SANGRAMENTOS DE 3º TRIMESTRE 1. PLACENTA PRÉVIA • DEFINIÇÃO: placenta inserida no segmento inferior do útero (após 28 semanas) • CLASSIFICAÇÃO: - Centro-total - Centro-parcial - Marginal - Lateral (< 6 cm do OIC) • ETIOLOGIA: - Vascularização deficiente da decídua: alterações inflamatórias ou atróficas, multiparidade, curetagens repetidas, cirurgias uterinas (cesárea anterior!); associação com acretismo placentário (busca vascularização) - Placentas grandes: gestação múltipla, eritroblastose fetal • DIAGNÓSTICO: - Placenta de inserção baixa até 28 semanas - CONFIRMAÇÃO SÓ APÓS 28 SEMANAS - Clínica: - sangramento genital indolor de repetição, vivo, condizente com o estado hemodinâmico da paciente - fazer exame especular, NÃO TOCAR - USG (melhor TV): realizar com Doppler para descartar acretismo placentário (fazer RM se suspeita forte) • DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: - DPP - Rotura uterina - Rotura de vasa prévia (inserção velamentosa do cordão) • CONDUTA: - Pós-parto: pontos hemostáticos (captonagem), ocitocina,... OBS: PP centro-total: cesárea mesmo se óbito fetal 2. DESCOLAMENTO PREMATURO DA PLACENTA • DEFINIÇÃO: descolamento da placenta normalmente inserida (corpo uterino) após 20 semanas de gestação e antes da expulsão fetal • INCIDÊNCIA: cerca de 1% • ETIOLOGIA: - TRAUMÁTICAS: - Causas externas: acidentes (traumas diretos, intensos), versão externa (p/ virar uma apresentação pélvica) - Causas internas: Cordão curto, escoamento rápido de LA em polidrâmnio, retração uterina pós-parto do 1º gemelar, movimentação fetal excessiva, hipertonia primária ou iatrogênica (ocitocina) - NÃO TRAUMÁTICAS: Fatores predisponentes: Hipertensão arterial (princip. crônica), Infecção, Tempo prolongado de RPM, DM, Gemelaridade, tabagismo, drogas (álcool e cocaína), multiparidade, idade materna avançada, cesárea prévia, RCF, predisposição a alterações vasculares (DM tipo II descompensado, trombofilias), antecedentes pessoais de DPP, miomatose uterina • FATOR DE DETERMINISMO: Hipertensão arterial, presente em 75% dos casos (às vezes a paciente não chega hipertensa por instabilidade hemodinâmica. • DIAGNÓSTICO: - CLÍNICA: - aumento da AU - dor súbita e intensa no baixo ventre - sangramento vaginal escuro (80%); 20% não exterioriza sangramento, mas há hematoma retroplacentário - Hipertonia e/ou hiperatividade uterina - Bolsa das águas tensa / hemoâmnio - Parada dos movimentos fetais, dificuldade de ausculta do BCF - Estado de choque ou pré-choque (pode ser desproporcional ao sangramento exteriorizado) Aguardar TP até 40 semanas CESÁREA Com 36-37 sem Lateral Marginal Centro-total Centro-parcial Termo Pré-termo INTERNAÇÃO : - reserva de sangue, TS - controle materno-fetal (vitalidade) - corticóide entre 26 e 34 semanas - evitar uterolíticos (vasodilatação) - resolução com 37 semanas INTERRUPÇÃO HEMORRAGIA LEVE HEMORRAGIA GRAVE 28 - Convergência tensional (pinçamento da PA com aumento da PAD nas hipertensas) - Fazer especular e toque - USG: - Exclusão de placenta prévia - Coágulo retro-placentário; LEVE (<30% de descolamento), MODERADO (30-50%), GRAVE (>50%) - Visualização da elevação da placa coriônica - aumento localizado da espessura placentária - Imagens sigestivas de coágulos no estômago fetal - OBS: se feto vivo e viável, NÃO REALIZAR USG! Ir direto para sala de parto - CARDIOTOCOGRAFIA: - Foco pode estar ausente - Sinais de sofrimento fetal - Contratilidade uterina: taquissistolia / metrossístoles • EVOLUÇÃO: Apoplexia uterina - útero de Couvelaire: aspecto tigróide (infiltrado de hemácias entre as fibras miometriais, causando sua dissociação e necrose, promovendo perda da capacidade contrátil do útero. • COMPLICAÇÕES: - Maternas: - choque hipovolêmico (c/ IRA pré-renal) - Coagulopatia (consumo, liberação de pró-coagulantes-CIVD, diminuição da agregação plaquetária) - Sd. De Sheehan (a longo prazo; necrose hipofisária – amenorréia) - Fetais: - Mortalidade (25%) - Prematuridade - Anóxia • DIAGNÓSTICO DOFERENCIAL: - Placenta prévia - Rotura de seio marginal - Rotura uterina (já em TP, cesárea anterior, parada da dor) - Rotura de vasa prévia (correlação com rotura da bolsa) - Ectópica avançada (abdominal – não sangra) • TRATAMENTO: - Princípios: - Parturição rápida - Adequada transfusão sangüínea - Adequada analgesia - Monitorização materno-fetal - Conduta geral: MOV (monitorização de PA, FC e diurese/ O2 / Acesso venoso) - Conduta laboratorial: - Tipagem sangüínea - Hb/Ht (ideal ≥30%) - Coagulograma + fibrinogênio: - CIVD: Plaq<100.000 + alargamento do TTPA - Fibrinogênio para guiar administração de plasma - Avaliação renal (se oligúria - <25 ml/h) - Reposição volêmica: Sangue (sobe 3% do Ht por unidade), Papa de hemáceas, volume (Ringer, SF/SG), plasma fresco (elevar fibrinogênio), concentrado de plaquetas - Conduta obstétrica: OBS: amniotomia: - diminui a pressão intra-uterina, melhora a hipertonia, coordena as contrações, dificulta a ampliação das áreas de descolamento, diminui a hemorragia, diminui a compressão da V. Cava inferior, evidencia hemoâmnio. Realizar no CO, com monitorização. FETO VIVO ≥ 28 semanas < 28 semanas amniotomia INTERRUPÇÃO pela via mais rápida FETO MORTO CONDIÇÕES MATERNAS ALTERADAS AMNIOTOMIA e INTERRUPÇÃO pela via mais rápida (em geral cesárea) PRESERVADAS AMNIOTOMIA e INTERRUPÇÃO até 6 horas do início do quadro (checar condições h/h) 29 30 - Conduta pós-parto: - Administração de ocitócitos (em bolus e/ou diretamente no útero; ocitocina ou ergotrate) - Embolização das Aa. uterinas - Ligadura da A. hipogástrica - Histerectomia subtotal (+rápida) - Complicações pós-parto: - atonia uterina (útero de Couvelert) - IRA 3. ROTURA UTERINA - DD de hemorragia de 3º trimestre • IMINÊNCIA DE ROTURA: Sinal de distensão segmentar: BANDL-FROMMEL - Sinal de Bandl: anel próximo ou contíguo à cicatriz umbilical, que separa o corpo do segmento inferior do útero - Sinal de Frommel: Ligamentos redondos retesados e desviados para a frente • ROTURA INSTALADA: - Dor pára porque cessam as contrações - Hemorragia (não necessariamente se rotura alta) - Choque - Irritação peritoneal - Paralização do TP - Deformidades abdominais 4. OUTRAS CAUSAS: - ROTURA DE VASA PRÉVIA (Inserção velamentosa do cordão) - ROTURA DO SEIO MARGINAL