nova diagr - Revista Rogate

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OPINIÃO
OPINIÃO
Alguns alinhamentos
do Ano Vocacional
E
ncerramos o Ano Vocacional 2003.
Uma iniciativa oportuna que atingiu profundamente a vida dos fiéis
e das comunidades. Impossível pensar que
alguém, em algum lugar do Brasil, não tenha ao menos elevado uma prece ao Senhor da messe ou que não tenha sido convidado a participar de alguma iniciativa no
âmbito do Serviço de Animação Vocacional (SAV).
O tema do batismo tocou o essencial
da vida da fé e da missão dos cristãos e da
Igreja. É a grande vocação, a fonte de todas as vocações. Um apelo ressoou em
nossos ouvidos: é preciso avançar para
águas mais profundas.
Da realização do Ano Vocacional podemos deduzir algumas coisas importantes
e indicativas para o futuro, alguns alinhamentos. Antes de tudo, a certeza de que
somos todos chamados e enviados, que
temos uma vocação e uma missão. Há um
mesmo Espírito que nos une na Igreja.
Existe uma mística vocacional que permeia
toda a vida e a ação pessoal e eclesial a
serviço do mundo.
Em segundo lugar aprendemos e compreendemos que devemos adotar uma
mesma linguagem, fundamentados em
uma autêntica Teologia da Vocação. Um
discurso e uma prática capaz de comunicar e testemunhar os valores antropológicos, bíblicos, teológicos e culturais encontrados na Palavra de Deus e na tradição da
Igreja. Uma linguagem que tem no SAV a
instância apropriada para animar e articular a vida dos cristãos e das comunidades.
Em terceiro lugar se reforça a idéia de
que em toda ação pastoral existe uma estratégia, onde cada qual tem sua atribuição e responsabilidade. Na experiência
deste ano se evidenciou onde estamos em
relação ao SAV, para onde devemos ir, diante dos desafios e necessidades, e também o que precisamos fazer para alcançar
a meta de que todos vivam profundamente sua vocação e assumam sua missão na
Igreja e no mundo. Nesse sentido, há uma
consolidação da consciência vocacional e
da essencialidade
do SAV na e para a Há um mesmo
Igreja.
Espírito que
E, por último,
avançamos na con- nos une na
vicção de que é Igreja.
preciso agir, com
urgência e ousadia, para despertar e formar muitas e qualificadas vocações. Precisamos de muitos evangelizadores, de
cristãos comprometidos, de famílias santas, de comunidades vivas, de ministérios
diversificados, de consagrados, de ministros ordenados que sejam verdadeiros pastores a exemplo de Jesus. Eis a necessidade de planejar o SAV, de articular as
ações, de assumir uma metodologia e uma
pedagogia adequada, de acompanhar com
seriedade os vocacionados e formar bem
todos os agentes e animadores.
Este alinhamento operacional permite
uma ação mais organizada, com maior eficácia, bem como maior atenção aos sinais
dos tempos e fidelidade ao Espírito.
Pe. Angelo Ademir Mezzari, RCJ
1
EDITORIAL
C
NESTA EDIÇÃO
lima de festa! Por comemorarmos
o nascimento de Jesus - no Natal -,
pelo final de mais um ano letivo e
início das férias - para muitos. A Rogate,
nesta última edição de 2003, vem inovar e
ousar. É a primeira vez, em 20 anos, que
simulamos uma entrevista com Jesus, e sob
o aspecto vocacional. Como bem explica a
introdução da seção, o objetivo é provocar
o leitor a aprofundar determinados temas,
fazendo com que ele mesmo possa verificar
as possíveis respostas às questões. E, desta
forma, entender melhor a proposta da Trindade.
O grande tema do mês, Natal, está presente, também, na seção “estudo” e no
encarte (Celebração Vocacional). Jesus, o
vocacionado do Pai, com seu nascimento,
vem lembrar de nossa missão no mundo.
Podemos agir como os pastores, os primeiros a receber a Boa Nova, e ter medo do
anúncio... Mas devemos fazer o que eles fizeram: viram, creram, perceberam a sua
missão e retornaram glorificando a Deus!
Não devemos ter medo do novo; pelo contrário, devemos renascer sempre, a cada
dia, anunciando e construindo o projeto do
Deus-conosco!
Entrevista
Missão de ser Filho de Deus
Pastoral Vocacional
Os votos religiosos:
ato de amor e liberdade - 2ª parte
Estudo
Natal de Jesus, vocacionado do Pai
Atualidades
Igreja, povo de Deus a serviço da vida
Vida Consagrada
Em colaboração com as revistas: Rogate Ergo
e MondoVoc (ltália), Vocations and Prayer
(EUA) e Rogate Ergo (Filipinas).
Os artigos assinados não expressam,
necessariamente, a opinião da Revista
2
12
16
18
Informação
20
Especial
Índice remissivo 2003
22
Leitor
24
ENCARTE
Celebração Vocacional:
Nascer com Cristo,
renascendo na esperança
Capa:
“Não tenhais medo! Eu vos anuncio uma
grande alegria, que será também a de todo o povo:
hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós o Salvador,
que é o Cristo Senhor...” (Lc 2,10-11). Foto: arquivo
Rogate.
PROPRIEDADE
Fundada em abril de 1982 e registrada no Livro de Matrículas de Jomais do 1º Cartório de
Registros de Títulos e Documentos, sob o nº
98.906, nos termos dos artigos 8º e 9º da Lei
Federal nº 5.259/67, São Paulo (SP), em 01/
10/1987.
08
A bem-aventurada Madre Teresa
SEDE CENTRAL/CONTATOS
Angelo Ademir Mezzari - Mtb 21.175 DRT/SP
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Rogate: R$ 23,00 (dez números ao ano)
Convocação: R$ 8,00 (bimestral)
A Turma do Triguito: R$ 12,00 (bimestral)
Rogacionistas do Coração de Jesus
Província Latino-americana
Ano XXII - nº 218
Dezembro de 2003
03
DIRETOR E JORNALISTA
RESPONSÁVEL
Dora del Mercato, Jefferson Silveira
e Juarez Albino Destro
Antônio e Carolina Di Giácomo, Cláudio
Feres, José Lisboa de Oliveira, Juçara dos
Santos, Lédio Milanez, Teresa Boschetto
CAPA
Armando Verrone del Mercato Jr.
IMPRESSÃO
Gráfica e Editora Linarth Ltda - Curitiba (PR)
Francisco Chirico
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XII (CNPJ 83.660.225/0004-44).
Neste caso, enviar o comprovante por fax
ou correio, com nome e endereço.
ENTREVISTA
ENTREVISTA
Missão de ser Filho de Deus
Pelo Batismo tornamo-nos Filhos de Deus,
convocados a trabalhar na messe, tão necessitada de
operários que ajudem a construir uma nova realidade,
baseada no amor, na justiça e na paz
N
este mês em que celebramos o
Natal, a Revista Rogate simulou
uma entrevista com Jesus Cristo,
o aniversariante. Esta pode parecer uma
proposta audaciosa, mas nosso objetivo ao
editar, a partir do prisma
vocacional, uma entrevista
com Jesus é incentivar que
também os leitores encontrem nos evangelhos suas
respostas para estas e outras questões.
A equipe de redação
preferiu utilizar nas respostas o texto do evangelista
Lucas, por dois motivos: a)
narra a infância de Jesus; b)
a Igreja celebra, neste ano
litúrgico, o ano “C” que utiliza o evangelho lucano.
A Revista Rogate não
tem a intenção de direcionar a leitura dos evangelhos, ou mesmo de esgotar
o assunto, visto que o próprio evangelista
João conclui seu evangelho alegando que
“Jesus fez ainda muitas outras coisas. Se
fossem escritas uma por uma, penso que
não caberiam no mundo os livros que seriam escritos” (Jo 21,25).
Rogate: Conforme o relato de Lucas,
você teria mais ou menos 30 anos ao iniciar o ministério, mas desde criança já tinha
consciência de sua missão...
Jesus Cristo: De fato, quando completei 12 anos e fui com meus
pais a Jerusalém, para a
festa da Páscoa daquele
ano, eles se preocuparam
pelo fato de eu ter ficado
no templo, dialogando com
os “doutores”, ao invés de
retornar com eles a Nazaré, na Galiléia - onde morávamos. José e Maria não
compreenderam, naquele
instante, que eu deveria,
desde cedo, iniciar a missão para a qual fui chamado. Lógico que, depois disto, voltei a Nazaré e fiquei
com meus pais. Aos 30
anos iniciei, então, minha
peregrinação por toda a região, levando a Boa Nova de meu Pai, o
Dono da messe...
Rogate: Podemos afirmar que o Batismo nos faz todos irmãos, filhos de Deus?
Jesus Cristo: Aquela voz que se ou3
ENTREVISTA
viu no momento em que fui batizado por
João Batista, “Tu és o meu Filho, eu hoje
te gerei”, vale para toda a humanidade.
Pelo Batismo eu ganhei a missão de ser
Filho de Deus; as tentações no deserto
eram para que eu rejeitasse esta missão.
Com as minhas convicções de que nem só
de pão vive o ser humano, ou de que devemos amar fundamentalmente a Deus e
seu projeto de vida para todos, não há como
rejeitar a missão de ser filho de Deus, chamado a ensinar a lei do amor a toda humanidade. Tornando-se pequeno, o compromisso para com os pobres e excluídos torna-se opção de vida e missão. E todas as
pessoas, ao serem batizadas, também são
chamadas a esta missão, a esta opção de
vida. Por isso costumamos dizer que somos todos irmãos, filhos de Deus! Quem
ouve e responde ao chamado de Deus, estes são meus irmãos, meus parentes!
mais profundas!” É um convite diário a todos nós, seguidores e seguidoras do projeto
de amor e vida?
Jesus Cristo: Sem dúvidas. Lancei o
convite a Simão, André, Tiago e João, considerados meus primeiros discípulos, após
aquela pescaria inútil. Simão, inicialmente, colocou-se numa atitude de dúvida, pois
era um pescador experiente. Mas, em consideração ao meu convite, resolveu - juntamente com seus sócios - atender ao chamado. Após alguns ensinamentos proferidos à multidão lancei aquele desafio, para
que eles tentassem “pescar diferente”,
saindo da mesmice, tendo fé, acreditando
no amor, trabalhando pelo Reino de meu
Pai. A “pesca diferente” serviu para que
eles amadurecessem sua vocação e, deixando a profissão, seguissem meus passos. É um convite diário, sim, a todos! Em
nossas atividades precisamos agir sempre
com amor, pela construção do Reino.
Rogate: Poderia explicitar melhor o que,
na prática, significou este chamado à misRogate: O amor é a base de tudo?
são de ser filho de Deus?
Jesus Cristo: Amar sempre, incondiJesus Cristo: Significa o que o profeta
cionalmente, é a forma de se transformar
Isaías já dizia, bem antes de mim; é a voas situações injustas de nossa sociedade.
cação profética de todos
Devemos amar até mesmo
A
família
de
Jesus
fugindo
para
nós, ou seja: evangelizar os
nossos inimigos, fazer o
pobres, proclamar a remis- o Egito: ainda bebê, Jesus já era bem aos que nos odeiam,
perseguido pelas autoridades
são aos ricos e a recuperabendizer aqueles que nos
ção da vista aos cegos, resamaldiçoam, rezar por
tituir a liberdade aos opriaqueles que difamam conmidos e proclamar um ano
tra nós. A quem nos fere
de graça do Senhor! Nisto
numa face, devemos ofereconsiste a vocação de todos
cer a outra. Não devemos
nós, filhos de Deus.
nem reclamar se alguém
pega o que é nosso. Se amaRogate: No Ano Vocacimos a quem nos ama, que
onal do Brasil, que celebragraça alcançaremos? Até os
mos neste ano de 2003, utipecadores amam aqueles
lizou-se uma frase sua como
que os amam. Nós devemos
lema: “Avancem para águas
agir diferente: amar os ini4
ENTREVISTA
migos, fazer o bem e emprestar sem esperar nada
em troca.
via este tipo de discurso,
pois a situação era propíToda minha
cia a isto, havia muita intrajetória foi um
justiça social. Os próprios
testemunho contra juízes do povo não eram
Rogate: Em um tempo
a violência.
como o nosso, no qual a viojustos. Basta citar o profelência tem recebido mais
Mesmo quando fui ta Miquéias, que os com“holofotes” do que o amor,
parou aos comerciantes, os
traído com o beijo
como colocar em prática esta
quais roubavam nas balande Judas e preso,
sua filosofia de vida?
ças, falseavam os valores,
repreendi meus
Jesus Cristo: Pela próeram violentos e mentiam.
pria limitação humana, é
O mesmo profeta Miquéias
discípulos para
inevitável que aconteçam
que não apelassem relembra ao ser humano o
escândalos, guerras, brigas,
que Deus exige de nós:
à violência.
disputas pelo poder, opres“praticar o direito, gostar
são, violências de todo tipo.
do amor e caminhar humilMas ai daquelas pessoas que produzem esdemente com Deus”. Neste contexto de
tes desvalores e escandalizam os pequeinjustiça social o profeta fez seu discurso,
ninos, os indefesos; ai daqueles que são
alertando para não confiar no próximo ou
os responsáveis por isso. Nossa postura
num amigo ou até num parente: “Porque o
de vida deve ser de rejeição à violência e
filho insulta o Pai, a filha levanta-se contra
de proclamação do amor e do perdão. Sasua mãe, a nora contra a sua sogra, os iniber amar e perdoar é uma grande “arma”
migos do ser humano são as pessoas de
contra qualquer violência. Se alguém cosua casa”. A confiança, nestes momentos
mete um desvalor, um pecado contra você,
de calamidade social, deve ser em Deus, o
chame a atenção dele. Se ele se arrepenSalvador, no seu projeto de amor e vida.
der, perdoe. Mas caso ele continue pecanDentro deste contexto que fiz o mesmo
do contra você inúmeras vezes, dizendo
discurso do profeta. Eram tempos ainda
‘estou arrependido’, você deve perdoá-lo.
com muita injustiça social e o povo não tiToda minha trajetória foi um testemunho
nha olhos para enxergar isto. A lei do amor
contra a violência. Mesmo quando fui trae da vida não tinha lugar naquela sociedaído com o beijo de Judas e preso, repreende, baseada no ter, poder, prazer. Por isso
di meus discípulos para que não apelassem
também falei - às vezes um pouco mais rísà violência.
pido - que o povo era hipócrita, pois sabia
discernir se iria fazer chuva ou sol, depenRogate: Alguns seguidores de seu prodendo dos ventos ou da formação de nujeto não compreendem o que você quis dizer
vens, mas não sabia discernir o que era
quando falou que veio trazer a divisão entre
justo! De fato, vim dividir o que já estava
nós, e não a paz...
dividindo o povo, e não unindo. Com uma
Jesus Cristo: Este é o problema quan“chacoalhada” as pessoas iriam começar a
do tomamos apenas parte de um discurso
perceber que, para haver justiça social, era
ou idéia, sem analisar o contexto onde
necessário mudar, transformar-se e transocorreu. Desde o tempo dos profetas haformar as relações humanas...
5
ENTREVISTA
Rogate: E esta chamada de
das de decisão sobre qual caminho
atenção e conscientização teve sua
seguir?
continuidade com a presença do
Jesus Cristo: Em minha caEspírito Santo, correto?
minhada, sempre tive momentos
Jesus Cristo: Vejam que no
difíceis. Mas em todos os momeu batismo eu recebi o Espírimentos da minha vida e, princito Santo, vindo do alto (quando o
palmente, quando estava diante
céu se abriu). Daí iniciei toda a
de situações mais delicadas e
minha missão, de filho de Deus,
grandes decisões, eu rezava e
como já afirmei. Imediatamente
meditava para encontrar a melhor
antes de minha morte na cruz,
solução. Sempre pedi ao meu Pai
Maria, a mãe
entreguei o Espírito ao Pai, enque desse orientação e iluminasde Jesus
cerrando minha missão iniciada
se meu caminho. Foi assim quanno batismo. E o céu também se abriu! A
do tive que escolher e nomear o grupo dos
partir do batismo de cada um de nós, quandoze discípulos: fiquei rezando uma noite
do recebemos o Espírito Santo, a missão
inteira, em retiro na montanha. Ao amade filhos e filhas de Deus tem sua continhecer estava seguro e tranquilo para
nuidade. Vejam, ainda, que a partir do Penescolhê-los! Rezei, também, antes de contecostes, quando o Espírito Santo “desversar com eles sobre se, de fato, sabiam
ceu” sobre os apóstolos, eles iniciaram
quem eu era. O mesmo ocorreu na montacom vigor seu apostolado, levando a Boa
nha, antes da minha transfiguração. Estes
Nova do Reino, formando comunidades
momentos de oração foram despertando a
atuantes, entendendo os meus ensinamencuriosidade do grupo. Logo um dos discítos e colocando em prática, vivendo na copulos pediu para que eu lhe ensinasse a
munhão, na fração do pão, nas orações. E
rezar. Foi então que lhes ensinei: “Pai, saneles eram queridos pelo povo. E as comutificado seja o teu nome. Venha o teu Reinidades iam aumentando em número. Porno. Dá-nos a cada dia o pão de amanhã, e
tanto, através do Espírito Santo continuaperdoa-nos os nossos pecados, pois nós
mos a despertar, conscientizar, chamar à
também perdoamos a todos aqueles que
missão.
nos devem; e não nos deixe cair em tentação”. É uma oração profunda que engloba
Rogate: Em sua caminhada como vovários aspectos: o louvor ao Pai Criador, o
cacionado do Pai, devem ter surgido muinosso compromisso de trabalhar pela reatas encruzilhalização do Reino de Vida, Justiça e Paz, e o
das. O que foi
ensinamento de como deve ser a nossa
fundamental
conduta, sempre na partilha e no perdão.
em suas tomaRogate: A parábola do semeador é uma
das muitas contidas nos evangelhos, mas
uma das poucas com uma explicação tão detalhada. Por que a linguagem simbólica?
Jesus, quando
Jesus Cristo: Costumo dizer: “quem
criança, com seu
pai José
tem ouvidos para ouvir, ouça!”, isto é,
6
ENTREVISTA
quem pode entender, entenda. E como
minha opção foi pelos excluídos - pobres,
presos, cegos, oprimidos - falo numa linguagem que também eles possam entender. Entendendo, reflitam e pratiquem,
“avancem”, utilizando o termo da “pesca
diferente” citada antes. Por outro lado, falando em analogias, os grandes “doutores”
- que desconhecem os mistérios do reino
- têm dificuldade para compreender e, desta forma, não representam perigo ao progresso de amadurecimento vocacional, de
seguimento. A Parábola do Semeador e das
Sementes é bem interessante e define bem
os vários níveis deste processo vocacional. Temos aqueles que ouvem o anúncio,
a Boa Nova, mas não dão importância alguma, substituindo a Palavra de Deus por
outras ideologias; temos aqueles que ouvem e acolhem a Palavra com alegria, mas
não tem raízes, é algo momentâneo; temos
os que não chegam à maturidade, sendo
sufocados por outros “compromissos”, por
outras “missões” (ter, poder, prazer); e, finalmente, temos aquelas pessoas que ouvem a Palavra com o coração nobre e generoso, conservam-na e a multiplicam...
Rogate: Poderia deixar uma mensagem
final aos nossos animadores e animadoras
vocacionais?
Jesus Cristo: A colheita é grande, mas
os operários são poucos. Por isso, peçam
ao Dono da messe que envie operários para
a sua messe. Em qualquer lugar onde estiverem, levem a paz, rezem e sejam os
bons operários da messe. Peçam e lhes
será dado, busquem, insistam. Todo aquele que pede, recebe. Aquele que busca,
acha. Ao que bate, se abrirá. E digo mais:
não há quem tenha priorizado a construção do Reino de Deus, sem que receba
muito mais agora e no futuro.
A parábola do semeador
e das sementes
O
semeador saiu a semear. Ao semear,
uma parte da semente caiu à beira do
caminho e foi pisada; e os pássaros do céu
a comeram.
Outra parte caiu sobre pedras; brotou,
mas secou, por falta de umidade.
Outra parte caiu entre os espinhos e,
crescendo ao mesmo tempo, os espinhos a
sufocaram.
Ainda outra parte caiu em terra boa; brotou e deu frutos, até cem por um.
Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!
A vós - meus discípulos - foi dado conhecer os mistérios do Reino de Deus. Aos
outros, porém, só por meio de parábolas,
de modo que, olhando, não enxergam e
ouvindo, não entendem.
A parábola quer dizer o seguinte: a semente é a Palavra de Deus. Os que caem à
beira do caminho são os que escutam, mas
logo vem o Diabo e arranca a palavra do
seu coração, para que não acreditem e não
se salvem.
Os que ficam sobre as pedras são os
que ouvem e acolhem a palavra com alegria, mas não têm raizes. Por um momento, acreditam, mas quando chega a tentação, desistem.
Aquilo que caiu entre os espinhos são
os que escutam, mas vivendo em meio às
preocupações, as riquezas e os prazeres
da vida, são sufocados e não chegam a
amadurecer.
O que caiu em terra boa são aqueles
que, ouvindo com um coração bom e generoso, conservam a Palavra e dão fruto pela
perseverança.
(Jesus, inicialmente falando a
uma grande multidão de pessoas,
provindas das várias cidades da
região, e, depois, respondendo ao
grupo dos doze discípulos, os quais
lhe perguntaram sobre o sentido
da parábola - cf. Lc 8,5-15.
Tradução da CNBB)
7
PASTORAL VOCACIONAL
VOCACIONAL
Os votos religiosos:
ato de amor e liberdade
2ª parte
A obediência está presente nos diversos setores da sociedade
e cumpre duas tarefas: a de promover a eficiência e a de criar
uma disciplina que leve à responsabilidade
O
bediência religiosa não é diferente
daquela exigida na vida familiar,
pessoal e profissional do ser humano. Requer sensatez e não significa renunciar à vontade própria, mas sim transformá-la de modo que atenda ao chamado de
Cristo.1
Obediência e Criatividade
A renúncia exigida por este voto parece privar a pessoa da possibilidade de atuar no seu processo de crescimento para
amadurecer e se realizar. Trata-se, de fato,
de renunciar a um direito, radicado em toda
pessoa, de tomar as decisões que se referem à própria vida, às ações individuais,
aos planos para o futuro.
A necessidade de obedecer se encontra também na vida familiar e social e interessa a qualquer pessoa. Tal obediência
cumpre duas tarefas: uma de natureza funcional, pois promove um certo nível de eficiência ou de rendimento; a outra de natureza pedagógica, uma vez que prepara o
indivíduo para se inserir na sociedade, a
fim de assumir tarefas de responsabilidade, para distinguir os valores autênticos
daqueles falsos.
A obediência religiosa ultrapassa tais
8
balizas e leva o indivíduo a participar diretamente do mistério pascal de Cristo, que
executou a própria missão de salvação,
aceitando obedecer até morrer na cruz (cf.
Fl 2,6).
O mistério da obediência religiosa é o
mistério da renúncia a seguir a própria
vontade, não para aniquilá-la, mas para
transformá-la. Renuncia-se a formular e a
seguir um próprio projeto de vida para
aceitar e executar aquele proposto por
Deus. É uma abnegação de si em função
de uma plenitude de vida. O religioso, quer
individualmente, quer como membro de
uma comunidade, não obedece a um líder
religioso, a uma pessoa prudente e sábia,
a um organizador qualificado, mas a Deus,
para o qual cada um tende, procurando ler
a sua Vontade nos sinais dos tempos, interpretados comunitariamente junto com
o superior.2
E aqui nos encontramos no ponto mais
delicado e difícil para analisar. É fácil cair
tanto no espiritualismo, que prescinde de
todo posicionamento inspirado na experiência e na prudência humana, como no
sociologismo, que reduz a obediência religiosa a uma despótica autogestão em nome
do “respeito pela personalidade”.
PASTORAL VOCACIONAL
natureza afetivo-sexual, que já tinham sido
Quando se quer analisar o voto de obevivenciadas e superadas no passado.
diência de um ponto de vista psicológico,
Nas comunidades em que os relacionasobretudo com o intuito de pôr em evidência os perigos de uma errada impostação
mentos entre os membros não são animaeducativa, logo se apresenta o problema
dos por uma reciprocidade ativante, a cridos antagonismos que podem compromeatividade permanece bloqueada e as relater tanto a observância do voto como a harções ficam impregnadas de agressividade
moniosa integração entre identidade e vomais ou menos velada.
cação em cada uma das pessoas.
Notam-se, neste setor, carências, tanA necessidade que pode ser comproto nos superiores como nos súditos.
metida na relação de obeO superior não desemdiência é aquela da criatipenha a própria tarefa
vidade, que é profundamenquando esquece que tem
Nas comunidades
te sentida na idade que seuma função de serviço;
em que os relaciogue a juventude. Em tal pequando não tem confiança
namentos
entre
os
ríodo, a obediência visa ajunos súditos ou teme a inimembros não são
dar o religioso a dominar e
ciativa deles; quando é desanimados por uma
a integrar o segundo impulpótico no exercício da auso fundamental do ser hutoridade e confunde as vonreciprocidade
mano: a agressividade. Isto
tades pessoais com o bem
ativante, a criativinão acontece sem dificuldada comunidade; quando é
dade
permanece
des e sem combates.
vítima da necessidade de
bloqueada e as
Para impostar construagradar a todos e não é cativamente este processo,
paz de arcar com as responrelações ficam
deve-se evitar os antagosabilidades.
impregnadas de
nismos que encontram fáNo súdito, nota-se o deagressividade mais
cil terreno em dois setores:
feito de relacionamento
ou menos velada.
aquele da relação superiorquando ele rejeita a autorisúdito e aquele da relação
dade ou manipula a obediência; quando critica toda
profissão e vocação.
disposição; quando nega a colaboração e a
1. Relação superior-súdito
disponibilidade ou assume atitudes de subUm fator decisivo para a superação de
missão passiva; quando não tem iniciativa
uma eventual crise de relacionamento nesou receia perder a sua liberdade e autonote campo é fornecido pelo modo como tem
mia.
sido vivida a crise de polarização em torQuando a criatividade não é possível no
no da autoridade durante a adolescência.
seio da comunidade, a pessoa é tentada a
O adulto tem necessidade de realizar
procurá-la em atividades marginais, às vealgo de verificável, necessita criar algo de
zes também fora ou contra a obediência.
seu. Se isto lhe é impossível, ele pode rePara amadurecer a própria identidade,
agir com atitudes de rebelião ou com uma
é necessário que cada um procure ser “proresignação passiva: e isto é o oposto da
dutivo” e que se afirme, ajudando os oucriatividade. Às vezes irrompem crises de
tros a serem produtivos. Também este as9
PASTORAL VOCACIONAL
pecto da identidade em relação à vocação
deve ser cultivado num clima de relacionamentos humanamente ricos e genuínos.
2. Relação vocação-profissão
Com modalidades diversas, a obediência intervém igualmente na definição da
atividade que cada um
deve desempenhar.
Em tal designação tem
havido no passado - e em
algumas congregações
constatam-se ainda hoje graves abusos da parte da
autoridade: atribuição de
cargos para os quais a pessoa não estava preparada;
transferência de um cargo
exercido durante 20-30
anos para outro completamente novo; coação a desempenhar uma tarefa
qualquer por quem possui
uma especialização completamente diferente. E
tudo era (ou é) imposto
“por santa obediência” e
com não convictas declarações sobre os
milagres da obediência cega.
A este propósito cumpre lembrar que
deve haver coincidência entre a identidade pessoal e a função a desempenhar, caso
se queira que a obediência resulte criativa. Com efeito, a criatividade tem uma
dupla expressão: traduz-se num serviço
jubiloso e eficaz, em favor dos outros, e é
uma feliz auto-realização pessoal.
Quando falta a criatividade, paralisa-se
no indiferentismo das situações, na apatia
desencorajante, no isolamento triste, pelo
que o exercício confiado poderia encontrar
a sua mais expressiva qualificação na frase que tem uma mistura de sarcástico e
10
grotesco: “Faço-o por obediência!”. Frase
que muitas vezes equivale a: faço-o por
força e, portanto, mal. Em tais casos, o voto
de obediência é formalmente observado,
mas certamente não fica resolvida a crise
de criatividade.
Hoje em dia somos justamente mais
sensíveis com respeito às
capacidades de cada um,
pelo que a crise de criatividade deveria ser mais
rara e mais facilmente superável. Mas é justamente desta situação que se
origina um novo problema:
aquele da relação entre
profissão e vocação na criatividade. Em outras palavras: como integrar a
identidade vocacional com
aquela profissional?
Aos inconvenientes
oriundos do abuso de autoridade na atribuição das
várias atividades opõemse os numerosos casos de
religiosos qualificados e
favorecidos na sua orientação profissional,
que entram mais facilmente em crise e
abandonam a vocação. Se ontem havia vocações sem profissão, hoje se encontram
muitos profissionais sem vocação.
São várias as causas que podem levar o
religioso a acentuar sempre mais o seu papel profissional e rebaixar o nível vocacional:
- a necessidade (ou o desejo) de aprofundar sempre mais a própria especialização;
- os encontros frequentes com os colegas
de trabalho e a fácil acomodação para
assumir o seu estilo de vida, a sua mentalidade, a sua orientação existencial;
PASTORAL VOCACIONAL
- a avaliação, de modo sempre dominante, do significado humano e social da profissão;
- a incidência de certas profissões que se
inspiram em concepções do ser humano, que nem sempre se harmonizam com
os dados da fé (basta pensar em certas
correntes ou escolas que existem, de filosofia, psicologia, medicina, sociologia
etc.);
- a progressiva redução do tempo dedicado à oração, aos encontros comunitários, ao exercício de uma atividade que
seja expressão explícita dos valores religiosos e que empenhe a pessoa numa
contínua avaliação do seu nível de fé nos
valores sobrenaturais e de fidelidade aos
compromissos religiosos.
É assim que o religioso perde gradativamente a sua específica identidade, enquanto nele abre caminho uma identidade
leiga, que leva naturalmente a um correspondente estilo de vida.
A crise de criatividade com relação à
obediência não se resolve nem bloqueando a possibilidade de ser criativos, nem
favorecendo uma criatividade em que as
estruturas profissionais tendem a substituir aquelas religiosas.
“Para crescer verdadeiramente - escreve De Lorimier - a vocação e a identidade
devem crescer de modo integrado. E aqui,
no plano da criatividade, isto significa que
a obra a ser realizada coloca em harmonia
o serviço de Deus e dos outros junto com
a realização de si. Em outras palavras: a
obra individual deve realizar a obra da comunidade e da Igreja, enquanto constrói o
Reino de Cristo. Isto significa, também,
que a identidade individual do sacerdote,
do consagrado e da consagrada, será
fortificada na vocação específica, com a
condição de ser bem definida, de aceitar
agir num setor preciso e limitado, porém,
ao mesmo tempo, de manter-lhes o vínculo com a obra comum. A criatividade individual de cada um adquire o seu valor como
realização da obra comum.”3
1
2
3
B. Giordano, Renúncias e Conquistas. In.:
_____, Resposta do homem ao chamado de Deus;
Estudo psicológico sobre vocação. São Paulo,
Loyola-Rogate, 1990, p. 127-136.
R. Antoncich, Op. Cit., p. 57-58.
J. De Lorimier, Progetto di vita nell’adolescente,
Turim, LDC, 1969, p. 381-382.
ANÚNCIO CATTONI
Favor colori-lo, como
quiser...
11
ESTUDO
ESTUDO
Natal de Jesus, vocacionado do Pai
Pe. Gilson Luiz Maia propõe esta reflexão sobre o Natal de
Jesus, sugerindo que seja estudado em comunidade ou
família. No final, o autor faz alguns questionamentos para
favorecer a meditação e a partilha comunitária
O
clima natalino é gostoso. Chegam
as férias e o décimo terceiro salário. Porém, o calor mais forte vem
do clima luminoso do Natal. Espalham-se
luzeiros pelas casas, ruas e avenidas das
cidades, além da montagem dos tradicionais presépios. Ninguém questiona a data
ou o local do nascimento de Jesus, filho da
Virgem Maria. Todos querem, de alguma
maneira, celebrar o Natal do Menino Deus.
Muitas comunidades cristãs preparam
a festa com uma bonita novena rezada em
família. Nas empresas e em outros ambientes de trabalho organizam-se confraternizações, acompanhadas pelas animadas e
divertidas brincadeiras do “amigo secreto”. Há, também, as campanhas promovidas por pessoas sensíveis às necessidades
dos irmãos e que buscam alegrar o Natal
dos pobres e excluídos, amenizando o sofrimento. Conheço gente que não mede esforços para oferecer presentes às crianças
carentes, vestindo-se de Papai Noel, provocando muita alegria e emoção.
Natal é uma ótima oportunidade para
celebrarmos um encontro pessoal e comunitário com Jesus Cristo. O ambiente e a
liturgia da Igreja favorecem esta experiência profunda da fé cristã. É tempo de
renovação pessoal e comunitária, para que
a vivência intensa de nossa vocação seja
12
geradora de esperança no coração humano, que avança com coragem neste tempo
de globalização, ainda carente de solidariedade.
Evangelhos do Natal
Interessante, também, é o jeito dos
evangelistas narrarem o nascimento de
Jesus. Lucas começa assim: “Naqueles
dias, saiu um decreto do imperador César
Augusto mandando fazer o recenseamento de toda a terra - o primeiro recenseamento, feito quando Quirino era governador da Síria. Todos iam registrar-se, cada
um na sua cidade” (Lc 2,1-3). Com essa
moldura, extraída do contexto do Império
Romano, Lucas começa a narrativa do
evangelho que meditamos na noite de Natal. É o jeito lucano de escapar do mundo
judaico, estendendo o nascimento de Jesus a todo o universo. O evangelista abre
novos horizontes, situando a chegada de
Jesus, vocacionado do Pai, dentro da história de “toda a terra” (Lc 2,1). Desta forma, Lucas já adianta que a salvação, tema
preferido do seu evangelho, que chega
mediante o menino Jesus, alcança todos os
povos. Todos somos chamados a construir
e habitar o Reino de Jesus Cristo.
Enquanto Lucas apresenta o nascimento de Jesus como ponto culminante da his-
ESTUDO
tória da salvação e o situa dentro da camia sua estrela no seu surgir e viemos
nhada do povo de Deus, superando as fronhomenageá-lo” (Mt 2,1-2). Deste modo,
teiras de Israel, o evangelista Mateus esMateus, já no começo de sua obra, mostra
creve com outra perspectiva. Mateus aprea abertura da Boa Notícia ao mundo pagão
senta Jesus como o Messie fala da “Galiléia das Naas davídico, no qual cumções” (Mt 4,15). Essa aberA celebração
prem-se as profecias do
tura a outros povos será
Antigo Testamento. Esse
confirmada ao longo do
do Natal nos
evangelista seleciona os faevangelho, o qual termina
conduz ao ponto
tos do nascimento e infânmostrando Jesus ressuscimais original da
cia de Jesus relacionandotado sobre a montanha,
espiritualidade
os com a história de Israel.
convocando seus discípuO nascimento em Belém, a
los para a missão evangecristã, que é o
perseguição de Herodes, a
lizadora: “Ide, pois, fazer
encontro e o
fuga para o Egito e o masdiscípulos entre todas as
seguimento
de
um
sacre dos inocentes estão
nações, e batizai-os em
Deus que assumiu
sintonizados com a história
nome do Pai, do Filho e do
do povo de Deus, que foi
Espírito Santo. Ensinainossa condição
perseguido pelo Faraó, com
lhes a observar tudo o que
humana, que
o massacre dos filhos egípvos tenho ordenado. Eis
experimentou o
cios e o êxodo para a terra
que estarei convosco todos
sofrimento,
prometida.
os dias, até o fim dos tementregou-se por
É clara a inversão que
pos” (Mt 28,19-20).
Mateus tece nos primeiros
O Quarto Evangelho,
uma causa, teve
capítulos do seu evangelho
conhecido pela tradição
êxitos, alegrias
(Mt 1-2). Se no Egito morcomo o evangelho de João,
e fracassos.
reram os filhos dos egípcicomeça com um lindo hino
os, aqui morrem os filhos
à Palavra reveladora de
dos judeus. Lá, o povo fuDeus. João escreve: “E o
giu da “casa da escravidão”, enquanto que,
Verbo se fez carne e veio morar entre nós”
no evangelho, José leva Maria e o menino
(Jo 1,14). O mistério da encarnação é exJesus para o Egito, escapando da persepressão da bondade de Deus, fiel à sua aliguição de Herodes contra os indefesos voança com toda humanidade. A encarnação
cacionados inocentes. Segundo o evangemostra o encontro de Deus com toda hulista Mateus, a fé e a adesão a Jesus não se
manidade na pessoa de Jesus Cristo, sua
limitam às fronteiras mas alcançam toda
vida, seus conflitos, sua morte e ressurhumanidade. Por isso ele narra a visita dos
reição. Por isso a celebração do Natal nos
magos vindos do Oriente para encontrar o
conduz ao ponto mais original da espiriturecém-nascido: “Tendo Jesus nascido em
alidade cristã, que é o encontro e o seguiBelém da Judéia, no tempo do rei Herodes,
mento de um Deus que assumiu nossa coneis que vieram magos do Oriente a Jerudição humana, que experimentou o sofrisalém, perguntando: Onde está o rei dos
mento, entregou-se por uma causa, teve
judeus recém-nascido? Com efeito, vimos
êxitos, alegrias e fracassos. Com a encar13
ESTUDO
nação, Deus diviniza e humaniza cada ser
humano chamado para o Reino, que é nossa vocação. Segundo o autor do Quarto
Evangelho, nossa missão é prosseguir, à
luz do Espírito Santo, a obra do Verbo feito carne.
O nascimento de Jesus
Jesus não é o único personagem da história do povo de Deus sobre o qual a Bíblia
relata os fatos mais significativos do início
de sua vida. No Antigo Testamento encontramos o relato de outros nascimentos,
como o de Isaac, Jacó, Moisés e Samuel.
No evangelho de Lucas temos a narrativa do nascimento do precursor João Batista.
De modo geral, os nascimentos mencionados nas Escrituras se reduzem à alusão da
concepção e à imposição do
nome da criança, sem detalhar outros fatos, salientando mais os aspectos teológicos do que os históricos.
A cena do nascimento de Jesus, diferente daquela que mostra o nascimento de
João Batista no aconchego da casa sacerdotal de Zacarias, com a presença de familiares e amigos (Lc 1,57-66), é apresentada num abrigo humilde, sobre o qual uma
piedosa tradição construiu o presépio,
mencionando inclusive a presença de alguns animais, conforme aparece no livro
do profeta: “Um boi conhece o seu proprietário, um jumento conhece a manjedoura
na casa do seu dono; Israel não conhece,
meu povo não compreende” (Is 1,3). Atento às palavras dos profetas, Lucas mostra
José, da família de Davi, viajando com Maria para Belém, sua cidade natal, onde devia se apresentar para o recenseamento:
“Também José, que era da família e da descendência de Davi, subiu da cidade de Na14
zaré, na Galiléia, à cidade de Davi, chamada Belém, na Judéia, para registrar-se com
Maria, sua esposa, que estava grávida” (Lc
2,4-5).
Conforme ordenava o imperador Augusto, todos deveriam se alistar para o recenseamento em sua cidade natal. O recenseamento era um mecanismo político
e econômico utilizado para garantir o pagamento das taxas ou tributos. Tinha, também, uma finalidade militar, visando recrutar homens para o exército, que deveria
controlar as vastas regiões do império.
Deste modo se cumprirá a profecia de
Miquéias, do século VII a. C.:
“Mas tu, Belém de Éfrata,
pequenina entre as aldeias
de Judá, de ti é que sairá para
mim aquele que há de ser o
governante de Israel...” (Mq
5,1-3).
Belém, cujo nome significa “casa do pão” e está na fronteira do
deserto da Judéia, foi palco de muitos acontecimentos bíblicos. Foi aí que nasceu o
patriarca Benjamim (“filho da minha dor”).
Seu parto foi tão complicado que sua mãe,
Raquel, morreu e foi sepultada por Jacó na
beira do caminho (Gn 35,16). Esta aldeia é
lugar da vida e da morte, onde o amor supera a dor e faz triunfar a esperança.
Mateus recorda, no seu evangelho, o
episódio dramático do massacre dos inocentes de Belém, patrocinado pela loucura e crueldade de Herodes (Mt 2,18).
Belém também é a aldeia onde Davi nasceu e passou toda sua infância pastoreando
o rebanho de seu pai. Foi em Belém que
Davi foi ungido por Samuel e se tornara
rei de todo Israel. Esta é a cidade de José,
o esposo de Maria. Todavia, apesar de José
ser de Belém, não foram acolhidos adequadamente porque “não havia lugar para eles
ESTUDO
na hospedaria” (Lc 2,7). Foram para uma
gruta transformada em estábulo, onde
Maria “deu à luz o seu filho primogênito,
envolveu-o em faixas e deitou-o numa
manjedoura” (Lc 2,7). Esta gruta é venerada pelos cristãos desde os primeiros séculos. Santa Helena, mãe do imperador
Constantino, mandou construir sobre ela
uma grande basílica por volta do ano 325.
Nesta gruta, S. Jerônimo viveu 36 anos,
absorvido na tradução dos textos bíblicos
para o latim (Vulgata).
A acolhida dos pastores
e o jeito de Maria
O gesto humilde de Maria, que envolveu seu filho em faixas colocando-o na
manjedoura, expressa a simplicidade do
nascimento do Filho de Deus. Ele recebe
a visita dos pastores, avisados pelo anjo:
“Não tenhais medo! Eu vos anuncio uma
grande alegria, que será também a de todo
o povo: hoje, na cidade de Davi, nasceu
para vós o Salvador, que é o Cristo Senhor!
E isto vos servirá de sinal: encontrareis
um recém-nascido, envolto em faixas e deitado numa manjedoura...” (Lc 2,10-20).
Os pastores foram os primeiros a receber a alegre notícia do nascimento do Salvador. Eles assinalam todas as pessoas humildes, abertas e acolhedoras, que vão ao
encontro do Menino Deus. Do ponto de
vista social e jurídico, não são testemunhas
qualificadas por causa de sua pobreza e a
singeleza de sua profissão. Também são
discriminados porque eles não têm condições de cumprirem todas as prescrições
da lei. No entanto, o evangelista mostra
eles indo às pressas a Belém “e encontraram Maria e José, e o recém-nascido deitado na manjedoura” (Lc 2,16).
Os pastores e todos as pessoas que acolhem o anúncio do anjo (Lc 2,9), no Natal,
glorificam, louvam e agradecem a Deus
pelo dom da salvação. Eles compreenderam que Jesus é a salvação enviada por
Deus. Mais tarde, Jesus mesmo ensinará
que a salvação não dispensa a participação humana mediante o processo da conversão.
Vamos meditar o Natal repetindo o jeito simples e sereno de Maria. Sobre ela,
escreve o evangelista Lucas: “guardava todos essas coisas, meditando-as em seu coração” (Lc 2,19). A Virgem Mãe nos ensina a observar a ação silenciosa de Deus, a
descobrir o sentido das coisas à luz do
Espírito Santo, contemplando o rosto luminoso do recém-nascido deitado na manjedoura. Maria nos convida à experiência
com a Trindade, que se manifesta na gruta de Belém e no cotidiano de nossa caminhada vocacional. Por isso, chegando ao
final desta reflexão, deixamos algumas
perguntas para estimular a meditação e a
partilha comunitária.
Questões para meditar,
partilhar e vivenciar:
1.Por que Lucas situa Jesus dentro da
história humana?
2.Qual o perfil dos pastores que visitam
o Menino na manjedoura?
3.Como podemos descrever o jeito de
Maria?
4.Por que o poderoso Herodes tem medo
do menino Jesus?
5.O que significa ser seguidor daquele
que nasceu na gruta de Belém?
6.Por que podemos afirmar que o Natal
favorece um encontro pessoal com Jesus Cristo?
7.De que modo Deus participa de nossa
caminhada vocacional?
15
ATUALIDADES
ATUALIDADES
Igreja, povo de Deus
a serviço da vida
Este foi o tema sugerido durante o 16º Encontro
Nacional de Pastoral Vocacional para o Congresso
Vocacional do Brasil, em 2005
D
urante quatro dias, os coordenadores de Pastoral Vocacional dos Regionais do Brasil reuniram-se em
São Paulo para avaliação, estudo e reflexão, além da preparação e primeiros encaminhamentos do 2º Congresso Vocacional
do Brasil, marcado para setembro de 2005.
O 16º Encontro Nacional de Pastoral Vocacional (ENPV), realizado de 17 a 20 de
outubro, reuniu em torno de 35 pessoas,
entre assessores, bispos da Comissão para
os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada (antigo Setor Vocações e Ministérios da CNBB), coordenadores do Serviço de
Animação Vocacional dos Regionais do
Brasil, e membros do Instituto de Pastoral Vocacional (IPV). O ENPV foi precedido de uma reunião conjunta entre os vários organismos que, direta ou indiretamente, fazem parte da comissão acima citada.
Reunião Conjunta
A 8ª reunião conjunta da Comissão para
os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada, de 13 a 16 de outubro, contou com
a participação de representantes da Pastoral Vocacional (PV), do Grupo de Assessoria Vocacional (GAV), da Organização
dos Seminários e Institutos Teológico-filosóficos do Brasil (OSIB), da Comissão
Nacional dos Diáconos (CND), da Comissão Nacional dos Presbíteros (CNP), da
16
Conferência dos Religiosos do Brasil
(CRB) e da Conferência Nacional dos Institutos Seculares (CNIS).
D. Anuar Battisti, bispo de Toledo (PR)
e presidente da comissão, juntamente com
o Pe. Tarcísio Rech, assessor nacional da
mesma, coordenaram os trabalhos. Após a
partilha das experiências e a reflexão sobre a finalidade e organização da própria
comissão, foi trabalhado o 17º Plano Bienal
da CNBB, no que diz respeito à dimensão
vocacional. Do estudo surgiram alguns projetos e propostas de ação, com destaque
para o 2º Congresso Vocacional do Brasil,
indicado para ser realizado em setembro
de 2005, visando responder aos apelos do
congresso anterior, de 1999.
Os participantes da reunião conjunta
também estudaram o texto: “Globalização,
Religiões, Justiça Social: Metamorfoses e
Desafios”, de Luiz Eduardo Wanderley, coordenador do Núcleo de Relações Latinoamericanas, no Programa de Estudos Pósgraduados em Ciências Sociais da PUC-SP.
ENPV
A coordenação geral do 16º ENPV ficou por conta de D. Gil Antônio Moreira bispo auxiliar de São Paulo - e D. Esmeraldo Barreto de Farias - bispo de Paulo
Afonso (BA). Os padres Tarcísio Rech, assessor nacional, e José Lisboa Moreira de
ATUALIDADES
Oliveira, atual presidente do IPV, ajudaram
sintonia com as Diretrizes da CNBB. A
na coordenação.
grande perspectiva para o futuro, segunO encontro teve, basicamente, três
do Pe. Lisboa, é criar uma consciência da
grandes momentos: a avaliação do Servidimensão vocacional da Igreja, conforme
ço de Animação Vocacional nos Regionais,
manifestou o papa João Paulo II, na Exora avaliação do Ano Vocacional e os encatação Apostólica Pós-sinodal Pastores Dabo
minhamentos iniciais para o 2º Congresso
Vobis.
Vocacional do Brasil.
O Ano Vocacional favoreceu a continuiNo que diz respeito ao Serviço de Anidade das indicações gerais do 1º Congresmação Vocacional, avaliou-se avanços, desso Vocacional do Brasil e serviu, também,
de o 1º Congresso Vocacional, aplicação das
para dar novo impulso ao serviço de aniconclusões do ENPV
mação vocacional
anterior - cuja temánas comunidades.
tica foi sobre os miPor isso, todos foram
nistérios e a ministeunânimes na proposrialidade da Igreja -,
ta da realização de
desafios atuais e persum segundo conpectivas futuras. Os
gresso, em 2005. O
participantes afirmaobjetivo geral seria a
ram que o Congrescelebração da camiso Vocacional de
nhada vocacional da
Grupo de trabalho no 16º ENPV
1999 foi um marco,
Igreja no Brasil, no
que contribuiu muito para uma maior conscontexto dos 40 anos da conclusão do Concientização vocacional na Igreja, fomentancílio Ecumênico Vaticano II. Como objetido o trabalho em conjunto, a formação dos
vos específicos, indicou-se três: a) reafiranimadores e de equipes, a maior compremar a consciência de que a Igreja é povo
ensão da Teologia da Vocação.
de Deus, Assembléia dos chamados (PdV,
Os desafios ainda são muitos, principal34), convocada e reunida pela Trindade
mente no que diz respeito à organização
(LG, 04); b) evidenciar a vocação univerregional ou nacional - devido às enormes
sal à santidade, dentro da diversidade de
distâncias entre as circunscrições e o pouvocações, carismas e ministérios (cf. LG,
co recurso financeiro -, ao isolamento de
05); c) fortalecer a convicção que toda voalgumas dioceses nesta atual caminhada
cação é para a missão e o serviço à humavocacional da Igreja do Brasil e à criação
nidade, especialmente aos pobres e excluda cultura vocacional entre todos. Um
ídos. Tendo presente estas indicações, os
grande desafio acenado, também, é a difirepresentantes do Serviço de Animação
culdade em concretizar os projetos que já
Vocacional de todo o Brasil, juntamente
fazem parte de documentos, frutos de tancom os assessores e bispos responsáveis,
tas reflexões e debates. E como perspecindicaram o tema e o lema do próximo Contivas para o futuro, os participantes indigresso Vocacional do Brasil. O tema: “Igrecaram a integração entre as pastorais, a
ja, povo de Deus a serviço da vida”. E o
consolidação das conquistas e a continuilema: “Ide também vós para a minha vidade do que já está sendo realizado, em
nha” (Mt 20,4.7).
17
VIDA CONSAGRADA
CONSAGRADA
A bem-aventurada Madre Teresa
Apenas seis anos após
sua morte, Madre Teresa de
Calcutá é beatificada
N
o último dia 19 de outubro, a Praça
de São Pedro, no Vaticano, foi tomada por cerca de 300 mil fiéis de
todo mundo, que ali estiveram para celebrar a beatificação de Madre Teresa de Calcutá, fundadora da Congregação das Missionárias da Caridade.
Em seu discurso, João Paulo II afirmou:
“Com emoção especial, recordamos Madre Teresa, que serviu aos pobres, à Igreja e ao mundo inteiro. Sua vida é um testemunho da dignidade e do privilégio da
ação humilde”. O papa, ao pronunciar a fórmula de beatificação - “Concedemos que a
venerável serva de Deus, Teresa de Calcutá, de agora em diante seja chamada beata” -, viu o silêncio ser rompido por um
caloroso aplauso. A missa teve ritos
litúrgicos tradicionais da Índia, com pétalas de flores no altar, incenso e fogo.
A existência de Madre Teresa foi uma
lição de vida e desprendimento para todos
os seres humanos, de todas as culturas e
credos. Tanto é que a Praça de São Pedro
recebeu, neste dia, delegações de 27 países, não só católicos. Foi um verdadeiro
ato ecumênico e inter-religioso, com representantes da Igreja ortodoxa e de duas
comunidades muçulmanas da Albânia. Na
Índia ela é venerada por hindus, muçulmanos, sikhs e budistas, além dos católicos.
Ao nascer, no dia 26 de agosto de 1910,
em Skopje, na Macedônia, bem cedo a
18
menina Agnes Gonxha Bojaxhiu descobriu
a vocação missionária e demonstrou seu
amor pelos mais pobres. Sua família pertencia à minoria albanesa do sul da antiga
Iugoslávia. O pai faleceu quando Agnes tinha sete anos e sua mãe educou os três
filhos na confiança em Deus.
Em setembro de 1928 deixou sua casa
e foi para a Irlanda, onde ingressou como
noviça na Congregação de Nossa Senhora
de Loreto. Em 24 de maio de 1931 pronunciou os primeiros votos, assumindo o
nome de Teresa. Foi, então, enviada a Calcutá, na Índia, para lecionar história e geografia. O país passava por momentos difíceis, de constantes lutas pela independência, fome e doenças.
VIDA CONSAGRADA
No dia 10 de setembro de 1946, Ir. Teresa viajava de trem quando recebeu uma
inspiração interior, um chamado de Deus
para servi-lo de forma mais radical, dedicando a vida aos mais pobres dos pobres.
Ela consulta seu diretor espiritual e pede
licença ao papa Pio XII para viver como
religiosa nos bairros mais miseráveis. Obtida a permissão, em 1948 inicia uma nova
fase em sua vida consagrada.
Teresa começa a escrever a constituição do futuro novo instituto, com o nome
de “Missionárias da Caridade”. A ela
unem-se várias jovens e, em 1950, nascia
oficialmente a congregação. Vivendo com
simplicidade no meio dos pobres, cuidando dos doentes, idosos, abandonados e semeando o respeito e o amor, elas seguem
o lema de Madre Teresa: “Se possuímos o
amor pelos outros, seremos felizes”.
Em 1952 abre o lar infantil “Casa da
Esperança” e inaugura o “Lar para Moribundos”. A partir desta data a congregação expande-se pela Índia e por todo o
mundo.
Além da congregação das Missionárias
da Caridade, Madre Teresa fundou a congregação dos Irmãos Missionários da Caridade, em 1963. Seria o ramo masculino
para os seguidores de seu carisma.
No ano de 1979, Madre Teresa recebeu o Prêmio Nobel da Paz. Quando visitava o papa João Paulo II, em 1983, ela sofreu um primeiro ataque cardíaco e, seis
anos depois, teve um segundo ataque, este
mais grave.
Vindo a falecer, no dia 05 de setembro
de 1997, após ser vítima de uma parada
cardíaca, o povo indiano, superando as diferenças religiosas, saiu às ruas, aclamando aquela que se tornara “Mãe da Índia”.
O papa estabeleceu o dia 05 de setembro como data de celebração da festa de
Madre Teresa. Ela é hoje uma das bemaventuradas mais conhecidas no mundo.
O processo de sua beatificação é considerado um dos mais rápidos da Igreja Católica. As normas jurídicas do Vaticano ditam que, para iniciar um processo de beatificação, o candidato deve ter, no mínimo,
cinco anos de falecimento. O processo de
Madre Teresa, no entanto, foi iniciado dois
anos após sua morte e aos cinco anos de
falecimento já estava concluído. O milagre
atribuído à ela é a cura de uma indiana, que
possuía um tumor no estômago. Para que
Madre Teresa seja canonizada será necessário comprovar mais um milagre.
As Missionárias da Caridade atuam em
mais de 120 países. No Brasil, elas desenvolvem projetos há mais de 20 anos nos
estados do Amazonas, Bahia, Rio de Janeiro e Sergipe.
Amar a vida
A vida é uma oportunidade,
aproveite-a.
A vida é beleza, admira-a.
A vida é felicidade, saboreia-a.
A vida é um sonho,
torna-o realidade.
A vida é um desafio, enfrenta-o.
A vida é um jogo, joga-o.
A vida é preciosa, protege-a.
A vida é riqueza, conserva-a.
A vida é amor, desfruta-o.
A vida é mistério, desvenda-o.
A vida é promessa, cumpre-a.
A vida é tristeza, supera-a.
A vida é um hino, canta-o.
A vida é um combate, aceita-o.
A vida é uma tragédia, domina-a.
A vida é uma aventura, encara-a.
A vida é um gozo, merece-o.
A vida é vida, defenda-a.
Madre Teresa de Calcutá
19
IN FORMAÇÃO
IN FORMAÇÃO
Escola Vocacional do IPV
E
m janeiro, como já é costume, acontecem mais
duas etapas da Escola Vocacional em São Paulo. Desta vez serão realizadas a 3ª e 4ª etapas:
Discernimento Vocacional (de 12 a 18) e Maturidade Humano-afetiva (de 19 a 25). As duas etapas anteriores foram realizadas em janeiro deste ano.
O evento, promovido pelo Instituto de Pastoral Vocacional (IPV), acontecerá no Centro de
Convivência Mãe do Bom Conselho, das Irmãs
Agostinianas Missionárias, em Jundiaí (SP).
A Escola Vocacional destina-se a cristãos leigos e leigas, consagrados e consagradas, ministros ordenados, que tenham o mínimo de 25 anos de idade e dois
anos de experiência no Serviço de Animação Vocacional. As vagas são limitadas. Maiores informações:
Tel.: (11) 3931-5365 (Ir. Adelinda, das 14 às 18 horas)
E-mail: [email protected]
Natal em Família
O Centro de Pastoral Popular (CPP) publicou a novena “Natal em Família 2003”,
com o lema: “Vida e Vocação para todos”.
O subsídio apresenta nove roteiros para
encontros, com orações, reflexões e músicas. A novena pode ser encontrada nas
principais livrarias católicas ou no CPP:
Tel.: 0800 61-2226 (gratuito)
E-mail: [email protected]
Diretório Litúrgico 2004
Anualmente a CNBB elabora o Diretório Litúrgico, que contém os dados atualizados da Igreja no Brasil. O diretório de
2004 foi publicado pelo Centro de Pastoral
Popular (CPP). Preço: R$ 10,00.
Pedidos: ver endereço acima.
20
CD para Advento e Natal
O grupo Pequenos Cantores, de Curitiba (PR), está lançando o CD: “Tempo de
recomeçar”, contendo músicas para as
missas do Advento e Natal. As canções são
de autoria da professora Teresa de Fátima
Rodrigues, de Londrina (PR), e a direção
artística é da Ir. Custódia Cardoso. Editora Paulus está realizando o projeto:
Tel.: 0800 164011 (gratuito)
Plano Global do CELAM
Inspirado na Carta Apostólica “Novo
Millennio Ineunte”, do papa João Paulo II,
o Plano Global do Conselho Episcopal Latino-americano (CELAM) definiu o título
para o quadriênio 2003-2007: “Há uma
Igreja, casa e escola de comunhão e de so-
IN FORMAÇÃO
lidariedade em um mundo globalizado”. O
plano tem ênfase cristológica e eclesiológica. Apresenta também uma observação
de fé humanizadora. Os desafios da globalização para a pastoral da Igreja Latinoamericana também são abordados no documento. Encontram-se, no Plano Global,
93 projetos, que respondem às necessidades reais das diferentes Conferências Episcopais do continente.
Cursos do CESEP
O Centro Ecumênico de Serviços à
Evangelização e Educação Popular CESEP - está com inscrições abertas para
diversos cursos em 2004, entre eles:
a) Água é Vida: dom de Deus e responsabilidade humana (Curso de Verão) - de
05 a 17 de janeiro;
b) Gênero, Violência e Ética - de 25 de
janeiro a 14 de fevereiro;
b) Reorganizar a sociedade e a política
em tempos de globalização: um desafio
para os cristãos - de 02 a 29 de maio.
Inscrições e maiores informações:
Tel.: (11) 3105-1680
E-mail: [email protected]
Concurso para criar o cartaz
do Dia Mundial das
Comunicações de 2004
A Comissão Episcopal para Cultura,
Educação e Comunicação Social, por meio
do Setor de Comunicação da CNBB, lançou o concurso nacional para a criação do
cartaz comemorativo ao 38º Dia Mundial
das Comunicações Sociais, que em 2004
será celebrado no dia 23 de maio, sob o
tema: “A mídia e a família: um risco e uma
riqueza”. As inscrições vão até 10 de dezembro. Mais informações:
Tel.: (61) 313-8300
E-mail: [email protected]
Concurso para escolha
de hino oficial
Estão abertas as inscrições para o concurso do Hino Oficial do 20º Dia Mundial
da Juventude, de 2005, que será realizado
na cidade alemã de Colônia, sob o lema:
“Viemos para adorar-te” (Mt 2,2). Os trabalhos deverão ser enviados ao Comitê de
Colônia até o dia 29 de fevereiro de 2004.
O vencedor receberá um prêmio de cinco
mil euros.
Mais informações, pela Internet:
http://www.wjt2005.de
Guia do Rosário
O Pontifício Conselho para a Pastoral
dos Migrantes e Itinerantes elaborou um
pequeno livro de acompanhamento para a
oração do Rosário, dedicado aos nômades,
viajantes e peregrinos. O livro apresenta
cada mistério, com sua citação bíblica de
referência e um fragmento de tipo magisterial procedente de intervenções do papa.
Inclui igualmente uma oração dedicada a
uma categoria específica, como as pessoas do mar, da aviação civil, estudantes em
países estrangeiros, trabalhadores dos setores do turismo, das peregrinações ou da
estrada.
Celebrações Vocacionais
A partir da próxima edição da Rogate,
as Celebrações Vocacionais - que são editadas como encarte - estarão sendo
publicadas com temáticas adiantadas em
uma edição, visando facilitar seu uso por
parte dos animadores vocacionais. Ao chegar adiantada, a Celebração poderá ser
melhor organizada pelas equipes vocacionais. A possibilidade de fazer assinaturas
avulsas das Celebrações Vocacionais continua (ver encarte central).
21
ESPECIAL
ESPECIAL
Índice remissivo 2003
Mais um ano terminou e, tradicionalmente,
a Revista Rogate apresenta seu índice com todos os títulos
e páginas publicados durante o ano de 2003
ATUALIDADES
• Começa o Ano Vocacional (210, p. 09)
• Dia Mundial das Comunicações Sociais (212,
p. 13)
• Dia de Santificação Sacerdotal (213, p. 13)
• Evangelho da Vocação
(216, p. 07)
• Novidades da UCBC
(211, p. 12)
• UCBC realiza sua 37ª assembléia (215, p. 08)
• Vida, dignidade e esperança (209, p. 07)
• Igreja, povo de Deus a
serviço da vida (218,
p. 16)
CELEBRAÇÃO
VOCACIONAL
• A Bíblia na dimensão vocacional. Ir. Célio Laurindo da Silva (215)
• A vocação ao serviço, 40º
Dia Mundial de Oração
pelas Vocações (209)
• Corações enamorados
pelo Reino. Lucas Bonbazar (213)
22
• Ele está no meio de nós.
Dc. Célio Augusto de Oliveira (217)
• Nascer com Cristo, renascendo na esperança.
Fernando Camargo de
Almeida e Vivian Fabrício (218)
• Nossos passos a caminho. Ir. Marcos Cardoso
(214)
• Páscoa: Esperança de
Vida. Ir. Valmir de Costa
e Carlos José Pereira da
Silva (211)
• Rezando com Nossa Senhora. Ir. Julieta Cesconetto (212)
• Somos todos missionários. Ir. Luiz Caetano Castro (216)
• Vida, dignidade e esperança. Dc. João Ademir
Vilela (210)
• A fé impressa no corpo e
na alma, com Derlei Catarina De Luca (210)
• Da esperança à utopia,
com Paulo Evaristo Arns
(213)
• IPV: 10 anos pelas vocações, com José Lisboa
Moreira de Oliveira (214)
• Missão de ser Filho de
Deus, com Jesus Cristo
(218)
• Novos rumos para a Pastoral Vocacional, com
Anuar Battisti (215)
• Os ministérios não-ordenados, com Paulo Crozera (212)
• Sim, mas para onde?,
com Susana Santa Catarina (211)
• Um balanço do Ano Vocacional, com assessores
e leitores da Rogate (217)
ENTREVISTA
ESPECIAL
(p. 03)
• A caridade no diaconato,
com Zeno Konzen (209)
• A dimensão vocacional
no Celam, com Gilson
Luiz Maia (216)
• A atualidade da “Carta
dos direitos da Família”,
20 anos depois (214,
p. 09)
• A força Afro-brasileira na
Igreja (217, p. 10)
ESPECIAL
• A missão de conviver
com o diferente (215,
p. 10)
• A vocação ao serviço
(209, p. 13)
• Assembléia da CNBB
(213, p. 09)
• Configurar-se com Cristo: os jovens diante da
opção vocacional - 1ª parte (210, p. 14)
• Configurar-se com Cristo: os jovens diante da
opção vocacional - 2ª parte (211, p. 07)
• Configurar-se com Cristo: os jovens diante da
opção vocacional - 3ª parte (212, p. 09)
• Crescimento lento, mas
constante (216, p. 08)
• Simpósio comemora 10
anos do IPV (213, p. 21)
ESTUDO
• A carta de Judas: um texto esquecido - 1ª parte
(214, p. 19)
• A carta de Judas: um texto esquecido - 2ª parte
(215, p. 16)
• A dimensão vocacional
no processo educativo
(211, p. 14)
• A Formação Permanente
e a Pastoral Presbiteral
(217, p. 14)
• A Igreja vive da Eucaristia (213, p. 19)
• Missão dos evangelizadores (210, p. 20)
• Natal de Jesus, vocacionado do Pai (218, p. 12)
• Rosário e Missão (216,
p. 16)
OPINIÃO
(p. 01)
• A fantasia de servir,*
(212)
• A paz é fruto da justiça e
da solidariedade, Dom
Raymundo Damasceno
Assis, Secretário-geral da
CNBB (211)
• A questão dos números,*
(215)
• Alguns alinhamentos do
Ano Vocacional,* (218)
• Amor: fundamento e origem da vocação à vida,
Pe. Juarez Albino Destro
(209)
• Continuemos, pois, nossa missão..., Pe. Juarez
Albino Destro (217)
• Missão de servir,* (214)
• OSIB: 25 anos, Pe. Vitor
Hugo Mendes - Presidente da OSLAM (216)
• Um chamado à conversão,* (210)
• Uma Igreja que caminha,* (213)
* Pe. Angelo Ademir Mezzari
PASTORAL
VOCACIONAL
• As coisas mudaram...
(209, p. 18)
• Duc in altum! (215, p. 12)
• O batismo e a formação
da comunidade vocacional (210, p. 17)
• O Rosário e seus mistérios na ótica vocacional 1ª parte (212, p. 17)
• O Rosário e seus mistérios na ótica vocacional 2ª parte (213, p. 15)
• Os jovens e a vocação ao
amor (211, p. 17)
• Os votos religiosos: ato
de amor e liberdade 1ª parte (217, p. 07)
• Os votos religiosos: ato
de amor e liberdade 2ª parte (218, p. 08)
• Somos todos vocacionados, seguidores de Jesus
(214, p. 15)
VIDA
CONSAGRADA
• A bem-aventurada Madre
Teresa (218, p. 19)
• A humanidade de um
santo (216, p. 19)
• Apóstolos e Apóstolas
das Divinas Vocações
(211, p. 20)
• Madre Úrsula Ledóchowska (212, p. 20)
• O papel da Vida Religiosa jovem na Igreja e na
sociedade (209, p. 19)
• Três novos santos missionários (217, p. 20)
Todos os temas da Rogate em breve estarão no site a ser lançado em meados de 2004!
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LEITOR
LEITOR
Agenda 2004
Estou encantado com a Agenda Vocacional Caminhos 2004! É belissíma, superatualizada e de bom gosto! O IPV está de
parabéns! Fizemos, a nível paroquial, um
bom uso da agenda deste ano e queremos
cada vez mais desfrutá-la, torná-la eco de
comunhão e formação. É muito apreciada
por nossas lideranças e coordenação de
pastoral. É uma fonte de espiritualidade e
atualização pastoral, em sintonia com a
nossa Igreja. É uma benção a todos nós!
Pe. José Alceu S. Albino
Curitiba (PR)
Informações
Sou coordenadora da Equipe de Pastoral Vocacional e Ministérios da Paróquia
Nossa Senhora dos Remédios, da cidade
de Caxambu, e gostaria de orientações e
sugestões com relação ao trabalho a ser
realizado com a respectiva pastoral, tais
como: livros para estudo, dinâmicas para
as reuniões, estudo sobre as vocações na
Bíblia, estudo sobre a Liturgia em geral (na
24
missa, por exemplo), compromissos de
cada vocação específica.
Eleida Maria Magalhães Brochado
Caxambu (MG)
Nota:
Prezada Eleida, você faz uma série de
perguntas ligadas à questão vocacional. Vamos tentar ajudá-la. Quanto aos livros para
estudo, sugerimos, antes de tudo, o livro
“Memórias do 1º Congresso Vocacional do
Brasil”. Ali você encontrará o Texto-base
preparatório, que contém a história da caminhada da Pastoral Vocacional no Brasil
nos últimos 50 anos, além de reflexão vocacional bíblica e indicações práticas. Traz
também o resultado do evento, com uma série de pistas de ação. Há várias experiências e dinâmicas, que poderão ser utilizadas
em seu contexto. É um começo! Veja outros
subsídios no site: www.ipv.org.br
As mensagens enviadas poderão ser
editadas pela equipe, favorecendo um
melhor entendimento de seu conteúdo.
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