1 SOFRIMENTO PSIQUICO DE CRIANÇAS EM

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Fepal - XXVI Congreso Latinoamericano de Psicoanálisis
"El legado de Freud a 150 años de su nacimiento"
Lima, Perú - Octubre 2006
SOFRIMENTO PSIQUICO DE CRIANÇAS EM INSTITUÇÕES
FUNÇÕES PARENTAIS E APRENDIZAGEM 1
Maria de Lourdes Teodoro2
RESUMO
Recorte de uma pesquisa mais longa, o trabalho investiga o modo como a insuficiência das
funções parentais gera sintomas na criança, a exemplo da dificuldade de aprendizagem, causa
de sofrimento psíquico; considera a relevância da inclusão social e levanta a hipótese de que
crianças em instituição podem ser ajudadas pela psicanálise, que devolve à criança a
capacidade de aprender: pensar, julgar e agir. O trabalho conclui sobre a vantagem para a
criança, em situação de risco social, de submeter-se à análise pessoal.
Palavras-chave: criança, aprendizagem, sofrimento psíquico, risco social, funções parentais.
INTRODUÇÃO
À Psicóloga Landecy Martins
À psicoanalista Silvia Valladares
“A hospitalidade, tanto para com o que é familiar quanto
para o que é estranho, é a razão de ser da psicanálise.”
René Major, Presidente da Sociedade Internacional de
História da Psiquiatria e da Psicanálise, idealizador dos
Estados Gerais da Psicanálise.
A clínica psicanalítica observa que, quanto mais desejada e planejada
uma criança, mais importante se torna seu lugar na afeição parental.
Freqüentemente, a demanda parental, para uma análise de criança, traz
à tona os déficits de capacidade e a inadequação do comportamento, sendo
que o sofrimento psíquico da criança é raramente evocado pelos adultos. E,
possivelmente, ele não é evocado por não ser percebido como tal. Na criança
em idade escolar, o sofrimento psíquico, ou o que dele se dá a ver: o sintoma –
com freqüência - aparece imbricado nas dificuldades de aprendizagem e de
relacionamento em grupo.
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O presente trabalho é produto de uma primeira experiência de dois anos, como psicanalista voluntária,
em uma instituição para crianças órfãs em Brasília – Brasil.
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Psicanalista em formação no Instituto Virgínia Leone Bicudo de Psicanálise, da Sociedade de Psicanálise
de Brasília.
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A abordagem aqui feita busca compreender, sobretudo, o modo como a
deficiência das funções parentais pode afetar a pulsão epistemofílica na
criança e gerar sofrimento psíquico intenso, que se dá a ver através de
sintomas os mais variados e coloca a criança em risco de ruptura em seu
desenvolvimento com a conseqüente ruptura com a ordem social e cultural.
Diante de várias questões interessantes, observadas ao longo de dois
anos de trabalho no caso clínico a ser abordado nesse trabalho, fiz a opção
pela reflexão sobre a deficiência das funções parentais e as dificuldades de
aprendizagem.
Objetivos
O objetivo geral é investigar os problemas a enfrentar no trabalho
psicanalítico com crianças isntitucionalizadas. O objetivo específico é ajudar
meu paciente a “encontrar um sentido na vida (BETTELHEIM, 1980). Ao longo
do percurso, vi que esse objetivo devia se tornar menos pretensioso: o
“sentido” a ser encontrado poderia referir-se à redução da intensidade de seu
sofrimento, por via da produção de um relato de sua história emocional.
Justificativa
As crianças em situação de risco social, estão em uma condição
semelhante à daquelas crianças atendidas pelo pediatra e psicanalista Donald
Woods Winnicott, no período
da Segunda Grande Guerra (1939-1945):
“evacuadas”, órfãs, abandonadas, rejeitadas, ou “deixadas com alguém” por
um período difícil para os pais (WINNICOTT, 1999).
Sabendo-se que, no Brasil, há cerca de um milhão de crianças e
adolescentes institucionalizados (ABREU, 2002), como tornar os benefícios da
psicanálise acessíveis àquelas que os quiserem? Quais são os riscos em que
se incorre, em tal experiência, como contorná-los? Convém lembrar Bion ao
dizer que “um bom analista está sempre lidando com uma situação
desconhecida, imprevisível e perigosa” (BION, 1989). Quando se inicia nesse
campo, como é o meu caso, só é certo que se lida – de todo modo – com o
desconhecido e com o imprevisível, portanto, com o perigo.
Experiências inspiradoras
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Hélio Pellegrino, então membro da Sociedade de Psicanálise do Rio de
Janeiro e Ana Katrin Kemper, criaram uma Clínica Social da Psicanálise, em
1971. A clínica se propunha a oferecer tratamento analítico aos mais carentes.
Essa iniciativa influenciou os mais jovens à época, quando o Brasil vivia sob
regime ditatorial (ROUDINESCO/PLON, 1998). Hoje, a Sociedade de
Psicanálise de Brasília, por exemplo (há outras instituições psicanalíticas que o
fazem também), oferece uma clínica psicanalítica, com preços mais acessíveis,
que é ao mesmo tempo espaço de estudos e pesquisas, para candidatos em
formação em psicanálise, sob a supervisão dos didatas da instituição. O tema
é muito atual, pelo significativo crescimento do trabalho voluntário, de um modo
geral, em instituições. Lembre-se que, na França, por exemplo, mais
recentemente, muitos psicanalistas tem levado a psicanálise a moradores de
rua e a instituições, embora mantenham também, e necessariamente, sua
clínica em consultório (ROUDINESCO, 1999).
Caso os resultados deste trabalho se mostrem promissores, eles
poderão, eventualmente, favorecer, por um lado, o interesse da instituição pela
clínica psicanalítica, por outro lado, poderão sensibilizar analistas em formação
e já formados, para a infância e a adolescência, nessa faixa socio-econômica.
Finalmente, o tema poderá alertar para a relação crucial entre os problemas de
aprendizagem e as questões subjetivas. Não há como superar plenamente
dificuldades de aprendizagem, inibição face ao conhecimento, sem elaborar no
campo próprio – o campo da realidade psíquica – problemas subjetivos que
comprometem o desenvolvimento integral da criança.
A INSTITUIÇÃO
Trata-se de uma instituição privada, declarada de “Utilidade Pública”,
organizada em dez Casas-lares, cada uma com um casal e nove crianças e
adolescentes, de 2 a 18 anos. Próximos às casas, vários outros prédios
garantem a estrutura de funcionamento.
Quem é o paciente?
Klaus – nome fictício – é um garoto de 8 anos, com desenvolvimento
físico adequado para sua idade e sem déficits de origem orgânica. Sua história
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dos primeiros anos me foi relatada por sua mãe biológica, a partir do relato de
sua madrinha. Durante os primeiros meses de análise, manteve uma postura
corporal de uma criança de cerca de dois anos, embora falasse muito, quando
sentado, parecia ter algum problema grave na coluna, e esta minha impressão
só se dissipou quando pudemos brincar com isso e ele, aos poucos, pode ficar
na postura normal.
Pelo relato da mãe, Klaus nasce de parto cesariana, de gravidez a
termo, é amamentado durante três meses, tem problemas demorados de
icterícia: manchas pretas pelo corpo. Primeiro filho de uma mãe adolescente,
solteira. O bebê sustentou a cabeça com 2 meses, sentou-se aos 6 meses,
engatinhou aos 8 meses, andou aos 9 meses, dentição aos 8 meses, balbuciou
com 1 ano, pronunciou as primeiras palavras com 1 ano e 6 meses: água, me
dá, “quer papa”.
Dois meses após o nascimento, Klaus foi deixado aos cuidados de sua
madrinha (um casal estrangeiro) até os dois anos, quando voltou a morar com
sua mãe. Ele obteve o controle diurno dos esfíncteres aos dois anos, o controle
noturno, mais ou menos aos quatro anos. O sono era tranqüilo, salvo “entre os
quatro e cinco anos, quando acordava andando pela casa, dormindo. Falava
um pouco dormindo, depois parou”.
Família social: Dona Alzira, Seu marido, sua filha e seus oito “filhos sociais”,
com os quais Klaus mora durante a semana. Mãe biológica: Dona Marta, Seu
Artur, seu filho de um ano, um filho adulto do Seu Artur e uma irmã adulta de
dona Marta, moram juntos. Com eles, Klaus passa os finais de semana e as
férias. Dona Marta relata depressão pós-parto. A gravidez foi indesejada, o filho
é rejeitado. Pouco depois de um ano de nascido, ela estabelece um
relacionamento permanente com seu atual parceiro, pai do seu segundo filho.
RECORTE DO CASO CLÍNICO
Motivo da consulta
Os pais sociais, a instituição e a família querem o fim do comportamento
anti-social de Klaus: morder, roubar brinquedos, mexer obsessivamente em
lixeiras, “procurando algo”, não poder ouvir um não, sem entrar em crises de
agressividade nas quais rasga livros, rasga cadernos, joga coisas no chão”,
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comportar-se mal à mesa. Em sua casa ele é acusado de atear fogo, roubar,
fugir de casa, dormir na rua, ter sido expulso da escola e “ter problema com a
questão de autoridade”, enfim, “é um menino problema”. A mãe o vê ainda
como uma perigosa ameaça para o irmão menor. Ela teme que ele lhe “faça
algo”.
Aos oito anos, Klaus é encaminhado à Instituição, devido aos maus
tratos por parte da família, particularmente da mãe. Nesse momento, sua mãe
está no oitavo mês de gravidez de seu irmão. Antes de vir para a Instituição, o
paciente esteve em acompanhamento no COMP – Centro de Orientação
Médico Psicopedagógica, órgão da Secretaria de Saúde do Distrito Federal. A
psiquiatria reconhece problema de fundo emocional.
O contrato
O contrato para o atendimento de Klaus foi definido com a equipe da
Instituição constituída pela mãe social, a psicóloga, diretora de Psicologia, a
assistente social e a analista. Nesse contexto, são trazidas as ponderações
contratuais lembradas por Freud, não ao paciente diretamente, mas a alguns
dos seus responsáveis. A criança me é apresentada, logo após esse encontro,
e o contrato é mantido pela criança.
O setting
O “Consultório Psicológico”, onde foi feito o atendimento, duas vezes por
semana, dispunha de duas caixas e um armário com brinquedos, alguns
bonecos, material para desenho e pintura e revistas. Alguns móveis, duas
grandes almofadas, um tapete, filtro de água, geladeira, ventilador, um
aparelho de ar refrigerado
A analista podia sentar-se na cadeira, no sofá, em almofadas no chão,
ou ficar de pé nas brincadeiras, conforme a atividade proposta pelo paciente.
A demanda do paciente
A demanda feita por Klaus em sua primeira sessão: “aprender, ler,
escrever” e ser aceito, ser incluído, ser amado.
Construção da interdisciplinaridade em espaço institucional
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A interdisciplinaridade foi sendo construída de acordo com a
necessidade de apoio ao paciente. Antes do início do tratamento, já havia um
diálogo entre a escola de Klaus e o serviço de psicopedagogia da rede pública
de ensino.
Observe-se que onde realmente houve um trabalho interdisciplinar, os
resultados foram indiscutíveis. Em geral, ocorreu mais um atravessamento da
interdisciplina que uma verdadeira prática interdisciplinar.
Questões de aprendizagem: psicopedagogia e psicanálise
A avaliação psicopedagógica favoreceu trazer sua mãe para o campo da
atenção dada a seu filho. Os resultados dos testes psicopedagógicos, no que
se refere à coordenação motora, não coincidem com o que é possível ser
observado durante as sessões de análise. Enquanto a pedagoga observa que
sua coordenação motora é “muito defasada, com mais ou menos 5 anos”, ele
joga palitinhos e monta um lego que é um robô, com muita habilidade. Seu
desenho, porém, é muito pobre, deixando perceber que ele não tem “um bom
traçado”, como observou a psicóloga Odete Rodrigues.
Creio que,
da
linguagem do desenho para a linguagem verbal, esse “traçado” corresponde ao
que Bion chama de “evacuação”: uma fala atropelada, sem sentido aparente.
No entanto, o interesse dos desenhos sem “um bom traçado”, quando
produzidos em análise, foi o de permitir, a partir deles, que Klaus elaborasse
experiências emocionais.
Quando os testes da psicopedagoga revelam que ele está “querendo
relacionar som e grafia”, cerca de dois meses depois, ele “já está lendo tudo”,
como disse sua mãe, com seu primeiro entusiasmo com o filho. Quanto à parte
cognitiva, ele “faz julgamento mais de percepção do que pela lógica”, observa a
pedagoga. É difícil no campo analítico encontrar o significado dessa avaliação,
quando tenho nas sessões uma criança com capacidade de discernimento,
percepção rápida, ativa, julgamento crítico, e sensibilidade. Quanto à lógica,
sempre me impressionou sua
capacidade de construir novas e coerentes
regras para jogos cujas regras lhe desagradavam (em geral por expor sua
incapacidade de lê-las). Quando se defende contra a depressão e funciona na
condição maníaca, pode ocorrer falta de lógica: subir no armário, voar, pular do
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alto do armário no sofá; jogar objetos nas pás do ventilador, etc. Todas as
ações remetem, no entanto, a uma outra lógica: a do inconsciente.
No que se refere às relações sociais, a avaliação da psicóloga O.G.
Rodrigues se encontra em maior sintonia com o que se observa na análise.
Entretanto, suas observações de que Klaus “perde e ganha sem problemas”,
“aceita regras e limites”, podem se verificar muito flexíveis no contexto
analítico. É, de longe, a questão do limite a mais espinhosa para Klaus, como
se observou em outro ponto deste trabalho. Raramente ele passa uma sessão
inteira, sem sofrer ou se aborrecer por “perder” nos jogos e brincadeiras (dama,
dominó, batalha espacial, etc.). Na fase final dos testes, realizados pelas
psicopedagogas, a mãe biológica solicitou a retirada da criança desse
importante suporte.
Análise de crianças
Na clínica de orientação kleiniana, o essencial, dirá Silvia Valladares, é o
trabalho com as emoções, com o sofrimento. E manejar a transferência é
possibilitar a expressão dessas emoções e dar-lhes sentido, de modo a tornar
possível, para o paciente, o aprender com a experiência
(VALLADARES,
2003). Pós-kleiniano, Bion avançará esses aspectos da técnica, propondo a
necessidade de reverie3 para a eficácia do par analítico
(VALLADARES,
2003).
Em O estádio do espelho (1936) e em A Família (1938) texto do qual
vários conceitos serão revistos ao longo de sua obra, Lacan analisa a estreita
relação entre a instituição familiar e a constituição ou a estruturação subjetiva
do sujeito humano. Ele demonstra, por um caminho diverso do de Winnicott,
como é que tudo “começa em casa”: ao Real do corpo, a mãe irá trazer o
Imaginário e o Simbólico que – em nome do Pai, introduzirão o bebê na ordem
familiar e no mundo da cultura.
Os registros do Imaginário e do Simbólico e a categoria do Real foram
sistematizados por Jacques Lacan. Em seu Seminário 22, R.S.I. réel
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“Reverie” é o estado mental que está aberto à recepção de qualquer “objeto” vindo do objeto amado e é
portanto, capaz de receber as identificações projetivas do bebê, sejam elas sentidas como boas ou más”.
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symbolique, imaginaire, cerne de sua teoria, com a releitura de toda a obra de
Freud, é uma contribuição ímpar à teoria freudiana da psicanálise.
Em uma simplificação razoável, se pode dizer que o real é um elemento
da exterioridade que, ao tocar o sujeito, escapa à produção significante e, a
partir dessa impossibilidade, produz no sujeito um efeito de sideração; não se
inscreve senão como marcas, efeitos desse estranhamento na subjetividade.
Esse corpo estranho não é nomeável. “Um elemento da exterioridade
permanece no Real quando – ao tocar o sujeito – escapa à produção
significante (RUFFINO, 1993).” Ou “o Real é a terceira dimensão, o que faz
com que r. s. i. façam 3” (Lacan, Apud, PORGE).
O imaginário, pode ser dito um elemento que, vindo de fora, se oferece
enquanto imagem. “Um elemento da exterioridade será pertinente ao
Imaginário no instante em que se oferecer enquanto figura representacional
(RUFFINO, 1993).”
O simbólico pode ser descrito como um elemento da exterioridade que, ao
tocar o sujeito, o produz, determina, ou sustenta e o altera em sua
subjetividade. Rodolfo Ruffino diz ainda que “o simbólico se interpõe, como se
fosse um pacto, em posição terceira, como mediação reguladora entre o sujeito
e tudo aquilo que ele confronta. Ele comparece em forma de lei que interdita,
mas igualmente possibilita e sustenta a subjetividade (RUFFINO, 1993).” É a
ordem lógica de várias funções e operações próprias do sujeito humano.
“O simbólico está em terceiro, numa relação de objetos constituídos pela
relação imaginária. O atributo da efetividade é expresso pelo simbólico e o
real.
A ordem simbólica: Lei, cultura.
Quando a criança brinca e simboliza, ela tem no brinquedo sua
linguagem, seu modo de estar no mundo, ela metaforiza sua inserção na
família, na escola, na cultura. No brincar, a criança em sofrimento psíquico
deixa falar seu inconsciente, expressa suas dificuldades ou sua impossibilidade
de lidar com a frustração e de aceitar limites. E, em psicanálise, o que faz limite
Bion, Apud Edna O’Shaughnessy, “A teoria do pensar em Bion e novas técnicas em análise de crianças”,
Melanie Klein Hoje, Vol. 2, Rio de Janeiro, Imago, 1990.
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é a função paterna, vetorizada pela função materna. Nome-do-pai, Lei, limites
são outras formas de dizer da ordem simbólica (CORIAT, 1990).
Mesmo submetida à lei simbólica, uma filiação que “se quebra, se rompe
ou se ignora” é um fator que põe em risco a criança.
Ao final da substituição metafórica, o pai passa a ser referido ao falo
pela criança, enquanto objeto do desejo da mãe. É apenas nessa medida que o
Pai real foi investido como Pai simbólico, pela mediação do Pai imaginário. Daí
por diante, toda referência ao pai está associada ao desejo da mãe; é apenas
um puro significante, o primeiro significante introduzido na simbolização, isto é,
o significante materno: é esta a função do pai no complexo de Édipo (DOR,
1991).
Se o mecanismo cujo objetivo é manter afastado da consciência todo
representante da pulsão que poderá provocar mal-estar ao eu – o recalque
primário – fracassa, a imagem deixa de exercer o efeito formativo do tempo
inaugural do ser, que é unificante, tornando-se abusivamente alienante. O bebê
fica, assim, exposto ao risco das micro-forclusões nas neuroses ou de
forclusões nas psicoses (MOLINA, 2001). Essas são questões preliminares ao
problema do sintoma e da transferência, na infância.
A Transferência na infância
Françoise Dolto, em No Jogo do Desejo, observa – na análise de
crianças - o modo como desenhos e modelagens equivalem a associações
livres, testemunhas adjacentes da vivência transferencial (DOLTO, 1984). Em
A Família (1938), Jacques Lacan irá, por sua vez, remeter o sintoma da criança
à realidade psíquica do casal parental (LACAN, 1981). Erik Porge afirma que,
na criança, a transferência tem um papel diferente do que tem no adulto, pois
não substitui uma neurose comum, mas é uma neurose comum que substitui
uma neurose de transferência não resolvida. A criança dirige sua neurose de
transferência a “qualquer objeto parental próximo: o pai, a mãe, um irmão, uma
irmã...”. Ele acrescenta: “A neurose de transferência eclode diante de quem
não mais sustenta a transferência da criança, nas ocasiões, bem freqüentes,
de uma mudança de lugar na família, por nascimento ou morte”. Isso ocorrerá
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no momento em que os pais deixam de sustentar o lugar de sujeito suposto
saber . Para Porge, o limite do papel do analista, na análise de criança, está na
sua possibilidade de restabelecer a transferência posta à prova no romance
familiar. Só assim é pensável o fim da análise da criança (PORGE, 1995)”.
Sintoma
Sintomas são produções do inconsciente e ocorrem quando alguma
função do corpo passou por alguma modificação inusitada ou quando uma
nova manifestação surge desta. Por exemplo, a função sexual, a função de
estudar e aprender podem ser perturbadas pelo sintoma. Ele vem no lugar de
algo que não aconteceu. O que não aconteceu é o que foi recalcado: a não
satisfação da pulsão. O recalcamento é a pré-condição da manifestação do
sintoma.
O sintoma neurótico é uma formação de compromisso, na medida em
que, sendo o retorno de uma satisfação pulsional, sexual, há muito recalcada,
nele se exprime também o recalque (FREUD, [1916-17] 1976). Para Lacan, o
sintoma é produzido no simbólico e realizado no Real. No caso do sintoma da
criança, Lacan dirá que ele não é mais do que o representante de três
verdades: a verdade do casal parental, a verdade do fantasma da mãe, e
aquela
de
seu
desejo
quando
seu
filho
encarna
o
objeto
(Apud
JERUSALINSKY, 1999). É dessa realização do sintoma no Real que nos fala
Jerusalinsky (na perversão, o que é negado é também afirmado, e retorna no
simbólico como fetiche, sendo o objeto o falo) quando, no caso clínico da
menina Alice, afirma que quando o significante fica capturado no real da
imagem, a insuficiência do sujeito infantil faz-se carne. Emerge, então, o corpo
sem saber próprio do symptôme ou do sintoma clínico, lugar infantil de
detenção e retorno, onde o sujeito se enuvia (JERUSALINSKY, 1997). No
Seminário De um Outro ao outro (1969) Lacan dá a seguinte definição de
perversão: “perversão é se fazer objeto a serviço do gozo do outro”,
negando que o perverso só pense em seu próprio gozo” (JULIEN, 2002).
No campo da neurose, o recalque faz com que o que é negado no
simbólico retorne no próprio simbólico, enquanto
sintoma, como sendo o
objeto do desejo do Outro.
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O sintoma pode ter como expressão a restrição de certas funções do
corpo, mas tal restrição pode ocorrer também em função da inibição, que é, diz
Freud, a “expressão de uma restrição de uma função do ego” (FREUD, 1926).
Para Lacan, a inibição é produzida no imaginário e realizada no simbólico.
Sintoma de infância e estrutura subjetiva
Como vimos em Melanie Klein (KLEIN, [1955], 1991) ao brincar, a
criança deixar falar seu inconsciente, uma vez que é através da brincadeira, do
jogo, que a criança se apropria dos significantes que a marcaram (CORIAT,
1990). Daí ser também o brincar um instrumento chave na produção de um
sujeito desejante. Jerusalinsky, acima citado,
refere três variantes que
apontam para três posições do sintoma de estrutura ou sinthome: quando a
criança simboliza, o brincar é a realidade (na neurose); a criança fica capturada
no imaginário, quando a realidade é o brincar (na psicose); a criança fica no
registro do real: não há brincadeira, nem há realidade (no autismo) ou na
insuficiência.
Como se pode observar, com alguma freqüência, na clínica, os sintomas
são o resultado do lugar que a criança ocupa para o casal parental. E em
alguns casos, Coriat considera indispensável o trabalho também com os pais,
no tratamento psicanalítico da criança (CORIAT, 1990).
Se o brincar é a linguagem preferencial da criança, é através dele que
se pode desatar o nó do sintoma. “(...) O sintoma se resolve inteiro numa
análise da linguagem, porque ele é linguagem, da qual a palavra deve ser
liberta” (LACAN, 1953, “Relatório de Roma”; Apud, Joel Dor, Estruturas e
clínica psicanalítica). Assim, escutar a criança que brinca, em análise,
desenvolver a capacidade de reverie, permitindo o surgimento do par analítico
(BION), dá à brincadeira seu valor de linguagem. Como o viu Klein, o jogo é o
verdadeiro trabalho da criança, modo de representar suas fantasias, mesmo as
mais arcaicas, e que lhe permite controlar a angústia e elaborar os conflitos
(FERRO, 1995), é por isso que, é pelo brincar que se pode desatar o nó do
sintoma.
A EXPERIÊNCIA CLÍNICA
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Primeira sessão, de 11 de setembro de 2001
Na primeira sessão, Klaus narra a história do Rei Leão: “Rei Leão, o
pai dele tinha morrido, aí a mãe pegou, reuniu todos os bichos da selva e falou:
o rei leão morreu. Aí tinha um tio que era muito ruim e a mãe morreu também.
O hipopótamo, ele e o amigo gostavam de comer bichinhos”. Pergunto-lhe e
ele enumera com precisão, para incluir: “Gosto de números, do número 3,
qualquer número. E termina a enumeração das coisas de que gosta dizendo:
“eu não sei ler” Sua expressão era como se me dissesse: mas não se iluda,
veja o que há de errado comigo: “eu não sei ler!”. Diz também gostar do irmão
e da mãe biológica. Então eu lhe pergunto: Em que você acha que eu posso
ajuda-lo? E ele repete: “Eu não sei ler” e acrescenta: “Você pode me ajudar a
aprender, ler, escrever”.
Quando lhe pergunto: E sua casa? Ele se vê
remetido à casa da família social e cheio de constrangimento me diz que tia
Alzira é sua “mãe social” e me pergunta se eu sei o que é isso: “mãe social?”,
repete. Eu respondo que não sei e pergunto se há também “pai social” Durante
todo o tempo ele está ocupado em descobrir a sala, os brinquedos, as gavetas,
o armário e termina me propondo: “Por que a gente não faz uma brincadeira?
Você é o Piu piu e eu sou o Frajola. Frajola gosta de pegar o Piu piu e aí o Piu
piu não gosta.” Fim da sessão.
Leitura do caso clínico, a partir da primeira sessão
O Rei Leão, filme de Walt Disney, de 1988, fala da questão da
transmissão entre gerações, do cuidado do pai na educação de seu filho, do
carinho da mãe com o bebê, do ciúme do irmão mais novo, da maldade do tio
que trai o irmão mais velho - o rei - e o sobrinho, da importância dos laços de
amizade, de culpa e da coragem para enfrentar o desconhecido. Esses são
aspectos relevantes na história pessoal de Klaus. No filme a mãe não morre,
nem tampouco anuncia aos bichos reunidos que o “rei Leão morreu”; esses
dois aspectos não deixam, contudo, de revelar desejos inconscientes de Klaus.
A história abre assim a possibilidade para a realização de desejo, como um
sonho de criança. “Um sonho de uma criança, dirá Freud, é uma reação a uma
experiência do dia precedente, a qual deixou atrás de si uma mágoa, um anelo,
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um desejo que não foi satisfeito. O sonho proporciona uma satisfação direta,
indisfarçada, desse desejo (FREUD, 1915-16)”.
Em seu relato do filme, ele expressa ansiedades e desejos, por exemplo,
o desejo de um pai, que – como no filme – anunciasse à família e aos amigos o
nascimento de seu herdeiro. Ora, em uma das versões que faz da mesma
história, diz: “Rei Leão morreu em 92, e as três namoradas contaram para
todos os bichos”; lembre-se que Klaus nasceu em 93. Quando a mãe informa
os bichos que o pai morreu, ela o situa numa filiação, e o situa também na
ordem social, com sua particularidade. Esta é a mãe cujos segredos corporais
Klaus busca freneticamente conhecer, abrindo gavetas, entrando no armário,
tentando abrir minha bolsa à procura de balinha e comida.
A representação masculina, persecutória na narrativa do filme, nos faz
lembrar os avatares pelos quais passa a figura paterna na vida de Klaus. Dona
Marta não entende os problemas de comportamento desviante do filho, ao qual
ela “não deixa faltar nada”. Mas, a perseguição masculina evoca ainda “o tio
ruim”, tão presente em suas histórias, suas queixas após a passagem pelo
CRT- Centro de Recrutamento e Triagem, as angústias geradas por
acontecimentos traumáticos na Instituição, onde as crianças menores correm
riscos face aos adolescentes mais velhos ou a adultos. É Winnicott que chama
a atenção para o fato de que numa instituição que acolhe crianças e
adolescentes difíceis, os jovens que impedem que outros se beneficiem de
ajuda e tratamento deveriam ser afastados, para outro tipo de instituição, pelo
bem da maioria (Winnicott 1961).
Impasses da aprendizagem
Klaus freqüentou a creche até os 6 anos, quando foi para a Escola
Pública. De um modo geral, as crianças saem desta creche alfabetizados, o
que não ocorreu com ele. Ao iniciar o tratamento, Klaus estava repetindo a
Primeira Série do Ensino Fundamental e continuava analfabeto e sem acesso à
aritmética.
Em seu artigo “A organização das construções cognitivas a partir da
constituição subjetiva”, Sílvia Eugenia Molina se interroga sobre o que a
psicanálise infantil nos aporta para entender “o que possibilita que uma criança
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aprenda ou não”. Uma questão fundamental em suas argumentações é o modo
como foi constituída a cena edípica primordial, e como ocorreu o recalcamento.
É quase certo que os cuidados maternos primários recebidos da madrinha,
durante 21 meses, tenham garantido a Klaus o acesso à ordem simbólica. Vêse que a função paterna não parece ter funcionado como reguladora da relação
mãe-filho, senão de um modo deficitário, sobretudo após os dois anos. É
possível que este seja um caso onde Klaus tomou o Nome-do-Pai, mas não
tomou o Édipo, “quer dizer que a diferença de sexo e de gerações existe para
ele, mas não tem objeto”, gerando o que Jean Jacques Rassial denomina
“estado de não escolha”.
O recalcamento “cumpre função representativa e ativa, nas instâncias
inconscientes e pré-conscientes da estruturação subjetiva; a partir daí se
diferenciará o conhecimento como patrimônio do ego, permitindo as relações
da criança com a realidade e, em conseqüência, com a cultura” (MOLINA,
1995). De fato, a aprendizagem é um processo lógico, que não permite
queimar etapas. Após a radicalidade dos dezoito primeiros meses, nos quais a
criança organiza sua inteligência sensório-motora, ela é lançada no que Piaget
chamou de “revolução copérnica”, que começa com a linguagem e vai até os
sete ou oito anos. Durante esse importante período Klaus irá enfrentar terríveis
dificuldades para se subordinar à Lei e aos valores culturais: é quando ele é
objeto de uma regular violência doméstica, plenamente assumida por sua mãe.
No caso Klaus, os sintomas clínicos apontam um empobrecimento do
Simbólico. Inicialmente, a dificuldade de aprender a ler e a escrever e dominar
as operações aritméticas básicas, situou a criança em posição desconfortável
na sala de aula, e a excluiu de um considerável número de atividades. Seus
jogos e brincadeiras preferidos eram – no início - mais adequados a crianças
entre três e cinco anos. A condição de iletrado gerou também um tratamento
diferenciado e negativo, entre os irmãos sociais. Sua produção simbólica revela
um superego feroz, com muita culpa.
Verifica-se um empobrecimento do Imaginário, a falta de preparo dos
adultos para lidar com as limitações da criança, desde os dois anos, expõemna a conflitos identificatórios, levam-na à inibição de sua capacidade criadora e
reduzem seu mundo Imaginário, seus desenhos revelam muita inibição. Sua
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possibilidade de sonhar se vê comprometida por fantasias de traição e engano:
“não vou ser médico porque se o doente morrer, vão me prender”, etc. Não
pergunta o nome do tio, porque se perguntar “vão me enganar”, enfim. Há um
funcionamento persecutório face à busca de conhecimento.
Um comportamento desviante, marcado por uma agressividade não
controlada, acarreta rejeição da criança pela família, pelo grupo de
pares,
dentre outros agentes sociais, com os quais convive; a criança desenvolve um
sentimento persecutório, sugerindo a primazia do Real. Esta primazia é
também sugerida pela freqüência com que – tanto em análise – quanto nas
situações externas, ele funciona na posição esquizo-paranóide, por não tolerar
frustrações. Curiosamente, é na sala de aula onde é Klaus mais sociável e
raramente agressivo, contra terceiros.
Lembre-se que as características acima descritas, foram sensivelmente
alteradas, no curso da análise. As crises de agressividade de Klaus, ocorreram
de modo cada vez mais raro. Isso não significa que ele obteria por isso, maior
tolerância. Pelo contrário. O aumento da idade, faz – e é normal – aumentar a
exigência de adequação social e inversamente, reduzir a compreensão dos
desvios.
Registre-se que a sociedade tem plenamente razão ao punir o
desrespeito aos limites que a harmonia social requer. A direção da escola, o
motorista do ônibus, a professora na sala de aula, os pais sociais, todos,
investidos de suas responsabilidades – em princípio – ajudam a criança a se
relacionar com o mundo externo, de modo sociável.
Após 18 meses de análise, Klaus foi eleito representante de turma, pela
sua cordialidade, interesse pelos colegas, afabilidade. Foi o ano em que
aprendeu a ler. Um acontecimento infeliz – um ato de agressão física contra
uma professora - em julho, levou-a a ser transferido de uma escola comum,
para uma escola voltada para crianças com necessidades especiais (do ponto
de vista físico ou cognitivo). Seu estado alterado pareceria relacionado com o
fato de a sua mãe social, com quem mantinha então ótima relação, ter
abandonado sua família social, sem aviso prévio e sem explicações. O episódio
funesto - sua crise de agressividade - ocorreu no dia seguinte, durante o
recreio.
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Contexto familiar do paciente
Dona Marta, diz que nunca foi amada, e que saiu de casa, aos quatorze
anos, “porque não queria atrapalhar a vida da mãe com o padrasto”. Mãe
solteira, não se perdoou pelo que considerou ser “o seu maior erro na vida”.
Sua questão perde também a borda, e transborda, inundando seu filho, e
talvez, inundando seus filhos. É devido a esse transbordamento, que se pode
supor a insuficiência das funções parentais. É por caminhos como esse que a
criança é dita ter sintomas que dizem a verdade do casal parental. “Nunca
chamei ninguém de pai - dirá dona Marta - acho que pai é uma palavra que só
se deve dizer quando necessário”. E, sem o perceber, proíbe que o seu filho
venha a chamar alguém de pai. Assim, a palavra “pai”, mesmo que
“desconhecido”, se torna necessária, nos contextos formais ou legais, onde
finalmente chega, para se ocupar do seu filho, junto às autoridades. Assim, que
Klaus acredite “não saber escrever” por inibição, é mais condizente com o caso
em exame, sobretudo por se saber o peso da figura materna, quando recobre a
função paterna, de modo fálico. Mas, do que se trata, é mesmo do desejo de
Klaus, comprometido pela demanda materna.
O padrasto, Seu Artur, não se opõe a que a mãe diga ao filho o nome de
seu verdadeiro pai.
Aproximações teóricas
É na relação entre analista e analisando que a situação transferencial
mostra toda sua flexível intensidade (amorosa ou destrutiva).
Foram
freqüentes, no início do tratamento, usando a linguagem da escola inglesa, a
identificação projetiva4 maciça onde o analisando coloca dentro do analista
aspectos destrutivos que ele não consegue conter. Sua postura corporal
durante as sessões foi durante meses, literalmente a de um bebê, embora
falasse e fosse bastante comunicativo. Mais tarde, após dez meses de
trabalho, começou a permanecer por mais tempo na posição depressiva:
4
O histórico do conceito kleiniano de identificação projetiva, é discutido por Manfredi, que propõe que
se pense na análise como sendo uma modificação das relações objetais internas. Produto de uma relação
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começou a desfazer a idealização da figura materna, relatando, de uma única
vez, os maus tratos a que fora submetido durante anos.
A proposta de brincar que ele é Frajola (o mais forte) e a analista o Piu
piu é exemplar de muitas outras situações que expressam onipotência e
mascaram um sentimento de pouca valia mas, o essencial, é que tais jogos
expressam o desejo de que a analista venha a experimentar e sentir as
emoções que o invadem, o que permite nomeá-las e apaziguar suas angústias
e temores, tornando-o capaz de pensar e aprender com a experiência.
É pelo manejo adequado da transferência que essa ansiedade é
trabalhada. De todo modo, a transferência negativa permite o avanço do
trabalho e a chegada de questões novas para a análise.
Foi no contexto de uma real aproximação de seus pais sociais, que
ocorreu uma primeira virada no caso de Klaus (o surgimento do ciúme da mãe
social em relação ao pai).
Enquanto um filho assumido tem a proteção do julgamento dos pais,
mesmo contra a sociedade, uma criança rejeitada pelos pais pode se beneficiar
de um cuidador, ou de pais adotivos, para o exercício da lei simbólica. Para a
criança aceitar as perdas da castração, ela precisa crer que algo de bom advirá
no futuro, mas já lhe é dada a prova da existência desse algo, no presente, “o
saco de ouro”: “Realização, reconhecimento social, emprego, trabalho,
possibilidade de apropriação do que, no discurso social, simboliza o objeto do
bem comum (JERUSALINSKY, 2003)”. É o que se verá quando os pais sociais
se tornarem confiáveis para a criança e cumprirem a função parental de modo
“suficientemente bom” (WINNICOTT, 1951).
É curioso observar o modo como os déficits de capacidade, revelados
pelo Klaus, apontam para o que Charles Melman, ao falar do sintoma da
criança, chamou de auto-proteção da criança, um gesto pelo qual ela se
mantém e subsiste na ocultação de uma subjetividade “de certo modo jogada
na cara do meio que a cerca (MELMAN, 1997)”. Para Jerusalinsky, é face a
uma ambigüidade indecifrável, ou quando ocorre uma hesitação insuportável
quanto ao nome que tem no Outro que a criança pode ser levada à
interpessoal , na clínica, a identificação projetiva seria “uma manobra realizada no objeto externo real, o
qual é levado para vivências especiais, que lhe seriam quase impostas”. (MANFREDI, 1998).
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psicotização ou ao enlouquecimento. Quando esse outro não responde, diz ele,
é como se saíssem do “leito do rio” e aprontassem por toda parte: “a correnteza
em que está a criança transborda, perde a borda”. Foi observado que quando
xingado de ladrãozinho, mendigo, sem pai, sem mãe, Klaus irrompe em crises
de agressividade incontroláveis. O padrasto observou a mesma coisa, quando
dizem a ele que ele não tem pai. “Ele fica doido”, como disse sua tia, ao pô-lo
para fora de casa, trancando a porta. De fato, a situação de Klaus é diferente
da maioria das crianças da instituição, que esperam serem adotadas. Ele o que
quer é, também, sair da instituição, voltar para sua casa. Assim é que os
déficits de capacidade estão freqüentemente voltados, na infância, para a
escola e o comportamento, como ocorre no caso em exame.
Freqüentemente, as crises de cólera e agressividade de Klaus são
desencadeadas por palavras ou ordens que não suportou ouvir dos irmãos
sociais, dos colegas ou das professoras, confirmando que “ce qui n’est pas
symbolisé, retourne du réel” (Lacan, 1975). O “boiola” que dormia na cama cor
de rosa, no quarto dos meninos, o “ladrãozinho” (de brinquedos, cuecas e
Reais), o “mendigo” (que sem pai, sem mãe, não tem casa e dorme na rua).
Mas é pela idéia de incompletude, de deficiência generalizada, que ele vai
assumir esse lugar que tem no Outro: “defi” (redução de “deficiente”) resumindo
essas incompletudes. É a partir desse Sn, que seu acesso ao saber se
bloqueia, até que ele possa “recordar, repetir, elaborar” (Freud, 1914). O que é
semelhante à produção de sua história emocional, por via de incansáveis
repetições, até vir a perceber o sentido, o seu lugar próprio nisso.
Embora se observe no paciente a inscrição subjetiva do Simbólico, um
certo número de formações clínicas, mostra que algo está obstaculizando que,
após o fim da crise edipiana, o recalcamento da tendência sexual, a partir desta
altura tornada latente, dê lugar a interesses neutros, eminentemente favoráveis
às aquisições educativas, como apontava Lacan em A Família.
Nesse ponto da pesquisa, pode-se observar a importância dos jogos,
brincadeiras, desenhos, colagens, como sendo a linguagem na qual –
associando livremente – a criança faz comparecer os significantes que a
marcaram. Donde a repetição incansável de tantos jogos, de tantas
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brincadeiras. Esses movimentos são uma oportunidade para a criança
aprofundar suas questões, reafirmadas verbalmente, a partir dos mesmos.
Klaus criou um personagem, cujo repentino crescimento, no segundo
ano de análise, lhe permitiu elaborar aquele momento de seu próprio processo
analítico, ou alguns dos seus sintomas, até o momento em que pareceu ter
podido dispensar essa fantasia, isto é: uma construção imaginária, que permite
a relação com o objeto (JERUSALINSKY, 2003). Graças à espécie de novela
que criou para seu personagem, ele passou dos dois aos oito anos, fez todos
os aniversários “no mesmo dia”, liberando seu autor para uma relação mais
verdadeira consigo mesmo. Retomada ao longo de vários meses, a história
durou até umas duas ou três sessões depois de o autor ter-se confundido,
claramente, com sua criação.
Naquele momento, ele estava, pela primeira vez, entusiasmado com a
possibilidade de aprender. Na relação com a professora que estava certa
também de que “Klaus não quer pensar”, ele “dormiu nas quatro provas”, de
final de ano. Foi dele a frase: “Eu não vou passar de ano, dormi nas quatro
provas”. O seu sono era surpreendente e pesado, dissera a professora. Ela não
pode acordá-lo. É possível que suas afirmações tenham fundamentação na
realidade psíquica de Klaus, naquele momento. Tal fato deu-se no período no
qual sua mãe lhe nega – uma vez mais - o acesso à filiação paterna, “ela não
quer soltar o segredo”, dirá ele. Não surpreende que esta criança, com tanta
privação, “não goste de subtração”. Afinal, ele não teve a possibilidade de
desmame, no conforto da reverie materna; ele acreditou ter um pai, que lhe foi
“subtraído” aos oito anos etc. Assim, ao dormir nas “quatro provas”, ele se priva
da confrontação com o seu “não saber ler” e não saber as questões de
matemática, e se esse desconhecimento é insuportável, é pela razão de se
opor ao seu desejo. Posso hoje imaginar essas quatro “provas” como os dois
casais que com duas famílias completas, não lhe dão direito a um pai e um
sobrenome paterno. São provas, como provações, privações. Uma vez que
isso é trazido pra a análise e trabalhado, o personagem de Klaus resolve
crescer, “aprender, ler e tudo mais”. Tal mudança,
sugere que, antes, ele
satisfazia o gozo materno.
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Aprender a ler e escrever foi mais uma conquista de Klaus, no sentido
de descolamento do desejo materno, contudo ainda lhe é impossível aprender
aritmética. Este aspecto é todavia pleno de paradoxos uma vez que, em uma
das avaliações de psicopedagogia, foi considerado “rápido em cálculo”, e nos
jogos onde comparece aritmética, ora sabe ou não sabe uma mesma coisa.
Em julho 2002, pela primeira vez, vejo Klaus escrever, sem qualquer
dificuldade e em letra cursiva, a palavra Bola, que corresponde a um objeto
muito freqüente em suas brincadeiras. Ele me pede que separe as sílabas, e
coloca um “C”, de certo, como o faria um professor.
No início do tratamento de Klaus, em 2001, eu confundi um pouco
minha função e cheguei a dar-lhe de presente uma pasta com lápis de cor e
papel, um caderno de caligrafia (ele só fazia letras maiúsculas) com frases a
serem copiadas, e uma tabuada. Ele perdeu logo tudo isso.
Em Novembro, 2003, Klaus me perguntou se eu ainda tinha “uma
daquelas tabuadas”, pois ele agora estava estudando Matemática, “acima de
tudo”. Esse pedido ocorreu na mesma sessão em que ele me contou que fez a
Carteira de Identidade. Se, por um lado, ele estava orgulhoso de tê-la dentro da
carteira, por outro, parecia envergonhado, não podia mostrá-la. Disse que sua
mãe preencheu um formulário onde estava escrito: “pai desconhecido”. O
significante pai se repete, freqüentemente, ao longo das mais de oitenta
sessões, e começa a sofrer um deslocamento, quando a ele não se segue uma
impossibilidade, relativa à aprendizagem, não se segue uma idéia “defi”, mas,
ao contrário, a ele se segue um voto em si mesmo, em favor do aprender
matemática.
Para chegar a esse momento, Klaus tem vivido, em sua análise,
situações ora prazerosas, ora difíceis, ora tenebrosas5. Klaus cria histórias,
brinca de teatro, desenho, colagens, polícia e ladrão, guerras, guerra do Iraque,
quebra-cabeça, adivinhas. Um exemplo interessante de suas adivinhas: “ O
5
Em uma determinada sessão, Klaus pegou vários objetos domésticos da caixa de brinquedos e montou
uma cena familiar: uma mesa muito bem posta, com pratos, talheres e alimentos: frango, macarrão, arroz,
salada. Pegou um pequeno armário e dentro dele colocou um casal. Depois, em um único gesto jogou
toda a mesa posta ao chão e ao retirar o casal, que parecia deitado, dentro do armário, não conseguiu abrir
a porta, entrando em pânico horrorizado. Esse pareceu um momento de captura no Imaginário, onde “a
realidade é a brincadeira”, um momento psicótico, de prevalência do Real.
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que é o que é, que vem vem e nunca chega?” ou “O que é que vai e volta e
não sai do lugar”?
Assim, é que chega até esse momento único, no qual ele encontra um
continente mais adequado e de significação durável,
quando entra na
almofada, fecha o zíper por dentro e, com minha ajuda, nasce devagarinho,
com expressão de júbilo: “brincar é uma operação clínica em si mesma, brincar
que seu próprio devir se constitui como “estruturante” (“Que se juega, cuando
jugamos”?). Ele virá, nas duas sessões seguintes, vestido com várias peças:
três camisas, cueca e duas calças, como se necessitando de peles protetoras
(BICK, 1960) para sua nova condição de recém-nascido: uma nova pele,
protegida por várias camadas de tecido macio e que aquecem. Esquecerá,
então, um casaco no consultório, indicando que começa a confiar no Outro.
Foi possível observar - nesse caso - que a duração de uma análise
de criança está bastante dependente da possibilidade de se conversar com os
pais ou responsáveis, quando necessário.
Considerações finais
Conclui-se pela inconsistência das funções parentais (família biológica
e família social) como fator decisivo para a
permanente instabilidade do
paciente. O “pai desconhecido” gera um prejuízo psíquico incomensurável,
caracterizando
uma
criança
tipicamente
abandonada,
embora
conte
materialmente com sua mãe e seu padrasto.
Em um comentário de Susane Rocha de Abreu, da Escola Paulista de
Medicina, da Universidade Federal de São Paulo, que ela encerra lembrando a
definição de risco dada pelo Aurélio: “risco é a situação em que há
probabilidades mais ou menos previsíveis de perda ou ganho”, a autora
examina algumas estatísticas da ONU – Organização das Nações Unidas, da
OIT – Organização Internacional do Trabalho, e nacionais. Há, diz ela, cerca de
um milhão de crianças e adolescentes institucionalizadas, no Brasil. Em
pesquisa sobre saúde mental, de crianças e adolescentes, criados em
instituições sérias e respeitadas, verificou-se que eles apresentam risco para
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transtornos psiquiátricos, cerca de seis vezes maior, em relação a quem vivia
com suas famílias (ABREU, 2002).
Assim, é importante que os pais saibam que vale a pena correr o
risco do ganho, investindo na saúde mental, na prevenção, na cura, no
tratamento e na educação de seus filhos, e isso ninguém pode fazer melhor
que uma mãe, e um pai, que assumem, plenamente, a responsabilidade pelo
crescimento sadio de seus filhos, ou enteados, ainda que não os amem
profundamente.
Com a morte anunciada do rei Leão, em uma de suas histórias, Klaus
expressa seu desejo de ver-se reconhecido nos laços familiares, ainda que seu
pai tenha sido dado como morto. Ao brincar, ao recortar figuras, constrói a
triangulação na qual nunca foi situado pela mãe. Esse rombo psíquico, gera
uma ferida narcísica, que a criança vem, lentamente, “elaborando” em seu
tratamento. Como se verificou, anteriormente, é no brincar que ele poderá vir a
dar sentido aos seus sintomas, libertando sua capacidade de abstração, sua
criatividade, de modo a poder “aprender”, conforme nos disse na primeira
sessão. Talvez, a partir daí, ele se veja melhor preparado, para ir atrás do seu
sentido na vida.
Nem todos os problemas aqui levantados puderam ser plenamente
contemplados e esclarecidos. Observou-se que o estabelecimento do Real, já
fazia parte da história médica do paciente, pois se supunha nele alguma
deficiência orgânica que o impedisse de aprender a ler. A análise mostrou que
as questões subjetivas é que faziam obstáculo à aprendizagem. Nesse sentido,
ficaram claros, tanto os efeitos nocivos dos sintomas no que se refere à vida da
criança, quanto os benefícios do desatamento de alguns desse nós, por via da
análise da linguagem: associações livres, brincadeiras, jogos, etc.
Se o que está em jogo na interdisciplina é uma visão global da criança,
nesse caso, esse era um esforço necessário, pois foi possível observar sua rica
contribuição. Não penso, todavia, que ela seja sempre indispensável, na prática
da análise de crianças de crianças.
Considerando-se o que, até aqui, se obteve de alívio do sofrimento da
criança, com o desaparecimento de vários sintomas, sua alfabetização e o
conseqüente aumento de sua auto-confiança, de sua aceitação familiar e
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social, sugiro a utilidade do tratamento psicanalítico para crianças em
condições semelhantes. Todavia, é muito cedo para se avaliar as repercussões
eventuais desse trabalho. Inclusive porque a manutenção das frágeis
conquistas, depende ainda dos contextos sociais (escolar) e familiares (família
biológica ou família social). E estamos sempre diante do imprevisível e do
desconhecido. Isto é: ajudar tais crianças e adolescentes é aceitar os riscos de
lidar com o imprevisível, como o é a própria psicanálise.
RESUMEN
Como sumario de una investigación más amplia, este trabajo muestra la manera como la
insuficiencia de las funciones parentales genera síntomas en el niño, ejemplificando la dificultad
de aprendizaje, como causa de sufrimiento psíquico; considera la importancia de la inclusión
social y levanta la hipótesis que de los niños en instituciones pueden ser ayudados por el
psicoanálisis, devolviendo al niño la capacidad de aprender: pensar, juzgar y actuar. El trabajo
concluye sobre la ventaja para el niño, en la situación de riesgo social, de someterla al análisis,
o a la psicoterapia infantil psicoanalítica
Palabras-llave: niño, aprendizaje, sufrimiento psíquico, riesgo social, funciones parentales.
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