Brasil, país de contrastes O assunto merece uma boa discussão. Afinal, se o Brasil é a 6ª economia mundial, por que não deslancha? E o que significa, no frigir dos ovos, ser a sexta maior economia? Lembre-se que, quando falamos dessa magnitude, estamos avaliando o quanto foi produzido pelo país em um ano. Isso é quantitativo, quantitativo muito diferente de se analisar qualitativamente algo. Pois esse mesmo país, que se gaba de estar entre os maiores, tem renda per capita de US$ 10.710/ano, ou R$ 1.677/mês. Ocupa o 45º lugar segundo o Banco Mundial. O "coeficiente de Gini", que mede a concentração de renda e a desigualdade na sua distribuição, é um dos mais baixos dentre as nações estudadas. O Brasil, nesse quesito, ocupa o vergonhoso 180º lugar. Pasmem, entre 187 nações. Se quisermos que quantidade seja a nossa característica marcante, ainda assim teremos muito que melhorar. Somos o 22º colocado entre os maiores exportadores. Perdemos para Coréia, Cingapura, Taiwan, México e Índia. Alguns desses países nem figuravam na relação há uma década. A participação total das exportações brasileiras no bolo mundial é de 1,4% considerada irrisória. Para comparar, a minúscula Bélgica contribui com 2,6%, exportando automóveis, produtos alimentícios, diamantes lapidados, têxteis, produtos de petróleo. O Brasil ocupa esse patamar por culpa do perfil médio de nossas exportações: produtos básicos, commodities, como petróleo bruto, minérios, açúcar, café, complexos soja e carne. A tecnologia embarcada passa longe da nossa pauta. Esses seis produtos citados representaram metade das nossas exportações no último ano. E qualidade, então, essa realmente não é o forte do nosso país. O Índice de Desenvolvimento Humano, IDH, é baixo: estamos na 84ª posição. O ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Rua Tarragona, quadra 183, lote 160 – Jardim Europa 74330-580 GOIÂNIA (GO) Site: www.clinicadefinancas.com.br e-mail:[email protected] (62) 3289-4551 - (62) 9252-5117 desequilíbrio é flagrante: com o custo de vida em alta, São Paulo já ocupa a 10ª posição entre as cidades mais caras do mundo, com o Rio de Janeiro em 12º conforme a consultoria Mercer. Com todas essas distorções, não admira que a situação interna deteriore a olhos vistos. Com o "custo Brasil" nas alturas, fica difícil adquirir competitividade no mercado externo. A produtividade do trabalhador brasileiro é deficiente comparada com seus colegas de outros países. Trabalhamos, em média, 1.840 horas/ano. Bem mais que alemães, japoneses e americanos. Ainda assim, nossa produção é menor. Gastamos muito esforço para produzir menos do que seria possível. O IBGE prevê que nossa população pare de crescer lá por 2040, que é quando os adolescentes de hoje ainda estarão no mercado de trabalho. Será momento de a economia se expandir pela inteligência, algo que já deveria estar ocorrendo. Somos uma nação extremamente burocrática, das piores do mundo para empreender. Com um elevado patamar de juros, o custo do dinheiro sobe a níveis proibitivos. Nesse caso, sem competitividade, a solução é produzir para vender internamente. Ninguém quer meter a mão no vespeiro das reformas, tão necessárias: nossa mão-de-obra é caríssima, sem produtividade, apoiada em leis arcaicas que imploram uma oxigenação. O ordenamento jurídico é tido como dos melhores do mundo, mas as leis são de difícil aplicabilidade. A Previdência Social faliu, todo mundo sabe, mas ninguém admite. Os rombos anuais são históricos, e é questão de tempo que todo esse sistema imploda, boa parte pela brutal diferença entre os pensionistas privados e a elite encastelada no poder público. Então não é surpresa que - convivendo com todas essas mazelas - o brasileiro se sinta inclinado a consumir desvairadamente, como bálsamo à sua situação. Se é verdade que o salário médio aumentou, também é real o fato de que a ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Rua Tarragona, quadra 183, lote 160 – Jardim Europa 74330-580 GOIÂNIA (GO) Site: www.clinicadefinancas.com.br e-mail:[email protected] (62) 3289-4551 - (62) 9252-5117 inflação, renitente, se encarrega de corroer boa parte desse ganho. E na pobre percepção do cidadão comum, o melhor é sair comprando aqueles itens que são "sonhos de consumo", até porque o próprio governo incentiva o endividamento da população inundando a economia com níveis de crédito nunca vistos. Essa decisão de manter o crescimento do PIB baseado no consumismo interno ainda vai cobrar o seu preço. A cada mes as pesquisas informam que as famílias brasileiras estão cada vez mais endividadas. Mas isso, para o governo, não importa. O que interessa mesmo é tentar melhorar aqueles índices que citamos no início desse artigo. Com esse tipo de decisões, o governo só fará piorar o retrato do país. ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Rua Tarragona, quadra 183, lote 160 – Jardim Europa 74330-580 GOIÂNIA (GO) Site: www.clinicadefinancas.com.br e-mail:[email protected] (62) 3289-4551 - (62) 9252-5117