplantes de células tronco hematopoiéticas. A importância deste assunto se verifica pela presença de um aumento do número de pacientes transplantados em todo o mundo. No caso do transplante de órgão sólido, nos últimos 20 anos, notou-se um aumento de 250% nos Estados Unidos, com aproximadamente 30.000 transplantes anuais. Da mesma forma, o número de transplantes de células tronco hematopoiéticas no mundo atinge entre 50.000 a 60.000. TRANSPLANTE DE ÓRGÃO SÓLIDO Embora o Centers for Disease Control and Prevention (CDC, Atlanta) tem publicado medidas de prevenção em pacientes submetidos a transplante de células tronco hematopoiéticas, similares diretrizes não são disponíveis no caso do transplante de órgão sólido. A maioria das infecções precoces após o transplante (nos primeiros 30 dias após o procedimento) são as mesmas encontradas na população em geral que se submete a um procedimento Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 138/240 cirúrgico e, portanto, as diretrizes para controle de infecção associada ao uso de cateteres vasculares, infecção urinária, infecção de sítio cirúrgico e infecção pulmonar podem ser utilizadas nesta população. A fonte de infecção no transplante de órgão sólido pode ser o doador, o próprio receptor, associada à assistência à saúde ou associado à etiologia da comunidade. Os principais fatores de risco são: a) Colonização bacteriana ou fúngica do trato respiratório (por exemplo, no transplante de pulmão); b) Colonização por microorganismos resistentes a antimicrobianos, devido à exposição prolongada ou freqüente em hospitais; c) Severidade da doença de base; d) Desnutrição; e) Idade do paciente; f) Procedimentos invasivos (por exemplo: cirurgia, cateteres venosos, cateteres vesicais, intubação orotraqueal); g) Imunossupressores (anti-proliferativos como micofenolato e rapamicina, prejudicando a cicatrização de feridas operatórias e aumentando o risco de infecções de sítio cirúrgico); Dentre os diferentes tipos de transplante de órgão sólido, no primeiro mês após o procedimento, encontramos o predomínio de um tipo de infecção associada à assistência à saúde. No transplante de pulmão e coração, a pneumonia associada à assistência à saúde é mais prevalente (35 a 48%), enquanto que no transplante de rim e duplo rim-pâncreas, temos a infecção urinária associada à assistência à saúde (6 a 86%). Infecções de sítio cirúrgico são mais prevalentes nos transplantes: hepático (33 a 78%), de pâncreas (7 a 50%) e de intestino. Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 139/240 A presença de infecções virais (por exemplo, citomegalovirose, vírus Epstein-Barr, poliomavírus e hepatite C) influenciam na ocorrência de infecções oportunistas bacterianas e fúngicas, neoplasias, bem como na imunomodulação dos enxertos. A re-infecção do enxerto hepático por hepatite C ocorre entre 50 a 80% nos primeiros dois anos pós-tranplante, O vírus EpsteinBarr aumenta a incidência de doença linfo-proliferativa em até 76 vezes, quando comparada com a população sem infecção prévia. MEDIDAS DE PREVENÇÃO SUGERIDAS Monitoração das taxas de infecção: No contexto do “National Healthcare Safety Network” (NHSN), a unidade de transplante de órgão sólido não é uma categoria distinta das outras, sendo classificada como unidade cirúrgica ou médico/cirúrgica de cuidados intensivos. Ou seja, quando comparamos as taxas de diferentes unidades de saúde no NHSN, existem hospitais que incluem pacientes transplantados de órgão sólido ou não. Neste sentido, a comparação interna em cada unidade de saúde é importante para avaliação de tendências e estabelecimento de medidas de controle e prevenção. A cultura da “tolerância zero” para as infecções associadas à assistência à saúde também deve valer como objetivo na população de transplantados de órgão sólido. Avaliação do profissional de saúde e comunicantes: É essencial que os profissionais da área de saúde, principalmente aqueles em contato com o paciente imunossuprimido, sejam aderentes às recomendações de imunização, como por exemplo: influenza; hepatite B; varicela, sarampo, rubéola e caxumba nos susceptíveis; dupla adulta. Assim como os comunicantes, também devem receber a imunização adequada para a prevenção de transmissão de doenças. Práticas de prevenção para os visitantes: Quanto aos visitantes, as medidas de prevenção são: a educação para a prática de higiene das mãos, Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 140/240 assim como nas medidas de precaução padrão, respeitando a prática do diferentes tipos de isolamento, restrição de visitantes com doenças respiratórias, gastrintestinais, oftalmológicas (conjuntivite) e “screening” para exposição de vacinas vivas ou atenuadas. Práticas de prevenção de infecção no meio ambiente (o conceito de ambiente protetor) Nas unidades de transplante de órgão sólido, recomenda-se: a) Limpeza diária das superfícies; b) Evitar a presença de superfícies porosas, preferindo superfícies de fácil limpeza; c) O uso de carpetes e tapetes, que acumulam poeira, não é recomendado em quartos e corredores; d) Aspiradores de poeira com filtro HEPA para minimizar a dispersão; e) Participação do serviço de controle de infecção no planejamento de construção, próximo às unidades de transplante, promovendo as barreiras necessárias e vigilância para infecções fúngicas; f) Quanto aos sistema de distribuição de água, vigilância para a presença de Legionella spp, disponibilizando de culturas periódicas da água da unidade, assim como, testes diagnósticos para este patógeno em todas as suspeitas de pneumonias em transplantados de órgão sólido (pesquisa do antígeno urinário). Quando o patógeno é encontrado no sistema de água, inicia-se a descontaminação do sistema de água. TRANSPLANTE DE CÉLULAS TRONCO HEMATOPOIÉTICAS As complicações infecciosas após o transplante de células tronco hematopoiéticas estão relacionadas a uma série de características peculiares nesta população, como: tipos de transplantes, regimes de preparo pré- Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 141/240 transplante, tempo de neutropenia, presença de mucosites, presença de acessos venosos centrais e outros dispositivos invasivos, status sorológico do doador e receptor, doença de base do receptor, regimes profiláticos, presença de doença do enxerto versus hospedeiro (GVHD), fatores ambientais. As medidas de prevenção descritas na tabela abaixo serão classificadas de acordo com categorias de recomendação proposto pelos órgãos: CDC (Centers for Disease Control and Prevention), Sociedade Americana de Infectologia (IDSA) e Sociedade Americana de Transplante de Medula Óssea (ASBMT). As categorias são: A – Fortemente recomendado, devido à presença de forte evidência sobre eficácia e benefício clínico substancial; B – Geralmente recomendado, devido à presença de evidência moderada sobre eficácia e benefício clínico limitado; C – Recomendação opcional, devido à presença de evidências insuficientes sobre a eficácia; D – Geralmente, não recomendado, devido à moderada evidência contra a eficácia ou resultado adverso; E – Nunca recomendado, devido à forte evidência contra a eficácia e resultados adversos; I – Evidência de pelo menos um estudo randomizado, bem conduzido e controlado; II – Evidência de pelo menos 1 estudo bem desenhado, sem randomização; III – Opinião de especialistas na área. Recomendação Categoria Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 142/240 Ventilação no quarto do paciente Ductos de admissão de ar sem acesso aos pássaros AII Nos quartos dos receptores de transplante alogênico, recomenda- AIII se a troca de ar superior a 12x por hora, associado ao filtro HEPA. No caso de transplantes autólogos, recomenda-se no caso de neutropenia prolongada No caso do uso de filtros HEPA portáteis, recomenda-se a BIII colocação do mesmo no centro do quarto Fluxo laminar não é necessário nos quartos, mas, se disponível, o CII uso é opcional Fluxo de ar no quarto deve ser direcionado e não turbulento BIII Janelas dos quartos devem ser lacradas ou seladas BIII Manutenção de pressão positiva nos quartos (>2,5Pa) comparado BIII com o corredor Energia de emergência para suprir o funcionamento da pressão BIII positiva, fluxo de ar e filtros HEPA em caso de falha de energia Construção Receptores de transplante de células tronco hematopoiéticas AIII devem evitar áreas de construção (prevenção de infecção para fungos filamentosos, principalmente, Aspergillus spp) Durante construção, intensificar o controle de poeira, promovendo AIII a colocação de barreiras impermeáveis. O Serviço de Controle de Infecção deve participar do comitê de BIII preparo e planejamento da obra A entrada de ar na unidade de transplante deve ser selada no BIII caso de construção ou demolição ao ar livre próxima ao hospital Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 143/240 Tetos falsos devem ser evitados BII Durante a construção, rígidas medidas para barreira devem ser BIII estabelecidas entre o paciente e a obra Aberturas e fechamentos de portas do quarto do paciente devem BIII ser minimizadas no momento da obra. Determinar específicos corredores, elevadores e escadas de BIII acesso para a obra, evitando o transito dos transplantados nestes locais Na área de construção deve haver pressão negativa em relação a BIII áreas com pacientes, evitando a saída de partículas Fluxo de ar dentro da construção deve ser eliminado para fora do BIII hospital ou filtrado com HEPA (capacidade de remover 99,7% das partículas maiores do que 0,3µm) Máscaras cirúrgicas não devem ser utilizadas para a proteção dos DIII pacientes, pois não protegem contra a inalação de esporos Áreas construídas recentemente devem ser limpas antes da AIII entrada do paciente No caso de transporte do paciente para fora da unidade, CIII recomenda-se o uso de máscara N95 para proteção (tentar evitar o transporte, antes de mais nada, durante construção) Limpeza Unidades de transplante devem ser limpas diariamente com BIII desinfetantes aprovados pelo FDA/EPA, no Brasil ANVISA. Pacientes não devem ser expostos a atividades que geram AIII aerossóis de esporos, como por exemplo, aspiradores de pó ou uso de vassouras Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 144/240 Vazamentos de água devem ser reparados dentro de 72 horas BIII para se evitar proliferação de microorganismos. Recomenda-se a vigilância com culturas periódicas dos sistema de água para Legionella spp. Entretanto, não se estabeleceu um consenso sobre o intervalo de tempo para a realização desta medida, bem como o número de sítios de coleta, sendo de responsabilidade de cada SCIH. Na presença deste patógeno no sistema de água, a descontaminação deve ser implementada para a prevenção de infecção (através do hiperaquecimento ou cloração) e, enquanto isso, os pacientes devem evitar o banho de chuveiro (risco de produção de aerossóis) e utilizar água estéril para beber, escovar dentes etc. Outros patógenos podem contaminar a água e ocasionar surtos como o Acinetobacter spp e Aspergillus spp Quando um caso confirmado laboratorialmente de infecção por AI Legionella spp, que permaneceu internado numa unidade de transplante entre 2 a 10 dias antes do início dos sintomas, ou quando 2 ou mais casos de infecção por Legionella spp, confirmados laboratorialmente, ocorreram em pacientes que visitaram algum centro ambulatorial de transplantes, o serviço de controle de infecção hospitalar deve realizar uma investigação epidemiológica e ambiental para determinar a fonte Medidores de umidade devem ser utilizados para guiar a retirada BIII de materiais com infiltração de água Pisos e pavimentos não porosos para facilitar a limpeza BIII Isolamento e precauções de barreira Receptores de transplante de células tronco hematopoiéticas BIII Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 145/240 devem ficar em quartos individuais Uso de precaução padrão se contato com fluidos corporais AIII Quando apropriado, utilizar as precauções de contato, aerossol e AIII para gotículas Antes da pega, os receptores devem utilizar luvas e máscaras CIII cirúrgicas quando saírem dos quartos (quando não há construção próxima) Receptores de transplante devem evitar áreas com muitas BIII pessoas para minimizar o contato Higiene das mãos Todos os indivíduos que entrarem na unidade de transplante AI devem seguir as recomendações sobre higiene das mãos Receptores devem seguir as práticas de higiene das mãos BIII Uso de álcool gel ou detergente com anti-sépticos são AIII recomendados para a higiene das mãos Luvas devem ser usadas como parte da precaução padrão AIII As luvas não substituem a higiene das mãos e, deve-se praticá-la AIII antes e após o uso das luvas Luvas devem ser trocadas entre pacientes e entre o manuseio de AIII área contaminada para área limpa no mesmo paciente Unhas artificiais não devem ser utilizadas pelas pessoas na AIII unidade Unhas naturais devem ter menos do que 0,25 cm de comprimento AIII Anéis, argolas, bandagem nas mãos devem ser evitadas na BII unidade, devido à possibilidade de criação de nichos com patógenos Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 146/240 Equipamento Equipamentos devem ser esterilizados ou desinfetados usando AIII compostos adequados e padronizados Curativos devem ser monitorados para a contaminação com BII fungos Ataduras e curativos fora do prazo de validade, parcialmente BIII abertos ou com presença de material contaminado na visualização direta devem ser descartados no lixo Somente troca com curativos estéreis BIII Abaixadores de língua não estéreis são contra-indicados para DII servirem de talas em acessos venosos Não permitir a presença de carpetes nas unidades de transplante DII Plantas e brinquedos Plantas não devem ser permitidas em quartos com transplantados BIII Áreas de lazer para crianças receptoras de transplante devem ser BIII desinfetadas pelo menos 1x/semana ou de acordo com a necessidade Somente brinquedos limpos e desinfetados podem estar BIII presentes nas áreas de lazer das crianças receptoras de transplante, com rotina de limpeza semanal, no mínimo, ou de acordo com a necessidade Brinquedos de pelúcia ou pano devem ser lavados em máquinas BIII de ciclagem com altas temperaturas, pelo menos 1x/semana ou de acordo com a necessidade Brinquedos de plástico devem ser lavados com água e sabão, BIII além da imersão em desinfetante e, em seguida, acondicioná-los Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 147/240 em máquinas de lavar com ciclagem em altas temperaturas Crianças que colocam brinquedos na boca não devem DIII compartilhar os brinquedos Brinquedos descartáveis devem ser oferecidos quando possível BIII Brinquedos não laváveis devem ser descartados BIII Brinquedos que retém água de banhos devem ser evitados nesta DII população Itens como argila devem ser evitados, assim como qualquer BIII material de solo Itens de fisioterapia e terapia ocupacional também devem ser BIII limpos e desinfetados, de acordo com diretrizes Profissionais da área de sáude Manutenção de adequada vacinação dos profissionais BIII Profissionais com doenças transmissíveis por aerossol, gotículas AI ou contato devem evitar o contato com os pacientes (por exemplo, diarréia, infecções de vias aéreas, herpes zoster, herpes simplex) Tempo de licença do profissional deve ser rigorosamente seguido BIII pela instituição Todo o profissional que entra em contato com pacientes AI infectados por Clostridium difficile ou no ambiente deste paciente devem utilizar luvas antes de entrar no quarto, ou antes, de manipular com o paciente ou secreções Visitantes Todos os visitantes devem passar por um “screening” sobre BII doenças infecciosas transmissíveis. Recomenda-se a vacinação contra influenza anual e, na falta da vacina contra varicela, Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 148/240 documentar infecção prévia por varicela. Evitar o contato no caso de vacinação recente (6 semanas) para pólio oral (Sabin) e no caso de rash cutâneo após vacinação contra varicela em até 6 semanas Visitantes com potenciais doenças transmissíveis (diarréia, AII conjuntivite e infecções de vias aéreas) devem evitar o contato com transplantados Todos os visitantes devem seguir as normas de higiene das mãos AIII e procedimentos de isolamento Restringir o número de visitantes que possam ser educados e BIII orientados na unidade Cuidado oral e com a pele Banhos diários para os receptores com sabão neutro BIII Durante o período de neutropenia, manter vigilância diária em BIII região do períneo, sítio do cateter venoso, etc Manter higiene perineal BIII No caso das mulheres, manter a limpeza do períneo na direção AIII anterior para posterior, evitando a contaminação da uretra Mulheres com menstruação não devem usar tampões DIII Termômetros retais, enemas, supositórios devem ser evitados DIII nesta população Manutenção da higiene oral AIII Tratamento dentário deve ser realizado entre 10 a 14 dias antes AIII do regime de condicionamento pré-transplante Mucosite em pacientes transplantados acarreta no uso de AIII enxágüe da cavidade oral entre 4 a 6x/d, com água estéril, Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 149/240 solução salina ou solução com bicarbonato de sódio Escova de dente com cerdas macias deve ser utilizada 2x/d para BIII a higiene dos dentes O uso de pasta de dente é opcional na higiene oral CIII O uso de fio dental é autorizado desde que sem trauma BIII Vigilância diária da cavidade oral BIII Na presença de mucosite contra-indica-se o uso de aparelhos DIII ortodônticos Remoção de aparelhos ortodônticos deve ser programada pelo BIII dentista Dentaduras devem ser retiradas no momento da mucosite, CIII dependendo do grau de capacidade de higiene oral do paciente Prevenção de infecção associada ao uso de cateteres vasculares Implementar as medidas de controle e prevenção de infecção AIII associada ao uso de cateteres vasculares presentes nas diretrizes, pois corresponde a principal infecção associada à assistência à saúde nesta população. Dentre aproximadamente 250.000 episódios de infecção da corrente sanguínea nos Estados Unidos, cerca de 30 a 40 % delas ocorrem em unidades de transplante de células tronco hematopoiéticas. Cerca de 65% destas infecções ocorrem no momento da neutropenia e 80% dentro dos primeiros 30 dias após o transplante. Evitar o contato da água encanada com o sítio de acesso BIII Cateteres venosos totalmente implantáveis podem ser utilizados CII em crianças menores de 4 anos Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 150/240 Cobrir o sítio de acesso venoso durante o banho, trocar as tampas BII do acesso de acordo com as recomendações do fabricante e utilizar metodologia asséptica na manipulação do acesso Educação dos pacientes e profissionais de saúde sobre os BII cuidados com o acesso venoso Outras medidas de controle e prevenção Uso racional de antimicrobianos, de acordo com as diretrizes e BIII resultados de culturas, evitando a seleção de cepas multiresistentes. O uso de profilaxia com fluoroquinolonas trouxe benefícios para o transplante, porém, modificou o predomínio de infecções da corrente sanguínea de bacilos gram-negativos para cocos gram positivos, como, por exemplo, o Staphylococcus coagulase negativo resistente a quinolonas. Além disso, o uso de vancomicina empírico no tratamento de neutropenia febril levou a um aumento de infecções por Enterococcus spp resistente a vancomicina (VRE). Outra infecção importante nesta população é a colite pseudomembranosa por Clostridium difficile, secundário ao uso de antibióticos. Quanto aos fungos, o uso profilático de azólicos, como o fluconazol, levou a um aumento de infecções por Candidas não albicans (Candida glabrata e Candida krusei) ou Candida albicans resistentes a fluconazol. A adesão às medidas de prevenção e controle é necessária para AI controlar a exposição ao VRE A adesão às medidas de prevenção e controle de MRSA AII (Staphylococcus aureus meticilino-resistente), principalmente, a higiene das mãos e uso de apropriada prevenção de barreira Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 151/240 Remoção de cateteres vasculares colonizados ou infectados por AIII MRSA Culturas para bactérias e fungos de vigilância em pacientes DII assintomáticos não é recomendado na unidade Na ausência de surtos, vigilância ambiental de rotina não é DIII recomendada nas unidades Coleta de amostras de ar, nos ductos e filtros, deve ser realizada CIII na situação de construção ou presença de surtos por fungos filamentosos. Recomenda-se menos do que 15 Unidades formadoras de colônias de esporos de fungos por mm3 e menos do que 0,1 Unidades formadoras de colônias de esporos de Aspergillus spp Recomenda-se a investigação do sistema de ventilação quando BIII existir um aumento na taxa de ataque de aspergilose invasiva superior a 2x durante um período de 6 meses Investigar pela história e antecedente epidemiológico para AIII tuberculose em todos os candidatos a transplante de células tronco hematopoiéticas Recomenda-se o PPD em transplantados CIII Pacientes com PPD reator (≥ 5mm) ou história de PPD reator no AI passado sem terapia devem ser investigados com Rx de tórax e pesquisa de escarro ou outro material de vias aéreas para investigar tuberculose em atividade O transplante não deve ser atrasado devido a um PPD reator REFERÊNCIAS DIII Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE • Página: 152/240 Marty FM, Rubin RH. The prevention of infection post-transplant: the role of prophylaxis, preemptive and empiric therapy. Transpl Int. 2006; 19: 2-11. • Rubin RH, Schaffner A, Speich R. Introduction to the Immunocompromised Host Society Consensus Conference on Epidemiology, Prevention, Diagnosis, and Management of Infections in Solid-Organ Transplant Patients. Clin Infect Dis. 2001; 33(suppl 1): S1-4. • Sullivan KM, Dykewicz CA, Longworth DL, et al. Preventing Opportunistic Infections After Hematopoietic Stem Cell Transplantation: The Centers for Disease Control and Prevention, Infectious Diseases Society of America, and American Society for Blood and Marrow Transplantation Practice Guideline and Beyond. Hematology Am Soc Hematol Educ Program. 2001; 392-421. • Styczynski J, Gil L. Prevention of infectious complications in pediatric HSCT. Bone Marrow Transplant. 2008; 42 (suppl 2): S77 – S81. • Rizzo JD, Wingard JR, Tichelli A, et al. 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Guidelines for preventing infectious complications among hematopoietic cell transplant recipients: a global perspective. Bone Marrow Transplant. 2009; 44(8): 453 – 558. Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 154/240 14. LIMPEZA, DESINFECÇÃO, ESTERILIZAÇÃO DE ARTIGOS MÉDICO HOSPITALARES As estruturas inanimadas como ar, água, comida e superfícies fixas podem contribuir para o aumento do risco de transmissão de microrganismos dentro de instituições de saúde. Artigos desinfetados ou esterilizados inadequadamente tem implicação importante na transmissão das infecções relacionadas à assistência à saúde e, portanto cuidados nos procedimentos de limpeza de todos estes materiais são a base para a prevenção e o controle dessas infecções. CONCEITOS IMPORTANTES Em 1868, Earle H.Spaulding criou uma classificação de artigos e equipamentos hospitalares que dividindo-os em três categorias segundo sua natureza, risco para o paciente e aplicação facilitando a decisão de qual o melhor método de processamento que necessita. • Artigo crítico: são aqueles que penetram através da pele e mucosas atingindo os tecidos sub-epiteliais, no sistema vascular, bem como todos os que estejam diretamente conectados com ele (ex: instrumentos de corte e de ponta, etc). • Artigo semi-crítico: são todos aqueles que entram em contato com pele não íntegra ou com mucosas íntegras (ex: acessórios de equipamentos de assistência ventilatória e anestesia gasosa, endoscópios de uso gastro, etc). • Artigo não crítico: são todos aqueles que entram em contato com a pele íntegra do paciente ou aqueles que não entram em contato com o mesmo (ex: termômetro, lençóis, etc). Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 155/240 Os produtos para uso hospitalar só poderão ser comercializados após certificado de registro no Ministério da Saúde onde constam as características básicas do produto, laudos de testes microbiológicos e toxicológicos realizados por laboratórios credenciados e o laudo do produto publicado no Diário Oficial da União. As empresas fornecedoras dos produtos devem estar disponíveis para orientações adicionais e a equipe do hospital deve ser bastante crítica quanto às informações e trabalhos fornecidos procurando literatura atualizada, pelos representantes, desvinculada de qualquer sempre indústria farmacêutica confirmando inclusive se o produto já vem sendo usado no Brasil e em outros hospitais. Deve-se sempre avaliar o custo-benefício do reprocessamento, pois o que se sabe é que diversas vezes os hospitais executam procedimentos com embasamento empírico e algumas vezes pagando um preço muito alto por esta má prática (risco de infecção, risco de quebra do material durante o procedimento devido ao desgaste). Para o reprocessamento de qualquer material ou equipamento deve-se seguir as recomendações do fabricante e deve-se optar, à medida do possível, por materiais que possam se adequadamente desmontados o que facilitaria a limpeza, desinfecção e esterilização. LIMPEZA a. Conceito: É o processo pelo qual se faz a remoção da sujidade, odor e conseqüente redução da população microbiana de artigos e superfícies, além de remover ou reduzir as substâncias pirogênicas. É o núcleo de todas as Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 156/240 ações para cuidados com materiais, considerado a principal fase dos procedimentos de reprocessamento b. Método: É importante frisar que todo o processo de desinfecção ou esterilização deve ser precedido pela limpeza e secagem rigorosas dos artigos, devendo todo artigo sujo com sangue ou secreções ser considerado contaminado. A limpeza deve começar imediatamente após o uso do material para evitar o ressecamento da matéria orgânica sobre os artigos. A imersão de artigos sujos em soluções germicidas possui limitações; “é desconhecido o nível de proteção oferecido por este processo, uma vez que todas estas soluções sofrem redução de atividade, em maior ou menor grau em presença de matéria orgânica. Além desta, outras desvantagens podem ser citadas, como: o alto custo envolvido, a impregnação da matéria orgânica nos artigos, a toxicidade dos produtos e o aporte de grandes volumes de desinfetantes na rede de esgoto, acarretando possíveis danos ambientais.” O uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI) nesta fase do processo é fundamental, para evitar o contato direto da pele e das mucosas com material contaminado. É recomendado o uso de protetor ocular ou facial, máscara, avental impermeável de mangas longas, luvas grossas de cano longo e botas sempre que houver risco de contato de pele ou mucosa com matéria orgânica advinda de qualquer paciente (Precauções Padrão). O local para execução do processo de limpeza deve ser planejado: conter pias com cuba funda para limpeza adequada de materiais, pias de lavagem das mãos, aeração e temperatura adequadas, torneiras adaptáveis, etc. O ideal é que o projeto da área seja feito por equipe multiprofissional (engenheiros, enfermeiros e equipe de controle de infecção). Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 157/240 Deve haver supervisão constante dos processos de limpeza utilizados na unidade. O procedimento deve estar descrito passo a passo, e é fundamental que o material adequado para a ação, esteja sempre disponível. Recomenda-se que a supervisão e auditoria sejam periódicas e feitas por profissional externo à unidade (controle de infecção, por exemplo). Pode-se usar como instrumento um “check list” abrangendo os principais pontos de risco a serem checados. Falhas na limpeza dos artigos impedem a esterilização, pois sujeira e gordura atuam como fatores de proteção para os microorganismos, agindo como barreira para o contato com agentes esterilizantes químicos, físicos ou físico-químicos. A limpeza de artigos deve ser feita preferencialmente por equipamentos que utilizem processos físicos, como lavadoras termodesinfetadoras, pois promovem a limpeza e descontaminação simultâneas, reduzindo a manipulação do material contaminado. Detergentes enzimáticos facilitam a ação mecânica, reduzindo potencialmente os riscos ocupacionais. Agem removendo a matéria orgânica são atóxicos e biodegradáveis. Na ausência de detergente enzimático, os instrumentais deverão sofrer exposição à água morna e corrente. Estes artigos deverão estar preferencialmente em cestos aramados para minimizar a manipulação do material contaminado e reduzir a produção excessiva de aerossóis. Além das lavadoras que utilizam jatos de água quente existem no mercado lavadoras ultra-sônicas nas quais a ação desincrostante do detergente enzimático é potencializado pelo ultra-som. Na impossibilidade de tais processos, efetuar lavagem manual por fricção, auxiliada por escova. Este método deve ser utilizado após a imersão Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 158/240 do artigo em desincrostantes, preferencialmente enzimáticos. O enxágüe deverá ser feito em água corrente. A água que abastece as Centrais de Esterilização deve ter qualidade diferenciada. Para este setor não basta obedecer aos padrões de potabilidade, pois muitas vezes a água em uso é potável, porém está impregnada com metais pesados e cloro, o que acelera a corrosão dos metais. c. Secagem: Outro passo importante é a secagem, pois a umidade interfere nos diferentes processos de esterilização. Para tal processo é recomendável o uso de: • Secadoras de ar quente ou frio; • Estufas reguladas para este fim; • Ar comprimido medicinal, principalmente para artigos que possuam lúmen; • Pano limpo, absorvente e seco. Após tal processo deverá ocorrer a inspeção rigorosa dos artigos, preferencialmente com auxílio de lupa, no sentido de detectar presença de oxidações, secreções e umidade. Nesta fase pode-se utilizar o álcool a 70% com fricção, que acelera a secagem do material. Objetivando aumentar a vida útil dos instrumentais, principalmente os que possuem articulações, cremalheiras ou ranhuras, estes devem ser lubrificados com produtos não-tóxicos, que possuam ação anticorrosiva. DESINFECÇÃO a. Conceito: Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 159/240 Processo de destruição de microrganismos na forma vegetativa, com exceção de esporos, mediante a aplicação de agentes físicos e químicos. A desinfecção é indicada para artigos semi-críticos, tais como: acessórios para assistência respiratória, endoscópios, espéculos, lâminas larisgoscópio, etc. A desinfecção é um processo complexo que requer cuidados especiais em sua execução. A velocidade com que um artigo sofre a desinfecção depende de fatores tais como: natureza e composição do material, concentração do desinfetante, tempo de exposição, temperatura, pH, composição química, número de microorganismos existente no material, etc. Este processo pode ser obtido mediante aplicação de agentes físicos e químicos. b. • Método: Físico: Esse processo chama-se Termodesinfecção (lavadoras termodesinfectadora, lavadoras de descarga e pasteurizadoras) - utilização do calor associado a ação mecânica em temperaturas de 60 a 95 graus com variação do tempo - 10 a 30 minutos. Pode ser empregado para a limpeza de artigos críticos antes de sofrerem o processo de esterilização (maior proteção aos funcionários) ou para desinfecção de alto nível de artigos de inaloterapia, acessórios de respiradores, copos nebulizadores, etc. Devese ter cuidado na montagem dos racks na lavadora, uma vez que devem ser submetidos à exposição de jatos de água direcionados. Deve-se obedecer à disposição dos artigos de acordo com o fabricante e não devem ser aglomerados. o Há no mercado nacional um indicador químico para lavadora termodesinfectadora que monitora a temperatura e o tempo de exposição da fase de desinfecção. É específico para equipamentos programados para operar ciclo de termodesinfecção a 93°C por 10 Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 160/240 min. Depois de desinfetado, o material deve ser embalado de forma a não haver recontaminação dos mesmos. • Químico: Imersão em soluções germicidas. Deve-se restringir a artigos termo-sensíveis. O controle de todo processo é fundamental para a qualidade final da desinfecção. O uso do EPI neste processo também é fundamental, pois o contato direto da pele e das mucosas com material contaminado e ou com produtos químicos pode trazer graves conseqüências à equipe. O processo de desinfecção química compreende diversas fases e todas elas são de igual importância: lavagem, enxágüe pós lavagem, secagem, imersão completa na solução, tempo de ação do germicida, enxágüe pós desinfecção, secagem, embalagem e armazenagem. o O tempo de validade dos artigos que sofrem o processo de desinfecção ainda não esta claro. Estas recomendações dependem diretamente da efetiva secagem do artigo, a qualidade de embalagem que é utilizada e o local de armazenagem. c. Classificação dos desinfetantes: Os desinfetantes são classificados segundo nível de ação em: alto, médio e baixo nível, conforme seu espectro de ação. • Desinfetante de alto nível: inclui a eliminação do bacilo da tuberculose, todas as bactérias vegetativas, fungos e todos os vírus. • Desinfetante de nível intermediário: não inclui a eliminação de esporos bacterianos e ação média sobre vírus não lipídicos, elimina o bacilo da tuberculose, a maioria dos fungos e algumas bactérias vegetativas. • Desinfetante de baixo nível: não há ação sobre os esporos ou sobre o bacilo da tuberculose, tendo algumas vezes ação sobre vírus não Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 161/240 lipídicos e com atividade relativa sobre fungos, mas capaz de eliminar a maioria das bactérias na forma vegetativa. d. Produtos germicidas mais utilizados para desinfecção: GERMICIDA e EMPREGO CONCENTRAÇÃO DE USO Glutaraldeído a 2% o Ambiente com exaustão ou ventilação tempo de imersão de semi-críticos sensíveis ao natural apropriadas (tóxico) 20 minutos o Desinfecção de artigos CUIDADOS ESPECIAIS calor (endoscópios) Ativado antes do uso (datar) Validade de 14 ou 28 dias (conforme o Para uso em caso de fabricante) clostridium sp 3 horas Observar a concentração da solução através de fitas identificadoras específicas (mínimo de 1%) Enxaguar abundantemente evitando resíduos Utilizar em recipientes plásticos ou de vidro sempre tampados Não é indicada p/ desinfecção de superfícies Álcool etílico 70% o Fricção por 30 segundos Desinfecção de artigos Contra-indicado o uso em acrílico não críticos e semi- Enrijece borrachas e plásticos críticos e de superfícies Danifica o cimento das lentes ambientais (ex: termômetro, estetoscópio, bancada de preparo de medicações, etc) Ácido peracético 0,2% o tempo de ação: 10 minutos em imersão Desinfecção de artigos semi-críticos ex: fibroscópio, endoscópio Baixa toxicidade Corrosivo para artigos que contenham: aço, bronze, lata e ferro galvanizado Antes adicionar anti-oxidante padronizado pelo fabricante Datar e controlar prazo de validade: 30 dias Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 162/240 após ativação Checar a concentração da solução semanalmente através de fitas identificadoras específicas Não indicado para uso em superfícies Peróxido de hidrogênio Hemodiálise associado ao ácido peracético Desinfecção de Diluição conforme recomendação do fabricante e adequada para cada situação capilares e linhas Desinfecção de máquinas de hemodiálise Hipoclorito de Sódio à 0,1% (1000ppm) tempo de atuação de o 30 minutos lactários e cozinhas o 60min 0,02% ( 200ppm) Desinfecção de artigos semi-críticos sensíveis ao calor, que não possuem peças metálicas em sua constituição (inaladores, circuitos respiratórios) Formaldeído a 4% tempo de desinfecção o em 30 min. Desinfecção de capilares de sistemas dialisadores São instáveis, reagindo à luz e a temperatura Devem ser diluídos criteriosamente a cada 6 horas Nesta concentração não apresentam alta toxicidade, porém ainda são corrosivos Após o procedimento, testar a presença de resíduos de formol no material Manipular cuidadosamente devido a toxicidade e apresentar efeitos mutagênicos e carcinogênicos Alta toxicidade Uso somente quando associado a um equipamento de esterilização registrado na ANVISA ESTERILIZAÇÃO a. Conceito: Processo de destruição de todas as formas de vida microbiana, inclusive esporos, mediante aplicação de agentes físicos e químicos. b. Método: • Vapor saturado sob pressão (autoclave), • Óxido de etileno, Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 163/240 • Calor seco (estufa) • Esterilização através do plasma de peróxido de hidrogênio, • Esterilização através de vapor de baixa temperatura de formaldeído. Todos esses processos devem ser acompanhados de controles rigorosos que vão desde a própria lavagem do material, embalagem a ser utilizada, tempo/temperatura/pressão e lotação dos equipamentos durante a esterilização, armazenamento, controles biológicos e outros. Cuidados gerais com o material devem ser tomados: as embalagens devem ser preparadas criteriosamente contendo o nome do material, tipo de esterilização, identificação do equipamento usado, número da carga, data de validade da esterilização e nome do responsável pelo empacotamento. Devese manter registro de todos os testes de controle de qualidade feitos no material e equipamento. A supervisão de todas as cargas por um responsável é uma prática obrigatória para que os materiais sejam liberados com maior segurança. c. Controle de qualidade: • Testes físicos: observação direta dos parâmetros do esterilizador durante o processo normal (sugere-se a validação de manômetros e registradores utilizando-se equipamento padrão) e/ou colocação de termopares para confirmação da temperatura no interior da câmara quando o equipamento passar por grandes reparos (não precisam ser feitos de rotina). • Testes químicos: indicadores químicos (específicos para temperatura) ou integradores químicos (avaliação de tempo, temperatura e vapor). Os integradores são colocados no interior das caixas e fornecem resposta imediata quanto a possibilidade de falha no processo. Existe um terceiro tipo de teste químico chamado de Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 164/240 Bowie and Dick que é usado para determinar a eficácia do sistema de vácuo na autoclave, o qual deve ser realizado diariamente antes do início do trabalho. Teste biológico: é o único meio de assegurar que o conjunto de • todas as condições de esterilização está adequado porque os microorganismos são diretamente testados quanto ao seu crescimento ou não após a aplicação do processo. Se o indicador processado apresentar crescimento, o equipamento deverá ser revisado tecnicamente e o teste repetido. O ideal é que o crescimento da cepa seja detectado em 3 horas. Teste de esterilidade: amostras de artigos esterilizados são • encaminhadas para o laboratório a fim de serem avaliados quanto a sua esterilidade. Este tipo de teste exige pessoal extremamente habilitado e recursos materiais compatíveis para que o resultado final seja confiável. Não é recomendado que se faça este procedimento de rotina devido a sua complexidade. Utilizar apenas em casos de investigação de surtos de infecção, com agente etiológico específico, tentando determinar uma fonte comum. d. Tabela de alguns métodos de esterilização mais utilizados Método Autoclave Vantagens Não tóxico para Desvantagens pacientes, funcionários e ambiente. Ciclos fáceis de pode ser usada para instrumentais termo-sensíveis. controlar e monitorar. Rápido efeito microbicida. Boa penetração em pacotes e dispositivos com lúmem. Não Instrumentais de microcirurgia sofrem danos ao longo do tempo. Pode úmidos mesmos. deixar facilitando os a instrumentais ferrugem dos Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Plasma peróxido de de hidrogênio Seguro para ambiente e profissionais de saúde Câmara de esterilização pequena. Ciclos de esterilização entre 45-73 não Incompatível com celulose, tecidos e líquidos. Não deixa resíduo tóxico. minutos, Página: 165/240 sendo necessária aeração. Contra-indicada, nos EUA, para materiais com lumens > 40 cm ou diâmetro < 3 mm. Aqui no Brasil existe Pode ser utilizada para artigos um adaptador, autorizado, que pode ser utilizado neste tipo de material. termo-sensíveis. Fácil operação e monitorização. Necessita embalagem sintética e container específico. Óxido de etileno Boa penetração em materiais embalados e materiais plásticos. Pode ser utilizada em artigos termo-sensíveis. Boa compatibilidade com materiais médico-cirúrgico. Requer aeração forçada e natural para remover o resíduo do ETO. Câmara de esterilização pequena. É tóxico e carcinogênico além de ser inflamável. Necessita de grande investimento para instalação e manutenção do equipamento. Ácido peracético Ciclos rápidos (30” a 1 hora) Material não deve ser estocado por Esteriliza em baixas temperaturas longos períodos. O equipamento deve (50-55°C) System 1® - equipamento estar instalado próximo ao local que vai compacto, em uso nos EUA há vários ser usado. anos e já disponível no Brasil, indicado especialmente para esterilização de óticas rígidas e flexíveis. Baixa toxicidade ambiental e para profissionais de saúde. Remove sujidade residual. Não é possível o uso de indicadores biológicos. Usado somente para imersão de instrumentos. Corrosivo para artigos que contenham: aço, bronze, lata e ferro galvanizado. Possível o reprocessamento de um “scópio” por vez. REFERÊNCIAS Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE • Página: 166/240 Graziano KU, et al. Limpeza, desinfecção, esterilização de artigos e anti-sepsia. In: Fernandes AT editor. Infecção hospitalar e suas interfaces na área da saúde. Editora Atheneu; 2001. Volume 1. Capítulo 11. P.266-305. • Graziano KU, et al. Recomendações práticas para processos de esterilização em estabelecimento de saúde – Guia elaborado por enfermeiros brasileiros. Komedi: 2000. • APECIH - Associação Paulista de Estudos e Controle de Infecção Hospitalar. Monografia: Limpeza, desinfecção de artigos em serviços de saúde. São Paulo, APECIH, 2010. • MS Orientações gerais para central de esterilização. Brasília, 2001. Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 167/240 15. LIMPEZA E DESINFECÇÃO DE SUPERFÍCIES As superfícies ambientais são freqüentemente contaminadas com microrganismos. Há muito tem se debatido qual é a relação entre o ambiente e a ocorrência de infecção hospitalar. Vários estudos têm demonstrado a capacidade de resistência de alguns microrganismos em superfícies ambientais e em matéria orgânica ressecada. O vírus da Imunodeficiência Humana - HIV pode sobreviver até três dias no ambiente enquanto o vírus da Hepatite B - HBV até uma semana, Enterococcus spp até uma semana, o Acinetobacter baumanniii até dois dias, o Vírus Sincicial Respiratório de 30 minutos até 8 horas e o Rotavírus de 12 a 35 dias. É importante que a instituição estabeleça rotina e procedimentos de limpeza de acordo com a localização da unidade, tipo de superfície a ser limpa, tipo de sujeira presente e atividades ou procedimentos realizados na área. A utilização de soluções detergentes ou desinfetantes devem se basear no histórico dos agentes prevalentes nas unidades de internação, especialmente, nas unidades de terapia intensiva. As áreas próximas ao paciente são as que merecem maior atenção na limpeza concorrente e terminal: cama, grades da cama, mesa de cabeceira, mesa de refeição, maçanetas, interruptores de luz, descarga, bomba de infusão, e outros equipamentos em uso pelo paciente. CLASSIFICAÇÕES DAS ÁREAS HOSPITALARES Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 168/240 Segundo o Manual de Limpeza e Desinfecção de Superfícies (ANVISA, 2010), as áreas hospitalares estão assim classificadas, conforme o risco potencial de transmissão de infecções: ▪ Áreas Críticas: são aquelas em que existe o risco aumentado de transmissão de infecções, por serem locais onde se realiza grande volume de procedimentos de risco, com ou sem pacientes ou onde se encontram pacientes com seu sistema imunológico deprimido. P.ex.: salas de cirurgia, Unidade de Terapia Intensiva (UTI), Berçário de Alto Risco, Pronto-Socorro, Unidade de Queimados e de Isolamento de Doenças Transmissíveis, Unidade de Transplantes, Central de Material e Esterilização, Salas de Hemodiálise e Hemodinâmica, Laboratório de Análises Clínicas e de Anatomia Patológica, Banco de Sangue, Serviço de Nutrição e Dietética, Lactário, Lavanderia, Farmácia etc. ▪ Áreas Semicríticas: são todas aquelas ocupadas por pacientes com doenças infecciosas de baixa transmissibilidade e doenças não-infecciosas, excluindo as incorporadas às áreas críticas. P.ex.: enfermarias, quartos de pacientes internados, ambulatórios, banheiros, posto de enfermagem, elevador, corredores etc. ▪ Áreas Não-Críticas: são todas aquelas não ocupadas por pacientes e onde não se realizam procedimentos de risco. P.ex.: áreas administrativas, vestiário, copa etc. PRINCIPAIS CONCEITOS a. Desinfecção: Processo de destruição de microrganismos em forma vegetativa em objetos inanimados. Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE ▪ Página: 169/240 Desinfecção de alto nível: elimina bactérias vegetativas, bacilo da tuberculose, fungos, vírus e alguns, mas, não necessariamente todos esporos bacterianos. ▪ Desinfecção de nível intermediário: elimina bactérias vegetativas, maioria dos fungos, bacilo da tuberculose, e maioria dos vírus, mas não esporos bacterianos. ▪ Desinfecção de nível baixo: elimina a maioria das bactérias vegetativas, alguns fungos, e alguns vírus. Não mata micobactérias e esporos bacterianos. b. Descontaminação Processo ou tratamento utilizado na superfície ambiental ou em artigo médico hospitalar, tornando-os seguro para manuseio. c. Limpeza É a remoção de sujeira, mau odor e conseqüente redução da população microbiana de artigos e superfícies através de substâncias tensoativas. d. Saneantes Segundo a RDC Anvisa nº. 184, de 22/10/ 2001, saneantes são substâncias ou preparações destinadas à limpeza, desinfecção, desinfestação, desodorização/odorização de ambientes domiciliar, coletivos e/ou públicos, para utilização por qualquer pessoa, para fins domésticos, para aplicação ou manipulação por pessoas ou entidades especializadas, para fins profissionais. PROPRIEDADES DE UM DESINFETANTE IDEAL ▪ Amplo espectro de ação – contra bactérias Gram positivas e negativas, vírus e fungos; ▪ Ação rápida: morte rápida dos microrganismos; Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE ▪ Página: 170/240 Não ser afetado por fatores ambientais: ter atividade na presença de matéria orgânica, ser compatível com sabões, detergentes e outras soluções químicas utilizadas no processo; ▪ Não tóxico: não ser irritante para o usuário; ▪ Compatibilidade: não corroer superfícies metálicas; e não causar deterioração de tecido, borracha, plásticos e outros materiais; ▪ Efeito residual na superfície tratada: deixar filme antimicrobiano na superfície tratada; ▪ Facilidade de uso; ▪ Odor: ser agradável ou ser inodoro; ▪ Econômico: não ter custo proibitivo; ▪ Solubilidade: ser solúvel em água; ▪ Estabilidade: ser estável na concentração e diluição de uso; ▪ Limpeza: ter boas propriedades de limpeza; ▪ Não poluente ambiental. Tabela 1. Saneantes mais utilizados Solução Álcool: etílico ou isopropílico Indicação Desinfecção de Vantagens Desvantagens Efetivo contra Não tem superfície de mobiliário e fungos, bactérias atividade residual. equipamentos. Proceder vegetativas, a fricção, com álcool micobactéria e orgânica, sendo 70%, por 30 segundos vírus (o necessário remover e até evaporação. isopropílico não é limpar previamente a Fixa a matéria ativo contra vírus superfície hidrofílicos – contaminada, antes echovírus, de aplicar o produto; Coxsackie vírus); Ação rápida e É volátil e Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE não deixa resíduo; Não mancha. Página: 171/240 inflamável; Evapora rapidamente, sendo difícil precisar o tempo de exposição , a menos que artigos sejam imersos; Pode ressecar e irritar a pele; pode opacificar acrílico e ressecar plásticos e borrachas. Compostos Desinfecção de Efetivo contra liberadores de cloro superfícies da unidade de ativo diálise, hemodiálise, banco micobactéria, - Cloro inorgânico: Hipocloritos de sódio, cálcio ou lítio líquida ou pó bactérias, fungos, metais; vírus, esporos pela luz solar, qualquer superfície (alta temperatura maior contaminada: 1% (10.000 concentração); que 25 graus e pH ppm) por 10 minutos. depósitos de água e Baixo custo e ácido; ação rápida; Baixa bebedouros: 0,02% cloro toxicidade e fácil - Cloro orgânico: ativo (200 ppm) por uma manuseio. Ácidos hora (não necessita dicloroisocianúrico enxágüe) (DCCA) e Instável: afetado de sangue, laboratórios e Lactários, cozinhas, Apresentações: Corrosivo para Descontaminação de tricloroisocianúrico superfícies: 1% cloro (TCCA) ativo (10.000 ppm) por 10 Apresentação: pó minutos. * fórmula para auxiliar na diluição. É inativado em presença de matéria orgânica; Odor forte e irritante para mucosas; Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Cloro Orgânico: Limpeza/desinfecção Maior pureza dicloroisocianurato superfícies hospitalares; de sódio (DCCNA) absorção/descontaminação metais pesados e (ausência de Página: 172/240 Odor forte e aerossolização do pó. de matéria orgânica por 10 de contaminantes), minutos. menor toxicidade, menor corrosividade, maior estabilidade, menor inativação por matéria orgânica e compatibilidade com tensoativos. Quaternário de Amônio Desinfecção de Bactericida Espectro de ação superfícies, incluindo (+/-), fungicida, reduzido neonatologia (sem a viruscida (+/-). (desinfetante de presença de neonatos) e Não é baixo nível) e pode unidades de manuseio de tuberculicida nem ser inativado por alimentos. esporicida; matéria orgânica. Baixa toxicidade e bom poder de limpeza. Ácido Peracético Desinfetante de Ação rápida, Instável, superfícies fixas na inclusive frente principalmente concentração de 0,5%. O sobre esporos quando diluído; tempo de contato será o bacterianos em indicado no rótulo do produto. Obs; pode ou não ser Causa irritação nos olhos e trato concentrações de respiratório; 0,001 a 0,2% Corrosivo para metais É efetivo na Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE associado a peróxido de presença de hidrogênio matéria orgânica Página: 173/240 Baixa toxicidade Monopersulfato de Potássio Desinfetante de superfícies na concentração de 1% Amplo espectro de ação Ativo na presença de Reduz a contagem de micobactérias somente após 50 min. de exposição, na concentração de 3% matéria orgânica Não corrosivo para metais 7 Fonte: Brasil , Rutala 2 * A seguir fórmula para auxiliar na diluição do hipoclorito de sódio Para transformar Unidade: % em ppm = multiplicar por 10.000 ppm em % = dividir por 10.000 Diluir solução: VR = volume retirado da solução inicial VR= CF. VF CF = concentração final (desejada) Ci VF = volume final (desejado) TRATAMENTO DE SUPERFÍCIES COM MATÉRIA ORGÂNICA Segundo o Centro de Controle de Doenças, EUA (CDC, 2003), o método a ser utilizado para tratamento de superfícies contendo matéria orgânica (sangue, secreção, excreção e outros fluídos corporais), dependerá do volume e local do derramamento: Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 174/240 Técnica de desinfecção para superfícies com PEQUENAS quantidades de matéria orgânica 1. Aplicar desinfetante com base de cloro orgânico no local onde há matéria orgânica, cobrindo com material absorvente : Ex. papel toalha. 2. Esperar a ação do produto por dez minutos e recolher a matéria orgânica utilizando material absorvente. 3. Realizar a limpeza da superfície, da qual a matéria orgânica foi removida com água e detergente: mobiliário, piso, parede etc. 4. Enxaguar e secar. 5. Aplicar o desinfetante na superfície onde a matéria orgânica foi removida e posteriormente limpa. 6. Deixar o desinfetante na superfície durante o tempo necessário para a ação do produto. Obs: seguir recomendação do fabricante. 7. Remover o desinfetante e se necessário, enxaguar e secar. Obs: no caso de superfícies com GRANDES quantidades de matéria orgânica remover a matéria orgânica com material absorvente, rodo ou pá (dependendo da natureza e quantidade da matéria orgânica) e desprezar a matéria orgânica sólida ou o material absorvente contendo matéria orgânica em saco plástico de acordo com o PGRSS. A seguir, realizar a limpeza e desinfecção conforme descrito acima. TIPOS DE LIMPEZA A limpeza do ambiente além de proporcionar conforto, bem estar físico e psicológico ao paciente e a equipe de saúde, é também uma ferramenta eficaz e importante para o controle de infecção hospitalar. Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 175/240 A - Limpeza concorrente É realizada diariamente em todas as áreas do hospital. Tem como objetivo a remoção do pó, sujidades, resíduos e reposição de material de higiene. É mais superficial quando comparada à limpeza terminal. Nos quartos e enfermarias a limpeza concorrente contempla: Unidade do paciente: criado mudo, mesa de refeições, cadeira ou poltrona do paciente, escada, controle remoto, parte externa do recipiente para resíduos, telefone, maçanetas, interruptores etc.; Piso; Banheiro. A limpeza do piso é realizada através de mops: Seco: para remover pequenas partículas, poeira etc. Úmido: para realizar a limpeza com solução detergente B - Limpeza terminal É realizada em todas as superfícies horizontais e verticais das diferentes dependências do hospital. Nos quartos e enfermarias a limpeza terminal ocorre após alta, transferência, óbito ou periodicamente seguindo protocolo da instituição. Contempla: Unidade do paciente: cama, colchão, criado mudo, mesa de refeições, cadeira ou poltrona do paciente, escada, suporte de soro, painel de gases, controle remoto, recipiente para resíduos (interna e externamente), telefone, campainha, suportes, interruptores etc.; Piso, parede, portas, janelas e teto Banheiro Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 176/240 C - Limpeza de manutenção Objetiva a vistoria contínua dos padrões de limpeza concorrente ou terminal. A revisão da limpeza realizada no turno da manhã, deve ser feita nos turnos subsequentes: tarde e noite. Os principais pontos da vistoria são: Mobiliário: verificar se houve derramamento de líquidos, necessidade de remoção de sujidades como migalhas, cascas de frutas etc. Piso: verificar necessidade de mopeamento (presença de cabelo, papéis, migalhas, água etc.) Banheiro: verificar necessidade de secagem, reposição de materiais de higiene etc. Recipiente de resíduos do quarto e banheiro: verificar necessidade de troca e reposição do saco plástico. BOAS PRÁTICAS E MEDIDAS DE SEGURANÇA NOS PROCESSOS DE LIMPEZA Estes princípios asseguram o cumprimento das técnicas de barreira, controle de infecções hospitalares e minimizam risco ocupacional e ao ambiente. Nunca realizar limpeza de superfícies a seco para não dispersar poeira; Identificar e/ou sinalizar a área durante o processo de limpeza; Utilizar carro funcional para transporte dos materiais e equipamentos de limpeza (NR 32); Para o processo de limpeza do piso, paredes e teto: o Passo 1- utilizar mop seco (ou mop pó) para remoção de pó e pequenas partículas. Obs: a estática dos mops impedem a dispersão das partículas. Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 177/240 o Passo 2 – utilizar mop água umedecido com solução detergente para limpeza Para o processo de limpeza de mobiliário (criado mudo, mesa de refeições, poltronas etc.): o Utilizar pano de limpeza manual umedecido em solução detergente. o A utilização de desinfetantes ou soluções detergente-desinfetantes é restrita às superfícies contendo matéria orgânica ou de quarto/enfermarias com indicações específicas de precauções de isolamento. Não utilizar panos de chão para a limpeza, já que os mesmos, representam riscos ocupacionais aos trabalhadores do serviço de limpeza, pois ao serem manipulados, podem ocasionar ferimentos com materiais perfurocortantes; As cabeleiras dos mops devem ser enviadas à lavanderia diariamente. Os mops não devem ser lavados manualmente devido ao risco de acidentes com pérfuro-cortante; Separar panos de limpeza manual e fibras para diferentes superfícies e áreas; Utilizar equipamento de proteção individual (EPI) para a realização da limpeza de acordo com as recomendações do serviço de controle de infecção hospitalar e segurança do trabalho; Utilizar preferencialmente dois baldes de cores diferentes; trocando as soluções e os panos/mops freqüentemente. Se utilizar um balde, a solução deve ser trocada com freqüência maior; Desprezar a água suja de baldes em local exclusivo para este fim. Não desprezar em pias destinadas à lavagem das mãos, vasos sanitários etc. Não misturar as soluções de limpeza, utilizando-as sempre como indicado e padronizado; Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 178/240 Todos os produtos devem estar tampados e devidamente identificados com data de validade, número do lote e data do reenvase e diluição (quando houver) seja no carro funcional ou no DML; Não improvisar ou reutilizar embalagens de produtos de limpeza ou desinfecção; Sistematizar os processos de limpeza: o Iniciar a limpeza da área mais limpa para a suja. o Sentido unidirecional da limpeza e de cima para baixo e do fundo para a porta de entrada. Utilizar luvas de cores diferentes para quarto/enfermarias e banheiros; Em caso de precauções de contato, utilizar preferencialmente luvas e panos de limpeza manuais descartáveis para limpeza do mobiliário e demais superfícies próximas ao paciente; Higienizar as mãos antes e após o uso das luvas de EPI e após o término das atividades que dispensam o uso deste EPI; A higienização das mãos deve ser realizada apenas em pia destinada exclusivamente para este fim; Não usar esmaltes ou unhas artificiais; Não utilizar anéis, pulseiras, brincos, aliança, relógios, piercings (em área do corpo expostas) durante o desempenho das atividades de trabalho; REFERÊNCIAS Rutala WA, Weber DJ. Selection and use of disinfectants in healthcare. In: Mayhall CG, editor. Hospital epidemiology and infection control. - Baltimore: Williams & Wilkins; 2004. P. 1475-1522. Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 179/240 Weber DJ, Rutala WA. The environment as a source of nosocomial infections. In: Wenzel RP, editor. Prevention and control of nosocomial infections. Baltimore: Williams & Wilkins; 2003. P. 575-97. APECIH - Associação Paulista de Estudos e Controle de Infecção Hospitalar. Monografia: Limpeza, desinfecção de artigos e áreas hospitalares e anti-sepsia. São Paulo. APECIH, 1999. BASSO M, ABREU ES. Limpeza, desinfecção de artigos e áreas hospitalares e anti-sepsia. 2 ed. São Paulo: APECIH, 2004 BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Segurança do Paciente em Serviços de Saúde: Limpeza e Desinfecção de Superfícies: prevenção e controle de riscos. Brasília: Anvisa, 2010. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº 14, de 28 de fevereiro de 2007. BRASIL. Ministério do Trabalho. Norma Regulamentadora nº. 32, de 11 de novembro de 2005. TORRES S, LISBOA TC. Gestão dos Serviços de Limpeza, Higiene e Lavanderia em Estabelecimentos de Saúde. São Paulo: Sarvier, 2008 Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 180/240 16. ACIDENTES ENVOLVENDO MATERIAL BIOLÓGICO Os profissionais da área da saúde (PAS) estão constantemente expostos aos mais diversos grupos de riscos ocupacionais, como riscos biológicos, químicos, físicos e ergonômicos. Com o objetivo de minimizar os riscos ocupacionais, todas as instituições de saúde devem estruturar um Programa de Biossegurança e garantir a sua implantação em todas as áreas de atuação dos PAS. Este programa deverá conter estratégias efetivas de prevenção de acidentes e redução dos riscos ocupacionais nos casos de exposições ocorridas. Na Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina (UNIFESP – EPM) / Hospital São Paulo (HSP), o Programa de Atendimento de Acidentes com Material Biológico é de competência da CCIH que presta atendimento em tempo integral (24 horas por dia, todos os dias da semana, incluindo finais de semana e feriados) aos funcionários, alunos, estagiários acidentados do complexo UNIFESP – EPM / HSP. CONCEITOS IMPORTANTES a. Acidentes ocupacionais com material biológico Os acidentes envolvendo sangue ou outros fluidos orgânicos potencialmente contaminados correspondem às exposições mais comumente relatadas. Os ferimentos com material pérfuro-cortante em geral são considerados extremamente perigosos por serem potencialmente capazes de transmitir mais de 50 tipos de patógenos diferentes. Sendo que, os agentes infecciosos mais frequentemente relatados são o vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) e os vírus das hepatites B (HBV) e C (HCV). Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 181/240 O risco de adquirir infecção pós-exposição ocupacional é variável e depende de diversos fatores como o tipo de acidente, tamanho e gravidade da lesão, presença e volume de sangue envolvido, condições clínicas do pacientefonte e seguimento adequado pós-exposição. b. Tipos de exposição envolvendo material biológico consideradas de risco ▪ Exposições percutâneas: lesões provocadas por instrumentos perfurantes ou cortantes (ex.: agulhas, lâminas de bisturi, vidrarias, etc.). ▪ Exposições de mucosas: ocorrência de respingos na face envolvendo olho, nariz ou boca; ou exposição de mucosa genital. ▪ Exposição de pele não íntegra: contato com locais onde a pele apresenta dermatites ou feridas abertas. ▪ Arranhaduras e/ou mordeduras: são consideradas de risco quando envolvem a presença de sangue. Tabela 1. Risco ocupacional de transmissão de infecção pós-exposição Risco Ocupacional Estado sorológico hepatite B do paciente-fonte Acidente pérfuro-cortante HBsAg + e hepatite clínica: 22 a 31% HBeAg + soroconversão: 37 a 62% HBsAg + e hepatite clínica: 1 a 6% HBeAg - soroconversão: 23 a 37% HIV + 0,3% HCV + Média 1,8% (variando 0 a 7%) Exposição de Exposição de pele mucosas não íntegra Desconhecido Desconhecido 0,09% Desconhecido Desconhecido Desconhecido Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 182/240 Fluidos biológicos e risco de transmissão de HIV Alto risco: Risco Intermediário: Sem risco: sangue, fluidos contendo sangue, sêmen e secreções vaginais; materiais de culturas ou concentrados de vírus em laboratórios. líquidos de cavidades serosas (peritoneal, pleural, pericárdico), líquido amniótico, líquido célaforaquidiano (LCR), líquido articular. desde que não envolvam sangue, não apresentam risco: suor, lágrimas, fezes, urina, vômito, secreções nasais, saliva (exceto em odontologia). Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 183/240 MEDIDAS DE CONTROLE Evitar a exposição ocupacional é o principal caminho para prevenir a transmissão dos vírus das hepatites B e C e o HIV. Entretanto, a imunização contra hepatite B e o atendimento adequado pós-exposição são componentes integrais para um completo programa de prevenção de infecção após acidente ocupacional e são importantes elementos para segurança do trabalho. a. Medidas individuais: recomendações aos PAS ▪ Realizar o esquema completo da vacinação contra a hepatite B; ▪ Adotar precauções padrão: sempre utilizar luvas, óculos, máscara e avental quando manipular sangue e secreções (independente do diagnóstico do paciente); ▪ Manter atenção durante a realização dos procedimentos; ▪ Manipular com cuidado as agulhas e instrumentos cortantes; ▪ Não utilizar os dedos como anteparo durante a realização de procedimentos que utilizem materiais pérfuro-cortantes; ▪ Não reencapar as agulhas e não entortá-las, quebrá-las ou retirálas das seringas com as mãos; ▪ Desprezar conjunto seringa/agulha sem desmontá-lo; ▪ Seguir as recomendações para montagem e preenchimento das caixas de pérfuro-cortantes; ▪ Desprezar todo material pérfuro-cortante, mesmo que estéril, em recipientes adequados. b. Condutas gerais após o acidente Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 184/240 Todo acidente deve ser considerado uma emergência médica! ▪ Comunicar o acidente à chefia imediata e notificar a CCIH. ▪ Coleta e realização das sorologias para HIV, hepatite B e hepatite C do profissional acidentado e do paciente-fonte. Comunicar o paciente-fonte e solicitar seu consentimento para realização dos exames. ▪ Outras sorologias podem ser solicitadas de acordo com a situação epidemiológica, tais como: sorologia para Doença de Chagas, HTLV, sífilis. ▪ Nas situações onde não é possível identificar o paciente-fonte envolvido no acidente (fonte desconhecida), os riscos devem ser avaliados individualmente (realizar contato com equipe do CCIH). Na maioria desses casos, não há vantagens na realização da profilaxia empírica. ▪ Realização do acompanhamento, pela CCIH, conforme o tipo de exposição. c. Tratamento imediato do local da exposição ▪ Exposições percutâneas: o local exposto deve ser lavado exaustivamente com água e sabão. Não apertar, espremer ou pressionar o local, pois isto pode aumentar a superfície de contato. Anti-sépticos podem ser utilizados, embora não exista evidência de que sua aplicação seja eficaz. Nunca utilizar agentes irritantes (como hipoclorito, éter, benzina) sobre o local. ▪ Exposição de mucosa: a área exposta deve ser lavada apenas com água ou soro fisiológico 0,9%. Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 185/240 Tabela 2. Profilaxia pós-exposição ao HBV Situações vacinal sorológica e profissional exposto: Não Vacinado Com Paciente-fonte: do vacinação incompleta HBsAg positivo IGHAHB + iniciar vacinação IGHAHB + completar vacinação HBsAg negativo Iniciar vacinação Completar vacinação HBsAg desconhecido ou não testado Iniciar vacinação 1 Completar vacinação 1 Previamente vacinado Com resposta vacinal conhecida e adequada (≥ 10mUI/ml) Sem resposta vacinal após a a 1 série (3 doses) Sem resposta vacinal após a 2 série (6 doses) Resposta vacinal desconhecida ▪ (*) Nenhuma medida Nenhuma medida Nenhuma medida específica específica específica IGHAHB + 1 dose da vacina contra hepatite B Iniciar nova série de vacina (3 doses) ou IGHAHB (2x) 2 IGHAHB (2x) 2 Nenhuma medida específica Iniciar nova série de vacina (3 doses) 2 IGHAHB (2x) 2 Testar o profissional de Testar o profissional de Testar o profissional de saúde: saúde: saúde: Se resposta vacinal Se resposta vacinal Se resposta vacinal adequada: nenhuma adequada: nenhuma adequada: nenhuma medida específica medida específica medida específica Se resposta vacinal Se resposta vacinal Se resposta vacinal inadequada: IGHAHB + inadequada: IGHAHB + inadequada: IGHAHB + 1 dose da vacina contra 1 dose da vacina contra 1 dose da vacina contra hepatite hepatite hepatite Profissionais que já tiveram hepatite B estão imunes à reinfecção e não necessitam de profilaxia pós-exposição. Tanto a vacina quanto a imunoglobulina devem ser aplicadas dentro do período de 7 dias após o acidente, mas, idealmente, nas primeiras 48 horas após o acidente. ▪ Uso associado de imunoglobulina hiperimune está indicado se o paciente-fonte tiver alto risco para infecção pelo HBV como: usuários de drogas injetáveis, pacientes em programas de diálise, contactantes domiciliares e sexuais de portadores de HBsAg positivo, homens que fazem sexo com homens, heterossexuais com vários parceiros e relações Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 186/240 sexuais desprotegidas, história prévia de doenças sexualmente transmissíveis, pacientes provenientes de áreas geográficas de alta endemicidade para hepatite B, pacientes provenientes de prisões e de instituições de atendimento a pacientes com deficiência mental. IGHAHB (2x) = 2 doses de imunoglobulina hiperimune para hepatite B com intervalo de 1 mês entre as doses. ▪ Esta opção deve ser indicada para aqueles que já fizeram 2 séries de 3 doses da vacina mas não apresentaram resposta vacina ou apresentem alergia grave à vacina. Fonte: Recomendações para atendimento e acompanhamento de exposição ocupacional a material biológico HIV e Hepatites B e C. Ministério da Saúde – 2004. MEDIDAS PÓS-EXPOSIÇÃO AO HCV Não existe nenhuma medida rotineira específica eficaz para redução do risco de transmissão do vírus da hepatite C após exposição ocupacional. Nos casos de alterações de transaminases ou resultado indeterminado da sorologia anti-HCV do profissional em acompanhamento, recomendamos que seja realizado o teste confirmatório por PCR. Se o resultado do teste PCR for positivo, encaminhar indivíduo acidentado para Centro de Referência ou ambulatório específico para avaliação, acompanhamento e possível tratamento da hepatite C aguda. Se resultado do PCR for negativo, um novo Anti-HCV deverá ser feito em 180 dias. Tabela 3. Acompanhamento sugerido para todo profissional acidentado Tipo de acidente segundo sorologia do paciente-fonte Paciente-fonte desconhecido ou sorologias não testáveis Paciente-fonte com Momento do acidente 14 dias Entre a 4ª e a 6ª semana Sorologias HIV, HBV e HCV ALT/TGP ALT/ TGP Sorologias sorologias negativas HIV, HBV e HCV Paciente-fonte HIV + Sorologias 03 meses 06 meses Sorologias Sorologias HIV, HBV e HIV, HBV HCV e HCV ALT/TGP ALT/TGP 12 meses Alta do acompanhamento. Exames Sorologia Sorologia Sorologia Sorologia Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE HIV Página: 187/240 HIV, HBV e HCV e laboratoriais HIV e HIV HIV exames laboratoriais quando exames (nos casos quando indicado indicado laboratoriais suspeitos de profilaxia anti- profilaxia quando infecção retroviral anti- indicado aguda e se retroviral profilaxia paciente- anti-retroviral fonte com coinfecção HIV e HCV) Paciente-fonte HBV + e acidentado não imune Sorologias Sorologia Sorologia HIV, HBV e HCV HBV HBV Sorologia Paciente-fonte HCV + Sorologia Sorologias HIV, HBV e HCV ALT/TGP ALT/TGP HCV ALT/TGP PCR HCV Sorologia HCV ALT/TGP HCV (se pacientefonte com coinfecção HIV e HCV) Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 188/240 Fluxograma CCIH/HSP-UNFESP/EPM HSP Funcionário, residente ou aluno acidentou-se Comunicar chefia/docente Cuidados locais Notificar CCIH (atendimento 24h) Fonte conhecida Fonte desconhecida (colher sangue - 2 tubos secos c/ nome e RH do paciente-fonte) Avaliação individualizada CCIH Rua: Napoleão de Barros, n.º 690 – 2º andar. Solicitar orientação à CCIH antes da coleta Atendimento na CCIH: avaliação do acidente;notificação e demais condutas Quando necessário, realizar acompanhamento Notificar (Comunicado Acidente de Trabalho) ao SESMT e ao Dep. Pessoal Telefones: 5576 – 4463 ou 5571 – 8935. (Segunda a Sexta Feira 8:00 as 17:00) Celular: 7140-5698 (Das 17:00 as 8:00 e Finais de Semana e Feriados qualquer horário) Recomendações Fundamentais para os Meses Após o Acidente 1. Usar corretamente a medicação, quando indicada, e na presença de qualquer efeito colateral, entrar em contato com a CCIH*; 2. Seguir corretamente o esquema vacinal e uso da imunoglobulina quando indicado **; 3. Realizar o acompanhamento conforme orientação do serviço responsável pelo atendimento. 4. Usar preservativos durante as relações sexuais, não engravidar, não amamentar* e não doar sangue ou sêmem no período de acompanhamento. * recomendação referente à exposição ao HIV ** recomendação referente à exposição ao vírus da hepatite B Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 189/240 REFERÊNCIAS ▪ Brasil. Recomendações para atendimento e acompanhamento de exposição ocupacional a material biológico: HIV e Hepatites B e C. Ministério da Saúde, 2004. ▪ CDC. Update US Public health service guidelines for management of occupational exposures to HBV, HCV and HIV and recommendations for postexposure prophylaxis. MMWR 2001;50 (RR-11,1). ▪ CDC. Updated US Public health service guidelines for the management of occupational exposures to HIV and recommendations for postexposure prophylaxis. MMWR. 2005;54 (RR-09). ▪ Health Canada. Prevention and control of occupational infections in health care. An infection control guideline. CCDR 2002;28 SI:201-221. ▪ APECIH - Associação Paulista de Estudos e Controle de Infecção Hospitalar. Monografia: Orientações para controle de infecções em pessoal da área da saúde São Paulo, APECIH, 1998. Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 190/240 17. IMUNIZAÇÃO DO PROFISSIONAL DA ÁREA DA SAÚDE Os profissionais da área da saúde (PAS) estão expostos a um risco maior de adquirir determinadas infecções do que a em população geral, sendo que algumas são imunologicamente preveníveis. A imunização é uma medida de prevenção recomendada com excelentes repercussões. Os benefícios incluem: a proteção individual, a interrupção da disseminação de doenças infecciosas e de alguns surtos intrahospitalares e a proteção indireta de pessoas não vacinadas da comunidade. Além disso, quando parte de um programa de saúde para profissionais, reduz perdas com dias de afastamento das atividades e várias outras despesas relacionadas ao diagnóstico, tratamento e controle da infecção. PRINCIPAIS CONCEITOS A imunização pode ser ativa, através de vacinas, que oferecem uma proteção duradoura ou passiva, pelo uso de imunoglobulinas, que oferecem curto período de proteção. A Norma Reguladora nº 32 do Ministério do Trabalho e Emprego tem como finalidade estabelecer diretrizes básicas para implementação de medidas de proteção à segurança e saúde do trabalhador em serviços de saúde. O PAS recém-contratado deve ter em sua ficha médica admissional com dados precisos quanto ao seu estado imunológico. Na ausência destes dados, ou constatada uma inadequada proteção, deve contar, imediatamente, com um plano de imunização a ser executado. Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 191/240 O momento ideal para recomendar a imunização ativa é antes de início do contato com os pacientes. As vacinas recomendadas aos profissionais da área da saúde são: ▪ Hepatite B ▪ Difteria e Tétano ▪ Rubéola, Sarampo, Caxumba ▪ Gripe (Influenza) ▪ BCG ▪ Varicela A Norma Reguladora nº 32 também estabelece que sempre que houver vacinas eficazes contra outros agentes biológicos a que os trabalhadores estão ou poderão estar expostos, o estabelecimento de Saúde deve oferecer gratuitamente programas de imunizações ativas contra esses agentes. Vide resumo de informações sobre vacinas que podem ser administradas em profissionais de saúde na Tabela 1. A imunização passiva pode estar indicada aos profissionais susceptíveis diante de algumas exposições de risco. Tabela 1. Vacinas que podem ser administradas em profissionais de saúde Doença Hepatite B Tuberculose Vacina Recombinante Bacilo vivo atenuado Dose* Efeitos colaterais 3 doses** Eritema e de 1,0ml induração local IM/SC*** Raros: prurido, 0-30-180 urticária e dias broncoespasmo Dose única Abscessos locais, 0,1 ml ID úlceras e Aplicar no linfonodos Contra-indicações Relativa: primeiro trimestre da gravidez Imunodepressão de qualquer natureza Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE braço D Página: 192/240 fistulizados. Raros: osteíte, sepse Exantema, linfadenopatia, Rubéola Vírus vivo Dose única febre, mal estar, Imunodeprimidos, gestante atenuado 1,0 ml SC artralgia, artrite. quando na tríplice viral Raros: radiculite e trombocitopenia Exantema, quadro catarral, sintomas Sarampo Vírus vivo Dose única atenuado 1,0 ml SC locais. Raros: panencefalite subaguda, Imunodeprimidos, gestantes no primeiro trimestre, alergia do tipo anafilático à ovo e neomicina trombocitopenia Imunodeprimidos exceto Caxumba Vírus vivo Dose única atenuado SC Locais, parotidite, meningite asséptica crianças HIV positivas e assintomáticas, gestantes no primeiro trimestre, alergia do tipo anafilático à ovo e neomicina Gripe (influenza) Dose única Dor local, Componentes 0,5 ml endurecimento, virais SC/IM - febre, cefaléia, anual dores musculares Alergia do tipo anafilático à ovo, gestantes no primeiro trimestre Se reforço: Dose única Tétano e difteria Toxóides IM Se ausente: 3 doses IM 0-60- 120 Raros: febre, dor Alergia do tipo anafilático aos local, astenia, componentes e adjuvantes da reação alérgica vacina Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 193/240 dias Associado a imunoglobulinas como outras vacinas de vírus Varicela Vírus vivo 2 doses SC atenuado 0-60 dias Exantema, febre vivos. Durante a fase de intensa imunossupressão. Alergia aos componentes da vacina * A dose pode variar conforme o fabricante ** A vacinação contra a hepatite B em imunocomprometidos e renais crônicos deve ser feita com quatro doses (no esquema 0, 1, 2 e 6-12 meses), aplicando-se o dobro da dose habitualmente recomendada a adultos imunocompetentes *** risco de sangramento REFERÊNCIAS ▪ Brasil. Ministério da Saúde. Material Didático do Curso de Infecção relacionada à Assistência à Saúde ANVISA /IDIPA/ UNIFESP. Manual n. 5. 2004. ▪ Brasil. Ministério da Saúde. Programa Nacional de Imunizações /CENEPI/ FUNASA. Manual de Normas de Vacinação. Brasília, 2001. ▪ Calendário de Vacinação Ocupacional – Sociedade Brasileira de Imunização SBIm 2005/2006 em www.sbim.org.br. ▪ Portaria N.° 485, de 11 de Novembro de 2005 – Norma Regulamentadora n.º 32 Segurança e Saúde no Trabalho em Estabelecimentos de Saúde em www.mte.gov.br. Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 194/240 18. CONTROLE AMBIENTAL EM SERVIÇOS DE SAÚDE A avaliação do risco biológico é o eixo direcionador de várias ações na tentativa de evitar a disseminação de microrganismos no ambiente hospitalar ou fora dele. A discussão sobre riscos ambientais e seu controle em estabelecimentos de saúde é ampla e ainda incipiente no Brasil. Há duvidas e desafios sobre temas que englobam entre outros, desde: (1) as recomendações sobre a freqüência de limpeza do ambiente hospitalar e os seus desdobramentos, como a escolha da composição química dos produtos e concentrações utilizadas – e seu conseqüente efeito residual e/ou adverso, (2) tipos de equipamentos para efetuar a limpeza (dos mais simples aos mais complexos - mops ou vapor fluente, etc), (3) a periodicidade das rotinas de manutenção preventiva e corretiva de sistemas de ventilação hospitalares - qualidade do ar ambiental interior, (4) idem, dos sistemas de tratamento da água - garantia da qualidade da água potável e tratada para fins especiais, (5) a instalação de barreiras de contenção nos riscos físicos nas reformas e adequações, (6) instalação de barreiras nos riscos biológicos - surtos de microrganismos de transmissão aérea, (7) os aspectos clínicos e epidemiológicos dos patógenos emergentes e reemergentes, (8) a gestão de resíduos potencialmente infectantes, de medicamentos perigosos, de produtos químicos e radioativos, (9) o valor da amostragem ambiental e sua interpretação, Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 195/240 (10) à adequação dos serviços de saúde às normas de segurança do trabalho e biossegurança. O controle dos riscos ambientais nos serviços de saúde é realizado por equipe multidisciplinar, que inclui também os profissionais de controle de infecção relacionada à saúde em relação ao risco biológico. São descritos alguns tipos de controle previstos por legislação específica e obrigatórios no ambiente hospitalar. REFORMAS E CONSTRUÇÕES As perturbações ambientais associadas a projetos de construção nas unidades de saúde podem facilitar a transmissão de doenças via água ou ar, aumentando os riscos de pacientes imunocomprometidos na aquisição de doenças por agentes oportunistas. As intervenções parciais ou totais na estrutura física dos edifícios que abrigam serviços de saúde precisam ser cuidadosamente monitoradas, pois além da poeira, barulho e umidade causada pela obra, a movimentação de materiais, novos ou velhos, e circulação de operários da construção também pode alterar a microbiota local e/ou contaminar o ambiente com novos patógenos. Três tópicos principais devem ser considerados antes do inicio das atividades de reforma, demolição e construção em ambientes de saúde, descritos como: ▪ Função da nova estrutura ou área, definido por equipe multidisciplinar e multiprofissional; ▪ Avaliação dos riscos ambientais para prevenir oportunidades de doenças de transmissão hídrica e aérea; Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE ▪ Página: 196/240 Implantação de medidas de contenção de poeira e umidade durante a reforma ou construção – barreiras físicas. Recomendações básicas para reformas em serviços de saúde ▪ Condutas de avaliação de risco por equipe multiprofissional antes da obra; ▪ Condutas de avaliação de ventilação relacionadas a instalação de barreiras de construção. Contenção da poeira e umidade gerada durante a obra no hospital requer estruturas de barreiras pré-fabricadas ou construídas em materiais mais duráveis. Ar ambiental externo não filtrado entrando na área de barreira ou por portas e janelas expõe os pacientes a esporos de fungos. ▪ Estabelecimento e manutenção de pressões diferenciais apropriadas para áreas de cuidados especiais (salas cirúrgicas, isolamento respiratório,etc); e, ▪ Implementar procedimentos de controle de infecção para prevenir disseminação de cocos gram-positivos resistentes a antibióticos e assegurar o cumprimento destes procedimentos, assim como avaliar resultados de cultura para micobactérias não-tuberculose ou fungos para fontes ambientais possíveis. Recomendações adicionais ▪ Os operários e funcionários da construção devem ser alertados sobre as conseqüências potencialmente catastróficas da intrusão de poeira e umidade nas áreas críticas, principalmente em um Centro Cirúrgico com sistema de climatização e ambientes com pressão positiva. As falhas de Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 197/240 fornecimento de água e luz ou do sistema de condicionamento do ar podem prejudicar pacientes, funcionários e equipamentos. ▪ Evitar que os operários circulem por outras áreas do hospital. Providenciar serviços essenciais como banheiros e local para alimentação, assim como entrada independente do Centro Cirúrgico para o trânsito de operários, equipamentos necessários para a obra e suprimentos; ▪ O estabelecimento de linhas específicas de comunicação é importante para localizar os problemas (por exemplo, controle de poeira, qualidade do ar ambiental, nível de ruidos, vibrações), contornar contratempos e manter os projetos caminhando para sua finalização; ▪ A equipe de controle ambiental pode desenvolver um meio para monitoramento diário da adesão do trabalhador ao programa de controle de infecção, tanto nas unidades hospitalares como nas proximidades do local de construção no período de duração do projeto. QUALIDADE DO AR Nos procedimentos de manutenção preventiva, principalmente na troca de filtros e limpeza de dutos de ar condicionado há risco biológico. As paradas do sistema para rotinas de manutenção devem ser previamente comunicadas à equipe de controle de infecção, visto que a poeira e microrganismos contidos no sistema podem se espalhar no ambiente. Há necessidade de orientação da equipe de sobre uso de equipamentos de proteção individual e descarte correto dos filtros como resíduos infectantes. A pressão das salas de isolamento – negativa ou positiva, também deve ser controlada para evitar quebras de barreira. Amostragem de ar para análise bacteriológica: considerando o risco biológico/infecção para pacientes imunocomprometidos, pode-se determinar o Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 198/240 Padrão referencial de Qualidade do Ar Ambiental Interior (qualitativo e quantitativo) antes da obra, porém as amostras ambientais devem ser recomendadas com muito critério, considerando o custo/benefício. As amostras podem ser usadas como sentinela para analisar a necessidade da busca das fontes poluentes ou das intervenções ambientais; fornecem dados quantitativos sobre esporos de fungos (patogênicos ou não), poeira, bactérias presentes no ambiente, relacionados ou não com a movimentação do ar e contaminação de superfícies de materiais de construção (p.ex. Aspergillus spp). As amostras sentinela serão obtidas em pontos específicos do ambiente hospitalar, antes do inicio da obra, materiais e pessoas em situações de rotina e será comparada com outras amostras colhidas durante e após a obra, nos mesmos pontos. organismos oportunistas Alterações durante obras nas taxas também de são infecção por indicadores de contaminação ambiental e necessidade de intervenção. QUALIDADE DA ÁGUA Água potável: implantação de rotinas de manutenção preventiva, com lavagem semestral dos reservatórios de água potável e cloração adequada, incluindo a análise periódica de amostras de água colhidas em vários pontos do edifício, com avaliação físico-químico e microbiológica da água de abastecimento no cavalete de entrada e nos reservatórios internos. Em qualquer ponto do sistema de abastecimento o teor mínimo de cloro residual livre é de 0,2 mg/L e máximo de 2,0 mg/L. Água tratada para fins especiais: as unidades de hemodiálise possuem legislação ambiental específica, com obrigatoriedade de análises mensais microbiológicas, físico-químicas, de microcistinas e endotoxinas (algumas são Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 199/240 hepatotóxicas ou neurotóxicas) na água antes e depois do tratamento da água. Além disso, é obrigatória a manutenção preventiva dos pré-filtros de carvão, areia e abrandadores para retirada de cálcio, magnésio e ferro, da membrana de osmose reversa e outros equipamentos para tratamento da água. O controle de formação de biofilme nas tubulações de água tratada (sem cloro, portanto, sujeita a colonização) deve ser realizado através da desinfecção das tubulações com produtos oxidantes como hipoclorito de sódio a 0,2%, entre outros, com periodicidade no mínimo mensal, ou sempre que ocorrerem reações clínicas adversas durante o tratamento dialítico. Também é recomendado o controle de qualidade da água tratada para fins especiais em outras unidades hospitalares com como hemodinâmica, urologia, na preparação de dietas enterais e lactário, na lavagem de instrumental cirúrgico (retirada de endotoxinas), desinfecção criteriosa de tanques de hidroterapia, entre outros. Para cada setor devem ser criadas rotinas e normas adequadas às suas necessidades, assim como a manutenção preventiva de equipamentos de tratamento da água e o controle laboratorial da qualidade da água. Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 200/240 HIGIENIZAÇÃO DO AMBIENTE HOSPITALAR As condutas padronizadas de limpeza, higienização e desinfecção de materiais, equipamentos e superfícies no ambiente hospitalar auxiliam o controle de infecção hospitalar. O treinamento dos funcionários das empresas limpadoras deve ser orientado por profissional com experiência em serviço de saúde. Os critérios de escolha dos produtos disponíveis devem ser determinados pela equipe de controle de infecção, assim como para os suprimentos para a correta lavagem das mãos. CONTROLE DE PRAGAS URBANAS Insetos em geral, além do incomodo de sua presença, podem se tornar vetores mecânicos de infecção hospitalar e devem ser controlados. Algumas espécies de formiga permanecem no ambiente hospitalar, apesar das medidas de controle e higienização, devido à complexidade da estrutura física do edifício que dificulta a penetração de inseticidas, com necessidade de introdução de métodos mais adequados para sua eliminação. O controle de roedores requer o uso de iscas contendo produtos químicos tóxicos que necessitam de monitoramento. O uso de descupinicidas também deve ser avaliado, com identificação correta do agente etiológico. As diferentes espécies requerem produtos específicos. A infestação pode ser causada por cupins de solo ou de madeira, que atacam estruturas físicas e/ou o mobiliário do serviço de saúde, respectivamente, com diferentes métodos e estratégias de tratamento, de acordo com o agente. O impacto ambiental e ação residual dos produtos químicos usados nos procedimentos de desinsetização, desratização, descupinzação deve ser avaliado e monitorado principalmente nas áreas de manipulação de Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 201/240 alimento, como cozinha, refeitório e lactário e unidades de internação, em especial as pediátricas e de pacientes imunocomprometidos. As embalagens desses produtos são consideradas como resíduos químicos e devem ser processadas como tal, encaminhadas para incineração. REFERÊNCIAS Anaissie EJ, Stratton SL, Dignani MC, Lee CK, Summerbell RC, Rex JH, Monson TP, Walsh TJ. Pathogenic molds (including Aspergillus species) in hospital water distribution systems: a 3-year prospective study and clinical implications for patients with hematologic malignancies. Blood 2003; 101(7):2542-6. Carmo AT, Prado RTA. Qualidade do Ar Interno. Texto Técnico, Escola Politécnica da USP, Departamento de Engenharia e Construção Civil. ISSN 1413-0386. TT/PCC/21. São Paulo, 1999. CDC. Guideline for Environmental Infection Control in Healthcare Facilities. Center for Disease Control and Prevention, Healthcare Infection Controle Practice Advisory Committee (HICPAC) MMWR 2003, 52(RR10); 142. CDC. Water Sampling Strategies and Culture Techniques for Detecting Legionellae, MMWR 2003; 52 (RR10) ; 43, Disponível http://www.cdc.gov/mmwr/preview/mmwrhtml/rr5210a2.htm em URL: Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 202/240 Flynn PM, Williams BG, Hethrington SV, Williams BF, Gianini MA, Pearson TA. Aspergillus terreus during hospital renovation. Infect. Control Hosp. Epidemiol 1993; 14: 363-365. Portaria nº 518, DE 25 de março de 2004 Estabelece os procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade, e dá outras providências. Resolução RDC nº 154, de 15 de junho de 2004. Estabelece o Regulamento Técnico para o funcionamento dos Serviços de Diálise. Warris A, Klaassen CH, Meis JF, De Ruiter MT, De Valk HA, Abrahamsen TG, Gaustad P, Verweij PE. Epidemiology of Aspergillus fumigatus isolates recovered from water, air, and patients shows two clusters of genetically distinct strains. J Clin Microbiol. 2003; 41(9):4101-6. Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 203/240 19. RESÍDUOS DE SERVIÇO DE SAÚDE O gerenciamento dos Resíduos de Serviços de Saúde (RSS) segue atualmente duas recomendações federais: a Resolução RDC nº 306, de 07 de dezembro de 2004 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e Resolução 358, de 29 de abril de 2005 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), dispondo o Regulamento Técnico para o gerenciamento de RSS e sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos dos serviços de saúde, respectivamente. Cada estado brasileiro pode ainda ter legislações específicas, como é o caso de São Paulo: a Portaria CVS-21, de 10 de setembro de 2008, elaborada pelo Centro de Vigilância Sanitária da Secretaria de Estado da Saúde do Município de São Paulo, que estabelece critérios próprios para os resíduos de medicamentos quimioterápicos, perigosos, visando medicamentos principalmente vencidos, embalagens os resíduos com restos de de medicamentos e sobras de medicamentos nas unidades de internação. As legislações estaduais também estabelecem as normas do tratamento final dos resíduos, se incineração ou outros tipos de tratamento térmico. As ações relativas ao manejo, segregação, acondicionamento, coleta, armazenamento, transporte, tratamento e disposição final dos resíduos, bem como a proteção à saúde pública e ao meio ambiente devem estar descritas em um "Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde" ou PGRSS, disponível para consulta nas instituições. Em nossa instituição há uma comissão de resíduos composta por equipe multiprofissional que se reúne mensalmente para discutir e aplicar a legislação específica sobre resíduos. Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 204/240 DEFINIÇÃO Define-se como geradores de RSS todos os serviços que prestem atendimento à saúde humana ou animal, incluindo os prestadores de serviço que promovam os programas de assistência domiciliar; serviços de apoio à preservação da vida, hospitais e clínicas, serviços ambulatoriais de atendimento médico e odontológico, serviços de acupuntura, tatuagem, serviços veterinários destinados ao tratamento da saúde animal, serviços de atendimento radiológico, de radioterapia e de medicina nuclear, serviços de tratamento quimioterápico, serviços de hemoterapia e unidades de produção de hemoderivados, laboratórios de análises clínicas e de anatomia patológica, necrotérios e serviços onde se realizem atividades de embalsamamento e serviços de medicina legal, drogarias e farmácias, inclusive as de manipulação, estabelecimentos de ensino e pesquisa na área de saúde, unidades de controle de zoonoses, unidades móveis de atendimento à saúde e demais serviços relacionados ao atendimento à saúde que gerem resíduos perigosos. CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS Os resíduos de Serviços de Saúde são segregados em cinco grupos principais, como mostra a tabela abaixo, com subdivisões.Cada grupo segue uma orientação específica sobre o tipo de acondicionamento e disposição final mais adequado. Tabela 1: Classificação de Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde em 5 grupos, segundo CONAMA/2004 Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 205/240 GRUPO A – Resíduos com a possível presença de agentes biológicos que, por suas características de maior virulência ou concentração, podem apresentar risco de infecção. SUB-GRUPOS A1 Os resíduos do Grupo A1, devem ser submetidos a processos de tratamento em equipamento que promova redução de carga bacteriana. - Culturas e estoques de microrganismos; resíduos de fabricação de produtos biológicos, exceto os hemoderivados; descarte de vacinas de microrganismos vivos ou atenuados; meios de cultura e instrumentais utilizados para transferência, inoculação ou mistura de culturas; resíduos de laboratórios de manipulação genética. - Resíduos resultantes da atenção à saúde de indivíduos ou animais, com suspeita ou certeza de contaminação biológica por agentes classe de risco 4, microrganismos com relevância epidemiológica e risco de disseminação ou causador de doença emergente que se torne epidemiologicamente importante ou cujo mecanismo de transmissão seja desconhecido. - Bolsas transfusionais contendo sangue ou hemocomponentes rejeitadas por contaminação ou por má conservação, ou com prazo de validade vencido, e aquelas oriundas de coleta incompleta. - Sobras de amostras de laboratório contendo sangue ou líquidos corpóreos, recipientes e materiais resultantes do processo de assistência à saúde, contendo sangue ou líquidos corpóreos na forma livre. A2 - Carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros resíduos provenientes de animais submetidos a processos de experimentação com inoculação de microorganismos, bem como suas forrações, e os cadáveres de animais suspeitos de serem portadores de microrganismos de relevância epidemiológica e com risco de disseminação, que foram submetidos ou não a estudo anátomopatológico ou confirmação diagnóstica. A3 - Peças anatômicas (membros) do ser humano; produto de fecundação sem sinais vitais, com peso menor que 500 gramas ou estatura menor que 25 centímetros ou idade gestacional menor que 20 semanas, que não tenham valor científico ou legal e não tenha havido requisição pelo paciente ou familiares. A4 - Kits de linhas arteriais, endovenosas e dialisadores, quando descartados. - Filtros de ar e gases aspirados de área contaminada; membrana filtrante de equipamento médico-hospitalar e de pesquisa, entre outros similares. - Sobras de amostras de laboratório e seus recipientes contendo fezes, urina e secreções, provenientes de pacientes que não contenham e nem sejam suspeitos de conter agentes Classe de Risco 4, e nem apresentem relevância epidemiológica e risco de disseminação, ou microrganismo causador de doença emergente que se torne epidemiologicamente importante ou cujo mecanismo de transmissão seja desconhecido ou com suspeita de contaminação com príons. - Resíduos de tecido adiposo proveniente de lipoaspiração, lipoescultura ou outro procedimento de cirurgia plástica que gere este tipo de resíduo. - Recipientes e materiais resultantes do processo de assistência à saúde, que não contenha sangue ou líquidos corpóreos na forma livre. - Peças anatômicas (órgãos e tecidos) e outros resíduos provenientes de procedimentos cirúrgicos ou de estudos anátomopatológicos ou de confirmação diagnóstica. - Carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros resíduos provenientes de animais não submetidos a processos de experimentação com inoculação de microorganismos, bem como suas forrações. Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 206/240 - Bolsas transfusionais vazias ou com volume residual pós-transfusão. A5 - Órgãos, tecidos, fluidos orgânicos, materiais perfurocortantes ou escarificantes e demais materiais resultantes da atenção à saúde de indivíduos ou animais, com suspeita ou certeza de contaminação com príons. GRUPO B – Resíduos contendo substâncias químicas que podem apresentar risco à saúde pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade. - Produtos hormonais e produtos antimicrobianos; citostáticos; antineoplásicos; imunossupressores; digitálicos; imunomoduladores; anti-retrovirais, quando descartados por serviços de saúde, farmácias, drogarias e distribuidores de medicamentos ou apreendidos e os resíduos e insumos farmacêuticos dos Medicamentos controlados pela Portaria MS 344/98 e suas atualizações. - Resíduos de saneantes, desinfetantes, desinfestantes; resíduos contendo metais pesados; reagentes para laboratório, inclusive os recipientes contaminados por estes. - Efluentes de processadores de imagem (reveladores e fixadores). - Efluentes dos equipamentos automatizados utilizados em análises clínicas - Demais produtos considerados perigosos, conforme classificação da NBR 10.004 da ABNT (tóxicos, corrosivos, inflamáveis e reativos). GRUPO C – Quaisquer materiais resultantes de atividades humanas que contenham radionuclídeos em quantidades superiores aos limites de isenção especificados nas normas do CNEN e para os quais a reutilização é imprópria ou não prevista. - Enquadram-se neste grupo os rejeitos radioativos ou contaminados com radionuclídeos, provenientes de laboratórios de análises clinicas, serviços de medicina nuclear e radioterapia, segundo a Resolução CNEN-6.05. GRUPO D – Resíduos que não apresentem risco biológico, químico ou radiológico à saúde ou ao meio ambiente, podendo ser equiparados aos resíduos domiciliares. - papel de uso sanitário e fralda, absorventes higiênicos, peças descartáveis de vestuário, resto alimentar de paciente, material utilizado em anti-sepsia e hemostasia de venóclises, equipo de soro e outros similares não classificados como A1; - sobras de alimentos e do preparo de alimentos; - resto alimentar de refeitório; - resíduos provenientes das áreas administrativas; - resíduos de varrição, flores, podas e jardins - resíduos de gesso provenientes de assistência à saúde GRUPO E – Materiais perfurocortantes ou escarificantes, tais como: Lâminas de barbear, agulhas, escalpes, ampolas de vidro, brocas, limas endodônticas, pontas diamantadas, lâminas de bisturi, lancetas; tubos capilares; micropipetas; lâminas e lamínulas; espátulas; e todos os utensílios de vidro quebrados no laboratório (pipetas, tubos de coleta sanguínea e placas de Petri) e outros similares. COLETA E TRANSPORTE Resíduos Infectantes Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE • Página: 207/240 Coleta em saco branco leitoso com símbolo infectante, sendo seu preenchimento até 2/3 da capacidade. • Transportar em container de cor branca com símbolo infectante que deve possuir tampa. Resíduos Químicos • Se de natureza sólida, Saco impermeável branco leitoso, resistente a punctura, ruptura e vazamento, preenchimento de até 2/3 da capacidade; de natureza líquida, embalagem que evite choque mecânico e garanta a integridade física dos frascos de acordo com sua compatibilidade química, mantendo as embalagens originais sempre que possível ou acondicionar em frascos de até dois litros ou em bombonas de material compatível. • Etiqueta de identificação • Símbolo de tóxico Resíduos Radioativos • Se de natureza líquida, bomba plástica, armazenar sobre bandeja de contenção em local ventilado; de natureza sólida saco de cor amarela sem simbologia; se sólido biológico, envolver em papel absorvente e acondicionar individualmente em saco de cor amarela ou até 200g por saco. • Etiqueta de identificação • Preenchimento de até 2/3 da capacidade Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE • Página: 208/240 Resíduos Comuns Coletar em saco de cor preta, preenchimento de até 2/3 da capacidade. • Transportar em container (cor azul ou preta) com tampa. • Resíduos Recicláveis O estabelecimento de saúde deve estabelecer regras para a reciclagem, limitando a segregação de recicláveis dos resíduos comuns. A reciclagem de plásticos (equipos, etc) não é recomendada para os resíduos potencialmente infectantes. Resíduos Pérfuro-cortantes • Caixa rígida de papelão • Cor amarela • Preenchimento até 2/3 da capacidade • Após preenchimento colocar a caixa em um saco branco e proceder como descrito no resíduo infectante. RISCO OCUPACIONAL Ao manipular os resíduos é necessária a utilização de Equipamento de Proteção Individual (EPI) específico para o desenvolvimento de tais atividades como: luvas, máscara, óculos de proteção e avental. Em caso de acidente entre em contato com a Comissão de Epidemiologia Hospitalar (CEH/HSP) Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 209/240 5576-4463 ou 5571-8935 7140-5698 COMENTÁRIOS Os Estados e Municípios têm autonomia para adotar ou restringir esta classificação. Em situações de risco, em especial nos surtos ou mesmo epidemias/ pandemias, a gestão de resíduos Grupo A (biológicos) torna-se crítica dentro e fora do estabelecimento de saúde, com tratamento térmico obrigatório dos resíduos para inativação microbiana total. É importante ressaltar que os resíduos sólidos dos serviços de saúde – Grupo D – também devem ter seu gerenciamento integrado com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), aprovada em 07 de julho pelo Senado Federal após duas décadas de negociação. A nova lei 12.305/2010 de 02 de agosto de 2010 fortalece a interface com as normas já estabelecidas pelo Sisnama – Sistema Nacional do Meio Ambiente, do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária – SNVS, e outros. Os Estados e municípios deverão elaborar seus respectivos planos para resíduos sólidos, prevalecendo a orientação da Política Nacional. Haverá incentivo para a reciclagem e aproveitamento, patrocínio para a coleta seletiva dentre outras medidas. A redução de resíduos, reciclagem, reutilização também deve ser uma ação sustentável dentro dos serviços de saúde. A logística reversa é um ponto forte da nova PNRS – recolhimento ou retorno ao fabricante de produtos como pilhas, medicamentos vencidos, sistemas filtrantes, por exemplo. O serviço de saúde deve buscar acordos em conformidade legal com seus fornecedores, revendo os seus contratos, visando à destinação ambientalmente correta, sem sobrecarregar os aterros sanitários, Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 210/240 já no limite de capacidade. Serão necessários profissionais credenciados para a tarefa, visto que a gestão de resíduos sólidos é matéria muito nova, abrangente e multidisciplinar, além de muito especializada. REFERÊNCIAS Norma CNEN-NE-6.02 – Licenciamento de Instalações Radiativas. (Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN) Resolução CONAMA 358, de 29 de abril de 2005 Dispõe sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos dos serviços de saúde e dá outras providências. Resolução ANVISA RDC nº 306, de 07 de dezembro de 2004 Dispõe sobre o Regulamento Técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde. Portaria CVS nº 21, de 10 de setembro de 2008. Norma Técnica sobre Gerenciamento de Resíduos Perigosos de Medicamentos em Serviços de Saúde. Silva MFI. Resíduos de Saúde: Gerenciamento no Centro Cirúrgico, central de material e recuperação anestésica de um hospital do interior paulista. Ribeirão Preto. 2004. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo. Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto. URL: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/83/83131/tde-19082004102015/publico/doutorado.pdf. Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 211/240 Anônimo. Technical Assistance Manual: State Regulatory Oversight of Medical Waste Treatment Technologies - State and Territorial Association on Alternate Treatment Technologies - abril de 1994. URL: http://www.bvsde.paho.org/bvsars/i/fulltext/technical/technical.pdf Lei 12.305/2010, de 02 de agosto de 2010. regula os “princípios, objetivos e instrumentos, bem como as diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos, incluídos os perigosos, às responsabilidades dos geradores e do poder público e aos instrumentos econômicos aplicáveis.” Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 212/240 20. VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA DAS DOENÇAS DE NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA Nas últimas décadas, mudanças importantes foram observadas no perfil de mortalidade da população brasileira. As doenças infecciosas e parasitárias que respondiam por quase metade dos óbitos nas capitais brasileiras na primeira metade do século passado foram reduzindo progressivamente o seu peso relativo na mortalidade em especial. Em 1930 as doenças infecciosas representavam 45,7% do total de óbitos ocorridos nas capitais do país, já em 2005, essa proporção era de apenas 5,2%. Observa-se um controle efetivo estabelecido para várias doenças infecciosas, principalmente as imunopreveníveis. Apesar da significativa redução da morbimortalidade por doenças transmissíveis no último século, o quadro é complexo. Pela análise da trajetória das doenças por grupos específicos, três situações paradigmáticas se apresentam: • Situações favoráveis que indicam que o controle está a caminho: poliomielite, sarampo, difteria e outros; • Situações que sugerem que a doença persistirá por longo tempo em nosso meio: tuberculose, hanseníase, malária, leishmaniose; • Situações que apontam para doenças reemergentes com grande potencial de expansão no país: dengue, cólera. Há ainda o grupo de doenças emergentes (hantaviroses, a influenza aviária e mais recentemente a influenza pandêmica – H1N1, que em 2009 passaram a afetar um número significativo de pessoas, alterando o cenário epidemiológico e desenvolvendo risco de disseminação mundial) e outras com risco de serem Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 213/240 introduzidos no país pela intensificação do intercâmbio internacional (SRAG, febre do Nilo). A melhoria da qualidade de assistência médica, especialmente quanto ao diagnóstico e tratamento associada à notificação oportuna e ações de controle, desempenham importante papel para redução de uma série de doenças infecciosas e transmissíveis. Nesta perspectiva, o objetivo do texto é dar orientações sintéticas sobre o Sistema de Vigilância Epidemiológica, destacando o papel e responsabilidade dos profissionais de saúde especialmente médicos no Sistema, para o efetivo controle das doenças infecciosas e transmissíveis. O controle das doenças transmissíveis é uma das mais altas prioridades do governo. A frase abaixo, expressa a necessidade da informação para desencadeamento das ações pelo governo: “O controle das doenças transmissíveis depende, basicamente, de que se disponha de informações referentes à ocorrência de casos, tanto para a pronta efetivação de medidas adequadas para interromper a cadeia de transmissão, quanto para a produção de dados estatísticos indispensáveis para estudos epidemiológicos que fundamentem a programação de atividades e assegurem avaliação dos seus resultados”. Saúde de São Paulo, 1975-1979. PRINCIPAIS CONCEITOS • Vigilância Epidemiológica Walter Leser – Secretário da Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 214/240 Segundo a Lei 8.080/90 o conceito de vigilância epidemiológica é: “Conjunto de ações que proporciona o conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos.” • Notificação A notificação, principal fonte de informação do SNVE, é a comunicação da ocorrência de determinada doença ou agravo à saúde feita à autoridade sanitária por profissionais de saúde ou qualquer cidadão para fins de adoção de medidas de intervenção pertinentes”. A notificação compulsória é obrigatória a todos os profissionais de saúde médicos, enfermeiros, odontólogos, médicos veterinários, biólogos, biomédicos, farmacêuticos e outros no exercício da profissão, bem como os responsáveis por organizações e estabelecimentos públicos e particulares de saúde e de ensino. • Subnotificação Deixar de notificar uma doença de Notificação Compulsória “constitui infração da legislação referente à saúde pública, sujeitando o infrator às penalidades previstas no Decreto-Lei 785 de 25 de agosto de 1969, sem prejuízo das demais sanções penais cabíveis” (Lei 6.259/75 – Art. 14). Embora haja penalidades para subnotificação, o profissional de saúde deve notificar entendendo que se trata de um dever de cidadania e de responsabilidade profissional. Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 215/240 RECOMENDAÇÕES PRÁTICAS PARA NOTIFICAÇÃO Notificação de casos suspeitos ou confirmados Via de regra, casos de DNC devem ser notificados na suspeita clínica para possibilitar o desencadeamento das ações imediatas para controle da transmissão, se for o caso. Nas doenças em que não haja medida imediata a tomar, a notificação deve ser feita após confirmação diagnóstica. Ex: tuberculose, hanseníase, esquistossomose e tracoma. Definição de caso suspeito Há uma definição padronizada do Ministério da Saúde de caso-suspeito para cada doença. Todos os casos que se enquadrarem nessa definição devem ser notificados e investigados. Segredo médico A notificação pode criar constrangimentos ao paciente e abalar a relação médicopaciente pela quebra do segredo médico. A legislação do Conselho Federal de Medicina autoriza a quebra do sigilo em caso de dever legal ou risco para coletividade em determinados casos. A autoridade sanitária que recebe a notificação obriga-se a guardar sigilo e a identificação do paciente fora do âmbito médico-sanitário só pode ser feita em situações excepcionais de grande risco à comunidade e com conhecimento prévio do paciente ou do seu responsável. Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 216/240 É recomendável que o paciente seja informado de que a notificação poderá ocasionar uma investigação epidemiológica por equipes de saúde pública nos locais aonde pode ter contraído a doença. LISTA DE DNC A lista de DNC para o Território Nacional é elaborada pelo Ministério da Saúde, considerando critérios vulnerabilidade, como magnitude, compromissos disseminação, internacionais, transcendência, regulamento sanitário internacional, epidemias, surtos e agravos inusitados. Periodicamente esta lista é atualizada e no Anexo I é apresentada a lista definida pela Portaria nº 104, 25 de janeiro de 2011 do Ministério da Saúde. Gestores estaduais e municipais podem acrescentar outras doenças/agravos na Lista do Ministério da Saúde de acordo com o perfil epidemiológico local. Como notificar Embora haja uma Ficha de Notificação do SINAN (Sistema Nacional de Agravos de Notificação), é desnecessário uso do impresso específico. A notificação pode ser feita pelo meio mais rápido e prático (telefone, fax, internet, etc) e dirigida para a Unidade Básica de Saúde (UBS). Em Hospitais, a notificação deve ser dirigida para o Núcleo de Vigilância Epidemiológica Hospitalar (nos hospitais que tiverem esse serviço) ou para a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH). Notificação imediata Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 217/240 Via de regra a notificação deverá ser feita o mais rápido possível, para que as medidas de controle possam ser desencadeadas. O Ministério da Saúde elaborou uma lista de doenças/agravos de notificação imediata – em no máximo de 24 horas - a partir da suspeita clínica, que estão listadas no Anexo II. Para estas doenças a recomendação é que a notificação seja feita por telefone para o serviço de vigilância local. A Secretaria da Saúde mantém uma Central de Vigilância com médicos sanitaristas de plantão 24 horas e que atende pelo telefone 0800-555466. Recorrer à Central de Vigilância à noite ou finais de semana para orientação sobre normas e condutas referentes à vigilância epidemiológica ou para notificação de casos com urgência. Confirmação laboratorial Recomenda-se confirmação laboratorial dos casos suspeitos e o SNVE disponibiliza a rede de laboratórios de saúde pública, sem ônus para o paciente ou instituição, para confirmação laboratorial. O Laboratório de referência em São Paulo é, habitualmente, o Instituto Adolfo Lutz (IAL) que processa os exames específicos para investigação epidemiológica mas há algumas normas a serem seguidas. Portanto, havendo necessidade de processar exames no IAL, consulte a UBS, a Vigilância Hospitalar ou CCIH para orientações. Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 218/240 REFERÊNCIAS • Saúde Brasil 2009: uma análise da situação de saúde e da agenda nacional e internacional de prioridades em saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Análise de Situação de Saúde – Brasília: Ministério da Saúde, 2010. • Brasil. Ministério da Saúde. Lei 8.080 de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Diário oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 19 set. 1990. Seção I. • Brasil. Ministério da saúde. Portaria nº 104, de 25 de janeiro de 2011. Define as terminologias adotadas em legislação nacional, conforme o disposto no Regulamento Sanitário Internacional 2005 9RSI 2005), a relação de doenças, agravos e eventos em saúde púbica de notificação compulsória em todo território nacional e estabelece fluxo, critérios, responsabilidades e atribuições aos profissionais e serviços de saúde. DO nº 18 – 26/02/11 – Seção 1 – p. 37. • Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Guia de Vigilância Epidemiológica / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. 6ª ed., Brasília, 2005. • Conselho Federal de Medicina. Código de Ética Médica. Resolução CFM nº 1931/2009, capítulo IX,2010. Acesso em 20/01/2011. Disponível em http://portal.cfm.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=206 64:capitulo-ix-sigilo-profissional&catid=9:codigo-de-etica-medicaatual&Itemid=122 Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE • Página: 219/240 Centro de Vigilância Epidemiológica “Alexandre Vranjac” (CVE). Acesso em 20/01/2011. Disponível em http://www.cve.saude.sp.gov.br/ ANEXO I: Lista de Notificação Compulsória - LNC 1. Acidentes por animais peçonhentos; 2. Atendimento antirrábico; 3. Botulismo; 4. Carbúnculo ou Antraz; 5. Cólera; 6. Coqueluche; 7. Dengue; 8. Difteria; 9. Doença de Creutzfeldt-Jakob; 10. Doença Meningocócica e outras Meningites; 11. Doenças de Chagas Aguda; 12. Esquistossomose; 13. Eventos Adversos Pós-Vacinação; 14. Febre Amarela; 15. Febre do Nilo Ocidental; 16. Febre Maculosa; 17. Febre Tifóide; 18. Hanseníase; 19. Hantavirose; 20. Hepatites Virais; 21. Infecção pelo vírus da imunodeficiência humana – HIV em gestantes e crianças expostas ao risco de transmissão vertical; 22. Influenza humana por novo subtipo; 23. Intoxicações Exógenas (por substâncias químicas, incluindo agrotóxicos, gases tóxicos e metais pesados); 24. Leishmaniose Tegumentar Americana; 25. Leishmaniose Visceral; 26. Leptospirose; 27. Malária; 28. Paralisia Flácida Aguda; 29. Peste; Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 220/240 30. Poliomielite; 31. Raiva Humana; 32. Rubéola; 33. Sarampo; 34. Sífilis Adquirida; 35. Sífilis Congênita; 36. Sífilis em Gestante; 37. Síndrome da Imunodeficiência Adquirida - AIDS; 38. Síndrome da Rubéola Congênita; 39. Síndrome do Corrimento Uretral Masculino; 40. Síndrome Respiratória Aguda Grave associada ao Coronavírus (SARS-CoV); 41. Tétano; 42. Tuberculose; 43. Tularemia; 44. Varíola; e 45. Violência doméstica, sexual e/ou outras violências. OBS: Para o Estado de São Paulo, segundo Resolução SS-20 de 22/02/2006, outras doenças são incluídas na Lista de Notificação Compulsória: 1. Hipertermia Maligna 2. Síndrome Febril Ictero-Hemorrágica Aguda e 3. Tracoma ANEXO II: Lista de Notificação Compulsória Imediata – LNCI I. Caso suspeito ou confirmado de: 1. Botulismo; 2. Carbúnculo ou Antraz; 3. Cólera; 4. Dengue nas seguintes situações: - Dengue com complicações (DCC), - Síndrome do Choque da Dengue (SCD), - Febre Hemorrágica da Dengue (FHD), - Óbito por Dengue Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 221/240 - Dengue pelo sorotipo DENV 4 nos estados sem transmissão endêmica desse sorotipo; 5. Doença de Chagas Aguda; 6. Doença conhecida sem circulação ou com circulação esporádica no território nacional que não constam no Anexo I desta Portaria, como: Rocio, Mayaro, Oropouche, Saint Louis, Ilhéus, Mormo, Encefalites Eqüinas do Leste, Oeste e Venezuelana, Chikungunya, Encefalite Japonesa, entre outras; 7. Febre Amarela; 8. Febre do Nilo Ocidental; 9. Hantavirose; 10. Influenza humana por novo subtipo; 11. Peste; 12. Poliomielite; 13. Raiva Humana; 14. Sarampo; 15. Rubéola; 16. Síndrome Respiratória Aguda Grave associada ao Coronavírus (SARS-CoV); 17. Varíola; 18. Tularemia; e 19. Síndrome de Rubéola Congênita (SRC). II. Surto ou agregação de casos ou óbitos por: 1. Difteria; 2. Doença Meningocócica; 3. Doença Transmitida por Alimentos (DTA) em embarcações ou aeronaves; 4. Influenza Humana; 5. Meningites Virais; 6. Outros eventos de potencial relevância em saúde pública, após a avaliação de risco de acordo com o Anexo II do RSI 2005, destacando-se: a. Alteração no padrão epidemiológico de doença conhecida, independente de constar no Anexo I desta Portaria; b. Doença de origem desconhecida; c. Exposição a contaminantes químicos; d. Exposição à água para consumo humano fora dos padrões preconizados pela SVS; e. Exposição ao ar contaminado, fora dos padrões preconizados pela Resolução do CONAMA; f. Acidentes envolvendo radiações ionizantes e não ionizantes por fontes não controladas, por fontes utilizadas nas atividades industriais ou médicas e acidentes de transporte com produtos radioativos da classe 7 da ONU. Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 222/240 g. Desastres de origem natural ou antropogênica quando houver desalojados ou desabrigados; h. Desastres de origem natural ou antropogênica quando houver comprometimento da capacidade de funcionamento e infraestrutura das unidades de saúde locais em conseqüência evento. III. Doença, morte ou evidência de animais com agente etiológico que podem acarretar a ocorrência de doenças em humanos, destaca-se entre outras classes de animais: 1. Primatas não humanos 2. Eqüinos 3. Aves 4. Morcegos - Raiva: Morcego morto sem causa definida ou encontrado em situação não usual, tais como: vôos diurnos, atividade alimentar diurna, incoordenação de movimentos, agressividade, contrações musculares, paralisias, encontrado durante o dia no chão ou em paredes. 5. Canídeos - Raiva: canídeos domésticos ou silvestres que apresentaram doença com sintomatologia neurológica e evoluíram para morte num período de até 10 dias ou confirmado laboratorialmente para raiva. Leishmaniose visceral: primeiro registro de canídeo doméstico em área indene, confirmado por meio da identificação laboratorial da espécie Leishmania chagasi. 6. Roedores silvestres - Peste: Roedores silvestres mortos em áreas de focos naturais de peste. Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 223/240 21. A QUALIDADE, A SEGURANÇA DO PACIENTE E O CONTROLE DE INFECÇÃO A qualidade tem sido uma preocupação dos gestores de saúde. Os processos de avaliação e certificação da qualidade em organizações de saúde, nos últimos dez anos têm se tornado uma realidade, e até uma obrigação, cada vez mais presente nestas organizações. Cirurgias em membros errados ou em pacientes errados; objetos deixados no interior do corpo do paciente durante a cirurgia; administração de medicamentos em doses erradas ou a pacientes errados; infecções desenvolvidas dentro do ambiente hospitalar mas que não são relacionadas à assistência à saúde representam efeitos indesejados, oriundos de falhas nos processos e, por vezes, da má prática, quer dos profissionais quanto dos sistemas no qual estão inseridos. Estes eventos comprometem diretamente a qualidade do serviço prestado, a credibilidade da assistência e, principalmente, a segurança do paciente. Cada vez mais a mídia tem divulgado estes eventos adversos e cada vez mais as organizações de saúde se preocupam com a qualidade, a organização dos seus processos, implantação de protocolos e formas de minimização de riscos visando à assistência segura e a segurança do paciente. BASES TEÓRICAS DA QUALIDADE A qualidade em saúde vem sendo estudada há mais de trinta anos e o referencial teórico largamente utilizado pelos autores desta área tem sido o Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 224/240 de Avedis Donabedian que propõe a classificação universal da qualidade na trilogia: estrutura / processo / resultados para estimar a qualidade de serviço. A estrutura se refere ao como a assistência é organizada e como os diversos recursos são utilizados; o processo reporta-se ao que e como foi feito e os resultados correspondem aos desfechos, principalmente relacionados ao que aconteceu com o paciente. Os processos de avaliação da qualidade têm sua vertente através da Acreditação que, por sua vez, são originários dos sistemas de acreditação desenvolvidos pela Comissão Conjunta para Acreditação Hospitalar e Organizações de Saúde (Joint Commission on Accreditation of Healthcare Organizations/JCAHO-EUA). Na América Latina como um todo, incluindo o Brasil, uma contribuição importante foi dada pelas propostas de certificação e Controle da Qualidade desenvolvidas pela Organização Panamericana de Saúde que vêm sendo implantadas, integrando, assim, o processo de mudança da cultura gerencial do sistema de saúde. ORGANIZAÇÃO NACIONAL DE ACREDITAÇÃO (ONA) O Sistema Brasileiro de Acreditação/SBA3 preconizado pela Organização Nacional de Acreditação/ONA, a partir de 1998, tem como enfoque inicial implementar e garantir a qualidade nos serviços de saúde brasileiros. Nesse sentido, vem contribuindo para que, dentro dos recursos disponíveis, ocorra uma progressiva mudança planejada de hábitos e comportamentos, de maneira a provocar nos profissionais de todos os níveis e áreas um novo estímulo para avaliar as debilidades e forças da instituição, com o estabelecimento de metas claras e mobilização constante do pessoal, voltados para a qualidade da assistência prestada aos pacientes/clientes. A Acreditação é um processo voluntário que detecta não-conformidades de estrutura e de processos a partir de um padrão definido, é periódica e Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 225/240 confidencial e, acima de tudo, estabelece prazos para a correção das falhas encontradas e das não-conformidades constatadas buscando a melhoria contínua dos processos. O estabelecimento de objetivos precisos, mensuráveis, a curto e a longo prazo, e a sua freqüente monitorização, orientam os planos para a ação, a estratégia da organização e a implementação de programas de melhorias. A organização de saúde que adere ao Sistema Brasileiro de Acreditação denota responsabilidade e comprometimento com a segurança, com a ética profissional, com os procedimentos que realiza e com a garantia da qualidade do atendimento à população3. O Manual Brasileiro de Acreditação das Organizações de Saúde formado por critérios explícitos, é uma metodologia de avaliação da qualidade de serviços baseada nos princípios originários da trilogia de Donabedian (estrutura/processo/resultados), divididos em três Níveis respectivamente: o Nível 1 Segurança, o Nível 2 Organização e o Nível 3 Excelência. A instituição avaliada que atinge o Nível 1 recebe o status de Acreditada, a que atinge Nível 2 é Acreditada Plena e, a de Nível 3, é Acreditada com Excelência. A lógica sistêmica permeia toda a estruturação do Manual e, consequentemente a avaliação do mesmo, pois se supõe que o funcionamento de qualquer organização dês saúde também deva ser a de um sistema. O propósito deste enfoque é reforçar o fato de que as estruturas e processos de uma organização são de tal ordem interligados e interdependentes, que o funcionamento de um componente interfere em todo o conjunto e no resultado final. Não se avalia um serviço ou unidade isoladamente e, consequentemente, não são certificadas unidades Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 226/240 separadas, ou seja, ou todo o hospital é acreditado em determinado nível ou não. Seguindo esta lógica, a atuação do Serviço de Controle de Infecção/SCIH, e/ou de sua respectiva Comissão, é avaliada em todas as áreas (que no Manual correspondem a seções e subseções) de Atenção ao Paciente, de Diagnóstico e na maior parte dos Serviços de Abastecimento e Apoio Logístico. O item: “Cumpre as diretrizes de prevenção e controle de infecção” é um requisito obrigatório no Nível 1, presente em todas as subseções das áreas apontadas acima e que, se não atendido, comprometerá a certificação de todo o hospital. Isto significa que, não adianta um hospital demonstrar adequação da estrutura física, hotelaria exemplar, equipamentos de última geração se não evidenciar, por exemplo, que realiza periodicamente treinamentos e orientações quanto a lavagem de mãos ou que atua na Central de Esterilização de Materiais validando fluxos e processos de desinfecção ou, ainda que, orienta os profissionais quanto ao uso de antimicrobianos, este hospital não será acreditado, pois demonstra ser seguro. O status de Hospital Acreditado (que corresponde ao atendimento dos requisitos de Nível 1) conota que a instituição é basicamente Segura. Isto é, possui estrutura adequada e corretamente dimensionada quanto a recursos: materiais, humanos, financeiros, de informações, serviços terceirizados e que estes garantem condições para a execução da assistência. Do mesmo modo, o atendimento dos requisitos para a segurança do paciente, gerenciamento de riscos, requisitos de estrutura física, infra-estrutura, o cumprimento das legislações pertinentes e a devida documentação são também aspectos avaliados. Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE ATUAÇÃO DO SERVIÇO DE CONTROLE DE Página: 227/240 INFECÇÃO NO PROCESSO DE ACREDITAÇÃO Considerando que a qualidade da assistência, na óptica da Acreditação, se dá nos três níveis, segurança, organização e excelência, pode-se dizer que a segurança depende, em grande parte, da atuação do Controle de Infecção, donde se pode concluir que a qualidade de um serviço de saúde está intimamente ligada à qualidade da atuação do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar/SCIH. A atuação do SCIH sistemática, regular e pró-ativa com perfil preventivo; com medições adequadas; controle e monitoramento de eventos; treinamentos periódicos e educativos; indicadores identificados e avaliados e, através de estudos do impacto da sua ação, representam aspectos que garantem a segurança ao paciente. Além destes, cabe citar que a segurança implica na garantia de cuidados prestados por equipe habilitada e capacitada, orientações/ informações corretas aos pacientes e familiares, condições de higiene, conforto e privacidade que propiciam o bem-estar e contribuem para a melhora do estado geral. O SCIH se pauta em indicadores, os quais mostram o resultado da ação prestada, da prática institucional. Os indicadores da Comissão não só demonstram a qualidade assistencial a partir do controle das infecções como, também, através de índices baixos de infecção retratam a segurança do serviço. É sabido que a segurança do cuidado tradicionalmente vem sendo medida através da taxa de infecção hospitalar, amplamente utilizada como um dos principais indicadores de qualidade da assistência. Um importante aspecto a ser ressaltado no tema Segurança do Paciente se refere aquilo que é o próprio princípio da Medicina “Primum non noscere” (primeiro, não causar dano) de Hipócrates. Um paciente não pode entrar num Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 228/240 hospital e sair em condições piores de saúde das que entrou. Condições estas agravadas por circunstâncias que não aquelas que ocasionaram a sua entrada. Circunstâncias como, não isolamento de paciente infectado, que implica em transmissão para demais pacientes; bisturi não calibrado que queima o paciente durante a cirurgia; prescrições com letras ilegíveis que acarretam em administração de dosagens erradas de medicação; laudos laboratoriais dados a paciente errado pela falta de identificação adequada; queda do paciente do leito; úlceras por pressão acarretadas pela ausência de protocolo para mudança de decúbito etc denotam danos ao paciente. Muitos exemplos ou situações, parecidos com os descritos acima, já foram presenciados pelos profissionais da saúde envolvidos direta ou indiretamente no cuidado ao paciente. De qualquer forma, tanto os incidentes graves quanto os não tão graves demonstram o não gerenciamento de riscos e não-qualidade ainda presentes nas organizações de saúde e, em síntese, a falta de segurança. Muitas das práticas de controle de infecção e de epidemiologia têm muito a contribuir com o novo campo da Segurança do Paciente – em particular, o uso de definições padronizadas, monitoramento de taxas e indicadores, rigorosa coleta e análise de dados, capacitação/treinamento e o papel chave dos profissionais para monitorar problemas de segurança e implementação de práticas seguras. QUALIDADE NO HOSPITAL SÃO PAULO Atualmente o programa de qualidade do Hospital conta com o Sistema de Gestão da Qualidade HSP que é baseado no conceito de abordagem por Processos e tem como objetivo assessorar a Alta Direção como ferramenta de gerenciamento. Está estruturado em Comitês divididos em três níveis de Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 229/240 hierarquia (Central, Nível 1 e Nível 2), os quais configuram uma Rede de Multiplicadores. O desenho do Mapa de Processos do HSP contempla: macroprocessos, processos gerais, processos específicos, tarefas (Procedimentos Operacionais Padrão/POPs). Os macroprocessos são: assistência; abastecimento, administração/ liderança, apoio técnico e apoio diagnóstico. Representam toda a estrutura da organização e seus respectivos processos, fluxos e interrelacionamentos entre operações. O funcionamento e a operação dos Comitês estão baseados na metodologia do Sistema Brasileiro de Acreditação da Organização Nacional de Acreditação/ONA. Portanto, o Sistema de Gestão da Qualidade/SGQ do HSP é composto pelo Projeto de Acreditação, Mapa de Processos, Rede de Multiplicadores (Comitês), além do Sistema de Documentação e do Manual da Qualidade. O acompanhamento do SGQ e análise crítica se dão através de reuniões periódicas, capacitação dos multiplicadores e auditorias tanto internas quanto externas. O Sistema de Gestão tem cronograma e ações definidas, assim como a utilização de indicadores para monitoramento e melhoria de todo o processo. REFERÊNCIAS • Donabedian A. Explorations in Quality Assessment and Monitoring. Michigan: Health Administration Press, 1980. • Novaes HM, Paganini JM. Garantia da Qualidade: Acreditação de Hospitais para América Latina e Caribe. OPS e Federação Brasileira de Hospitais, Série Silos 13, 1992. Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Organização • Nacional de Acreditação. Manual Página: 230/240 Brasileiro de Acreditação - Organizações Prestadoras de Serviços de Saúde. Brasília: ONA; 2010. Kohn L, Corrigan J, Donaldson M, eds. To Errar is Human: Building a • Safer Health System. Washington, DC: Committee on Quality of Health Care in America, Institute of Medicine: National Academy Press, 2000. Wachter RM. Compreendendo a Segurança do Paciente. Porto • Alegre: Artmed, 2010. • Committee on Quality Health Care in America, Institute of Medicine. Crossing the Quality Chasm: A New health System for the 21st Century. Washington, DC: National Academy Press, 2001. Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 231/240 22. ROTINAS PARA TROCA, LIMPEZA E DESINFECÇÃO DE MATERIAIS E DISPOSITIVOS Existem várias técnicas de limpeza ou desinfecção possíveis dependendo dos componentes de cada dispositivo e de sua rotina de uso. Cada instituição deve estabelecer sua rotina de troca e o método utilizado para desinfecção e/ou esterilização de materiais baseado, primeiramente nas recomendações da legislação vigente e, a seguir, considerando a infra-estrutura local. Por exemplo: para a maioria dos materiais e equipamentos respiratórios classificados como “não-críticos” ou “semi-críticos” não existe recomendação específica em relação à freqüência de troca quando utilizado no mesmo paciente. Cada instituição deve estabelecer sua rotina baseados na infraestrutura local. Também existem materiais que são exclusivamente descartáveis, de uso único. Seguem algumas recomendações e sugestões para os materiais e dispositivos mais utilizados. Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES Página: 232/240 RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE ROTINA DE TROCA E DESINFECÇÃO DOS DISPOSITIVOS RESPIRATÓRIOS Para a maioria dos materiais e equipamentos respiratórios classificados como “não-crítico” ou “semicrítico” não existe recomendação específica em relação à freqüência de troca quando utilizado no mesmo paciente. Cada instituição deve estabelecer sua rotina baseados na infra-estrutura local. TIPO DE MATERIAL Água estéril do nebulizador/ umidificador Ambú Cateter de oxigênio e extensão Circuitos respiratórios/ umidificador Equipo de água destilada de nebulização Extensão do frasco de aspiração (látex ou silicone). Filtro Higroscópico/ Hidrofóbico Frasco de aspiração vácuo: portátil PERIODICIDADE DE TROCA - Trocar a cada 24 horas. - Manter protegido em embalagens plásticas, junto ao leito. - Não haverá troca programada. - Não haverá troca programada no mesmo paciente - Ausência de filtro higroscópico: a cada 07 dias. - Filtro higroscópico: apresentar sujidade e mau funcionamento. LIMPEZA/DESINFECÇÃO - Desprezar o líquido, higienizar o material e realizar novo preenchimento. Não acrescentar líquido para preencher o reservatório antes de higienizar. - Desinfecção de alto nível no CME a cada novo paciente ou se apresentar sujidade. - Desinfecção com álcool 70% a cada plantão e descartar na saída do paciente. - Desinfecção de alto nível no CME. - Troca a cada 24 horas - Desprezar frasco da água destilada e equipo. - Troca a cada 24 horas. - Desinfecção de alto nível no CME. - Troca a cada 48 – 72 horas ou apresentar sujidade e mau funcionamento. - Limpeza com água e sabão a cada plantão no - Desprezar a cada 48 – 72 horas. - Realizar limpeza com água e sabão e fricção com álcool 70% no expurgo Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 233/240 expurgo da própria da própria unidade. unidade. - Limpeza concorrente a - Realizar limpeza com água e sabão Frasco de aspiração cada plantão no expurgo e desinfecção com álcool 70% no vácuo: vidro da própria unidade. expurgo da própria unidade. Frasco de aspiração - Desprezar o frasco - Desprezar o frasco na lixeira vácuo: quando completar ¾ da infectante sem abri-lo no expurgo. descartável/Nasodreno capacidade do recipiente. - Manter protegidos em embalagens plásticas, Máscara de Nebulização junto ao leito. Máscara de Venturi/ - Desinfecção de alto nível no CME a - Limpeza com água e CPAP cada 24 horas. sabão e fricção com Inaladores álcool 70% a cada uso. - Troca a cada 24 horas. Sistema de aspiração - Desprezar a cada 72 - Troca a qualquer momento se fechado (Trach-care) horas. houver quebra de técnica. - Troca junto com o Tubo T circuito respiratório, ou - Desinfecção de alto nível no CME. Traqueinha antes, se sujidade. - Umidificador com água: Umidificadores (parede) troca a cada 24 horas. - Desinfecção de alto nível no CME. para nebulização - Umidificador sem água: troca a cada 7 dias. * Identificar os equipamentos respiratórios conforme a periodicidade de troca. ROTINA DE TROCA E DESINFECÇÃO DOS DISPOSITIVOS DIVERSOS TIPO DE MATERIAL Bandejas de procedimentos Recipiente para algodão seco e cotonetes Almotolias Dispensadores de BAG: sabão líquido e álcool gel PERIODICIDADE DE TROCA A cada uso - Limpeza a cada 7 dias. LIMPEZA/DESINFECÇÃO - Limpeza com água e sabão e fricção com álcool 70% - Limpeza com água e sabão e desinfecção com álcool 70%. - Descartar a cada 7 dias. - Anotar a data de abertura e manter tampa fechada. - Limpeza com água e sabão externamente diariamente Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 234/240 - Limpeza terminal na troca do BAG Braçadeiras de esfigmomanômetro: Tecido Braçadeiras de esfigmomanômetro: Nylon Derivação Ventricular Externa (DVE) EQUIPOS - Descosturar e encaminhar para lavanderia entre pacientes ou sempre que apresentar sujidade. Limpeza entre pacientes ou sempre que apresentar sujidade. - Esvaziar quando completar ¾ da capacidade do recipiente ou a cada 72 horas. - Limpeza com água e sabão e fricção com álcool 70% - Realizar limpeza e desinfecção no expurgo da própria unidade. - Desinfecção com álcool 70% onde será inserida a agulha. Utilizar agulha 30X7 e seringa de 60ml para evitar repetidas desconexões do sistema. PERIODICIDADE DE TROCA Trocar todo sistema a cada 72 horas Infusão contínua (sem desconectar do acesso venoso) Trocar a qualquer momento se houver refluxo sanguíneo, desconexão ou sinais de hiperemia no local da punção. Rotular data e período da troca. Trocar o equipo a cada infusão Infusão intermitente Trocar a qualquer momento se (administração de houver refluxo sanguíneo, antimicrobianos, drogas desconexão ou sinais de vasoativas) hiperemia no local da punção. Rotular data e período da troca. Sangue, hemoderivados ou Trocar equipo a cada frasco/ soluções lipídicas (NPP) infusão ou no máximo 24 horas ROTINA DE TROCA DOS DISPOSITIVOS VASCULARES LIMPEZA/DESINFECÇÃO Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 235/240 A cada 72 horas Trocar a qualquer momento se Para PVC (Pressão Venosa houver refluxo sanguíneo, Central) desconexão ou sinais de hiperemia no local da punção. Rotular data e período da troca. Para Diálise Peritoneal (aranha) Trocar após o término de cada banho Para PIC (Pressão Intracraniana) Não há recomendação para troca programada. EQUIPO COM CÂMARA GRADUADA - BURETAS Administração de medicamentos em geral Buretas para administração de leite e fórmulas lácteas via sonda orogástrica. TORNEIRINHAS/ EXTENSORES/ CONECTORES Conectados ao equipo Extensores PERIODICIDADE DE TROCA Trocar a cada 72 horas Trocar a qualquer momento se houver refluxo sanguíneo, desconexão. Trocar a cada 24 horas PERIODICIDADE DE TROCA Trocar a cada 72 horas Trocar a qualquer momento se houver refluxo sanguíneo, ou sinais de hiperemia no local da punção. Rotular data da instalação. Trocar a cada 72 horas Trocar a qualquer momento se houver refluxo sanguíneo, desconexão ou sinais de hiperemia no local da punção. LIMPEZA/DESINFECÇÃO Lavar com solução fisiológica 0,9% após cada uso. Rotular com nome do paciente, data e horário da instalação. Lavar com solução fisiológica 0,9% após cada uso. Rotular com nome do paciente, data e horário da instalação. LIMPEZA/DESINFECÇÃO Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 236/240 Rotular data da instalação. Transdutores Conectores valvulados SERINGAS Para bomba de infusão Para leite ou fórmulas lácteas CATETERES VENOSOS Trocar a cada 72 horas Trocar a qualquer momento se houver refluxo sanguíneo, desconexão ou sinais de hiperemia no local da punção. Rotular data da instalação. Trocar a cada 72 horas Trocar a qualquer momento se houver refluxo sanguíneo, desconexão ou sinais de hiperemia no local da punção. Rotular data da instalação. PERIODICIDADE DE TROCA LIMPEZA/DESINFECÇÃO A cada 24 horas Na presença de sujidade, recomendamos a troca do dispositivo A cada uso Na presença de sujidade, recomendamos a troca do dispositivo PERIODICIDADE DE TROCA LIMPEZA/DESINFECÇÃO Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE “Intracath”, cateteres de duplo ou triplo lúmen, cateter para hemodiálise (Shilley) CATETERES VENOSOS Swan-Ganz Cateter Periférico Na presença de sinais flogísticos, secreção local, obstrução ou indicação clínica. Não há recomendação para troca programada. Curativo com gaze e micropore: a cada 24 horas ou antes se apresentar sujidade ou sangramento. Curativo transparente: a cada 7 dias ou antes se apresentar sujidade ou sangramento. PERIODICIDADE DE TROCA Até 5 dias ou na presença de sinais flogísticos, secreção local, obstrução ou indicação clínica. Curativo com gaze e micropore: a cada 24 horas ou antes se apresentar sujidade ou sangramento. Curativo transparente: a cada 7 dias ou antes se apresentar sujidade ou sangramento. Adulto: Até 72 horas Pediatria: Não há recomendação para troca programada. Trocar a qualquer momento na presença de sinais flogísticos, secreção local, Página: 237/240 Curativo: Limpar com solução fisiológica e clorexidine alcoólico, somente no local da inserção do cateter – data e hora. UTILIZAR TÉCNICA ASSÉPTICA LIMPEZA/DESINFECÇÃO Curativo: Limpar com solução fisiológica e clorexidine alcoólico, somente no local da inserção do cateter – data e hora. UTILIZAR TÉCNICA ASSÉPTICA Curativo: Limpar com solução fisiológica somente no local da inserção do cateter - data e hora. UTILIZAR TÉCNICA ASSÉPTICA Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE PICC (Cateter Central de Inserção Periférica) PAM (Pressão Arterial Média) e Flebotomia CATETERES VENOSOS Cateter Umbilical Arterial obstrução, infiltração ou indicação clínica. Curativo: trocar a cada 24 horas para curativos com micropore, 72 horas no caso da película transparente, ou antes, se apresentar sujidade ou sangramento. Na presença de sinais flogísticos, secreção local, obstrução ou indicação clínica. Não há recomendação para troca programada. Trocar a qualquer momento na presença de sinais flogísticos, secreção local, obstrução ou indicação clínica. Curativo transparente: a cada 7 dias ou antes se apresentar sujidade ou sangramento. Página: 238/240 Curativo: Limpar com solução fisiológica e utilizar clorexidine alcoólico, somente no local da inserção do cateter – data e hora. UTILIZAR TÉCNICA ASSÉPTICA Até 5 dias Trocar a qualquer momento na presença de sinais flogísticos, secreção local, obstrução, infiltração ou indicação clínica. PERIODICIDADE DE TROCA Até 96 horas Remover a qualquer momento na presença sinais flogísticos, secreção local, obstrução, mau funcionamento ou LIMPEZA/DESINFECÇÃO Curativo: Limpar com solução fisiológica e utilizar clorexidine alcoólico, somente no local da inserção do cateter. Hospital São Paulo SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Comissão de Epidemiologia Hospitalar DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Página: 239/240 complicações ao recémnascido. Cateter Umbilical Venoso Cateter Diálise Peritoneal Até 96 horas Remover a qualquer momento na presença sinais flogísticos, secreção local, obstrução, mau funcionamento ou complicações ao recémnascido. - Não haverá recomendação de troca programada. Remover a qualquer momento na presença sinais flogísticos, secreção local, obstrução ou mau funcionamento. Curativo: Limpar com solução fisiológica e utilizar clorexidine alcoólico, somente no local da inserção do cateter. Curativo: Limpar com solução fisiológica e utilizar clorexidina alcoólico, somente no local da inserção do cateter. REFERÊNCIAS • CDC. Guidelines for preventing health-care associated pneumonia. Recommendations of the CDC and the HealthCare Infection Control Practices Advisory Committee. MMWR 2004; 53(N°RR-3) . • CDC. Guidelines for the Prevention of Intravascular Catheter-Related Infections MMWR 2002 ; 51 (Nº RR10) • APECIH - Associação Paulista de Estudos e Controle de Infecção Hospitalar. Monografia: Prevenção da infecção do trato urinário hospitalar. São Paulo, APECIH, 2000.