Vida Universitária – Março 2007 – Ano XVII – Nº 170 Maria Olga

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Vida Universitária – Março 2007 – Ano XVII – Nº 170
Maria Olga Mattar completa 53 anos dedicados à educação
Professora foi a primeira mulher contratada para lecionar na PUCPR
Completar 53 anos lecionando numa mesma instituição de ensino não é uma tarefa
fácil. Mas a professora Maria Olga Mattar tem esse mérito. Aos 83 anos, ela é o exemplo
de dedicação para todas as idades. Durante cinco décadas, Maria Olga trabalhou na
Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Instituição da qual se desligou em
fevereiro deste ano. Olga foi a primeira mulher professora contratada pela instituição, em
março de 1953 (ainda antiga Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, que passou a
integrar a Universidade Católica do Paraná, em 1959). Maria Olga foi professora de
Sociologia de figuras ilustres do cenário paranaense, como a médica e coordenadora
nacional da Pastoral da Criança, Zilda Arns, e do atual governador do Paraná, Roberto
Requião de Mello e Silva.
Maria Olga formou-se em Filosofia, em 1944, pela Faculdade de Filosofia, Ciências e
Letras. A professora também é Doutora e livre docente em Sociologia pela UFPR. Foi
chefe do Departamento de Ciências Sociais da PUCPR e lecionava Sociologia no
Mestrado em Direito na Instituição. Mesmo depois de se aposentar, em maio de 1983,
continuou trabalhando na Universidade. Olga encerrou neste ano as atividades na
PUCPR que, segundo ela, foi um lugar de boas recordações ao longo de sua trajetória
profissional.
Filha de um libanês radicado no Brasil e de uma brasileira de origem polonesa, Maria
Olga nasceu na Lapa, no Paraná. Ainda pequena, a família veio morar em Curitiba.
Tornar-se independente foi um grande desafio para a professora. Ela teve que vencer a
resistência do pai para ingressar num curso superior. “Eu queria fazer o curso de Direito.
Cheguei até a me inscrever num curso preparatório, mas nunca pude ir. Meu pai jamais
permitiria que a filha se tornasse advogada. Eram outros tempos. As mulheres só podiam
casar e ter filhos”, relembra.
Olga então optou pelo curso de Filosofia. Ela conta que foi graças aos Irmãos Maristas
que teve a oportunidade de entrar numa faculdade. “O meu pai só permitiu porque a
instituição era regida pelos Maristas. Na época da I Guerra Mundial, ele contou com a
ajuda de parentes Maristas que encaminhavam alimentos para a nossa família, que na
época ainda morava no Líbano. A escassez era grande. Mesmo com dinheiro, não havia
o que comprar. Meu pai se sentia em dívida com os irmãos. Só por isso permitiu que eu
me matriculasse na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras”, conta a professora.
Vida Universitária – Março 2007 – Ano XVII – Nº 170
Ao término do curso, Maria Olga foi contratada para ser assistente do então
governador Bento Munhoz da Rocha Netto. “Com a rotina do cargo, houve um
afastamento natural de Bento e eu ganhei espaço e fui contratada para lecionar”,
recorda. E logo, Olga teve que conviver com o primeiro momento de preconceito. Ao
assumir uma turma formada por alunos e alunas que faziam licenciatura, ela resolveu
fazer uma pesquisa sobre o curso. No questionário respondido pela turma, a crítica geral
era o fato de terem uma mulher como professora. “Aquilo me chocou. E isso me fez
superar as minhas deficiências no Magistério. Me dediquei bastante em assiduidade,
pontualidade, metodologia do ensino e conteúdo, que eram os pontos fracos do estudo
na época. Com o tempo, a resistência acabou e fui respeitada. Nunca mais sofri este tipo
de preconceito”, disse. Quando decidiu fazer o doutorado, concluído em 1958, inspirouse no episódio e escolheu como tema da tese: O Preconceito na Vida Social: Raízes da
Exclusão Social.
Maria
Olga
integralmente
resolveu
à
se
carreira
de
dedicar
professora.
Alternava aulas na Universidade Federal do
Paraná
(UFPR),
optou
pela
permanecer
instituição
dedicação
com
as
pela
qual
exclusiva,
aulas
duas
vezes
não
para
por
semana na PUCPR. Em razão da intensa rotina,
Maria Olga não teve tempo de construir uma
família,
mas
nem
por
isso
se
arrepende.
“Tive muitas recompensas ao longo dos anos
que passei em sala de aula, principalmente,
na PUCPR, que será sempre a escola do meu
coração”, conclui.
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