A oncogenética já é uma realidade no IOP Estudos mostram que existem mais de 200 síndromes genéticas que podem causar algum tipo de câncer. A oncogenética é uma especialidade relativamente nova que estuda principalmente os riscos para o câncer em família. Há três anos a especialidade foi implantada no IOP, oferecendo um atendimento mais preciso para as famílias que possuem histórico de câncer. O oncogeneticista do IOP, Dr. José Cláudio Casali, explica que o câncer apresenta duas divisões genéticas. 90% dos casos diagnosticados são esporádicos, ou seja, câncer causado pela idade, desgastes das células, hábitos de vida e outros fatores de risco. Apenas 10% dos casos representam fatores genéticos, transmitidos por diversas gerações da mesma família. “Existem traços genéticos que aparecem no mesmo lugar, mas existem famílias que possuem tumores múltiplos. Se a família tem muito casos de câncer é importante passar por uma avaliação com um especialista”, salienta. Na primeira consulta com o especialista, o paciente conta a história da família e, a partir dos detalhes, é possível desenhar a árvore genealógica para que os médicos consigam entender como o câncer aparece naquela determinada família. São solicitados comprovantes dos casos confirmados e o paciente também precisa buscar mais informações, pois algumas vezes as pessoas não sabem todo o histórico de saúde da família. “Quando temos uma hipótese, direcionamos para pedaços do DNA onde pode ser feita uma pesquisa melhor. Temos muitos recursos que podemos usar para descobrir traços genéticos e fazer uma prevenção para a vida toda. No entanto, mesmo com o traço negativo, não significa que a pessoa não tenha câncer esporádico, aquele que vem dos hábitos e do estilo de vida”, explica o oncogeneticista. No entanto, não existe uma regra geral para a prevenção ou tratamento, pois cada caso pode ser tratado de diferentes maneiras. Estamos vivendo uma era da medicina genômica, baseada em testes de DNA e em riscos genéticos. Se pudermos fazer uma prevenção personalizada será muito melhor. “Hoje recomendamos para as pessoas que têm três casos de câncer de qualquer tipo seja do lado paterno ou materno (não se somam os lados) que devem procurar um médico especializado. Outra situação é quando aparecem dois casos de câncer do mesmo lado da família, sendo que um deles com menos de 50 anos. Basta ter apenas um caso com menos de 40 anos para a indicação de procura por um geneticista”, alerta Dr. Casali. Síndrome de Li-Fraumeni O número de pessoas com a síndrome é grande, mas poucas são identificadas porque as pessoas desconhecem os sintomas. A doença hereditária caracteriza-se pelo alto risco para o desenvolvimento de vários tipos de tumores nas famílias portadoras, principalmente de câncer de mama O principal gene que causa a síndrome é o TP53, que, em sua condição não mutada, age como principal supressor de tumores no organismo. A Síndrome de Li-Fraumeni é muito comum no Brasil e há uma estimativa de que uma em cada 300 pessoas apresentem o gene em Curitiba. Essa mutação nunca foi descrita fora do Brasil, apenas em uma família portuguesa. Famílias do Sul e do Sudeste do país sofrem há diversas gerações com essa forma agressiva de câncer – a Síndrome de Li-Fraumeni. Pesquisas indicam que a origem do problema pode ter começado, no Brasil, por volta do século 18, com um tropeiro que deixou descendentes pela região.