ISSN 0034-7280 Versão impressa Publicação bimestral Vol. 75 - nº 2 - Março/Abril 2016 REVISTA BRASILEIRA DE OFTALMOLOGIA Publicação oficial da Sociedade Brasileira de Oftalmologia, Associação Brasileira de Catarata e Cirurgia Refrativa MAR-ABR 2016 VOLUME 75 NÚMERO 1 P. 79-168 w Investigação, ciência e oftalmologia em Portugal 100 w Diabetic dry eye epidemiologic profile 95 w Frontalis sling surgery: do we really need the Wright needle? 75 w Morphometric indexes of the interface of the central retina vein oclusion 25 5 Scielo, Scopus e Lilacs emenda-capa quinta-feira, 17 de março de 2016 15:12:19 0 79 ISSN 0034-7280 Revista Brasileira de (Versão impressa) ISSN 1982-8551 (Versão eletrônica) Oftalmologia PUBLICAÇÃO OFICIAL: SOCIEDADE BRASILEIRA DE OFTALMOLOGIA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CATARATA E CIRURGIA REFRATIVA Sociedade Brasileira de Oftalmologia Indexada nas bases de dados: LILACS Literatura Latino-americana em Ciências da Saúde SciELO Scientific Electronic Library OnLine www.freemedicaljournals.com Disponível eletronicamente: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior www.sboportal.org.br Rev Bras Oftalmol, v. 75, n. 2, p. 79-168, Mar./Abr. 2016 Publicação bimestral Editor Chefe André Luis Freire Portes (RJ) Editor Executivo Arlindo José Freire Portes (RJ) Co-editores André Luiz Land Curi (RJ) Bruno Machado Fontes (RJ) Carlos Eduardo Leite Arieta (SP) Hamilton Moreira (PR) Liana Maria Vieira de Oliveira Ventura (PE) Marcony R. Santhiago (RJ) Mario Martins dos Santos Motta (RJ) Maurício Maia (SP) Miguel Ângelo Padilha Newton Kara-Junior (SP) Niro Kasahara (SP) Renato Ambrósio Jr. (RJ) Ricardo Augusto Paletta Guedes (MG) Rodrigo Pessoa Cavalcanti Lira (PE) Silvana Artioli Schellini (SP) Walton Nosé (SP) Corpo Editorial Internacional Baruch D. Kuppermann - Califórnia - EUA Christopher Rapuano - Phyladelphia - EUA Curt Hartleben Martkin - Colina Roma - México Daniel Grigera - Olivos - Argentina Deepinder Kauer Dhaliwal - Pittsburg - EUA Esmeralda Costa - Coimbra - Portugal Felipe A. A. Medeiros - Califórnia - EUA Felix Gil Carrasco - México – México Fernando Arevalo - Riyadh - Arábia Saudita Florent Aptel - Grenoble - França Francisco Rodríguez Alvira – Bogotá - Colombia Howard Fine - Eugene - EUA Jean Jacques De Laey - Ghent - Bélgica Jean-Philippe Nordmann - Paris - França Jesús Merayo-LLoves - Oviedo - Espanha Kevin M. Miller - Califórnia - EUA Keweh Mansouri - Paris - Fraça Lawrence P. 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Barbosa - São Paulo - SP Edmundo Frota De Almeida Sobrinho- Belém- PA Eduardo Buchele Rodrigues – Florianópolis - SC Eduardo Cunha de Souza – São Paulo - SP Eduardo Damasceno - Rio de Janeiro - RJ Eduardo Dib – Rio de Janeiro - RJ Eduardo Ferrari Marback- Salvador- BA Eliezer Benchimol - Rio de Janeiro - RJ Enzo Augusto Medeiros Fulco – Jundiaí - SP Eugenio Santana de Figueiredo – Juazeiro do Norte - CE Fábio Marquez Vaz – Ondina – BA Felipe Almeida - Ribeirão Preto - SP Fernando Cançado Trindade - Belo Horizonte- MG Fernando Marcondes Penha - Florianópolis - SC Fernando Oréfice- Belo Horizonte- MG Fernando Roberte Zanetti – Vitória - ES Flavio Rezende- Rio de Janeiro- RJ Francisco de Assis Cordeiro Barbosa - Recife - PE Frederico Valadares de Souza Pena – Rio de Janeiro - RJ Frederico Guerra - Niterói - RJ Giovanni N.U.I.Colombini- Rio de Janeiro- RJ Guilherme Herzog Neto- Rio de Janeiro- RJ Harley Biccas - Ribeirão Preto - SP Haroldo Vieira de Moraes Jr.- Rio de Janeiro- RJ Hélcio Bessa - Rio de Janeiro - RJ Helena Parente Solari - Niterói - RJ Heloisa Helena Abil Russ – Curitiba – PR Henderson Celestino de Almeida- Belo Horizonte- MG Hilton Arcoverde G. de Medeiros- Brasilia- DF Homero Gusmao de Almeida- Belo Horizonte- MG Italo Mundialino Marcon- Porto Alegre- RS Iuuki Takasaka – Santa Isabel - SP Ivan Maynart Tavares - São Paulo - SP Jaco Lavinsky - Porto Alegre - RS Jair Giampani Junior – Cuiabá - MT Jeffersons Augusto Santana Ribeiro - Ribeirão Preto - SP João Borges Fortes Filho- Porto Alegre- RS João Luiz Lobo Ferreira – Florianópolis – SC João Marcelo de Almeida G. 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Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior www.sboportal.org.br Rev Bras Oftalmol, v. 75, n. 2, p. 79-168, Mar./Abr. 2016 Publicação bimestral Sumário - Contents Editorial 83 http://www.capes.gov.br Investigação, ciência e oftalmologia em Portugal Research, science and ophthalmology in Portugal Maria João Quadrado Artigos Originais 84 Corneal collagen cross-linking for progressive keratoconus in patients aged 9 to 14 Cross-linking corneano para ceratocone progressivo em pacientes de 9 a 14 anos de idade Fernando Plazzi Palis, Arthur Amaral Nassaralla , Luis Gambi Deienno, Leonardo Pinheiro Teixeira, Belquiz R. do Amaral Nassaralla 89 Frontalis sling surgery: do we really need the Wright needle? Suspensão ao músculo frontal: realmente precisamos da agulha de Wright? Eduardo Damous Fontenele Feijó, Ana Carla Souza Nery, Roberto Murillo Limongi 94 Ophthalmic changes in cleft lip and palate Alterações oftalmológicas na fissura lábio palatina Luciano Sólia Násser, Daniella Reis Barbosa Martelli, Mário Sérgio Oliveira Swerts, Daniela Araújo Veloso Popoff, Letízia Monteiro de Barros, Hercílio Martelli Júnior 99 Prevalência de cicatrizes coriorretinianas em exames angiográficos Prevalence of chorioretinal scars in angiographics exams Roberto Augusto Fernandes Machado, João Paulo de Bortolli, Fernanda Bassanezi 103 Sarcoidose ocular: a nossa realidade nos últimos seis anos Ocular sarcoidosis: our reality for the past six years Inês Coutinho, Ana Bastos Furtado, Cristina Santos, Susana Pina, Maria Lisboa, Isabel Ferreira, Bruno Grima, Manuela Bernardo RBO Mar_aBR 2016 _Português_Revisão_05.pmd 81 7/3/2016, 22:15 82 109 Perfil epidem iológico dos recém -nascidos prem aturos com retinopatia da prem aturidade no H ospital R egional de São José D r. H om ero de M iranda G om es E pidem iologic profile of preterm infants w ith retinopathy of prem aturity in the D r.H om ero de M iranda G om es R egional H ospital in São José M ara B arreto T heiss;A stor G rum ann Júnior,M arise R egina W iethorn R odrigues 115 Investigação oftalm ológica pré-clínica do óleo essencial de O riganum vulgare L., Lam iaceae O phthalm ologicalpre-clinicalresearch aboutessential oilfrom the O riganum vulgare L .,L am iaceae Jana L uiza Toscano M endes de O liveira,A driano Francisco A lves, M aria C arm em Toscano Tavares de A raujo, W alter M endes de O liveira Junior,L uiza Toscano D ias R odrigues,M argareth de F átim a Form iga M elo D iniz 121 C linical features of diabetic patients w ith dry eye disease in a com m unity in M aceio: a crosssectional study C aracterísticas clínicas de pacientes diabéticos com olho seco em um a com unidade de M aceió: estudo transversal M arina V iegas M oura R ezende R ibeiro, Fabiano T im bó B arbosa,L uiz E duardo Feliciano R ibeiro, C elina M aria C osta L acet, João M arcelo de A lm eida G usm ão L yra,Ê urica A délia N ogueira R ibeiro 127 M orphom etric of the interface of the central retina in patients w ith retinal vein occlusion Índices m orfom étricos da interface da retina centralem pacientes com oclusão da veia retiniana B ikbov M ukharram M ukhtaram ovich, Fayzrakhm anov R inat R ustam ovich, G il’m anshin T im ur R iksovich, G ilyazova Inga Il’shatovna 132 Triancinolona intra-vítrea e clorprom azina retrobulbar com o alternativas ao m anejo do olho cego doloroso Intravietrea trianciclone and retotubulbar chlorprom azine as alternative to blind paintful eye m anegem ent D éborah C ristina R ibas,A ssad R ayes,Ignatz R ohrbacher R elato de C asos 137 C orrelação clínico-patológica em ceratites fúngicas e um a possível evidência de infecção oportunista: relato de dois casos C linicopathological correlation in fungal keratitis and a possible evidence of opportunistic infection: a report of tw o cases K arine Feitosa X im enes,K arla Feitosa X im enes V asconcelos,Fernando Q ueiroz M onte 144 147 A rare case of tick infestation of the eyelid: case report and literature review U m caso raro de infestação de carrapatos da pálpebra:relato de caso e revisão da literatura A li R iza C enk C elebi, O m er O rkun A bscesso subperiostealcom extensão epiduraldevido à rinossinusite aguda em criança de dez anos Subperiosteal abscess w ith epidural extension due to acute rhinosinusitis in a ten-year-old child E pam inondas de Souza M endes Junior,L eandro B uzahr N óbrega,R afaelC erqueira B randão,D anilo A ugusto R odrigues Teodoro,E lielson C orreia D antas,É rico R am on A lves B atista 150 Enxerto de retalho escleral de doador com o tratam ento definitivo de m aculopatia hipotônica pós trabeculectom ia Scleral patch as a definitive treatm ent for hypotonic m aculopathy after trabeculectom y N eilzo N unes O liveira,L eonardo B ittencourt Silveira,Isadora O liveira Jeha,João A ntonio P rata Junior 154 B aixa visão secundária a osteom a de coroide R educed vision caused by choroid osteom a T hiago G onçalves dos Santos M artins,A na L uiza Fontes de A zevedo C osta,C elina B ahiense B arreira L ins, Ian C uri B onotto de O liveira C osta, M ario M artins dos Santos M otta 156 G laucom a secundário a fístula carótido-cavernosa Secondary glaucom a follow ing carotid cavernous fistula R afael A guiar C arvalho, H enrique Silva D elloiagono,A lessandro A dad Jam m al,G raziela M assa R esende, H élia Soares A ngotti A rtigo de R evisão 160 A plicações clínicas do princípio de Scheim pflug na O ftalm ologia C linical applications of the Scheim pflug principle in O phthalm ology Fernando Faria-C orreia,R enato A m brósio Jr. Instruções aos autores 166 N orm as para publicação de artigos na R B O EDITORIAL 83 Investigação, ciência e oftalmologia em Portugal Research, science and ophthalmology in Portugal E m Portugal, do ponto de vista clínico, a oftalmologia atingiu níveis de qualidade e excelência que rivalizam com os melhores centros de referência no mundo, contando com profissionais muito diferenciados. No que diz respeito à investigação e ao desenvolvimento científico, embora o percurso tenha sido enorme, parece claro que os indicadores de produção científica ficam ainda aquém do potencial e infraestrutura existentes no país. O objetivo fundamental do médico oftalmologista é o melhor tratamento possível do doente. No entanto, a investigação científica constitui um motor essencial ao progresso da sociedade e ao bem estar das populações e ao tratamento dos doentes. A investigação científica não deve estar, por essa e outras razões, dissociada da prática clínica e uma deve alimentar a outra. A melhor forma de assegurar que os oftalmologistas dispõem e usam a cada momento, a melhor informação disponível, consiste em criar uma cultura científica que permita compreender e integrar rapidamente na prática clínica, novos conhecimentos e novas descobertas publicadas nas revistas científicas da especialidade. Por outro lado, essa mesma cultura não pode deixar de criar no oftalmologista uma outra: a de colaboração e de abertura em relação à ciência. Se é verdade que alguns ensaios são um dos componentes mais visíveis da investigação clínica em Portugal, não podemos deixar de notar que muitos dos desenvolvimentos científicos mais significativos se fazem na fronteira e no cruzamento de áreas disciplinares diversas. É nessas áreas que surgem as questões mais relevantes e é esse o terreno mais fértil para as respostas mais criativas que vamos encontrando. Frequentemente, as respostas às questões complexas com que nos deparamos convocam conhecimentos que vão da biologia à física e a meios e recursos que envolvem tecnologias e soluções de engenharia diversas. A resposta à algumas das nossas questões clínicas diárias não seriam possíveis sem o apoio dos engenheiros e das suas soluções tecnológicas que nos permitem medir indicadores. A ambição de um oftalmologista que quer fazer parte do mundo e da sociedade contemporânea não estará completa se ele não quiser conhecer e saber mais sobre as doenças que afetam a visão. Além disso, esse desejo não será realizado se, na medida dos meios que tiver ao seu dispor, não for possível o processo de criação de novo conhecimento que possa vir a beneficiar os seus doentes. Partilho da ideia de que as sociedades científicas podem desempenhar um papel chave nesse processo, não apenas veiculando informação aos seus membros e associados, mas constituindo-se como atores ativos na promoção do conhecimento e da investigação, seja em ações de formação avançada, seja na divulgação e participação ativa em projetos de investigação. Incluo nessa fórmula não apenas a participação em projetos de investigação competitivos, mas também ações de angariação de financiamentos que possam ser dirigidos para atividades científicas. O papel de uma sociedade científica moderna passa por uma participação ativa em muitas dessas atividades. Veja-se, a título de exemplo, o desafio associado ao envelhecimento ativo e saudável das populações. Trata-se de responder a um desafio em que certa-mente a investigação clínica e, em particular, as ciências da visão, têm um papel preponderante, bem ilustrado pelo número e gravidade das doenças oculares associadas ao envelhecimento. Como sociedade científica, a Sociedade Portuguesa de Oftalmologia não fica indiferente à esses desafios e, mais do que federar os oftalmologistas portugueses, contribui para a internacionalização e diferenciação destes médicos, mantendo-os informados e, sempre que possível, envolvidos no que de mais importante se faz e descobre na Europa e no mundo. Essa é a informação que, de uma forma ou de outra, mais cedo ou mais tarde, pode melhorar a visão dos nossos doentes. Maria João Quadrado Presidente da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia Rev Bras Oftalmol. 2016; 75 (2): 83 RBO Mar_aBR 2016 _Português_Revisão_06.pmd 83 16/3/2016, 00:44 ARTIGO ORIGINAL 84 Corneal collagen cross-linking for progressive keratoconus in patients aged 9 to 14 Cross-linking corneano para ceratocone progressivo em pacientes de 9 a 14 anos de idade Fernando Plazzi Palis1, Arthur Amaral Nassaralla2, Luis Gambi Deienno1, Leonardo Pinheiro Teixeira1, Belquiz R. do Amaral Nassaralla3 ABSTRACT Purpose: To determine the safety and efficacy of corneal collagen cross-linking (CXL) for progressive keratoconus in patients aged between 9 and 14 years old. Methods: Sixteen eyes of 11 patients (8 male and 3 female) with progressive keratoconus underwent epithelium-off CXL according to the standard Dresden protocol. Mean follow-up was 26 months (range, 12 to 60 months). Pre- and postoperative examinations included: uncorrected visual acuity (UCVA), best spectacle-corrected visual acuity (BSCVA), corneal topography, tonometry, refraction, corneal pachymetry, and endothelium cell count. Results: At the last follow-up visit, BSCVA improved by at least one Snellen line in six eyes (37.5%) and remained stable in nine eyes (56.25%). Two eyes (12.5%) in habitual eye rubbers required a re-treatment due to keratoconus progression, at 15 and 28 months after first CXL. Manifest refraction and endothelium cell count remained stable. Topographic results showed statistically significant improvement in maximum K readings up to two years after CXL. However, this lost significance over time. No intraoperative complications were observed. Two eyes (12.5%) presented grade one haze, which regressed after a month of topical steroid therapy. Conclusion: In this study of selected patients aged 9 to 14, CXL was a safe and effective option for the treatment of progressive keratoconus. However, the effect in stemming the disease may not be long lasting and may require retreatment. A larger sample size and longer follow-up time are needed to verify this trend. Keywords: Keratoconus/therapy; Collagen/radiation effects; Riboflavin/therapeutic use; Ultraviolet therapy; Cross-linking reagents; Child ClinicalTrials.gov ID- NCT01743443 RESUMO Objetivo: Determinar a segurança e eficácia do cross-linking corneano (CXL) em pacientes de 9 a 14 anos de idade com ceratocone progressivo. Métodos: Dezesseis olhos de onze pacientes (8 homens e 3 mulheres) com ceratocone progressivo foram submetidos ao CXL, de acordo com o protocolo padrão de Dresden. A média do tempo de seguimento foi de 26 meses (variando de 12 a 60 meses). Os exames pré e pós-operatórios incluíram: acuidade visual sem correção (AVSC), melhor acuidade visual com correção (AVCC), topografia corneana, tonometria, refração, paquimetria corneana, e contagem de células endoteliais. Resultados: Na última visita de acompanhamento ambulatorial, a AVCC melhorou pelo menos uma linha na tabela de Snellen em 6 olhos (37,5%) e permaneceu estável em 9 olhos (56,25%). Dois olhos (12,5%) de pacientes que coçam os olhos com frequência, exigiram retratamento devido à progressão do ceratocone, 15 e 28 meses após o primeiro CXL. A refração e contagem de células endoteliais mantiveram-se estáveis. Os resultados topográficos mostraram melhora estatisticamente significativa nos valores do K máximo até dois anos após o CXL. No entanto, houve perda de significância ao longo do tempo. Nenhuma complicação peroperatória foi observada. Dois olhos (12,5%) apresentaram haze grau I, que regrediu após um mês de terapia com esteróide tópico. Conclusão: Neste estudo com pacientes selecionados, de 9 a 14 anos de idade, o CXL mostrou ser uma opção segura e eficaz para o tratamento do ceratocone progressivo. No entanto, o efeito pode não ser duradouro, podendo ser necessário um novo tratamento. Maior amostragem e maior seguimento são necessários para verificar esta tendência. Descritores: Ceratocone/terapia; Colágeno/efeitos de radiação; Riboflavina/uso terapêutico; Terapia ultravioleta; Reagentes para ligações cruzadas; Criança 1 Instituto de Olhos de Goiânia, Goiânia, GO, Brazil. Faculdade de Medicina São Leopoldo Mandic, Campinas, SP, Brazil. 3 Departamento de Córnea e cirurgia Refrativa, Instituto de Olhos de Goiânia, Goiania, GO, Brazil. The authors declare no conflict of interest. Received for publication 29/06/2015 - Accepted for publication 01/12/2015 2 Rev Bras Oftalmol. 2016; 75 (2): 84-8 RBO Mar_aBR 2016 _Português_Revisão_05.pmd 84 7/3/2016, 22:15 85 Corneal collagen cross-linking for progressive keratoconus in patients aged 9 to 14 INTRODUCTION K eratoconus is a progressive, frequently asymmetric, noninflammatory corneal thinning disorder characterized by changes in the structure and organization of corneal collagen.1 The disease classically manifests in the second decade of life when the cornea assumes an increasingly conical shape owing to its biomechanical instability. This leads to irregular astigmatism and subsequent decrease in visual acuity.2 Although keratoconus is most frequently diagnosed after adolescence, the corneal ectasia process starts at a much younger age. 2 Pediatric keratoconus (keratoconus manifesting in childhood [less than 18 years of age] or adolescence [between 10 to 19 years of age]) exhibits several unique characteristics. Studies have shown that pediatric keratoconus demonstrates a higher rate (88% of keratoconus eyes) and speed of keratoconus progression compared to adult keratoconus.3,4 Recently, biomechanical properties of the cornea in different age groups are the focus of intense research for keratoconus.5 The progressive alteration of keratoconic corneal shape may be the result of elastic deformation. Corneal hysteresis is a measurement that purportedly reflects the viscoelastic properties of the cornea. Experimental ex vivo studies have shown an age-related change in corneal collagen fibril properties that may contribute to an increased stiffness of the cornea with age.6 Corneal collagen cross-linking has been established as an effective surgical treatment to increase the biomechanical stability of the adult cornea in order to prevent the progression of the corneal ectasia occurring in keratoconus7-9 or following laser refractive surgery.10,11 This technique uses a combination of riboflavin (vitamin B2) and ultraviolet-A light (UVA) to induce cross-linking in stromal collagen. The role of riboflavin in this method is dual. It works as a photosensitizer for the induction of cross-links and protects the underlying tissues from the deleterious influence of UVA irradiation.7-9 It is the only therapeutic approach designed to halt the progression of the disease.7,8 The peer-reviewed literature, as well as our own experience with adult eyes that underwent CXL for progressive keratoconus and iatrogenic ectasia, demonstrated that the procedure was able to halt progression. Further, no endothelial cell loss, no cataract development, and no permanent side effects were observed in the adults.12-14 The aim of this study was to evaluate stability and functional response after riboflavin-UVA-induced cross-linking in a population of patients aged between 9 and 14 years old with progressive low stage (I e II) keratoconus. METHODS Sixteen eyes of eleven patients (8 male and 3 female) with progressive keratoconus, underwent epithelium-off CXL according to the standard Dresden protocol. Mean follow-up was 26 months (range, 12 to 60 months). According to the AmslerKrumeich classification10 of keratoconus disease, all eyes were classified as low stage keratoconus: 8 eyes (50%) were stage I and 8 eyes (50%) were stage II. An increase of 1.00 diopter (D) in maximum topographic K-value (Kmax) and a reduction of corneal thickness with or without changes in uncorrected visual acuity (UCVA) and best-spectacle corrected visual acuity (BSCVA) within the last year were considered as indications of progression. All procedures were performed at the Goiania Eye Institute, Goiania, GO, Brazil, by a single surgeon (BAN), from January 2009 to December 2014. Exclusion criteria were corneal thickness < 400 µm at the thinnest point, severe vernal keratoconjunctivitis, severe dry eye, history of herpetic keratitis, concurrent autoimmune disease previous ocular surgery and central or paracentral opacities. Patients using contact lenses were asked to discontinue lens use for at least three weeks before each examination. Preoperative and postoperative examinations included: UCVA, BSCVA, refraction, slit-lamp biomicroscopy, specular microscopy (Konan, Hyogo, Japan), corneal topography and pachymetry (Orbscan IIz, Technolas Perfect Vision GmbH). The institutional ethics committee approved the study. All patients provided written informed consent in accordance with the Declaration of Helsinki after receiving a detailed description of the nature and risks of the procedure. Treatment Corneal CXL was conducted under sterile conditions in an operating room. All patients received a mild oral sedative (diazepam 5 mg) 30 minutes before surgery and two drops of topical 0.5% proximetacaine, 2 to 5 minutes before surgery. A wire eyelid speculum was placed for exposure. Corneal epithelium was removed by mechanical scraping over the central cornea (9.0-mm) with a blunt Paton spatula (Storz Ophthalmic Instruments, St Louis, USA). The lid speculum was removed. Isoosmolar 0.1% riboflavin solution (402.7 mOsmol/L), which was generated by diluting vitamin B2-riboflavin-5-phosphate 0.5% with dextran T500 20%, was instilled to the cornea every 3 minutes for 30 minutes. A slitlamp examination, using a blue filter, ensured the presence of riboflavin in the anterior chamber. The lid speculum was replaced. Fixation during irradiation was achieved by instructing the patient to focus on the lightemitting diode on the UVA emitter. The surgeon’s thorough control ensured the patient’s centration. Ultraviolet-A irradiation was performed for 30 minutes using a commercially available UVA system (UV-X, Peschke Meditrade) at a working distance of 5 cm with an irradiance of 3mW/cm2, corresponding to a surface dose of 5.4 J/cm2. During irradiation, isoosmolar 0.1% riboflavin drops were applied every 5 minutes to ensure saturation of the cornea with riboflavin. A topical anesthetic agent (0.5% proximetacaine was applied as needed. After treatment, patients were medicated with topical moxifloxacin 0.3% drops 4 times a day for 5 days, and ketorolac tomethamine 3 times a day for 3 days. Soft therapeutic lens was applied until complete re-epithelialization of the cornea. Unpreserved artificial tears were recommended for mild irritation. Paracetamol-codeine pain medication was also prescribed, as needed, for the first 2 to 3 days. Fluorometholone eyedrops were then applied 3 times a day for 2 weeks. Statistical analysis was performed using SPSS 17.0 (SPSS, Inc.) software package. The paired t-test was used to check the significance of the difference between two dependent groups for every continuous variable. The level of statistical significance was considered when p-value was lower than 0.05. RESULTADOS Sixteen eyes of 11 patients, 8 male and 3 female, with progressive keratoconus were included in this study. Mean age Rev Bras Oftalmol. 2016; 75 (2): 84-8 RBO Mar_aBR 2016 _Português_Revisão_05.pmd 85 7/3/2016, 22:15 86 Palis FP , Nassaralla AA, Deienno LG, Teixeira LP, Nassaralla BRA at the time of corneal collagen cross-linking was 10.38 ± 1.7 years (range, 9-14 years). Mean follow up was 26.63 months ± 4 (range, 12-60 months). All treated eyes had early to moderate keratoconus, according to Amsler-Krumeich’s classification. Eight eyes (50%) were grade I and 8 eyes (50%) were grade II keratoconus, with mean central keratometry readings of less than 53 diopters (D), absence of corneal scaring and minimum corneal thickness of greater than 400µm). Documented evidence of keratoconus progression with reduced uncorrected (UCVA) or best corrected visual acuity (BCVA) by 1 line and/or worsening of refractive or corneal astigmatism, keratometry or cone apex power (CAP) by 0.75D over the 6-18 months prior to CXL was noted in 7 patients (11 eyes). Refractive results Preoperatively, the mean spherical equivalent error (SEQ) was -1.4(SD: ± 0.97D), and the mean refractive astigmatism error (RAQ) was -2.31 (SD: ±1.78D). After 1, 2, 4 and 5 years, a statistically significant reduction was observed in the mean spherical equivalent (p<0.000). A statistically significant decrease in mean refractive cylinder was also noted 1 and 5 years after CXL (p<0.000). Vector analysis showed an axis shift from 79.63 (0-155) degrees to 27.5 (15-40) degrees 5 years after CXL, a difference that was statistically significant (p<0.000). Visual performance: UCVA and BCVA data were expressed in decimal scale and covering the entire follow-up. Mean UCVA was 0.24 before the procedure. Mean UCVA readings after CXL were as follow: 1 year after CXL, 0.28; 2 years after CXL was 0.29. At the last follow-up visit, UCVA improved by at least one Snellen line in 6 eyes (37.5%) and remained stable in 9 eyes (56.25%). Before treatment, BCVA was 0.64. Mean UCVA after CXL were as follows: 1 year after CLX, 0.66; 2 years after CLX, 0.66, figure 1. UCVA and BCVA improvements were statistically significant (p<0.000) during the first year and remained unchanged between 2 and 5 years after CXL. Two eyes (12.5%) in habitual eye rubbers required a re-treatment due to keratoconus progression, at 15 and 28 months after first CXL. One of them presented worsening of both uncorrected and corrected visual acuity. Graphic 1 Visual Performance Preop = preoperative; UCVA: uncorrected visual acuity; BCVA: best corrected visual acuity Corneal pachymetry Mean corneal pachymetry by means of ORBSCAN optical pachymetry at baseline were 469.75 ± 38.1µm (407-531). At 1 year, they decreased to 464.44 ± 41.34 (410-528) and at 5 years to 427.00 ± 15.5 (416-438), difference that was statistically significant (p<0.000). Topographic results Mean baseline simulated keratometry 2 and simulated keratometry 1 were 47.30D and 43.25D, respectively. At five years, these readings were 48.4 and 43.20, respectively, a difference that was statistically significant (p<0.000). Topographic results showed statistically significant improvement in maximum K readings up to two years after CXL. These results demonstrate a flattening effect of CXL on the keratoconic cornea. However, it lost significance overtime. Endothelium cell counts Mean baseline endothelial cell count was 2759 ± 142.8 cells/ mm2 (2510-2980). One year after CXL it was 2763 ± 129.1 cells/ mm2 (2580-2986); two years after CXL it was 2766 ± 127.3 cells/ mm2 (2588-2902); three years after CXL it was 2726 ± 151.9cells/ mm2 (2598-2940); four years after CXL it was 2603 ± 1.41cells/ mm2 (2602-2604); and at five years after CXL it was 2617 ± 32.5 cells/mm2 (2594-2640). Complications No intraoperative complications were observed. Two eyes (12.5%) presented grade one haze, which regressed after a month of topical steroid therapy. All retinal examinations were normal. No eyes lost more than one line of the BCVA. DISCUSSION The diagnosis of keratoconus in children is made at a more advanced stage of the disease than in adults. This late diagnosis may be explained by the scarcity of functional complaints in children, especially before eight years of age and by the fact that visual loss is most often unilateral or very asymmetric. On the other hand, a recent study showed that corneal aberrations induced by keratoconus were at least partially offset by internal ocular structures.15 Presumably the high accommodative power in children may compensate for the distortions induced and delay the onset of functional complaints. Another hypothesis to consider is that the progression of keratoconus is explosive in children, with a short time between the onset of functional symptoms and the development of a severe form of keratoconus. 16-18 Therefore, early detection of keratoconus in children with astigmatism is crucial because of the risk of rapid scalability, even at an early disease stage, close monitoring of children is necessary in order to detect any sign of scalability and offer appropriate treatment.19 Chatzis et al.3 found that 88% of pediatric keratoconic patients demonstrated progression from their initial evaluation and Soeters et al., 21 reported rapid progression of the keratoconus ranging from 2.6 D in several weeks to 5.0 D over a year. These findings suggest that treatment at onset of diagnosis may be appropriate as opposed to waiting for signs of progression as is commonly done in adults, because keratoplasty in the younger age group may be imminent. A growing interest in the occurrence of keratoconus in children has emerged in recent years because of the development of new therapeutic options, especially the technique of corneal collagen cross-linking. Rev Bras Oftalmol. 2016; 75 (2):84-8 RBO Mar_aBR 2016 _Português_Revisão_05.pmd 86 7/3/2016, 22:15 87 Corneal collagen cross-linking for progressive keratoconus in patients aged 9 to 14 Corneal CXL with riboflavin and UVA irradiation is a technique with a minimally invasive nature used for the stabilization of different types of corneal ectatic disorders. The aim of this technique is the augmentation of the mechanical rigidity of the cornea by inducing cross-links at the corneal stroma.7-9 The removal of the epithelium has been recommended as an initial step of the CXL procedure since its lipophilic nature reduces the diffusion of riboflavin into the corneal stroma.8,9 Moreover, the epithelium may block UV rays. 7 The photosensitizer riboflavin is applied to the de-epithelialized surface of the cornea and allowed to penetrate into the corneal stroma.7-10 The subsequent exposure of the cornea to UVA light is thought to result in photodynamic cross-linking when the riboflavin, excited by UVA, creates free radicals leading to crosslinking of collagen.7,8 The limitations in pediatric CXL are the pain induced by epithelial debridement and consequent temporary visual loss, which make postoperative management more complicated. The risk of postoperative complications (eg, estromal haze and infection)21 and the variable period of visual recovery (2 to 6 months)14 represent other limitations to consider in pediatric treatments. In this series of patients, pain was controlled with topical and oral medication and use of therapeutic contact lens. No major complications were seen. There was no decrease in endothelial cell count, a finding supported by Wollensak and associates.22 Two eyes (12.5%) presented grade one haze, which regressed after a month of topical steroid therapy. In our study, at the last follow-up visit, BSCVA improved by at least one Snellen line in 6 eyes (37.5%) and remained stable in 9 eyes (56.25%). Only one eye lost one Snellen line in BSCVA and two lines in UCVA, two years after treatment. It was a 10-year old male patient at diagnosis with a progressive stage II keratoconus. However, in this patient, keratoconus stability was noted up to 34 months of follow up after CXL. Two eyes (12.5%) in habitual eye rubbers required a re-treatment due to keratoconus progression, at 15 and 28 months after first CXL. Unfortunately, anterior segment OCT was not available in our setup, and is noted as a limitation of the study. Topographic results showed statistically significant improvement in Kmax up to two years after CXL. However, it lost significance over time. Arora et al. 23 included 15 eyes of 15 pediatric keratoconus patients (10 to 15 years) in their prospective study and reported results with follow up of a year. The authors did not document keratoconus progression prior to CXL and they based their decision of performing CXL on status of the fellow eye (all fellow eyes had advanced keratoconus demonstrating either hydrops or required corneal transplant). At the end of a year after CXL, mean flattening of apical keratometry (K) was 1.01 ± 2.40 diopters, mean uncorrected distance visual acuity (UDVA) improved significantly from 20/200 to 20/100 (P = 0.035) and mean corrected distant visual acuity (CDVA) from 20/70 to 20/40 (P = 0.003). Bakshi et al.24 in their retrospective study enrolled nine eyes of nine consecutive progressive keratoconic pediatric patients (11 to 17 years) and after CXL, patients were followed for up two years. Most patients (7 of 9, 77.8 %) showed long term stability. Improvement in CDVA, keratometry indices and refraction were noted, however they did not reach statistical significance, which may be due to the small sample size. Vinciguerra et al.25 demonstrated outcomes of standard CXL in 40 eyes of 40 pediatric (9 to 18 years) patients in a prospective study with up to 2 years of follow up. After CXL, all keratoconic eyes were stabilized, furthermore there was a statistically significant improvement in CDVA, refraction and keratometric indices. Prospective study report from Caporossi et al.,26 (Siena CXL Pediatrics trial), involving 152 eyes of 77 patients (10 to 18 years) remains the largest series with the longest follow up (3 years). The study demonstrated after CXL, keratoconus stabilized and demonstrated rapid significant visual function improvement in the pediatric patients. There was a better and faster visual recovery in eyes with less than 450µm corneal thickness, compared with the thicker cornea group. These publications have demonstrated that visual, refractive and topographic stabilization and improvements after pediatric CXL are similar to that report for adult treatment, with stability or improvement maintained for up two years follow up when treated with the standard protocol. Chatzis et al. 3 found similar outcomes over two year, however, they noted some keratometric progression at the three years of follow up. It suggests that pediatric CXL may not provide long-term stability comparable to adult treatment and may require re-treatment especially in the subset of patients who persist in rubbing their eye. Although only a few studies have reported CXL for pediatric keratoconus, our study shows the feasibility of this treatment in our small group of patients. A larger number of patients, randomized into control versus treated, would aid in determining the efficacy of this treatment for reversing symptoms and signs of keratoconus in pediatric patients. Our study is limited by the small number of eyes. Nevertheless, in this patient group, efficacy of CXL was noted as keratometric, visual, refractive values either stabilized or somewhat improved in most eyes. CONCLUSION In this study, CXL was a safe and effective option for the treatment of progressive low stage keratoconus in children. However, the effect of halting the disease may not be long lasting and may require re-treatment. REFERENCES 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. Zadnik k, Barr JT, Gordon MO, Edrington TB. Biomicroscopic signs and desease severity in keratoconous. Collaborative Longitudinal Evaluation of Keratoconus (CLEK) Study Group. Cornea 1996; 15(2)139-46. Rabinowitz YS. Keratoconus. Surv Ophthalmol. 1998; 42(4)297– 319. Chatzis N, Hafezi F. Progression of keratoconus and efficacy of pediatric [corrected] corneal collagen cross-linking in children and adolescents. J Refract Surg. 2012;28(11)753–8. Léoni-Mesplié S, Mortemousque B, Touboul D, Malet F, Praud D, Mesplié N, et al. Scalability and severity of keratoconus in children. Am J Ophthalmol. 2012;154(1)56–62. Kirwan C, O’Keefe M, Lanigan B. 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Methods: This was a prospective, interventional, noncomparative study of patients with severe ptosis who underwent surgical correction using a simple and modified frontalis sling surgery technique. Patients were included in this study from January 2012 to January 2014. 23 surgeries were performed on 15 patients. The minimum “follow-up” was 12 months. Results: Most patients had congenital ptosis (86%) and the average preoperative margin reflex distance 1 (MRD1) was -1.1 mm (range -3 to 0 mm). 1 week post-operation, this was 2.7 mm ( 1.8 to 3.8 mm), 1.8 mm after 1 month and 1.7 mm (1 to 2.5 mm) after one year. The satisfaction rate was 80% (12 patients). Among the dissatisfied patients, one had extrusion and infection with subsequent explantation of the wire, one had asymmetry greater than 2 mm and one had persistent lagophthalmos and punctate keratitis, with subsequent explantation of silicone. Conclusion: The use of silicone rods with tarsal fixation using an alternative needle was effective in the treatment of severe ptosis with few complication rates, a low rate of dissatisfaction and good stability of the results in the follow-up period. Keywords: Blepharoptosis/surgery; Frontalis sling/surgery; Eyelids/surgery; Ptosis/congenital; Treatment outcome RESUMO Objetivos: O objetivo deste estudo é descrever uma variação da técnica cirúrgica da suspensão ao músculo frontal com fio de silicone e seus resultados, utilizando uma agulha alternativa à agulha de Wright, com a mesma eficácia e melhor razão custo-benefício. Métodos: Foram analisados prospectivamente todos os casos de blefaroptose severa submetidos à correção cirúrgica, utilizando a técnica de suspensão ao músculo frontal modificada, no período de janeiro de 2012 à janeiro de 2014. Foram realizadas 23 cirurgias em 15 pacientes. O “follow-up” mínimo foi de 12 meses. Resultados: A grande maioria dos pacientes apresentavam blefaroptose congênita (86%), a média da distância margem reflexo pré-operatória foi de -1,1mm (-3 a 0 mm), no pós-operatório de 1 semana foi de 2,7 mm (1,8 a 3,8 mm), após 1 mês foi de 1,8 mm e após 1 ano, de 1,7mm (1 a 2,5 mm). O índice de satisfação foi de 80% (12 pacientes). Dos 3 pacientes insatisfeitos, 1 teve extrusão e infecção com posterior explante do fio, 1 apresentou assimetria maior que 2mm e 1 evoluiu com lagoftalmo persistente e ceratite puntacta, com posterior explante do silicone. Conclusão: O uso do fio de silicone com fixação tarsal usando uma agulha alternativa, se mostrou eficaz no tratamento da blefaroptose severa, com poucas complicações, baixo índice de insatisfação e boa estabilidade dos resultados no período de seguimento. Descritores: Blefaroptose/cirurgia; Suspensão ao frontal/cirurgia; Pálpebra/cirurgia; Ptose/congênita; Resultado do tratamento 1 Department of Ocular Plastic Surgery, Hospital Oftalmológico de Anápolis, Anápolis, GO, Brazil. Instituto Panamericano da Visão, Goiânia, GO, Brazil. 3 Department of Ocular Plastic Surgery, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, GO, Brazil. The authors declare no conflists of interest. Received for publication 09/06/2015 - Accepted for publication 28/11/2015 2 Rev Bras Oftalmol. 2016; 75 (2): 89-93 RBO Mar_aBR 2016 _Português_Revisão_05.pmd 89 7/3/2016, 22:15 90 Feijó EDF, Nery ACS, Limongi RM INTRODUCTION F rontalis sling surgery is recommended in cases of severe ptosis (greater than 3 millimeters), with a weak or absent function of the upper eyelid levator muscle (UELM) (upper eyelid excursion < 4mm)(1-10). It is normally found in congenital or acquired myogenic ptosis (myasthenia gravis, mitochondrial myopathy), and in neurogenic (paralysis of cranial nerve III) or post-trauma ptosis. Dransart described the first frontalis suspension in 1880. In 1909, Payr introduced the use of autologous fascia lata, which was later reintroduced by Wright in 1922. In 1966, Tillet and Tillet first described the use of silicone in frontalis suspension to correct ptosis. In the mid-20th Century, authors such as Berk, Jones and Beard systematized surgical techniques and concepts (11). Various materials have been proposed to make the connection between the upper eyelid (UE) and the frontal muscle, among them, the nylon cord, mersilene, polytetrafluoroethylene (Gore-Tex), a silicone rod, supramid, autologous fascia lata and fascia temporalis transplantations(12-18). The Wright needle is the universal instrument used to guide the materials that connect the frontal muscle to the upper eyelid. Many surgeons find it difficult to handle the needle in this trajectory due to the resistance from tissues in this region, which can result in excessive tissue trauma. The possibility that the needle may break during surgery leading to complications, has been described elsewhere(1). Our goal is to show the results and stability of frontalis sling surgery in severe ptosis, with the silicone rod attached directly to the upper tarsus, using a simple, effective, safe and low-cost technique. tarsus were done. Two incisions of about 3mm, were made at the top of the eyebrow, approximately in the medial and lateral projection of the corneal limbus, reaching the periosteum of the frontal bone. The silicone rod was conducted from tarsal plate to frontalis muscle in the submuscular eyelid plane until it met the eyebrow incisions. The Wright needle was replaced by a surgical needle (1/ 2, 0,9mm x 35mm) (Figure 1), wherein the silicone rod is threaded, leading to the frontal muscle in in the opposite direction of the traditional route (from eyelid to the eyebrow).The silicon rod was fixed in the tarsal plate using three simple 6.0 nylon sutures. The medial silicon tip was externalized in the lateral eyebrow incision, which was pulled and knotted, hyper-correcting the fissure of the eyelid at around 1-2mm (Figure 2). Skin incisions were sutured with 6.0 nylon. Frost suture were performed and patients were instructed to use cold compresses for three days and lubrificants for 30 days. The application of antibiotic ointment on incisions and eyes prior sleeping were prescribed for a 15 day period. Post-operative examination was carried out 24 hours, 1 week, 1 month, 6 months and 1 year post-surgery. METHODS This is a prospective, interventional, non-comparative, case series study. The protocol of the present study was approved by the Committee on Ethical Research of the Ophthalmologic Hospital of Anapolis (protocol #023/12). Informed consent was obtained from patients or their guardian before surgery. A prospective analysis was carried out of all cases of severe ptosis with poor or absent function of UELM operated by the modified frontalis sling surgical technique, using silicone rods, in the Oculoplastic Department of the Ophthalmology Hospital of Anapolis, Brazi, between January 2012 and January 2014. Minimal post-operative follow-up was one year. Inclusion criteria was severe ptosis (greater than 3mm) and poor UELM function (excursion less than or equal to 4 mm). Patients with a weak or absent Bell’s phenomenon, or with any clinical contraindications to the procedure, were excluded from the sample. Based on criteria recommended by Tarbet et al.(19), eyelid height was judged to be “excellent” if MRD1 measured more than 2 mm and the difference between the two eyelids was equal to or less than 1 mm; “good” if MRD1 ranged from 1 to 2 mm or if asymmetry was 1.5 to 2mm and “poor” if MRD1 measured less than 1 mm or if asymmetry was greater than 2 mm. The surgical technique used has been described by Friedenwald-Gyton (5,6,11) with some technical changes. General anesthesia or intravenous sedation plus a local anesthetic with 2% lidocaine and 0.75% bupivacaine was used. Skin incision was made with a 15 scalpel blade in the eyelid crease, or when absent, in the upper edge cutaneous projection of the upper tarsal plate. Dissection of the orbicularis muscle and exposing the upper Figure 1: Surgical needle with silicone rod threaded through Figure 2: A, B, C and D: Exposure of upper tarsus and conduction of the silicone rod from tarsal plate to frontalis muscle. D and F: Silicone fixation in a loop on the upper tarsal in three simple sutures (arrow) and intraoperative adjustment of eyelid fissure. Rev Bras Oftalmol. 2016; 75 (2): 89-93 RBO Mar_aBR 2016 _Português_Revisão_05.pmd 90 7/3/2016, 22:15 91 Frontalis sling surgery: do we really need the Wright needle? Figure 3: Millimeter ruler attached to the slit lamp and digital image processing. Digital images were taken using a Sony W250 Cybershot camera, at a distance of about 40 centimeters, with the patient seated, positioned at the slit lamp, with a ruler fixed to the lamp support (Figure 3). The digital processing of the images and the measurements of the eyelid fissure pre- and post-operative, were carried out using Image J software (National Institutes of Health, Maryland, USA). This program performs the proposed measure by calculating the number of pixels in the image. A known scale is converted into pixels and from there any measurements can be performed, taking as a reference a known measurement in the digital photograph in question. The student “t” test was used to compare averages. RESULTS 23 eyelids belonging to 15 patients were included in the study. Nine (60%) of the patients were male, the mean age was 27.8 (6 to 65), eight patients (56%) had both eyes corrected, four patients (26.6%) had left eye ptosis and three (20.6%) had the right eye affected. The vast majority of patients had congenital ptosis (86% 13 patients), while the two others showed oculomotor nerve palsy (one patient) and myasthenia gravis (one patient). One case of congenital ptosis included blepharofimosis syndrome. Figure 4: Patient with severe ptosis: pre and postoperative appearance. Measurement of the average preoperative margin reflex distance 1 (MRD1) was of -1.1 mm ± 0.59mm (-3 to 0 mm), preoperative eyelid excursion average was of 2.2 mm ± 0.84mm (1 - 4mm). One week after the procedure, the MRD1 was 2.7mm ± 0.92mm (1.8 - 3.8 mm) and one month after procedure was 1.8mm ± 1.09mm (1.1 – 2.5 mm). After six months of postoperative, the mean extent of the eyelid fissure was 1.7 mm ± 0.90mm (1-2.5 mm), a result that remained stable after one year (Figure 4). The average correction of ptosis by this technique after one year was of 2.8 mm (2 mm to 3.6mm). There was a mean eyelid drop of 1mm from the one week after surgery to one year follow up (MRD1 2.7 mm in 1 week to 1.7 mm in 1 year). The statistics of the outcomes were confirmed using the student “t” test (p< 0,001). Lagophthalmos occurred in 60% of patients (12 cases), although only one patient had severe lagophthalmos with persistent corneal keratitis. Undesirable asymmetry occurred in two patients (13.3%). The aesthetic satisfaction rate of the patients was 80% (12 patients), while for three patients the result was unsatisfactory: one had severe lagophthalmos, one had an extrusion with infection and one had an asymmetry greater than 2 mm. Considering the criteria recommended by Tarbet et al7, the results for three patients were considered “excellent”, “good” for nine patients and “poor” for three. DISCUSSION Blepharoptosis is a condition that can cause many problems of a psychological and visual nature. Correct diagnosis and treatment can prevent possible amblyopia through visual deprivation in patients with severe ptosis, sometimes occluding the visual axis, thus preventing correct vision development and causing amblyopia (17-22). Frontalis sling surgery, as described by Fox(1-7, 13) , can be used for the surgery, along with various materials. Silicone rods produce little tissue reaction and are elastic, thus allowing the patient´s eyes to close properly through the contraction of the orbicularis muscle. Another advantage of the silicone rod is the fact that we do not need to use another surgical site on the patient, as in the withdrawal of fascia lata or fascia temporalis, which would improve the mobility (12,14,15). However, by being elastic, it may have a tendency to slack a little during post-surgery, which may mean the result is less stable in the long term (12, 16, 23-26). The simple passage of the silicone rod in the epitarsal plan does not guarantee stability of the material at that location, as superior migration may occur, resulting in a recurrence of ptosis and less stable results. We prefer to make an incision in the eyelid crease and expose the upper tarsus and fix the silicon rod with three simple sutures using 6.0 mononylon. This is non-absorbable so causes less adverse reactions and avoids the appearance of eyelid granulomas. This fact was confirmed in this paper, given that we had no cases with this complication. This direct attachment to the tarsus reinforces the eyelid crease, leaving a more aesthetic result (7, 17, 18). Yagci et al. (18) compared two groups of patients with severe ptosis and poor UELM function. One group underwent frontalis sling surgery following the classic technique described by Fox, while the other group underwent surgery with the silicone rod sutured to the tarsus, keeping two stitches in the eyebrow and one in front. The group with the direct attachment to the tarsus achieved good aesthetic results in 76.6% of cases, while the other group achieved the same results in 46% of cases. Another variation of the Fox technique, modified by Friedenwald-Gyton (5,6,11) was the performance of only two incisions near the top edge of the eyebrow (also called simple rhomboid technique), one medial and another lateral, avoiding Rev Bras Oftalmol. 2016; 75 (2): 89-93 RBO Mar_aBR 2016 _Português_Revisão_05.pmd 91 7/3/2016, 22:15 92 Feijó EDF, Nery ACS, Limongi RM the upper incision, as we find it more aesthetic. The knotting of the silicon rod was done in the eyebrow’s lateral incision. As the tail of the eyebrow generally has a higher mobility compared to its medial part, it is supposed that this could contribute to the improvement of the functional outcome. In the passage of the silicone rod, we did not use the Wright needle, but used a curved eyed needle instead. Therefore, the depth of the passage of the rod can be better controlled, avoiding eye injuries. Besides, as the needle has a cutting and piercing tip, inserting it is easier than the conventional way. This study presented a ptosis correction index of 2.8 mm after one year follow up. There was an average eyelid drop of 1 mm between one week and one year post surgery. The probable causes for this include the material elasticity, which can slack a little over time and the lack of tissue reaction with consequent fibrosis, which could leave a more stable result(26-28). Lee et al (20) compared outcomes of patients operated with fascia lata and silicone rods and found better aesthetic results and a lower rate of complications with the silicone rod. Ben Simon et al(29) also compared outcomes of patients operated with nylon, silicone rods, fascia lata and polytetrafluorethylene and revealed more recurrence rate and complications in the silicone group. Many studies have shown that the results are highly variable for the rates of recurrence and complications. Still, prospective randomized trials are required to confirm the superiority of silicone over the fascia lata and to compare silicone with other materials. Studies have also shown that nylon, Mersilene and polytetrafluorethylene (PTFE or “Gore-tex”) also have good acceptance, but show varying rates of extrusion, infection, and granuloma formation (11). In our study, only one patient had to undergo silicone rod explantation for severe lagophthalmos with persistent keratitis and another patient had the rod explanted through extrusion with subsequent infection and pre-septal cellulitis. For most, the situation was resolved up to the first month after surgery, using eye drops (17, 28, 29, 30). The satisfaction rate with the functional and aesthetic result was excellent (80% - 12 patients). Although some patients have asymmetries of 1mm, it was considered negligible when evaluating themselves. Three patients (20%) were dissatisfied with the result, two had an asymmetry greater than two mm and one of them had a wire extrusion through a temporal incision to the eyebrow, with subsequent infection and pre-septal cellulitis and wire explant. One of them had severe and persistent lagophthalmos, with corneal keratitis and asymmetry, which led us to explant the wire. This patient had paralysis of the oculomotor nerve, which may have contributed to surgery failure. These facts are consistent with Zulfiquar et al.(17), that has a surgical success rate of 94.3% using the Fox technique with silicone rod, while no patient had exposure keratopathy. Fogagnolo et al (19) performed 22 frontal suspensions with silicone rods in pediatric patients, with an average correction rate of 2.3mm in a one-year followup. The eyelid dropped by an average of 0.8mm from the first week after surgery to the first year. This data is consistent with that found in our study. Recently in the USA, some oculoplastic surgeons have used a new instrument called Aurosling™ (Aurolab, Tamil Nadu, India). This consists of two straight needles connected by their ends with silicone rods, and represents an alternative to the Wright needle. This instrument is not available in Brazil, since it has not been allowed by local sanitary agencies, and importing it will increase the cost of surgery. Our alternative is more simple, low cost and effective. Although our case study had a small sample, we can say that this technical modification demonstrated good functional and aesthetic results, but a longer follow-up period and a larger sample would be necessary to draw a more grounded conclusion. CONCLUSION In conclusion, the correction of severe ptosis with poor or absent levator function through the modified suspension technique with surgical needle and silicone rod was effective in the functional outcome, and remained aesthetically stable within one year of follow-up. 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Zip code: 75080-410 E-mail: [email protected] Rev Bras Oftalmol. 2016; 75 (2): 89-93 RBO Mar_aBR 2016 _Português_Revisão_05.pmd 93 7/3/2016, 22:15 A R TIG O O 94 R IG IN A L O phthalm ic changes in cleft lip and palate A lterações oftalm ológicas na fissura lábio palatina Luciano Sólia N ásser1 , D aniella R eis B arbosa M artelli1 , M ário Sérgio O liveira Sw erts2 , D aniela A raújo V eloso Popoff1 , Letízia M onteiro de B arros2 , H ercílio M artelli Júnior1,2 A BSTRA C T T he currentstudy aim ed to analyze through a literature review evidence of association betw een ocular changes and non-syndrom ic cleft lip and/or palate (N SC L /P ).A literature review w as carried out in accordance w ith the C ochrane C ollaboration G roup protocol. P ubM ed,Scopus,A cadem ic G oogle and ISI W eb of Science databases w ere system atically searched.A totalof 16 studies w ere accessed, and three m ade up the finalsam ple.A llthree studied ocular abnorm alities in patients w ith N SC L /P.T he articles found ocular abnorm alities in 6.21% ,17.54% and 1.03% ofpatients respectively.T he presence ofocular abnorm alities in patients w ith N SC L /P w as significantin this system atic review ,butthe articles allagreed thatfuture studies should explore the possibility of a greater occurrence of ocular changes in individuals w ith N SC L /P. K eyw ords:V ision disorders;E ye m anifestations;C olobom a;C leftpalate;C leftlip R ESU M O O presente estudo teve com o objetivo analisar evidências de associação entre as alterações oculares e fissuras lábio palatinas não sindrôm icas (F L /P N S),através de um a revisão da literatura.Foirealizada a revisão da literatura com pesquisa sistem ática,observando o protocolo de colaboração com o G rupo C ochrane.P ubM ed,Scopus,G oogle A cadêm ico e ISI-W eb of Science.A partir de16 estudos acessados,3 com puseram a am ostra final.Todos os trabalhos da am ostra final relataram alterações oculares em pacientes com F L /P N S.O s artigos relataram respectivam ente alterações oculares em 6,21% , 17,54% e 1,03% dos pacientes.A presença de alterações oculares em pacientes com F L /P N S foi significativa nesta revisão sistem ática, m as todos os três artigos sugerem que futuros estudos deverão explorar a possibilidade de que haja um aum ento de alterações oculares em indivíduos com F L /P N S. D escritores:Transtornos da visão;M anifestações oculares;C olobom a;Fissura palatina;Fissura labial 1 H ealth Science Program m e, U niversidade Estadual de M ontes C laros, M ontes C laros, M G , B razil. C entre for R ehabilitation of C raniofacial A nom alies, U niversidade José do R osário V ellano, A lfenas, M G , B razil. Institution: U niversidade Estadual de M ontes C laros, M ontes C laros, M G , B razil. The authors declare no conflict of interest. R ecebido para publicação em 09/11/2015 - A ceito para publicação em 11/12/2015 2 R ev B ras O ftalm ol. 2016; 75 (2): 94-8 95 Ophthalmic changes in cleft lip and palate INTRODUCTION O rofacial malformations are the most common form of congenital anomalies in the world(1). Among them, the most prevalent is the cleft lip with or without cleft palate (CL/P)(2-5), which may occur more commonly in an isolated and non-syndromic form as a specific phenotype or, more rarely, composing several associations or syndromes(6,7). Embryologically, clefts result from primary fusion defects of the craniofacial processes that form the primary and secondary palate in the first intrauterine trimester (8). The incidence of CL/P varies according to geographical location, racial and ethnic groups, environmental exposures, and socioeconomic status, affecting approximately 1/ 700 live births with wide variability across geographic origin. Generally, Asian and Amerindian populations have the highest reported birth prevalence rates, often as high as 1/500, Europeanderived populations have intermediate prevalence rates at about 1/1,000, and African-derived populations have the lowest prevalence rates at about 1/2,500(5,9,10). According to Vieira (7), the last decade was crucial in clarifying issues concerning the etiology of CL/P when compared to other defects observed at birth. As this is a multifactorial trait, environmental risk factors such as smoking, alcohol, parental age, medications, birth order, inter-pregnancy interval, and folic acid deficiency are listed as modifiers. Risk factor identification is the first step to better understanding and preventing such craniofacial changes(7,11). CL/P could be associated with many other structural abnormalities of the adjacent vital structures of the face like the ears, eyes, nose, teeth and brain. CL/P are inherently known to produce functional problems affecting the oropharynx (feeding and breathing), hearing, vision and speech; in addition, they have a negative cosmetic effect(12).Almost all skeletal and soft tissue components of the craniofacial area are unbelievably derived from the neural crest cells (12). Because eyes originate as an extension of the forebrain, malformations involving ocular structures invariably accompany those of the face and brain and vice versa (12). The current study aimed to provide additional evidence by means of review of the literature. METHODS The present review was carried out in accordance with the Cochrane Collaboration Group protocol for systematic reviews(13), including a literature search strategy, selection of papers through the inclusion and exclusion criteria, data extraction, and quality assessment. Literature search strategy Our review was performed in July 2014 in order to obtain literature regarding NSCL/P and ocular changes. PubMed, Scopus, Google and ISI - Web of Science databases were systematically searched using the following approaches: the search strings “ocular changes” AND “cleft lip and palate”, “ocular findings” AND “cleft lip and palate”, “ocular features” AND “cleft lip and palate”, “ocular disorders” AND “cleft lip and palate”. The same happened with the terms “oral clefts” and “orofacial clefts” for studies published up to that time. Selection of papers through the inclusion and exclusion criteria The selection of papers is diagrammatically explained in Figure 1. Of the 16 studies originally found through the literature search strategy and the references of the potential studies retrieved, three studies was excluded (for being in a language other than English with no full text available), and another was excluded because it did not describe the ocular abnormalities found. A further nine studies involving syndromic oral clefts were subsequently excluding. After wards, only articles presenting ocular changes with NSCL/P were included in the present study. Thus, three studies were selected (Figure 1). Figure 1: Flowchart of the studies included and excluded Data extraction Title and abstract screening was performed by two reviewers (LSN and HMJ) who worked independently to identify potentially relevant papers for which full text publications were retrieved. If, however, there was any discrepancy of opinion, the reviewers reexamined the paper together and arrived at a joint final decision. A standardized form was used to extract information, such as author and year of publication of the paper, origin of participants, study design, sample size, type of oral clefts and type of ocular changes associated with non-syndromic oral clefts. RESULTS The initial database search identified 16 citations published between 1977 and 2013. After screening, nine studies were excluded (because they described ocular changes in patients with syndromic CL/P), leaving seven papers. A second screening was performed on the remaining papers and four studies were excluded (three articles were in a language other than English with no full text available and one article did not describe the ocular changes found). Thus, three papers were selected for the systematic review. The characteristics of the three selected papers are presented in Table 1. All three used a prospective study design and reported the frequency of ocular changes associated to Rev Bras Oftalmol. 2016; 75 (2): 94-8 RBO Mar_aBR 2016 _Português_Revisão_05.pmd 95 7/3/2016, 22:15 96 Násser LS, Martelli DRB, Swerts MSO, Popoff DAV, Barros LM, Júnior HM article found 64% of ocular manifestations in patients with bilateral CL/P, 16% in patients with unilateral CL/P, 10.5% in patients with isolated cleft palate and 8,7% in isolated cleft lip(14). An article(12) found ocular abnormalities in 6.21% of patients. Changes in the eyelid were the most frequent (30%), followed by orbital defects (20%), abnormalities of the lacrimal duct (10%), limb defects (10%), cataract (5%) and retinal coloboma (5%). Furthermore the article found refractive error in 15% of patients. The other article(14) found ocular abnormalities in 17.54% of patients. The most frequent ocular disease was congenital nasolacrimal duct obstruction (50%), followed by bilateral iris coloboma (20%), eyelid (10%), dermoid tumor (10%), and esophoria (10%). The other article(15) found ocular changes in 1.03% of patients. The most frequent ocular disease was coloboma (57.14%), followed by eyelid (14.28%), congenital nasolacrimal duct obstruction (14.28%) and congenital esotropia (14.28%). NSCL/P. The sample sizes and the population investigated varied considerably among the studies, not being homogeneous: one studied 322 patients, one studied 57 and the other studied 622 patients. Concerning the country of origin of articles: one was from the United States, one from Turkey and one from India (Table 1). Each study has its own classification of cleft type: one classified the clefts as unilateral or bilateral, one as CL, CP or CL/P and one did not separate the types of clefts. All three studied ocular abnormalities in patients with NSCL/P. The type of population studied was different among the three articles: one studied the ocular changes in patients with cleft lip and palate attending the three departments of K. S. Hegde Charitable Hospital, namely, Maxillofacial, Ophthalmology and Pediatrics. One studied patients with cleft lip and/or palate who sought orthodontic help at the Dental Hospital, Izmir, Turkey and one studied children admitted at the Jubilee Mission Medical College, Trichur for cleft lip or cleft palate repair. The age of the patients was similar in the three studies: one studied patients over the age of 20, one over 18 and the other over 19. Regarding ocular changes in each article, all classified them according to the modified anatomical region of the eye and its annexes (Table 2). Two articles carried out a categorization relating to cleft type with associated ocular abnormalities(12,14). An article found 48.14% of ocular manifestations in patients with bilateral CL/P, 18.5% of changes in patients with unilateral CL/P, 7.4% in patients with facial clefts, 7.40% in patients with clefts with alveolus and 18.5% in patients with recognizable syndromes(12). The other DISCUSSION This literature review assessed available studies describing ocular changes in patients with non-syndromic oral clefts. We demonstrated that there is a shortage of literature about ocular changes in patients with NSCL/P. Our results also demonstrated that the published studies disagree on the frequency of nonsyndromic oral clefts. One article says: cleft lip and palate represents the second most frequently occurring congenital deformity after clubfoot deformity(12). Another article says: cleft Table 1 Main characteristics of the three selected papers First author, year of publication Country of study Cleft classification Frequency of ocular abnormalities % Study design Number of patients evaluated Age of patients Anchlia et al., 2011 EUA Bilateral CLP, unilateral CLP 6.21 Prospective 322 Up to 20 year Yaman et al., 2009 Turkey CL, CP, CLP 17.54 Prospective 57 Up to 18 years Shobha et al., 2011 India CLP, without separating the sub-types 1.03 Prospective 674 6 months to 19 years Table 2 Ocular changes in each of the three articles selected. Ocular changes Author Total % Eyelid defects % Squint abnormalities % Orbital dermoids % Colobomas % % 10 10 5 5 10 30 20 Yaman et al., 2011 17.54 10 10 50 14.28 14.28 14.28 20 57.14 Rev Bras Oftalmol. 2016; 75 (2): 94-8 RBO Mar_aBR 2016 _Português_Revisão_05.pmd 96 Cataract % 6.21 1.03 Limbal % Anchlia et al., 2011 Shobha et al., 2011 20 Nasolacrimal 7/3/2016, 22:15 97 Ophthalmic changes in cleft lip and palate lip and/or cleft palate are among the common congenital anomalies of the head and neck region(14). The other article says: cleft lip and palate are common birth defects formed due to failure of fusion of the maxillary and mandibular processes between the fifth and ninth weeks of pregnancy. They are found in one in every 1,000 newborns(15). Other studies about CL/P demonstrated that the studies published agree that non-syndromic oral clefts are one of the most common human malformations, with an average prevalence of 1 per 700 or 1,000 live births(2,4,5,7,16), as well as that its incidence varies according to gender: 2:1 being the ratio of males to females for cleft lip and palate and 1:2 the approximate ratio of males to females for isolated cleft palate(1,10). Other common information between the studies about CL/P is the fact that unilateral clefts are more common than bilateral clefts, and of the unilateral cases of non-syndromic cleft lip and palate, left-sided cleft lips occur more frequently than right-sided cleft lips(4,5,16,17). Many studies have also demonstrated that genetic factors may play a role in the cause of non-syndromic oral clefts in addition to certain environmental and/or stochastic factors, meaning that this malformation is a multifactorial trait(2,16,18). Similarly, studies have shown that cleft lip, with or without cleft palate, is entirely different from isolated cleft palate from both embryological and pathogenetic standpoints(18,19). The pathogenesis of the ocular abnormalities associated with CL/P poses a problem. The most probable explanation is detective organogenesis in the early embryonic period when all of the structures involved are forming the facial structures, the anterior segment of the eye and the eyelids(20). The mechanisms behind movement and fusion of mesodermal processes have been studied extensively in experimental oral clefting, but the findings may apply to other clefting anomalies(21,22). Genetic regulation is critical to successful ocular embryogenesis. The two genes that have been described as most important in ocular development are the PAX6 gene (chromosome 11p13) and the Rx gene (chromosome 18). Both genes belong to a large family of factors that are related to the homeodomain region of the Drosophila paired protein. Early induction of both genes causes a series of gene activations and depressions which are tantamount to normal development of the mature eye. Rx and PAX6 are both expressed in proliferating cells. Mutations of PAX6 have been shown to lead to aniridia, congenital cataract, Peter’s anomaly, and midline fusion defects. Absence of the gene leads to anophthalmia. Rx is associated with retinal proliferation(23). The defects in the eye may be viewed as showing similar defective mesenchymal movement and fusion. During the period between 17 and 22 weeks, three mesodermal tissue migrations normally occur from the rim of the optic cup(24). In turn, they form the corneal endothelium, the cells of the corneal stroma and the mesodermal portion of the iris. These migrations have the additional effect of separating the developing lens from the cornea. Defective mesodermal migrations from the upper rim of the optic cup would account for lack of corneal development, failure of lens separation and incomplete aniridia superiorly. At the same time, the eyelids are forming above and below the eye as a fold of mesodermal covered by ectoderm and are advancing toward their partial fusion over the central cornea. The eyelid coloboma may represent an inappropriate fusion of the epithelium associated with cell death and disease characterized by CL / P, and eyelid coloboma is called oral clefts(20). According to the Carnegier stages, the major congenital malformations of the eye and its attachments occur between the fourth and eighth weeks of the embryonic period while the cleft lip and palate occur between the sixth and eighth weeks. That is, there is a common embryonic period from the sixth to the eighth week in which occur both ocular and oral alterations(24). Tessier’s classification is used for patients with congenital clefts and lid coloboma. Tessier’s number 3, 4, 5 affect the eye (Figure 2). Source: Shobha ME, Joseph A, Adenwalla HS, Narayanan PV, Kakkanat CV, Ocular findings in cleft lip and cleft palate patient. Kerala J Ophthalmol. 2011;23(4):358-60. Figure 2: Oro-ocular clefts and the Tessier’s classification. There was not a consensus in the reviewed articles regarding the type of ocular change most often related to non-syndromic CL/P, as well as any article deepened the study relating these changes to CL/ P, based on embryological and genetic concepts. Thus the hypothesis that there is some correlation between ocular manifestations and non-syndromic CL/P cannot be confirmed by this systematic review. To date, there is no known genetic or epigenetic explanation for the ocular changes described in the reviewed articles that can be correlated with the causative genes for non-syndromic CL/P. The articles are in agreement that future studies should explore the possibility that there is a preferential occurrence of ocular changes in individuals with non-syndromic CL/P and test the hypothesis that common genetic and epigenetic mechanisms are playing a role in both conditions. Through this information, future studies may be better able to identify the causes of nonsyndromic orofacial clefts and ultimately to predict its occurrence and to facilitate genetic counseling of affected families(16). Cleft lip and palate are usually repaired early in life. However, the ocular complications may be progressive and threaten sight. It is therefore important that these patients be under long-term ophthalmic supervision to try to prevent the sight threatening ocular complications(25). Thus, when ocular disorders associated with CL/P are identified, the appropriate eye tracking is essential in the prevention of serious consequences, since the loss of vision can be more disabling in patients with CL/P. ACKNOWLEDGEMENTS This work was supported by grants from the Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), Minas Gerais, Brazil and the Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Brasília, Brazil. Rev Bras Oftalmol. 2016; 75 (2): 94-8 RBO Mar_aBR 2016 _Português_Revisão_05.pmd 97 7/3/2016, 22:15 98 Násser LS, Martelli DRB, Swerts MSO, Popoff DAV, Barros LM, Júnior HM REFERENCES 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. Marazita L M. The evolution of human genetic studies of cleft lip and cleft palate. Annu Rev Genomics Hum Genet. 2012;13:263 83. Taioli E, Ragin C, Robertson L, Linkov F, Thuman LE, Vieira AR. Cleft lip and palate in family members of cancer survivors. Cancer Invest. 2010;28(9):958 62. 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Corresponding author Luciano Sólia Násser Rua Walter Ferreira Barreto, 57- Zip code: 39401-347Montes Claros, Minas Gerais, Brazil Tel: + 55 38 9132:5452 E-mail address: [email protected] Rev Bras Oftalmol. 2016; 75 (2): 94-8 RBO Mar_aBR 2016 _Português_Revisão_05.pmd 98 7/3/2016, 22:15 ARTIGO ORIGINAL99 Prevalência de cicatrizes coriorretinianas em exames angiográficos Prevalence of chorioretinal scars in angiographics exams Roberto Augusto Fernandes Machado1, João Paulo de Bortolli2, Fernanda Bassanezi3 RESUMO A toxoplasmose é uma zoonose que tem como agente etiológico o Toxoplasma gondii, que se caracteriza por ser uma doença infecciosa de distribuição mundial. Considera-se que no mundo existam mais de 2 bilhões de pessoas infectadas pela toxoplasmose. É bem conhecido que a toxoplasmose é uma causa frequente de cicatriz coriorretiniana. Nesse grupo de doenças, o exame angiográfico (ou angiofluoresceinografia de retina) é de fundamental importância para o diagnóstico. Objetivo: Realizar um levantamento da prevalência de cicatrizes coriorretinianas em angiografias em serviço privado na região de Cascavel (PR), Brasil. Métodos: Realização um estudo retrospectivo, transversal, com levantamento de documentos fonte, onde foram analisados 8719 laudos de angiografias de retina realizadas no Instituto da Visão na cidade de Cascavel (PR), Brasil, entre os anos de 2000 a 2011, sendo selecionados como primeiro diagnóstico de cada paciente, completando um total de 4928 exames válidos. As alterações encontradas foram classificadas de acordo com o tipo de cicatriz visualizada, e divididas conforme frequência percentual. Resultados: Observou-se uma prevalência de cicatrizes de 6,38%, sendo que o percentual de cicatriz coriorretiniana encontrado foi de 6,14%. Conclusão: A baixa prevalência de cicatrizes coriorretinianas encontrada na região de Cascavel (PR), Brasil, quando comparada à de Erechim (RS), Brasil, se deve a diversos fatores, tanto climáticos, socioculturais e institucionais. Além das cicatrizes coriorretinianas, que representaram o maior número entre as cicatrizes, foram encontrados outros subtipos cicatriciais com prevalências menores. Descritores: Cicatrizes; Retina; Toxoplasmose; Coriorretinite; Prevalência ABSTRACT Toxoplasmosis is a zoonosis whose etiologic agent is Toxoplasma gondii, which is characterized as an infectious disease of worldwide distribution. There are thought to be more than 2 billion people globally infected with toxoplasmosis. It is well known that toxoplasmosis is a frequent cause of chorioretinal scarring. In this group of diseases, the angiographic examination (or retinal fluorescein angiography) is very important for diagnosis. Objective: To perform a survey on the prevalence of chorioretinal scars in angiography at a private clinic in the area of Cascavel, Paraná State, Brazil. Methods: This was a retrospective, cross-sectional study with collection of data from source documents, involving the analysis of 8,719 reports of retinal angiograms performed at the Instituto da Visão of Cascavel, Brazil, between the years 2000-2011. The first diagnosis of each patient was selected, completing a total of 4,928 valid exams. The changes were classified according to the type of visualized scarring, and divided as percentage frequency. Results: We observed a prevalence of 6.38% scars, and the percentage of chorioretinal scars was found to be 6.14%. Conclusion: The low prevalence of chorioretinal scars found in the region of Cascavel, Brazil, when compared with the region of Erechim (Rio Grande do Sul State), Brazil, is due to climatic, sociocultural and institutional factors. Besides the chorioretinal scars, which represent the largest group of scars, other subtypes of scars with lower prevalence were found. Keywords: Scars; Retina; Toxoplasmosis; Chorioretinitis; Prevalence 1 Instituto da Visão, Cascavel, PR, Brasil. Hospital São Lucas, Cascavel, PR, Brasil. 3 Acadêmica de Medicina da Faculdade Assis Gurgacz, Cascavel, PR, Brasil. Instituição onde o trabalho foi realizado: Instituto da Visão, Cascavel, PR, Brasil. 2 Os autores declaram não haver conflitos de interesse. Recebido para publicação em 28/07/2015 - Aceito para publicação em 28/10/2015 Rev Bras Oftalmol. 2016; 75 (2): 99-102 RBO Mar_aBR 2016 _Português_Revisão_05.pmd 99 7/3/2016, 22:15 100 Machado RAF, Bortolli JP, Bassanezi F INTRODUÇÃO A toxoplasmose é uma zoonose que tem como agente etiológico o Toxoplasma gondii que se caracteriza por ser uma doença infecciosa distribuída mundialmente. Considera-se que no mundo existam mais de 2 bilhões de pessoas infectadas pela toxoplasmose. Sua prevalência varia de acordo fatores socioeconômicos, idade e aspectos geográficos próprios de cada região. Estima-se que os maiores números de infecção pela doença estejam localizados em áreas de clima tropical (1). Atualmente sabe-se que o hospedeiro definitivo do T. gondii é o gato. A partir do gato há liberação e disseminação de oocistos para locais como terra, água e alimentos. A transmissão pode se dar pelo consumo de frutas e verduras mal lavadas, assim como por meio de ingestão dos cistos presentes em carnes cruas e/ou mal cozidas. Além disso, através do transplante de órgãos de doadores com títulos positivos para T. gondii, é possível que ocorra a transmissão da doença para um receptor soronegativo (2). A transmissão transplacentária é outra importante via de infecção, sendo mais grave no terceiro trimestre, em que os índices de transmissão chegam a 60% (3). Dentre as infecções parasitárias causadoras de retinite, a mais comum é a toxoplasmose, podendo esta manifestar-se como lesão ativa ou cicatricial (4). Nesse grupo de doenças, o exame angiográfico é de fundamental importância para o diagnóstico. Sabe-se que a toxoplasmose ocular é a principal causa de uveíte posterior em indivíduos imunocompetentes (5), e em pacientes imunocomprometidos, principalmente naqueles com AIDS, a toxoplasmose é uma das causas mais comuns de infecção ocular secundária. As manifestações oculares da infecção variam de acordo com o modo de transmissão da doença, se transplacentária (congênita) ou adquirida. Aproximadamente 70% dos pacientes que adquirem a infecção por via transplacentária desenvolverão cicatrizes coriorretinianas (6). Apesar de serem mais conhecidas, as manifestações oculares adquiridas após o nascimento são menos frequentes que as adquiridas por infecções congênitas (7). Na toxoplasmose congênita, as principais manifestações ocorrem por meio de sintomas oculares, na forma de retinocoroidite, e do sistema nervoso central como microcefalia ou hidrocefalia, calcificações intracerebrais e retardo mental. Além da retinocoroidite necrótica focal, as lesões oculares toxoplásmicas podem se manifestar sob a forma de iridociclite secundária, vasculite, neurorretinite, neurite óptica, papilite, heterocromia de íris, pseudo-retinose pigmentar e ainda envolver o vítreo (8). Tradicionalmente a toxoplasmose adquirida é considerada uma doença benigna e autolimitada, não apresentando sintomas evidentes, sendo, portanto, assintomática. Somente cerca de 10% dos pacientes infectados por toxoplasmose adquirida manifestam sintomas clínicos (3). O sinal usualmente reconhecido como manifestação da toxoplasmose adquirida é a linfadenopatia cervical, associada à fadiga, mialgia e ausência de febre. O acometimento ocular na forma de retinocoroidite é raro na infecção aguda adquirida (8). Pacientes com toxoplasmose adquirida podem desenvolver alterações oculares na forma de retinocoroidite focal, conjuntivite, papilite, atrofia óptica e panuveíte (9). Outras partes do olho podem ser afetadas, gerando formas atípicas da doença, representadas pelo desenvolvimento de vasculites, vitreítes ou iridociclite (6). Pacientes com toxoplasmose adquirida possuem risco de desenvolver lesões oculares tardiamente que podem comprometer a visão de maneira irreversível. Algumas complicações oculares relacionadas à retinocoroidite toxoplásmica são: catarata, edema macular, enrugamento macular, descolamento de retina, rotura retiniana, oclusão de ramo da artéria da retina e da veia da retina (5). O diagnóstico da toxoplasmose é feito a partir da análise clínica das lesões e da sorologia positiva para toxoplasmose. O aspecto da lesão ocular toxoplásmica é uma retinite focal necrosante, geralmente de forma oval ou circular. A retinocoroidite toxoplásmica apresenta-se classicamente como um foco de retinite adjacente a uma cicatriz coriorretiniana antiga (10). O diagnóstico sorológico é feito a partir da dosagem de anticorpos da classe IgG, IgM e IgA por meio da imunofluorescência indireta e do teste imunoenzimático (ELISA). (11) A toxoplasmose ocular possui alta prevalência na cidade de Erechim, no Rio Grande do Sul. Além disso, cidades do sudoeste do Paraná, como Cascavel e Pato Branco, são citadas como regiões de elevada frequência de cicatrizes coriorretinianas por toxoplasmose (1). Em vista disso, justifica-se o estudo com objetivo de estimar a prevalência de cicatrizes coriorretinianas possivemente toxoplásmicas na região de Cascavel. MÉTODOS Estudo retrospectivo, transversal, com levantamento de dados de documentos fonte (prontuários e base de dados eletrônica do serviço), com caráter documental e de natureza quantitativa. O presente estudo foi realizado na cidade de Cascavel/PR, nas dependências de um serviço privado, o Instituto da Visão, especializado em Oftalmologia, sendo que a pesquisa apenas teve início após a autorização formal. A população do estudo contou com a análise de 8719 laudos de angiografias de retina realizadas no Instituto da Visão no período de 2000 a 2011 e armazenadas em formato digital. Foi incluído no estudo apenas o primeiro exame de angiografia realizado de cada paciente, foram, portanto, excluídos todos os exames subsequentes realizados pelo mesmo paciente, chegando a um total de 4928 exames válidos. A amostra estudada foi, então, a representada pelos laudos de angiografias classificados de acordo com a presença de cicatrizes coriorretinianas. Cada exame angiográfico foi analisado e avaliado por dois médicos especialistas do hospital, e em caso de discordância, realizou-se reunião com o intuito de entrar em concordância a fim de emitir o laudo, reduzindo o viés do examinador. O estudo foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da FAG – Faculdade Assis Gurgacz, e está em cumprimento com a Resolução 196/96 da Comissão Nacional de Saúde, conforme o Número do Parecer 742.632. RESULTADOS Dos 8,719 laudos, foram analisadas 4,928 angiografias de retinas válidas, e os resultados obtidos foram classificados em nove grupos de acordo com as seguintes doenças: vasculares, degenerações e distrofias, inflamatórias, cicatrizes, alterações de interface, tumores, traumas, congênitas e outras. Dentre estes, os grupos que apresentaram maior percentual de achados signifi- Rev Bras Oftalmol. 2016; 75 (2): 99-102 RBO Mar_aBR 2016 _Português_Revisão_05.pmd 100 7/3/2016, 22:15 101 Prevalência de cicatrizes coriorretinianas em exames angiográficos cativos foram os relacionados às doenças vasculares e degenerações e distrofias. Dentre os 4928 exames, 322 (6,53%) foram considerados normais, sem quaisquer achados patológicos. O número de cicatrizes encontradas no estudo representou um total de 315 (6,38%) na população geral. A cicatriz de maior prevalência no estudo foi a cicatriz coriorretiniana, com um total de 303 (6,14%) achados. Além das cicatrizes coriorretinianas, foram encontrados no estudo outros padrões cicatriciais descritos na tabela 1 conforme o número absoluto encontrado e o respectivo percentual. As cicatrizes encontradas nos exames não foram classificadas em cinco graus, conforme o aspecto e probabilidade de ser toxoplasmose, devido este não ser o intuito principal do exame. Tabela 1 Achados cicatriciais Tipo de cicatriz N° % Cicatriz coriorretiniana 303 6,14 Cicatriz disciforme 9 0,18 Cicatriz atrófica 3 0,06 Total 315 6,38 DISCUSSÃO Na literatura, são poucos os estudos que descrevem a prevalência de cicatrizes coriorretinianas sugestivas de toxoplasmose ocular na população em geral. A prevalência de toxoplasmose varia de acordo com fatores climáticos, geográficos, socioeconômicos e culturais. No Brasil, a uveíte por toxoplasmose é atualmente considerada a causa mais frequente de uveíte (12). A uveíte anterior causada pelo Toxoplasma gondii pode ser explicada pela presença de parasitas dentro do segmento anterior do olho ou por reação de hipersensibilidade (13). Entretanto, dentre as manifestações mais sugestivas de toxoplasmose ocular, a retinocoroidite é a mais comum, sendo muitas vezes citada como um sinal de toxoplasmose congênita (14). As cicatrizes oculares decorrentes de toxoplasmose apresentam margens delimitadas, com atrofia retinocoroidiana e diversos graus de hiperplasia do epitélio pigmentário, podendo também, em alguns casos, serem observados vasos da coróide e esclera na área central e atrófica. A cicatriz retiniana com aspecto de roda de carroça ou lesão em rosácea macular é considerada por alguns autores como lesão patognomônica da toxoplasmose ocular congênita. Além da lesão em rosácea macular, as cicatrizes podem ser em saca-bocado, com planos de necrose na espessura retiniana (13). Em um estudo em que se analisou a prevalência de sorologia positiva para toxoplasmose em 100 doadores de sangue do Banco de sangue de Cascavel/PR, sendo estes, 67 homens e 33 mulheres, verificou-se uma prevalência de 62% de IgG positivo para Toxoplasma gondii e 100% de IgM negativos. Dentre os homens a soropositividade foi de 59,7%, e entre as mulheres de 66,67% (15) . Entre os anos de 1990 a 2001, em um estudo epidemiológico sobre toxoplasmose ocular na região de Erechim no Rio Grande do Sul, concluiu-se que 74,8% da amostra (765 pessoas) apresentaram IgG positivo para toxoplasmose (6). Neste mesmo estudo, pode-se verificar que dos 184 casos com uveíte possivelmente toxoplasmática, 183 tinham IgG reagente para o T. gondii. Por muito tempo a toxoplasmose ocular foi considerada como sendo uma sequela da infecção congênita pelo Toxoplasma gondii e, apenas em poucos e infrequentes casos, atribuída à infecção pós-natal em um paciente imunocompetente (16). Entretanto, estudos recentes evidenciaram que manifestações oculares advindas de toxoplasmose também podem ser decorrentes da forma adquirida após o nascimento. Muitos desses estudos foram desenvolvidos no sul do Brasil, na região de Erechim/RS, onde a maioria dos pacientes examinados adquiriu a infecção após o nascimento. Outras regiões brasileiras também apresentam altas prevalências de toxoplasmose, e como consequência, alta prevalência de retinocoroidite. Além de Erechim/RS, cidades do sul do Brasil, como Cascavel/PR, são citadas por Silveira (2002) em seu livro como locais de alta prevalência de lesões oculares por toxoplasmose. Acredita-se que devido à similaridade das condições geográficas, assim da formação cultural, Cascavel e Erechim possam apresentam prevalências semelhantes de lesões toxoplásmicas. Neste estudo realizado na cidade de Cascavel/PR, em um serviço privado especializado em oftalmologia, verificamos que a prevalência de achados cicatriciais foi de 6,38%. A prevalência de cicatrizes coriorretinianas sugestivas de toxoplasmose encontrada foi de 6,14% na população geral. No estudo realizado em 1990 na cidade de Erechim/RS, com 1042 examinados, foram observadas lesões retinianas em 215 pacientes (20,6%) (2). Em outro estudo realizado com a população desta região do sul do Brasil, 21,3% dos pacientes examinados com 13 anos ou mais tiveram uveíte posterior devido à contaminação pelo Toxoplasma gondii. A prevalência encontrada em Erechim/RS é mais de 30 vezes maior do que as estimativas previamente feitas para toxoplasmose ocular em outras partes do mundo (16). Diversas hipóteses foram desenvolvidas para explicar a alta prevalência de toxoplasmose ocular na região de Erechim/ RS. A idade precoce de infecção, assim como uma exposição por longo prazo do indivíduo pode aumentar a chance de desenvolvimento de complicações oculares. É possível ainda afirmar que diferenças genéticas do hospedeiro e outros agentes externos podem interagir e alterar o curso da doença, a fim de proporcionar o desenvolvimento de uveíte posterior (16). Os 1042 pacientes que participaram do estudo realizado em Erechim/RS, no ano de 1990, foram novamente reavaliados em 1997. Após sete anos, pode-se verificar que o aparecimento de lesões oculares após a soroconversão é um achado frequente na população estudada do sul do Brasil. Em 1990, 130 pacientes apresentaram-se soronegativos para o T. gondii. Em 1997, 21 dos 109 indivíduos examinados foram considerados soropositivos, e dois dos 21 indivíduos (9,5%) desenvolveram lesões retinianas altamente sugestivas de toxoplasmose ocular (17). Em uma pesquisa com a população rural no sul do estado do Rio de Janeiro, na cidade de Barra Mansa, a prevalência de lesões retinianas sugestiva de toxoplasmose foi de 5,8% nos pacientes com soropositividade para IgG anti Toxoplasma gondii, e de 3,8% na população geral (18). Em Venda Nova do Imigrante/ ES, dos 1074 pacientes examinados, 11,27% apresentaram lesões oculares compatíveis com toxoplasmose (12) , sendo o percentual encontrado inferior ao de Erechim/RS, e superior ao encontrado em Cascavel/PR. A tabela 2 compara a prevalência de cicatrizes coriorretinianas encontradas a partir de estudos realizados em regiões geográficas brasileiras diferentes. No presente estudo, realizado no centro especializado em oftalmologia na cidade de Cascavel no estado do Paraná, os exames angiográficos foram realizados baseados em dados da história e queixa do paciente, assim como na sua doença de base. Rev Bras Oftalmol. 2016; 75 (2): 99-102 RBO Mar_aBR 2016 _Português_Revisão_05.pmd 101 7/3/2016, 22:15 102 Machado RAF, Bortolli JP, Bassanezi F Além disso, os exames foram realizados com o intuito de evidenciar não apenas cicatrizes por toxoplasmose, mas também com o objetivo de encontrar doenças vasculares, degenerações e distrofias, doenças inflamatórias, alterações de interface, tumores, traumas, doenças congênitas e outras. Tabela 2 5. 6. 7. 8. Prevalência de cicatrizes coriorretinianas Cidade/ Região Frequência de cicatrizes (%) Erechim (RS) 20,6 Venda Nova do Imigrante (ES) 11,26 Cascavel (PR) 6,14 Barra Mansa (RJ) 5,8* 9. 10. 11. 12. 3,8** *Prevalência nos pacientes com soropositividade para IgG anti Toxoplasma gondii. **Prevalência na população geral. CONCLUSÃO Ao comparar os resultados de diversos estudos realizados em diferentes localidades do Brasil, é possível verificar que a prevalência de toxoplasmose ocular e de cicatrizes oculares é variável entre as regiões, possivelmente devido a fatores climáticos, ambientais e socioculturais. Nossa comparação com os dados encontrados em Erechim justifica-se pela citação de Silveira (2002) em seu livro “Toxoplasmose: Dúvidas e Controvérsias”. Nesta publicação, o autor cita que cidades do sudoeste do Paraná possam ser localidades com prevalência de lesões oculares semelhante às encontradas em Erechim. Postula-se que a prevalência semelhante entre as regiões citadas seja relacionada à similaridade dos fatores ambientais e socioculturais. Entretanto, verificamos uma baixa prevalência de lesões oculares na região de Cascavel quando comparada à alta prevalência encontrada na região de Erechim. Acredita-se que uma das hipóteses para a diferença significativa entre os resultados, seja devido à existência de um centro de tratamento e de pesquisa voltado especificamente para a toxoplasmose ocular na região de Erechim. Além disso, neste estudo, nosso objetivo não foi somente o encontro de cicatrizes coriorretinianas. No decorrer da pesquisa, buscamos evidenciar também as doenças vasculares, degenerações e distrofias, doenças inflamatórias, alterações de interface, tumores, traumas e doenças congênitas pelos exames de angiografia. Novos estudos sobre toxoplasmose ocular estão em desenvolvimento, trazendo novas perspectivas de tratamento e de diagnóstico dessa importante doença ocular. 13. 14. 15. 16. 17. 18. Scherrer J, Iliev ME, Halberstandt M, Kodjikian L, Garweg G J. Visual function in human ocular toxoplasmosis. Br J Ophthalmol. 2007; 91(2): 233-6. Silveira C. Toxoplasmose: levantamento bibliográfico de 1997 a 2000. Arq Bras Oftalmol. 2001; 64(3): 263-70. Holland GN. 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O objetivo deste trabalho foi analisar os parâmetros demográficos, manifestações clínicas, terapêutica e principais complicações oculares em doentes com sarcoidose ocular. Métodos: Estudo descritivo e retrospectivo que incluiu doentes com o diagnóstico de sarcoidose ocular, observados nas consultas de Inflamação Ocular e de Doenças Auto-Imunes do Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca, no período entre 2009 e 2015. Resultados: Foram identificados 11 doentes com o diagnóstico de sarcoidose ocular, com predomínio do sexo feminino (54,5%) e caucasianos. A média da idade ao diagnóstico foi de 45±14 anos. A sarcoidose manifestou-se de forma exclusivamente ocular em 36% dos casos. O envolvimento ocular foi a manifestação inicial em 90,9% dos casos. Identificaram-se 9 casos de uveíte, 1 de esclerite anterior nodular e 1 de queratite intersticial. O tratamento com corticoterapia tópica foi realizado em 100% dos casos, sendo o tratamento único em apenas 1 doente. Nos restantes, foi necessário associar corticoterapia oral. Em 4 desses doentes, pela gravidade da doença e atingimento binocular, utilizou-se também corticoterapia pulsada endovenosa. O tratamento adjuvante imunossupressor mais frequentemente utilizado foi o metotrexato (45%). Um doente necessitou de terapia biológica com infliximabe para controle da doença. Conclusão: A manifestação ocular mais comum foi a uveíte, com predomínio da panuveíte. O tratamento mais utilizado e com maior taxa de controle da doença foi a corticoterapia sistêmica em associação com o metotrexato. Descritores: Sarcoidose; Sarcoidose ocular; Corticoterapia/uso terapêutico; Metotrexato/uso terapêutico; Infliximabe/uso terapêutico ABSTRACT Purpose: In sarcoidosis, ocular manifestations are common and can be the initial or even the only clinical manifestation. The aim of this study was to analyze the demographic parameters, clinical manifestations, treatment and the major ocular complications in patients with ocular sarcoidosis. Methods: We conducted a descriptive and retrospective study that included patients with the diagnosis of ocular sarcoidosis, followed by inflammatory ophthalmology and immune-mediated disease consults at the Prof. Doutor Fernando Fonseca Hospital, between 2009 and 2015. Results: Eleven patients with the diagnosis of ocular sarcoidosis were identified, with a predominance of females (54,5%) and Caucasians. The average age at diagnosis was 45 ± 14 years. Sarcoidosis was exclusively ocular in 36%. The first manifestation of sarcoidosis was eye disease in 90.9 % of cases. Nine cases of uveitis, one of nodular scleritis and one of interstitial keratitis were observed. Topical corticoid treatment was applied in 100% of cases, with only one achieving remission of the disease. Oral corticoid treatment was necessary in 10 cases, four of which needed a high dose methylprednisolone induction. Methotrexate was the adjunctive immunosuppressive treatment of choice in 45% of cases. There was one refractory case for conventional immunosuppressive therapy, having achieved remission with biologic agent infliximab.Conclusion: Uveitis was the commonest ocular manifestation, and there was a predominance of panuveitis. Systemic corticoid and methotrexate were the most used immunosuppressive treatments for maintaining the controlled stated of the disease. Keywords: Sarcoidosis; Ocular sarcoidosis, Corticosteroid/therapeutic use; Methotrexate/therapeutic use; Infliximab/therapeutic use 1 2 Serviço de Oftalmologia do Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca Serviço de Medicina Interna do Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca Os autores declaram não haver conflitos de interesse. Recebido para publicação em 19/08/2015 - Aceito para publicação em 07/10/2015 Rev Bras Oftalmol. 2016; 75 (2): 103-8 RBO Mar_aBR 2016 _Português_Revisão_05.pmd 103 7/3/2016, 22:15 104 Coutinho I, Furtado AB, Santos C, Pina S, Lisboa M, Ferreira I, Grima B, Bernardo M INTRODUÇÃO A sarcoidose é uma doença inflamatória sistêmica caracterizada pela formação de granulomas não caseosos nos órgãos e tecidos envolvidos. O mecanismo fisiopatológico, ainda não totalmente esclarecido, resulta de um processo imunológico complexo mediado pela resposta celular Th1 e Th17. Foram identificados padrões de resposta em associação a fatores genéticos e ambientais, quer na forma de apresentação do antígeno (determinados por alelos MHC2), quer na forma como é desenvolvida e mantida a resposta imunológica [células T reguladoras (Tregs)].(1,2) A disparidade observada entre indivíduos, no que diz respeito ao curso clínico da doença, pode ser explicada pela diferente capacidade de desenvolver e de controlar a resposta imunológica. A sarcoidose pode ser autolimitada, sem necessidade de intervenção terapêutica ou pode tornar-se persistente e evoluir para cronicidade, exigindo supressão por meios farmacológicos. Epidemiologicamente, é mais frequente em adultos jovens do género feminino, na faixa etária dos 20-40 anos, e nas mulheres europeias após os 50 anos de idade, onde está descrito um segundo pico de incidência1. Pode afetar todos os grupos étnicos, embora esteja relatada com maior frequência em indivíduos do Norte da Europa e na raça negra.(1,2) A sarcoidose pode envolver qualquer órgão, sendo o pulmão o principal órgão atingido (90% dos casos). O atingimento cutâneo e ocular são frequentes, com prevalências estimadas de 20 a 35% e de 10 a 60% respectivamente.(3-5) A sarcoidose ocular pode constituir a manifestação inicial da doença ou mesmo a única.(3,6) Pode afetar todas as estruturas do globo ocular e anexos mas, classicamente, a uveíte anterior granulomatosa bilateral é a manifestação ocular mais frequente. O diagnóstico é realizado através da avaliação detalhada do conjunto de informações clínicas, imagiológicas, histológicas, citológicas e de exclusão de outras causas de doença granulomatosa como a tuberculose.(1,7) A obtenção de granulomas não caseosos na amostra histológica confirma o diagnóstico. Contudo, nem sempre é possível realizar a biópsia dos tecidos afetados, nomeadamente no doente com uveíte isolada. Assim, dada a grande variedade de manifestações sistémicas e oculares, foram propostos, pelo International Workshop on Ocular Sarcoidosis (IWOS), 7 sinais clínicos e 5 resultados laboratoriais e imagiológicos no sentido de auxiliar e suportar o diagnóstico de sarcoidose ocular (Quadro 1).(8-11) De acordo com os critérios propostos pela IWOS, o diagnóstico de sarcoidose ocular pode variar de possível a definitivo (Quadro 2), após a exclusão de outras causas de uveíte, principalmente tuberculose, sífilis, toxoplasmose e linfoma. É, portanto, fundamental a avaliação global e detalhada do doente por clínicos com experiência em doenças sistémicas, nomeadamente a sarcoidose.(12) O tratamento da sarcoidose, em particular da sarcoidose ocular, visa travar o processo inflamatório e é orientado pela gravidade de apresentação da doença, ou seja, atividade inflamatória mais intensa com prejuízo ou risco de perda de visão demanda uma abordagem imunossupressora inicial mais agressiva. O tratamento pode ser tópico nas uveítes com localização anterior ou associado a terapia sistêmica nos casos de uveítes intermediarias, posteriores ou se refratárias à terapia tópica. O tratamento sistêmico inclui fármacos imunossupressores clássicos, tais como a corticoterapia, azatioprina, metotrexato e ciclosporina.(13) Dos fármacos poupadores de corticosteróides, o metotrexato é o mais utilizado nas séries reportadas(14,15) com resultados positivos na uveíte crónica por sarcoidose. Nos casos refratários à terapia imunossupressora clássica, a terapia biológica com o anticorpo monoclonal anti-TNF á, infliximabe, tem mostrado resultados muito positivos. (16, 17) Quadro 1 Sinais clínicos, exames laboratoriais e imagiológicos sugestivos para o diagnóstico de sarcoidose ocular Sinais clínicos oculares 1. Precipitados queráticos granulomatosos e/ou nódulos da íris (Koeppe/Busacca); 2. Nódulos na malha trabecular e/ou sinéquias anteriores periféricas em forma de tenda; 3. Vitrite, snowballs e infiltrados vítreos em “colar de pérolas” 4. Lesões coriorretinianas periféricas activas ou atróficas (nódulos de Dalen Fuchs); 5. Periflebite nodular ou segmentar (pingo de cera) e /ou macroaneurisma retiniano; 6. Granulomas do disco óptico e/ou nódulo coroideu solitário; 7. Bilateralidade Testes investigacionais 1. 2. 3. 4. 5. Prova de tuberculina negativa; Valores séricos elevados de ECA e/ou Lisozima sérica; Radiografia de tórax revelando adenopatias hilares bilaterais; Enzimas hepáticas elevadas (AST, ALT, fosfatase alcalina) TC do tórax com alterações em doente com Radiografia do tórax negativa Quadro 2 Critérios de diagnóstico de sarcoidose ocular Critérios de diagnóstico 1. Sarcoidose ocular DEFINITIVA 2. Sarcoidose ocular PRESUMIDA 3. Sarcoidose ocular PROVÁVEL Confirmação por biópsia e Uveíte compatível Biópsia não realizadaAdenopatia hilar bilateral + Uveíte compatível Biópsia não realizada e ausência de Adenopatia hilar bilateral 3 Sinais Intraoculares sugestivos + 2 Testes Investigacionais positivos Biópsia negativa 4 Sinais Intraoculares sugestivos + 2 Testes Investigacionais positivos 4. Sarcoidose ocular POSSÍVEL MÉTODOS Estudo descritivo e retrospectivo que incluiu 11 doentes com o diagnóstico de sarcoidose ocular, observados nas consultas de Inflamação Ocular e de Doenças Auto-Imunes do Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca, Portugal, entre Junho de 2009 e Janeiro de 2015. RESULTADOS Características demográficas Dos 11 indivíduos estudados com sarcoidose ocular, identificaram-se seis mulheres (54,5%) e cinco homens (45,5%). A média de idades à data da realização do diagnóstico foi de 45±14 anos, sendo a maioria dos doentes (90,9%) caucasianos. Diagnóstico A doença ocular foi a primeira manifestação clínica em 90,9% da amostra (n=10), conduzindo à investigação e ao diagnóstico de sarcoidose. Rev Bras Oftalmol. 2016; 75 (2): 103-8 RBO Mar_aBR 2016 _Português_Revisão_05.pmd 104 7/3/2016, 22:15 105 Sarcoidose ocular: a nossa realidade nos últimos seis anos A sarcoidose manifestou-se de forma exclusivamente ocular em 36% (n=4) dos casos e em 63,6% (n=7) de forma sistémica com predomínio ganglionar de localização mediastínica 63,6% (n=7) e do parênquima pulmonar 36,4% (n=4) (Tabela 1). O tempo médio decorrido entre a primeira manifestação ocular e as sistémicas foi de 9,8 meses [0-36M]. Além da observação clínica, o exame complementar de diagnóstico realizado que mais auxiliou o diagnóstico foi a tomografia computadorizada (TC) de tórax. Foi possível confirmar o diagnóstico com a obtenção de amostra histológica, contendo granulomas não caseosos, em 45% (n=5) dos casos. A inflamação ocular apresentou-se como uveíte granulomatosa em 4 doentes (Figura3) e não granulomatosa em 5 doentes. Este dado realça que a sarcoidose ocular também pode se manifestar sob a forma de uveíte anterior não granulomatosa. Foi frequente a formação de sinéquias posteriores (Figura 4), não se documentando nódulos na íris (Koeppe ou de Busacca). Tabela 1 Locais de envolvimento sistémico Envolvimento sistémico Número de doentes (%) Gânglios mediastínicos 7 (63,6) Parênquima Pulmonar 4 (36,4) Musculoesquelético 1 (9) Cutâneo 1 (9) Sistema Nervoso Central 1 (9) Sistema Cardiovascular 1 (9) Segundo os critérios de diagnóstico do International Workshop on Ocular Sarcoidosis (IWOS) os casos de uveíte (n=9) foram classificados como sarcoidose ocular definitiva (n=5), presumida (n=1), provável (n=3). Caracterização do envolvimento ocular O envolvimento ocular bilateral manifestou-se em 54,5% da amostra. A uveíte foi a manifestação ocular mais frequente com 81% de prevalência (n=9), seguindo-se 1 caso de esclerite anterior e 1 de queratite intersticial (Figura 1). Dos 9 doentes com uveíte, 2 apresentaram uveíte anterior e 7 panuveíte, não se observando envolvimento posterior isolado (Figura 2). Figura 3: Precipitados queráticos em “gordura de carneiro” Figura 4: Sinéquias posteriores O envolvimento do segmento posterior manifestou-se com vitríte e, em alguns casos, com opacidades vítreas tipo snowballs, papilite, granuloma coroideu isolado, lesões coriorretinianas e vasculite retiniana com embainhamento segmentar das veias retinianas associado, por vezes, a exsudados em “pingos de cera” (Figuras 5 e 6) Figuras 1: Manifestações oculares da sarcoidose Figura 5: Papilite e periflebite segmentar (retinografia e angiografia) Figuras 2: Tipo de uveíte Figura 6: Granuloma coroideu isolado Rev Bras Oftalmol. 2016; 75 (2): 103-8 RBO Mar_aBR 2016 _Português_Revisão_05.pmd 105 7/3/2016, 22:15 106 Coutinho I, Furtado AB, Santos C, Pina S, Lisboa M, Ferreira I, Grima B, Bernardo M O compromisso da episclera e esclera, com quadros de episclerite e esclerite, são manifestações frequentes, enquanto o envolvimento corneano é raro. Na nossa análise, identificou-se um caso de esclerite anterior nodular (Figura 7) e outro de queratite intersticial (Figura 8). muito elevadas. Assim, perante a gravidade do quadro clínico foi iniciado tratamento com o anti-TNFá (infliximabe em associação com metotrexato), com boa resposta e segurança. Dentre os doentes com necessidade de terapia sistêmica, 3 realizaram apenas corticoterapia oral e 1 corticoterapia oral em associação com metotrexato, com controle da doença. DISCUSSÃO Figura 7: Esclerite anterior nodular Figura 8: Queratite intersticial com neovascularização corneana Complicações e acuidades visuais O prognóstico ocular é relativamente benigno, podendo alguns doentes desenvolver complicações oculares graves com baixa acuidade visual. Foram documentadas complicações oculares em 5 dos 11 doentes que incluíram sinéquias posteriores (n=3), catarata (n=2), hipertensão ocular (n=1), glaucoma (n=1) e edema macular (n=1). As acuidades visuais (AV) dos doentes variaram de 6/10 a 10/10, com exceção de um doente em que a AV é de 1/10, por desenvolvimento de catarata nuclear com sinéquias posteriores a 360º, que aguarda cirurgia. Terapêutica Os doentes com diagnóstico de sarcoidose ocular foram referenciados à Consulta de Doenças Auto-Imunes do Serviço de Medicina IV, para estudo de envolvimento sistémico e, quando necessário, instituição de terapia adequada. Os corticóides tópicos foram usados em todos os doentes (100%), com controle da doença em apenas um caso. No restante dos doentes (n=10), foi necessária a utilização de terapia imunossupressora sistêmica. Dada a gravidade da apresentação ocular, 4 doentes (36%) foram tratados com metilprednisolona endovenosa em elevada dose (1g/dia), seguida de prednisolona oral (1mg/kg/dia) e, posteriormente, terapia imunossupressora adjuvante com metotrexato (10mg/semana). Um desses doentes (doente nº5 – Tabela 2) manteve doença refratária. Por este motivo, foi feita a associação com outros imunossupressores clássicos, azatioprina e ciclosporina, sem eficácia e com necessidade de corticoterapia sistêmica em doses A principal manifestação ocular de sarcoidose foi a uveíte e, em 90,9% dos doentes, a doença ocular foi a primeira manifestação clínica, o que suporta o envolvimento ocular como manifestação precoce da doença.(17) O envolvimento ocular da sarcoidose varia com a raça e idade, sendo o envolvimento do segmento posterior mais frequente nos caucasianos e o segmento anterior na raça negra(18), o que explica, em parte, o grande envolvimento posterior encontrado na amostra estudada. Apesar de não se ter verificado no nosso estudo, pode ocorrer o envolvimento da conjuntiva e da iris com granulomas, inflamação da glândula lacrimal, condicionando um aumento da mesma e, secundariamente, queratoconjuntivite sicca , assim como, envolvimento da órbita e de músculos extraoculares simulando, por vezes, um quadro de orbitopatia tiroideia ou inflamação não especifica da órbita. (3,6,19) A corticoterapia tópica e/ou oral são o tratamento imunossupressor de escolha, mas nos casos refratários ou na necessidade de poupadores de corticóides orais, o metotrexato foi a alternativa mais utilizada e com boa taxa de controle da doença. CONCLUSÃO O envolvimento ocular é uma manifestação comum e precoce da sarcoidose. O tempo médio decorrido entre a primeira manifestação ocular e as sistêmicas, pode ser de anos, na nossa amostra o máximo observado foi de 36 meses. Assim, estes doentes devem permanecer sob acompanhamento médico por um clínico especializado em doenças sistêmicas, uma vez que nem sempre é fácil estabelecer o diagnóstico numa fase inicial da doença. A evolução clínica da doença pode ser um dos dados mais importantes para o diagnóstico e consequente controle terapêutico. Além da dificuldade no diagnóstico, soma-se a do tratamento. A doença inflamatória ocular pode ter implicações significativas na acuidade visual, podendo levar ao desenvolvimento de lesões potencialmente irreversíveis. Simultaneamente, a escolha da terapia imunossupressora é difícil e não isenta de efeitos secundários lesivos, tanto a nível local como sistêmico. A multiplicidade de formas de apresentação sem sinais patognomónicos, aliada ao fato do envolvimento orgânico não causar obrigatoriamente sintomatologia, torna desafiante o diagnóstico e a orientação terapêutica destes doentes, exigindo o trabalho interdisciplinar entre médicos. AGRADECIMENTOS Ao Serviço de Medicina IV do Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca Rev Bras Oftalmol. 2016; 75 (2): 103-8 RBO Mar_aBR 2016 _Português_Revisão_05.pmd 106 7/3/2016, 22:15 107 Sarcoidose ocular: a nossa realidade nos últimos seis anos Tabela 2 Características analisadas em cada caso N Idade ao Gênero diagnóstico Manifestação (anos) inicial Clínica Órgão envolvido MSK CV S Ø S Ø S S S Ø Ø Ø Ø Ø S S Ø Queratite instersticial Ø Ø Panuveite S Sistémica Panuveite Ø Ocular MCDTs TC -TX Bx Olho F Class uveíte IWOS Pulmão Gânglios SN 1 48 Uveite ant. 2 55 F Ocular Panuveite 3 28 M Ocular Panuveite 4 71 M Ocular Panuveite 5 31 M Ocular Ocular Ø Pele GI Ø Ø Provável S Ø Ø S Ø Definitiva S S Ø Ø Ø Presumível S Ø Ø S Ø Ø Definitiva S S Ø Ø Ø Ø Ø Ø S Ø S Ø Ø Ø Ø Ø Definitiva S S S Ø Ø Ø Ø Ø Definitiva S S 6 53 F 7 45 F 8 29 M Ocular Esclerite ant. Ø Ø Ø Ø Ø Ø Ø Ø S Ø 9 30 M Ocular Panuveite S S Ø Ø Ø Ø Ø Provável S Ø 10 45 F Ocular Uveite ant. Ø S Ø Ø Ø Ø Ø Definitiva S S 11 61 F Ocular Panuveite Ø Ø Ø Ø Ø Ø Ø Provável S Ø N Terapêutica Tópica Estado da doença Sistémica MPDN PDN MTX AZAT CICLOSP Anti-TNF – INF 1 S Ø Ø Ø Ø Ø Ø Controlado 2 S S S S Ø Ø Ø Controlado 3 S S S S Ø Ø Ø Controlado 4 S Ø S Ø Ø Ø Ø Controlado 5 S S S S S S S Controlado 6 S Ø S Ø Ø Ø Ø Controlado 7 S Ø S Ø Ø Ø Ø Controlado 8 S S S S Ø Ø Ø Controlado 9 S Ø S Ø Ø Ø Ø Controlado 10 S Ø S S Ø Ø Ø Controlado 11 S Ø S Ø Ø Ø Ø Controlado Legenda: N. doente; S = sim; Ø = não; MDPN metilprednisolona; PDN prednisolona; MTX metotrexato, AZAT azatioprina; CICLOSP ciclosporina, INF infliximab REFERÊNCIAS 1. 2. 3. 4. 5. Valeyre D, Prasse A, Nunes H, Uzunhan Y, Brillet PY, MüllerQuernheim J. Sarcoidosis. Lancet. 2014;383(9923):1155-67. Review. Broos CE, van Nimwegen M, Hoogsteden HC, Hendriks RW, Kool M, van den Blink B.Granuloma formation in pulmonary sarcoidosis. Front Immunol. 2013;4:437.Review. Rothova A. Ocular involvement in sarcoidosis. 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Rev Bras Oftalmol. 2016; 75 (2): 103-8 RBO Mar_aBR 2016 _Português_Revisão_05.pmd 107 7/3/2016, 22:15 108 Coutinho I, Furtado AB, Santos C, Pina S, Lisboa M, Ferreira I, Grima B, Bernardo M 11. Takase H, Shimizu K, Yamada Y, Hanada A, Takahashi H, Mochizuki M. Validation of international criteria for the diagnosis of ocular sarcoidosis proposed by thefirst international workshop on ocular sarcoidosis. Jpn J Ophthalmol. 2010;54(6):529-36. 12. Baughman RP, Lower EE, Kaufman AH. Ocular sarcoidosis. Semin Respir Crit Care Med. 2010;31(4):452-62.Review. 13. Smith JR, Rosenbaum JT. Management of uveitis: a rheumatologic perspective.Arthritis Rheum. 2002;46(2):309-18. Review. 14. Dev S, McCallum RM, Jaffe GJ. Methotrexate treatment for sarcoid-associated panuveitis. Ophthalmology. 1999;106(1):111-8. 15. Baughman RP, Lower EE, Ingledue R, Kaufman AH. Management of ocular sarcoidosis. Sarcoidosis Vasc Diffuse Lung Dis. 2012;29(1):26-33. 16. Cottin V. Update on bioagent therapy in sarcoidosis. 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Los Angeles: Mosby Elsevier, 2010 Autor correspondente: Inês Coutinho E-mail: [email protected] Rev Bras Oftalmol. 2016; 75 (2): 103-8 RBO Mar_aBR 2016 _Português_Revisão_05.pmd 108 7/3/2016, 22:15 A R TIG O O R IG IN A L 109 P erfil epidem iológico dos recém -nascidos prem aturos com retinopatia da prem aturidade no H ospital R egional de São José D r.H om ero de M iranda G om es E pidem iologic profile of preterm infants w ith retinopathy of prem aturity in the D r.H om ero de M iranda G om es R egionalH ospitalin São José M ara B arreto Theiss1 ,A stor G rum ann Júnior2 , M arise R egina W iethorn R odrigues3 R ESU M O O bjetivo:A valiar a prevalência da retinopatia da prem aturidade (R O P ) em recém -nascidos (R N ) prem aturos (Idade G estacional (IG ) < 37 sem anas) e/ou peso ao nascim ento (P N ) £ 1500g e os que possuem fatores de risco,nascidos no H R SJ entre janeiro de 2007 e janeiro de 2011.M étodo:E studo transversal,retrospectivo,analítico e observacional.O s dados foram obtidos a partir de prontuários no H ospital R egional de São José D r.H om ero de M iranda G om es. R esultados: O bservou-se a presença de retinopatia em 37,81% dos R N s,sendo o estágio 1 o m ais prevalente.V erificou-se que não houve diferença estatística entre os sexos (p= 0,993).A presença da R O P foim aior no grupo com P N < 1000 gram as (83,33% ),avaliados com m ais de 6 sem anas de vida e com IG m enor que 32 sem anas (49,48% ). O s fatores de risco com significado estatístico foram : oxigenioterapia, ventilação m ecânica, persistência do canal arterial, asfixia perinatal, síndrom e do desconforto respiratório, transfusão sanguínea, hem orragia intraventricular, sepsis, infecção neonatale doença da m em brana hialina.C onclusão:C onclui-se que o fator sexo e gestação m últipla não tiveram significância estatística.O s R N s com m enor P N e IG tem um m aior risco de desenvolver R O P.E m relação à oxigenioterapia,a prevalência nos expostos é m aior e proporcional ao tem po de utilização de oxigênio. D escritores:R etinopatia da prem aturidade/epidem iologia;Fatores de risco;P revalência;O xigenioterapia A BSTRA C T O bjectives:To evaluate the prevalence of retinopathy of prem aturity (R O P ) in prem ature new borns (gestationalage < 37 w eeks) and / or birth w eight£ 1,500g and those w ith risk factors,born atthe D r.H om ero de M iranda G om es R egionalH ospitalin São José (H R SJ) betw een January 2007 and January 2011.M ethods:C ross-sectional,retrospective,observationaland analyticalstudy.D ata w ere obtained from m edicalrecords atthe H R SJ.R esults:T he presence of37.81% ofretinopathy in new borns w as observed,w ith stage 1 being the m ost prevalent.N o statisticaldifference w as found betw een the sexes (p = 0.993).T he presence ofR O P w as higher in the group w ith P N < 1,000 gram s (83.33% ), evaluated over 6sixw eeks of age and w ith gestational ages less than 32 w eeks (49.48% ). R isk factors w ith statistical significance w ere:oxygen therapy,m echanical ventilation,patent ductus arteriosus,perinatal asphyxia,respiratory distress syndrom e, blood transfusions,intraventricular hem orrhage,sepsis,neonatalinfection and hyaline m em brane disease.C onclusion:Itis concluded that:the gender factor and m ultiple pregnancy w ere notstatistically significant.T he new borns w ith low er birth w eightand gestationalage have an increased risk for developing R O P.R egarding oxygentherapy,the prevalence is higher in the exposed and proportional to the period of oxygen. K eyw ords:R etinopathy of prem aturity/epidem iology;R isk factors;P revalence;O xygen therapy 1 2 3 Program a de R esidência em O ftalm ologia, H ospital Federal de B onsucesso, B onsucesso, R J, B rasil. D epartam ento de O ftalm ologia, U niversidade do Sul de Santa C atarina, Florianópolis, SC , B rasil. D epartam ento de Pediatria, U niversidade do Sul de Santa C atarina, Florianópolis, SC , B rasil. O estudo foi realizado no H ospital R egional de São José D r. H om ero de M iranda G om es (H R SJ), localizado no m unicípio de São José (Santa C atarina), B rasil. O s autores declaram não haver conflitos de interesse. R ecebido para publicação 21/12/2015 - A ceito para publicação 18/01/2016 R ev B ras O ftalm ol. 2016; 75 (2): 109-14 110 T heiss M B , G rum ann Júnior A , R odrigues M R W IN TRO D U Ç Ã O A R etinopatia da P rem aturidade (R O P ) é um a das prin cipais causas de cegueira prevenível na infância,sendo responsávelpor 50.000 crianças cegas em todo m undo (1). A tinge recém -nascidos (R N s) pré-term o (Idade G estacional < 37 sem anas) e sua gravidade apresenta um a relação inversam ente proporcionalà idade gestacional(IG ) e ao peso ao nascim ento (P N ) (2,4). É definida com o um a doença vasoproliferativa e desenvolve-se a partir da vascularização retiniana im atura (5). O rastream ento dos recém -nascidos de risco possibilita a identificação de form as graves da doença, e seu tratam ento precoce reduz o risco de perda visual. C om o descrito anteriorm ente,a retina im atura favorece a form ação de tecido neovascular,que pode evoluir para proliferação fibrovascular em direção ao vítreo,form ando m em branas e traçõ es retin ian as. E ssas traçõ es p o d em acarretar em descolam ento da retina e o desenvolvim ento de baixa acuidade visual de grau variável (6,7). L ogo, há extrem a im portância na im plem entação de um “screening”/rastream ento da R O P em R N s e do tratam ento precoce, visando reduzir as consequências a longo prazo da doença (8). O s principais fatores de risco para o desenvolvim ento desta retinopatia são a prem aturidade e o baixo peso ao nascer. E ntretanto,existem outros fatores de risco tais com o o boletim A pgar m enor que 7, a flutuação nos níveis de oxigênio nas prim eiras sem anas de vida,o uso de oxigenioterapia,a necessidade de ventilação m ecânica, a transfusão sanguínea, a persistência do canal arterial,a síndrom e do desconforto respiratório,o baixo peso da criança para idade gestacional (P IG ), a hem orragia intraventricular,a asfixia perinatal,a gestação m últipla,a sepsis e a m eningite (2,9,11). A IC R O P (T he InternationalC lassificationof R etinopathy of P rem aurity) definiu a doença de acordo com sua gravidade (estadiam entos 1 a 5), localização (zonas I a III), extensão em horas (1 a 12 horas),com ou sem doença P lus (dilatação arteriolar e tortuosidade venosa), cuja presença seria um indicador de atividade da doença (12). E ste estudo foi proposto para avaliar a prevalência e estadiam ento da R O P e os fatores associados em R N s prem aturos (IG < 37 sem anas) e/ou peso ao nascim ento £ 1500g e os que possuírem fatores de risco,avaliados no H R SJ entre janeiro de 2007 e janeiro de 2011. M ÉTO D O S E studo transversale retrospectivo.A provado pelo C om itê de É tica em P esquisa (C E P ) do H ospitalR egionalde São José D r.H om ero de M iranda G om es (H R SJ),sob o registro N °47/10. E m função da especificidade da pesquisa (dados de prontuários m édicos) não foi possível a obtenção do Term o de C onsentim ento L ivre e E sclarecido de cada paciente, m as foi realizado um Term o de C om prom isso na U tilização de D ados. O estudo foi realizado no H R SJ,que é referência estadual no tratam ento da R O P. Foi realizado um censo no período de janeiro de 2007 à janeiro de 2011 totalizando 399 prontuários, sendo avaliados os prontuários dos R N s vivos prem aturos e/ou com peso ao nascim ento £ 1500g,os que apresentaram fatores de R ev B ras O ftalm ol. 2016; 75 (2): 109-14 risco,e que tenham sido avaliados oftalm ologicam ente.O estudo incluiu R N s provenientes de outras instituições,que foram avaliados após procurar o serviço,observando-se os critérios de inclusão.Foram incluídos na am ostra todos os R N s prem aturos e/ou com baixo peso ao nascim ento,e os que possuem fatores de risco (ventilação m ecânica,persistência do canalarterial,asfixia perinatal, síndrom e do desconforto respiratório,transfusão sanguínea,gestação m últipla, hem orragia intraventricular, sepsis, infecção neonatal,doença da m em brana hialina),nascidos no período selecionado e que tenham sido avaliados oftalm ologicam ente.Foram excluídos do estudo todos os R N s (prem aturos e/ou com baixo peso ao nascim ento e com fatores de risco) que não estiveram incluídos no período selecionado,aqueles cujos prontuários estavam incom pletos, não perm itindo a avaliação dos dados na sua totalidade e os recém -nascidos prem aturos que foram a óbito antes da realização do prim eiro exam e oftalm ológico. A avaliação oftalm ológica de rotina realizada pelo H R SJ, consiste na inspeção externa dos globos oculares e no exam e de fundo de olho sob dilatação pupilar (com colírios associados de m idriacil 0,5% e fenilefrina 2,5% ,60 m inutos antes do procedim ento), sob oftalm oscopia binocular indireta com lente de m agnificação de 28 dioptrias e blefarostato.G otas de colírio anestésico foram usadas anteriorm ente ao exam e.A ssim realizou-se o m apeam ento da retina e estadiam ento da retinopatia (de acord o co m a C lassificação In tern acio n al d e R etin o p atia d a P rem aturidade). P ara a classificação da R O P foiconsiderado o olho de m aior estádio,conform e protocolo já utilizado no serviço. A am ostra foi tabulada diretam ente no program a SP SS (Statistical P rogram for Social Sciences), versão 18. O s dados foram descritos sob a form a de frequência relativa e absoluta. A s variáveis categóricas foram com paradas pelos testes exato de F isher e Q ui-Q uadrado, com nível de significância p< 0,05. Foram calculadas as razões de prevalência (R P ) de retinopatia,e os seus respectivos intervalos de confiança (IC 95% ). R ESU LTA D O S P erm aneceram para a análise estatística um total de 320 R N s. Foram excluídos do estudo 79 R N s,para os quais os prontuários estavam incom pletos. N a am ostra estudada observou-se a presença de retinopatia em 37,81% (121) (Tabela 1). T ab ela 1 P revalên cia d e retin o p atia d a p rem atu rid ad e E stadiam ento n°(% ) Sem R O P C om R O P E stagio 1 E stagio 2 E stagio 3 E stagio 4ª E stagio 4B E stagio 5 199(62,19) 121(37,81) 57(17,81) 32(10,0) 16(5,00) 7(2,19) 0(0) 9(2,81) Total 320(100) P erfil epidem iológico dos recém -nascidos prem aturos com retinopatia da prem aturidade no H ospital R egional de São José... 111 T ab ela 2 P revalên cia d a retin o p atia d a p rem atu rid ad e em relação ao p eso d e n ascim en to em g ram as p < 1000 1000 p < 1500 1500 p < 2500 n°(% ) n°(% ) n°(% ) p 2500 R etinopatia Total C om R O P Sem R O P 45(83,33) 9(16,67) 53(37,06) 90(62,94) 19(17,59) 89(82,41) Total 54(100) 143(100) 108(100) 15(100) V alor de “p” pelo teste Q ui-Q uadrado V alor de p n°(% ) 4(26,66) 11(73,34) 121 199 < 0,001 320 T ab ela 3 P revalên cia d a retin o p atia d a p rem atu rid ad e em relação à id ad e g estacio n al IG < 32sem anas R etinopatia IG 32 – 37sem anas Total n°(% ) C om R O P Sem R O P IG > 37sem anas 96(79,4) 98(49,25) n°(% ) n°(% ) 24(19,83) 91(45,73) 1(0,83) 10(5,02) 121 199 V alor de p < 0,001 V alor de “p” pelo teste Q ui-Q uadrado T ab ela 4 F ato res d e risco en tre o s recém -n ascid o s em relação à retin o p atia d a p rem atu rid ad e Fatores O xigenoterapia Sim N ão V entilação m ecânica Sim N ão P ersistência do canalarterial Sim N ão A sfixia perinatal Sim N ão Síndrom e do desconforto respiratório Sim N ão Transfusão sanguínea Sim N ão G estação m últipla Sim N ão H em orragia intraventricular Sim N ão Sepsis Sim N ão Infecção neonatal Sim N ão D oença da m em brana hialina Sim N ão C om R O P (% ) Sem R O P (% ) nº Total V alor de p 120(41,3) 1(8) 170(58,6) 29(2) 290 30 320 0,005 60(64,5) 61(2) 33(35,4) 166(8) 93 227 320 < 0,001 5(83,3) 116(3) 1(16,6) 198(7) 6 314 320 < 0,001 43(84,3) 78(1) 8(15,6) 191(9) 51 269 320 < 0,001 249(77,4) 97(2) 7(22,5) 192(8) 31 289 320 < 0,001 13(86,6) 108(7) 2(13,1) 197(3) 15 305 320 < 0,001 21(42,8) 100(6) 28(57,1) 171(4) 49 271 320 0,699 8(66,6) 113(7) 4(33,3) 195(3) 12 308 320 < 0,001 15(78,9) 106(5) 4(21,0) 195(5) 19 301 320 < 0,001 10(52,6) 111(3) 9(47,3) 190(7) 19 301 320 < 0,001 16(80,0) 105(0) 4(20,0) 195(0) 20 300 320 < 0,001 V alor de “p” pelo teste Q ui-Q uadrado R ev B ras O ftalm ol. 2016; 75 (2): 109-14 112 T heiss M B , G rum ann Júnior A , R odrigues M R W A tabela 4 dem onstra os dem ais fatores de risco, estudados nos R N s com e sem R O P,que apresentaram diferenças estatisticam ente significantes (p< 0,001),exceto o fator gestação m últipla que não foiestatisticam ente significante.N ota-se um a m aior prevalência da R O P nos R N s que apresentaram os fatores de risco descritos.C om o por exem plo,80% dos R N s que apresentaram doença da m em brana hialina e 84,31% dos R N s que apresentaram asfixia perinatal desenvolveram R O P. Q uanto aos aspectos relacionados à oxigenioterapia, a razão de prevalência (R P ) da R O P foide 2,65,ou seja,a prevalência dos R N s que usaram a oxigenioterapia foi2,65 vezes m aior que a prevalência dos R N s que não usaram (Tabela 5). E m relação ao tem po de oxigenioterapia,observou-se que quanto m enor o tem po de utilização de oxigênio,m enor a chance de desenvolver retinopatia (Tabela 6). T ab ela 5 O xig en io terap ia em relação à retin o p atia d a p rem atu rid ad e O xigenioterapia Sim N ão Total C om retinopatia 120 1 121 % total 02 % total 41,38 37,50 3,33 0,31 37,81 37,81 Sem retinopatia % total 02 % total T O T A IS 170 58,62 53,13 290 29 96,67 9,06 30 199 62,19 62,19 320 V alor de p < 0,001 R P /IC 95% 2,65 (2,61-2,68) Teste de Fisher. T ab ela 6 R etin o p atia d a P rem atu rid ad e em relação ao tem p o d e u tilização d e o xig ên io T em po < 1 dia % do total tem po O % Total 1 a < 7 dias % do total tem po O % Total 7 – 20 dias % do total tem po O % Total > 20 dias % do total tem po O % Total T O TA L % do total tem po O % Total Total V alor de p 8 100,00 4,06 8 100,00 4,06 < 0,001 13 20,00 6,60 52 80,00 26,40 65 100,00 33,00 23 42,59 11,68 31 57,41 15,74 54 100,00 27,42 51 72,86 25,89 19 27,14 9,64 70 100,00 35,53 87 44,16 44,16 110 55,84 55,84 197 100,00 100,00 R etinopatia 2 2 2 2 2 Sim N ão 0 0,00 0,00 V alor de “p” pelo teste Q ui-Q uadrado D ISC U SSÃ O A visão é um dos sentidos m ais im portantes no desenvolvim ento físico e cognitivo norm alda criança (2).O desenvolvim ento m otor e a capacidade de com unicação são prejudicados na criança com deficiência visual, porque gestos e condutas sociais são aprendidos pelo sentido da visão (2,13,14).D esta form a, a cegueira e/ou baixa visão além de afetar a condição física,psíquica,econôR ev B ras O ftalm ol. 2016; 75 (2): 109-14 m ica e cultural, é capaz de alterar toda a dinâm ica da fam ília e afetar toda a sociedade (15).O presente trabalho visa determ inar a prevalência da R O P e seus fatores de risco no H R SJ,perm itindo assim ,a detecção dos possíveis casos graves e a prevenção da doença através de um m elhor conhecim ento desta patologia. N este estudo,observou-se a prevalência da R O P em 37,81% dos R N s avaliados. Im portante destacar que a prevalência encontrada foi m ais alta do que a relatada na literatura (entre 20 e P erfil epidem iológico dos recém -nascidos prem aturos com retinopatia da prem aturidade no H ospital R egional de São José... 27,73% ) (7,8,10).U m a possívelexplicação para esta alta prevalência é que o H R SJ é referência estadual para R O P,tendo assim m uitos pacientes encam inhados para tratam ento e tam bém devido a um a boa triagem dos R N s.D a m esm a form a que no H R SJ,pode-se citar a alta incidência da R O P (32% ) no H ospitalR egionalA SA Sul,no D istrito F ederal,que é centro de referência do centro-oeste brasileiro (15).D ados recentes publicados na cidade de Joinville (SC ) (8) e na cidade de São P aulo (16) m ostraram um a prevalência geral da R O P de 20 e 29,90% ,respectivam ente.N um outro estudo,no R io de Janeiro,Portes et al.descreveram um a prevalência de R O P de 27,81% no H ospital F ederal de B onsucesso (17). O bservou-se neste trabalho que a m aioria dos R N s foram diagnosticados com a doença em estágio 1 (17,81% ) e apenas 9 R N s foram diagnosticados em estágio 5 (2,81% ), onde já há descolam ento totalda retina,resultado sem elhante encontra-se na literatura (7,10,17). R egistrou-se apenas 1 paciente com estadiam ento R O P 2, nascido com m ais de 37 sem anas de idade gestacional e não foi encontrado estágio 4B da R O P em nenhum R N .O m esm o ocorreu no estudo realizado em Joinville (8). N esta pesquisa, o fator sexo n ão m ostrou associação (p= 0,993) para a doença em questão,assim com o aconteceu no estudo em Joinville (8) e em São P aulo (16).H ouve um a prevalência da R O P no sexo fem inino de 37,79% e no sexo m asculino de 37,84% ,sem diferença estatística significativa. E m relação ao peso de nascim ento, foi observado um a prevalência de retinopatia de 83,33% dos R N s com m enos de 1000 gram as (E xtrem o baixo P eso).G raziano et al.(16) ,de form a sem elhante, acharam em seu estudo um a alta prevalência da R O P (78,5% ) entre os R N s com peso de nascim ento m enor que 1000 gram as e Fortes Filho et al.(18) verificaram um a prevalência de 45,59% . E m outro trabalho, os autores cham am a atenção para a prevalência alta da doença (78,5% ) no grupo de crianças nascidas com m enos de 1000 gram as (18). Foi observado que os R N s co m m u ito b aixo p eso (1000g £ p < 1500g) tiveram prevalência de R O P de 37,06% e os com baixo peso ao nascim ento (1500g £ p < 2500g) um a prevalência de 17,59% . V erificou-se,em relação ao peso de nascim ento,que quanto m enor a idade gestacional,m aior o risco de desenvolver R O P, tendo neste estudo um a prevalência de R O P de 79,34% nos R N s com m enos de 32 sem anas de idade gestacional.D ados da literatura corroboram com os dados encontrados,pois m ostram que a ocorrência da R O P está associada principalm ente à baixa idade gestacional e peso de nascim ento (6,7,16,18,19). A partir da análise dos resultados, é possível perceber a associação dos fatores de risco (oxigenioterapia,ventilação m ecânica,persistência do canalarterial,asfixia perinatal,síndrom e do desconforto respiratório, transfusão sanguínea, hem orragia intraventricular,sepsis,infecção neonatal e doença da m em brana hialina), incluídos neste trabalho, com a presença da R O P, apresentando significância estatística ao estudo,o que corrobora com os dados da literatura (2,7,8,10). E m contrapartida, não se observou um a associação da gestação m últipla e sexo,sugerindo que estas variáveis podem não ser fatores de risco para o desenvolvim ento da R O P. C om relação à oxigenioterapia, os dados aqui apresentados m ostraram que a razão de prevalência (R P ) da R O P foi2,65 vezes m aior quando com parados aos R N s que não usaram .A partir desses resultados é possívelsugerir que a prevalência nos expostos é m aior,se com parada aos não expostos.O utra observação pertinente é a de que quanto m enor o tem po de utilização de oxigênio, m enor a chance de desenvolver a retinopatia. O u- 113 tros estudos relatam a oxigenioterapia com o fator de risco im portante para o desenvolvim ento da retinopatia (7,8,16). C om o avanço tecnológico das unidades de terapia intensiva neonatal,houve um aum ento da sobrevida de R N s cada vez m ais prem aturos e com baixo peso e, consequentem ente, a prevalência da R O P está se tornando cada vez m aior,estim ulando a realização de pesquisas que perm itam o conhecim ento fisiopatológico,já que este ainda não está totalm ente elucidado. A ssim , reforça-se a necessidade de pesquisas nessa área, pois a cegueira tem atingido um núm ero significativo de crianças, representando um sério problem a de saúde pública. C O N C LU SÃ O Foidefinido o perfilclínico e epidem iológico dos R N s P rem aturos do H R SJ. O correu prevalência significativa de R O P nos R N s prem aturos,e dentre os estadiam entos,o estágio 1 da R O P apresentou um a m aior prevalência.O s fatores sexo e gestação m últipla parecem não estar associados ao desenvolvim ento da R O P. E os fatores de risco: oxigenioterapia, ventilação m ecân ica, p ersistência d o can al arterial, asfixia p erin atal, síndrom e do desconforto respiratório, transfusão sanguínea, hem orragia intraventricular,sepsis,infecção neonatal e doença da m em brana hialina, m ostraram -se associados quanto ao desenvolvim ento da R O P. A G RA D EC IM EN TO S A o D r.A ndré L uís Freire Portes,chefe do serviço de O ftalm ologia do H ospital F ederal de B onsucesso (R J). R EFERÊN C IA S 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. G ilbert C ,R ahi J,E ckstein M ,O ’Sullivan J,Foster A .R etinopathy of prem aturity in m iddle-incom e countries. L ancet. 1997; 350 (9070):12-4. G razian o R M , L eon e C R . P rob lem as o ftalm oló gicos m ais freqüentes e desenvolvim ento visual do pré-term o extrem o. J P edatr (R io J). 2005; 81(1 Suppl):S95-100. M oraes N , B onom o P. R etinopatia da prem aturidade: acom panham ento de 343 recém -nascidos pré-term o. A rq B ras O ftalm ol. 1993; 56:192. 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A utor correspondente: M ara B arreto Theiss E-m ail:m ara-barretotheiss@ hotm ail.com ARTIGO ORIGINAL115 Investigação oftalmológica pré-clínica do óleo essencial de Origanum vulgare L., Lamiaceae Ophthalmological pre-clinical research about essential oil from the Origanum vulgare L., Lamiaceae Jana Luiza Toscano Mendes de Oliveira1, Adriano Francisco Alves3, Maria Carmem Toscano Tavares de Araujo4 , Walter Mendes de Oliveira Junior4, Luiza Toscano Dias Rodrigues4, Margareth de Fátima Formiga Melo Diniz2. RESUMO Objetivo: Avaliar a irritação ocular aguda em coelhos, após a administração tópica de óleo essencial. Métodos: Para tanto, os animais foram divididos em três grupos, cada um com três coelhos, totalizando 6 olhos por grupo, e a diferença entre eles foi a concentração utilizada ( 1, 3 e 9%). Aplicou-se no saco conjuntival, de um dos olhos do animal, uma dose única de 0,1 ml do produto e o olho contralateral foi usado como controle. Analisou-se os efeitos causados pelo óleo essencial na conjuntiva, íris e córnea após 1, 24, 48, 72 horas e no final do sétimo dia após a aplicação tópica. As avaliações oftalmológicas foram feitas com o auxílio de um oftalmoscópio binocular indireto com e sem fluoresceína. As reações observadas foram graduadas segundo a escala de Draize. Foram realizados exames anatomopatológicos em todos os olhos estudados no final do experimento. Resultados: No grupo de animais submetidos à instilação ocular do óleo essencial a 1%, não se observou alterações. O tratamento com o óleo a 3% provocou alteração conjuntival no exame feito em 1 hora, o que foi reduzindo. A administração do óleo essencial a 9% induziu hiperemia conjuntival, não havendo qualquer alteração nos outros tempos de avaliação oftalmológica. Conclusão: A avaliação contribuiu para conhecer as alterações clínicas na superfície ocular. Desta forma, foi possível classificar o óleo a 1% como não irritante e nas concentrações de 3 e 9% como pouco irritante, tornando possível estudos clínicos, a fim de estabelecer o óleo como alternativa terapêutica em conjuntivites bacterianas. Descritores: Origanum vulgare; Óleos essenciais; Irritantes/toxicidade; Conjuntiva; Conjuntivite bacteriana ABSTRACT Objective: To evaluate acute eye irritation in rabbits following topical administration of essential oil. Methods: animals were divided into three groups, each containing three rabbits, with a total of 6 eyes per group. The difference between them was the concentration used (1, 3 and 9%). A single dose of 0.1 ml of the product was applied into the conjunctival sac of one eye of the animal, and the contralateral eye was used as control. The effects caused by the essential oil in the conjunctiva, iris and cornea were analyzed after 1, 24, 48 and 72 hours and at the end of the seventh day after topical application. Ophthalmologic evaluations were performed with the aid of a binocular indirect ophthalmoscope fluorescein and with and without the observed responses, before being graded according to the Draize scale. Pathological examinations were performed on all eyes studied at the end of the experiment. Results: in the group of animals subjected to the ocular instillation of 1% essential oil, there was no change. For treatment with 3% oil, conjunctival changes were found to be decreasing during the examination after 1 hour. Administration of the 9%essential oil induced conjunctival injection, without any change in the other ophthalmologic evaluation times. Conclusion: the evaluation contributed to meet the clinical changes in the ocular surface. Thus, it was possible to classify the oil at 1% as non-irritating and the concentration of 3% and 9 as mildly irritating, making it possible for clinical studies to establish the oil as an alternative therapy in bacterial conjunctivitis. Keywords: Origanum vulgare; Oils, volatile; Irritants/toxicity; Conjunctiva; Conjunctivitis, bacterial 1 Departamento de Fisiologia e Patologia, Universidade Federal da Paraíba; João Pessoa, PB, Brasil. Departamento de Ciências Farmacêuticas, Universidade Federal da Paraíba; João Pessoa, PB, Brasil. 3 Programa de Pós-graduação de Produtos Naturais e Sintéticos Bioativos, Universidade Federal da Paraíba; João Pessoa, PB, Brasil. 4 Universidade Federal da Paraíba; João Pessoa, PB, Brasil. 2 O trabalho foi realizado no Laboratório de Toxicologia pré-clínica do Programa de Produtos Naturais e Sintéticos Biativos (PgPNSB) do Centro de Ciências da Saúde(CCS), Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, PB, Brasil. Os autores declaram não haver conflitos de interesse. Recebido para publicação em 10/10/2015 - Aceito para publicação em 25/01/2016 Rev Bras Oftalmol. 2016; 75 (2): 115-20 RBO Mar_aBR 2016 _Português_Revisão_05.pmd 115 7/3/2016, 22:15 116 Oliveira JLTM, Alves AF, Araujo MC T T , Oliveira Junior WM, Rodrigues LTD, Diniz MFFM INTRODUÇÃO A conjuntivite bacteriana aguda é uma doença comum e altamente contagiosa, causada pelo contato direto do olho com secreções infectadas (1). Acomete os seres humanos desde a antiguidade (2), sendo caracterizada por um crescimento bacteriano na superfície conjuntival que leva a processo inflamatório agudo ou crônico. No entanto, as bactérias possuem um número notável de mecanismos genéticos para o desenvolvimento de resistência aos antimicrobianos, tornando imprescindível o surgimento de novas drogas que possam manter eficaz a terapêutica de casos infecciosos. Neste contexto, algumas plantas medicinais e seus óleos essenciais, devido às suas propriedades antimicrobianas, têm despertado o interesse de pesquisadores do mundo inteiro para a investigação de novos antibióticos. Entre essas plantas, destaca-se o orégano (Origanum vulgare), pertencente ao gênero Origanum (família Lamiaceae) cujo óleo essencial possui atividade antimicrobiana contra bactérias gram positivas e gram negativas (Escherichia coli, Salmonella typhimurium, Staphylococcus aureus, Rhizobium leguminosarum, Bacillus subtilis) (3). OLIVEIRA et al.(4) verificaram em seu estudo que o óleo essencial do Origanum vulgare L apresentou a maior atividade antibacteriana, dentre as substâncias testadas contra as principais cepas bacterianas da conjuntivite. Diante da constatada atividade antimicrobiana do óleo essencial do Origanum vulgare L sobre cepas bacterianas isoladas de pacientes com conjuntivite, ficou evidente a importância da avaliação da irritabilidade ocular a fim de determinar se o óleo essencial pode vir a ser utilizado no tratamento tópico de afecções oculares. O objetivo deste estudo é avaliar a irritação ocular agudadose simples em coelhos e contribuir com uma nova opção de tratamento da conjuntivite em humanos. MÉTODOS A metodologia utilizada para avaliar o efeito do óleo essencial de Origanum vulgare L. sobre o olho foi baseado no trabalho desenvolvido por Draize et al. (5) com algumas modificações baseadas no protocolo para teste de irritação ocular da OECD Organization for Economic Cooperation and Development (OEDC) (6). O coelho albino foi o modelo usado por permitir uma melhor avaliação da irritação ocular devido à ausência de pigmentos na sua mucosa ocular e por apresentar uma ampla e acessível área ocular, permitindo que os efeitos resultantes fossem facilmente observados. Foram selecionados nove coelhos, todos saudáveis e, cerca de 24 horas antes da realização do teste, os 18 olhos dos animais foram cuidadosamente examinados com uma lanterna de uso oftalmológico para verificar a presença de alguma lesão, caso os animais tivessem apresentado quaisquer sinais de irritação dos olhos ou lesão preexistente de córnea, seriam excluídos do estudo. As doses do óleo essencial de Origanum vulgare L. utilizados no teste foram: 1, 3 e 9%, que correspondem a dose com efeito bactericida contra agentes bacterianos colhidos de saco conjuntival de portadores de conjuntivite, três e nove vezes esta dose, respectivamente. Com auxílio de uma seringa aplicou-se 0,1 ml do produto, em dose única, diretamente no saco conjuntival de um dos olhos esquerdo de cada animal. O olho contralateral, não tratado, foi utilizado como controle. Foram analisados os efeitos causados na região da córnea, como opacidade, na região da íris, como irite e na região da conjuntiva, como hiperemia e quemose. Essas reações foram observadas depois de decorridas 1, 24, 48, 72 horas e no final do sétimo dia após aplicação do produto. As avaliações foram realizadas com o auxílio de um oftalmoscópio binocular indireto e uso de colírio de fluoresceína. Todos os exames foram realizados pelo mesmo observador. As alterações na córnea, íris e conjuntivas foram graduadas de acordo com a escala de graduação das reações oculares de Draize e registradas em formulários apropriados. O total diário para cada uma das partes analisadas é obtido, segundo Draize, da seguinte maneira: Córnea: (somatório dos valores de opacidade dos coelhos 1...3) x 5 Íris: (somatório dos valores de inflamação dos coelhos 1...3) x 5 Conjuntivas: (somatório dos valores rubor + edema 1...3) x 2 A média diária (MD) é obtida somando-se os valores obtidos para córnea, íris e conjuntivas para cada tempo de leitura, 1 h (MQ1), 24 h (MQ2), 48 h (MQ3), 72 h (MQ4) e sete dias (MQ7) e dividindo-se o valor assim calculado pelo número de coelhos utilizados no ensaio. De acordo com o valor obtido, as substâncias podem ser classificadas, na primeira aproximação, em uma das oito categorias listadas no quadro 1. Para tanto, devem ser tomadas as MD dos quatro primeiros dias do ensaio e o maior valor entre os quatro é escolhido. Este valor é a média máxima (MM), a partir desta se determina a classificação de primeira aproximação quadro 1. Quadro 1 Valores da classificação de primeira aproximação Média Máxima (MM) 00 <2,5 2,5-15,0 15,1-25,1 25,1-50,0 50,1-80,0 80,1-100,0 100,1-110,0 primeira aproximação (N) não irritante (PN) praticamente não irritante (M1) irritante mínimo (M2) ligeiramente irritante (M3) ligeiramente moderado (S) severamente irritante (E) extremamente irritante (Mx) irritante máximo A classificação final corrige a classificação de primeira aproximação e leva em consideração a duração e a intensidade da reação observada. Para tanto, além das médias diárias dos quatro primeiros dias do ensaio (MQ1 a MQ4), devem ser consideradas aquelas obtidas no sétimo dia (MQ7) e os valores totais individuais (VTI) do sétimo dia. Se o valor de MQ7 for diferente do obtido na classificação de primeira aproximação, deve ser feita a classificação final de acordo com o quadro 2. A córnea, íris e a conjuntiva do olho tratado e controle foram submetidas a exame histopatológico. Quando presente o processo inflamatório, este foi classificado como discreto, moderado e acentuado de acordo com a quantidade de neutrófilos polimorfonucleares (PMNs) presentes. O processo inflamatório foi considerado discreto quando poucas células foram visualizadas, moderado quando uma quantidade aumentada de células era Rev Bras Oftalmol. 2016; 75 (2): 115-20 RBO Mar_aBR 2016 _Português_Revisão_05.pmd 116 Classificação de 7/3/2016, 22:15 117 Investigação oftalmológica pré-clínica do óleo essencial de Origanum vulgare L., Lamiaceae Quadro 2 Determinação da classificação final Classificação de 1ª aproximação Casos (N) não irritante 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 7 8 9 (M1) irritante mínimo (M2) ligeiramente irritante (M3) ligeiramente moderado (S) severamente irritante (E) extremamente irritante (Mx) irritante máximo facilmente visível, e acentuado, quando havia excessiva quantidade de células inflamatórias, envolvendo uma área extensa. Os resultados numéricos foram expressos como média ± erro padrão da média (e.p.m.). As diferenças entre grupos foram determinadas através da análise de variância “one-way” (ANOVA) seguido de teste de Dunnett, onde os valores de p < 0,05 foram considerados significantes. As análises foram feitas com o auxílio do programa GraphPad Prism versão 4 (GraphPad Sofware Inc., EUA). Condição Classificação Final Até MQ2=0 Até MQ3=0 Até MQ4=0 MQ7<20;VTI<10 20<MQ7<40,VTI<30 40<MQ7<80;30<VTI<60 Até MQ2=0 Até MQ3=0 Até MQ4=0 MQ7<20;VTI<10 20<MQ7<40,VTI<30 40<MQ7<80;30<VTI<60 Até MQ2=0 Até MQ3=0 Até MQ4=0 MQ7<20;VTI<10 20<MQ7<40,VTI<30 40<MQ7<80;30<VTI<60 Até MQ2=0 Até MQ3=0 Até MQ4=0 MQ7<20;VTI<10 20<MQ7<40,VTI<30 40<MQ7<80;30<VTI<60 Até MQ2=0 Até MQ3=0 Até MQ4=0 MQ7<20;VTI<10 20<MQ7<40,VTI<30 40<MQ7<80;30<VTI<60 40<MQ7<80;30<VTI<60 MQ<80, VTI<60 MQ7<80;VTI>60 (PN) praticamente não irritante (M1) irritante mínimo (M2) ligeiramente irritante (M3) ligeiramente moderado (S) severamente irritante (E) extremamente irritante (M1) irritante mínimo (M1) irritante mínimo (M2) ligeiramente irritante (M3) ligeiramente moderado (S) severamente irritante (E) extremamente irritante (M2) ligeiramente irritante (M2) ligeiramente irritante (M2) ligeiramente irritante (M3) ligeiramente moderado (S) severamente irritante (E) extremamente irritante (M3) ligeiramente moderado (M3) ligeiramente moderado (M3) ligeiramente moderado (M3) ligeiramente moderado (S) severamente irritante (E) extremamente irritante (S) severamente irritante (S) severamente irritante (S) severamente irritante (S) severamente irritante (S) severamente irritante (E) extremamente irritante (E) extremamente irritante (E) extremamente irritante (Mx) irritante máximo essencial de Origanum vulgare a 1%, não foram identificadas alterações na córnea, íris ou conjuntiva em nenhum dos tempos de observação padronizados pelo método de Draize (Figura 1), resultando em uma média máxima de zero, classificando o produto, nesta concentração, como não irritante (Quadro 3) RESULTADOS As estruturas avaliadas no estudo foram conjuntiva, córnea e íris, observando-se respectivamente: opacidade corneana; irite; quemose e hiperemia conjuntival. Os resultados macroscópicos observados nos olhos dos animais durante o tratamento estão apresentados nos quadros 3, 4 e 5. Após realização do teste de irritação ocular com o óleo Figura 1: Olho tratado com óleo essencial a 1%, apresentando aspecto macroscópico normal Rev Bras Oftalmol. 2016; 75 (2): 115-20 RBO Mar_aBR 2016 _Português_Revisão_05.pmd 117 7/3/2016, 22:15 118 Oliveira JLTM, Alves AF, Araujo MC T T , Oliveira Junior WM, Rodrigues LTD, Diniz MFFM Quadro 3 Resultados da avaliação da irritabilidade oftálmica aguda induzida por 1% do óleo essencial de Origanum vulgare L. em coelhos Estrutura ocular examinada Soma dos valores obtidos para cada estrutura ocular analisada nos coelhos pertencentes ao estudo em cada tempo de observação (horas) 1 24 Córnea 0 0 0 0 0 Conjuntiva 0 0 0 0 0 Íris 0 0 0 0 0 Média diária 0 0 0 0 0 Média máxima ± DP 48 0,00 Ao realizar o teste de irritabilidade ocular primária com o óleo essencial de Origanum vulgare a 3%, evidenciou-se alteração nas conjuntivas na avaliação oftalmológica realizada após 1 hora de instilação da substância (coloração púrpura difusa em um dos animais incluídos no estudo). No exame realizado após 24 horas de uso tópico do óleo essencial, evidenciou-se apenas hiperemia discreta em um dos animais do estudo (Figura 2). Não foram evidenciadas outras alterações oculares em nenhum dos outros tempos de avaliação preconizados neste teste. A média máxima foi de 1,33, classificando o óleo essencial nesta concentração como praticamente não irritante (Quadro 4) 72 ± 168 0,0 Figura 2: Olho após 24 horas de tratamento com óleo essencial de Origanum vulgare 3%, demonstrando hiperemia conjuntival discreta Quadro 4 Valores obtidos após o teste de irritação ocular, segundo escala de Draize, para óleo essencial de Origanum vulgare 3% Estrutura ocular examinada Soma dos valores obtidos para cada estrutura ocular analisada nos coelhos pertencentes ao estudo em cada tempo de observação (horas) 1 24 48 72 168 Córnea 0 0 0 0 0 Conjuntiva 2 1 0 0 0 Íris 0 0 0 0 0 1,33 0,67 0 0 0 Média diária Média máxima ± DP 1,33 ± 0,64 Quadro 5 Valores obtidos após o teste de irritação ocular, segundo escala de Draize, para óleo essencial de Origanum vulgare 9% Estrutura ocular examinada Soma dos valores obtidos para cada estrutura ocular analisada nos coelhos pertencentes ao estudo em cada tempo de observação (horas) 1 24 48 72 168 Córnea 0 0 0 0 0 Conjuntiva 3 2 0 0 0 Íris 0 0 0 0 0 Média diária 2,00 1,33 0 0 0 Média máxima ± DP 2,00 ± 0,8 Rev Bras Oftalmol. 2016; 75 (2): 115-20 RBO Mar_aBR 2016 _Português_Revisão_05.pmd 118 7/3/2016, 22:15 119 Investigação oftalmológica pré-clínica do óleo essencial de Origanum vulgare L., Lamiaceae O quadro 5 mostra os valores obtidos, segundo os parâmetros preconizados por Draize, após o teste de irritação ocular, instilandose o óleo essencial de Origanum vulgare a 9% no fundo de saco conjuntival de coelhos. Foram evidenciadas alterações apenas nas conjuntivas, coloração vermelha fartamente distribuída na primeira hora (figura 3) e coloração púrpura difusa no exame realizado ao completar vinte e quatro horas de aplicação do produto. Os exames realizados nas 48, 72 e 168 horas, após aplicação da substância, não evidenciaram alteração em nenhuma das estruturas oculares investigadas. A média máxima foi de 2,00, sendo o óleo essencial, nesta concentração, classificado como praticamente não irritante Nos exames histopatológicos, nenhuma alteração microscópica foi observada nos olhos dos animais utilizados pelo estudo. Figura 3: Conjuntiva de olho de coelho, após 1 hora de contato com óleo essencial de Origanum vulgare a 9%, com coloração vermelha fartamente distribuída DISCUSSÃO A conjuntivite bacteriana é uma doença que acomete o homem desde a antiguidade, já havendo uma descrição acurada dos sinais cardinais da patologia pelos egípcios 1550 anos antes de Cristo (2). É altamente contagiosa e sua transmissão, se dá, tipicamente, pelo contato mão-olho, no entanto, existem outras vias de transmissão, desde formas exógenas, endógenas, por via hematogênica e até por inoculação através de contaminação do olho contra-lateral (7) . O teste de irritação ocular ou Teste Ocular de Draize faz parte dos testes toxicológicos exigidos pelas agências regulatórias para registros de diversos tipos de substâncias. Os resultados obtidos a partir deste teste tem grande importância na decisão da classificação toxicológica de um produto, por ser este, muitas vezes, o dado mais crítico entre os testes toxicológicos (8). A razão para se estudar os efeitos do óleo de Origanum vulgare L. sobre a superfície ocular se dá pelo fato deste óleo apresentar promissora atividade antimicrobiana contra cepas oriundas de pacientes portadores de conjuntivite bacteriana. Assim, temos a expectativa do uso deste óleo como fonte de compostos antimicrobianos que possam ser usados no tratamento de afecções oculares (4,9). No teste original de Draize três tipos de tecidos são examinados: córnea, íris e conjuntivas. Cada tecido tem diferentes características a serem avaliadas (5) . No teste de Draize adaptado pela OECD, 405/2002, examina-se na córnea, a densidade da opacidade, na íris, a irritação, e nas conjuntivas, a hiperemia e o edema. Após o teste de irritação ocular com o óleo essencial de Origanum vulgare na concentração de 1%, que é a dose terapêutica contra bactérias causadoras de conjuntivite, não foram identificadas alterações em nenhuma das estruturas oculares examinadas, em nenhum dos tempos de observação, quando comparados com o controle. De acordo com o teste utilizado, foi feita uma média diária, que foi alcançada somando-se os valores obtidos para córnea, íris e conjuntiva, para cada tempo de leitura e dividindo-se o valor assim calculado pelo número de coelhos utilizados no ensaio (10). De acordo com o valor obtido, o Origanum vulgare 1% foi classificado como substância não irritante, sugerindo que tal componente pode ser usado na superfície ocular sem provocar efeitos tóxicos. A realização do mesmo teste com o óleo essencial na concentração de 3%, provocou hiperemia conjuntival após 1 hora da instilação do produto no saco conjuntival, estando este efeito bem diminuído após 24 horas e ausente em todos os outros tempos de avaliação. A hiperemia surge no olho devido à vasodilatação local, sendo esta uma manifestação comum em um organismo como resposta à um irritante, com o intuito de liberar mediadores químicos para desativar o agente agressor (11). Como a conjuntiva é amplamente vascularizada e encontra-se, do ponto de vista anatômico, como a primeira camada de contato do olho com o meio externo, constitui importante barreira de defesa do aparelho ocular. Consequentemente, a hiperemia conjuntival é um achado clínico muito comum, mesmo diante de agentes fracamente irritantes (12). Em nosso estudo, apenas um animal manifestou tal sinal e o mesmo desapareceu rapidamente, não sendo considerado como fator importante para considerar a substância agressiva para o olho nesta concentração. Nenhum outro parâmetro encontrou-se alterado em nenhum dos tempos padronizados de exame. A média máxima é o maior valor de média diária obtida, tomando-se como base as médias diárias dos quatro primeiros dias de observação (5,6,10). Com o óleo essencial a 3%, a média máxima foi de 1,33, o que classifica o produto como praticamente não irritante, portanto sugere segurança para uso como inoculante ocular, mesmo nesta concentração, que é três vezes superior à dose terapêutica. Como preconizado pela ANVISA através do guia para realização de estudos de toxicidade pré-clínica de fitoterápicos, a avaliação da toxicidade ocular também foi realizada com a concentração de 9% do óleo essencial de Origanum vulgare, dose nove vezes maior que a dose terapêutica, a fim de avaliar possíveis efeitos tóxicos diante de uma inoculação acidental de quantidade muito superior a preconizada para um possível tratamento. Ao completar uma hora da inoculação do óleo essencial a 9% no saco conjuntival do coelho, evidenciou-se coloração vermelha fartamente distribuída na conjuntiva. Este efeito diminui, apresentando-se com coloração púrpura difusa na avaliação oftalmológica feita após 24 horas. Nos demais tempos de avaliação, não houve mais alteração conjuntival. Embora a reação inflamatória conjuntival tenha sido um pouco mais pronunciada com o aumento da concentração do óleo essencial, é importante ressaltar que desapareceu, por completo, após 24 horas. Nenhuma das outras estruturas oculares encontrou-se alteradas em nenhum dos tempos padronizados de avaliação oftalmológica. A média máxima calculada foi de 2,00, classificando o produto em praticamente não irritante, o que sugere que, mesmo diante de uma inoculação acidental do produto no olho, isto não resultará em sequelas oculares, demonstrando segurança para uso do produto. Portanto, o tratamento com o óleo essencial, quando induziu alterações nas conjuntivas, estas foram discretas e reversíveis em um período curto após a aplicação do produto. A córnea é a estrutura mais importante a ser avaliada no teste de irritação ocular, devido ao papel que desempenha no processo da visão. Qualquer desarranjo na córnea é porta de Rev Bras Oftalmol. 2016; 75 (2): 115-20 RBO Mar_aBR 2016 _Português_Revisão_05.pmd 119 7/3/2016, 22:15 120 Oliveira JLTM, Alves AF, Araujo MC T T , Oliveira Junior WM, Rodrigues LTD, Diniz MFFM entrada para processos infecciosos ou causa de distúrbio funcional(13).No presente estudo os animais tratados com todas as doses avaliadas do óleo de Origanum vulgare L. não apresentaram alterações na córnea em nenhum dos tempos de avaliação. O mesmo foi observado para íris, visto que o tratamento com o óleo de Origanum vulgare L. não induziu irritação na íris com nenhuma das concentrações testadas. De acordo com a literatura, o olho de coelho é mais sensível a agentes irritantes que o olho humano. A superfície epitelial do olho do coelho é dez vezes mais permeável aos solutos hidrofílicos que o olho humano. A córnea do coelho é bem mais fina que a dos humanos, com espessura média de 0,37mm, enquanto nos humanos é de 0,51mm. A membrana de Bowman da córnea destes animais é seis vezes mais fina. O limiar de dor do coelho é muito mais elevado do que dos seres humanos, fazendo com que substâncias irritantes sejam removidas lentamente, fato potencializado por um sistema lacrimogêneo menos eficiente, atrasando ainda mais a remoção de substâncias irritantes de sua superfície. Além disso, a córnea representa 25% da área de superfície do olho do coelho e somente 7% da área de superfície ocular humana. Finalmente, o PH do humor aquoso do coelho é de 8,2, comparado com 7,1 a 7,3 para o homem, tornando os coelhos mais suscetíveis aos danos causados por materiais alcalinos. Na maior parte dos casos, os coelhos albinos são mais sensíveis que o homem aos agentes irritantes. Resultados de ensaios efetuados em outras espécies animais podem reforçar aqueles obtidos com coelhos. É possível, então, extrapolar os dados para os seres humanos (5,6,10). Nosso estudo demonstrou que o óleo essencial de Origanum vulgare a 1% foi não irritante, e nas concentrações de 3 e 9 % praticamente não irritante. Como descrito acima, os olhos de coelhos são mais sensíveis a agentes tóxicos, fazendo-nos sugerir que os efeitos encontrados provavelmente seriam ainda menos significativos em olhos humanos. Associado aos achados macroscópicos, a avaliação microscópica dos olhos após exposição a todas as concentrações do óleo essencial, não evidenciaram alterações significativas quando comparadas aos olhos controle. O teste de irritação ocular demonstrou que o contato dos olhos estudados com todas as concentrações avaliadas do óleo de Origanum vulgare L. produz lesões oculares mínimas, as quais são reversíveis geralmente após as 24 horas de exposição ao produto. CONCLUSÃO Com base nos dados obtidos, conclui-se que a avaliação da irritabilidade oftálmica contribuiu para conhecer as alterações clínicas macroscópicas e microscópicas na superfície ocular dos olhos de coelhos expostos ao óleo essencial de Origanum vulgare L., em cada intervalo do teste de irritabilidade ocular. Desta forma, foi possível classificar o óleo essencial de Origanum vulgare L a 1%, que é a dose terapêutica, como não irritante e em concentrações bem maiores, 3 e 9%, como praticamente não irritante, sugerindo a necessidade de aprofundar o estudo desta substância com a realização de estudos clínicos e colocando este produto como possível agente terapêutico no tratamento de conjuntivites bacterianas. REFERÊNCIAS 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. Martínez BO, Ruiz RM, Pérez RM. Conjuntivitis bacteriana: patógenos más prevalentes y sensibilidad antibiótica. Anales Pediatr. 2004;61(1):32-6. Hirschberg J. 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Helsinki: Helsinki University of Technology; 2003. Estévez, R. A. Efeito do tacrolino na reepitelização da córnea em coelhos [tese]. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais; 2004. Autor correspondente: Adriano Francisco Alves. Rua: Maria das Neves Coutinho, n 45, Bancários, João Pessoa, Paraíba, Brasil. Fone/Fax: (83) 99675.9944. E-mail: [email protected] Rev Bras Oftalmol. 2016; 75 (2): 115-20 RBO Mar_aBR 2016 _Português_Revisão_05.pmd 120 7/3/2016, 22:15 ARTIGO ORIGINAL121 Clinical features of diabetic patients with dry eye disease in a community in Maceio: a cross-sectional study Características clínicas de pacientes diabéticos com olho seco em uma comunidade de Maceió: estudo transversal Marina Viegas Moura Rezende Ribeiro1, Fabiano Timbó Barbosa2, Luiz Eduardo Feliciano Ribeiro3, Celina Maria Costa Lacet 4, João Marcelo de Almeida Gusmão Lyra4, Êurica Adélia Nogueira Ribeiro2 ABSTRACT Objective: This study was carried out in order to assess the epidemiological profile of symptomatic dry eye in diabetic patients. Methods: Two hundred and twenty-one diabetic patients were evaluated using a specific questionnaire about other diseases and drugs. Of these, 58 who classified as having moderate to severe dry eye were included. Results: In this study, 58 of the 221 diabetic patients had moderate to severe dry eye (26.2%). Of the 58 patients, dry eye was more prevalent at age 61.46 ± 14.18 years for men, and 61.09 ± 10.64 for women (p<0.005). Dry eye was more common in women (75.9%) (p=0.456). Of the 58 patients, 15 (25.9%) had at least one ocular disease. The most common was diabetic retinopathy (13 of 15 patients, 86.7%, 95% CI 69.46-103.87). A total of 19 patients used eye drops (32.8%); and most (14 of the 19 individuals, 73.7%) used lubricants (95%CI 53.88-93.48). Hypertension was the most prevalent associated comorbidity (56.9%) and the most commonly used medications were hypoglycemic agents (98 %, 95%CI 94.00 – 101.92) and angiotensin converting enzyme inhibitors (53.1%, 95%CI 53.06 39.09 – 67.04). Conclusion: Further epidemiologic studies need to be done to establish a real etiologic relationship between diabetes and dry eye, and its correlation to other risk factors. In spite of these limitations, we have strong evidence of this relationship, and in clinical practice, examination for dry eye should be part of the assessment of diabetic disease. Keywords: Dry eye/epidemiology; Diabetes mellitus/complications, critical patient, epidemiology, profile RESUMO Objetivo: O estudo foi realizado para descrever o perfil epidemiológico de pacientes diabéticos com olho seco sintomático. Métodos: Duzentos e vinte e um pacientes diabéticos foram avaliados por meio de questionário específico sobre outras doenças e medicamentos. Destes, 58 foram diagnosticados com olho seco moderado a severo e foram incluídos no estudo. Resultados: Neste estudo, 58 dos 221 pacientes diabéticos tinham olho seco moderado a severo (26,2%). Dos 58 pacientes, o olho seco, foi mais prevalente na faixa etária de 61,46 ± 14,18 anos para os homens e 61,09 ± 10,64 para as mulheres (p <0,005). O olho seco foi mais comum em mulheres (75,86%) (p = 0,456). Dos 58 pacientes, 15 (25,9%) tinham pelo menos uma doença ocular. A mais comum foi a retinopatia diabética (13 de 15 pacientes, 86,7%, IC de 95% 69,46-103,87). Um total de 19 pacientes utilizavam colírios (3,8%); lubrificantes foram os mais usados (14 dos 19 indivíduos, 73, 7%, (IC de 95%, 53,88-93,48). A hipertensão foi a doença mais prevalente associada (56.9%) e os medicamentos mais utilizados foram hipoglicemiantes orais (98%, IC 95% 94,00 – 10,92) e inibidores da enzima conversoras da angiotensina (53,1%, IC 95%, 53,06 39,09 – 67,04). Conclusão: Novos estudos epidemiológicos devem ser feitos para avaliar a real relação etiológica entre olho seco e diabetes e sua correlação com outros fatores de risco. Apesar das limitações, temos fortes evidências da relação entre olho seco e diabetes. Na prática clínica, o exame de olho seco deve ser parte da avaliação dos diabéticos. Descritores: Olho seco/epidemiologia; Diabetes Melittus/complicações 1 Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde, Universidade Federal de Alagoas, Maceió, AL, Brasil. Brasil. Universidade Federal de Alagoas, Maceió, AL, Brasil. 3 Instituto de Olhos de Maceió, Maceió, AL, Brasil. 4 Universidade de Ciências da Saúde de Alagoas, Maceió, AL, Brasil. 2 Os autores declaram não haver conflitos de interesse. Recebido para publicação em 23/10/2015 - Aceito para publicação em 12/01/2016 Rev Bras Oftalmol. 2016; 75 (2): 121-6 RBO Mar_aBR 2016 _Português_Revisão_05.pmd 121 7/3/2016, 22:15 122 Ribeiro MVMR, Barbosa FT, Ribeiro LEF, Lacet CMC, Lyra JMAG , Ribeiro ÊAN INTRODUCTION D iabetes Mellitus is a disease which is often followed by microvascular complications, such as nephropathy, neuropathy and retinopathy. (1) It is one of the main causes of blindness in people aged between 20 and 74. (2) Dry eye disease (DES) is a major tear deficiency disorder which causes discomfort, visual disturbances and tear film instability with potential damage to the ocular surface. (3) Dry eye can lead to vision deficit, scarring, cornea perforation, and secondary bacterial infection. It is important, then, to make early diagnoses of this disease. (4) Reported prevalence of dry eye is diverse, with questionnairebased surveys documenting rates ranging from 14.4% to 33% of the population. (5-8) Studies which also involve tests of tear function for determination of dry eye, including Schirmer´s test, tear break up time and others, have generally found lower prevalence rates. (8) However, there have been discrepancies in the prevalence reported in the literature, due to a lack of consensus about appropriate diagnostic criteria and differences in the parameters and research methodology applied. (9) Generally, diabetic patients have classic symptoms of dry eye, including irritation, foreign body sensation, burning, itchiness, pain or redness; they usually also have alterations in Schirmer test. (10) Autonomic dysfunction may be the mechanism responsible for dry eye in the diabetic patient, and aldose reductase, the first enzyme of the sorbitol pathway, may also be involved. (11) Jin et al., showed that diabetic type 2 patients have a greater tendency to develop tear dysfunction. (12) Few studies reported prevalence of dry eye in diabetic patients in the literature, and these rates ranged from between 14.4% to 54.3% (7; 12-17). There is a lack of studies that describes the profile of the diabetic patient with moderate to severe dry eye. We aimed, therefore, to describe the epidemiologic profile of diabetic patients with moderate to severe dry eye, and to try to evaluate the relationship with possible associated risk factors. METHODS In a prospective observational study, from December, 2014 to April 2015, we evaluated 221 diabetic patients that were referred to the ophthalmologic department of the Dr. Alberto Antunes University Hospital or to the João Paulo II Reference Unit, both located in the city of Maceió, Alagoas State, Brazil. These patients were diagnosed previously with diabetes according to ADA criteria. (2) Informed consent was obtained from all subjects and the research had the approval of the institutional board and ethics committee (Universidade Federal de Alagoas) and the National Committee of Ethics and Research (CONEP: 30435114.6.0000.5013) Clinical data of all patients included sex, age groups (35 to 45.8, 45.8 to 56.6, 56.6 to 67.4, 67.4 to 78.2, 78.2 to 89 years old), race (black, white, yellow, brown or indigenous), duration of diabetes, fasting glycaemia, history of other diseases, like heart disease, recent stroke history (less than 6 months), psychiatric or neurologic diseases or dementia, rheumatic diseases, thyroid diseases, intestinal inflammatory disease, asthma or other allergic diseases, report of dry mouth or another mucosae, ocular diseases (cataract, glaucoma, macular degeneration, keratopathies, diabetic retinopathy), previous ocular surgeries, photocoagulation report, use of eye drops, use of medication and cigarette smoking. The data was obtained by reviewing the medical records and through direct interview of the patient. Dry eye patients were defined in our study as individuals that had at least one of the classical symptoms plus one or more alterations in the objective tests analyzed. They were evaluated for common symptoms of dry eye ocular discomfort (17) including: soreness, gritty sensation, itchiness, redness, blurred vision that improves with blinking and excessive tearing. The frequency of these symptoms was graded as: never (graded as “1”), rarely (at least once in 3–4 months, graded as “2”), often (at least once a week, graded as “3”) or all the time (graded as “4”).These patients were then submitted to a Schirmer test. The Schirmer test was graded as follows: “1”, when it was 15mm or more in 5 minutes; “2”, when it was less than 15mm; “3” when it was less than 5mm; and “4 when it was less than 2mm. Those that reported one or more of the symptoms graded as “3” or “4” and had a Schirmer test inferior to 15mm in 5 minutes (17) were defined as having moderate to severe dry eye, based on criteria proposed by the American Academy of Ophthalmology (18) and DEWS. (19) Corrected visual acuity was assessed in all patients. Structures of the eye were assessed with slit lamp biomicroscopy examination. Retinal status was evaluated by indirect ophthalmoscopy after dilation using a tropicamide 1% drop. We also evaluated conjunctival injection, corneal staining with fluorescein, conjunctival staining, corneal or tear signs, meibomius glands and lid alterations and break-up time (BUT), as follows:(19) Conjunctival injection: graded from “1” to “4”, indicating absent, mild, moderate and severe signs respectively; Conjunctival staining: graded from “1” to “4”, indicating none to mild, variable, moderate to marked, and marked respectively; Corneal staining: graded from “1” to “4”, indicating none to mild in grade “1”, variable in grade “2”, marked central in grade “3”, and severe punctate erosions in grade “4”; Corneal or tear signs: graduated from “1” to “4” which means none to mild, mild debris and reduced meniscus, mucus clumping plus filamentary keratitits and the final stage with all these signals in addition to ulceration. Meibomius glands and lid alterations were also graded from “1” to “4”, indicating variable to present in first two stages, frequent in third stage, and with possible symblepharon and trichiasis in the last grade. BUT classification also followed DEWS, and means normal (1), equal or less than 10 seconds (2), equal or less than 5 seconds (3) and equal or less than 2 seconds (4), respectively. (19) Statistical methods Statistical analysis was performed using the Statistical Package for Social Sciences (SPSS version 20.0, Chicago IL). Significance was considered to be P < 0.05. Results were given with their 95% CIs. Data were presented as mean ± SD Data normal distribution and verified by the Kolmogorov-Smirnof test. Age-group analysis was performed using the Kruskal-Wallis test. Gender group analysis was performed using the Mann Witney U test. Grading of symptoms and signs, based on DEWS criteria, and American Academy of Ophthalmology, (18,19) were presented as median and amplitude. Rev Bras Oftalmol. 2016; 75 (2): 121-6 RBO Mar_aBR 2016 _Português_Revisão_05.pmd 122 7/3/2016, 22:15 123 Clinical features of diabetic patients with dry eye disease in a community in Maceio: a cross-sectional study RESULTS In this study, 221 diabetic patients were assessed. There were 58 patients (26.2%) included in the study, which filled the criteria of moderate and severe dry eye. There were 14 men (24.1%) and 44 women (75.9%). The mean age of subjects was 61.46 ± 14.18 years for men, and 61.09 ± 10.64 for women. The distribution in age groups was statistically significant (p<0.005). Ethnic group distribution in dry eye patients was: 19% brown, 58.6% white and 22.4% black. No patients self-declared yellow or indigenous ethnicities. Most patients were in the 56.6 - 67.4 year-old group (43.1%), while the 35-45.8 year-old group had the fewest (6.9%). Male patients (n=14) with dry eye disease had a mean duration of diabetes of 11.22 ± 9.705 years whereas this was 9.86 ± 8.155 years in women subjects (n=44). The highest mean of diabetes duration time was found in the 67.4-78.2 year-old group (13.29 ± 9.57). Mean duration of diabetes was not statistically significant among sex and age (p= 0.718 and p=0.711 respectively). Highest fasting glycaemia (226 ± 66.12) was verified in the 3545.8 year old group, and was highest in men (216.62 ± 139.462). However, it was not statistically significant among age and sex (p= 0.277 and p=0.456 respectively), (Tables 1 and 2). Ocular discomfort was defined as having one or more traditional dry eye symptoms, and all patients were graded in grade “3” or “4”. The Schirmer test was evaluated with median and amplitude and ranged from “2” to “4”, the latter found in the 56.6-67.4 age group; there was no statistical significant difference Table 1 Patient profile by age group and gender - mean variables (SD) Age Groups No. 35 – 45.8 45.8 – 5.6 56.6 – 67.4 67.4 – 78.2 78.2 - 89 4 14 25 9 6 p value Age 39.50 51.43 61.40 70.78 83.00 (4.20) (2.74) (2.99) (3.03) (3.46) <0.001 Gender No. Male Female 14 44 p value Age 61.46 (14,18) 61.09 (10,64) 0.55 Glycaemia Diabetes Duration Yrs. VA OD VA OS 226 (66.12) 223.36 (130.47) 166.80 (78.78) 192.11 (121.85) 140.83 (65.93) 12 (9.90) 0.6 (0.4) 9.80 (7.54) 8.35 (7.32) 13.29 (9.57) 12.00 (12.47) 0.87 0.49 0.56 0.32 0.35 0.51 0.51 0.37 0.48 0.277 0.711 Glycaemia Diabetes Duration Yrs. 216.62 (139.462) 176.87 (85.426) 11.22 (9.705) 9.86 (8.155) 0.456 (0.231) (0.306) (0.334) (0.200) (0.392) 0.256 0.266 VA OD VA OS 0.44 (0.323) 0.50 (0.326) 0.718 (0.271) (0.346) (0.305) (0.386) 0.567 0.5 (0.365) 0.51 (0.320) 0.992 Table 2 Patient profile by age group and gender; clinical signs Median variables and amplitude Age Groups O.D.F. 35 – 45.8 45.8 – 56.6 56.6 – 67.4 67.4 – 78.2 78.2 - 89 3 3 3 3 3 p value 0.711 Gender O.D.F. Male Female 3 (3-4) 3 (3-4) 1 (1 - 2) 1 (1 -3) p value 0.345 0.873 (3-3) (3-3) (3-3) (3-4) (3-4) Conj. Staining Corneal Staining Tear Meniscus M.G.A. BUT Schirmer 2 (2 - 3) 3 (2 - 3) 2,5 (2 -4) 2 (2 - 3) 2 (2 - 3) 1 (1 - 2) 1 (1 - 2) 1 (1 - 3) 1 (1 - 2) 2 (1 - 3) 1 (1-1) 1 (1-2) 1 (1-3) 1 (1-3) 1 (1-3) 1.5 (1 - 2) 2 (1 - 3) 2 (1 -3) 2 (1 - 2) 2 (2 - 3) 1 (1 - 1) 1 (1 - 2) 1 (1 - 2) 1 (1 - 2) 2 (1 - 2) 2 (2 - 2) 2 (2 - 2) 2 (1 - 3) 2 (2 - 2) 2 (1 - 3) 0.226 0.942 0.185 0.053 0.835 Tear Meniscus M.G.A. BUT Schirmer 1 (1 - 2) 1 (1 - 3) 2 (1 - 2) 2 (1 - 3) 1 (1 - 2) 1 (1 - 2) 2 (2 - 3) 2 (1 - 3) 2 (2 - 3) 2 (2 - 4) 0.754 0.917 0.596 0.236 Conj. Staining Corneal Staining 0.797 0.393 O.D.F.: Ocular Discomfort Frequency - 1: Absent 2: Mild 3: Moderate 4: Intense Conj. Staining: Conjunctival Staining - 1: Absent 2: Mild 3: Moderate 4: Intense Corneal Staining - 1: Absent 2: Mild 3: Moderate 4: Intense1: 2: 3: Tear Meniscus - 1: normal 2: mildly reduced 3: moderate 4: severe M.G.A.: Meibomius Gland Alterations 1: Absent 2: Mild 3: Moderate 4: Intense BUT: Break-up time - 1: Variable 2: <10s 3: <5s 4: immediate Schirmer: 1: Variable 2: < 15mm 3: < 5mm 4: <2mm Rev Bras Oftalmol. 2016; 75 (2): 121-6 RBO Mar_aBR 2016 _Português_Revisão_05.pmd 123 7/3/2016, 22:15 124 Ribeiro MVMR, Barbosa FT, Ribeiro LEF, Lacet CMC, Lyra JMAG , Ribeiro ÊAN between men and women (p=0.236). Results from other parameters, including conjunctival injection, corneal staining with fluorescein, conjunctival staining with fluorescein, reduced tear meniscus, meibomius gland alterations, break-up time (BUT) and visual acuity, and comparing them for age and sex, showed no statistical significance (Tables 1 and 2). Of the 58 patients, 15 (25.9%) had at least one ocular disease. The most common was diabetic retinopathy (DR) (13 of 15 patients, 86.7%, 95% CI 69.46-103.87), the least common was macular degeneration (1 of 15 patients: 6.7% 95% CI -5.96-19.29). Previous ocular surgery was present in 28 of the 58 patients (48.27%). Non-proliferative diabetic retinopathy was present in 10 patients (17.2% of the 58 selected individuals) and the other three had a proliferative form of the condition; two of these three had been submitted to photocoagulation. A total of 19 patients used eye drops (32.8%); most used lubricants of various types (14 of the 19 individual, (73.7%; 95% CI 53.88-93.48) and 8 (42.1%; 95% CI 19.90-64.32) of them used ocular hypotensors for glaucoma (Table 3). Table 3 Table 5 Use of oral medication (N=49) Hypoglycemic agents Insulin Diuretics Calcium channel blockers ACE Inhibitor Lipid lowering agent ASA Beta blocker Benzodiazepine Antidepressants Steroids Proton pump inhibitors Digitalis Thyroxine N % 95% CI 48 17 19 8 26 7 7 8 11 8 2 5 1 3 98 34.7 38.8 16.3 53.1 14.3 14.3 16.3 22.4 16.3 4.1 10.2 2 6,12 94 – 101.9 21.4 – 48 25.1 – 52.4 6 – 26.7 39.1 - 67 4.5 – 24.1 4.5 – 24.1 6 – 26.7 10.8- 34.1 6 – 26.7 -1.5 – 9.6 1.7 – 18.7 -1.9 - 6 -0.6 – 12.8 *ASA: acetylsalicylic acid, *ACE: angiotensin-converting-enzyme Associated ocular conditions Ocular Diseases (N=15) N % 95% CI Cataract Glaucoma ARMD Diabetic retinopathy 5 10 1 13 33.3 66.7 6.7 86.7 9.5 – 57.2 42.9–90.5 -6.0 – 19.3 69.5–103.9 Use of eye drops (N=19) Use of glaucoma eye drops Use of lubricant eye drops 8 14 42.1 73.7 19.9 – 64.3 53.9 – 93.5 Associated comorbidities and use of medication were also followed (Tables 4 and 5). Table 4 Associated systemic comorbidities (N=58) N Smoking Yes No Thyroid disease Yes No Rheumatic disease Yes No Amputation Yes No Psychiatric / Dementia Yes No Dialysis Yes No Stroke Yes No Allergies / Bronchitis Yes No Arterial hypertension Yes No 2 56 6 52 9 49 2 56 1 57 3 55 3 55 3 55 33 25 % 3.4 96.6 10.3 89.7 15.5 84.5 3.4 96.6 1.7 98.3 5.2 94.8 5.2 94.8 5.2 94.8 57 43.1 95% CI -1.2 – 8.1 91.9 – 101.2 2.5 – 18.2 81.8 – 97.5 6.2 – 24.8 75.1 – 93.8 -1.2 – 8.1 91.9- 101.2 -1.6 – 5.1 94.9 – 101.6 -0.5 – 10.9 89.1 – 100.5 -0.5 – 10.9 89.1 – 100.5 -0.5 – 10.9 89.1 – 100.5 44.1 – 69.6 30.4- 55.8 DISCUSSION Several previous studies have investigated the relationship between DM and dry eye. Although some found an increased risk (7, 15), others found neither a significant decrease in aqueous tear flow nor impaired TFBUT among those treated with insulin (10). Kaiserman (20) verified that DM increases dry eye and its severity. Seifart et al. found a 70% rate of dry eye in type 2 diabetes (13). Sendecka et al. reported that the most important conditions associated with dry eye were diabetes and hypertension. (14) Jain et al. presented 80 diabetic patients in a group of 400 patients with dry eye. (16) The cause of this correlation may be autonomic neuropathy and damage to microvasculature of the lacrimal gland, as well as sensorial corneal neuropathy. (11) We used a questionnaire to assess the classic symptoms of dry eye, (18,19) selecting those graded “3” and “4” and associated to the Schirmer test inferior to 15mm in 5 minutes. Some studies report that Schirmer and BUT decreased in diabetic dry eye (10,13) , in contrast to other authors that found that Schirmer, BUT and rose bengal staining have low sensitivity and underestimate dry eye disease when compared with a self-reported questionnaire about symptoms (8,15). Symptoms can be regarded as very important, due to the lack of correspondence between them and all these tests in diagnosing dry eye (21) Clinicians in practice also rely heavily on the evaluation of symptoms for dry eye diagnosis (21,22). The frequency of moderate to severe dry eye in our study was 26.2% (58 patients). We did not evaluate prevalence of mild dry eye because our priority was frequent symptomatic dry eye, and mild cases usually have episodic symptoms or none at all. (19) There are few studies of prevalence of dry eye in diabetic patients, and it ranges from between 14.4% (7) to 54.3% (17). We did not find any other study that used only moderate to severe dry eye syndrome specifically in diabetes. But we know that prevalence of dry eye in the general population also presents a variation with environmental conditions, such as sunshine exposition, which increases this rate, and a high humidity ambient, that reduces it (23). Rev Bras Oftalmol. 2016; 75 (2): 121-6 RBO Mar_aBR 2016 _Português_Revisão_05.pmd 124 7/3/2016, 22:15 Clinical features of diabetic patients with dry eye disease in a community in Maceio: a cross-sectional study In this study we found that 24.4% were men and 75.86% were women, but it was not statistically significant. Some authors (14,15,20,21) found that dry eye incidence increases in women; one of the explanations is the low rate of protector hormones like androgens. Other studies in diabetics show that diabetes keratoconjunctivitis sicca has no sex predilection. (17,20) One hypothesis for this is that some of the anatomical and physiological modifications of the meibomian gland during aging have been linked to androgen deficiency, concurring with androgenic control of sebaceous glands in the skin (24). Therefore, this predilection is not so important with aging, because both men and women have a lower androgen pool when older. Our research presented a mean age of moderate to severe dry eye of 61.46 ± 14.18 in men and 61.09 ± 10.64 in women, and these distributions of age groups was statistically significant. Kaiserman et al. found higher prevalence of dry eye with age in diabetics (20), while Liu et al. found that diabetes and increased age were important risk factors to dry eye in a systematic review.(25) However, Manaviat et al.(17) did not find higher age to be a risk factor in diabetics with dry eye. We believe that it seems to be plausible that the dysfunction of lachrymal and meibomius glands with androgen insufficiency and other disjunctions that occur with age can contribute to an increase in dry eye disease in older people, irrespective of whether they are diabetic or not. In our study we found a higher incidence of white people; others, however, showed no association with ethnic groups. (21) The 2010 census reported that 50.7% of the Brazilian population is black or brown, with the largest proportion of this group located in the Northeast region (26). However, Cavalli-Sforza reports that all ethnic classification is “difficult, imperfect and arbitrary”, (27) and we can attribute this to the fact that its definition ranges from one time to another and according to the reason for it to be evaluated. Time from diagnosis of diabetes and fasting glycaemia was evaluated in our study, and was not found to be statistically significant by sex or age; in the most prevalent age-group with dry eye (56.6-67.4 year old), we did not have the longest time of diabetes, nor the highest glycaemia. However, some studies report that diabetic keratoconjunctivitis sicca is more often found in diabetics with poorer glycemic control, and that dry eye syndrome occurs more often in the hyperglycemia phase, due to the high extracellular fluid osmolarity that disturbs tear production. (13, 20, 28, 29) We also analyzed comorbidities and use of medication in these patients. The most prevalent was hypertension (56.9%), and 84.48% used at least one medication. The most commonly used medication was oral hypoglycemic agents (98%) followed by angiotensin converting enzyme inhibitors (56.0%). It is controversial that some comorbidities can be a risk factor to dry eye syndrome. Schaumberg found that patients with hypertension and using drugs to treat hypertension and antidepressants had a higher prevalence of dry eye (21). Moss, in 2000, found that allergies, hypertension and use of antihistamines and diuretics were an important risk factor to dry eye. (7) However, the same author in 2004 did not find any relation between a lot of comorbidities with dry eye, like arterial hypertension, cardiovascular disease, thyroid disease, smoking, stroke, allergies or use of antidepressants; diuretics and antihistamines were shown to be relevant risk factors; use of angiotensin converting enzyme inhibitor might be a protection factor (15). Ocular disease was present in 48.7% of respondents. The most common was diabetic retinopathy (DR) (19%). This evidence is related to other research that shows a greater incidence 125 of DR in these patients. (20) Previous lens surgery was present in 48.3% of patients; Moss reported no evidence of a relationship with other ocular diseases such as cataract, lens surgery or maculopathy with dry eye syndrome, (7) although other studies show that lens surgery can cause dry eye symptoms. (30) Eye drops were used by 19 of the 58 patients, and 14 of these used lubricants (24%). Kaiserman verified that 20.6% of diabetics with dry eye used lubricants, which is a similar rate, (20) and shows that some patients have been previously diagnosed with dry eye. Limitations of our research were that it was mainly a descriptive study, which impairs statistical measurements, and that diabetic patient had other comorbidities that could be an independent risk factor to dry eye, although this is controversial. (15) CONCLUSION A better consensus in dry eye diagnosis should be reached, due to the poor correspondence between symptoms and objective tests for dry eye disease. There is a lack of epidemiological profile studies about diabetic symptomatic dry eye. Further research needs to be done to establish a real etiologic relationship between diabetes and dry eye, and its correlation to other risk factors. In spite of these limitations, we have strong evidence of this relationship, and in clinical practice, examination for dry eye should be part of the assessment of diabetic disease. REFERENCES 1. Writing Team for the Diabetes Control and Complications Trial/Epidemiology of Diabetes Interventions and Complications Research Group. Effect of intensive therapy on the microvascular complications of type 1 diabetes mellitus. JAMA 2002;287:2563–9. 2. Harrison TR: Diabetes Mellitus. In Harrison Principle of Internal Medicine 15th edition. Branwald E, Fauci S, Kasper D, Hauser LS, L Longo D, Jameson JL, editors. USA, Mc GrowHill; 2001. p. 2121. 3. Ding J, Sullivan DA. Aging and dry eye disease. Exp Gerontol. 2012 ;47(7):483-90. Review. 4. Riordan-Eva , Asbury T, Whitcher JP: Vaughan and Asbury’s general ophthalmology. 16th ed. USA, McGraw-Hill Medical; 2003:308-310. 5. Caffrey BE, Richter D, Simpson T, et al. The Canadian dry eye epidemiology study. In: Sullivan DA, et al, ed. 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Rev Bras Oftalmol. 2016; 75 (2):121-6 RBO Mar_aBR 2016 _Português_Revisão_05.pmd 125 7/3/2016, 22:15 126 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. Ribeiro MVMR, Barbosa FT, Ribeiro LEF, Lacet CMC, Lyra JMAG , Ribeiro ÊAN Jin J, Chen LH, Liu XL, Jin GS, Lou SX, Fang FN. Tear film function in non insulin dependent diabetics. Zhonghua Yan Ke Za Zhi. 2003;39(1):10-3. Seifart U, Strempel I. The dry eye syndrome and diabetes mellitus. Ophthalmologe. 1994;91(2):235-9. Sendecka M, Baryluk A, Polz-Dacewicz M. [Prevalence of and risk factors for dry eye syndrome]. Przegl Epidemiol. 2004, 58(1):227-33. Polish. Moss SE, Klein R, Klein BE. Incidence of dry eye in an older population. Arch Ophthalmol. 2004; 122(3):369-73. Jain S: Dry eyes in diabetes. Diabetes Care 1998, 21(8):13641382. Manaviat MR, Rashidi M, Afkhami-Ardekani M, Shoja MR. Prevalence of dry eye syndrome and diabetic retinopathy in type 2 diabetic patients. BMC Ophthalmol. 2008;8:10. doi: 10.1186/ 1471-2415-8-10. 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BMC Ophthalmo Autor correspondente: Marina Moura Rezende Prefeito Abdon Arroxelas,219, apto 303 Ponta Verde, Maceió - AL, Brasil Telefone: (82)9301-1132 E- mail: [email protected] Rev Bras Oftalmol. 2016; 75 (2): 121-6 RBO Mar_aBR 2016 _Português_Revisão_05.pmd 126 7/3/2016, 22:15 ARTIGO ORIGINAL127 Morphometric of the interface of the central retina in patients with retinal vein occlusion Índices morfométricos da interface da retina central em pacientes com oclusão da veia retiniana Bikbov Mukharram Mukhtaramovich1, Fayzrakhmanov Rinat Rustamovich2, Gil’manshin Timur Riksovich2, Gilyazova Inga Il’shatovna2 ABSTRACT Background: Systematization of characteristics and morphological changes in the retina, and understanding its role in occlusive diseases involving retinal vessels can contribute to research on the dynamic of the pathological process and to improved understanding of disease treatment. Objective: To research the basic morphometric and structural indicators of the macular region of the retina in patients with central retinal vein occlusion (CRVO). Settings and Design: Ufa Eye Research Institute, retrospective case series. Methods: The basic morphometric and structural indices of the macular region of the retina in 15 patients with CRVO were studied using the optical coherence tomography. Patients with CRVO (15 eyes) were included in Group I (study), and 10 patients with no retinal pathology (10 eyes) were included in Group II (control). Statistical analysis used: For the statistical analysis, the Statistica 6.1 program was used with a parametric method, the Student’s test. To consider the probability of statistically significant differences, values beginning with up to p<0.05 were accepted. Results: In Group II, we determined the correct profile of the macula with fovea centralis and a range of retinal thickness from 221.4 ± 10.97 to 355.2 ± 12.17 µm, with an average value of – 299.01 ± 7.56 µm. In Group I mean retinal thickness at all points of the study area ranged from 247.86 ± 39.06 to 494.07 ± 40.22 µm with a gradual thickening of the periphery to the center, reaching a maximum at a distance of 893 µm from the center of the fovea. The average thickness of the retina as a result of edema increased by a multiple of 1.3 and amounted to – 386.97 ± 16.26 µm. Conclusions: The study indicated that the edema is the main morphological substrate, promoting structural changes in the central retina in retinal vein occlusion, and is cystic in nature. Increase in total retinal thickness (up to 386.97 ± 16.26 µm) in this pathology is largely due to the structural changes in zones, covering the îuter plexiform layer - the inner nuclear layer and the nerve fiber layer with the inner limiting membrane. Meanwhile a significant increase in the thickness of the outer plexiform with the inner nuclear layers (up to 94.94 ± 5.08 µm) and nerve fiber layers (up to 54.6 ± 3.26µm) was observed. Keywords: Thrombosis; Retinal vein occlusion; Macular edema; Tomography, optical coherence 1 Ufa Eye Research Institute, Ufa, Russia. Vitreoretinal and Laser Surgery Department, Ufa Eye Research Institute, Ufa, Russia. Study carried out at the Ufa Eye Research Institute, Ufa, Russia. 2 The authors declare no conflicts of interests. Recebido para publicação em 12/08/2015 - Aceito para publicação em 16/01/2016 Rev Bras Oftalmol. 2016; 75 (2): 127-31 RBO Mar_aBR 2016 _Português_Revisão_05.pmd 127 7/3/2016, 22:15 128 Mukhtaramovich BM, Rustamovich FR, Riksovich GT, Il’shatovna GI RESUMO Introdução: Sistematização característica e alterações morfológicas na retina, compreensão de sua arquitetura em doenças oclusivas de vasos retinianos para contribuir com a melhoria dos estudos sobre as regularidades da dinâmica do processo patológico, diagnóstico e tratamento da doença. Objetivo: Investigar a morfometria de base e indicadores estruturais da região macular da retina em pacientes com oclusão da veia central da retina (CRVO). Definições e design: Ufa Eye Research Institute, série de casos retrospectiva. Métodos: A análise morfométrica de base e índices estruturais da região macular da retina em quinze pacientes com CRVO. Foram estudados pacientes com CRVO (15 olhos), incluídos no Grupo I (em estudo), 10 pacientes com qualquer patologia da retina (10 olhos), incluídos no Grupo II (controle), com o uso da tomografia de coerência óptica. Para a análise estatística utilizou-se o programa Statistica 6.1 usando o método paramétrico - teste de Student. A probabilidade de diferenças estatisticamente significativas foram valores começando com até p <0,05. Resultados: No Grupo II, o perfil correcto da mácula com fovea centralis e uma gama de espessura da retina de 221,4 ± 10,97 a 355,2 ± 12,17µm, com um valor médio de - 299,01 ± 7,56 µm foram determinadas. No Grupo I, a espessura média da retina em todos os pontos da área de estudo variou de 247.86 ± 39.06 a 494,07 ± 40,22µm com um espessamento gradual da periferia para o centro, atingindo um máximo em um raio de 893µm a partir do centro da fóvea. A espessura média da retina, como resultado do edema aumentado em 1,3 vezes e elevouse a – 386,97 ± 16,26 µm. Conclusões: O estudo indicou que o edema é cístic por natureza e é o principal substrato morfológico responsável por mudanças estruturais que promovem a oclusão da veia central da retina. O aumento na espessura total da retina (de 386.97 ± 16.26 µm) nesta patologia deve-se às mudanças estruturais nas zonas que vão da camada plexiforme – nucleo interno, camada de fibras do nervo óptico e membrana limitante Foi observado ainda um aumento significativo da esessura do plexiforme externo com cas camadas nucleaes internas (de 94.94 ± 5.08 µm) e camadas de fibras do nervo óptico (de 54.6 ± 3.26µm). Descritores: Trombose; Oclusão da veia retiniana; Edema macular; Tomografia por coerência óptica INTRODUCTION A cute impairment of circulation in the vessels of the reti na is an example of severe pathology of the vision which leads to a rapid and often irreversible loss of visual function and is one of the major causes of blindness (1) Among diseases of the retina and optic nerve, the prevalence rate of vascular lesions is 41.6-54.9% (2). Thrombosis of the central retinal vein (CRVO) and its branches (BRVO) in the structure of vascular pathology in the incidence, severity of lesions and functional prognosis are, after diabetic retinopathy, the second most common cause of partial or complete loss of vision. (2, 3) Systematization of characteristics and morphological changes in the retina, and understanding its role in occlusive diseases involving retinal vessels can contribute to research on the dynamic of the pathological process and to improved understanding of disease treatment. Optical coherence tomography (OCT) is, to date, the best method of objective diagnostic, since its use makes it possible not only to evaluate objectively the thickness of the retina, but also to visualize the vitreoretinal structure. (4, 5) In the modern scientific literature, there are few reports on the results of OCT studies in patients with CRV occlusion and its branches (6-8), but there are no quantitative data on the retinal layer changes in this disease. METHODS 15 patients (15 eyes) with newly diagnosed retinal vein occlusion, observed in 2014, were selected by random sampling technique. The duration of the disease from the specific complaint until examination ranged from two weeks to six months. Patients had not received special treatment by the time of the examination. Patients with concomitant diseases of the retina were not included in the study. Patients with retinal vein occlusion (15 eyes) were included in Group I (study), 10 patients with no retinal pathology (10 eyes) were included in Group II (control). The demographic and clinical characteristics of these patients are presented in Table 1 Table 1 Demographic and clinical characteristics Demographic variable Gender Male Female Age at visitMean ± SDRange Group I (study) Group II (control) 8 (53.3 %) 4 (40.0 %) 60.8±2.1 47–71 7 (56.7 %) 6(60.0 %) 62.3±1,850–75 Distribution by age (count,%) < 45 45–<65 ≥ 65 2 (13.3 ) 5 (33.3 ) 6 (60.0 ) 8 (53.3 ) 1 (10.0 ) 3 (30.0 ) Eye involvement (count, %) Right eye Left eye Both eyes 5 (33.3 ) 4 (40.0 ) 0 (0 ) 10 (67.7 ) 6 (60.0 ) 0 (0 ) Rev Bras Oftalmol. 2016; 75 (2): 127-31 RBO Mar_aBR 2016 _Português_Revisão_05.pmd 128 7/3/2016, 22:15 129 Morphometric of the interface of the central retina in patients with retinal vein occlusion Table 2 The thickness of the retina morphological structures Layered zones of the retina Zones Group I (study) Total thickness Group II (control) 386.97±16.26** 299.01±7.56 1 Pigment epithelium - outer segments of photoreceptors 63.26±1.01** 72.15±0.81 2 Inner segments of photoreceptors - the outer nuclear layer 85.78±4,48 76.77±2.93 3 Outer plexiform layer - The inner nuclear layer 94.94±5.08** 62.11±4.08 4 Inner plexiform layer - Layer of ganglion cells 88.05±5.54* 69.82±4.23 5 Nerve fiber layer - Inner limiting membrane 54.6±3.26** 13.76±1.4 * - Significant difference compared with the control group (p <0.05), ** - p <0.001 Only those patients who had a definite diagnosis of CRVO were included regardless of type of disease (ishemic and nonishemic). All patients with other retinopathies mimicking CRVO, îr with any other retinal lesion or any other factor (e.g., cataract) including any treatment for CRVO and those who had had the disease for more than six months were excluded. Standard ophthalmic examination included ophthalmobiomicroscopy with the use of an aspheric lens (78 D, OCT) of the macular region by RetinaScan - 3000 (NIDEK) tomography, Macular Multi Cross mode. The data were evaluated according to the average horizontal plane with the capture of the study field in 6 mm (6000 µm), the center of which was the foveola (the focal point). Registration of parameters under study was carried out using tomography software for automatic differentiation of boundaries and analysis of retinal areas thickness, combining several layers. In the test and control groups of patients, we estimated total retinal thickness and retinal area thickness at 21 points by given plane with the 300 microns step. For convenience, we identified these areas of the retina using numerals (Table 2). The study was conducted in accordance with the World Medical Association Code of Ethics (Declaration of Helsinki on Patient Safety). The research protocol of this study was approved by the local Ethics Committee Institution. The study protocol was approved by the institutional review board and all participants provided written informed consent. RESULTS The following characteristics of edema changes in the macular area were observed ophthalmoscopically in all patients of Group I: dimness of edematous area, turbidity of the retina, disappearance of the reflex, radial striations, and blurring of macula vessels and the peripapillary zone. In addition, macula protrusion was visualized. In Group II, the correct profile of the macula with fovea centralis and a range of retinal thickness from 221.4 ± 10.97 to 355.2 ± 12.17 µm, with an average value of – 299.01 ± 7.56 µm were determined. In Group I mean retinal thickness at all points of the study area ranged from 247.86 ± 39.06 to 494.07 ± 40.22µm with a gradual thickening of the periphery to the center, reaching a maximum at a distance of 893 µm from the center of the fovea. The average thickness of the retina as a result of edema increased by a multiple of 1.3 and amounted to - 386.97 ± 16.26µm. As shown in Table 2, the total thickness of the retina in patients from Group I (study) was significantly greater than for patients in Group II (control) (p <0.001). Differences in the average thickness of the fourth layered zone of the retina were significant (p <0.05) in patients from both Groups I and II, and highly significant (p <0.001) in zones 1, 3 and 5. It should be noted that there was a 1.5 fold increase in the thickness of the 3 zones covering the outer plexiform and the inner nuclear layer and a fourfold increase in the fifth zone comprising a layer of nerve fiber and the inner limiting membrane in patients from Group I. Central area changes in retinal vein occlusion are associated not only with a thickening of the zones of the retina, but also with changes in its structural characteristics. OCTchanges that were visualized in this pathology are the result of a reduction in the intensity of the intra-retinal reflection and decreased diffusion due to an accumulation of fluid, along wiht cystic changes, thereby increasing the thickness of the retina and changes of its contour. The diffusion decrease is the most obvious in the middle layers, where there is the most concentration of the liquid. At the same time, morphological changes are accompanied with “spongy” thickening of the retina and cystic changes. All received tomograms clearly show changes specific to the pathology in the form of the presence of fluid-filled cells in different retinal layers, namely pseudocysts that are mainly located in the outer plexiform and inner nuclear layers of the retina, which explains the thickening of the zone in the retinal vein occlusion. There was one case (6.7%) of fluid accumulation mainly in the outer layers of the retina with detachment of the neuroepithelium and an increase in optical density of internal layers, namely diffuse edema of the macular area. All patients showed thinning of the photoreceptor layer with pigment epithelium atrophy of various degrees of intensity. Of particular note is the discontinuous spread of edema at various points of the study plane with maximum values of the retinal thickness at the fovea. Data analysis of the thickness of the 3rd and 5th zones of the foveola in patients from Group I showed a significant increase up to 102.79 ± 24.89 and 35.92 ± 11.01 µm, and relatively normal levels in Group II, corresponding to 4.0 ± 1.27 and 0.8 ± 0.8 µm (p <0.01). Thus, zone thickness covering the outer Rev Bras Oftalmol. 2016; 75 (2):127-31 RBO Mar_aBR 2016 _Português_Revisão_05.pmd 129 7/3/2016, 22:15 130 Mukhtaramovich BM, Rustamovich FR, Riksovich GT, Il’shatovna GI plexiform and the inner nuclear layers, increased 25 fold in the foveal region in patients with retinal vein occlusion, and by 45 fold in the area including the nerve fiber layer and an inner limiting membrane. Dome-shaped elevation was noted in the third zone with a maximum of 131 ± 17.11 µm in the fovea (spaced at 900 microns from the foveola). The morphological changes are contributed by structural features of the fovea, where the greatest number of cysts had formed, the largest of which are located directly in the foveola. There is a significant uneven increase in structures with a pronounced inhomogeneity of the profile in the study of the 5th zone. DISCUSSION Retinal diseases are always accompanied by characteristic structural changes in tissues with different pathologies, the identification of which represents an integral part of any retinological study. The growth of technology has contributed to improving the diagnosis of retinal changes under the influence of various internal and external factors on eyesight. Thus, the optical coherence tomography of the retina, first used in ophthalmology in 1995 by the American scientist, Carmen A. Puliafito, became, almost directly after its first appearance, the “gold standard” in retinological research. The detection of subtle structural features of the retina provides a more complete and clear understanding of the transformation of retinal tissue in diseases of the posterior segment of the eyeball, monitoring the development and course of pathological processes, controlling treatment of the disease and predicting the outcome of the pathological process including for different types of surgical procedures. In addition, a detailed lamina analysis of retinal changes makes it possible to see the features of a pathological process in a new light, even in the midst of making improvements in the treatment of this condition. In this way, studies of the structure of the retina in age-related macular degeneration that were conducted earlier by our research group have, for the first time, highlighted clearly distinct features of different types of chorioretinal neovascular membranes in this pathology. This serves as a basis to propose a procedure for a differentiated approach to the treatment of these patients. (7) The results of this study dedicated to morphometric indices of the central retinal zone interface in patients with retinal vein thrombosis testify to the thickness change of the central area of the retina caused by edema, the macular interface change, and varying degrees of involvement of different retinal layers in the pathological process. This study confirms an increase in the average thickness of the retina and the macula shape in this pathology. Changes in thickness and shape of the central segment of the retina in occlusive processes in the central retinal vein and its tributaries are described in other studies that address this issue.(9-12) This paper describes a 30% increase in average thickness of the macular area of the retina to 386.97 ± 16.26 microns with the highest index in the center corresponding approximately to the results presented by other authors with a similar index of 416 microns at average indices of the central part, and a thickness from 552 microns to 150 ± 668.18 ± 245.58 microns.(9) According to the authors of the paper, the changes in the macula in the retina vein thrombosis affect the outer plexiform layer, the inner nuclear layer and the retinal nerve fiber layer with the internal limiting membrane. It is obvious that these characteristic manifestations are a morphological marker of changes associated with retinal vein thrombosis. It is most likely that these changes are a consequence of disturbed organ/tissue circulation in vascular occlusion. Information relating to the complete layer analysis of retinal zones at a given condition are absent in references. Some works on the matter are devoted to describing the structural changes in the outer and inner segments of photoreceptors (inner segment/ outer segment, IS/OS).(13) The results obtained should contribute to the development of further clinical research in the field of occlusive vascular disorders of the retina. Due to the lack of other similar studies globally on the subject this study is considered to be both timely and relevant. CONCLUSION The use of optical coherence tomography provides a detailed assessment of the retinal peculiarities in patients with retinal vein occlusion. Edema is a major morphological substrate contributing to the structural changes of the central area of the retina in retinal vein occlusion, and is cystic in nature. An increase in the total thickness of the retina in this disease is largely due to the change of the thickness and structure of the retina areas, covering the outer plexiform, the inner nuclear layers and the nerve fiber layer with the inner limiting membrane. The specific morphological changes of the layers of the central zone of the retina are other important diagnostic criteria of retinal vein occlusion that determine the choice of further treatment strategies. ACKNOWLEDGEMENTS This research received no specific grant from any funding agency in the public, commercial, or nonprofit sectors. REFERENCES 1. 2. 3. 4. 5. 6. Katznelson LA, Forofonova TI, Bunin AY. Vascular diseases of the eye. Moscow: Medicine; 1990. 270 p. Tankovskiy VE. Retinal vein thrombosis. Moscow: Voenizdat; 2000. 262 p. Tultseva SN, Astakhov YS. Retinal vein occlusion (etiology, pathogenesis, clinical features, diagnosis, treatment). St. Petersburg: NL Publisher; 2010. 112 p. 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Fayzrakhmanov RR, Yarmukhametova AL, Gil’manshin TR Functional parameters after removal of fibrovascular membranes. Volgograd State Med Univ Bull. 2013;48:171-3. 9. Ip MS, Gottlieb JL, Kahana A, Scott IU, Altaweel MM, Blodi BA, et al.. Intravitreal triamcinolone for the treatment of macular edema associated with central retinal vein occlusion. Arch Ophthalmol. 2004;122(8):1131-6. 10. Lin JM, Chiu YT, Hung PT, Tsai YY. Early treatment of severe cystoid macular edema in central retinal vein occlusion with posterior sub-tenon triamcinolone acetonide. Retina. 2007;27(2):180-9. 11. Rouvas A, Petrou P, Ntouraki A, Douvali M, Ladas I, Vergados I.. Intravitreal ranibizumab (Lucentis) for branch retinal vein occlusion-induced macular edema: nine-month results of a prospective study. Retina. 2010;30(6):893-902. 131 12. Spaide RF, Chang LK, Klancnik JM, Yannuzzi LA, Sorenson J, Slakter JS, et al. 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Tel/fax +7(347)272-65-62, +7(347) 272-08-52, +7(347) 27237-75, Tel +7 (987) 609 55 85 Rev Bras Oftalmol. 2016; 75 (2): 127-31 RBO Mar_aBR 2016 _Português_Revisão_05.pmd 131 7/3/2016, 22:15 ARTIGO ORIGINAL 132 Triancinolona intra-vítrea e clorpromazina retrobulbar como alternativas ao manejo do olho cego doloroso Intravietrea trianciclone and retotubulbar chlorpromazine as alternative to blind paintful eye manegement Déborah Cristina Ribas1, Assad Rayes1, Ignatz Rohrbacher1 RESUMO Objetivo: O objetivo desde estudo foi avaliar a efetividade da triancinolona intra-vítrea e da clorpromazina retrobulbar como alternativas no manejo da dor ocular em olhos cegos. Métodos: Este foi um estudo prospectivo intervencionista não-randomizado de pacientes com olho cego doloroso não responsivo ao tratamento tópico e sem indicação de evisceração atendidos no Serviço de Oftalmologia do Hospital Governador Celso Ramos no ano de 2010. Após exame oftalmológico e ultrassonografia ocular modo B, os pacientes foram divididos em dois grupos. Pacientes do Grupo 1 possuíam glaucoma intratável e receberam injeção retrobulbar de clorpromazina 2,5ml, e pacientes do Grupo 2 possuíam olhos phthisicos com componente inflamatório e receberam injeção intravítrea de triancinolona 0,3ml. Foram realizadas avaliações com 1, 3 e 6 meses após o procedimento e a dor quantificada de forma subjetiva em uma escala de 0 a 10 (sem dor e com o máximo de dor, respectivamente). Resultados: Foram incluídos 38 olhos, sendo 15 no Grupo 1 e 21 no Grupo 2. Houve predomínio do sexo masculino e idade média de 54 anos. A causa mais prevalente de olho cego doloroso foi o glaucoma neovascular. Tanto a injeção de clorpromazina retrobulbar quanto a de triancinolona intra-vítrea mostraram-se eficazes no controle da dor ocular em olhos cegos no período do estudo (p<0,001). Ocorreu uma redução de 77,1% no uso de colírios (p<0,01) após a aplicação das medicações. Conclusão: Tanto a injeção de clorpromazina retrobulbar quanto a de triancinolona intra-vítrea mostraram resultados significativos no controle da dor ocular em olhos cegos, além de uma redução no uso de colírios. A clorpromazina é um medicamento de baixo custo, com melhor perfil de efeitos adversos e mostrou resultados discretamente melhores relação à triancinolona. Possíveis viéses identificados no estudo são o de tempo e seleção. Descritores: Dor ocular; Injeções; Injeções intravítreas; Triancinolona; Clorpromazina ABSTRACT Objective: The objective of this study was to evaluate the efficacy of intravitreal triamcinolone and retrobulbar chlorpromazine as alternatives in the management of ocular pain in blind eyes. Methods: This was a non-randomized interventional prospective study of patients with painful blind eye unresponsive to topical treatment and without indication of evisceration treated at the Hospital Governador Celso Ramos Ophthalmology Service in 2010. After ocular examination and ocular B mode ultrasound, patients were divided into two groups. Group 1 patients had intractable glaucoma and received retrobulbar injection of chlorpromazine 2.5ml, and Group 2 patients had phthisics eyes with inflammatory component and received intravitreal triamcinolone injection 0.3ml. Evaluations were performed at 1, 3 and 6 months after the procedure and quantified pain subjectively on a scale from 0 to 10 (no pain and maximum pain, respectively). Results: 38 eyes were included, 15 in Group 1 and 21 in Group 2. There was a predominance of males with a mean age of 54 years. The most prevalent cause of painful blind eye was the neovascular glaucoma. Any retrobulbar injection of chlorpromazine as the intravitreal triamcinolone shown to be effective in the control of ocular pain in the eye blind study period (p <0.001). There was a 77.1% reduction in eye drops (p <0.01) after application of medication. Conclusion: Both the retrobulbar injection chlorpromazine as the intravitreal triamcinolone showed significant results in the control of ocular pain in blind eyes, and a reduction in the use of eye drops. Chlorpromazine is a low cost product, with a better adverse effect profile and showed slightly better results compared to triamcinolone. Potential bias identified in the study are the time and selection. Keywords: Ocular pain; Injections;Iintravitreal injections; Triamcinolone; Chlorpromazine 1 Hospital Governador Celso Ramos, Florianópolis (SC), Brazil. Os autores declaram não haver conflitos de interesse. Recebido para publicação em 10/01/2016 - Aceito para publicação em 12/02/2016 Rev Bras Oftalmol. 2016; 75 (2): 132-6 RBO Mar_aBR 2016 _Português_Revisão_06.pmd 132 16/3/2016, 00:48 133 Triancinolona intra-vítrea e clorpromazina retrobulbar como alternativas ao manejo do olho cego doloroso INTRODUÇÃO O manejo da dor ocular crônica é um desafio constante à oftalmologia.1 O tratamento varia de acordo com a in tensidade da dor. O uso tópico de colírios anti-inflamatórios, hipotensores e cicloplégicos, e de lente de contato terapêutica são os tratamentos mais efetivos. A terapia clássica nos casos refratários e sem visão é a remoção cirúrgica do olho através da evisceração ou enucleação. . Como alternativa menos invasiva, tem-se a injeção de drogas neurolíticas com a finalidade de promover analgesia por um período prolongado.2 Entre as causas de dor crônica podemos citar o trauma ocular, seguido de descolamento de retina, o glaucoma crônico de ângulo aberto e neovascular, phthisis bulbi, inflamação intraocular e a descompensação corneana.2 Desde o início do século XX que a injeção retrobulbar de álcool absoluto vem sendo utilizada como tratamento alternativo à cirurgia em casos de olhos cegos e dolorosos, principalmente em olhos cosmeticamente normais.2 Este procedimento promove melhora da dor em 20% a 80% dos pacientes por pelo menos um mês.3 Acredita-se que o álcool que se infiltra ao redor das fibras nervosas sensoriais, promove danos a elas porém não sua completa destruição, ocorrendo recorrência da dor com a regeneração da porção periférica.2 Como complicações estão descritas: dor intensa durante a injeção, edema palpebral, ptose, quemose conjuntival e paralisia temporária da musculatura extra-ocular.4 Não década de 80, Fiore sugeriu a injeção de clorpromazina retrobulbar e notou uma redução de 83% da dor nos pacientes. Embora os efeitos neurotrópicos da clorpromazina possam causar alterações irreversíveis no gânglio ciliar e diminuir a dor, o exato mecanismo de ação é desconhecido.1,5 A clorpromazina é uma substância antipsicótica típica e atua inibindo os receptores pós-sinápticos dopaminérgicos mesolímbicos no cérebro, com um forte efeito bloqueador alfa-adrenérgico.1,5 As complicações mais observadas são edema palpebral e quemose, ambos transitórios e de resolução espontânea.1 O uso da triancinolona para o manejo da dor em olhos cegos não é rotina, porém existem publicações que corroboram com esta finalidade.5,6 Os objetivos deste trabalho foram avaliar a eficácia da triancinolona intra-vítrea e da clorpromazina retrobulbar como alternativas ao controle da dor ocular em olhos cegos e levantar os dados epidemiológicos dos pacientes. MÉTODOS Trata-se de um estudo prospectivo intervencionista nãorandomizado realizado em pacientes com olho cego e doloroso, não responsivo ao tratamento tópico com colírios e sem indicação de evisceração, atendidos no Serviço de Oftalmologia do Hospita Governador Celso Ramos (HGCR) no ano de 2010. Foram incluídos pacientes com as características acima, que desejaram fazer parte do protocolo e consentiram através do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Foram excluídos pacientes cujo período de acompanhamento foi menor que 3 meses. Os pacientes incluídos foram submetidos previamente a uma ultrassonografia ocular modo B para descartar a presença de tumor ocular como causa primária da dor, assim como exame oftalmológico completo incluindo acuidade visual corrigida, biomicroscopia, pressão intra-ocular (PIO) com tonômetro de aplanação de Goldman e fundoscopia. Dois grupos foram criados de acordo com as condições clínicas e tratamento que cada paciente receberia. O grupo 1 foi composto -por pacientes com dor ocular decorrente de glaucoma intratável e receberam injeção retrobulbar de clorpromazina. A PIO foi aferida durante o estudo para avaliar a relação entre a PIO e dor neste grupo. O grupo 2 foi composto por pacientes com olhos dolorosos e phthisicos com componente inflamatório, tais como aqueles com cirurgias oculares prévias e traumas, e receberam injeção intravítrea de triancinolona Para o procedimento, o paciente foi posicionado em decúbito dorsal, recebeu anestesia tópica com colírio anestésico e lidocaina gel durante 5 minutos e injeção intra-vítrea de triancinolona 0,3ml (12,5mg) ou retrobulbar de clorpromazina 2,5ml (40mg/ml), conforme o grupo pertencente. Os pacientes foram acompanhados mensalmente durante pelo menos 3 meses para avaliação da dor ocular após a injeção. A sensação de dor foi quantificada em uma escala subjetiva de 0 a 10, sendo 0 a ausência de dor e 10 dor máxima sentida pelo paciente. O estudo foi delineado de acordo com as Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisa envolvendo Seres Humanos (Resoluções 196/96 e 251/97 do Conselho Nacional de Saúde) e o projeto de estudo foi previamente submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos do HGCR, sendo registrado sob o número 2010/0043, em dezoito de agosto de 2010. A análise estatística utilizou o “teste t-Student” para o cálculo de diferentes médias com amostras independentes ao comparar escalas e pontuação de dor nos dois grupos em cada um dos diferentes momentos do tempo. O mesmo testo foi utilizado para análise de variância ao comparar a evolução da escala de dor em diferentes momentos do tempo. Para a comparação de proporções, foi utilizado o teste de “Qui Quadrado”. Foi estabelecido o índice de confiança de 95% (IC 95%) para os testes de significância. RESULTADOS Foram avaliados 36 pacientes e 38 olhos (dois pacientes receberam medicação bilateral). Dezesseis olhos receberam injeção retrobulbar de clorpromazina (grupo 1) e 22 injeção intra-vítrea de triancinolona (grupo 2). Foram excluídos do estudo dois pacientes: o primeiro pertencente ao grupo 1 devido à úlcera de córnea que evoluiu com perfuração e posterior evisceração; o segundo pertencente ao grupo 2 por perda de seguimento. O estudo teve uma amostra final de15 olhos no grupo 1 e 21 no grupo 2. Na amostrahouve predomínio do sexo masculino com 61,1% dos paientes. A média de idade foi de 54 anos. (Tabela 1) A acuidade visual (AV) de todos os pacientes foi “ausência de percepção luminosa” no olho que recebeu a medicação. Tabela 1 Frequência dos pacientes com olho cego doloroso em relação ao sexo, idade e medicação recebida Grupo 1* n(%) Masculino 6 (40) Feminino 9 (60) Total 15 Média de idade 59,6 (±13,9) Grupo 2* *n(%) Total 16 (76,2) 5 (23,8) 21 49,9 (±11,1) 22 14 36 *Clropromazina; **Triancinolona Rev Bras Oftalmol. 2016; 75 (2): 132-6 RBO Mar_aBR 2016 _Português_Revisão_05.pmd 133 7/3/2016, 22:15 134 Ribas DC, Rayes A, Rohrbacher I A principal causa de olho cego doloroso no grupo 1 foi o glaucoma neovascular e no grupo 2 foi o descolamento de retina, conforme mostra a Figura 1. Dentre os pacientes com descolamento de retina, 5 tinham como causa base retinopatia diabética proliferativa. (Figura 1) o seguimento. Não houve complicações associadas às injeções nos pacientes estudados e todos reportaram pouco desconforto com o procedimento, tanto na injeção retrobulbar quanto na intra-vítrea. *Clorpromazina; **Triancinolona; GPAA = Glaucoma primário de ângulo aberto; GN = Glaucoma neovascular; OVCR = Oclusão de veia central da retina; DR = Descolamento de retina. Figura 1: Frequência dos pacientes com olho cego doloroso em relação à causa da dor. Todos os pacientes faziam uso de medicação tópica para o alívio da dor antes do tratamento proposto, incluindo colírios hipotensores, lubrificante ocular, associação de corticóide com antibiótico e atropina. Após as aplicações, houve uma redução total de 77,1% no uso de colírios (p<0,001) no momento da última avaliação. Permaneceram usando colírios 5 pacientes do Grupo 1 e 3 pacientes do Grupo 2. (Tabela 2) Não n(%) Grupo 1* Grupo 2** 5 (33,3) 10 (66,7) 3 (15) 17 (85) Total 8 Valor de p <0,001 <0,001 27 <0,001 Q2 45,82 A PIO foi aferida inicialmente em todos os pacientes, e também ao final do acompanhamento nos pacientes com glaucoma neovascular e primário de ângulo aberto (grupo 1). Estes pacientes obtiveram uma redução da PIO de 12% após o tratamento, ainda que não tenha sido estatisticamente significativa (p>0,05). (Tabela 3) PIO inicial PIO final Grupo 1* 15 29,57 *Clropromazina; **Triancinolona PIO mmHg Tabela 4 Frequência dos pacientes com olho cego doloroso que receberam injeção de clorpromazina e triancinolona, em relação a dor ocular. Uso de colírios Sim n(%) Figura 2: Média do escore de dor no ato da injeção, com 1, 3 e 6 meses após o tratamento com clorpromazina (grupo 1*) e triancinolona (grupo 2**). p<0,01 Grupo 1* n Média IC 95% 15 11 40,73 (±15,15) 35,72 (±12,43) (32,34 - 49,12) (27,37 - 44,08) No ato 1 mês 3 meses 6 meses Grupo 2** n Média n 15 15 15 8 7,93 (±1,98) 2,40 (±2,52) 1,20 (±1,37) 1,12 (±1,80) 21 21 21 19 Média 7,19 (±2,01) 1,95 (±2,29) 1,80 (±2,04) 2,52 (±3,06) *Clropromazina; **Triancinolona. O tempo mínimo de acompanhamento foi de 4 meses (em 7 pacientes do grupo 1 – 46,6%; e 2 pacientes do grupo 2 – 9,5%) e o tempo máximo 6 meses. Em relação ao grupo 1, apenas 1 paciente relatou escore de dor e” 5 no sexto mês de acompanhamento. Aqueles que tiveram seguimento por 4 meses, nenhum referia dor e” 3. No grupo 2, 7 pacientes (33,3%) relataram escore de dor e” 5 ao final do sexto mês. Ambos os pacientes que acompanharam por apenas 4 meses, negaram dor. DISCUSSÃO *Clorpromazina. p>0,05 Houve uma redução significante da dor no ato da injeção em relação a qualquer tempo subseqüente do acompanhamento em ambos os grupos (p<0,01), porém não houve uma linearidade, ocorrendo um aumento no 6° mês de seguimento em relação ao 3° mês no grupo 2. (Figura 2)(Tabela 4) Quando comparamos a diferença do escore de dor entre os grupos 1 e 2, não houve diferença estatisticamente significativa tanto no ato da injeção, quanto com 1, 3 e 6 meses de seguimento. Nenhum paciente recebeu uma segunda aplicação da medicação durante Este estudo propõe o uso de clorpromazina e triancinolona para o controle da dor em olhos cegos dolorosos. A busca de alternativas ao tratamento cirúrgico, como a evisceração e a enucleação, tem sido relatada na literatura desde 1900 para os casos onde a cirurgia não é possível ou desejada.2 O álcool absoluto é amplamente utilizado para esta finalidade entre os oftalmologistas, porém com um resultado de alívio da dor variável e fugaz.2,3 Fiore et al. e Bastrikov et al. foram os primeiros a relatar o uso de clorpromazina para o controle da dor ocular Rev Bras Oftalmol. 2016; 75 (2): 132-6 RBO Mar_aBR 2016 _Português_Revisão_05.pmd 134 7/3/2016, 22:15 Triancinolona intra-vítrea e clorpromazina retrobulbar como alternativas ao manejo do olho cego doloroso crônica, e publicações subsequentes enfatizaram suas vantagens em relação ao álcool, tais como pouca dor durante o procedimento, melhor eficácia e maior durabilidade.1,5-7 Todos os relatos se referem ao uso da droga principalmente em casos de olhos cegos devido glaucoma em estágio terminal. O uso de triancinolona intra-vítrea para o manejo da dor ocular foi relatado por Rodriguez et al. em 2003 com melhora importante da dor e da inflamação ocular em olhos phthisicos.8 Observamos neste trabalho uma melhora estatisticamente significativa da dor quando comparado o escore de dor no momento da injeção com as avaliações subseqüentes em 1, 3 e 6 meses em todos os pacientes de ambos os grupos,. Os pacientes que receberam clorpromazina (grupo 1, n=15), obtiveram uma redução da dor de aproximadamente 70% em 1 mês (escore de dor de 7,93 para 2,40), que se manteve em queda até o sexto mês de acompanhamento, atingindo 86% de alívio (escore 1,12). Estes dados corroboram com o encontrado na literatura. Fiore et al. em sua série de 63 olhos obteve melhora da dor de 83%; já Bastrikov et al. relatou melhora de 83,8% em 53 pacientes; Estafanous et al. obteve um índice de melhora de 77% em 9 pacientes; e Chen e cols. 80% em 20 pacientes.1,5-7 Os pacientes que receberam triancinolona (grupo 2, n=21) obtiveram uma melhora da dor no primeiro mês de aproximadamente 73% (escore de dor de 7,19 para 1,95), redução mais importante se comparada ao grupo 1, porém sem significância estatística. A dor continuou diminuindo até os 3 meses, quando atingiu sua queda máxima (75% - escore 1,80) e , no sexto mês de acompanhamento, apresentou uma ascenção discreta (escore 2,52), com escore ainda estatisticamente significante de redução da dor se comparado com o momento da injeção. Rodriguez et al. também obtivram alívio significativo da dor por pelo menos 2 meses com o uso da triancinolona intra-vítrea.8 Estudos farmacocinéticos demonstraram que uma única injeção de 4mg de triancinolona intra-vítrea mantém níveis vítreos detectáveis por até 3 meses.9 Com isso poderíamos esperar um efeito mantido de redução da dor por aproximadamente 9 meses nos pacientes acompanhados, o que não condiz com a elevação do escore de dor no sexto mês. Precisaríamos de um tempo maior de acompanhamento para esclarecer se foi uma elevação isolada do escores de dor ou se de forma linear isso ocorreria até o retorno completo da dor. Os primeiros pesquisadores a utilizar clorpromazina para o controle da dor ocular acreditavam que o mecanismo estava relacionado com a redução da PIO que era evidenciada após o procedimento.6 Nos estudos subseqüentes, no entanto, não foi encontrada correlação entre a redução da PIO e a melhora da dor.1,6,7 Estafanous et al. reportaram que o mecanismo provável para a melhora da dor está relacionado com a estabilização da membrana no gânglio ciliar provocado pela clorpromazina.6 No presente trabalho não encontramos correlação estatística entre a redução da PIO e a melhora da dor nos indivíduos do grupo 2. É importante relatar, entretanto, que dos 5 dos pacientes que mantiveram uso tópico de colírios, apenas 1 obteve redução da PIO, o que gera dúvida a respeito da real contribuição da clorpromazina na PIO dos demais pacientes. Não há nenhum relato na literatura de redução da PIO em pacientes com glaucoma que receberam álcool absoluto.1 Todos os pacientes faziam uso de colírio antes do tratamento proposto, entre eles lubrificantes, associações de antibiótico com corticóide, atropina e hipotensores. Ao final do acompanhamento, observamos uma redução de 77,1% no uso de medicação tópica, queda esta estatisticamente significante 135 (p<0,01). Pode-se afirmar que este dado se correlaciona positivamente com o alívio da dor e a melhora da qualidade de vida dos pacientes. Em todos os trabalhos publicados a respeito de injeção retrobulbar de clorpromazina, é relatada a injeção de 1 a 4 ml de lidocaína (com ou sem vasoconstrictor) retrobulbar antes da clorpromazina.1,2,5-7 Neste trabalho, não foi realizada anestesia prévia à aplicação da clorpromazina e todos os pacientes apresentaram boa tolerabilidade. Um paciente já havia recebido injeção retrobulbar de álcool absoluto para tentar o controle da dor, e relatou diferença significativa no conforto do atual procedimento. As complicações com a injeção retrobulbar de clorpromazina não são comuns. Podemos esperar, entretanto, paralisia da musculatura ocular, ptose transitória ou permanente, ceratite neuroparalítica, quemose conjuntival, proptose e hemorragia retrobulbar.1 Existe um relato na literatura de 3 casos de inflamação ocular extensa após o procedimento, com proptose que impossibilitou o fechamento pálpebra (necessitando de tarsorrafia temporária) e extensão do edema para a face contralateral, com resolução completa em 3 semanas.10 Não houve complicações na presente série, tanto nos pacientes que receberam clorpromazina quanto nos que receberam injeção intravítrea de triancinolona. Algumas das limitações deste estudo são a pequena amostra de pacientes e o curto período de seguimento. O uso de medicações diferentes em dois grupos não-randomizados com o mesmo diagnóstico, mas etiologias distintas pode levar a um viés de seleção. Sugerimos que estudos futuros utilizem a clorpromazina também para os pacientes com olhos phthisicos, não apenas para olhos com glaucoma, uma vez que seu efeito aparentemente não está relacionado com a redução da PIO mas com a estabilização de membranas no gânglio ciliar. A clorpromazina é um medicamento de baixo custo e mostrou bons resultados na redução da dor linear em relação à triancinolona durante os 6 meses de acompanhamento. CONCLUSÃO Tanto a injeção de clorpromazina retrobulbar quanto a de triancinolona intra-vítrea mostraram resultados estatisticamente significativos no controle da dor ocular em olhos cegos no período de 6 meses do estudo, além de uma redução no uso de colírios após o tratamento proposto. Sugerimos que estudos futuros utilizem a clorpromazina também para os pacientes com olhos phthisicos, não apenas para olhos com glaucoma, uma vez que seu efeito aparentemente não está relacionado com a redução da PIO, mas com a estabilização de membranas no gânglio ciliar. A clorpromazina é um medicamento de baixo custo, com melhor perfil de efeitos adversos e mostrou resultados discretamente melhores na redução da dor linear em relação à triancinolona durante os 6 meses de acompanhamento. REFERÊNCIAS 1. 2. 3. Chen TC, Ahn Yuen SJ, Sangalang MA, Fernando RE, Leuenberger EU. Retrobulbar chlorpromazine injections for the management of blind and seeing painful eyes. J Glaucoma. 2002;11(3):209-13. Merbs SL. Management of blind painful eye. Ophthalmol Clin North Am. 2006;19(2):287-92. al-Faran MF, al-Omar OM. Retrobulbar alcohol injection in blind painful eyes. Ann Ophthalmol. 1990;22(12):460-2. Rev Bras Oftalmol. 2016; 75 (2): 132-6 RBO Mar_aBR 2016 _Português_Revisão_05.pmd 135 7/3/2016, 22:15 136 4. 5. 6. 7. 8. Ribas DC, Rayes A, Rohrbacher I Olurin O, Osuntokun O. Complications of retrobulbar alcohol injections. Ann Ophthalmol. 1978;10(4):474-6. Fiore C, Lupidi G, Santoni G. [Retrobulbar injection of chlorpromazinein the absolute glaucoma]. J Fr Ophtalmol. 1980;3(6-7):397-9. French. Estafanous MF1, Kaiser PK, Baerveldt G. Retrobulbar chlorpromazine in blind and seeing painful eyes. Retina. 2000;20(5):555-8. Bastrikov NI. [Symptomatic treatment of terminal painful glaucoma by the retrobulbar administration of aminazine]. Vestn Oftalmol. 1989;105(5):47-9. Russian Rodriguez ML, Juarez CP, Luna JD. Intravitreal triamcinolone acetonide injection in blind painful eyes. Intraocular steroids as a treatment for blind painful red eyes. Eur J Ophthalmol. 2003;13(3):292-7. 9. Conti SM, Kertes PJ. The use of intravitreal corticosteroids, evidence-based and otherwise.Curr Opin Ophthalmol. 2006;17(3):235-44. 10. McCulley TJ, Kersten RC. Periocular inflammation after retrobulbar chlorpromazine (thorazine) injection. Ophthal Plast Reconstr Surg. 2006;22(4):283-5. Autor correspondente: Ignatz Rohrbacher Rua Irmã Benwarda, 297 – Centro, Florianópolis – SC. CEP 88025-301 E-mail: [email protected] Rev Bras Oftalmol. 2016; 75 (2): 132-6 RBO Mar_aBR 2016 _Português_Revisão_05.pmd 136 7/3/2016, 22:15 RELATO DE CASO137 Correlação clínico-patológica em ceratites fúngicas e uma possível evidência de infecção oportunista: relato de dois casos Clinicopathological correlation in fungal keratitis and a possible evidence of opportunistic infection: a report of two cases Karine Feitosa Ximenes1, Karla Feitosa Ximenes Vasconcelos2, Fernando Queiroz Monte1 RESUMO Os autores relatam dois casos de ceratite fúngica, que apresentam em comum no exame histopatológico: a ausência de epitélio, sem ulceração e a integridade da camada de Bowman com a presença de formas fúngicas no seu interior. São sugeridos prováveis mecanismos de recidiva das ceratites fúngicas, ressaltando uma possível “via externa não usual”, por meio da penetração do fungo através da camada de Bowman íntegra. A existência desta infecção oportunista não está relatada na literatura oftalmológica e são necessárias mais evidências para que seja considerada como tal. Descritores: Ceratite; Infecções oculares fúngicas, Córnea/histopatologia, Córnea/microbiologia; Infecções oportunistas; Relatos de casos ABSTRACT The authors describe two cases of fungal keratitis which, upon histopathological examination, are found to have in common the absence of epithelium, without ulceration and the lack of integrity of the Bowman’s layer with the presence of fungal forms in their interior. Through them the authors suggest probable mechanisms of recurrence of fungal keratitis, highlighting the possible existence of an “unusual external route” that would occur by the fungus penetration through the full Bowman layer. Although these findings appear not yet reported or recovered in the ophthalmic literature, the authors suggest that they could be possible opportunistic infection signals which, however, require more evidence to be considered as such. Keywords: keratitis; Eye infections, fungal; Cornea/histopathology, Cornea/microbiology; Opportunistic infections; Case reports 1 Setor de Patologia Ocular do Banco de Olhos, Hospital Geral de Fortaleza, Fortaleza (CE), Brasil. Hospital Geral de Fortaleza, Fortaleza (CE), Brasil; Fundação de Ciência e Pesquisa Maria Ione Xerez Vasconcelos; Fortaleza (CE), Brasil. Instituição onde o trabalho foi realizado: Banco de Olhos do Hospital Geral de Fortaleza 2 Os autores declaram não haver conflitos de interesse. Recebido para publicação em 26/12/2014 - Aceito para publicação em 01/12/2015 Rev Bras Oftalmol. 2016; 75 (2): 137-43 RBO Mar_aBR 2016 _Português_Revisão_05.pmd 137 7/3/2016, 22:15 138 Ximenes KF, Vasconcelos KFX, Monte FQ INTRODUÇÃO O s fungos são microorganismos que podem provocar diversas doenças no organismo humano, podendo as infecções micóticas ocorrer em todas as estruturas do olho(1). Infecções fúngicas do olho têm sido observadas e relatadas com maior frequência durante as últimas décadas(4-6).. Isso parece ser o resultado de melhores métodos diagnósticos e o reconhecimento de algumas espécies de fungo, que tem habilidade de infectar o olho e são geralmente consideradas como não patogênicas ou saprófitas, denominados oportunistas patogênicos. De fato, à medida que o olho está em interesse, fungos oportunistas patogênicos têm um papel bem mais importante que patógenos normais e a infecção mais comumente causada pelos fungos oportunistas é a ceratite micótica(2). As ceratomicoses foram descritas pela primeira vez por Leber em 1879(3) e ainda são um desafio para oftalmologistas em termos de diagnóstico e tratamento(7-9). A maioria dos estudos que falam sobre etiologia das ceratites fúngicas no Brasil é baseada na análise do material proveniente de raspado corneano através de pesquisa direta e/ ou cultura(7,10,11). Mesmo ao sair do Brasil, poucos são os trabalhos que falam sobre características histopatológicas das ceratites micóticas(12). É importante, porém, submeter amostras cirúrgicas de casos de ceratite microbiana ao exame histopatológico, especialmente se o diagnóstico microbiológico for desconhecido(13). O exame histopatológico de botões corneanos pode revelar a presença de elementos fúngicos em 75% dos pacientes(5). Sato et al. demonstraram que entre 63 pacientes submetidos à ceratoplastia penetrante à quente por úlcera corneana micótica, cujas córneas foram recebidas no Registro Brasileiro de Transplantes entre 1982 e 1988, em 24 (38,1%), o diagnóstico de ceratite micótica só foi possível pelo exame histopatológico, devido a exames microbiológicos negativos(14). Estudos histopatológicos oferecem ainda algumas vantagens sobre a cultura no diagnóstico de ceratite micótica, uma vez que a contaminação é evitada, a penetração do tecido pode ser avaliada e os resultados de procedimentos cirúrgicos podem ser antecipados(15). Assim, descrevemos dois casos de ceratite fúngica que recidivaram após tratamento com ceratoplastia penetrante e cujos botões corneanos haviam sido enviados ao Banco de Olhos do Hospital Geral de Fortaleza para exame histopatológico. Neles destacamos o achado de uma camada de Bowman íntegra com fungos no seu interior. Tentamos ainda correlacionar o diagnóstico clínico e resultados de exame microbiológico com o significado dos achados de exame histopatológico. Através do estudo dos possíveis significados desses achados, esperamos fornecer evidências que auxiliem no diagnóstico e tratamento das ceratites fúngicas, assim como na prevenção de recidivas dessas infecções quando tratadas com transplante de córnea com finalidade terapêutica. tou o uso de moxifloxacina colírio (5mg/ml) de 2/2 horas, natamicina colírio à 5% de 2/2 horas e cetoconazol oral 400mg/dia. Na primeira consulta, foi realizada a coleta do raspado da lesão; e, devido à evolução clínica mais arrastada, foi mantida a hipótese de infecção fúngica, tendo sido prescrito moxifloxacina colírio (5mg/ml) de 3/3 horas, anfotericina B colírio 0,15% 1/1 hora e cetoconazol oral 400mg/dia. O paciente evoluiu com piora progressiva (Figura 1a), e foi submetido à ceratoplastia penetrante terapêutica. Na cirurgia, foi retirado todo o tecido visivelmente infectado (Figura 1b) e realizada lavagem de câmara anterior com iodopovidona 0,5%. Como todo transplante de urgência, o tecido retirado foi enviado ao Banco de Olhos do Hospital Geral de Fortaleza para exame histopatológico e submissão ao preparo de rotina. Os botões corneanos, uma vez já fixados em formol neutro a 10% no centro cirúrgico, foram encaminhados para o setor de Anatomia Patológica e recortados. A inclusão foi feita em parafina, com cortes subsequentes de 2µm, e a coloração realizada com Hematoxilina-eosina. Para afastar dúvidas sobre a confirmação do diagnóstico de ceratite fúngica, foram realizadas as colorações PAS (Periodic Acid of Schiff reaction), prata metanamina e reação de Gomori. Após o preparo, os tecidos foram examinados em microscópio óptico pelos autores. No pós-operatório imediato foi prescrito gatifloxacina colírio 0,3% de 2/2 horas, anfotericina B 0,15% de 1/1 hora, acetato de prednisolona colírio 1% de 3/3 horas, cetoconazol oral 400mg/ dia e prednisona oral 40mg/dia. No primeiro dia de pós-operatório (1o DPO), paciente estava bem e sem sinais de recidiva. Neste intervalo, havia trazido o resultado da pesquisa direta que evidenciava hifas septadas. No 3o DPO, no entanto, observamos à biomicroscopia de olho direito, um infiltrado em região temporal superior de enxerto envolvendo também a córnea receptora. Nesse momento, foi suspenso o corticóide oral e reduzido o acetato de prednisolona colírio 1% para 2 vezes/dia. Piorando progressivamente, no 10o DPO (Figura 1c), foi realizada lavagem de câmara anterior com iodopovidona 0,5%. Neste momento, já estava disponível o resultado da cultura, que demonstrou o crescimento de Fusarium sp. Apesar da lavagem de câmara anterior, o quadro clínico continuou piorando, e o paciente foi submetido à nova ceratoplastia terapêutica de urgência, dezesseis dias após a primeira. Mais uma vez, o tecido infectado retirado foi enviado para exame histopatológico. Durante aproximadamente dois meses de acompanhamento, o enxerto manteve-se transparente e sem sinais de recidiva de infecção, apesar de visíveis corectopia e catarata (Figura 1d). DESCRIÇÃO DOS CASOS CASO 1 Paciente de 55 anos, sexo masculino, encaminhado ao ambulatório de doenças externas oculares da Fundação de Ciência e Pesquisa Maria Ione Xerez Vasconcelos (Fortaleza – Ceará). O paciente apresentava histórico de ceratite infecciosa de provável etiologia clínica fúngica com queixa de dor, baixa acuidade visual (BAV) e hiperemia em olho direito (OD) há cerca de 30 dias. A pacente rela- Rev Bras Oftalmol. 2016; 75 (2): 137-43 RBO Mar_aBR 2016 _Português_Revisão_05.pmd 138 7/3/2016, 22:15 Correlação clínico-patológica em ceratites fúngicas e uma possível evidência de infecção oportunista: relato de dois casos 139 Figura 2: Achados do exame histopatológico no tecido proveniente da primeira ceratoplastia do caso 1. a. Presença de fungos apenas na forma de leveduras. Leveduras (setas pretas). Esporos (setas vermelhas). (parafina, H.E. – 400x). b. Leveduras no interior da membrana de Descemet (setas pretas). Levedura translúcida (seta verde) e esporos (setas vermelhas) em câmara anterior. (parafina, H.E. – 400x). No exame histopatológico do tecido proveniente da segunda ceratoplastia, foram evidenciados fungos tanto na forma de hifas quanto de leveduras, em uma quantidade bem maior do que aquela encontrada no tecido da primeira cirurgia (Figura 3a). Nesse segundo tecido, observamos ainda ausência quase total do epitélio, a camada de Bowman e membrana de Descemet íntegras com leveduras e esporos em seu interior (Figuras 3b e 3c). Figura 1: Evolução clínica da ceratite fúngica inicial e da sua recorrência após ceratoplastia penetrante terapêutica no caso 1. a: Aspecto clínico de ceratite fúngica que evoluiu com piora progressiva apesar de tratamento clínico; b: Aspecto em pós-operatório imediato de ceratoplastia penetrante terapêutica demonstrando que todo tecido visivelmente infectado havia sido retirado; c: Recidiva da infecção em pós-operatório, após deterioração progressiva do quadro clínico; d: Enxerto transparente e sem sinais de recidiva da infecção em cerca de dois meses de acompanhamento após a segunda ceratoplastia penetrante terapêutica No exame histopatológico do tecido proveniente da primeira ceratoplastia, foram visualizados fungos apenas na forma de leveduras (Figura 2a). A ulceração foi visualizada com uma grande quantidade de fungos na superfície. Ainda nesse mesmo tecido, foram vistas leveduras no interior da Descemet, e leveduras, esporos e células inflamatórias na câmara anterior (Figura 2b). Rev Bras Oftalmol. 2016; 75 (2): 137-43 RBO Mar_aBR 2016 _Português_Revisão_05.pmd 139 7/3/2016, 22:15 140 Ximenes KF, Vasconcelos KFX, Monte FQ após a primeira. O botão corneano infectado retirado durante a cirurgia foi enviado para o exame histopatológico. No exame histopatológico do tecido proveniente da primeira ceratoplastia, foram evidenciados esporos e leveduras que predominavam principalmente em estroma anterior (Figuras 4a, 4b e 4c). O epitélio estava quase totalmente ausente, e a camada de Bowman encontrava-se íntegra em toda sua extensão (Figuras 4a e 4b). Na câmara anterior, não foi encontrada reação inflamatória nem fungos (Figura 4a). No exame histopatológico do tecido proveniente da segunda ceratoplastia, também foram visualizados esporos e leveduras, predominantes no estroma anterior da córnea (Figura 5a). A camada de Bowman estava íntegra em toda sua extensão; e esporos puderam ser vistos em seu interior (Figura 5b). Figura 3: Achados do exame histopatológico no tecido proveniente da segunda ceratoplastia do caso 1. a. Presença de fungos na forma de hifas e leveduras. Leveduras (setas pretas). Esporos (setas vermelhas). Hifas (setas azuis). Pseudo-hifa (seta laranja). (parafina, H.E. – 500x). b. Camada de Bowman íntegra com leveduras (setas pretas) e esporos (setas vermelhas) em seu interior. (parafina, H.E. – 500x). c. Membrana de Descemet íntegra com leveduras em seu interior (setas pretas). Esporos no interior da Descemet não estão marcados. Em estroma profundo, há uma pseudo-hifa (seta laranja). Em câmara anterior, são visualizadas leveduras (setas pretas). (parafina, H.E. – 500x). CASO 2 Paciente de 44 anos, sexo masculino, encaminhado ao ambulatório de doenças externas oculares da Fundação de Ciência e Pesquisa Maria Ione Xerez Vasconcelos (Fortaleza – Ceará), com história de ceratite infecciosa de provável etiologia clínica fúngica há cerca de 20 dias. O paciente relatou o uso de natamicina colírio 5% de 3/3h e moxifloxacina colírio (5mg/ml) de 3/3h, sem melhoras. Devido à ausência de resposta ao tratamento clínico, foi encaminhado para ceratoplastia penetrante terapêutica. Na cirurgia, assim como no caso anterior, foi retirado todo o tecido visivelmente infectado e realizada a lavagem de câmara anterior com iodopovidona 0,5%. Como todo transplante de urgência, o tecido infectado retirado foi enviado ao Banco de Olhos do Hospital Geral de Fortaleza para exame histopatológico e submissão ao preparo de rotina. No pós-operatório imediato, foi prescrito natamicina colírio 5% de 1/1 hora, moxifloxacina colírio (5mg/ml) de 2/2 horas e cetoconazol oral 400mg/dia. No 7o DPO, no entanto, o paciente já apresentava sinais de recidiva da infecção com piora progressiva, apesar da manutenção das medicações. O paciente foi encaminhado para nova ceratoplastia penetrante terapêutica, realizada vinte e oito dias Figura 4: Achados do exame histopatológico no tecido proveniente da primeira ceratoplastia do caso 2. a. Camada de Bowman íntegra em toda sua extensão. Presença de leveduras e esporos que predominam em estroma anterior Ausência de reação inflamatória e fungos na câmara anterior. (parafina, H.E. – 125x). b. Camada de Bowman íntegra em toda sua extensão. Presença de leveduras e esporos que predominam em estroma anterior. (parafina, H.E. – 400x). c. Camada de Bowman íntegra em toda sua extensão. Presença de leveduras e esporos que predominam em estroma anterior. (parafina, H.E. – 500x). Rev Bras Oftalmol. 2016; 75 (2): 137-43 RBO Mar_aBR 2016 _Português_Revisão_05.pmd 140 7/3/2016, 22:15 Correlação clínico-patológica em ceratites fúngicas e uma possível evidência de infecção oportunista: relato de dois casos Figura 5: Achados do exame histopatológico no tecido proveniente da segunda ceratoplastia do caso 2. a. Presença de esporos e leveduras predominando no estroma anterior da córnea. (parafina, H.E. – 600x). b. Camada de Bowman íntegra em toda sua extensão com esporos em seu interior. Esporos no interior da camada de Bowman (seta vermelha). (parafina, H.E. – 500x). DISCUSSÃO No caso 1, ressaltamos três pontos: (1) os resultados positivos do raspado da corneano, apesar de tratamento clínico estabelecido, (2) a discrepância entre os resultados de exames microbiológicos (pesquisa direta e cultura) a partir do raspado corneano e os achados de exame histopatológico e (3) a forma como ocorreu a recidiva da infecção fúngica. No caso 2, também questionamos a maneira como teria ocorrido a recidiva da infecção. Assim, no caso 1, observamos resultados positivos de pesquisa direta e cultura a partir de raspado de córnea colhido antes da primeira cirurgia, quando o paciente já realizava tratamento com antifúngicos tópico e sistêmico há algum tempo. Propomos como explicação para esse fato, o achado de fungos na superfície ulcerada da lesão no tecido proveniente da primeira cirurgia no exame histopatológico. Sugerimos ainda que se o raspado de úlcera de córnea tivesse sido colhido na lesão recidivada, o resultado seria negativo, pois não encontramos fungos na superfície da lesão no exame histopatológico do tecido proveniente da segunda cirurgia. Esse fato já havia sido observado anteriormente. Monte e Stadtherr, que estudaram ceratites fúngicas por meio de achados de exame histopatológico em casos provenientes de ceratoplastia penetrante terapêutica, 141 observaram fungos na parte superficial da peça em 45% dos casos (16). Uma vez que esses casos eram provenientes de ceratoplastia terapêutica, os mesmos eram, em sua maioria, casos tratados e refratários ao tratamento clínico. Portanto, se neles houvesse sido colhido raspado da lesão para estudos microbiológicos, quase a metade poderia ter evidenciado resultados positivos. Monte e Stadtherr, no entanto, dispunham de escassos dados clínicos dos pacientes para fornecer uma evidência mais exata sobre esse fato(16). A discrepância entre os resultados de exames microbiológicos (pesquisa direta e cultura) a partir do raspado corneano e os achados de exame histopatológico também foi evidenciada no caso 1. Observamos que o resultado do raspado da lesão, colhido antes da primeira cirurgia, evidenciou fungos na forma filamentosa na pesquisa direta (hifas septadas) e na cultura (Fusarium sp.). O exame histopatológico do tecido da primeira ceratoplastia, no entanto, evidenciou fungos apenas na forma de levedura. Estudos anteriores já haviam sugerido possíveis discrepâncias entre exames microbiológicos e achados histopatológicos em infecções fúngicas(16,17). Monte e Stadtherr, em seu estudo histopatológico, relataram a preponderância de formas leveduriformes, a presença de diversas formas de fungos (hifas, pseudo-hifas e leveduras) bem como micélios na superfície corneana ulcerada. Os autores, então propõe que os fungos, durante a sua penetração na córnea, tomam formas variadas, de modo que as hifas estariam localizadas mais superficialmente, e as leveduras ficariam mais profundamente(16). Guarner et al. sugerem que a discrepância entre os resultados da cultura e achados de exame histopatológico poderiam ocorrer devido a características morfológicas dos fungos que foram alteradas pelo uso de medicações antifúngicas, ou por respostas do hospedeiro, ou devido à existência de uma dupla infecção e apenas um fungo estar crescendo na cultura(17). Os fungos são classificados, conforme a sua morfologia em: dimórficos, leveduriformes e filamentosos (1). O grupo dimórfico pode apresentar forma filamentosa ou leveduriforme dependendo da temperatura a que está exposto(18). Não acreditamos, porém, estar diante de fungo dimórfico no caso 1, pois identificamos o Fusarium sp, fungo reconhecidamente filamentoso(19)no crescimento em cultura. Ressaltamos, no entanto, que nosso objetivo no momento não seria tentar justificar essa discrepância, mas sim, demonstrar essa possibilidade. A partir dessa possibilidade, questionamos, então, o atual papel do raspado corneano como guia no tratamento das ceratites fúngicas. O raspado corneano tem sido utilizado para a confirmação laboratorial de ceratite fúngica(7,10,11), que é sugerida antes do início do seu tratamento(20). A forma fúngica encontrada no raspado também tem servido para guiar a escolha da medicação antifúngica a ser utilizada no tratamento. Se o raspado, revela a presença de hifas septadas sugerindo fungos filamentosos, há um consenso geral que natamicina 5% seja a droga de escolha. Quando leveduras ou pseudohifas estão presentes no raspado, é indicado o tratamento com anfotericina tópica 0,15% (20). Diante da possível diferença entre a forma fúngica encontrada nos resultados de exames microbiológicos provenientes do raspado corneano, e aquela encontrada nos achados de exame histopatológico, sugerimos que o valor do raspado fosse exclusivamente para confirmação da existência de infecção fúngica, e não um guia na escolha da droga a ser utilizada. Em ambos os casos, questionamos a maneira como pode ter ocorrido a recidiva da infecção fúngica após a ceratoplastia terapêutica. Sugerimos a existência de três vias pelas quais os Rev Bras Oftalmol. 2016; 75 (2): 137-43 RBO Mar_aBR 2016 _Português_Revisão_05.pmd 141 7/3/2016, 22:15 142 Ximenes KF, Vasconcelos KFX, Monte FQ fungos poderiam ter alcançado o interior da córnea e que teriam contribuído para recidiva da ceratite: (1) via interna, (2) via externa usual, (3) via externa não usual. Como via interna (1), consideramos a penetração do fungo na córnea através da membrana de Descemet, seguindo, assim, do sentido posterior para o anterior no estroma corneano. Como via externa usual (2) chamamos o caminho do fungo pela ulceração, estroma corneano, membrana de Descemet e endotélio até a câmara anterior, via esta já bem reconhecida, e, por isso, chamada, por nós, de usual. A penetração do fungo através da camada de Bowman, seguindo do sentido anterior para o posterior no estroma corneano, por sua vez, seria a via externa não usual (3), para a qual ainda não encontramos descrição na literatura e tentamos exemplificar nos dois casos em questão. Assim, no caso 1, sugerimos a possibilidade de recidiva da infeção de três modos: via interna, via externa não usual ou associação via interna e via externa não usual. A via interna seria, então, fortalecida pela presença de leveduras e esporos na câmara anterior no exame histopatológico do tecido da primeira cirurgia. Apesar de realizada lavagem de câmara anterior com iodopovidona 0,5%, esporos poderiam ter permanecido na câmara anterior, e o fungo ter penetrado na córnea através da membrana de Descemet. A via externa não usual, por sua vez, seria fortalecida pelo achado de uma camada de Bowman íntegra com leveduras e esporos no seu interior no exame histopatológico da segunda cirurgia. Os fungos teriam penetrado pela camada de Bowman íntegra e seguido até a Descemet por esse caminho, que não é o usual. Consideramos ainda uma possível associação das duas vias nesse caso, pois seria improvável que fungos conseguissem alcançar a camada de Bowman penetrando através da membrana de Descemet, já que esse sentido de movimento contraria aqueles normalmente esperados na penetração dos fungos baseados em quimiotaxia, termotaxia e destruição da matriz extracelular por proteases fúngicas conforme cita Hua et al.(21). No caso 2, sugerimos uma provável recidiva apenas pela via externa não usual. O achado da camada de Bowman íntegra com fungos (esporos) no seu interior, semelhante ao encontrado no caso 1, estava presente no exame histopatológico do tecido proveniente da segunda ceratoplastia do caso 2. Isto fortaleceu a possibilidade de recidiva via externa do tipo a que chamamos de não usual. A ausência de fungos no interior da câmara anterior no tecido da primeira cirurgia e a presença de fungos predominando no estroma anterior no tecido da segunda cirurgia também subsidiam a hipótese de recidiva através de via externa não usual. O achado de uma camada de Bowman íntegra com fungos no seu interior no exame histopatológico das ceratites fúngicas é por nós considerado inesperado. Encontramos relatos na literatura de camada de Bowman íntegra no exame histopatológico de casos de ceratite fúngica, no entanto, não foram descritos fungos no seu interior, e detalhes não foram fornecidos sobre esses casos(12). Na verdade, achados histopatológicos normalmente esperados nas ceratites fúngicas seriam perda do epitélio, da camada de Bowman e de quantidades variáveis de estroma ou abscesso estromal profundo(20). Estamos cientes de que o epitélio pode estar cicatrizado em casos onde há proliferação ativa do fungo no estroma profundo(22), mas, mesmo nesses casos, uma camada de Bowman íntegra não seria um achado esperado. Os fungos são agentes oportunistas de infecção que se tornam patogênicos sob condições de defesas imunes prejudicadas, e infecção fúngica não é usual na ausência de fatores precipitantes. Trauma é um fator de risco reconhecido para ceratites fúngicas(5,7,10,23), e leva a destruição do epitélio e da membrana de Bowman, prejudicando a barreira à infecção(20). Nos dois casos em questão, observamos, no entanto, recidiva de infecção fúngica com a reconhecida barreira da camada de Bowman íntegra, no interior da qual flagramos a presença de fungo. Sugerimos então, a existência de outros fatores que teriam facilitado a penetração do fungo por essa barreira. Observamos na história dos dois pacientes, que os mesmos fizeram uso de medicações tópicas e/ou sistêmicas por longo período antes e/ou depois da primeira cirurgia. No caso 1, observamos que além do uso de antibiótico tópico e antifúngico tópico e sistêmico, foi feito o uso de corticosteróides tópicos e sistêmicos após a primeira cirurgia. O caso 2 fez uso de antibiótico tópico e antifúngicos tópicos e sistêmicos após a primeira cirurgia. Propomos então que o uso de medicações poderia ter facilitado a penetração do fungo através da camada de Bowman, e o achado dessa membrana íntegra poderia significar o sinal de uma possível infecção oportunista facilitada pelo uso excessivo de medicações. A possibilidade de infecções corneanas oportunistas facilitadas pelo uso de medicações encontra respaldo na literatura. A microbiota da conjuntiva de olhos normais foi estabelecida no início do século XIX (24). Estudos sobre a microbiota da conjuntiva normal destacam a participação das bactérias Staphylococcus sp. coagulase negativa, Staphylococcus sp. coagulase positiva e Corynebacterium sp. como microorganismos mais frequentes(25). No Brasil, os isolamentos de fungos na conjuntiva sadia variam de 0%(26) a 72%(27). A microbiota conjuntival pode ser fonte de processos infecciosos quando o equilíbrio entre os processos de defesa está rompido(28). Mudanças na flora ocular normal têm sido sugeridas pelo uso de antibióticos tópicos(29-31). Os corticosteróides e alguns antibióticos(32) são os dois tipos de agentes terapêuticos mais frequentemente suspeitos de potencialização de infecções oculares micóticas. Aumentos na incidência de ceratites fúngicas também vêm sendo atribuídos ao uso indiscriminado de corticosteróides(8,33,34) e antibióticos de amplo espectro(8). Assim, diante da possibilidade, nos casos estudados, de recorrência de ceratite fúngica devido à infecção oportunista facilitada pelo uso de medicações como corticosteróides ou antibióticos, sugerimos que as mesmas sejam utilizadas com cautela nos pós-operatórios de ceratites fúngicas quando tratadas com ceratoplastia terapêutica. Finalmente, por meio do estudo dos dois casos de ceratite fúngica relatados, que recidivaram após ceratoplastia penetrante terapêutica, descrevemos os achados histopatológicos, demonstramos que o raspado corneano para exames microbiológicos pode ser colhido mesmo após o tratamento medicamentoso estar estabelecido e que exames microbiológicos podem evidenciar fungos em formas diferentes daquelas encontradas no histopatológico. Além disso, sugerimos a possibilidade de recidiva das ceratites fúngicas após transplante de córnea terapêutico por meio de infecção oportunista facilitada pelo uso excessivo de medicações no pré e pós-operatório, o que nos leva a alertar os oftalmologistas sobre a necessidade de uso ponderado de medicações durante os tratamentos pré e pós-cirúrgicos desse tipo de infecção corneana. REFERÊNCIAS 1. Höfling-Lima AL, Forseto A, Duprat JP, Andrade A, Souza LB, Godoy P, et al. Estudo laboratorial das micoses oculares e fatores associados às ceratites. Arq Bras Oftalmol. 2005;68(1):21-7. Rev Bras Oftalmol. 2016; 75 (2): 137-43 RBO Mar_aBR 2016 _Português_Revisão_05.pmd 142 7/3/2016, 22:15 Correlação clínico-patológica em ceratites fúngicas e uma possível evidência de infecção oportunista: relato de dois casos 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. Gugnani HC, Gupta S, Talwar RS. Role of opportunistic fungi in ocular infections in Nigeria. 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Autor correspondente: Karine Feitosa Ximenes R Andrade Furtado, 150 - Apto 1501 - Cocó Fortaleza – Ceará CEP: 60192-070 Tel.: (85) 3262-6781 / 9673-3132 E-mail: [email protected] Rev Bras Oftalmol. 2016; 75 (2): 137-43 RBO Mar_aBR 2016 _Português_Revisão_05.pmd 143 7/3/2016, 22:15 RELATO 144 DE CASO A rare case of tick infestation of the eyelid: case report and literature review Um caso raro de infestação de carrapatos da pálpebra: relato de caso e revisão da literatura Ali Riza Cenk Celebi1, Omer Orkun2 ABSTRACT This article presents a case of tick infestation of the lower eyelid by a previously unreported species. A 71-year-old male presented with a tick attached to the lower eyelid. The tick was identified morphologically, and then molecularly via polymerase chain reaction (PCR) and sequencing of its DNA. In addition, a review of the literature relevant to the genera of ticks associated with infestation of the human eye is provided. The tick, which was in the nymphal developmental stage, was first identified according to taxonomic keys as Dermacentor sp. For complete species identification, 16s rDNA gene PCR and sequencing were performed, which showed that the tick was D. marginatus. Systematizing tick species could assist physicians in determining the potential for transmission of tick-borne human diseases. Keywords: Tick infestations/parasitology; Eye infections, parasitic; Eyelids/pathology; Polymerase chain reaction; Base sequence; Dermacentor/parasitology; Bites and stings; Case reports RESUMO Descritores: Infestações por carrapato/parasitologia; Infecções oculares parasitarias; Pálpebras/patologia; Reação em cadeia da polymerase; Sequência de bases; Dermacentor/parasitologia; Mordeduras e picadas; Relatos de casos 1 Ophthalmology Clinic, Republic of Turkey Ministry of Health, Nigde State Hospital, Turkey. Department of Parasitology, Ankara University, School of Veterinary Medicine, Turkey. The authors declare no conflicts of interests. Recebido para publicação em 25/05/2013 - Aceito para publicação em 20/10/2013 2 Rev Bras Oftalmol. 2016; 75 (2): 144-6 RBO Mar_aBR 2016 _Português_Revisão_05.pmd 144 7/3/2016, 22:15 145 A rare case of tick infestation of the eyelid: case report and literature review INTRODUCTION DISCUSSION icks are acarine ectoparasites, and are among the most important vectors of human and animal diseases. Tickborne diseases are a significant threat to public health. Ticks infected with microbiological agents (primarily viruses, bacteria, and protozoa) transmit diseases to vertebrate hosts while feeding on their blood1,2. In Turkey, numerous tick species attached to humans have been reported3,4, and they transmit very serious diseases, including Crimean-Congo hemorrhagic fever, tick-borne rickettsiosis, and Lyme disease5-7. Tick infestation of the eyelid is a rare condition. Herein we report on a 71-yearold man with a tick attached to the right lower eyelid that was identified morphologically and molecularly, and a review of the literature relevant to the genera of ticks associated with infestation of the human eye. Ticks embedded in the meibomian gland orifice or in the eyelash margin generally manifest as a mass on the eyelid margin. The most frequent symptomatic eye manifestations are conjunctivitis, uveitis, keratitis, and vasculitis10.The genera of ticks that have attached to human eyelids have been described previously: the nymphal form of D. auratus was the first documented tick embedded in the human eyelid11; Hara et al. reported Ixodesovatus Neumann in a 30-year-old female‘s right superior eyelid12; Santos-Bueso et al. reported Rhipicephalus sanguineus for the first time in a 21-year-old female‘s right upper eyelid10; Samaha et al. reported a nymphal stage tick of the genus Hyalomma, but of an unspecified species in a 58-year-old female’s left upper eyelid margin13; and McLeod described I. ricinus in an 11-month-old girl and reported that I. ricinus was the most common tick in Scotland, Wales and the West of England14. Bodé et al. reported that in addition to human eyelids, tick infestation can occur in conjunctival tissue; they identified a tick embedded in the conjunctiva as the larval form of Amblyomma americanum15. Singh et al. reported an 11-year-old girl living in an urban region of Singapore with Ixodessp. infestation of the upper eyelid; however, despite the fact that ticks are more common in rural environments, they reported that tick infestation of the eyelid can occur in urban regions16.Liolios et al. reported a 40year-old female in England with a tick of the Ixodesgenus on her left lower eyelid, without any other ophthalmological findings17. Ticks must be removed as soon as possible, as animal and human studies have shown that the risk of disease transmission increases after 24 hours of attachment and increases significantly after 48 hours18. Holak et al. reported Lyme borreliosis in 1 of 5 patients diagnosed with left abducens nerve palsy following Ixodes genus infestation of the eyelid region19. Keklikci et al. reported another tick described as I. ricinusin in a three-yearold girl‘s right upper eyelid margin. They advised removing such ticks as soon as possible via mechanical procedures to prevent disease transmission20. While a tick is attached, or after its removal, an inflammatory reaction leading to abscess formation or secondary infections may occur18. Sakalaret al. reported on a four-year-old girl with cellulitis due to infestation by the nymphal form of a tick of the Ixodes genus21. It is important to know that ticks can produce one or more toxins that cause tick paralysis by blocking the neuromuscular system. Symptoms can be local, such as facial nerve paralysis, or systemic. Commonly, there is an ascending flaccid motor paralysis that occurs within hours or up to a few days after tick bites. The paralysis usually progresses to respiratory failure and even death. Almeida et al. described tick paralysis in a 28-year-old male due to immature stages of ticks, probably of the Amblyomma genus. Their patient had shown loss of muscle strength, decreased reflexes, and marked palpebral ptosis. The ticks were removed individually, and the patient’s ptosis improved six hours after the last tick was removed. The following day there was near total regression of manifestations. The researchers recommended that all cases of suspected tick paralysis should be promptly diagnosed and treated22. Tick paralysis has been described in Turkey: Gürbüz et al. reported a three-year-old girl with facial palsy caused by Hyalomma marginatum23; Engin et al. described tick paralysis with atypical upper trunk involvement of the brachial plexus in a 66 year-old male farmer24; and Doðan et al. reported a case with peripheral facial nerve paralysis due to a tick of the genus T CASE PRESENTATION A 71-year-old man with a two-day history of a small gray lesion on the medial aspect of the lower right eyelid presented to Nigde State Hospital, Ophthalmology Clinic with itching and localized redness caused by tick infestation. He was a farmer from a rural region and had contact with farm animals, which we considered was the likely source of tick infestation. Ophthalmologic examination showed a two millimeter elevated light gray lesion compatible with a tick on the medial aspect of the right lower eyelid (Figure 1). The head of the tick was embedded in the skin of the eyelid and its body moved during manipulation with tweezers. The remainder of the eye examination, including visual acuity and anterior segment examination, was normal. The patient did not have any systemic symptoms at presentation. The tick was successfully removed using tweezers. The patient’s blood was drawn to screen for thrombocytopenia; the platelet count was normal at presentation and one month later. During follow-up, one week post presentation, erythema of the lower eyelid was found to have subsided without the use of topical medication. The tick was sent to the laboratory of the School of Veterinary Medicine, Protozoology and Entomology at Ankara University for further investigation and identification. The tick, which was in the nymphal developmental stage, was identified according to taxonomic keys8 as Dermacentor sp. For complete species identification16s rDNA gene PCR and sequencing were performed9, which showed that the tick was D. marginatus. Figure 1: D. marginatus attached to the medial aspect of the patient’s right lower eyelid. Rev Bras Oftalmol. 2016; 75 (2): 144-6 RBO Mar_aBR 2016 _Português_Revisão_05.pmd 145 7/3/2016, 22:15 146 Celebi ARC, Orkun O Hyalomma attached to the external auditory canal25. It is also important to know that D. marginatus can also cause tick paralysis: Abdigoudarzi et al. described tick paralysis in a 48-year-old female in Iran caused by D. marginatus26. In Turkey, D. marginatus ticks are known to transmit the following disease pathogens to humans: Rickettsia slovaca and R. raoultii, which cause TIBOLA/DEBONEL (tick-borne lymphadenopathy/ Dermacentor-borne necrosis erythema and lymphadenopathy)7, and Crimean-Congo hemorrhagic fever virus27. In addition, Coxiellabrunetti, Omsk hemorrhagic fever virus, R. sibirica subsp. sibirica, and Francisellatularensis are transmitted by D. marginatus ticks, but such transmission has yet to be observed in Turkey. Tick infestation of the human eyelid is rare. Systematizing the species of ticks that attach to the eyelid can alert physicians to the potential for transmission of the above-mentioned disease pathogens. Timely mechanical removal of ticks is an easy, safe, and effective method of preventing tick-associated systematic and local ocular complications. REFERENCES 1. Sonenshine DE. Biology of ticks. Oxford: Oxford University Press; 1991. p. 447-50. 2. Estrada-Peña A, Jongejan F. Ticks feeding on humans: a review of records on human-biting Ixodoidea with special reference to pathogen transmission. Exp Appl Acarol. 1999;23(9):685-715. Review. 3. Karaer Z, Guven E, Nalbantoglu S, Kar S, Orkun O, Ekdal K, et al. Ticks on humans in Ankara, Turkey. Exp Appl Acarol. 2011;54(1):85-91. 4. 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Corresponding author: Ali Riza Cenk Celebi Republic of Turkey Ministry of Health, Nigde State Hospital, Ophthalmology Clinic, Feridun Zeren Street, 51000 Nigde, Tel: +90 388 232 22 20 - 159 E-mail: [email protected] Rev Bras Oftalmol. 2016; 75 (2): 144-6 RBO Mar_aBR 2016 _Português_Revisão_05.pmd 146 7/3/2016, 22:15 RELATO DE CASO147 Abscesso subperiosteal com extensão epidural devido à rinossinusite aguda em criança de dez anos Subperiosteal abscess with epidural extension due to acute rhinosinusitis in a ten-year-old child Epaminondas de Souza Mendes Junior1, Leandro Buzahr Nóbrega2, Rafael Cerqueira Brandão2, Danilo Augusto Rodrigues Teodoro3, Elielson Correia Dantas1, Érico Ramon Alves Batista4 RESUMO A rinossinusite aguda é uma das afecções mais prevalentes das vias aéreas superiores. Fatores anatômicos presentes em crianças e jovens propiciam o aparecimento de complicações orbitárias. Embora mais raras, as complicações intracranianas das rinossinusites perfazem um grau alto de letalidade, são mais comuns em pacientes acima de sete anos, e devem ser tratadas por uma equipe multidisciplinar. Descritores: Sinusite/diagnóstico; Abscesso epidural/terapia; Abscesso/diagnóstico; Celulite orbitária/complicações; Órbita/ cirurgia; Relatos de casos ABSTRACT Acute rhinosinusitis is one of the most prevalent diseases of the upper airways. Anatomical factors present in children and young people allow for the onset of orbital complications. Although rare, intracranial complications of sinusitis account for a high degree of lethality, are more common in patients over the age of seven, and should be treated by a multidisciplinary team. Keywords: Sinusitis/diagnosis; Epidural abscess/therapy; Abscess/diagnosis; Orbital cellulitis/complications; Orbit/surgery; Case reports 1 2 3 4 Departamento de Oculoplástica, Instituto Brasileiro de Oftalmologia para Prevenção da Cegueira, Salvador, BA, Brasil. Programa de Residência em Oftalmologia, Instituto Brasileiro de Oftalmologia para Prevenção da Cegueira, Salvador, BA, Brasil. Departamento de Glaucoma, Instituto Brasileiro de Oftalmologia para Prevenção da Cegueira, Salvador, BA, Brasil. Departamento de Catarata, Instituto Brasileiro de Oftalmologia para Prevenção da Cegueira, Salvador, BA, Brasil. Trabalho realizado em: Instituto Brasileiro de Oftalmologia para Prevenção da Cegueira – IBOPC – Bahia Os autores declaram não haver conflitos de interesse. Recebido para publicação em 10/01/2015 - Aceito para publicação em 01/03/2015 Rev Bras Oftalmol. 2016; 75 (2): 147-9 RBO Mar_aBR 2016 _Português_Revisão_05.pmd 147 7/3/2016, 22:15 148 Mendes Junior ES, Nóbrega LB, Brandão RC, Teodoro DAR, Dantas EC, Batista ÉRA INTRODUÇÃO A rinossinusite (RS) é caracterizada pela inflamação da mucosa do nariz e seios paranasais demonstrando-se como uma das afecções mais prevalentes das vias aéreas superiores podendo estar associada a diversos fatores como infecções, alergias, disfunções da mucosa dentre outros (1,2). As complicações orbitárias são as mais comuns das RS agudas principalmente em decorrência de fatores anatômicos (13) sendo mais comum entre crianças e jovens (1,2). A urgência no diagnóstico e tratamento é justificada pelos déficits visuais irreversíveis além do acometimento ósseo e neurológico com potencial de morbimortalidade expressivos (1,4). Este relato visa apresentar quadro clínico, imagem e terapêutica de um caso de abscesso subperiosteal (ASP) com extensão epidural em paciente com rinossinusite aguda e a importância da abordagem multidisciplinar. RELATO DE CASO Paciente, sexo feminino, 10 anos, deu entrada em uma unidade de emergência da cidade de Salvador – BA, pelo Setor de Pediatria, com queixa de edema no olho esquerdo há 5 dias em uso de colírio (associação de dexametasona e cloridrato de ciprofloxacino). Ao exame pediátrico, apresentava-se afebril com edema, rubor e calor na pálpebra superior esquerda. Houve suspeita diagnóstica de celulite orbitária, foi solicitado o internamento e iniciado uso de antibioticoterapia sistêmica (oxacilina, ceftriaxona e metronidazol), corticoterapia (hidrocortisona) e analgesia (dipirona). Após dois dias sem melhoras, foi solicitada a avaliação de um oftalmologista. No exame oftalmológico, o paciente apresentou acuidade visual no olho direito igual a 0,4 sem correção e o olho esquerdo impossibilitado devido ao edema importante em pálpebra superior esquerda, associado ao rubor e calor local, doloroso à palpação. O paciente apresentava ainda quemose acentuada, o que impedia a avaliação da motilidade ocular e do segmento anterior do olho esquerdo (Figura 1). O mapeamento de retina do olho direito não apresentou alterações. Dada a suspeita de ASP, foi solicitada a tomografia computadorizada de crânio e face. Figura 2: Imagem sugestiva de ASP com extensão epidural e preenchimento de seios frontal, etmoidal e maxilares Foi realizada a drenagem cirúrgica em conjunto com neurocirurgia. O acesso cirúrgico foi por incisão supraciliar esquerda. O acompanhamento pós-operatório da paciente foi feito ambulatorialmente em Salvador, nos serviços de otorrinolaringologia e oftalmologia do Hospital Universitário Professor Edgard Santos (HUPES) e no setor de oculoplástica do Instituto Brasileiro de Prevenção à Cegueira (IBOPC) até a resolução do quadro (Figura 3). Figura 3: Resolução do quadro. DISCUSSÃO Figura 1: Olho esquerdo com edema importante em pálpebra superior, associado a rubor e calor locais. A tomografia computadorizada demonstrou imagem sugestiva de ASP com extensão epidural e preenchimento de seios frontal, etmoidal e maxilares (Figura 2). O caso de RS aqui apresentado, relata o diagnóstico e tratamento de uma paciente do sexo feminino e 10 anos. Dentre todas as complicações de RS, as orbitárias são as mais prevalentes em decorrência, principalmente, de fatores anatômicos como: a íntima relação entre o conteúdo orbitário e o labirinto etmoidal, a ocorrência de deiscências congênitas no assoalho da órbita e na lâmina papirácea e a tromboflebite das veias oftálmicas, facilitada pela inexistência de válvulas nesse sistema venoso, que permite uma livre circulação entre a face, cavidade nasal, seios paranasais, órbita e região pterigoidal.(3,5-7) Tais fatores são mais comuns na população com faixa etária juvenil e do sexo masculino. Acredita- se que nesta faixa etária Rev Bras Oftalmol. 2016; 75 (2): 147-9 RBO Mar_aBR 2016 _Português_Revisão_05.pmd 148 7/3/2016, 22:15 149 Abscesso subperiosteal com extensão epidural devido à rinossinusite aguda em criança de dez anos esteja a maior incidência de episódios recorrentes de infecção das vias aéreas superiores (IVAS) e da presença do osso diploico com maior grau de vascularização na parede dos seios (4). A classificação mais utilizada para as infecções orbitárias secundárias às sinusites é a de Chandler (7), publicada em 1970, que divide as celulites orbitárias nas seguintes categorias: edema inflamatório; celulite orbitária; abscesso subperiosteal; abscesso da órbita e trombose do seio cavernoso. Entretanto, após o advento da tomografia computadorizada, alguns autores passaram a sugerir uma nova classificação das complicações orbitárias secundárias a rinossinusites: celulite orbitária; abscesso subperiosteal e abscesso orbitário.(1,8,9) Pela classificação baseada em achados tomográficos, a celulite orbitária é caracterizada por infiltração extra e intraconal sem limites bem definidos. O abscesso subperiosteal é definido por elevação da periórbita de, no mínimo, uma parede óssea adjacente ao seio paranasal enquanto o abscesso orbitário é representado por uma densidade heterogênea delimitada dentro da gordura orbitária (geralmente com formato circular). (1,9) Considerando a classificação proposta, o caso aqui relatado, trata-se de um ASP com extensão epidural em decorrência de RS. Abscessos subperiosteais da órbita são capazes de rápida progressão e extensão intracraniana.(10,11) O paciente com ASP geralmente apresenta edema palpebral, quemose, proptose não-axial além de inflamação da conjuntiva, dor e restrição da motilidade ocular, o que condiz com achados clínicos da paciente em questão. (3,4) Embora mais raras, as complicações intracranianas que perfazem um grau alto de letalidade, são mais comuns em pacientes acima de 7 anos, e podem estar presentes, de forma silenciosa, em 15% dos casos. A sua apresentação se faz através de meningite, abscesso epidural, empiema subdural, trombose dos seios venosos e abscesso cerebral. Nos casos de afecções simultâneas, aumenta o risco de morte, por isso a decisão terapêutica tem que ser agressiva.(2,4,5,12) Em função das complicações de RS citadas, recomenda-se a atuação interdisciplinar de pediatras, clínicos gerais, otorrinolaringologistas, radiologistas e neurocirurgiões, haja vista sua rápida progressão e por vezes necessidade precoce de intervenção, já que a mortalidade pode chegar a 5% dos casos.(1,13) O tratamento das RS complicadas consiste em internação hospitalar, antibioticoterapia de largo espectro e um acompanhamento multidisciplinar com os serviços de oftalmologia, otorrinolaringologia e neurocirurgia, como explicitado acima e efetuado neste caso. Sabe-se que a intervenção cirúrgica é mandatória em pacientes com abscesso, sem melhora após tratamento clínico ou que apresentem pelo menos um dos seguintes critérios: idade maior ou igual a nove anos; sinusite frontal; ASP não medial; grande ASP; suspeita de infecção subperiosteal por anaeróbios; recorrência de ASP após drenagem prévia; evidência de sinusite crônica; comprometimento agudo do nervo óptico ou da retina; infecção de origem dentária.(4,13) Concluindo, as RS podem provocar graves complicações, mais frequentemente nas órbitas em decorrência da íntima relação destas com os seios paranasais. O envolvimento orbitário e intracraniano simultaneamente é extremamente raro e, devido à taxa de morbimortalidade aumentada nestes casos, a abordagem multidisciplinar deve ser o mais precoce e organizada possível. REFERÊNCIAS 1. Velasco e Cruz AA, Demarco RC, Valera FCP, Santos AC, Anselmo-Lima WT, Marquezini RMS. Complicações orbitárias da rinossinusite aguda: uma nova classificação. Rev Bras Otorrinolaringol 2007;73(5):684-8. 2. Mekhitarian Neto L, Pignatari S, Mitsuda S, Fava AS, Stamm A. Sinusite aguda em crianças: estudo retrospectivo de complicações orbitárias. Rev Bras de Otorrinolaringol 2007;73(1):81-5. 3. Diretrizes Brasileiras de Rinossinusites. Rev Bras Otorrinolaringol 2008;74(2):6-59. 4. Souza LA, Verde RCL, Lessa BF, Lima CMF, Lessa MM, Lessa HA. Complicação Orbital e Intracraniana Devido à Rinossinusite Aguda: Relato de Caso. Arq Int Otorrinolaringol 2011;15(2):241-4. 5. Herrmann BW, Forsen Jr JW. Simultaneous intracranial and orbital complications of acute rhinosinusitis in children. Int J Pediatr Otorhinolaryngol. 2004; 68(5):619-25. 6. Reid JR. Complications of pediatric paranasal sinusitis. Pediatr Radiol. 2004; 34(12):933-42. 7. Howe L, Jones NS. Guidelines for the management of periorbital cellulitis/abscess. Clin Otolaryngol Allied Sci. 2004; 29(6):725-8. 8. Chandler JC, Lagenbrunner DL, Stevens ER. 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Rev Bras Oftalmol. 2016; 75 (2): 147-9 RBO Mar_aBR 2016 _Português_Revisão_05.pmd 149 7/3/2016, 22:15 R 150 ELATO DE CASO Enxerto de retalho escleral de doador como tratamento definitivo de maculopatia hipotônica pós trabeculectomia Scleral patch as a definitive treatment for hypotonic maculopathy after trabeculectomy Neilzo Nunes Oliveira1; Leonardo Bittencourt Silveira1; Isadora Oliveira Jeha1; João Antonio Prata Junior1 RESUMO Paciente do sexo feminino, portadora de glaucoma juvenil sem controle clínico adequado, foi submetida à trabeculectomia com mitomicina C, após a qual, desenvolveu hipotensão ocular refratária às medidas conservadoras, evoluindo com um quadro de maculopatia hipotônica. Foi realizado um implante de enxerto de retalho escleral de doador sobre a fístula, com resolução do quadro e ganho de acuidade visual. A enxertia de retalho escleral de doador mostrou-se uma terapia adequada para correção da hipotensão ocular por bolha hiperfiltrante pós trabeculectomia. O cirurgião deve considerar o emprego dessa técnica ao programar a revisão destes casos. Descritores: Glaucoma; Trabeculectomia/efeitos adversos; Esclera/transplante; Mitomicina/uso terapêutico; Hipotensão ocular/etiologia ABSTRACT A female patient with juvenile glaucoma without clinical control underwent a trabeculectomy with mitomycin C, and developed eye hypotension which did not respond to conservative treatment, with subsequent hypotonic maculopathy. The patient was treated using a scleral patch provided by a donor above the fistula, which improved intraocular pressure and visual acuity. The use of the scleral patch above the fistula seems an adequate therapy to treat ocular hypotension due to the over-filtering trabeculectomy bubble. The surgeon should consider this technique when planning surgical solutions for such cases. Keywords: Glaucoma; Trabeculectomy/adverse effects; Sclera/transplantation; Mitomycin/therapeutic use; Ocular hypotension/ etiology 1 Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Uberaba, MG, Brasil. Os autores declaram não haver conflito de interêsses. Recebido para publicação em 25/02/2015 - Aceito para publicação em 09/08/2015 Rev Bras Oftalmol. 2016; 75 (2): 150-3 RBO Mar_aBR 2016 _Português_Revisão_05.pmd 150 7/3/2016, 22:15 Enxerto de retalho escleral de doador como tratamento definitivo de maculopatia hipotônica pós trabeculectomia INTRODUÇÃO U ma das complicações pós-operatórias da trabeculectomia é a ocorrência de hipotonia ocular (pressão intraocular menor que seis mmHg), que pode advir de: aumento do fluxo do humor aquoso (HA), como ocorre em casos de bolha hiperfuncionante; vazamento conjuntival do HA (Seidel positivo); redução da produção do HA, decorrente do descolamento ciliocoroidal ou de algum processo inflamatório.(1-2). A hipotensão prolongada pode acarretar o desenvolvimento de maculopatia hipotônica, que se caracteriza por baixa acuidade visual (BAV) acentuada, e sinais característicos ao exame de fundo de olho, como estrias retinianas, efusão coroidal, e edema de papila(1-3). O advento do uso de antiproliferativos nas cirurgias filtrantes, como o 5-fluorouracil e, principalmente, a mitomicina C, aumentou sobremaneira a incidência destas complicações(2). Há trabalhos relatando 20% de incidência de hipotonia em olhos com exposição intraoperatória a mitomicina C (0,54 mg por ml) por 3,5 minutos, e 35,7% em períodos maiores.(2) Na literatura existem relatos que propõem diferentes soluções para os casos de maculopatia associada à hiperfunção da bolha. La Borwit et al. relataram os resultados da redução e do reparo da bolha.(4) Cronemberger et al. descreveram a ressecção da bolha hiperfuncionante.(5) Leen et al., e Wise et al., por sua vez, analisaram a injeção de sangue autólogo para correção da hiperfilração.(67) Grady et al. analisou o uso de adesivo tecidual.(8) Gomes et al. estudaram o uso da membrana amniótica para tal finalidade(9). Ventura et al. descreveram o uso da sutura de compressão(10). Na literatura nacional há poucos relatos para a abordagem da maculopatia. Sendo assim, este estudo visa descrever um caso de maculopatia hipotônica após a realização de trabeculectomia com uso de mitomicina C, além da evolução do caso, e o procedimento de implante de enxerto de retalho escleral de doador para correção do problema, com estabilização da pressão intraocular (PIO) e acuidade visual (AV). 151 44mmHg em OD e 32 mmHg em OE; disco óptico com escavação: 1,0 OD e 0,7 em OE. Foram, então, reintroduzidos o timolol 0,5% DE 12/12h, e a brimonidina 0,1% 12/12h e acrescentado a acetazolamida oral (250mg) de 8 em 8 horas. Frente à irregularidade do tratamento clínico, associada à piora do quadro, foi indicada a trabeculectomia (TREC), e, assim, solicitados exames pré-operatórios para a realização desta em ambos os olhos. A paciente foi submetida à TREC com aplicação intraoperatória de mitomicina C (0,5mg/ml por dois minutos) no OE, sem intercorrências. Após 30 dias, foi realizado o mesmo procedimento em OD. A paciente seguiu em acompanhamento ambulatorial, com pressões intraoculares sempre abaixo de 15 mmHg, e sem uso medicações hipotensoras, bilateralmente. Aproximadamente nove meses após a TREC do OE, a paciente queixou-se de BAV mesmo com o uso da correção. Ao exame: AVCC: PL e 20:100; tonometria: 02 e 02 mmHg. À biomicroscopia, havia bolha formada e fina em AO. Fundo de olho: escavação total e 0,8 e dobras de coróide em OE. Foi realizada a tomografia de coerência óptica (OCT) (Cirrus HD OCT modelo 4000 fornecido por Zeiss Meditec Corporation, Jena, Alemanha) (Figura 1). RELATO DE CASO Paciente ELM, 44 anos, sexo feminino, melanodérmica, natural do Maranhão, tabagista, com história familiar de glaucoma juvenil, quatro irmãos cegos, encaminhada em 2010 para avaliação de baixa acuidade visual (BAV), pior em olho direito (OD) há um ano e estrabismo neste há seis meses. Em julho de 2010, realizou-se no ambulatório de Glaucoma da Universidade Federal do Triangulo Mineiro (UFTM) o exame clínico da paciente, no qual, foi constatado: acuidade visual com correção (AVCC): vultos em OD e 20-20 em Olho Esquerdo (OE). A tonometria era de 24 mmHg em OD e 17 mmHg em OE. A gonioscopia mostrava ângulo aberto 360 graus em ambos os olhos (AO). O campo visual apresentava uma pequena ilha de visão temporal em olho direito, e escotoma arqueado em olho esquerdo. A fundoscopia mostrava o nervo óptico com escavação igual a 0,9 e 0,7. Foi diagnosticado glaucoma juvenil avançado e iniciado tratamento com travoprosta 0,04%, brimonidina 0,1% e brinzolamida 1% com estabelecimento meta de pressão intraocular (PIO) alvo menor que 15 mmHg. Após nove meses sem seguimento no serviço a paciente retornou ao ambulatório com uso incorreto das medicações. Ao exame, AVCC: percepção luminosa (PL) e 20/80, Tonometria: Figura 1: a) OCT evidenciando acúmulo de líquido subretiniano, pregueamento de coróide compatpivel com maculopatia hipotônica. b) Resolução importante do quadro após o tratamento. Indicou-se revisão da bolha para injeção de cola de fibrina. O procedimento apresentou resultado satisfatório, e proporcionou o controle da hiperfiltração e a resolução da maculopatia. A Rev Bras Oftalmol. 2016; 75 (2): 150-3 RBO Mar_aBR 2016 _Português_Revisão_05.pmd 151 7/3/2016, 22:15 152 Oliveira NN; Silveira LB; Jeha IO; Prata Junior JA acuidade visual referida, após 30 dias, foi PL e 20:60; tonometria: 10mmHg e 6 mmHg e bolha elevada AO com teste de Seidel negativo e fundo de olho sem sinais de maculopatia. Inicialmente, a PIO estabilizou-se em 10 mmHg em ambos os olhos sem medicação, porém a paciente perdeu novamente o contato com o serviço e um ano após reapareceu com queixa de BAV em OE. Ao exame AVCC: SPL e 20:200. Tonometria: 10mmHg em OD e 03 mmHg em OE. Biomicroscopia: bolha elevada em ambos os olhos. A fundoscopia mostrava novamente dobras coriorretinianas no feixe papilomacular e na mácula, o que confirmou o diagnóstico de maculopatia hipotônica. Foi programada a revisão da trabeculectomia para controle da hiperfiltração. Durante o procedimento, após a abertura da conjuntiva, a câmara anterior se desfez e não foi possível identificar o retalho escleral para a realização de sutura adicional visando restringir a hiperfiltração. Após irrigação da câmara anterior com solução salina balanceada por uma paracentese temporal, foi possível identificar o local da fístula, e sobre ela foi suturado um enxerto de retalho escleral de doador medindo 04 x 05 mm com pontos de mononylon 10.0. A infusão de BSS pela paracentese permitiu refazer a câmara anterior e ajustar o número de suturas necessárias para sua manutenção, o que foi conseguido com três pontos. Uma semana após, a paciente mencionou melhora da visão. Referiu AVCC: SPL e 20-70 (-1,50c x 180), Tonometria em OE (15h): 09 mmHg, Biomicoscopia: câmara formada, bolha elevada e enxerto escleral bem posicionado (Figura 2-A). DISCUSSÃO Ainda não há uma terapia ideal para o quadro de hiperfiltração pós trabeculectomia. Diversas técnicas têm sido utilizadas, a exemplo o curativo compressivo, lente de contato terapêutica, ressecção da bolha(5) , injeção de sangue autólogo(6-7), adesivo tecidual(8), o enxerto de membrana amniótica(9) e a sutura de compressão(10). No caso em questão, a primeira opção escolhida foi a injeção de cola de fibrina dentro da bolha, que, apesar do resultado inicial favorável, com o tempo mostrou-se ineficaz. Certamente, o resultado inicial deveu-se à ação da cola, perdida após a absorção tardia da mesma. Cronemberger et al.(5), realizou um trabalho no Brasil onde se fez a ressecção da bolha com revisão do leito escleral, mostrando-se eficaz no tratamento da hipotonia, e com baixa morbidade pós-procedimento. Porém, no caso em questão, não foi possível devido a grande extensão da bolha filtrante e da impossibilidade de identificação do retalho escleral. A sutura de compressão próxima ao retalho escleral, para remodelamento da bolha, é outro método eficaz de tratamento da bolha hiperfiltrante (10). Entretanto, não é isenta de complicações. Wang et al.(11) descreveu um caso de extensa formação de infiltrados estromais corneanos, com opacificação, após o uso dessa técnica em um homem de 24 anos de idade. Esse resultado pode ser explicado pela tensão constante aplicada sobre as estruturas adjacentes à sutura, como a córnea. Novamente, devido a grande extensão da bolha filtrante, não foi possível a realização desta técnica Letartre et al.(12) promoveu a ressutura transconjuntival do retalho escleral em olhos com hipotonia pós-trabeculectomia, em uma série de 35 casos obteve e 94% de sucesso. Eha et al.(13) , em técnica similar observou melhora da acuidade visual de 20/ 160 para 20/63 em um período de 6 meses. Eha et al.(14), em 2013, após um acompanhamento de 4 anos da mesma técnica, observou uma melhora da acuidade visual média de 0,8 logaritmo do ângulo mínimo de resolução (logMAR), as dobras maculares foram resolvidas em todos os paciente e a resolução do descolamento de coróide em 96% dos casos. No caso aqui tratado, esta eficação do retalho escleral, intra-operatoriamente. Obteve-se, no caso aqui abordado, resolução da hipotonia ocular e da maculopatia através da revisão da TREC com uso de enxerto de retalho escleral de doador. Portanto, é muito importante que o cirurgião considere, já no pré-operatório, a necessidade do emprego de um enxerto de retalho escleral, com o intuito de corrigir a hipotonia consequente da hiperfiltração de bolha de trabeculectomia. REFERÊNCIAS 1. 2. 3. Figura 2: a) Pós operatório imediato onde se evidencia câmara formada e bolha elevada. b) Aspecto após 06 semanas onde se observa bolha elevada e bom posicionamento do enxerto de retalho escleral. 4. Weyll M, Gilio A, Barbosa A, Nicoli AA, Silveira RC. Detecção de maculopatia hipotônica subclínica pelo OCT III após cirurgia filtrante. Arq Bras Oftalmol. 2006; 69(6): 823-5. Guedes VR, Simmons RB, Pakter HM, Simmons RJ. Persistent hypotony after primary trabeculectomy with mitomycin C. Arq Bras Oftalmol. 2000; 63(3): 179-83. Karasheva G, Goebel W, Klink T, Haigis W, Grehn F. Changes in macular thickness and depth of anterior chamber in patients after filtration surgery. Graefes Arch Clin Exp Ophthalmol. 2003; 241(3):170-5. La Borwit SE, Quigley HA, Jampel HD. Bleb reduction and bleb repair after trabeculectomy. Ophthalmology. 2000;107(4):712-8. Rev Bras Oftalmol. 2016; 75 (2): 150-3 RBO Mar_aBR 2016 _Português_Revisão_05.pmd 152 7/3/2016, 22:15 Enxerto de retalho escleral de doador como tratamento definitivo de maculopatia hipotônica pós trabeculectomia 5. 6. 7. 8. 9. Cronemberger S, Santos DV, Oliveira AC, Maestrini HA, Calixto N. Ressecção de bolsa hiperfuncionante para tratamento de hipotonia ocular crônica: relato de casos. Arq BrasOftalmol. 2004; 67(4): 637-44. Leen MM, Moster MR, Katz LJ, Terebuh AK, Courtland M, Schmidt CM, Spaeth GL. Management of overfiltering and leaking blebs with autologous blood injection. Arch Ophthalmol. 1995; 113(8):1050-5. James B, Wise MD. Treatment of chronic postfiltrationhypotony byintrableb injection of autologous blood. Arch Ophthalmol. 1993; 111(6): 827-30. Grady FJ, Forbes M. Tissue adhesive for repair of conjunctival buttonhole in glaucoma surgery. Am J Ophthalmol. 1969; 68(4): 656-8. Gomes JA, Fernandes LH, Komagome CM, Höfling-Lima AL, Prata Jr. JA. Uso de membrana amniótica no tratamento de complicações pós-trabeculectomia. Arq Bras Oftalmol. 2001; 64(5): 437-41. 153 10. Ventura AGGM, Cavalcanti HDO, Holanda AGS, Cardoso G, Trigueiro L. Tratamento de bolhas hiperfiltrantes por sutura de compressão. Rev Bras Oftalmol. 2002;61(7):525-8. 11. Wang GW, Gonzalez E, Lin SC. 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Rev Bras Oftalmol. 2016; 75 (2): 150-3 RBO Mar_aBR 2016 _Português_Revisão_05.pmd 153 7/3/2016, 22:15 R 154 ELATO DE CASO Baixa visão secundária a osteoma de coroide Reduced vision caused by choroid osteoma Thiago Gonçalves dos Santos Martins1, Ana Luiza Fontes de Azevedo Costa2, Celina Bahiense Barreira Lins3, Ian Curi Bonotto de Oliveira Costa3, Mario Martins dos Santos Motta3 RESUMO Relatamos um caso de osteoma de coroide em uma paciente feminina de 25 anos. Apresentava uma lesão amarelada e elevada no polo posterior, característica da lesão tumoral. O diagnóstico foi confirmado com a ultrassonografia ocular. A paciente apresentava baixa acuidade visual e edema de mácula, que melhorou após injeção intravítrea de bevacizumab. Descritores: Neoplasias da coroide/diagnóstico; Neoplasias da coroide/ultrassonografia; Osteoma/diagnóstico; Osteoma/ ultrassonografia; Baixa de visão; Relatos de casos ABSTRACT The authors present a case of choroidal osteoma diagnosed in a 25-year-old female patient. A well-defined and slightly elevated yellow lesion located in the posterior pole of the right eye was suspected to be a tumor. Confirmation of diagnosis was obtained with A and B ecography. The patient had low vision and macular edema, which improved after intraocular injection of bevacizumab . Keywords: Choroid neoplasms/diagnosis; Choroid neoplasms/ultrasonography; Osteoma/diagnosis; Osteoma/ultrasonography; Low vision; Case reports 1 2 3 Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil. Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil. Hospital Federal Servidores do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Os autores declaram não haver conflitos de interesse. Recebido para publicação em 08/01/2015 - Aceito para publicação em 16/03/2015 Rev Bras Oftalmol. 2016; 75 (2): 154-5 RBO Mar_aBR 2016 _Português_Revisão_05.pmd 154 7/3/2016, 22:15 Baixa visão secundária a osteoma de coroide 155 INTRODUÇÃO O osteoma da coroide é um tumor benigno, uni ou bilateral, adquirido, que se apresenta como uma massa coroidiana de crescimento lento na região justapapilar. A característica patológica do osteoma de coroide é uma placa de osso maduro ao redor do disco ótico atingindo toda a espessura da coroide, geralmente poupando o epitélio pigmentado da retina. Este tumor benigno pode causar perda de visão devido a localização subfoveal, descolamento seroso da retina e neovascularização da coroide. (1) Figura 3: Aspecto ecográfico mostra pico de alta refletividade na superfície interna e sombra acústica orbitária posterior ao tumor RELATO DE CASO Paciente de 25 anos, feminino, queixou-se de baixa da acuidade visual no olho direito há 4 anos. A paciente negou antecedentes pessoais e familiares de doenças oculares ou sistêmicas. O exame oftalmológico mostrou acuidade visual corrigida de 20/200 no olho direito e 20/20 no olho esquerdo. A biomicroscopia apresentava-se normal, e a pressão intraocular era de 16 mmHg em ambos os olhos. A fundoscopia evidenciava, no olho direito, lesão macular e no feixe papilomacular de coloração amarelo- clara, bem delimitada (Figura 1). Não havia alteração fundoscópica no olho esquerdo. Figura 1: A retinografia mostra lesão amarelada bem delimitada no polo posterior do olho direito A tomografia de coerência óptica demonstrou espessamento do complexo epitélio pigmentar da retina- coriocapilar, de alta reflectividade e bem delimitado, com áreas de elevação do epitélio pigmentar da retina, com descolamento e edema da retina neurossensorial (Figura 2). Figura 4: A tomografia de coerência óptica do pólo posterior evidencia estrutura elevada, com redução da área de edema (Figura 4). DISCUSSÃO Osteoma de coroide é um tumor benigno constituído de tecido ósseo maduro. É raro, unilateral em 75% dos casos e mais prevalente em mulheres entre vinte e trinta anos de idade.(1) Apresenta-se como lesão amarelo-clara ou alaranjada, bem delimitada e de formato variável, localizada no polo posterior. Seu diâmetro e espessura alcançam valores máximos de 2,2 mm e 2,5 mm. A neovascularização de coroide é complicação frequente do osteoma de coroide.(2-4) A ecografia é típica e evidencia hiperrefletividade na superfície do tumor e silêncio acústico posterior a ele.(1,2) A tomografia de coerência óptica (OCT) é um método de avaliação não invasivo que fornece detalhes precisos da arquitetura da retina e da coriocapilar. Sua aplicação nos casos de osteoma de coroide ainda é pouco descrita na literatura.(5,6) A ultrassonografia ocular foi imprescindível para o diagnóstico de osteoma de coroide, já a tomografia de coerência óptica foi empregada com a finalidade de se obterem detalhes de sua arquitetura. REFERÊNCIAS 1. 2. 3. 4. Figura 2: A tomografia de coerência óptica do pólo posterior evidencia estrutura elevada, bem delimitada e altamente refletiva na região do complexo EPR- coriocapilar. Há áreas de elevação do EPR e descolamento neurossensorial. A ecografia A e B mostrou a lesão pouco elevada do polo posterior, com pico acústico de alta refletividade em sua superfície interna e sombra acústica orbitária posterior a ela (Figura 3). A hipótese diagnóstica foi de osteoma de coroide com membrana neovascular secundária e edema intra e sub-retiniano. Após a injeção de 0,1 ml de bevacizumabe, a paciente apresentou melhora da visão para 20/60 no olho acometido e do edema na região macular (Figura 4). 5. 6. Shields CL. Choroidal osteoma. In: Guyer DR, Yanuzzi LA, Chang, Shields Já, Green WR, editors. Retina- vitreous- macula. Philadelphia: WB Saunders; 1999. p. 1092-102. Shields L, Shields JÁ, Augsburger JJ. Choroidal osteoma. Surv Ophthalmol. 1988;33 (1): 17-27. Review. Gass JD. New observations concerning choroidal osteomas. Int Ophthalmol. 1979;1(2):71-84. Coston TO, Wilkinson CP. Choroidal osteoma. Am J Ophthalmol. 1978;86(3):368-72. Ide T, Ohguro N, Hayashi A, Yamamoto S, Nakagawa Y, Nagae Y, Tano Y.Optical coherence tomography patterns of choroidal osteoma. Am J Ophthalmol. 2000;130(1):131-4. Fusawa A, Iijima H. Optical coherence tomography of choroidal osteoma. Am J Ophthalmol. 2002;133 (3): 419-21. Autor correspondente Thiago Gonçalves dos Santos Martins Rua Botucatu , 821 Vila Clementino, São Paulo, SP, Brasil. CEP: 04023-062 telefone: 552125712248 E-mail: [email protected] Rev Bras Oftalmol. 2016; 75 (2): 154-5 RBO Mar_aBR 2016 _Português_Revisão_05.pmd 155 7/3/2016, 22:15 R 156 ELATO DE CASO Glaucoma secundário a fístula carótido-cavernosa Secondary glaucoma following carotid cavernous fistula Rafael Aguiar Carvalho1, Henrique Silva Delloiagono1, Alessandro Adad Jammal1, Graziela Massa Resende2, Hélia Soares Angotti3 RESUMO As fístulas carótido-cavernosas são uma causa rara, porém grave, de glaucoma secundário por aumento da pressão venosa episcleral. Apresenta-se um caso de uma mulher de 72 anos, negra, atendida no Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (HC-UFTM) com dor, sensação de pulsação, proptose, engurgitamento episcleral e quemose em olho direito, com aumento da pressão intraocular (PIO) apesar do uso de mediação anti-glaucomatosa. Na arteriografia foi evidenciada fístula dural para o seio cavernoso à direita, com refluxo para as veias orbitárias ipsilaterais. Realizou-se tratamento com agente líquido de embolização e, após o tratamento cirúrgico, apresentou melhora completa da proptose e congestão dos vasos episclerais, porém manteve PIO aumentada e desenvolvimento de glaucoma de ângulo fechado pela presença de goniossinéquias em 270º, com controle satisfatório com medicação. Descritores: Glaucoma/etiologia; Fístula carótidocavernosa/complicações; Pressão venosa; Embolização; Arteriografia; Relatos de casos ABSTRACT Carotid-cavernous fistulas are a major cause of secondary glaucoma due to increased episcleral venous pressure. We present the case of a 72-year-old female patient, treated at the Hospital de Clínicas at the Universidade Federal do Triângulo Mineiro (HC-UFTM), with pain, proptosis, episcleral engorgement, chemosis and pulsation in the right eye, with increased intraocular pressure (IOP) on anti-glaucomatous medication. Arteriography showed dural fistula to the right cavernous sinus, with reflux to orbital veins. Treatment with liquid embolization agent was performed, following full recovery of proptosis and congestion of the episcleral vessels. However, the patient maintained increased IOP because of narrow-angle glaucoma development due to the presence of goniosynechiae in 270º, which was controlled satisfactorily with medication. Keywords: Glaucoma/etiology; Carotid-cavernous fistula/complications; Venous pressure; Embolization; Arteriography; Case reports 1 2 3 Programa de Residência em Oftalmologia, Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Uberaba, MG, Brasil. Setor de Glaucoma, Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Uberaba, MG, Brasil. Disciplina de Oftalmologia, Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Uberaba, MG, Brasil. Departamento de Oftalmologia, Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Uberaba, MG, Brasil. Os autores declaram não haver conflitos de interesse. Recebido para publicação em 21/01/2015 - Aceito para publicação em 24/05/2015 Rev Bras Oftalmol. 2016; 75 (2): 156-9 RBO Mar_aBR 2016 _Português_Revisão_05.pmd 156 7/3/2016, 22:15 157 Glaucoma secundário a fístula carótido-cavernosa INTRODUÇÃO A s fístulas carótido-cavernosas são uma causa rara, porém grave, de glaucoma secundário por aumento da pressão venosa episcleral. Podem ser traumáticas ou espontâneas(1–5). Estas últimas são mais frequentes em mulheres de meia-idade ou mais velhas, sem história de trauma. Nestes casos, uma pequena fístula é alimentada por um ramo meníngeo da artéria carótida interna intracavernosa ou da artéria carótida externa, que drena diretamente no seio cavernoso ou na veia dural adjacente(5,6). A mistura do sangue arterial e venoso leva a uma redução na pressão arterial e aumento na pressão venosa orbital, que aumenta a pressão venosa episcleral(5). Os pacientes podem apresentar veias episclerais e conjuntivais ingurgitadas, proptose mínima e presença de pulsação ou sopro(8). A maioria dos pacientes apresenta pressão intraocular (PIO) elevada(5,7,9). Figura 1: Engurgitamento episcleral em OD. RELATO DE CASO T.G.S., 72 anos, negra, sexo feminino, deu entrada no Pronto-Socorrro do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (HC-UFTM) com quadro de hiperemia conjuntival, quemose, dor e sensação de pulsação em olho direito há 3 meses. Estava em uso de Glalfital ® (cloridrato de dorzolamida 20m/mL e maleato de timolol 5mg/mL, Teuto Brasileiro S.A., Brasil) e Glaub® (tartarato de brimonidina 2mg/mL, União Química Farmacêutica Nacional S.A., Brasil) duas vezes ao dia no mesmo olho. Exame oftalmológico: Acuidade visual sem correção: 20/ 100 no olho direito (OD) e 20/40 no olho esquerdo (OE), proptose e engurgitamento episcleral no OD (Figuras 1 e 2) assim como catarata cortico-nuclear incipiente em ambos olhos (AO). Pressão intraocular (PIO) de 21 mmHg no OD e 10mmHg no OE aferidas por tonometria de aplanação de Goldmann (AT900, Haag Streit AG, Suiça). Ao exame fundoscópico notavam-se tortuosidade e ingurgitamento dos vasos além de pontos de hemorragia em arcada temporal superior. Apresentava relação escavação/disco (E/D) de 0,7 AO. Exame oftalmológico prévio realizado em 2004 demonstrava PIO de 14 mmHg no OD e 13 mmHg no OE, com relação E/D de 0,6 AO. À ressonância nuclear magnética (RNM) de crânio evidenciou-se: proptose grau III em OD, hipertrofia de ventres musculares e hipersinal em T2 da musculatura extrínseca, dilatação das veias oftálmicas superior e inferior à direita. A fístula não foi visualizada à angioressonância. Na arteriografia foi evidenciada fístula dural para o seio cavernoso à direita, com refluxo para as veias orbitárias ipsilaterais (Figura 3). O caso então foi encaminhado para o setor de Neurocirurgia que realizou o tratamento com agente líquido de embolização. Após a confirmação de fístula dural para o seio cavernoso direito com refluxo para as veias orbitárias superior e inferior, foi feita a microcateterização junto da artéria do forame redondo. Em seguida, foi injetado Onyx® (copolímero EVOH, Micro Therapeutics Inc, EUA) pelo microcatéter que preencheu todos os pontos fistulares, inclusive os provenientes dos troncos ínfero-lateral e meningo-hipofisário da artéria carótida interna esquerda. O compartimento de drenagem da fístula no seio cavernoso direito e as veias orbitárias superior e inferior também foram devidamente preeenchidos. O controle final bilateral evidenciou oclusão da fístula dural, com preservação do fluxo arterial circunjacente. Figura 2: Proptose e engurgitamento episcleral em OD Figura 3: Arteriografia. Observa-se fístula dural para o seio cavernoso à direita, com refluxo para as veias orbitárias ipsilaterais (seta). Após o tratamento cirúrgico, a paciente apresentou melhora completa da proptose e congestão dos vasos episclerais, porém manteve a pressão intraocular, sem medicação antiglaucomatosa, de 21 mmHg em OD e 14 mmHg em OE. Foi reiniciado tratamento com maleato de timolol 0,5% e Rev Bras Oftalmol. 2016; 75 (2): 156-9 RBO Mar_aBR 2016 _Português_Revisão_05.pmd 157 7/3/2016, 22:15 158 Carvalho RA, Delloiagono HS, Jammal AA, Resende GM, Angotti HS dorzolamida 2% tópicos. Paciente perdeu seguimento ambulatorial e retornou após um ano em uso apenas de maleato de timolol 0,5%, apresentando PIO de 23 mmHg OD e 13 mmHg OE, E/D 0,8 com afilamento inferior e 0,7 nos olhos direito e esquerdo, respectivamente. À gonioscopia observaram-se goniossinéquias 270 graus, preservando o ângulo aberto apenas na região inferior. A paciente apresentou ainda escotoma arqueado superior em OD ao campo visual, porém teste mostrouse pouco confiável devido à dificuldade de compreensão da paciente, sendo repetido e apresentando resultados semelhantes (Figura 4). Foi acrescentada dorzolamida 2% ao esquema terapêutico, obtendo controle satisfatório da PIO. Figura 4: Campo visual. 24-2. Estatégia SITA. Humphrey HFA-II (Carl Zeiss Meditec, Dublin, CA, USA) DISCUSSÃO As fístulas carótido-cavernosas são uma causa rara de glaucoma secundário e se referem a uma pequena comunicação vascular alimentada por um ramo meníngeo da artéria carótida interna intracavernosa ou da artéria carótida externa, que drena diretamente no seio cavernoso ou na veia dural adjacente(5,6). Ocorrem geralmente em mulheres de meia-idade ou na pós-menopausa, mas podem acontecer em qualquer sexo ou em qualquer idade(7). As fístulas espontâneas são responsáveis por aproximadamente 25% dos casos, mas a causa traumática é a mais prevalente(1-7). A patogênese das fístulas espontâneas é controversa. Acredita-se que as fístulas durais formem-se após a ruptura da frágil parede de uma o mais artérias durais que normalmente saem através do seio cavernoso ou que se desenvolvam por uma tentativa de fornecer uma circulação venosa colateral em resposta a trombose espontânea das veias presentes no seio cavernoso (7). A maioria dos pacientes apresenta PIO elevada(5,7,9). O mecanismo envolvido na elevação da PIO está bem compreendido: deve-se à reversão da drenagem do sangue arterial que promove mistura entre sangue arterial e venoso e leva a uma redução na pressão arterial e aumento na pressão venosa orbital resultando num aumento da pressão venosa episcleral, influen- ciando diretamente no aumento da resistência ao escoamento do humor aquoso na área da malha trabecular(5-9). Os pacientes podem apresentar ainda veias episclerais e conjuntivais ingurgitadas, proptose mínima e presença de pulsação ocular ou sopro(8). A presença e intensidade desses sintomas não se devem apenas ao tamanho da fístula, mas está mais diretamente relacionada com a circulação colateral venosa previamente estabelecida, que pode reduzir a carga final nas veias oftálmicas(2). O glaucoma de ângulo fechado foi associado a fístulas arteriovenosas(9). Acredita-se que a pressão elevada nas veias vorticosas leva a congestão e edema do corpo ciliar e coróide, produzindo, assim, o deslocamento anterior do diafragma iridocristaliniano e, em última instância, a uma câmara anterior mais rasa(9). Na literatura, o sucesso do fechamento dessas fístulas através de embolização variou de 58% a 100%(10). Neste caso, a embolização mostrou-se eficaz no fechamento anatômico da fístula e na reversão da sintomatologia associada, exceto na resolução do aumento da PIO, o que pode ser explicado, em parte, pelo desenvolvimento de glaucoma de ângulo fechado pela presença de goniossinéquias em 270º (11). REFERÊNCIAS 1. Keltner JL, Satterfield D, Dublin AB, Lee BCP. Dural and carotid cavernous sinus fistulas: diagnosis, management, and complications. Ophthalmology. 1987;94(12):1585–600. Rev Bras Oftalmol. 2016; 75 (2): 156-9 RBO Mar_aBR 2016 _Português_Revisão_05.pmd 158 7/3/2016, 22:15 159 Glaucoma secundário a fístula carótido-cavernosa 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. Henderson JW, Schneider RC. The ocular findings in carotidcavernous fistula in a series of 17 cases. Am J Ophthalmol. 1959;48:585–97. Sanders MD, Hoyt WF. Hypoxic ocular sequelae of carotid-cavernous fistulae: study of the causes of visual failure before and after neurosurgical treatment in a series of 25 cases. Br J Ophthalmol. 1969;53(2):82–97. Palestine AG, Younge BR, Piepgras DG. Visual prognosis in carotid-cavernous fistula. Arch Ophthalmol. 1981;99(9):1600–3. Phelps CD, Thompson HS, Ossoinig KC. The diagnosis and prognosis of atypical carotid-cavernous fistula (red-eyed shunt syndrome). Am J Ophthalmol. 1982;93(4):423–36. Grove Jr AS. The dural shunt syndrome. Pathophysiology and clinical course. Ophthalmology. 1984;91(1):31–44. Grumann AJ , Boivin-Faure L, Chapot R, Adenis JP, Robert PY. 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Tel: (31) 9100-1111 FAX: (34) 3318-5584 E-mail: [email protected] Rev Bras Oftalmol. 2016; 75 (2): 156-9 RBO Mar_aBR 2016 _Português_Revisão_05.pmd 159 7/3/2016, 22:15 160 A R TIG O DE R EV ISÃ O A plicações clínicas do princípio de Scheim pflug na O ftalm ologia C linical applications of the Scheim pflug principle in O phthalm ology Fernando Faria-C orreia1 , R enato A m brósio Jr.2 R ESU M O E ste artigo apresenta um a revisão dos princípios e das aplicações clínicas do princípio de Scheim pflug na área da im agiologia do segm ento anterior.A o disponibilizar um a im agem tridim ensional do segm ento anterior,esta tecnologia perm ite a caraterização da elevação e curvatura das superfícies anterior e posterior da córnea,o m apeam ento paquim étrico,o cálculo do poder refrativo total da córnea e a biom etria do segm ento anterior.N a subespecialidade de cirurgia refrativa,esta abordagem m elhora a capacidade de identificação de casos com risco de desenvolver ectasia,bem com o de planeam ento e de avaliação dos resultados dos procedim entos cirúrgicos. R ecentem ente, esta tecnologia foi introduzida na avaliação biom ecânica in vivo da córnea e na cirurgia de catarata assistida por laser de fem tossegundo. D escritores:Scheim pflug;Tom ografia;B iom ecânica;C órnea;C atarata;C irurgia refrativa A BSTRA C T T his article presents a review of the principles and clinicalapplications of the Scheim pflug principle in the anterior segm entim aging.B y providing a three-dim ensionalim age of the anterior segm ent,this technology provides elevation and curvature data of the anterior and posterior surfaces of the cornea,pachym etric m apping,the totalrefractive pow er ofthe cornea and the anterior segm entbiom etry.For the refractive surgery sub-specialty, this approach im proves the ability to identify cases at risk of ectasia, as w ell as the planning and evaluation of the results of surgical procedures.R ecently,this technology w as introduced in corneal biom echanicalin vivo evaluations and in fem tosecond laser-assisted cataract surgery. K eyw ords:Scheim pflug;Tom ography;B iom echanics;C ornea;C ataract;R efractive surgery 1 Escola das C iências da Saúde, U niversidade do M inho, B raga, Portugal; G rupo de Estudos de Tom ografia e B iom ecânica da C órnea do R io de Janeiro, R io de Janeiro, R J, B rasil. 2 U niversidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP, B rasil; G rupo de Estudos de Tom ografia e B iom ecânica da C órnea do R io de Janeiro, R io de Janeiro, R J, B rasil O s autores declaram não haver conflito de interesses. R ecebido para publicação em 10/07/2015 - A ceito para publicação em 07/10/2015 R ev B ras O ftalm ol. 2016; 75 (2): 160-5 A plicações clínicas do princípio de Scheim pflug na O ftalm ologia 161 IN TRO D U Ç Ã O O s avanços na capacidade de diagnóstico têm sido críticos para a evolução da cirurgia refrativa,que surgiu com o u m a n ova su b especialid ade n o in ício de 1980.(1) A m elhoria dos m étodos de im agem da córnea e do segm ento anterior está relacionada com a necessidade contínua de aum entar a segurança e eficácia dos procedim entos cirúrgicos.(2) A ssociado a um a m elhor seleção dos candidatos para a cirurgia refrativa,a evolução das tecnologias de diagnóstico favoreceu drasticam ente as capacidades de planeam ento cirúrgico,incluindo a personalização de tratam entos de ablação a laser,bem com o a avaliação dos resultados e das com plicações desses procedim entos.(3-8) E sse conhecim ento tam bém teve im pacto na seleção do tipo e potência da lente intra-ocular a ser im plantada na cirurgia de catarata.(9,10) P ara além disso,o tratam ento de casos com plexos,com o ceratocone,distrofias corneanas e outras causas de astigm atism o irregular,tam bém apresentou progressos devido aos avanços na im agiologia da córnea e do segm ento anterior.(11-15) Inicialm ente,o principalobstáculo foram as lim itações inerentes à tecnologia inform ática.O desenvolvim ento tecnológico perm itiu a aquisição e a análise de im agens,tendo sido fundam entalna evolução da topografia corneana.Stephen K lyce,P hD , é reconhecido por ter desenvolvido m apas de cores derivados da análise quantitativa de vários pontos dos m apas de curvatura corneana.(16) A análise das im agens refletidas do disco P lácido tem sido a técnica dom inante para a análise da superfície anterior da córnea.(2) A lternativam ente,a fotogram etria em varredura usa um a técnica de estéreo-triangulação, em que um padrão regular com posto de linhas horizontais e verticais é projetado sobre a superfície ocular para reconstruir a elevação da superfície anterior da córnea.(17) M ichaelB elin,M D ,desenvolveu a base para o cálculo dos m apas de elevação em relação a um a superfície de referência,sendo definida por um a form a geom étrica (esférica,asférica ou tórica elipsóide) que m elhor se ajusta à superfície real da córnea.(17, 18) T anto o disco de P lácido com o a fotogram etria em varredura são capazes de calcular os m apas de curvatura axial(sagital) e tangencial (instantâneo),de elevação e refrativos da superfície anterior da córnea. O utros sistem as, tais com o o sensor de H artm ann-Shack para análise da frentede-onda, tam bém incorporam um dispositivo de análise da topografia corneana.(2) N o entanto, estes aparelhos estão lim itados à análise da superfície anterior da córnea.(19) R elativam en te à m edição d a espessu ra d a córn ea, o paquím etro ótico foi apresentado por D avid M aurice, P hD , em 1955.(20) A técnica ultrassónica dem onstrou ter m aior repetibilidade do que a paquim etria ótica,m as apenas proporcionava dados de um único ponto.19-21 M andell e Polse propuseram o estudo do perfil horizontal da espessura da córnea, recorrendo a um paquím etro ótico m odificado. N este contexto, a variação de espessura no m eridiano horizontaldem onstrou ser um recurso para o diagnóstico de ceratocone.(22) O desenvolvim ento da tom ografia de segm ento anterior perm itiu a avaliação do perfilda espessura corneana a partir do m apeam ento paquim étrico.(23, 24) Tom ografia (deriva do grego: “tom os” significa fatia e “grafia” significa descrever) é um conceito que representa a reconstrução tridim ensionalda córnea,oferecendo inform ação detalhada sobre a espessura e as superfícies anterior e posterior da córnea.(19) D iferentes tecnologias,tais com o o varrim ento horizontal em fenda, câm ara rotacional de Scheim pflug, ultrassons de alta frequência e a tom ografia de coerência ótica, estão disponíveis com ercialm ente em diversos instrum entos.(19, 25) O s avan ços da im agiologia de có rnea foram além da caraterização to m o gráfica. O co n ceito d e p erso n alização biom ecânica em cirurgia refrativa foi introduzido por C ynthia R oberts,P hD ,em 2005.(26) O O cular R esponse A nalyzer (O R A R eichert Inc., D epew , E U A ) foi apresentado com o o prim eiro dispositivo para avaliar in vivo a biom ecânica da córnea.(27,28) O O R A é um tonóm etro de não-contato (N C T ), que utiliza um sistem a eletro-quantitativo para controlar a deform ação da F igura 1:E squem a do princípio de Scheim pflug córnea através do reflexo corneano de um a luz infraverm elha. O utras tecnologias, tais com o a im agem de Scheim pflug e a tom ografia de coerência ótica,foram tam bém recentem ente introduzidos para fornecer m edidas dinâm icas da deform ação da córnea.(29,30) F inalm ente,a im agiologia da córnea e do segm ento anterior foi tam bém aplicada na cirurgia de catarata assistida por laser de fem tossegundo.(31-33) E sta revisão incide sobre a aplicação do princípio de Scheim pflug na cirurgia refrativa a laser,incluindo a sua capacidade de diagnóstico e de avaliação biom ecânica da córnea,bem com o a sua recente utilidade no planeam ento da cirurgia de catarata assistida por laser de fem tossegundo. P rincípio de Scheim pflug O princípio de Scheim pflug é um a regra geom étrica geralm ente usada na área da fotografia.E ste conceito foidescrito pela prim eira vez por Jules C arpentier,em 1901, tendo sido citado e creditado na patente original por T heodor Scheim pflug em 1904.(34) N esta técnica,três planos im aginários – o plano do film e, o plano da lente e o plano de focagem - estão dispostos de form a não paralela (Figura 1).A lente é inclinada para que o plano da lente resultante intercepte os planos do film e e de focagem num a linha de interseção, designada por linha de Scheim pflug. N um a câm era fotográfica norm al,o plano do film e e o plano de lente são paralelos um ao outro,e tam bém em relação ao plano de focagem . E ste princípio perm ite aum entar a profundidade de foco e a nitidez dos pontos da im agem localizados em diferentes planos.(34) Im agem de Scheim pflug da córnea e do segm ento anterior A fotografia de Scheim pflug foi usada na im agiologia do segm ento an terior p elo s d isp o sitivo s E A S 1000 d a N idek (G am agori,Japão) e SL -45 da Topcon (T óquio,Japão).(35,36) E stes sistem as apresentavam a capacidade de m edir a dispersão da luz ao longo do eixo ótico,perm itindo a detecção de m udanças na transparência do cristalino ao longo do tem po.(35) A ssociado à densitom etria ótica,o registo dessas im agens tam bém oferecia m edições biom étricas do segm ento anterior,tais com o a profundidade da câm ara anterior e m edidas de ângulo periférico.(37) N o en tan to, estes sistem as não realizavam a reco nstrução tridim ensional do segm ento anterior.(34) E m 1995, o seccionam ento transversal ótico para análise da córnea foiintroduzido com ercialm ente pela prim eira vez com o O rbscan [(originalm ente O rbtek,Inc) B ausch & L om b Surgical, Salt L ake C ity,E U A ].(38-42) E ste instrum ento foi projetado para fornecer dados tom ográficos (reconstrução tridim ensional),m as a nom enclatura em relação ao conceito “tom ografia” ainda não estava definida,de m odo que ainda foi referida com o “topografia”.(19, 38, 42) E ste sistem a introduziu a técnica im agiológica de varrim ento em fenda ou a m etodologia de paralelepípedo, envolvendo a projeção de 40 fendas (12,50 m ilím etros de altura e 0,30 m m de largura) com um ângulo de Scheim pflug de 45 graus. N o entanto,as im agens em fenda do O rbscan não apresentam a R ev B ras O ftalm ol. 2016; 75 (2): 160-5 162 Faria-C orreia F ,A m brósio Jr.R F igura 2:Im agem de Scheim pflug da córnea e do segm ento anterior F igura 3:C âm era de iris frontalde alta resolução m esm a profundidade de cam po em com paração com as obtidas pelos sistem as de Scheim pflug (Figura 2).N a sua prim eira versão, o O rbscan fornecia inform ações da curvatura anterior extrapoladas a partir de dados de elevação. E m 1999, um disco de P lácido foi integrado no O rbscan II para obter diretam ente dados da curvatura anterior. A tom ografia digital com câm ara de Scheim pflug rotativa tem sido reconhecida com o um a evolução da seção transversal h o rizon tal (m eto do lo gia d o p aralelep íped o ) n a avaliação tom ográfica da córnea e do segm ento anterior.A pesar da captura de im agens horizontais não ter pontos em com um , o sistem a rotativo tem um centro em com um a todas a im agens,o que faz com que o registo seja m ais preciso.(43,44) O P entacam (O culus, F igura 4:A nálise detalhada de um a córnea norm al,incluindo o m apa de curvatura frontal (sagital) usando a escala absoluta de S m o lek -K lyce, o B A D e a avaliação biom ecânica com o C orV IS ST.B A D -D <1,45, A R T-M ax > 412 e “C orvis Fator 1” < 0,2 são os achados m ais relevantes.A R T,A m brósio R elationalT hickness;B A D ,B elin-A m brósio E nhanced E ctasia D isplay R ev B ras O ftalm ol. 2016; 75 (2): 160-5 W etzlar,A lem anha),foio prim eiro sistem a disponívelque realizou a tom ografia digital da córnea e do segm ento anterior utilizando fotografia de Scheim pflug rotacional.E ste dispositivo foi apresentado em 1999 e introduzido com ercialm ente em 2002.O P entacam integra, juntam ente com a câm ara rotacional de Scheim pflug,um a segunda câm ara frontalpara controlar a fixação e com pensar o alinham ento ocular. N o m odo de aquisição,um alinham ento idealé obtido com o prim eiro reflexo de P urkinje na córnea,usando tanto a câm ara frontalcom o a de Scheim pflug,antes de iniciar autom aticam ente o exam e.U m a segunda câm era frontalde alta resolução regista o tam anho e a orientação da abertura pupilar, servindo com o orientação para a reconstrução tridim ensional.E sta câm era fornece tam bém as m edições branco-a-branco e de tam anho pupilar (Figura 3).A análise da im agem tridim ensional de Scheim pflug fornece dados a partir da superfície anterior e posterior da córnea, da face anterior da íris e do cristalino. C om o o sistem a recorre à luz azulvisível(com prim ento de onda de 475 nm ,livre de radiação ultravioleta no P entacam ),esta é sensívela opacidades da córnea,resultando em im agens hiperrefletivas e de contorno im preciso.D evido à reflexão interna totalda córnea periférica,a visualização direta do ângulo da câm ara anterior não é possível.N o entanto,o softw are de extrapolação é capaz de fornecer um a estim ativa do ângulo iris-córnea com precisão relativam ente alta.(45) A tualm ente,existem outras unidades com erciais que incorporam a tecnologia de im agem de Scheim pflug rotacional, nom eadam ente o G alilei (Z iem er, Suíça), o T M S-5 (Tom ey,N agoya,Japão);o Sirius (C SO ;F lorença,Itália) e o P reciso (Ivis Technologies,Taranto,Itália).A tabela 1 expõe as capacidades de diagnóstico de todos os dispositivos com tecnologia de im agem de Scheim pflug. Tom ografia de córnea através do princípio de Scheim pflug para rastreio de ectasia U m a das aplicações m ais im portantes da tom ografia de córnea está relacionada com o diagnóstico de ceratocone e de outras doenças ectásicas da córnea.(3,46-49) O s índices paquim étricos e de elevação dem onstraram ser eficazes para detetar ceratocone.(50-52) O s gráficos do perfil espacial e do aum ento percentual da espessura corneana descrevem o aum ento paquim étrico anelar desde o ponto m ais fino.(23, 24, 51) E stes gráficos estão disponíveis no P entacam e têm sido usados com sucesso no diagnóstico de ceratocone.(24, 50, 53) O s índices de progressão paquim étrica (P P I) são calculados para todos sem im eridianos da córnea, de m odo F igura 5:A nálise detalhada de am bos os olhos do m esm o paciente com ceratocone m uito assim étrico.A .C eratocone no m apa de curvatura anterior, B A D -D > 2.5,A R T-M ax < 360 e “C orvis Fator 1” > 0,35;B .Form a Fruste de C eratocone com m apa de curvatura anterior relativam ente norm al,m as com B A D -D > 1,45,A R T-M ax < 412 e ‘C orvis Fator 1" >0,25.A R T, A m brósio R elationalT hickness;B A D ,B elin-A m brósio E nhanced E ctasia D isplay A plicações clínicas do princípio de Scheim pflug na O ftalm ologia 163 Tab ela 1 Q u ad ro co m p arativo d e in stru m en to s co m im ag em d e S ch eim p flu g C om panhia Fotografia Pentacam O culus,A lem anha R otacional G alilei Z iem er,Suiça R otacional T M S-5 Tom ey,Japão R otacional P recisio Ivis,Itália R otacional Sirius C SO ,Itália R otacional N ão Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim O rbscan B ausch& L om b,E U A Seção transversal horizontal Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim N ão Sim Sim N ão Sim Sim N ão Sim Sim N ão N ão Sim N ão Sim Sim N ão Sim Sim D isco de P lácido M apas de elevação M apa de poder refrativo da córnea M apa paquim étrico G ráficos do perfil espacialda espessura A nálise de catarata A nálise da câm ara anterior Tab ela 2 R esu ltad o s d as cu rvas “receiver o p eratin g ch aracteristic” (R O C ) d o s p arâm etro s d o P en tacam (331 p acien tes n o rm ais vs. 242 p acien tes co m cerato co n e clín ico b ilateral). BA D D E levação posterior no ponto m ais fino (B F S) E levação posterior no ponto m ais fino (B FT E ) A R T A vg A R T M ax K M ax V alor corte AU C E rro P adrão a 95% IC da A U C b Sensibilidade 95% IC da especificidade E specificidade 95% IC da especificidade > 2.11 1 0.0000743 0.993- 1.000 99.59 97.7-100.0 100 98.9-100.0 > 12 0.991 0.00396 0.979-0.997 96.28 93.1-98.3 98.79 96.9-99.7 >8 474 386 > 47.8 0.994 0.999 0.999 0.978 0.00218 0.000663 0.000674 0.00633 0.984-0.999 0.991-1.000 0.991-1.000 0.963-1.000 95.04 99.59 99.17 90.50 91.5-97.4 97.8-100.0 97.0-99.9 86.1-93.9 99.09 98.19 97.28 97.89 97.4-99.8 96.1-99.3 94.9-98.7 95.7-99.1 a M étodo para cálculo do erro padrão (D eL ong,1988), listado no softw are do M edC alc. b 95% C I, intervalo de confiança; A U C , área sob a curva “receiver operating characteristic”. A R T A ve,A m brósio’s R elational T hickness m édio;A R T M ax,A m brósio’s R elational T hickness m áxim o;B A D -D , valor D -final do B elin-A m brósio E nhanced E ctasia D isplay;B F S,B est F it Sphere;B F T E ,B est F itToric E llipsoid;K M ax,valor de ceratom etria m áxim a;SE ,E rro padrão,calculado pelo m étodo binom ial. Tab ela 3 R esu ltad o s d as cu rvas “receiver o p eratin g ch aracteristic” (R O C ) d o s p arâm etro s d o P en tacam (331 p acien tes n o rm ais vs. 47 p acien tes co m fo rm a fru ste d e cerato co n e) BA D D E levação posterior no ponto m ais fino (B FS) E levação posterior no ponto m ais fino (B FT E ) A R T A vg A R T M ax K M ax V alor de corte AU C E rro Padrão 95% IC da A U C Sensibilidade 95% IC da sensibilidade E specificidade 95% IC da especificidade > 1.22 0.975 0.0121 0.954-0.989 93.62 82.5-98.7 94.56 91.5-96.7 >5 0.825 0.0348 0.783-0.862 74.47 59.7-86.1 74.92 69.9-79.5 >1 521 416 > 45 0.849 0.956 0.959 0.635 0.0324 0.0203 0.0153 0.0431 0.809-0.883 0.930-0.974 0.934-0.977 0.584-0.683 80.85 91.49 85.11 53.19 66.7-90.9 79.6-97.6 71.7-93.8 38.1-67.9 72.51 93.05 93.05 64.05 67.4-77.2 89.8-95.5 89.8-95.5 58.6-69.2 a M étodo para cálculo do erro padrão (D eL ong,1988), listado no softw are do M edC alc. b 95% C I, intervalo de confiança; A U C , área sob a curva “receiver operating characteristic”. A R T A ve,A m brósio’s R elational T hickness m édio;A R T M ax,A m brósio’s R elational T hickness m áxim o;B A D -D , valor D -final do B elin-A m brósio E nhanced E ctasia D isplay;B F S,B est F it Sphere;B F T E ,B est F itToric E llipsoid;K M ax,valor de ceratom etria m áxim a;SE ,E rro padrão,calculado pelo m étodo binom ial. que a m édia de todos os m eridianos (P P I A ve) e do m eridiano com m áxim a progressão paquim étrica (P P I M ax) sejam notificados.O parâm etro “A m brósio R elationalT hickness” (A R T ) representa a razão entre o P P I e o ponto m ais fino. O “B elin-A m brósio E nhanced E ctasia D isplay” (B A D ;Figuras 4 e 5) perm ite um a visão global da estrutura tom ográfica da córnea através com binação de dados da elevação anterior e posterior,da paquim etria e da curvatura.O B A D considera os desvios da norm alidade para diferentes parâm etros,de m odo que um valor de zero representa a m édia da população norm al e um representa o valor de um desvio padrão em direção do valor da doença (ectasia).(3) O ‘D ’ final é calculado com base num a análise de regressão, que pondera diferentem ente os diversos parâm etros.A lternativam ente,Saad e G atinel desenvo lveram u m m éto d o eficien te d e co m b in ação d e d ad o s p aq u im étrico s e d e elevação d o O rb scan em fu n çõ es d iscrim in an tes p ara d etetar ceratoco n e e fo rm a fruste d e ceratocone (F F K C ).(54) A s tabelas 2 e 3 fornecem os valores de corte e os detalhes das curvas “receiver operating characteristic” (R O C ) dos parâm etros m ais eficazes do P entacam para identificar córneas com ectasia.A tabela 2 refere-se a um estudo envolvendo um olho aleatoriam ente selecionado a partir de 331 pacientes norm ais e de 242 pacientes com ceratocone clínico bilateral.(3) R ev B ras O ftalm ol. 2016; 75 (2): 160-5 164 Faria-C orreia F ,A m brósio Jr.R C uriosam ente,o fato de que o rastreio do risco de ectasia deve ir além da deteção de ceratocone,é fundam entalconsiderar os estudos que incluem form as leves ou subclínicas da ectasia.(3, 55) U m dos subgrupos m ais im portante é o constituído por olhos com topografia relativam ente norm al de pacientes com ceratocone detetado no olho contralateral,sendo referidos com o F F K C .(3,54,56) A tabela 3 refere-se a um estudo que incluiu 47 córneas com F F K C e o m esm o grupo de controle do estudo da(57) tabela 2. É de im portância crítica ajustar os valores de corte para identificação desses casos leves ou de susceptibilidade para ectasia.Por exem plo,o B A D -D tem um valor de corte de 2,11 para detectar ceratocone (99,59% de sensibilidade e 100% de especificidade;Tabela 2),m as o m elhor valor de corte valor para detectar F F K C é de 1,22 (93,62% de sensibilidade e 94,56% de especificidade).A otim ização da área sob a curva R O C pode ser possível com o ajuste do valor de corte, em b o ra co m u m a p erd a m ín im a e to lerável d o valo r d a especificidade.Por exem plo,alguns parâm etros que são m uito eficientes na detecção de ceratocone, com o por exem plo a ceratom etria m áxim a,podem ter não utilidade na identificação de casos com F F K C . Im agiologia dinâm ica de Scheim pflug para avaliar a deform ação corneana O C orV IS ST (O culus,W etzlar,A lem anha) é um N C T com um a câm era de Scheim pflug de alta velocidade que foi lançado em 2010.(3,29) A câm ara Scheim pflug acoplada cobre os 8,5 m ilím etros horizontais da córnea e, captura m ais de 4300 im agens por segundo para m onitorar a resposta da córnea a um sopro de ar colim ado e calibrado.O pulso de ar tem um perfilfixo com configuração sim étrica e com pressão interna m áxim a da bom ba de 25 kP a.(29) D urante o tem po de gravação de 30 m s são adquiridas 140 im agens digitais com 576 pontos de m edição em cada um a.A lgoritm os avançados de detecção dos contornos da córnea são aplicados a cada im agem .A m edição é iniciada com a córnea na sua form a convexa natural.O sopro de ar força a córnea para dentro (ingoing phase),passando por um m om ento de aplanação (ingoing aplannation), num a fase de concavidade até que esta atinge o seu ponto m áxim o. H á um período de oscilação antes de com eçar a fase de saída ou de retorno (outgoing phase).A córnea passa por um segundo m om ento de aplanação (outgoing applanation) até regressar à sua form a natural. U m possível m ovim ento de ressalto pode ocorrer nesta fase da m edição. O tem p o e a p ressão n o p rim eiro e segu n d o m o m en to s d e ap lan ação e q u an d o a có rn ea atin ge o p o n to m áxim o d e concavidade são registados.A pressão intra-ocular (P IO ) é calculada com base nos dados de deform ação.A am plitude de deform ação é detectada com o o m aior deslocam ento do ápice corneano na im agem correspondente ao m om ento de m aior concavidade.O raio de curvatura na fase de m aior concavidade, os com prim entos e as velocidades da córnea durante as fases de aplanação são tam bém registados.O valor de m enor espessura corneana está tam bém disponível e é derivado a partir da prim eira im agem de Scheim pflug horizontal.(29) O s resultados prelim inares dem onstraram que a P IO tem influência forte e significativa sobre os parâm etros de deform ação da córnea. N um estudo envolvendo um m odelo da câm ara anterior do olho com posto por lentes de contato hidrofílicas m ontadas num a câm ara de água selada e com pressão ajustável, foram avaliadas três lentes com constituição conhecida sob níveis de pressão diferentes.(58) C ada lente apresentou diferentes am plitudes de deform ação nos níveis de pressão avaliados,que foram m aiores (com portam ento m enos rígido) com níveis de pressão m enor (P < 0,001;teste de B onferroniposthoc).C uriosam ente,quando avaliadas sob a m esm a pressão interna,a am plitude de deform ação dem onstrou estar inversam ente relacionada com a percentagem de polím ero na com posição da lente.N o entanto,a lente m ais fina e com m enos polím ero tinha um a am plitude de deform ação inferior (com portam ento m ais rígido) em pressões m ais elevadas do que as lentes m ais grossas e com m ais percentagem de polím ero sob pressões m ais baixas.A lém R ev B ras O ftalm ol. 2016; 75 (2): 160-5 disso, o im pacto da redução da P IO na deform ação corneana tem sido bem docum entado em diversas situações clínicas, nom eadam ente um caso de ceratopatia induzida por pressão.(59) E studos que com pararam córneas norm ais e com ceratocone encontraram diferenças estatisticam ente significativas para a m aioria dos parâm etros de deform ação fornecidos pelo C orV IS, m as com um a sobreposição relativam ente alta entre os grupos,o que lim ita as suas aplicações diagnósticas. A com binação de parâm etros usando a análise discrim inante linear e outras técnicas de inteligência artificial tem sido objeto de intensos estudos pelo B razilian Study G roup ofA rtificialIntelligence and C orneal A nalysis (B rA In). Por exem plo, o “C orvis Factor 1” foi eficaz para m elhorar a capacidade de distinguir as córneas norm ais das com ectasia, incluindo casos de F F K C (P < 0,001, teste de K ruskall-W allis com teste post-hoc de D unn).(3) Juntam ente com o diagnóstico de ectasia,o estudo biom ecânico com a tecnologia de Scheim pflug foi eficiente na avaliação das alterações após o crosslinking (R oberts,dados não publicados de 2011).N os estudos realizados na U niversidade do E stado de O hio, no 1º m ês após o procedim ento, um a am plitude de deform ação m enor (P < 0,0014) foiregistada.E ste resultado foijustificado pelo aum ento da rigidez da córnea após o procedim ento. A integração de dados biom ecânicos e tom ográficos dem onstrou um a m elhoria significativa na identificação de form as m uito leves de ectasia (F igura 5).Isto tam bém tem que ser considerado ao avaliar o risco de progressão da ectasia e o prognóstico de ceratocone. N um estudo envolvendo 119 olhos com córneas norm ais e 19 olhos com F F K C ,um parâm etro com binado derivado avaliações tom ográficas e biom ecânicas foiconcebido,tendo apresentado um a área sob a curva R O C de 0,999.E ste parâm etro com binado apresentou um a sensibilidade de 100% e um a especificidade de 99,2% .(3) Im agem de Scheim pflug na cirurgia de catarata assistida por fem tosegundo A cirurgia de catarata assistida por laser de fem tossegundo depende fundam entalm ente da im agiologia do segm ento anterior para guiar as incisões corneanas,a capsulorréxis curvilínea e contínua e a fragm entação da catarata.(33) O L E N SA R L aser System (L E N SA R Inc.,W inter P ark,E U A ) incorpora um a ilum inação confocaltridim ensional(3D -C SI),sendo com posta por um transm issor avançado de ilum inação em varredura, que aum enta a precisão da reconstrução tridim ensional, recorrendo à técnica de im agem de Scheim pflug.(60) O sistem a tem um a resolução lateral (x,y) e longitudinal (z) inferior a 10 m icra.A sua capacidade para determ inar a posição das superfícies anterior e posterior do cristalino é aum entada devido ao alto contraste do sistem a ótico nas bordas anatóm icas,que faz com que o 3D -C SI seja relativam ente m enos sensívelà dispersão presente em cataratas de m aior densidade. A dicionalm ente, o 3D -C SI fornece detalhes estruturais porm enorizados da catarata, com o potencialde classificação autom ática da sua densidade.D evido ao traçado de raios óticos,o L E N SA R pode recolher dados biom étricos (incluindo raios de curvatura corneana anterior e posterior, espessura da córnea, profundidade da câm ara anterior, raios de curvatura anterior e posterior do cristalino,e espessura do cristalino),perm itindo tam bém a detecção da inclinação do cristalino em relação ao eixo ótico.(60) O utros sistem as disponíveis no m ercado, nom eadam ente o L enSx (A lcon L ab oratories, F t W orth, Texas, E U A ), o C atalys (O ptiM edica C orp, C alifornia, E U A ) e o V ictus Technolas (B ausch & L om b/Technolas P erfect V ision G m bH ,A lem anha) usam a tom ografia de coerência ótica (O C T ) para avaliar a localização das estruturas intraoculares.(33) C O N C LU SÃ O A técnica de im agem de Scheim pflug vaicoexistir com outras tecnologias,com o o O C T e os ultrassons de alta frequência, m as terá um papelevolutivo na área da cirurgia refrativa a laser. O s avanços contínuos são esperados para o reforço das capaci- A plicações clínicas do princípio de Scheim pflug na O ftalm ologia dades de diagnóstico e de planeam ento cirúrgico. Sistem as inform áticos m ais rápidos e câm eras de alta resolução terão tam bém um papel significativo nessa evolução.A lém disso,a inteligência artificial apresenta um a relevância fundam ental,de form a a aum entar a segurança e a eficácia de tratam entos refrativos personalizados. R EFERÊN C IA S 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. 26. 27. 28. 29. 30. W ilson SE , K lyce SD .A dvances in the analysis of corneal topography. Surv O phthalm ol. 1991;35(4):269-77. W ilson SE ,A m brosio R .C om puterized cornealtopography and its im portance to w avefront technology.C ornea. 2001;20(5):441-54. A m brosio R ,Jr.,N ogueira L P,C aldas D L ,et al.E valuation of corneal shape and biom echanics before L A SIK .Int O phthalm ol C lin. 2011;51(2):11-38. 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Os comentários dos revisores serão devolvidos aos autores para modificações no texto ou justificativa de sua conservação. Somente após aprovações finais dos revisores e editores, os manuscritos serão encaminhados para publicação. O manuscrito aceito para publicação passará a ser propriedade da Revista e não poderá ser editado, total ou parcialmente, por qualquer outro meio de divulgação, sem a prévia autorização por escrito emitida pelo Editor Chefe. Os artigos que não apresentarem mérito, que contenham erros significativos de metodologia, ou não se enquadrem na política editorial da revista, serão rejeitados não cabendo recurso. Os artigos publicados na Revista Brasileira de Oftalmologia seguem os requisitos uniformes proposto pelo Comitê Internacional de Editores de Revistas Médicas, atualizado em fevereiro de 2006 e disponível no endereço eletrônico http://www.icmje.org Artigo de Revisão: Tem como finalidade examinar a bibliografia publicada sobre um determinado assunto, fazendo uma avaliação crítica e sistematizada da literatura sobre um determinado tema e apresentar as conclusões importantes, baseadas nessa literatura. Somente serão aceitos para publicação quando solicitado pelos Editores. Deve ter: Texto, Resumo, Descritores, Título em Inglês, Abstract, Keywords e Referências. Artigo de Atualização: Revisões do estado-da-arte sobre determinado tema, escrito por especialista a convite dos Editores. Deve ter: Texto, Resumo, Descritores, Título em Inglês, Abstract, Keywords e Referências. Relato de Caso: Deve ser informativo e não deve conter detalhes irrelevantes. Só serão aceitos os relatos de casos clínicos de relevada importância, quer pela raridade como entidade nosológica, quer pela não usual forma de apresentação. Deve ter: Introdução, Descrição objetiva do caso, Discussão, Resumo, Descritores, Título em Inglês, Abstract e Keywords e Referências. Cartas ao Editor: Têm por objetivo comentar ou discutir trabalhos publicados na revista ou relatar pesquisas originais em andamento. Serão publicadas a critério dos Editores, com a respectiva réplica quando pertinente. APRESENTAÇÃO E SUBMISSÃO DOS MANUSCRITOS Preparo do Manuscrito: A) Folha de Rosto deverá conter: • Título do artigo, em português e inglês, contendo entre dez e doze palavras, sem considerar artigos e preposições. O Título deve ser motivador e deve dar idéia dos objetivos e do conteúdo do trabalho; • Nome completo de cada autor, sem abreviaturas, porém se o autor já possui um formato utilizado em suas publicações, deve informar à secretaria da revista; • Indicação do grau acadêmico e/ou função acadêmica e a afiliação institucional de cada autor, separadamente. Se houver mais de uma afiliação institucional, indicar apenas a mais relevante. Cargos e/ou funções administrativas não devem ser indicadas. • Indicação da Instituição onde o trabalho foi realizado; • Nome, endereço, fax e e-mail do autor correspondente; • Fontes de auxílio à pesquisa, se houver; • Declaração de inexistência de conflitos de interesse. O artigo enviado deverá ser acompanhado de carta assinada por todos os autores, autorizando sua publicação, declarando que o mesmo é inédito e que não foi, ou está sendo submetido à publicação em outro periódico e foi aprovado pela Comissão de Ética em Pesquisa da Instituição em que o mesmo foi realizado. A esta carta devem ser anexados: • Declaração de Conflitos de Interesse, quando pertinente. A Declaração de Conflitos de Interesses, segundo Resolução do Conselho Federal de Medicina nº 1595/2000, veda que em artigo científico seja feita promoção ou propaganda de quaisquer produtos ou equipamentos comerciais; • Informações sobre eventuais fontes de financiamento da pesquisa; • Artigo que trata de pesquisa clínica com seres humanos deve incluir a declaração de que os participantes assinaram Termo de Consentimento Livre Informado. Todas as pesquisas, tanto as clínicas como as experimentais, devem ter sido executadas de acordo com a Declaração de Helsinki. A Revista Brasileira de Oftalmologia não endossa a opinião dos autores, eximindo-se de qualquer responsabilidade em relação a matérias assinadas. Os artigos podem ser escritos em português, espanhol, inglês ou francês. A versão “on-line” da revista poderá ter artigos apenas em inglês. A Revista Brasileira de Oftalmologia recebe para publicação: Artigos Originais de pesquisa básica, experimentação clínica ou cirúrgica; Divulgação e condutas em casos clínicos de relevante importância; Revisões de temas específicos, Atualizações; Cartas ao editor. Os Editoriais serão escritos a convite, apresentando comentários de trabalhos relevantes da própria revista, pesquisas importantes publicadas ou comunicações dos editores de interesse para a especialidade. Artigos com objetivos comerciais ou propagandísticos serão recusados. Os manuscritos deverão obedecer as seguintes estruturas: Artigo Original: Descreve pesquisa experimental ou investigação clínica - prospectiva ou retrospectiva, randomizada ou duplo cego. Deve ter: Título em português e inglês, Resumo estruturado, Descritores; Abstract, Keywords, Introdução, Métodos, Resultados, Discussão, Conclusão e Referências. B) Segunda folha Resumo e Descritores: Resumo, em português e inglês, com no máximo 250 palavras. Para os artigos originais, deverá ser estruturado (Objetivo, Métodos, Resultados, Conclusão), ressaltando os dados mais significativos do trabalho. Para Relatos de Caso, Revisões ou Atualizações, o resumo não deverá ser estruturado. Abaixo do resumo, especificar no mínimo cinco e no máximo dez descritores (Keywords) que definam o assunto do trabalho. Os descritores deverão ser baseados no DeCS Descritores em Ciências da Saúde - disponível no endereço eletrônico http://decs.bvs.br/ Abaixo do Resumo, indicar, para os Ensaios Clínicos, o número de registro na base de Ensaios Clínicos (http://clinicaltrials.gov)* C) Texto Deverá obedecer rigorosamente a estrutura para cada categoria de manuscrito. Em todas as categorias de manuscrito, a citação dos autores no texto deverá ser numérica e sequencial, utilizando algarismos arábicos entre parênteses e sobrescritos. As citações no texto deverão ser numeradas sequencialmente em números arábicos sobrepostos, devendo evitar a citação nominal dos autores. Introdução: Deve ser breve, conter e explicar os objetivos e o motivo do trabalho. Rev Bras Oftalmol. 2016; 75 (2): 166-8 RBO Mar_aBR 2016 _Português_Revisão_05.pmd 166 7/3/2016, 22:15 167 Métodos: Deve conter informação suficiente para saber-se o que foi feito e como foi feito. A descrição deve ser clara e suficiente para que outro pesquisador possa reproduzir ou dar continuidade ao estudo. Descrever a metodologia estatística empregada com detalhes suficientes para permitir que qualquer leitor com razoável conhecimento sobre o tema e o acesso aos dados originais possa verificar os resultados apresentados. Evitar o uso de termos imprecisos tais como: aleatório, normal, significativo, importante, aceitável, sem defini-los. Os resultados da pesquisa devem ser relatados neste capítulo em seqüência lógica e de maneira concisa. Informação sobre o manejo da dor pós-operatório, tanto em humanos como em animais, deve ser relatada no texto (Resolução nº 196/96, do Ministério da Saúde e Normas Internacionais de Proteção aos Animais). Resultados: Sempre que possível devem ser apresentados em Tabelas, Gráficos ou Figuras. Discussão: Todos os resultados do trabalho devem ser discutidos e comparados com a literatura pertinente. Conclusão: Devem ser baseadas nos resultados obtidos. Agradecimentos: Devem ser incluídos colaborações de pessoas, instituições ou agradecimento por apoio financeiro, auxílios técnicos, que mereçam reconhecimento, mas não justificam a inclusão como autor. Referências: Devem ser atualizadas contendo, preferencialmente, os trabalhos mais relevantes publicados, nos últimos cinco anos, sobre o tema. Não deve conter trabalhos não referidos no texto. Quando pertinente, é recomendável incluir trabalhos publicados na RBO. As referências deverão ser numeradas consecutivamente, na ordem em que são mencionadas no texto e identificadas com algarismos arábicos. A apresentação deverá seguir o formato denominado “Vancouver Style”, conforme modelos abaixo. Os títulos dos periódicos deverão ser abreviados de acordo com o estilo apresentado pela National Library of Medicine, disponível, na “List of Journal Indexed in Index medicus” no endereço eletrônico: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/ entrez/query.fcgi?db=journals. Para todas as referências, citar todos os autores até seis. Quando em número maior, citar os seis primeiros autores seguidos da expressão et al. Artigos de Periódicos: Dahle N, Werner L, Fry L, Mamalis N. Localized, central optic snowflake degeneration of a polymethyl methacrylate intraocular lens: clinical report with pathological correlation. Arch Ophthalmol. 2006;124(9):1350-3. Arnarsson A, Sverrisson T, Stefansson E, Sigurdsson H, Sasaki H, Sasaki K, et al. Risk factors for five-year incident age-related macular degeneration: the Reykjavik Eye Study. Am J Ophthalmol. 2006;142(3):419-28. Livros: Yamane R. Semiologia ocular. 2a ed. Rio de Janeiro: Cultura Médica; 2003. Capítulos de Livro: Oréfice F, Boratto LM. Biomicroscopia. In: Yamane R. Semiologia ocular. 2ª ed. Rio de Janeiro: Cultura Médica; 2003. Dissertações e Teses: Cronemberger S. Contribuição para o estudo de alguns aspectos da aniridia [tese]. São Paulo: Universidade Federal de São Paulo; 1990. Publicações eletrônicas: Herzog Neto G, Curi RLN. Características anatômicas das vias lacrimais excretoras nos bloqueios funcionais ou síndrome de Milder. Rev Bras Oftalmol [periódico na Internet]. 2003 [citado 2006 jul 22];62(1):[cerca de 5p.]. Disponível em: www.sboportal.org.br Tabelas e Figuras: A apresentação desse material deve ser em preto e branco, em folhas separadas, com legendas e respectivas numerações impressas ao pé de cada ilustração. No verso de cada figura e tabela deve estar anotado o nome do manuscrito e dos autores. Todas as tabelas e figuras também devem ser enviadas em arquivo digital, as primeiras preferencialmente em arquivos Microsoft Word (r) e as demais em arquivos Microsoft Excel (r), Tiff ou JPG. As grandezas, unidades e símbolos utilizados nas tabelas devem obedecer a nomenclatura nacional. Fotografias de cirurgia e de biópsias onde foram utilizadas colorações e técnicas especiais serão consideradas para impressão colorida, sendo o custo adicional de responsabilidade dos autores. Legendas: Imprimir as legendas usando espaço duplo, acompanhando as respectivas figuras (gráficos, fotografias e ilustrações) e tabelas. Cada legenda deve ser numerada em algarismos arábicos, correspondendo as suas citações no texto. Abreviaturas e Siglas: Devem ser precedidas do nome completo quando citadas pela primeira vez no texto ou nas legendas das tabelas e figuras. Se as ilustrações já tiverem sido publicadas, deverão vir acompanhadas de autorização por escrito do autor ou editor, constando a fonte de referência onde foi publicada. O texto deve ser impresso em computador, em espaço duplo, papel branco, no formato 210mm x 297mm ou A4, em páginas separadas e numeradas, com margens de 3cm e com letras de tamanho que facilite a leitura (recomendamos as de nº 14). O original deve ser encaminhado em uma via, acompanhado de CD, com versão do manuscrito, com respectivas ilustrações, digitado no programa “Word for Windows 6.0. A Revista Brasileira de Oftalmologia reserva o direito de não aceitar para avaliação os artigos que não preencham os critérios acima formulados. Versão português-inglês: Seguindo os padrões dos principais periódicos mundiais, a Revista Brasileira de Oftalmologia contará com uma versão eletrônica em inglês de todas as edições. Desta forma a revista impressa continuará a ser em português e a versão eletrônica será em inglês. A Sociedade Brasileira de Oftalmologia, Sociedade Brasileira de Catarata e Implantes Intraoculares e Sociedade Brasileira de Cirurgia Refrativa, se comprometem a custear a tradução dos artigos para língua inglesa, porém seus autores uma vez que tenham aprovado seus artigos se disponham a traduzir a versão final para o inglês, está será publicada na versão eletrônica antecipadamente a publicação impressa (ahead of print). * Nota importante: A “Revista Brasileira de Oftalmologia” em apoio às políticas para registro de ensaios clínicos da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Intemational Committee of Medical Joumal Editors (ICMJE), reconhecendo a importância dessas iniciativas para o registro e divulgação internacional de informação sobre estudos clínicos, em acesso somente aceitará para publicação, a partir de 2008, os artigos de pesquisas clínicas que tenham recebido um número de identificação em um dos Registros de Ensaios Clínicos validados pelos critérios estabelecidos pela OMS e ICMJE, disponível no endereço: http:/ /clinicaltrials.gov ou no site do Pubmed, no item <ClinicalTrials.gov>. O número de identificação deverá ser registrado abaixo do resumo. Os trabalhos poderão ser submetidos pela Internet, pelo site rbo.emnuvens.com.br Rev Bras Oftalmol. 2016; 75 (2): 166-8 RBO Mar_aBR 2016 _Português_Revisão_05.pmd 167 7/3/2016, 22:15 168 Revista Brasileira de Oftalmologia Declaração dos Autores (é necessária a assinatura de todos os autores) Em consideração ao fato de que a Sociedade Brasileira de Oftalmologia está interessada em editar o manuscrito a ela encaminhado pelo(s) o(s) autor(es) abaixo subscrito(s), transfere(m) a partir da presente data todos os direitos autorais para a Sociedade Brasileira de Oftalmologia em caso de publicação pela Revista Brasileira de Oftalmologia do manuscrito............................................................. . Os direitos autorais compreendem qualquer e todas as formas de publicação, tais como na mídia eletrônica, por exemplo. O(s) autor (es) declara (m) que o manuscrito não contém, até onde é de conhecimento do(s) mesmo(s), nenhum material difamatório ou ilegal, que infrinja a legislação brasileira de direitos autorais. Certificam que, dentro da área de especialidade, participaram cientemente deste estudo para assumir a responsabilidade por ele e aceitar suas conclusões. Certificam que, com a presente carta, descartam qualquer possível conflito financeiro ou de interesse que possa ter com o assunto tratado nesse manuscrito. Título do Manuscrito___________________________________________________________________________ Nome dos Autores_______________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Minha assinatura abaixo indica minha total concordância com as três declarações acima. Data____________Assinatura do Autor____________________________________________________________ Data____________Assinatura do Autor____________________________________________________________ Data____________Assinatura do Autor_____________________________________________________________ Data____________Assinatura do Autor_____________________________________________________________ Data____________Assinatura do Autor____________________________________________________________ Data____________Assinatura do Autor_____________________________________________________________ Rev Bras Oftalmol. 2016; 75 (2): 166-8 RBO Mar_aBR 2016 _Português_Revisão_05.pmd 168 7/3/2016, 22:15