Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto Relatório realizado no âmbito da disciplina Projecto FEUP A Supervisora: Eng.ª Ana Sofia Guimarães O Monitor: Pedro Paupério Outubro 2012 A Humidade nos Edíficios Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto Mestrado Integrado em Engenharia Civil Tema: A Humidade nos Edíficios A Supervisora: Eng.ª Ana Sofia Guimarães O Monitor: Pedro Paupério Turma 6 Grupo 3 Carlos Seixas Cláudia Lourenço Daniel Pontes Diogo Guimarães José Gonçalves 2 A Humidade nos Edíficios Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto Resumo A humidade constitui uma das principais causas de patalogias que causam degradação nos edifícios. De entre os vários tipos de humidades, destacam-se a humidade de construção, ascensional, de precipitação, de infiltração, de condensação, devida a fenómenos de higroscopicidade e devida a causas fortuitas. [1] O principal objectivo deste relatório é identificar as várias fontes de humidade, as técnicas e dispositivos para detectá-la, a diferenciação entre os tipos de humidade e as respectivas patologias associadas a eles. Posto isto, o relatório vai-se encontrar dividido em três subtemas: fontes de humidade nos edifícios, técnicas de detecção de humidade nos edifícios e formas de manifestação de humidade nos edifícios e respectivas patologias. Por fim, ambiciona-se apresentar um caso de estudo real e presente na região que retrate na generalidade os temas abordados no resto do relatório. 3 A Humidade nos Edíficios Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto Agradecimentos À supervisora Eng.ª Ana Sofia Guimarães e ao monitor Pedro Paupério por todo o suporte e tempo disponibilizado. Aos professores que participaram nos congressos da primeira semana de aulas da FEUP, pelos conteúdos temáticos relacionados com a elaboração de um relatório de modo a que fosse possível, de forma mais apropriada, a realização deste trabalho. 4 A Humidade nos Edíficios Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto Índice 1. Introdução 6 2. Fontes de humidade nos edifícios 7 3. Técnicas de detecção de humidade nos edifícios 8 4. Formas de manifestação de humidade nos edifícios e respectivas patologias 4.1. Humidade de construção 11 4.2. Humidade ascensional 12 4.3. Humidade de precipitação 13 4.4. Humidade de infiltração 14 4.5. Humidade de condensação 15 4.6. Humidade devida a fenómenos de higroscopicidade 17 4.7. Humidade devida a causas fortuitas 18 5. Caso de estudo 19 6. Conclusão 21 7. Referências bibliográficas 22 5 A Humidade nos Edíficios Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto 1. Introdução No âmbito da unidade curricular Projecto FEUP foi-nos proposto que desenvolvessemos o tema “A Humidade nos Edifícios”. Com este trabalho pretendemos mostrar os diferentes tipos de humidade, e as consequentes patologias associadas, bem como as várias fontes de humidade e as técnicas e dispositivos para detectá-la. Para isso, investigamos as diferentes fontes e tipos de humidade existentes, bem como as patologias consequentes e as técnicas de detecção, tendo sido a maior dificuldade, a selecção da informação vasta que se encontra acerca do tema. 6 A Humidade nos Edíficios Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto 2. Fontes de humidade nos edifícios São muitas as fontes de humidade que influenciam o ambiente interior e exterior nos edifícios. As pessoas, plantas, actividades tais como cozinhar e tomar banho influenciam o ambiente interior. [2] Actividade Vapor de água (g/dia) Banho (por pessoa) 200 Lavagem (loiça) 400 Lavagem (roupa) 500 Secagem (roupa) 1500 Cozinhar (electricidade) 2000 Cozinhar (gás) 3000 Tabela 1: “Produção de vapor de água em actividades domésticas” [3] A ventilação proveniente do ar exterior, as diferenças de temperatura, as infiltrações e a troca de vapor com as paredes e mobiliário (imagem 1) também modificam a forma como os ambientes interiores são afectados. [2] Imagem 1: “Transferência de calor numa casa” [4] A chuva dirigida, associação do vento à chuva, influencia o ambiente exterior, contribuindo para o processo de degradação dos edifícios. [5] 7 A Humidade nos Edíficios Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto 3. Técnicas de detecção de humidade nos edifícios As medições de gases ou da humidade ambiente são cada vez mais importantes. Os melhoramentos constantes nos processos técnicos, maiores exigências na qualidade e poupança de energia requerem um procedimento de medição exacto, estável e acessível para medir a humidade ambiente. [6] Métodos de Descrição Imagem medição Higrómetro de É um dos métodos mais antigos cabelo utilizados para medir a humidade. O comprimento dos cabelos muda de acordo com a humidade ambiente. Psicrómetro É um aparelho constituído por dois termómetros idênticos colocados um ao lado do outro, que serve para avaliar a quantidade de vapor de água dissolvida no ar. 8 A Humidade nos Edíficios Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto Espelho de ponto É um espelho que é arrefecido de orvalho até que mostre a condensação depois de ter atingido a temperatura de ponto de orvalho. A condensação no espelho é monitorizada e o ponto de orvalho é medido. Sensores São sensores que mudam a capacitivos sua capacidade com base na humidade relativa da envolvente ar. Quando a humidade relativa do ar aumenta a capacidade também aumenta. Sensores São sensores que medem a resistivos alteração da resistência eléctrica de um material, devido à humidade. As propriedades do material também tendem a depender tanto de humidade relativa e temperatura, o que significa que o sensor tem de ser combinado com um sensor de temperatura. São menos sensíveis do que os sensores capacitivos. 9 A Humidade nos Edíficios Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto Sensores de São sensores que medem a condutividade mudança na condutividade térmica térmica do ar, devido à humidade. Ensaios de Este ensaio destina-se à estanqueidade detecção de eventuais fugas em redes de nas redes de águas. Realiza-se águas através da colocação em carga das respectivas redes e da medição de variações de pressão através de manómetros adequados. Tabela 2: “Técnicas de detecção de humidade nos edifícios” [6] 10 A Humidade nos Edíficios Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto 4. Formas de manifestação de humidade nos edifícios e respectivas patologias A humidade pode-se manifestar de sete formas diferentes: humidade de construção, ascensional, de precipitação, de infiltração , de condensação, devida a fenómenos de higroscopicidade e devida a causas fortuitas. [7] 4.1. Humidade de construção Características: - Resulta do processo construtivo onde a água faz parte da composição de muitos materiais e em processos de construção; - Além da humidade resultante do próprio processo construtivo ainda têm-se de acrescentar aquela proveniente da água das chuvas ocorridas enquanto a construção não tem cobertura, nem com qualquer outro tipo de revestimento; - É o excesso de humidade que todos os elementos construtivos apresentam, até ao fim das construções, e que tem como origem a introdução de água durante a sua própria realização. Patologias associadas: - Expansões ou destaques de alguns materiais; - Aparecimento de manchas (imagem 2); - Aparecimento de condensações. [8] Imagem 2: “Humidade de construção” 11 A Humidade nos Edíficios Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto 4.2. Humidade ascensional Características: - Os valores que o coeficiente de capilaridade dos materiais de construção usualmente utilizados, por vezes são elevados, fazendo com que, em contacto com a água ou com o solo húmido provoque a ascensão capilar, podendo atingir elevadas alturas; - Resulta da ascensão da água numa parede que cresce até ao nível em que se verifica o equilíbrio entre a água evaporada através da superfície da parede e a absorvida do solo por capilaridade. Patologias associadas: - Manchas de humidade atingindo uma maior altura nas paredes interiores do que nas paredes exteriores, devido às condições de evaporação serem menos favoráveis; - Manchas na base das construções; - Destruição dos rebocos e da argamassa de ligação, pela formação de sulfatos e pela sua consequente subida (imagem 3); - Formação de bolores; - Aumento da dispersão de calor proveniente do interior do edifício; - Alvenarias das paredes mais frias onde se verificam facilidade com fenómenos muita de condensação; - Destacamento das camadas superficiais nalgumas pedras e no tijolo, por efeito da cristalização de Imagem 3: “Humidade ascensional” sais. [9] 12 A Humidade nos Edíficios Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto 4.3. Humidade de precipitação Características: - Resulta da trajetória da chuva que passa a ter uma componente horizontal, devido à acção do vento; - Pode assumir diversas componentes: - A energia cinética das gotas de água pode provocar a penetração directa, sempre que haja incidência dessas gotas em fissuras ou juntas mal vedadas; - A acção continuada da chuva sobre a parede dá origem a formação de uma cortina de água que, ao escrever pela superfície, pode penetrar nela por gravidade. Patologias associadas: - Aparecimento de manchas de humidade de dimensões variáveis nos paramentos interiores das paredes (imagem 4); - Aumento do risco de ocorrência de condensações. [10] Imagem 4: “Humidade de precipitação” 13 A Humidade nos Edíficios Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto 4.4. Humidade de infiltração Características: - Resulta da penetração directa de água no interior das construções através das suas paredes; - Após a passagem da água pela superfície do solo, a camada superior atinge um alto teor de humidade, enquanto que as camadas inferiores apresentam-se ainda com baixos teores de humidade. Há então, uma tendência de um movimento descendente da água provocando um molhamento das camadas inferiores (redistribuição). Patologias associadas: - Destruição da estrutura da edificação (imagem 5). [10] Imagem 5: “Humidade de infiltração” 14 A Humidade nos Edíficios Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto 4.5. Humidade de condensação Características: - Resulta do vapor que é arrefecido, pode ocorrer em sistemas fechados quando o vapor é comprimido ou quando entra em contacto com superfícies mais frias, sendo que ambas as situações dependem somente do equilíbrio entre a pressão e a temperatura; - Dá-se no ponto ou temperatura de orvalho. Se se baixar progressivamente a temperatura do ar, a massa de vapor de água (humidade absoluta) permanece constante, mas a humidade relativa aumenta até que uma certa quantidade de vapor passe ao estado líquido (quando ultrapassa a curva de saturação); - Verifica-se inicialmente em zonas onde o isolamento térmico é menor (pontes térmicas), assim como em locais onde a ventilação é fraca ou mesmo inexistente; Gráfico 1: “Diagrama Psicométrico” - As pontes térmicas (imagem 6) podem aparecer em diversas zonas da construção e por diversas formas, sendo as mais correntes: - Ligação parede exterior com pavimento interior; - Ligação parede exterior com pavimento exterior; 15 A Humidade nos Edíficios Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto - Zona de ligação entre duas paredes exteriores; - Ligação entre parede exterior e parede divisória; - Zona de descontinuidade do material de isolamento nos paramentos da envolvente. Imagem 6: “Localização das pontes térmicas” Patologias associadas: - Apodrecimento dos materiais orgânicos; - Destaque de materiais (imagem 6). [10] Imagem 6: “Humidade de condensação” 16 A Humidade nos Edíficios Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto 4.6. Humidade devida a fenómenos de higroscopicidade Características: - Resulta da existência de sais no interior das paredes que, quando em contacto com água, se dissolvem e acompanham a migração da água até à superfície; - Quando os sais cristalizam (a humidade relativa do ar encontra-se abaixo dos 65-75%), sob a forma de fluorescências (cristalização à superfície) ou de criptoefluorescências (cristalização sob o revestimento da parede), dá-se um aumento do volume. Patologias associadas: - Aparecimento de manchas de humidade em locais de grande concentração de sais higroscópicos; - Destruição do revestimento das paredes (imagem 7). [10] Imagem 7: “Humidade devida a fenómenos de higroscopicidade” 17 A Humidade nos Edíficios Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto 4.7. Humidade devida a causas fortuitas Características: - Resulta de defeitos de construção, falhas de equipamentos, acidentes ou falha de manutenção. - Exemplos: roturas de canalizações, entupimento de caleiras, deficiência na cobertura das paredes emergentes Patologias associadas: - As patologias podem manifestar-se muito longe da fonte de origem, devido às frequentes migrações da água no interior dos diversos elementos da construção. [10] 18 A Humidade nos Edíficios Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto 5. Caso de estudo Como caso de estudo deste relatório, escolheu-se um edifício situado no Bairro da Areosa, Porto, Portugal. A humidade localiza-se no tecto de um dos quartos do apartamento. Imagem 8: “Vista de frente do edifício” Imagem 9: “Compartimento onde se encontra a humidade” 19 A Humidade nos Edíficios 30 cm Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto Imagem 10: “Humidade localizada no tecto” Imagem 11: “Régua utilizada para comparação” Elemento: Teto Componente: Revestimento Anomalia: Humidade Causa/Manifestação: Infiltração Descrição sumária da anomalia: Humidificação manifestando-se no destacamento de revestimento. acentuada no tecto, Causas possíveis: O facto de no piso superior se encontrar uma casa de banho, dá origem a variações de temperatura e à existência de equipamentos sanitários que provocam infiltrações fortuitas. Consequências: Degradação progressiva do revestimento. Estratégias de reabilitação: Substituição das canalizações que dão origem às infiltrações, seguida de secagem, saneamento e reparação do revestimento afectado. 20 A Humidade nos Edíficios Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto 6. Conclusão Através deste trabalho adquirimos conhecimentos e competências mais profundos acerca do tema, sendo possível identificar e distinguir os diferentes tipos de humidade existentes, bem como as patologias que advêm e as técnicas que se podem utilizar para medir a humidade. A humidade é uma realidade frequente e preocupante nas construções da nossa região e é um tema que vale a pena ser trabalhado de forma a se encontrarem soluções para evitar maior degradação nos edifícios existentes e para prevenir danos em futuras construções. 21 A Humidade nos Edíficios Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto 7. Referências bibliográficas [1]Freitas, V.P. de Torres, M.I.M., Guimarães, A.S. – Humidade Ascencional, FEUP edições; 2008 [2]http://repositorioaberto.up.pt/bitstream/10216/57836/1/000142435.pdf (acedido a 06/10/2012) [3]http://pt.scribd.com/doc/40456464/37/Tabela-15-Producao-de-vapor-emactividades-domesticas (acedido a 06/10/2012) [4]http://www.dvs.co.nz/DVS_Intergrated_HTS%20Scenario_sm.jpg (acedido a 20/10/2012) [5]http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S167886212011000300003&script=sci_abstract&tlng=pt (acedido a 20/10/2012) [6]www.testo.com.br/online/embedded/Sites/BRA/.../Umidade.pdf (acedido a 06/10/2012) [7]http://www.google.pt/url?sa=t&rct=j&q=humidades%20em%20paredes%20d e%20edif%C3%ADcios%20%E2%80%93%20isabel%20torres&source=web&c d=1&cad=rja&ved=0CCoQFjAA&url=https%3A%2F%2Fwoc.uc.pt%2Fefs%2Fg etFile.do%3Ftipo%3D2%26id%3D415&ei=OuSFUO_fLOeN0AWPm4CIBQ&usg =AFQjCNHHxU3BvkLFktWARiDimJIBgl3hSw (acedido a 20/10/2012) [8]http://www.estt.ipt.pt/download/disciplina/1136__Humidade_Constru%C3%A 7%C3%A3o.pdf (acedido a 06/10/2012) [9]http://wiki.urca.br/dcc/lib/exe/fetch.php?media=tcc_de_jose_marcondes.pdf (acedido a 06/10/2012) [10]Henriques, F.M.A.- Acção da Humidade em Paredes, Tese de Doutoramento, UTL, 1993 22 A Humidade nos Edíficios