Impacto social: Top 10 - últimos 2 meses

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Projeto da UFF oferece atendimento humanizado a
pacientes com câncer
seg, 29/05/2017 - 16:27
Por Dayane Alves (Estagiária de Jornalismo)
De acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), mais de 12,7 milhões de novos casos de
câncer são diagnosticados por ano em todo o mundo. Em 2016, estima-se a ocorrência de mais de 596 mil
casos no Brasil. Pensando em como tornar menos doloroso o tratamento e elevar a autoestima e esperança
dos pacientes, um grupo de profissionais da Universidade Federal Fluminense, conhecido como “Equipe
das Amarelinhas”, decidiu colorir e alegrar os corredores, enfermarias e salas de espera do Hospital
Universitário Antônio Pedro (Huap).
O programa Terapia Expressiva como veículo de Cuidado Integral
no Hospital Universitário Antônio Pedro (Teci-Huap) é um conjunto de ações voltadas à integralização e
humanização do cuidado em saúde. O “Cuidar de si com arte”, que existe desde 2010 e está em sua sétima
edição, é um curso de extensão da Pró-reitoria de Extensão (Proex), conta atualmente com 42 alunos e
oferece sessões de terapia expressiva a aproximadamente 50 pacientes oncológicos por semana. A atividade
é realizada de março a dezembro, durante os dois semestres letivos.
Os estudantes e voluntários do programa promovem atividades artísticas, exposições, eventos, vídeos,
dança circular no saguão do hospital, apresentam um coral terapêutico e também organizaram um livro, o
“Terapia expressiva - a arte do afeto colorindo um hospital”, publicado pela Editora da UFF (Eduff). O
projeto é composto por três equipes, com aproximadamente 15 voluntários multiprofissionais, que
participam do trabalho de campo e auxiliam nas atividades do projeto.
O “Cuidar de si com arte” é a principal ação do Teci-Huap, cujo objetivo é que o profissional de saúde e
universitários de diversas áreas tenham um espaço para cuidar de si, revisitar sua subjetividade e entrar em
contato com sua profissão. A “Infusão de Vida” é uma atividade que dá assistência aos pacientes do Huap
na sala de quimioterapia para casos graves. Neste trabalho, os alunos e voluntários do projeto vão ao
Núcleo de Atenção Oncológica (NAO), onde os doentes recebem o tratamento de quimioterapia intravenosa
para câncer, e à sala de espera do NAO, onde estão também parentes e acompanhantes. Dentre as ações
oferecidas pelo programa, destaca-se a “Hora da Visita”, que acontece na enfermaria de hematologia para
os casos mais graves, simbolizando saúde e esperança.
Quíron e a humanização do cuidado
O Quíron, do grego Kheíron (mão), é o ícone escolhido para representar o Teci-Huap. Quíron, um centauro
da mitologia grega, parte homem, parte animal, nos remete à dupla natureza dos seres humanos e era mestre
de diversos heróis gregos, a quem ensinou todas as artes, a filosofia e as ciências da cura. Paradoxalmente,
Quíron foi ferido na perna por uma flecha lançada sem querer por seu discípulo Héracles, embebida no
veneno da Hidra de Lerna, que provocava feridas incuráveis. Como era imortal, padeceria de dores terríveis
de forma perene. Ele era agora o curandeiro que não podia curar a sua própria ferida.
Por isso, Quíron representa a filosofia do programa de terapia expressiva, no qual profissionais de saúde
podem perceber que, embora tratem e curem tantas pessoas, também têm suas próprias mazelas e precisam
de um espaço para cuidarem de si mesmos. “O que queremos trazer para as pessoas que fazem o curso e
nossos voluntários é que não devemos nos esquecer de nós mesmos, para que possamos atender com mais
humanidade. Fazemos questão de entrar em contato permanentemente com a nossa dor, com a nossa
humanidade, para fazer as coisas com o coração”, afirma a médica terapeuta, professora e supervisora do
curso, Denise Vianna.
Para a médica, é um paradoxo falar em humanização em um trabalho cujo pressuposto é exatamente
humanizar. Segundo Denise, os estudantes de medicina e ciências da saúde em geral são estimulados a não
se expressarem. No curso “Cuidar de si com arte”, existe essa permissão para transformar a dor em algo
produtivo. “Numa área em que você tem que se responsabilizar pelo outro, não há momento para
demonstrar fraqueza. O treinamento é para você se desumanizar, ficar duro, enrijecer. É preciso ter
compaixão e sentir junto. Isso é o Quíron, é a humanização”, explica.
Cuidando de si
Para a voluntária Edwiges Barros, a terapia expressiva age em todos os que estão envolvidos em oferecer
esse tratamento. As tarefas não são impostas, as ideias surgem e são construídas em conjunto. As atividades
são intensas e mobilizam toda a equipe. “Planejamos o que os participantes farão e entregamos o material.
Ali, eles vão se expressando, dando vida ao material de acordo com o que estão pensando, e isso também
começa a mexer conosco. Às vezes, pensamos em um trabalho totalmente abstrato, mas não acontece nada
de abstração, vem um trabalho de muita interiorização, que mexe com eles e nosso íntimo”, ilustra.
Segundo Edwiges, a forma como enfrentamos as adversidades nos fortalece para a vida. Portanto, ver a
força com que alguém enfrenta uma doença tão agressiva como o câncer nos faz refletir sobre a dimensão
dos nossos problemas. “É uma via de mão dupla. Não estamos aqui fazendo o trabalho porque somos
bonzinhos ou apenas porque gostamos. Nós os tratamos e também recebemos tratamento”, reforça.
Já para a voluntária Nilma Araújo, são muitas as
experiências vividas no programa. Algumas vezes, as pessoas chegam tristes e, após as atividades, suas
expressões mudam. Para Nilma, o trabalho manual feito é a expressão daquilo que mudou dentro de cada
paciente e isso demonstra uma transformação nos sentimentos. “Certa vez, pedimos para uma participante
colar um coração vermelho em um papel, mas ela quis pintar de preto o espaço em seria colocado o
coração, pois era como ela se sentia naquele momento, e depois afirmou que um dia ela colaria o coração
vermelho naquele espaço. Ou seja, cada um tem o seu tempo e ela abriu a possibilidade de um dia aquele
coração preto, cheio de mágoa e dor se transformar em algo melhor. Esse é o grande benefício”, descreve.
Diversos materiais são utilizados durante as sessões de terapia expressiva, como papéis, tintas coloridas,
pedras, lã, cola, material plástico, tecidos, colagem de materiais de diversas texturas, música, contação de
histórias e até meditação. Denise Vianna afirma que não gosta de usar o nome “arteterapia”, pois pressupõe
que a pessoa tem que ser artista. “É terapia pela expressão, pois expressão pode ser qualquer coisa, rasgar,
pintar, fazer o que quiser”, ressalta.
A partir do trabalho de terapia expressiva, foi desenvolvida uma pesquisa qualiquantitativa que virou livro.
O estudo observou o que a equipe fez e atestou a eficiência do tratamento. “Eu sabia da eficácia, mas
precisava comprovar. O nosso trabalho não é apenas uma brincadeira, é um tratamento”, atesta Denise. Ela
também acredita que cada pessoa que passa pelo tratamento tem em si o poder de cura e transformação.
“Tentamos ficar invisíveis para que eles fiquem à vontade para definirem a atividade que vão desenvolver,
a gente não impõe nada”, justifica.
Edwiges Barros explica que, na condição em que se encontram os pacientes, é muito fácil se negar a
participar da terapia. “Se você der um empurrãozinho, eles cedem e se desarmam. O ato de se defender é
um impulso muito forte, mas naturalmente respeitamos os limites de cada um e os deixamos à vontade”,
alega. Já segundo Nilma Araújo, a produção dos pacientes durante as sessões os empodera e isso se reflete
em sua melhora tanto emocional, quanto física.
Abaixo, Denise Vianna fala um pouco mais sobre o programa de Terapia Expressiva:
Como surgiu a ideia de montar o programa?
Trabalho com terapia expressiva desde 2000. No Campus do Mequinho, dava um curso de formação, que
durava três anos. Nesse formato de um ano apenas, o curso é denominado de humanização. Quando fui
transferida para o Huap, resolvi aprofundar esse trabalho. Sempre tive vontade de fazer um curso voltado
para os cuidadores, para que eles se aprimorassem. O objetivo era aperfeiçoar o cuidado e a qualidade de
vida deles. Rapidamente as portas se abriram. O Departamento de Saúde e Sociedade e o Instituto de Saúde
Coletiva foram bem receptivos e muito abertos a essas iniciativas inovadoras. A UFF prima por essas
iniciativas. Em 2009, ministrei uma disciplina obrigatória chamada “Trabalho de campo supervisionado”,
em que comecei com a terapia expressiva, ali começou a se formar essa ideia. Minhas amigas e os
voluntários vieram comigo, para me ajudar.
Qual é a importância do trabalho voluntário no projeto?
Estamos aqui há sete anos trabalhando voluntariamente. A participação voluntária é fundamental e sem ela
o Terapia Expressiva não existiria. Compramos os materiais, pedimos aos alunos que façam doações e
estamos todos sempre aqui. Somos uma escola de terapia expressiva, aprendemos juntos o tempo inteiro.
Temos uma rede solidária muito grande, de amizade muito profunda, pois partilhamos muitas coisas e é
isso que nos impulsiona a continuar. Contando com essa união, nosso trabalho foi premiado por três anos
(2011, 2012 e 2014) pelo Programa de Extensão Universitária (Proext) de saúde.
Qual a importância da relação e interação dos pacientes com outras pessoas, como família, amigos e
profissionais?
É interessante trabalhar com o paciente que está recebendo a quimioterapia e com quem o está aguardando
fora da sala. Primeiro, porque o acompanhante fica feliz de saber que estamos com a pessoa que está
recebendo a quimioterapia, pois é reconfortante ter certeza de que ela está se distraindo e recebendo apoio.
Depois que termina a sessão, o paciente vai ao encontro de seu acompanhante e ambos recebem apoio para
encarar aquela realidade de outra maneira. Um fortalece o outro.
Os pacientes respondiam a um questionário qualiquantitativo. Qual a importância dessa análise?
No início, aplicávamos um questionário para avaliar as condições físicas e psíquicas antes e depois das
sessões, perguntando aos participantes quais sentimentos tinham antes e depois da atividade. Fizemos a
pesquisa com base nessas respostas. Atualmente, apenas conversamos com os pacientes, perguntando quais
foram suas impressões sobre a atividade e então preenchemos um relatório. Durante a pesquisa concluímos
que os pacientes consideram a experiência útil e prazerosa, ajudando-os a relaxar e expandir sua
criatividade e expressar melhor suas emoções. Além disso, as pessoas relataram que a família, a fé e a
saúde eram as questões mais importantes para suas vidas, o que eles mais valorizavam. Percebeu-se que
antes de cada sessão de terapia, os pacientes afirmavam estar emocionalmente bem, mas, na verdade, não
estavam. Só depois da atividade, eles tomavam consciência dessa realidade e começavam a se expressar
melhor em relação aos seus sentimentos. Por isso, mesmo fazendo uma análise quantitativa, a narrativa dos
pacientes é fundamental. É importante olhar sob as duas óticas, do antes e depois, para analisarmos os
dados de forma correta. É necessário saber o porquê, como e quando as coisas acontecem. Para a eficiência
da terapia expressiva, o diálogo é indispensável.
Como avaliam os resultados obtidos nessas sessões?
Comprovamos a eficácia da terapia expressiva e percebemos transformações não apenas no paciente, mas
também no ambiente, pois os laços entre as pessoas se estreitam e a energia do lugar muda. Quando
entramos de férias, os participantes sentem a nossa falta e querem fazer a quimioterapia apenas nos dias do
projeto.
O essencial é que o tratamento medicamentoso aconteça, nosso papel é complementar a quimioterapia. A
Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) tem pouco mais de dez anos e está
abrindo para o Sistema Único de Saúde (SUS) tratamentos de homeopatia, medicina ayurvédica e
acupuntura. A terapia expressiva também foi instituída no SUS como uma prática integrativa.
Anteriormente, as pessoas não levavam a sério sua importância, mas nossa pesquisa prova o contrário.
Durante as sessões, a magia acontece. Todos entram no clima de entrega, saindo da dor e adentrando num
espaço em que o sofrimento não é o foco principal. Enquanto a quimioterapia trata o câncer, nós colorimos
a vida.
Enem: UFF oferece um dos maiores números de vagas
entre as universidades do Brasil
qua, 10/05/2017 - 16:48
A expectativa é pela oferta de 9.500 vagas para o Sisu 2018. Ainda este ano, a universidade vai oferecer
cerca de 4.200, no 2º semestre de 2017, para estudantes que fizeram o Enem 2016
A Universidade Federal Fluminense (UFF) tem uma das maiores ofertas de vagas em instituições de ensino
superior público no Brasil para o Sisu 2018. Serão cerca de 9.500 vagas para os estudantes que vão
participar do Enem 2017 (Exame Nacional do Ensino Médio). As inscrições estão abertas até o dia 19 de
maio através do site www.enem.inep.gov.br.
Nos últimos 10 anos, a UFF apresentou um acentuado crescimento, destacando-se como uma das
universidades que mais contribuem para a inclusão, evolução e democratização do ensino superior. O
número de vagas passou de 4.748 (2007) para aproximadamente 9.500 (2017) no processo seletivo para o
ensino presencial. Além disso, a instituição oferece graduação para educação à distância, que quase
triplicou sua quantidade de alunos em 10 anos, de 1.952 (2007) para 5.378 (2016).
Os estudantes que ingressam na UFF contam com uma série de benefícios, dentre eles, a Carteirinha
Inteligente, um projeto inovador da gestão universitária, que disponibiliza vários serviços, como acesso ao
restaurante universitário, transporte público (barcas e ônibus) e bibliotecas. A universidade coloca ainda à
disposição de seus alunos assistência à moradia, auxílio creche e bolsa atleta, entre outros.
Para o Sisu do 2º semestre de 2017, a instituição oferecerá cerca de 4.200 vagas, já incluindo as cotas
previstas pelas leis nº. 12.711/2012 e 13.409/2016 e suas alterações, que preveem a reserva de vagas para
estudantes que realizaram o ensino médio em escolas públicas, autodeclarados pretos, pardos e indígenas,
com deficiência e com renda inferior a 1,5 salário mínimo per capita. É a primeira vez que serão reservadas
vagas para pessoas com deficiência na UFF. Serão mais de 100 opções de cursos em nove municípios do
Estado do Rio de Janeiro.
Nas últimas edições do Sisu, os cursos mais concorridos na UFF foram: 2016 (1º semestre) Educação
Física, com relação candidato/vaga de 78,78; 2016 (2º semestre) Comunicação Social – Publicidade e
Propaganda, com relação candidato/vaga de 96,19; 2017 (1º semestre) Comunicação Social – Publicidade e
Propaganda, com relação candidato/vaga de 85,31.
Já, a expectativa para o 2º semestre de 2017, em relação às carreiras mais procuradas, é Comunicação
Social - Publicidade e Propaganda, Medicina, Cinema e Audiovisual, Jornalismo, Psicologia (Volta
Redonda), Biomedicina (Niterói), Psicologia (Niterói) e Nutrição.
Ambulatórios da Nutrição oferecem tratamentos para
doenças crônicas a adultos e idosos
seg, 05/06/2017 - 15:28
Por Dayane Alves (Estagiária de Jornalismo)
Com o dia a dia mais corrido e a falta de tempo para se dedicar ao preparo de refeições mais saudáveis,
houve, nos últimos anos, um aumento na incidência de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) em
pessoas mais jovens. Uma preocupação que era predominantemente dos idosos, hoje atinge as pessoas cada
vez mais cedo. As DCNT são algumas das principais causas de morte evitável no mundo, influenciadas por
dietas ricas em gorduras, tabagismo e baixo nível de atividade física, o que vem aumentando juntamente
com a expectativa de vida, e faz de doenças cardiovasculares o principal problema de saúde da população.
Com o objetivo de realizar a avaliação nutricional e metabólica de adultos e idosos que apresentam doenças
crônicas, como obesidade, hipertensão e dislipidemia, o projeto de extensão Avaliação e Intervenção
Nutricional de Adultos e Idosos, oferecido como uma disciplina na Faculdade de Nutrição, fornece
atendimento e tratamento aos pacientes que procuram por auxílio nutricional. Os idosos recebem o
atendimento no ambulatório de nutrição do Centro de Referência e Atenção à Saúde do Idoso (CRASI), do
Serviço de Geriatria da UFF, e os adultos são atendidos no ambulatório de nutrição da Faculdade de
Nutrição. No atendimento são realizadas avaliações antropométrica, composição corporal, exames
laboratoriais e aplicação de inquéritos alimentares, para que depois seja aplicada a intervenção necessária a
cada caso.
Como surgiu
A ideia de montar o projeto surgiu em 2012, mas o funcionamento iniciou oficialmente em 2013.
Anteriormente, os atendimentos com idosos aconteciam no Mequinho e era vinculado apenas à disciplina
de Prática Integrada em Unidade Hospitalar, em que os alunos da graduação assistiam como era feito o
atendimento ambulatorial. Os idealizadores e coordenadores do projeto de extensão, os professores e
nutricionistas Gabrielle Souza, Sérgio Barroso e Sílvia Custódio, decidiram que seria interessante ampliar
os atendimentos e o tempo de oferta deles, já que, anteriormente, funcionava apenas durante o período de
duração da disciplina e, hoje, atende o ano inteiro. “Os atendimentos eram pequenos e com intervalos
grandes entre eles, o que aumentava o número de faltas dos pacientes”, explica Gabrielle.
No início de 2013, o ambulatório passou a receber
alunos residentes, o que facilitou o entendimento durante todo o ano. “ Eu atendia e ficava com os alunos.
Pedimos bolsistas, que davam suporte na organização, por exemplo, cuidando das fichas dos pacientes, da
confirmação das consultas por telefone, lembrando das consultas pois, como são idosos, eles precisam
desse apoio”, descreve. No ano seguinte, a equipe ficou com três atendimentos, professor e residentes, e
recebendo ainda os alunos da prática integrada e os bolsistas. “Eu dou assistência às residentes, que estão
em processo de aprendizagem, e alunos, orientando como é que eles deveriam fazer avaliação nutricional,
como é que poderiam fazer orientação pros pacientes e também pros cuidadores, pois recebemos muitos
pacientes que têm déficit cognitivo, alzheimer, então, é interessante que eles também sejam acompanhados.
Alguns pacientes vão com os cuidadores, que também são orientados” ilustra Gabrielle.
Os ambulatórios
O projeto de extensão Avaliação e Intervenção Nutricional de Adultos e Idosos é composto por dois
ambulatórios, o Ambulatório de Idosos, gerido pelas professoras Gabrielle Souza e Sílvia Custódio, e o
Ambulatório de Nutrição e Obesidade, Hipertensão e Dislipidemia, que é voltado aos adultos e o
responsável é o professor Sérgio Barroso. O objetivo principal de ambos é atender essa demanda de idosos
e adultos obesos.
Os idosos contam com o CRASI, coordenado pela geriatra e professora Yolanda Boechat, que funciona em
um pólo de geriatria no Mequinho. “Os alunos vão pra lá, assistem e participam dos atendimentos”,
descreve Gabrielle. Para ela, o ambulatório tem crescido e atualmente é reconhecido. Os profissionais de
nutrição conhecem o tipo de trabalho oferecido e o valorizam. Os pacientes também reconhecem a
importância do ambulatório. A docente afirma que é fundamental manter o ambulatório funcionando para
que os professores envolvidos consigam manter o atendimento à população. “A participação dos alunos é
basicamente o pilar da nossa estrutura e do nosso trabalho como professor”, destaca.
O ambulatório atende idosos entre 60 e 90 anos e recebe uma demanda de, aproximadamente, oito a dez
atendimentos semanais. A equipe é composta por, pelo menos, 11 pessoas, entre bolsistas, graduandos de
trabalho de conclusão de curso, residentes, nutricionistas, psicólogo, geriatra e terapeuta ocupacional.
Gabrielle Souza explica que, no início, era complicado manter a adesão e a assiduidade dos pacientes, mas,
hoje, eles têm mais compromisso com o atendimento e com tratamento. “O retorno é bom, pois percebemos
a efetividade do tratamento e das orientações que nós damos para os pacientes e como isso tem feito
diferença na qualidade de vida deles”, ressalta.
Já o ambulatório voltado aos adultos, atende pacientes com doenças que caracterizam a síndrome
metabólica, como, por exemplo, obesidade, hipertensão, dislipidemia e diabetes mellitus tipo 2. O
ambulatório atende, semanalmente, de três e quatro pessoas entre 18 e 60 anos. Sua equipe é formada por,
pelo menos, dez alunos de graduação e pós-graduação, além de nutricionista. De acordo com Sérgio
Barroso, o objetivo do ambulatório é atender essa necessidade dos pacientes e fazer com que os alunos
participem desse tipo de atendimento ambulatorial, para exercitar a prática deles e aprimorar sua formação.
“Temos muitos alunos interessados, alguns voluntários, inclusive. Às vezes, temos que recusar, pois não
tem espaço para inserir mais gente no projeto”, afirma.
Vivemos em uma cultura em que as pessoas precisam ser reeducadas a se alimentar direito, porque é
tudo muito prático”, diz Gabrielle Rocha.
O aumento de DCNT se deve ao estilo de vida, nós vivemos em um ambiente obesogênico. “Somos
programados para ganhar peso para que, no futuro improvável, a gente não passe fome. Neste sentido, não
tivemos uma evolução. As DCNT matam depois da idade reprodutiva, normalmente, não há seleção natural
para isso. Se formos comparar, nossos antepassados alternavam períodos de escassez com abundância, hoje
não temos mais isso”, salienta Sérgio. “As pessoas são influenciadas o tempo inteiro a consumir mais, e
não é consumo só de bens materiais, mas também de alimentos, principalmente os processados e
industrializados. Por isso é interessante ter uma equipe multiprofissional para dar esse estímulo. Vivemos
em uma cultura em que as pessoas precisam ser reeducadas a se alimentar direito, porque é tudo muito
prático”, corrobora Gabrielle.
A “dietoterapia”, ou reeducação alimentar, é o principal tratamento oferecido pelo programa, mas nem
sempre seu foco é na perda de peso, e sim na melhora nos exames, tudo depende da necessidade de cada
paciente. “Se eu receber um paciente diabético, o tratamento vai ser de controle glicêmico, se é hipertenso,
a gente vai fazer um controle dessa hipertensão. A reeducação, a atividade física e a medicação devem ser
feitas em conjunto, mas alguns pacientes não entendem isso, e é preciso desmistificar isso na cabeça do
paciente. A orientação é bem específica e individual”, salienta Gabrielle.
O programa realiza a avaliação nutricional dos pacientes, que envolve peso, estatura, circunferência
abdominal, cálculo de índice de massa corporal (IMC) e exame de sangue para que o paciente seja
incentivado a retornar. “O paciente fala quando está bem, como se sente feliz porque emagreceu, porque
está comendo melhor, porque está mais disposto, nós percebemos isso na consulta”, expõe Gabrielle.
De acordo com os professores, os pacientes não recebem alta do tratamento, mas são direcionados para um
grupo de terapia ocupacional. É preciso manter o vínculo com os pacientes de alguma forma, fazendo com
que eles tenham sempre contato com a equipe. “Também estamos inseridos no grupo da terapia
ocupacional. Levamos os alunos da disciplina de prática integrada para fazer essa exposição, falando sobre
alimentação saudável, evitando uma dieta muito rica em gordura e tudo mais”, realça Gabrielle.
O projeto de extensão
A proposta do projeto de extensão é integrar os alunos à pesquisa e dar assistência à comunidade. O projeto,
além do atendimento ao público interno e externo à UFF, também suporta programas de pesquisa menores,
o que ajuda na formação do aluno. Para Gabrielle, os dois ambulatórios, dentro do programa, devem
expandir e incorporar alunos de pós-graduação e manter o de graduação, sempre agregando e incorporando,
não substituindo. Para ela, ensino, pesquisa e extensão devem estar juntos. “Pretendemos ampliar para
receber mais alunos e mais pacientes. Temos os ambulatórios, mas não temos espaço físico. Com essa
expansão, poderemos receber mais alunos para trabalhar e atender mais pacientes”, enfatiza.
Além disso, Gabrielle conta que seria interessante a participação de pessoas da comunidade, como de
alguma associação de moradores, para apresentar as reais demandas da sociedade. “Hoje fazemos muito por
nossa conta, mas não sabemos a necessidade da população, seria legal ter esse tipo de contato para saber o
quanto a gente precisa manter de atendimento, pois, assim, poderíamos otimizar o atendimento”, conclui.
Para saber mais sobre dias e horários das consultas, acesse: Ambulatório de Idosos e Ambulatório de
Adultos.
Cinema e educação: projeto da UFF aproxima Brasil e
América Latina
qui, 08/06/2017 - 14:28
Por Dayane Alves (Estagiária de Jornalismo)
Propor metodologias de ensino que vão além do tradicional é um desafio. Pensando nisso, pesquisadores do
curso de cinema da Universidade Federal Fluminense criaram, em 2013, o projeto “Inventar com a
diferença - cinema, educação e direitos humanos”. Reunido no espaço do Laboratório Kumã, o grupo
propõe outras metodologias de ensino por meio de processos artísticos e direitos humanos que possam ser
aplicadas pelos espaços educacionais sem que seja necessário o conhecimento das técnicas
cinematográficas e da linguagem audiovisual.
O foco central do projeto é na formação continuada de professores, buscando compartilhar saberes e
práticas que unam o cinema à educação. Atualmente, o trabalho conta com, pelo menos, 16 integrantes,
entre docentes, pós-graduandos, alunos bolsistas e ex-alunos e já foi aplicado em todos os estados
brasileiros. Ao todo, mais de 4 mil alunos de escolas públicas já participaram das propostas do grupo.
O
coordenador
do Inventar com a Diferença, Cezar Migliorin, afirma que trabalhou por muitos anos em uma escola de
cinema em Nova Iguaçu, a Escola Livre de Cinema e, em 2013, a Secretaria de Direitos Humanos do
Ministério de Justiça e Cidadania entrou em contato com a equipe do projeto para propor uma parceria.
Além disso, em 2016, um grupo de ex-alunos de licenciatura venceu um edital nacional e está montando
uma escola de cinema no Colégio Universitário Geraldo Reis (Coluni-UFF). “Temos um engajamento com
educação há muito tempo, bem antes da licenciatura, a relação com temas educacionais sempre foi muito
forte”, declara.
Cezar reforça que os professores não precisam ter uma formação profissional em cinema para trabalhar com
essas metodologias. “Não trabalhamos com montagem, fotografia, roteiro e outras técnicas do cinema
profissional, mas com jogos expositivos, com uma forma muito lúdica de lidar com o cinema na escola,
pautado por uma experiência que parte do trabalho da pesquisa há muito tempo, que é ligado ao cinema
documental. A metodologia que desenvolvemos envolve uma organização de trabalhos, possibilidades,
dispositivos e formas de acompanhamento para que os professores possam trabalhar com cinema e direitos
humanos”, descreve.
De acordo com o pesquisador, o engajamento do curso de licenciatura em cinema com o Inventar com a
Diferença proporcionou o contato com a secretaria de direitos humanos e foi proposto um projeto nacional
de cinema e direitos humanos vinculado às escolas. “Em 2013 propusemos esse trabalho, que acontecia em
pelo menos uma cidade de cada estado. Chegamos a ter 40 bolsistas da UFF e mais de 50 pessoas
contratadas pelo projeto. Hoje em dia trabalhamos com o Inventar com a Diferença em 23 estados e 13
universidades”.
O professor afirma que o objetivo do projeto atualmente é ensinar de maneira prática e partindo da
experiência da imagem, diferente das oficinas mais tradicionais, em que os processos são feitos em etapas primeiro é feito um roteiro, depois a escolha dos planos de filmagem, montagem e, por fim, a filmagem em
si. “Desde o princípio queríamos que os professores e alunos pudessem ter uma experiência direta com a
imagem, entrando em contato com pessoas, com comunidades e com o entorno das escolas”, justifica.
Em 2014, o projeto Inventar com a Diferença ofereceu formação e acompanhamento a 459 educadores e
3859 estudantes de 257 escolas públicas do Brasil. Nesse contexto, foi produzido por uma equipe de quatro
estudantes universitários de Cinema e Audiovisual o documentário “Pelas Janelas”, resultado do
acompanhamento de parte dos processos e experiências em sete cidades ao longo de três meses.
Oficina na Bolívia
Em maio de 2017, Cezar Migliorin e o doutorando Isaac Pipano, também idealizador do Inventar com a
Diferença, estiveram na Bolívia representando o projeto da UFF. Ambos ministraram um curso de cinema,
educação e direitos humanos. A oficina foi oferecida em parceria com o Ministério da Educação da Bolívia,
através da equipe de Formação Artística de Direção Geral de Educação Superior Técnica, Tecnológica,
Linguística
e
Artística,
em
cooperação
com
a
Embaixada
Brasileira.
do
Segundo Cezar, essa oportunidade surgiu quando alguns colegas bolivianos, chilenos e argentinos
começaram a demonstrar interesse pela metodologia brasileira. A palestra foi direcionada a alunos e
professores de ensino superior, já a oficina foi organizada nos moldes em que é feita no Brasil, de formação
de docentes. “Na oficina da Bolívia, metade do público era de educadores da rede pública, de diversas áreas
de ensino, e metade era de estudantes de licenciatura interessados na formação em cinema”, explica.
O professor destaca a relevância de se produzir tecnologias e propor metodologias que unam cinema e
educação em uma universidade brasileira. Ele avalia que para a UFF é muito interessante que outros países
latino-americanos demonstrem interesse por uma iniciativa desse tipo realizada em um laboratório da
instituição. “É um projeto que há alguns anos tem o apoio do Governo Federal, já ganhou editais da
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), já trabalhou com dezenas de alunos
da graduação e bolsistas. Precisamos romper barreiras, o que UFF faz deve ser levado a outros setores da
sociedade”, esclarece.
O próximo país da América Latina a receber o projeto é a Argentina, a partir de agosto. Além disso,
segundo Cezar, o projeto voltará à Bolívia pela terceira vez até o final do ano. “Já existe um grupo de
educadores bolivianos aplicando de forma independente a metodologia do nosso projeto, pois conheceram o
trabalho através de uma ação que fizemos no Acre e reconheceram seu valor”, acrescenta.
O professor defende o papel fundamental do Brasil na América Latina, pois somos vistos como uma grande
referência no campo dos estudos de cinema, por exemplo, e o curso da UFF tem grande responsabilidade
nesse contexto. “Sou presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (Socine), que
é formada por quase mil pesquisadores. A Bolívia é um país muito pequeno da América Latina, talvez seja
um dos mais pobres, e lá não há nenhuma graduação em cinema. A Argentina é maior, mas, mesmo assim,
ainda tem um campo pequeno se comparado ao Brasil”, argumenta.
Migiorin afirma que historicamente o Brasil não se envolve tão diretamente nas questões da América
Latina, diferente do olhar dos outros países latinos em relação ao nosso país. “Eles sabem exatamente o que
está acontecendo aqui e sabem a importância que temos na área da educação e das artes. Não é à toa que se
interessaram e nos convidaram a estreitar os laços, levando nosso projeto até eles”, defende.
Direitos Humanos na Educação
Para o pesquisador, no tema dos direitos humanitários, o princípio da igualdade é um dos principais pilares.
“Nossa relação com os direitos humanos não é temática, segmentada e verticalizada. Nós não chegamos na
escola definindo os tópicos sobre os quais vamos tratar, pois é fundamental reconhecer a importância dos
saberes de alunos e professores igualmente”, esclarece.
Migliorin acredita que, depois de um tempo nesse projeto, os educadores, escolas e estudantes que passam
por ele saem mobilizados. A relação entre cinema, educação e direitos humanos promove o engajamento
dos participantes com o entorno, com a comunidade. “Em agosto, estaremos encerrando as atividades em
muitos estados e estamos dando grande ênfase ao trabalho em centros socioeducativos, em que os jovens
estão privados de liberdade. Estamos trabalhando em seis unidades socioeducativas, em Recife, Belo
Horizonte e Vitória, que vão até o final do ano”, observa.
No trabalho com os centros socioeducativos de reabilitação de jovens, o cinema e o audiovisual permitem
novas experiências na relação com o espaço, com os direitos e com a construção da identidade dessa
população. O exercício do cinema permite uma reconfiguração dos sentidos, já que a violência é colocada
como algo dado antes mesmo da experiência do mundo por esses adolescentes. No caso dos jovens
privados de liberdade, há também uma restrição à reprodução de suas imagens, pois seus rostos não podem
aparecer enquanto estiverem cumprindo sua penalidade. Desta forma, os exercícios proporcionam outra
vivência da liberdade.
Para ele, a centralidade da escrita e da matemática
na escola carece de um terceiro pilar, que seria a ampliação da relação com o sensorial e estético através da
imagem. “Eu diria que o projeto atingiu o sucesso no que ele se propõe. Porém, precisamos ir além,
somente o engajamento de professores e alunos, com a aproximação da dimensão estética das imagens,
pode transformar a educação mundial”, reconhece.
Cezar avalia a experiência como incrível, apesar das dificuldades encontradas. O que os motiva a continuar
são relatos de sucesso. “Hoje, a função da UFF é dar suporte às pessoas, grupos, ONGs, universidades e
escolas que têm interesse em aplicar a metodologia. O que fazemos é dar um suporte, ajudando nas oficinas
de formação de professores, mandando alunos para auxiliar em uma questão mais técnica. Fizemos uma
publicação, o Cadernos de Inventar, que contém sugestões de atividades para as oficinas a serem
ministradas nas escolas. Ela é distribuída gratuitamente em português e espanhol para todos os espaços que
têm interesse”, finaliza.
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