O PEDAGOGO EM CONTEXTO HOSPITALAR: UMA PRÁTICA

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O PEDAGOGO EM CONTEXTO HOSPITALAR:
UMA PRÁTICA UNIVERSITÁRIA EXTENSIONISTA
WOLF, Rosângela Abreu do Prado1 - UNICENTRO
Grupo de Trabalho – Pedagogia Hospitalar
Agência Financiadora: não contou com financiamento
Resumo
O presente relato de experiência abordará a diversidade atual no campo de trabalho do
pedagogo, que vem atuando também em instituições não escolares, dentre elas as hospitalares,
através de práticas pedagógicas de escolarização hospitalar. Para tanto apresentaremos o
projeto permanente de extensão do curso de Pedagogia da UNICENTRO, campus Santa Cruz,
que é desenvolvido na ala de Pediatria do Hospital de Caridade São Vicente de Paulo, no
município de Guarapuava-Paraná. Dentre os principais objetivos do referido projeto
destacam-se o de propiciar ao acadêmico de Pedagogia durante sua formação a oportunidade
de desenvolver práticas pedagógicas e adquirir conhecimentos sobre a atuação do Pedagogo
em hospitais, e o de garantir a continuidade dos estudos às crianças hospitalizas através da
escolarização hospitalar. A metodologia utilizada para este relato de experiência é de cunho
qualitativo-interpretativo, com base nos dados coletados durante o desenvolvimento das
atividades pedagógicas pelos acadêmicos de Pedagogia da disciplina de Estágio
Supervisionado em Instituições Não Escolares, com os escolares hospitalizados na ala da
Pediatria, desde o início do projeto em 2003. Os resultados obtidos durante esses dez anos de
execução do projeto indicaram que a estadia no hospital para tratamento de saúde, não impede
o hospitalizado de atuar cognitivamente em atividade pedagógicas. Também constatou-se a
melhora do quadro sintomático do hospitalizado, e a diminuição da tensão emocional do
acompanhante, pois a motivação e a ocupação sadia do tempo ocioso auxiliaram no processo
de adaptação de ambos. Essa constatação deve-se a mediação do acadêmico através de
atividades pedagógicas diversas, que utilizaram como recursos metodológicos a leitura, a
contação de histórias, a dramatização, o lúdico e a recreação para garantir o direito à educação
e a continuidades dos estudos.
Palavras-chave: Inclusão do Pedagogo em Instituição Não Escolar. Pedagogia Hospitalar.
Formação de Professores.
1
Professora do Departamento de Pedagogia da Universidade Estadual do Centro-Oeste, licenciada em Pedagogia
com habilitação em Orientação Educacional, com especializações em Supervisão Escolar e Educação Ambiental
pela UNICENTRO. Mestre em Linguística Aplicada pela Universidade Estadual de Maringá, e doutoranda no
Programa de Pós-Graduação em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná- PUC-PR. E-mail:
[email protected]
27917
Introdução
O campo de trabalho do pedagogo na atualidade é bem diverso, e dentre as
possibilidades de atuação esta a do ambiente hospitalar através da Pedagogia Hospitalar. Essa
prática pode variar de instituição hospitalar para instituição, pois depende dos convênios
estabelecidos entre hospital, programas estaduais, municipais e universidades. Nos casos que
envolvem as universidades, estes convênios visam propiciar aos acadêmicos de pedagogia a
formação de conhecimentos sobre a prática pedagógica em contexto hospitalar. Isso é feito
após contato com a instituição escolar de onde o paciente é oriundo, possibilitando assim a
continuidade dos estudos. O desenvolvimento do processo de ensino- aprendizagem em
ambiente hospitalar varia de instituição para instituição. Essa diversidade de metodologias
buscam respeitar o quadro clínico da criança, através de metodologias diferenciadas, flexíveis
e adaptadas ao ambiente hospitalar.
A Pedagogia Hospitalar busca também oferecer assessoria e atendimento emocional e
humanístico, tanto para o paciente (criança/jovem) quanto para o familiar (pai/mãe), que
muitas vezes apresentam problemas de ordem psico/afetivos que podem prejudicar na
adaptação no espaço hospitalar. Porém essa prática é diferente da prática exercida pelos
psicólogos, os quais tem o objetivo de trabalhar diretamente com o psicológico e emocional
do paciente e da família deste.
O pedagogo em ambiente hospitalar tem como objetivo atender primeiramente as
necessidades educacionais através das atividades pedagógicas. O emocional vem em segundo
plano em decorrência do trabalho que é feito, pois o atendimento além de envolver os
aspectos cognitivos, acaba auxiliando também nos aspectos psicológicos, como os afetivosemocionais. Isso ocorre através da continuação dos estudos no hospital, da escuta pedagógica
e das variadas atividades que envolvem o lúdico e a recreação, como a arte de contar histórias,
brincadeiras, jogos, dramatização, desenhos e pinturas. Essas práticas exercidas pela
Pedagogia Hospitalar além de atenderem as necessidades educacionais, também são as
estratégias para ajudar na adaptação, motivação e recuperação do paciente, que por outro lado
também estará ocupando o tempo ocioso.
Esse trabalho conta também com a imprescindível parceria entre os pedagogos e os
profissionais da saúde. Neste clima de colaboração a criança tem um atendimento mais
humano e integral, o que garante que seja atendida tanto nas suas necessidades biológicas,
quanto as cognitivas, sociais e afetivo-emocionais.
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Rezende (2001), especificamente com Dalto (2001, p. 285), defende a importância
desse tipo de parcerias através de projetos de extensão ou de estágios para a formação dos
acadêmicos, colocando que
[...] a criação de um estágio multiprofissional e interdisciplinar da área de saúde é
benéfico a toda a comunidade envolvida. Os alunos terão uma visão das condições
de saúde e a clientela do projeto, orientação para uma melhor qualidade de vida. As
universidades terão campos de estágios, mostrando a realidade profissional, e a
comunidade será beneficiada com o suporte científico.
Nesse caso a universidade enquanto parceira cumpre também com o seu papel
extensionista e social, como nos lembra outro teórico, Stori (2003, p. 30-1):
[...] o que distingue a Universidade, diferenciando-a de tantas outras instituições de
ensino ou pesquisa, é a sua capacidade de fazer análises, diagnosticar problemas e
produzir novos conhecimentos, estendendo sua influência e ação à sociedade que a
cerca e abriga. No entanto, unir ensino, pesquisa e extensão, os três eixos
definidores do seu papel, tem sido o grande desafio das instituições de ensino
superior não só brasileiras, como internacionais, constituindo, no entanto, lugar
comum pensar a Universidade em relação às suas três funções básicas. A elas,
acrescentaremos a formação de profissionais de diferentes carreiras e áreas do
conhecimento.
A prática do pedagogo na Pedagogia Hospitalar poderá ocorrer em ações inseridas nos
projetos e programas nas seguintes modalidades de cunho pedagógico e formativo: nas
unidades de internação; na ala de recreação do hospital; para as crianças que necessitarem de
estimulação essencial; com classe hospitalar de escolarização para continuidade dos estudos e
também no atendimento ambulatorial.
A sistemática do trabalho da Pedagogia Hospitalar dependerá da instituição, ou seja,
da disponibilidade do hospital em termos de espaço físico e o tipo de convênio firmado, ou
seja, dependerá das necessidades do hospital. O que não muda é o fato que em todo hospital a
enfermidade significa, no organismo, certa ruptura, cujo efeito resulta em impedimentos
geradores de mecanismos de adaptação, principalmente no caso de crianças hospitalizadas, o
que demanda: compensação dos subsistemas, alterando as funções do organismo; esforço por
adaptar todo o organismo às circunstâncias que se impõem no meio ambiente.
A Pedagogia Hospitalar busca modificar situações e atitudes junto ao enfermo, as
quais não podem ser confundidas com o atendimento à sua enfermidade. Isso exige cuidado
especial no desenvolvimento das atividades. Essa prática não só é possível na atualidade,
como é importantíssima, tanto que os teóricos que apresentaremos comprovam esse fato.
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Com Pimenta (2002 p. 110-11), encontramos discussões sobre os caminhos e
perspectivas, que apresentam indicativos para a formação do pedagogo cientista educacional
como sendo um profissional que:
[...] atue como gestor/ pesquisador/ coordenador de diversos projetos educativos,
dentro e fora da escola: pressupondo sua atuação em atividades de lazer
comunitário; em espaços pedagógicos nos hospitais e presídios; na formação de
pessoas dentro das empresas; que saiba organizar processos de formação de
educadores de ONGs; que possa assessorar atividades pedagógicas nos diversos
meios de comunicação como TV, rádio, Internet, quadrinhos, revistas, editoras,
tornando mais pedagógicas campanhas sociais educativas sobre violência, drogas,
aids, dengue; que esteja habilitado `criação e elaboração de brinquedos, materiais de
auto-estudo, programas de educação a distância; que organize, avalie e desenvolva
pesquisas educacionais em diversos contextos sociais; que planeje projetos culturais
e afins”.
Nesse sentido o abordado por Pimenta em 2002 encontra amparo legal com a Lei nº
1077/03, sancionada em abril de 2011, que determina a inclusão no currículo do curso de
Pedagogia do estudo de técnicas para atendimento a estudantes impossibilitados de frequentar
as escolas, que visa assim formar profissionais habilitados a atuarem em hospitais através da
educação hospitalar, como já é determinado pela lei. Porém, essa lei está sendo cumprida?
A partir do momento que os direitos previstos na lei sejam garantidos, haverá de fato
a inclusão, que só se faz quando todas as condições são dadas. Alencar (2006) ao abordar os
direitos das pessoas com necessidades especiais ao destacar:
Atualmente, contamos com uma gama de leis e decretos, os que discorrem acerca de
cidadania, direito de oportunidades iguais, dentre tantos outros, no entanto, a
aquisição e incorporação de termos, conceitos e leis são graduais, pois embora
presente no discurso oficial há algum tempo, essa visão ainda não foi abstraída e
legitimada na prática social. Assim sendo, viver a cidadania em sua plenitude, é um
sonho possível, o qual necessita ser conquistado por todos e por todas as camadas
sociais (ALENCAR, 2006, p. 17).
Essa conquista é imprescindível nos curso de formação de pedagogos, pois dará o
amparo necessário para que as grades pedagógicas dos cursos de Pedagogia no Brasil visem
também capacitar seu acadêmicos para atuarem neste contextos de forma pedagógica, que
vá além das atividades meramente lúdicas e recreativas.
Matos e Muggiati (2001) orientam para o fato que a Pedagogia Hospitalar vem "[...]
oferecer à criança hospitalizada, ou em longo tratamento hospitalar, a valorização de seus
direitos à educação e à saúde, como também ao espaço que lhe é devido enquanto cidadão
do amanhã" (MATOS; MUGGIATI, 2001, p. 16).
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Matos e Mugiatti (2006), apresentam casos de alguns hospitais em Curitiba-Paraná,
onde pedagogos desenvolvem as seguintes práticas: projeto mirim de hospitalização
escolarizada; projeto ala de espera; projeto literatura infantil; projeto enquanto o sono não
vem (contador de histórias); inclusão digital; mural interativo; prevenção; projeto
Eurek@Kids; projeto campanhas sociais e datas comemorativas e brinquedoteca hospitalar.
Enfim, podemos considerar que os objetivos e práticas da Pedagogia Hospitalar
apresentados, indicam que não há como negar que ela é uma realidade no vasto leque de
opções deste profissional, que vem adentrando o espaço hospitalar com o intuito também de
torná-lo mais humano.
Para além do muros da universidade
Desde 2006 com a novas Diretrizes Curriculares do Curso de Pedagogia, resolução
CNE/CP de 25 de maio de 2006, os cursos de Pedagogia em âmbito nacional precisaram
repensar suas propostas de curso. As novas perspectivas para os cursos de Pedagogia,
apontadas pelas novas Diretrizes Curriculares, exigiram reformulações que levassem em conta
também que a prática e atuação do pedagogo não se faz única e exclusivamente apenas em
espaços escolares. Inclusive, no artigo 7º, § IV, alínea “a” deixa bem claro que é necessário
“[...] assegurar aos graduandos experiência de exercício profissional, em ambientes escolares
e não escolares que ampliem e fortaleçam atitudes éticas, conhecimentos e competências na
educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental, prioritariamente.”
No caso da Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO), infelizmente não
houve uma reformulação na grade curricular que contemplasse o previsto nas novas diretrizes
Curriculares para o curso de Pedagogia em 2006, e nem o determinado na Lei nº 1077/03,
sancionada em abril de 2011. Apesar de uma batalha ainda a ser travada,
o curso de
Pedagogia da UNICENTRO não está alheio a esta realidade e busca atender as necessidade na
formação de seus acadêmicos. Para tanto atualmente vem propiciando práticas de Pedagogia
Hospitalar através de um projeto de extensão que é desenvolvido desde 2003 e que está
completando em 2013 dez anos de execução.
Este projeto nasceu do nosso interesse em formalizar entre a UNICENTRO e o
Hospital de Caridade São Vicente de Paulo, uma parceria através do estabelecimento de um
convenio que possibilitasse o desenvolvimento de atividades pedagógicas pelos acadêmicos
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do 4º ano de Pedagogia na ala de Pediatria. O nosso ingresso no hospital ocorreu em 2003,
após contato com a supervisora da ala da Pediatria na época, para que desenvolvêssemos
atividades com as crianças hospitalizadas. O interesse existia em razão da nossa compreensão
que o curso de Pedagogia poderia contribuir com as crianças hospitalizadas e afastadas da
escola, bem como, o campo hospitalar propiciaria ambiente necessário para capacitação dos
acadêmicos, que poderiam desenvolver atividades de escolarização hospitalar.
Metodologia
Após a UNICENTRO firmar um convênio com o Hospital de Caridade São Vicente de
Paulo, propusemos via Pró-reitoria de extensão um projeto de extensão, que atualmente é de
cunho permanente aos acadêmicos do curso de Pedagogia do campus Santa Cruz, no
município de Guarapuava-Paraná. Através do projeto intitulado “A Pedagogia Hospitalar
desenvolvendo práticas de leitura através da literatura infanto-juvenil, da dramatização, do
lúdico e da recreação na ala de pediatria do Hospital de Caridade São Vicente de Paulo”,
possibilita a cada acadêmico desenvolver 8 horas de atividades práticas para complementação
de sua aprendizagem em ambiente não escolar. A ênfase dada é na escolarização hospitalar
para o desenvolvimento cognitivo da criança afastada da escola e para estimulação das
demais. Conforme se observa na Figura 1, os acadêmicos ao desenvolverem as atividades de
escolarização observam a relevância do pedagogo em espaço hospitalar e identificam a
repercussão das atividades nos aspectos cognitivo, psicomotor, social, biológico e
afetivo/emocional do desenvolvimento da criança hospitalizada.
Figura 1– Fotos das atividades pedagógicas do projeto de extensão permanente em Pedagogia Hospitalar.
Os acadêmicos que desenvolvem práticas no projeto são do 4º ano do curso de
Pedagogia da UNICENTRO- Campus de Guarapuava, matriculados na disciplina de Estágio
Supervisionado em Gestão em Instituições escolares e instituições não escolares. Também são
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objetivos do projeto: propiciar ao acadêmico de Pedagogia durante sua formação a
oportunidade de desenvolver práticas e adquirir conhecimentos sobre a importância da
atuação do Pedagogo em instituições não-escolares como a hospitalar, através da
escolarização hospitalar; possibilitar a criança hospitalizada a continuidade dos seus estudos,
o que caracteriza essa prática como de inclusão; desenvolver atividades didático-pedagógicas,
lúdicas e recreativas com as crianças hospitalizadas. Conforme se observa no Quadro 1 o
projeto obedece cronograma com várias etapas distribuídas ao longo do ano letivo.
PERÍODO: DEZ/a NOV/
FASES DA ATIVIDADE
MÊS
Plane Planejamento e organização das atividades anuais
Impla Apresentação do projeto aos acadêmicos
dez jan
fev mar
Desenvolvimento das atividades pelos acadêmicos
abr mai jun jul ago set out
Aval Avaliação e Relatório Final
Nov
Quadro 1 - Tabela das fases e dos períodos das atividades anuais do projeto
A metodologia utilizada para cumprir o cronograma proposto pelo projeto exige:
estabelecer contato com as pessoas envolvidas e interessadas pelo projeto como
Departamento de Pedagogia da UNICENTRO, docentes da UNICENTRO, responsáveis pela
administração e pela ala de Pediatria no hospital, colaboradores e alguns voluntários.
Nos meses de fevereiro, março e abril, iniciamos a implantação dos acadêmicos no
projeto, primeiramente em sala de aula, através de leituras orientadas que fundamentaram e
forneceram os subsídios teóricos-práticos sobre o que é a Pedagogia Hospitalar e seus
objetivos, a prática de leitura e literatura infanto-juvenil no hospital e sua colaboração na
melhora do enfermo hospitalizado. Tais aprofundamentos teóricos visaram dar sustentação e
coerência à prática vindoura nas outras etapas do projeto. Nessa etapa há uma palestra em
Curitiba-Paraná. Junto aos coordenadores dos programas de escolarização hospitalar nos
Hospitais das Clínicas e no Hospital Pequeno Príncipe.
Em um segundo momento os acadêmicos são inseridos entre os meses de abril a
outubro. A cada semana são encaminhados grupos de acadêmicos tanto do curso matutino e
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do noturno, que executam suas atividades na ala da Pediatria no período vespertino. Durante a
execução os acadêmicos são supervisionados pela coordenadora do projeto. O projeto
Antes da execução das atividades os acadêmicos também recebem orientação no
Laboratório de Educação Hospitalar a respeito da elaboração das atividades e do
planejamento de estágio. As orientações seguem o seguinte roteiro de atividades que são
desenvolvidas na ala de pediatria pelo no projeto: chegada em frente ao Hospital São Vicente
as 13h 30m (jaleco e crachá); apresentação do espaço e dos profissionais da Pediatria; entrega
do projeto de estágio para a supervisão da Pediatria; organização do espaço da brinquedoteca;
higienização do grupo de estagiários; apresentação nos quartos; atividade introdutória
(abordagem do tema); atividades interdisciplinares a serem desenvolvidas nas mesinhas,
referentes ao tema (de acordo com a idade: 2 aos 4 anos, 5 aos 8 anos, 9 aos 13 anos); hora do
conto; hora do jogo e do brinquedo; entrega das lembrancinhas e mensagens aos
acompanhantes; organização do espaço da brinquedoteca e higienização; coleta de carimbo na
ficha de frequência de estágio; despedida.
Após a execução das atividades cabe a cada acadêmico apresentar um relatório sobre
as atividades desenvolvidas e uma auto-avaliação, que servirão de dados para a coordenadora
realizar durante o mês de novembro a avaliação final e relatório final do projeto extensionista.
Resultados
Através das atividades durante esses dez anos de projeto, constatamos o quanto essa
prática é relevante e indispensável no meio hospitalar, a ponto de vermos a necessidade da
inserção de uma disciplina ou de atividades práticas em disciplinas afins que abordem a
Pedagogia Hospitalar na grade curricular do Curso de Pedagogia da UNICENTRO. Outro
fator importante a ser destacado e que durante todos esses anos tem surtido bons resultados é
com relação a inserção da leitura e da contação de histórias no projeto. O envolvimento destas
práticas tem sido fundamental, pois metodologicamente envolvem todas as atividades
pedagógicas, de forma interdisciplinar, o que auxilia muito a efetivação de práticas de
escolarização hospitalar significativas, críticas, interativas que propiciam a construção de
conhecimentos relevantes.
A leitura auxilia em todos os casos de internamento, desde aquele interno que
permanece por um ou dois dias, até aqueles casos que permanecem semanas hospitalizados.
A realidade atendida pelo presente projeto apresenta uma rotatividade maior de
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hospitalizados, são poucos os casos de crianças que chegam a ficar por mais de três semanas
internadas. Quando ultrapassam dez dias de internamento, que os médicos, enfermeiros ou os
pais informam que o tratamento exigirá mais dias de estadia no hospital, estabelecemos
contato com a escola para agilizarmos a parceria e iniciarmos o planejamento e preparação
das atividades de escolarização.
Fonseca (2003, p. 08) acredita que esse tipo de atendimento “[...] mesmo que por um
tempo mínimo, e que talvez pareça não significar muito para uma criança que atende a escola
regular, tem caráter importantíssimo para a criança hospitalizada.”
Por essa razão é preciso lembrar que pedagogos são educadores, e por essa razão em
casos em que o tratamento da doença não ultrapassa dez dias de internamento, trabalhamos
para educar e orientar as crianças e os pais sobre temáticas diversas, como hábitos de
alimentação, hábitos de higiene, valores humanos, meio ambiente e diversidade, etc.
Constamos que tanto nas atividades de escolarização hospitalar quanto nas atividades
baseadas nas temáticas, a leitura é um excelente instrumento para nortear muitas das ações.
Isso porque concluímos que a leitura no ambiente hospitalar é uma atividade agradável que,
não só preenche o tempo ocioso, mas também propicia e dinamiza a compreensão e atribuição
de sentido sobre o conteúdo a ser desenvolvido. Outro fator importante sobre a leitura,
principalmente da literatura infantil e infanto-juvenil é a capacidade que detectamos desta em
despertar, estimular a fantasia, a imaginação, a criatividade e envolver emocionalmente a
criança hospitalizada, a ponto de amenizar o estado de ansiedade em que se encontram.
Considerações Finais
A partir dos relatos apresentados aqui sobre o referido projeto, finalizamos
salientando que o convênio estabelecido entre a UNICENTRO e o Hospital São Vicente de
Paulo durante esses dez anos, além de ter propiciado à muitos acadêmicos de Pedagogia a
formação e capacitação para atuar em ambiente hospitalar, como também, solidificou a
relevância e o reconhecimento da importância do pedagogo neste contexto pelos profissionais
da área de saúde.
Com relação as crianças atendidas, e consequentemente seus acompanhantes,
consideramos que o projeto desenvolveu papel importante no sentido de humanizar o
ambiente hospitalar, justamente em um momento que para essas pessoas a enfermidade
representa a ausência de vida, de paz e de esperança.
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Enfim, consideramos que a execução deste projeto de extensão, com as produções
científicas dele decorrentes, bem como, de todos os esforços até hoje empreendidos,
representam um referencial de possibilidades para a atuação do pedagogo, principalmente
para aqueles que identificam-se com práticas que extrapolam os muros da escola e que
almejam trabalhar em ambiente hospitalar.
REFERÊNCIAS
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especiais. In: GUILHERMETI, Paulo (org). Temas atuais da educação. Guarapuava,
UNICENTRO, 2006.
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Disponível em: < http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/ldb.pdf>. Acesso em: 20 jun.2013.
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In: REZENDE, Lucinea Aparecida de. (Org). Tramando temas na educação. Londrina: Ed.
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REZENDE, Lucinea Aparecida de. (org). Tramando temas na educação. Londrina: Ed.
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STORI, Noberto. O despertar da sensibilidade na educação. São Paulo: Instituto
Presbiteriano Mackenzie: Cultura Acadêmica Editora, 2003.
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