OPINIÃO OPINIÃO Alguns alinhamentos do Ano Vocacional E ncerramos o Ano Vocacional 2003. Uma iniciativa oportuna que atingiu profundamente a vida dos fiéis e das comunidades. Impossível pensar que alguém, em algum lugar do Brasil, não tenha ao menos elevado uma prece ao Senhor da messe ou que não tenha sido convidado a participar de alguma iniciativa no âmbito do Serviço de Animação Vocacional (SAV). O tema do batismo tocou o essencial da vida da fé e da missão dos cristãos e da Igreja. É a grande vocação, a fonte de todas as vocações. Um apelo ressoou em nossos ouvidos: é preciso avançar para águas mais profundas. Da realização do Ano Vocacional podemos deduzir algumas coisas importantes e indicativas para o futuro, alguns alinhamentos. Antes de tudo, a certeza de que somos todos chamados e enviados, que temos uma vocação e uma missão. Há um mesmo Espírito que nos une na Igreja. Existe uma mística vocacional que permeia toda a vida e a ação pessoal e eclesial a serviço do mundo. Em segundo lugar aprendemos e compreendemos que devemos adotar uma mesma linguagem, fundamentados em uma autêntica Teologia da Vocação. Um discurso e uma prática capaz de comunicar e testemunhar os valores antropológicos, bíblicos, teológicos e culturais encontrados na Palavra de Deus e na tradição da Igreja. Uma linguagem que tem no SAV a instância apropriada para animar e articular a vida dos cristãos e das comunidades. Em terceiro lugar se reforça a idéia de que em toda ação pastoral existe uma estratégia, onde cada qual tem sua atribuição e responsabilidade. Na experiência deste ano se evidenciou onde estamos em relação ao SAV, para onde devemos ir, diante dos desafios e necessidades, e também o que precisamos fazer para alcançar a meta de que todos vivam profundamente sua vocação e assumam sua missão na Igreja e no mundo. Nesse sentido, há uma consolidação da consciência vocacional e da essencialidade do SAV na e para a Há um mesmo Igreja. Espírito que E, por último, avançamos na con- nos une na vicção de que é Igreja. preciso agir, com urgência e ousadia, para despertar e formar muitas e qualificadas vocações. Precisamos de muitos evangelizadores, de cristãos comprometidos, de famílias santas, de comunidades vivas, de ministérios diversificados, de consagrados, de ministros ordenados que sejam verdadeiros pastores a exemplo de Jesus. Eis a necessidade de planejar o SAV, de articular as ações, de assumir uma metodologia e uma pedagogia adequada, de acompanhar com seriedade os vocacionados e formar bem todos os agentes e animadores. Este alinhamento operacional permite uma ação mais organizada, com maior eficácia, bem como maior atenção aos sinais dos tempos e fidelidade ao Espírito. Pe. Angelo Ademir Mezzari, RCJ 1 EDITORIAL C NESTA EDIÇÃO lima de festa! Por comemorarmos o nascimento de Jesus - no Natal -, pelo final de mais um ano letivo e início das férias - para muitos. A Rogate, nesta última edição de 2003, vem inovar e ousar. É a primeira vez, em 20 anos, que simulamos uma entrevista com Jesus, e sob o aspecto vocacional. Como bem explica a introdução da seção, o objetivo é provocar o leitor a aprofundar determinados temas, fazendo com que ele mesmo possa verificar as possíveis respostas às questões. E, desta forma, entender melhor a proposta da Trindade. O grande tema do mês, Natal, está presente, também, na seção estudo e no encarte (Celebração Vocacional). Jesus, o vocacionado do Pai, com seu nascimento, vem lembrar de nossa missão no mundo. Podemos agir como os pastores, os primeiros a receber a Boa Nova, e ter medo do anúncio... Mas devemos fazer o que eles fizeram: viram, creram, perceberam a sua missão e retornaram glorificando a Deus! Não devemos ter medo do novo; pelo contrário, devemos renascer sempre, a cada dia, anunciando e construindo o projeto do Deus-conosco! Entrevista Missão de ser Filho de Deus Pastoral Vocacional Os votos religiosos: ato de amor e liberdade - 2ª parte Estudo Natal de Jesus, vocacionado do Pai Atualidades Igreja, povo de Deus a serviço da vida Vida Consagrada Em colaboração com as revistas: Rogate Ergo e MondoVoc (ltália), Vocations and Prayer (EUA) e Rogate Ergo (Filipinas). Os artigos assinados não expressam, necessariamente, a opinião da Revista 2 12 16 18 Informação 20 Especial Índice remissivo 2003 22 Leitor 24 ENCARTE Celebração Vocacional: Nascer com Cristo, renascendo na esperança Capa: Não tenhais medo! Eu vos anuncio uma grande alegria, que será também a de todo o povo: hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós o Salvador, que é o Cristo Senhor... (Lc 2,10-11). Foto: arquivo Rogate. PROPRIEDADE Fundada em abril de 1982 e registrada no Livro de Matrículas de Jomais do 1º Cartório de Registros de Títulos e Documentos, sob o nº 98.906, nos termos dos artigos 8º e 9º da Lei Federal nº 5.259/67, São Paulo (SP), em 01/ 10/1987. 08 A bem-aventurada Madre Teresa SEDE CENTRAL/CONTATOS Angelo Ademir Mezzari - Mtb 21.175 DRT/SP Direção, Editoria, Secretaria e Administração: Tel.: (11) 3932-1434 Fax: (11) 3931-3162 E-mail: [email protected] Http://www.rogate.org.br Rua Comandante Ferreira Carneiro, 99 02926-090 São Paulo SP Brasil EDITORES ASSINATURAS CONSELHO EDITORIAL Rogate: R$ 23,00 (dez números ao ano) Convocação: R$ 8,00 (bimestral) A Turma do Triguito: R$ 12,00 (bimestral) Rogacionistas do Coração de Jesus Província Latino-americana Ano XXII - nº 218 Dezembro de 2003 03 DIRETOR E JORNALISTA RESPONSÁVEL Dora del Mercato, Jefferson Silveira e Juarez Albino Destro Antônio e Carolina Di Giácomo, Cláudio Feres, José Lisboa de Oliveira, Juçara dos Santos, Lédio Milanez, Teresa Boschetto CAPA Armando Verrone del Mercato Jr. IMPRESSÃO Gráfica e Editora Linarth Ltda - Curitiba (PR) Francisco Chirico O pagamento poderá ser feito por: - Cheque Nominal, - Vale Postal (agência 72.300.159-SP) - Depósito Bancário no Bradesco, agência 1171, conta 92.423-7, Colégio Rogacionista Pio XII (CNPJ 83.660.225/0004-44). Neste caso, enviar o comprovante por fax ou correio, com nome e endereço. ENTREVISTA ENTREVISTA Missão de ser Filho de Deus Pelo Batismo tornamo-nos Filhos de Deus, convocados a trabalhar na messe, tão necessitada de operários que ajudem a construir uma nova realidade, baseada no amor, na justiça e na paz N este mês em que celebramos o Natal, a Revista Rogate simulou uma entrevista com Jesus Cristo, o aniversariante. Esta pode parecer uma proposta audaciosa, mas nosso objetivo ao editar, a partir do prisma vocacional, uma entrevista com Jesus é incentivar que também os leitores encontrem nos evangelhos suas respostas para estas e outras questões. A equipe de redação preferiu utilizar nas respostas o texto do evangelista Lucas, por dois motivos: a) narra a infância de Jesus; b) a Igreja celebra, neste ano litúrgico, o ano C que utiliza o evangelho lucano. A Revista Rogate não tem a intenção de direcionar a leitura dos evangelhos, ou mesmo de esgotar o assunto, visto que o próprio evangelista João conclui seu evangelho alegando que Jesus fez ainda muitas outras coisas. Se fossem escritas uma por uma, penso que não caberiam no mundo os livros que seriam escritos (Jo 21,25). Rogate: Conforme o relato de Lucas, você teria mais ou menos 30 anos ao iniciar o ministério, mas desde criança já tinha consciência de sua missão... Jesus Cristo: De fato, quando completei 12 anos e fui com meus pais a Jerusalém, para a festa da Páscoa daquele ano, eles se preocuparam pelo fato de eu ter ficado no templo, dialogando com os doutores, ao invés de retornar com eles a Nazaré, na Galiléia - onde morávamos. José e Maria não compreenderam, naquele instante, que eu deveria, desde cedo, iniciar a missão para a qual fui chamado. Lógico que, depois disto, voltei a Nazaré e fiquei com meus pais. Aos 30 anos iniciei, então, minha peregrinação por toda a região, levando a Boa Nova de meu Pai, o Dono da messe... Rogate: Podemos afirmar que o Batismo nos faz todos irmãos, filhos de Deus? Jesus Cristo: Aquela voz que se ou3 ENTREVISTA viu no momento em que fui batizado por João Batista, Tu és o meu Filho, eu hoje te gerei, vale para toda a humanidade. Pelo Batismo eu ganhei a missão de ser Filho de Deus; as tentações no deserto eram para que eu rejeitasse esta missão. Com as minhas convicções de que nem só de pão vive o ser humano, ou de que devemos amar fundamentalmente a Deus e seu projeto de vida para todos, não há como rejeitar a missão de ser filho de Deus, chamado a ensinar a lei do amor a toda humanidade. Tornando-se pequeno, o compromisso para com os pobres e excluídos torna-se opção de vida e missão. E todas as pessoas, ao serem batizadas, também são chamadas a esta missão, a esta opção de vida. Por isso costumamos dizer que somos todos irmãos, filhos de Deus! Quem ouve e responde ao chamado de Deus, estes são meus irmãos, meus parentes! mais profundas! É um convite diário a todos nós, seguidores e seguidoras do projeto de amor e vida? Jesus Cristo: Sem dúvidas. Lancei o convite a Simão, André, Tiago e João, considerados meus primeiros discípulos, após aquela pescaria inútil. Simão, inicialmente, colocou-se numa atitude de dúvida, pois era um pescador experiente. Mas, em consideração ao meu convite, resolveu - juntamente com seus sócios - atender ao chamado. Após alguns ensinamentos proferidos à multidão lancei aquele desafio, para que eles tentassem pescar diferente, saindo da mesmice, tendo fé, acreditando no amor, trabalhando pelo Reino de meu Pai. A pesca diferente serviu para que eles amadurecessem sua vocação e, deixando a profissão, seguissem meus passos. É um convite diário, sim, a todos! Em nossas atividades precisamos agir sempre com amor, pela construção do Reino. Rogate: Poderia explicitar melhor o que, na prática, significou este chamado à misRogate: O amor é a base de tudo? são de ser filho de Deus? Jesus Cristo: Amar sempre, incondiJesus Cristo: Significa o que o profeta cionalmente, é a forma de se transformar Isaías já dizia, bem antes de mim; é a voas situações injustas de nossa sociedade. cação profética de todos Devemos amar até mesmo A família de Jesus fugindo para nós, ou seja: evangelizar os nossos inimigos, fazer o pobres, proclamar a remis- o Egito: ainda bebê, Jesus já era bem aos que nos odeiam, perseguido pelas autoridades são aos ricos e a recuperabendizer aqueles que nos ção da vista aos cegos, resamaldiçoam, rezar por tituir a liberdade aos opriaqueles que difamam conmidos e proclamar um ano tra nós. A quem nos fere de graça do Senhor! Nisto numa face, devemos ofereconsiste a vocação de todos cer a outra. Não devemos nós, filhos de Deus. nem reclamar se alguém pega o que é nosso. Se amaRogate: No Ano Vocacimos a quem nos ama, que onal do Brasil, que celebragraça alcançaremos? Até os mos neste ano de 2003, utipecadores amam aqueles lizou-se uma frase sua como que os amam. Nós devemos lema: Avancem para águas agir diferente: amar os ini4 ENTREVISTA migos, fazer o bem e emprestar sem esperar nada em troca. via este tipo de discurso, pois a situação era propíToda minha cia a isto, havia muita intrajetória foi um justiça social. Os próprios testemunho contra juízes do povo não eram Rogate: Em um tempo a violência. como o nosso, no qual a viojustos. Basta citar o profelência tem recebido mais Mesmo quando fui ta Miquéias, que os comholofotes do que o amor, parou aos comerciantes, os traído com o beijo como colocar em prática esta quais roubavam nas balande Judas e preso, sua filosofia de vida? ças, falseavam os valores, repreendi meus Jesus Cristo: Pela próeram violentos e mentiam. pria limitação humana, é O mesmo profeta Miquéias discípulos para inevitável que aconteçam que não apelassem relembra ao ser humano o escândalos, guerras, brigas, que Deus exige de nós: à violência. disputas pelo poder, oprespraticar o direito, gostar são, violências de todo tipo. do amor e caminhar humilMas ai daquelas pessoas que produzem esdemente com Deus. Neste contexto de tes desvalores e escandalizam os pequeinjustiça social o profeta fez seu discurso, ninos, os indefesos; ai daqueles que são alertando para não confiar no próximo ou os responsáveis por isso. Nossa postura num amigo ou até num parente: Porque o de vida deve ser de rejeição à violência e filho insulta o Pai, a filha levanta-se contra de proclamação do amor e do perdão. Sasua mãe, a nora contra a sua sogra, os iniber amar e perdoar é uma grande arma migos do ser humano são as pessoas de contra qualquer violência. Se alguém cosua casa. A confiança, nestes momentos mete um desvalor, um pecado contra você, de calamidade social, deve ser em Deus, o chame a atenção dele. Se ele se arrepenSalvador, no seu projeto de amor e vida. der, perdoe. Mas caso ele continue pecanDentro deste contexto que fiz o mesmo do contra você inúmeras vezes, dizendo discurso do profeta. Eram tempos ainda estou arrependido, você deve perdoá-lo. com muita injustiça social e o povo não tiToda minha trajetória foi um testemunho nha olhos para enxergar isto. A lei do amor contra a violência. Mesmo quando fui trae da vida não tinha lugar naquela sociedaído com o beijo de Judas e preso, repreende, baseada no ter, poder, prazer. Por isso di meus discípulos para que não apelassem também falei - às vezes um pouco mais rísà violência. pido - que o povo era hipócrita, pois sabia discernir se iria fazer chuva ou sol, depenRogate: Alguns seguidores de seu prodendo dos ventos ou da formação de nujeto não compreendem o que você quis dizer vens, mas não sabia discernir o que era quando falou que veio trazer a divisão entre justo! De fato, vim dividir o que já estava nós, e não a paz... dividindo o povo, e não unindo. Com uma Jesus Cristo: Este é o problema quanchacoalhada as pessoas iriam começar a do tomamos apenas parte de um discurso perceber que, para haver justiça social, era ou idéia, sem analisar o contexto onde necessário mudar, transformar-se e transocorreu. Desde o tempo dos profetas haformar as relações humanas... 5 ENTREVISTA Rogate: E esta chamada de das de decisão sobre qual caminho atenção e conscientização teve sua seguir? continuidade com a presença do Jesus Cristo: Em minha caEspírito Santo, correto? minhada, sempre tive momentos Jesus Cristo: Vejam que no difíceis. Mas em todos os momeu batismo eu recebi o Espírimentos da minha vida e, princito Santo, vindo do alto (quando o palmente, quando estava diante céu se abriu). Daí iniciei toda a de situações mais delicadas e minha missão, de filho de Deus, grandes decisões, eu rezava e como já afirmei. Imediatamente meditava para encontrar a melhor antes de minha morte na cruz, solução. Sempre pedi ao meu Pai Maria, a mãe entreguei o Espírito ao Pai, enque desse orientação e iluminasde Jesus cerrando minha missão iniciada se meu caminho. Foi assim quanno batismo. E o céu também se abriu! A do tive que escolher e nomear o grupo dos partir do batismo de cada um de nós, quandoze discípulos: fiquei rezando uma noite do recebemos o Espírito Santo, a missão inteira, em retiro na montanha. Ao amade filhos e filhas de Deus tem sua continhecer estava seguro e tranquilo para nuidade. Vejam, ainda, que a partir do Penescolhê-los! Rezei, também, antes de contecostes, quando o Espírito Santo desversar com eles sobre se, de fato, sabiam ceu sobre os apóstolos, eles iniciaram quem eu era. O mesmo ocorreu na montacom vigor seu apostolado, levando a Boa nha, antes da minha transfiguração. Estes Nova do Reino, formando comunidades momentos de oração foram despertando a atuantes, entendendo os meus ensinamencuriosidade do grupo. Logo um dos discítos e colocando em prática, vivendo na copulos pediu para que eu lhe ensinasse a munhão, na fração do pão, nas orações. E rezar. Foi então que lhes ensinei: Pai, saneles eram queridos pelo povo. E as comutificado seja o teu nome. Venha o teu Reinidades iam aumentando em número. Porno. Dá-nos a cada dia o pão de amanhã, e tanto, através do Espírito Santo continuaperdoa-nos os nossos pecados, pois nós mos a despertar, conscientizar, chamar à também perdoamos a todos aqueles que missão. nos devem; e não nos deixe cair em tentação. É uma oração profunda que engloba Rogate: Em sua caminhada como vovários aspectos: o louvor ao Pai Criador, o cacionado do Pai, devem ter surgido muinosso compromisso de trabalhar pela reatas encruzilhalização do Reino de Vida, Justiça e Paz, e o das. O que foi ensinamento de como deve ser a nossa fundamental conduta, sempre na partilha e no perdão. em suas tomaRogate: A parábola do semeador é uma das muitas contidas nos evangelhos, mas uma das poucas com uma explicação tão detalhada. Por que a linguagem simbólica? Jesus, quando Jesus Cristo: Costumo dizer: quem criança, com seu pai José tem ouvidos para ouvir, ouça!, isto é, 6 ENTREVISTA quem pode entender, entenda. E como minha opção foi pelos excluídos - pobres, presos, cegos, oprimidos - falo numa linguagem que também eles possam entender. Entendendo, reflitam e pratiquem, avancem, utilizando o termo da pesca diferente citada antes. Por outro lado, falando em analogias, os grandes doutores - que desconhecem os mistérios do reino - têm dificuldade para compreender e, desta forma, não representam perigo ao progresso de amadurecimento vocacional, de seguimento. A Parábola do Semeador e das Sementes é bem interessante e define bem os vários níveis deste processo vocacional. Temos aqueles que ouvem o anúncio, a Boa Nova, mas não dão importância alguma, substituindo a Palavra de Deus por outras ideologias; temos aqueles que ouvem e acolhem a Palavra com alegria, mas não tem raízes, é algo momentâneo; temos os que não chegam à maturidade, sendo sufocados por outros compromissos, por outras missões (ter, poder, prazer); e, finalmente, temos aquelas pessoas que ouvem a Palavra com o coração nobre e generoso, conservam-na e a multiplicam... Rogate: Poderia deixar uma mensagem final aos nossos animadores e animadoras vocacionais? Jesus Cristo: A colheita é grande, mas os operários são poucos. Por isso, peçam ao Dono da messe que envie operários para a sua messe. Em qualquer lugar onde estiverem, levem a paz, rezem e sejam os bons operários da messe. Peçam e lhes será dado, busquem, insistam. Todo aquele que pede, recebe. Aquele que busca, acha. Ao que bate, se abrirá. E digo mais: não há quem tenha priorizado a construção do Reino de Deus, sem que receba muito mais agora e no futuro. A parábola do semeador e das sementes O semeador saiu a semear. Ao semear, uma parte da semente caiu à beira do caminho e foi pisada; e os pássaros do céu a comeram. Outra parte caiu sobre pedras; brotou, mas secou, por falta de umidade. Outra parte caiu entre os espinhos e, crescendo ao mesmo tempo, os espinhos a sufocaram. Ainda outra parte caiu em terra boa; brotou e deu frutos, até cem por um. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça! A vós - meus discípulos - foi dado conhecer os mistérios do Reino de Deus. Aos outros, porém, só por meio de parábolas, de modo que, olhando, não enxergam e ouvindo, não entendem. A parábola quer dizer o seguinte: a semente é a Palavra de Deus. Os que caem à beira do caminho são os que escutam, mas logo vem o Diabo e arranca a palavra do seu coração, para que não acreditem e não se salvem. Os que ficam sobre as pedras são os que ouvem e acolhem a palavra com alegria, mas não têm raizes. Por um momento, acreditam, mas quando chega a tentação, desistem. Aquilo que caiu entre os espinhos são os que escutam, mas vivendo em meio às preocupações, as riquezas e os prazeres da vida, são sufocados e não chegam a amadurecer. O que caiu em terra boa são aqueles que, ouvindo com um coração bom e generoso, conservam a Palavra e dão fruto pela perseverança. (Jesus, inicialmente falando a uma grande multidão de pessoas, provindas das várias cidades da região, e, depois, respondendo ao grupo dos doze discípulos, os quais lhe perguntaram sobre o sentido da parábola - cf. Lc 8,5-15. Tradução da CNBB) 7 PASTORAL VOCACIONAL VOCACIONAL Os votos religiosos: ato de amor e liberdade 2ª parte A obediência está presente nos diversos setores da sociedade e cumpre duas tarefas: a de promover a eficiência e a de criar uma disciplina que leve à responsabilidade O bediência religiosa não é diferente daquela exigida na vida familiar, pessoal e profissional do ser humano. Requer sensatez e não significa renunciar à vontade própria, mas sim transformá-la de modo que atenda ao chamado de Cristo.1 Obediência e Criatividade A renúncia exigida por este voto parece privar a pessoa da possibilidade de atuar no seu processo de crescimento para amadurecer e se realizar. Trata-se, de fato, de renunciar a um direito, radicado em toda pessoa, de tomar as decisões que se referem à própria vida, às ações individuais, aos planos para o futuro. A necessidade de obedecer se encontra também na vida familiar e social e interessa a qualquer pessoa. Tal obediência cumpre duas tarefas: uma de natureza funcional, pois promove um certo nível de eficiência ou de rendimento; a outra de natureza pedagógica, uma vez que prepara o indivíduo para se inserir na sociedade, a fim de assumir tarefas de responsabilidade, para distinguir os valores autênticos daqueles falsos. A obediência religiosa ultrapassa tais 8 balizas e leva o indivíduo a participar diretamente do mistério pascal de Cristo, que executou a própria missão de salvação, aceitando obedecer até morrer na cruz (cf. Fl 2,6). O mistério da obediência religiosa é o mistério da renúncia a seguir a própria vontade, não para aniquilá-la, mas para transformá-la. Renuncia-se a formular e a seguir um próprio projeto de vida para aceitar e executar aquele proposto por Deus. É uma abnegação de si em função de uma plenitude de vida. O religioso, quer individualmente, quer como membro de uma comunidade, não obedece a um líder religioso, a uma pessoa prudente e sábia, a um organizador qualificado, mas a Deus, para o qual cada um tende, procurando ler a sua Vontade nos sinais dos tempos, interpretados comunitariamente junto com o superior.2 E aqui nos encontramos no ponto mais delicado e difícil para analisar. É fácil cair tanto no espiritualismo, que prescinde de todo posicionamento inspirado na experiência e na prudência humana, como no sociologismo, que reduz a obediência religiosa a uma despótica autogestão em nome do respeito pela personalidade. PASTORAL VOCACIONAL natureza afetivo-sexual, que já tinham sido Quando se quer analisar o voto de obevivenciadas e superadas no passado. diência de um ponto de vista psicológico, Nas comunidades em que os relacionasobretudo com o intuito de pôr em evidência os perigos de uma errada impostação mentos entre os membros não são animaeducativa, logo se apresenta o problema dos por uma reciprocidade ativante, a cridos antagonismos que podem compromeatividade permanece bloqueada e as relater tanto a observância do voto como a harções ficam impregnadas de agressividade moniosa integração entre identidade e vomais ou menos velada. cação em cada uma das pessoas. Notam-se, neste setor, carências, tanA necessidade que pode ser comproto nos superiores como nos súditos. metida na relação de obeO superior não desemdiência é aquela da criatipenha a própria tarefa vidade, que é profundamenquando esquece que tem Nas comunidades te sentida na idade que seuma função de serviço; em que os relaciogue a juventude. Em tal pequando não tem confiança namentos entre os ríodo, a obediência visa ajunos súditos ou teme a inimembros não são dar o religioso a dominar e ciativa deles; quando é desanimados por uma a integrar o segundo impulpótico no exercício da auso fundamental do ser hutoridade e confunde as vonreciprocidade mano: a agressividade. Isto tades pessoais com o bem ativante, a criativinão acontece sem dificuldada comunidade; quando é dade permanece des e sem combates. vítima da necessidade de bloqueada e as Para impostar construagradar a todos e não é cativamente este processo, paz de arcar com as responrelações ficam deve-se evitar os antagosabilidades. impregnadas de nismos que encontram fáNo súdito, nota-se o deagressividade mais cil terreno em dois setores: feito de relacionamento ou menos velada. aquele da relação superiorquando ele rejeita a autorisúdito e aquele da relação dade ou manipula a obediência; quando critica toda profissão e vocação. disposição; quando nega a colaboração e a 1. Relação superior-súdito disponibilidade ou assume atitudes de subUm fator decisivo para a superação de missão passiva; quando não tem iniciativa uma eventual crise de relacionamento nesou receia perder a sua liberdade e autonote campo é fornecido pelo modo como tem mia. sido vivida a crise de polarização em torQuando a criatividade não é possível no no da autoridade durante a adolescência. seio da comunidade, a pessoa é tentada a O adulto tem necessidade de realizar procurá-la em atividades marginais, às vealgo de verificável, necessita criar algo de zes também fora ou contra a obediência. seu. Se isto lhe é impossível, ele pode rePara amadurecer a própria identidade, agir com atitudes de rebelião ou com uma é necessário que cada um procure ser proresignação passiva: e isto é o oposto da dutivo e que se afirme, ajudando os oucriatividade. Às vezes irrompem crises de tros a serem produtivos. Também este as9 PASTORAL VOCACIONAL pecto da identidade em relação à vocação deve ser cultivado num clima de relacionamentos humanamente ricos e genuínos. 2. Relação vocação-profissão Com modalidades diversas, a obediência intervém igualmente na definição da atividade que cada um deve desempenhar. Em tal designação tem havido no passado - e em algumas congregações constatam-se ainda hoje graves abusos da parte da autoridade: atribuição de cargos para os quais a pessoa não estava preparada; transferência de um cargo exercido durante 20-30 anos para outro completamente novo; coação a desempenhar uma tarefa qualquer por quem possui uma especialização completamente diferente. E tudo era (ou é) imposto por santa obediência e com não convictas declarações sobre os milagres da obediência cega. A este propósito cumpre lembrar que deve haver coincidência entre a identidade pessoal e a função a desempenhar, caso se queira que a obediência resulte criativa. Com efeito, a criatividade tem uma dupla expressão: traduz-se num serviço jubiloso e eficaz, em favor dos outros, e é uma feliz auto-realização pessoal. Quando falta a criatividade, paralisa-se no indiferentismo das situações, na apatia desencorajante, no isolamento triste, pelo que o exercício confiado poderia encontrar a sua mais expressiva qualificação na frase que tem uma mistura de sarcástico e 10 grotesco: Faço-o por obediência!. Frase que muitas vezes equivale a: faço-o por força e, portanto, mal. Em tais casos, o voto de obediência é formalmente observado, mas certamente não fica resolvida a crise de criatividade. Hoje em dia somos justamente mais sensíveis com respeito às capacidades de cada um, pelo que a crise de criatividade deveria ser mais rara e mais facilmente superável. Mas é justamente desta situação que se origina um novo problema: aquele da relação entre profissão e vocação na criatividade. Em outras palavras: como integrar a identidade vocacional com aquela profissional? Aos inconvenientes oriundos do abuso de autoridade na atribuição das várias atividades opõemse os numerosos casos de religiosos qualificados e favorecidos na sua orientação profissional, que entram mais facilmente em crise e abandonam a vocação. Se ontem havia vocações sem profissão, hoje se encontram muitos profissionais sem vocação. São várias as causas que podem levar o religioso a acentuar sempre mais o seu papel profissional e rebaixar o nível vocacional: - a necessidade (ou o desejo) de aprofundar sempre mais a própria especialização; - os encontros frequentes com os colegas de trabalho e a fácil acomodação para assumir o seu estilo de vida, a sua mentalidade, a sua orientação existencial; PASTORAL VOCACIONAL - a avaliação, de modo sempre dominante, do significado humano e social da profissão; - a incidência de certas profissões que se inspiram em concepções do ser humano, que nem sempre se harmonizam com os dados da fé (basta pensar em certas correntes ou escolas que existem, de filosofia, psicologia, medicina, sociologia etc.); - a progressiva redução do tempo dedicado à oração, aos encontros comunitários, ao exercício de uma atividade que seja expressão explícita dos valores religiosos e que empenhe a pessoa numa contínua avaliação do seu nível de fé nos valores sobrenaturais e de fidelidade aos compromissos religiosos. É assim que o religioso perde gradativamente a sua específica identidade, enquanto nele abre caminho uma identidade leiga, que leva naturalmente a um correspondente estilo de vida. A crise de criatividade com relação à obediência não se resolve nem bloqueando a possibilidade de ser criativos, nem favorecendo uma criatividade em que as estruturas profissionais tendem a substituir aquelas religiosas. Para crescer verdadeiramente - escreve De Lorimier - a vocação e a identidade devem crescer de modo integrado. E aqui, no plano da criatividade, isto significa que a obra a ser realizada coloca em harmonia o serviço de Deus e dos outros junto com a realização de si. Em outras palavras: a obra individual deve realizar a obra da comunidade e da Igreja, enquanto constrói o Reino de Cristo. Isto significa, também, que a identidade individual do sacerdote, do consagrado e da consagrada, será fortificada na vocação específica, com a condição de ser bem definida, de aceitar agir num setor preciso e limitado, porém, ao mesmo tempo, de manter-lhes o vínculo com a obra comum. A criatividade individual de cada um adquire o seu valor como realização da obra comum.3 1 2 3 B. Giordano, Renúncias e Conquistas. In.: _____, Resposta do homem ao chamado de Deus; Estudo psicológico sobre vocação. São Paulo, Loyola-Rogate, 1990, p. 127-136. R. Antoncich, Op. Cit., p. 57-58. J. De Lorimier, Progetto di vita nelladolescente, Turim, LDC, 1969, p. 381-382. ANÚNCIO CATTONI Favor colori-lo, como quiser... 11 ESTUDO ESTUDO Natal de Jesus, vocacionado do Pai Pe. Gilson Luiz Maia propõe esta reflexão sobre o Natal de Jesus, sugerindo que seja estudado em comunidade ou família. No final, o autor faz alguns questionamentos para favorecer a meditação e a partilha comunitária O clima natalino é gostoso. Chegam as férias e o décimo terceiro salário. Porém, o calor mais forte vem do clima luminoso do Natal. Espalham-se luzeiros pelas casas, ruas e avenidas das cidades, além da montagem dos tradicionais presépios. Ninguém questiona a data ou o local do nascimento de Jesus, filho da Virgem Maria. Todos querem, de alguma maneira, celebrar o Natal do Menino Deus. Muitas comunidades cristãs preparam a festa com uma bonita novena rezada em família. Nas empresas e em outros ambientes de trabalho organizam-se confraternizações, acompanhadas pelas animadas e divertidas brincadeiras do amigo secreto. Há, também, as campanhas promovidas por pessoas sensíveis às necessidades dos irmãos e que buscam alegrar o Natal dos pobres e excluídos, amenizando o sofrimento. Conheço gente que não mede esforços para oferecer presentes às crianças carentes, vestindo-se de Papai Noel, provocando muita alegria e emoção. Natal é uma ótima oportunidade para celebrarmos um encontro pessoal e comunitário com Jesus Cristo. O ambiente e a liturgia da Igreja favorecem esta experiência profunda da fé cristã. É tempo de renovação pessoal e comunitária, para que a vivência intensa de nossa vocação seja 12 geradora de esperança no coração humano, que avança com coragem neste tempo de globalização, ainda carente de solidariedade. Evangelhos do Natal Interessante, também, é o jeito dos evangelistas narrarem o nascimento de Jesus. Lucas começa assim: Naqueles dias, saiu um decreto do imperador César Augusto mandando fazer o recenseamento de toda a terra - o primeiro recenseamento, feito quando Quirino era governador da Síria. Todos iam registrar-se, cada um na sua cidade (Lc 2,1-3). Com essa moldura, extraída do contexto do Império Romano, Lucas começa a narrativa do evangelho que meditamos na noite de Natal. É o jeito lucano de escapar do mundo judaico, estendendo o nascimento de Jesus a todo o universo. O evangelista abre novos horizontes, situando a chegada de Jesus, vocacionado do Pai, dentro da história de toda a terra (Lc 2,1). Desta forma, Lucas já adianta que a salvação, tema preferido do seu evangelho, que chega mediante o menino Jesus, alcança todos os povos. Todos somos chamados a construir e habitar o Reino de Jesus Cristo. Enquanto Lucas apresenta o nascimento de Jesus como ponto culminante da his- ESTUDO tória da salvação e o situa dentro da camia sua estrela no seu surgir e viemos nhada do povo de Deus, superando as fronhomenageá-lo (Mt 2,1-2). Deste modo, teiras de Israel, o evangelista Mateus esMateus, já no começo de sua obra, mostra creve com outra perspectiva. Mateus aprea abertura da Boa Notícia ao mundo pagão senta Jesus como o Messie fala da Galiléia das Naas davídico, no qual cumções (Mt 4,15). Essa aberA celebração prem-se as profecias do tura a outros povos será Antigo Testamento. Esse confirmada ao longo do do Natal nos evangelista seleciona os faevangelho, o qual termina conduz ao ponto tos do nascimento e infânmostrando Jesus ressuscimais original da cia de Jesus relacionandotado sobre a montanha, espiritualidade os com a história de Israel. convocando seus discípuO nascimento em Belém, a los para a missão evangecristã, que é o perseguição de Herodes, a lizadora: Ide, pois, fazer encontro e o fuga para o Egito e o masdiscípulos entre todas as seguimento de um sacre dos inocentes estão nações, e batizai-os em Deus que assumiu sintonizados com a história nome do Pai, do Filho e do do povo de Deus, que foi Espírito Santo. Ensinainossa condição perseguido pelo Faraó, com lhes a observar tudo o que humana, que o massacre dos filhos egípvos tenho ordenado. Eis experimentou o cios e o êxodo para a terra que estarei convosco todos sofrimento, prometida. os dias, até o fim dos tementregou-se por É clara a inversão que pos (Mt 28,19-20). Mateus tece nos primeiros O Quarto Evangelho, uma causa, teve capítulos do seu evangelho conhecido pela tradição êxitos, alegrias (Mt 1-2). Se no Egito morcomo o evangelho de João, e fracassos. reram os filhos dos egípcicomeça com um lindo hino os, aqui morrem os filhos à Palavra reveladora de dos judeus. Lá, o povo fuDeus. João escreve: E o giu da casa da escravidão, enquanto que, Verbo se fez carne e veio morar entre nós no evangelho, José leva Maria e o menino (Jo 1,14). O mistério da encarnação é exJesus para o Egito, escapando da persepressão da bondade de Deus, fiel à sua aliguição de Herodes contra os indefesos voança com toda humanidade. A encarnação cacionados inocentes. Segundo o evangemostra o encontro de Deus com toda hulista Mateus, a fé e a adesão a Jesus não se manidade na pessoa de Jesus Cristo, sua limitam às fronteiras mas alcançam toda vida, seus conflitos, sua morte e ressurhumanidade. Por isso ele narra a visita dos reição. Por isso a celebração do Natal nos magos vindos do Oriente para encontrar o conduz ao ponto mais original da espiriturecém-nascido: Tendo Jesus nascido em alidade cristã, que é o encontro e o seguiBelém da Judéia, no tempo do rei Herodes, mento de um Deus que assumiu nossa coneis que vieram magos do Oriente a Jerudição humana, que experimentou o sofrisalém, perguntando: Onde está o rei dos mento, entregou-se por uma causa, teve judeus recém-nascido? Com efeito, vimos êxitos, alegrias e fracassos. Com a encar13 ESTUDO nação, Deus diviniza e humaniza cada ser humano chamado para o Reino, que é nossa vocação. Segundo o autor do Quarto Evangelho, nossa missão é prosseguir, à luz do Espírito Santo, a obra do Verbo feito carne. O nascimento de Jesus Jesus não é o único personagem da história do povo de Deus sobre o qual a Bíblia relata os fatos mais significativos do início de sua vida. No Antigo Testamento encontramos o relato de outros nascimentos, como o de Isaac, Jacó, Moisés e Samuel. No evangelho de Lucas temos a narrativa do nascimento do precursor João Batista. De modo geral, os nascimentos mencionados nas Escrituras se reduzem à alusão da concepção e à imposição do nome da criança, sem detalhar outros fatos, salientando mais os aspectos teológicos do que os históricos. A cena do nascimento de Jesus, diferente daquela que mostra o nascimento de João Batista no aconchego da casa sacerdotal de Zacarias, com a presença de familiares e amigos (Lc 1,57-66), é apresentada num abrigo humilde, sobre o qual uma piedosa tradição construiu o presépio, mencionando inclusive a presença de alguns animais, conforme aparece no livro do profeta: Um boi conhece o seu proprietário, um jumento conhece a manjedoura na casa do seu dono; Israel não conhece, meu povo não compreende (Is 1,3). Atento às palavras dos profetas, Lucas mostra José, da família de Davi, viajando com Maria para Belém, sua cidade natal, onde devia se apresentar para o recenseamento: Também José, que era da família e da descendência de Davi, subiu da cidade de Na14 zaré, na Galiléia, à cidade de Davi, chamada Belém, na Judéia, para registrar-se com Maria, sua esposa, que estava grávida (Lc 2,4-5). Conforme ordenava o imperador Augusto, todos deveriam se alistar para o recenseamento em sua cidade natal. O recenseamento era um mecanismo político e econômico utilizado para garantir o pagamento das taxas ou tributos. Tinha, também, uma finalidade militar, visando recrutar homens para o exército, que deveria controlar as vastas regiões do império. Deste modo se cumprirá a profecia de Miquéias, do século VII a. C.: Mas tu, Belém de Éfrata, pequenina entre as aldeias de Judá, de ti é que sairá para mim aquele que há de ser o governante de Israel... (Mq 5,1-3). Belém, cujo nome significa casa do pão e está na fronteira do deserto da Judéia, foi palco de muitos acontecimentos bíblicos. Foi aí que nasceu o patriarca Benjamim (filho da minha dor). Seu parto foi tão complicado que sua mãe, Raquel, morreu e foi sepultada por Jacó na beira do caminho (Gn 35,16). Esta aldeia é lugar da vida e da morte, onde o amor supera a dor e faz triunfar a esperança. Mateus recorda, no seu evangelho, o episódio dramático do massacre dos inocentes de Belém, patrocinado pela loucura e crueldade de Herodes (Mt 2,18). Belém também é a aldeia onde Davi nasceu e passou toda sua infância pastoreando o rebanho de seu pai. Foi em Belém que Davi foi ungido por Samuel e se tornara rei de todo Israel. Esta é a cidade de José, o esposo de Maria. Todavia, apesar de José ser de Belém, não foram acolhidos adequadamente porque não havia lugar para eles ESTUDO na hospedaria (Lc 2,7). Foram para uma gruta transformada em estábulo, onde Maria deu à luz o seu filho primogênito, envolveu-o em faixas e deitou-o numa manjedoura (Lc 2,7). Esta gruta é venerada pelos cristãos desde os primeiros séculos. Santa Helena, mãe do imperador Constantino, mandou construir sobre ela uma grande basílica por volta do ano 325. Nesta gruta, S. Jerônimo viveu 36 anos, absorvido na tradução dos textos bíblicos para o latim (Vulgata). A acolhida dos pastores e o jeito de Maria O gesto humilde de Maria, que envolveu seu filho em faixas colocando-o na manjedoura, expressa a simplicidade do nascimento do Filho de Deus. Ele recebe a visita dos pastores, avisados pelo anjo: Não tenhais medo! Eu vos anuncio uma grande alegria, que será também a de todo o povo: hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós o Salvador, que é o Cristo Senhor! E isto vos servirá de sinal: encontrareis um recém-nascido, envolto em faixas e deitado numa manjedoura... (Lc 2,10-20). Os pastores foram os primeiros a receber a alegre notícia do nascimento do Salvador. Eles assinalam todas as pessoas humildes, abertas e acolhedoras, que vão ao encontro do Menino Deus. Do ponto de vista social e jurídico, não são testemunhas qualificadas por causa de sua pobreza e a singeleza de sua profissão. Também são discriminados porque eles não têm condições de cumprirem todas as prescrições da lei. No entanto, o evangelista mostra eles indo às pressas a Belém e encontraram Maria e José, e o recém-nascido deitado na manjedoura (Lc 2,16). Os pastores e todos as pessoas que acolhem o anúncio do anjo (Lc 2,9), no Natal, glorificam, louvam e agradecem a Deus pelo dom da salvação. Eles compreenderam que Jesus é a salvação enviada por Deus. Mais tarde, Jesus mesmo ensinará que a salvação não dispensa a participação humana mediante o processo da conversão. Vamos meditar o Natal repetindo o jeito simples e sereno de Maria. Sobre ela, escreve o evangelista Lucas: guardava todos essas coisas, meditando-as em seu coração (Lc 2,19). A Virgem Mãe nos ensina a observar a ação silenciosa de Deus, a descobrir o sentido das coisas à luz do Espírito Santo, contemplando o rosto luminoso do recém-nascido deitado na manjedoura. Maria nos convida à experiência com a Trindade, que se manifesta na gruta de Belém e no cotidiano de nossa caminhada vocacional. Por isso, chegando ao final desta reflexão, deixamos algumas perguntas para estimular a meditação e a partilha comunitária. Questões para meditar, partilhar e vivenciar: 1.Por que Lucas situa Jesus dentro da história humana? 2.Qual o perfil dos pastores que visitam o Menino na manjedoura? 3.Como podemos descrever o jeito de Maria? 4.Por que o poderoso Herodes tem medo do menino Jesus? 5.O que significa ser seguidor daquele que nasceu na gruta de Belém? 6.Por que podemos afirmar que o Natal favorece um encontro pessoal com Jesus Cristo? 7.De que modo Deus participa de nossa caminhada vocacional? 15 ATUALIDADES ATUALIDADES Igreja, povo de Deus a serviço da vida Este foi o tema sugerido durante o 16º Encontro Nacional de Pastoral Vocacional para o Congresso Vocacional do Brasil, em 2005 D urante quatro dias, os coordenadores de Pastoral Vocacional dos Regionais do Brasil reuniram-se em São Paulo para avaliação, estudo e reflexão, além da preparação e primeiros encaminhamentos do 2º Congresso Vocacional do Brasil, marcado para setembro de 2005. O 16º Encontro Nacional de Pastoral Vocacional (ENPV), realizado de 17 a 20 de outubro, reuniu em torno de 35 pessoas, entre assessores, bispos da Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada (antigo Setor Vocações e Ministérios da CNBB), coordenadores do Serviço de Animação Vocacional dos Regionais do Brasil, e membros do Instituto de Pastoral Vocacional (IPV). O ENPV foi precedido de uma reunião conjunta entre os vários organismos que, direta ou indiretamente, fazem parte da comissão acima citada. Reunião Conjunta A 8ª reunião conjunta da Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada, de 13 a 16 de outubro, contou com a participação de representantes da Pastoral Vocacional (PV), do Grupo de Assessoria Vocacional (GAV), da Organização dos Seminários e Institutos Teológico-filosóficos do Brasil (OSIB), da Comissão Nacional dos Diáconos (CND), da Comissão Nacional dos Presbíteros (CNP), da 16 Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB) e da Conferência Nacional dos Institutos Seculares (CNIS). D. Anuar Battisti, bispo de Toledo (PR) e presidente da comissão, juntamente com o Pe. Tarcísio Rech, assessor nacional da mesma, coordenaram os trabalhos. Após a partilha das experiências e a reflexão sobre a finalidade e organização da própria comissão, foi trabalhado o 17º Plano Bienal da CNBB, no que diz respeito à dimensão vocacional. Do estudo surgiram alguns projetos e propostas de ação, com destaque para o 2º Congresso Vocacional do Brasil, indicado para ser realizado em setembro de 2005, visando responder aos apelos do congresso anterior, de 1999. Os participantes da reunião conjunta também estudaram o texto: Globalização, Religiões, Justiça Social: Metamorfoses e Desafios, de Luiz Eduardo Wanderley, coordenador do Núcleo de Relações Latinoamericanas, no Programa de Estudos Pósgraduados em Ciências Sociais da PUC-SP. ENPV A coordenação geral do 16º ENPV ficou por conta de D. Gil Antônio Moreira bispo auxiliar de São Paulo - e D. Esmeraldo Barreto de Farias - bispo de Paulo Afonso (BA). Os padres Tarcísio Rech, assessor nacional, e José Lisboa Moreira de ATUALIDADES Oliveira, atual presidente do IPV, ajudaram sintonia com as Diretrizes da CNBB. A na coordenação. grande perspectiva para o futuro, segunO encontro teve, basicamente, três do Pe. Lisboa, é criar uma consciência da grandes momentos: a avaliação do Servidimensão vocacional da Igreja, conforme ço de Animação Vocacional nos Regionais, manifestou o papa João Paulo II, na Exora avaliação do Ano Vocacional e os encatação Apostólica Pós-sinodal Pastores Dabo minhamentos iniciais para o 2º Congresso Vobis. Vocacional do Brasil. O Ano Vocacional favoreceu a continuiNo que diz respeito ao Serviço de Anidade das indicações gerais do 1º Congresmação Vocacional, avaliou-se avanços, desso Vocacional do Brasil e serviu, também, de o 1º Congresso Vocacional, aplicação das para dar novo impulso ao serviço de aniconclusões do ENPV mação vocacional anterior - cuja temánas comunidades. tica foi sobre os miPor isso, todos foram nistérios e a ministeunânimes na proposrialidade da Igreja -, ta da realização de desafios atuais e persum segundo conpectivas futuras. Os gresso, em 2005. O participantes afirmaobjetivo geral seria a ram que o Congrescelebração da camiso Vocacional de nhada vocacional da Grupo de trabalho no 16º ENPV 1999 foi um marco, Igreja no Brasil, no que contribuiu muito para uma maior conscontexto dos 40 anos da conclusão do Concientização vocacional na Igreja, fomentancílio Ecumênico Vaticano II. Como objetido o trabalho em conjunto, a formação dos vos específicos, indicou-se três: a) reafiranimadores e de equipes, a maior compremar a consciência de que a Igreja é povo ensão da Teologia da Vocação. de Deus, Assembléia dos chamados (PdV, Os desafios ainda são muitos, principal34), convocada e reunida pela Trindade mente no que diz respeito à organização (LG, 04); b) evidenciar a vocação univerregional ou nacional - devido às enormes sal à santidade, dentro da diversidade de distâncias entre as circunscrições e o pouvocações, carismas e ministérios (cf. LG, co recurso financeiro -, ao isolamento de 05); c) fortalecer a convicção que toda voalgumas dioceses nesta atual caminhada cação é para a missão e o serviço à humavocacional da Igreja do Brasil e à criação nidade, especialmente aos pobres e excluda cultura vocacional entre todos. Um ídos. Tendo presente estas indicações, os grande desafio acenado, também, é a difirepresentantes do Serviço de Animação culdade em concretizar os projetos que já Vocacional de todo o Brasil, juntamente fazem parte de documentos, frutos de tancom os assessores e bispos responsáveis, tas reflexões e debates. E como perspecindicaram o tema e o lema do próximo Contivas para o futuro, os participantes indigresso Vocacional do Brasil. O tema: Igrecaram a integração entre as pastorais, a ja, povo de Deus a serviço da vida. E o consolidação das conquistas e a continuilema: Ide também vós para a minha vidade do que já está sendo realizado, em nha (Mt 20,4.7). 17 VIDA CONSAGRADA CONSAGRADA A bem-aventurada Madre Teresa Apenas seis anos após sua morte, Madre Teresa de Calcutá é beatificada N o último dia 19 de outubro, a Praça de São Pedro, no Vaticano, foi tomada por cerca de 300 mil fiéis de todo mundo, que ali estiveram para celebrar a beatificação de Madre Teresa de Calcutá, fundadora da Congregação das Missionárias da Caridade. Em seu discurso, João Paulo II afirmou: Com emoção especial, recordamos Madre Teresa, que serviu aos pobres, à Igreja e ao mundo inteiro. Sua vida é um testemunho da dignidade e do privilégio da ação humilde. O papa, ao pronunciar a fórmula de beatificação - Concedemos que a venerável serva de Deus, Teresa de Calcutá, de agora em diante seja chamada beata -, viu o silêncio ser rompido por um caloroso aplauso. A missa teve ritos litúrgicos tradicionais da Índia, com pétalas de flores no altar, incenso e fogo. A existência de Madre Teresa foi uma lição de vida e desprendimento para todos os seres humanos, de todas as culturas e credos. Tanto é que a Praça de São Pedro recebeu, neste dia, delegações de 27 países, não só católicos. Foi um verdadeiro ato ecumênico e inter-religioso, com representantes da Igreja ortodoxa e de duas comunidades muçulmanas da Albânia. Na Índia ela é venerada por hindus, muçulmanos, sikhs e budistas, além dos católicos. Ao nascer, no dia 26 de agosto de 1910, em Skopje, na Macedônia, bem cedo a 18 menina Agnes Gonxha Bojaxhiu descobriu a vocação missionária e demonstrou seu amor pelos mais pobres. Sua família pertencia à minoria albanesa do sul da antiga Iugoslávia. O pai faleceu quando Agnes tinha sete anos e sua mãe educou os três filhos na confiança em Deus. Em setembro de 1928 deixou sua casa e foi para a Irlanda, onde ingressou como noviça na Congregação de Nossa Senhora de Loreto. Em 24 de maio de 1931 pronunciou os primeiros votos, assumindo o nome de Teresa. Foi, então, enviada a Calcutá, na Índia, para lecionar história e geografia. O país passava por momentos difíceis, de constantes lutas pela independência, fome e doenças. VIDA CONSAGRADA No dia 10 de setembro de 1946, Ir. Teresa viajava de trem quando recebeu uma inspiração interior, um chamado de Deus para servi-lo de forma mais radical, dedicando a vida aos mais pobres dos pobres. Ela consulta seu diretor espiritual e pede licença ao papa Pio XII para viver como religiosa nos bairros mais miseráveis. Obtida a permissão, em 1948 inicia uma nova fase em sua vida consagrada. Teresa começa a escrever a constituição do futuro novo instituto, com o nome de Missionárias da Caridade. A ela unem-se várias jovens e, em 1950, nascia oficialmente a congregação. Vivendo com simplicidade no meio dos pobres, cuidando dos doentes, idosos, abandonados e semeando o respeito e o amor, elas seguem o lema de Madre Teresa: Se possuímos o amor pelos outros, seremos felizes. Em 1952 abre o lar infantil Casa da Esperança e inaugura o Lar para Moribundos. A partir desta data a congregação expande-se pela Índia e por todo o mundo. Além da congregação das Missionárias da Caridade, Madre Teresa fundou a congregação dos Irmãos Missionários da Caridade, em 1963. Seria o ramo masculino para os seguidores de seu carisma. No ano de 1979, Madre Teresa recebeu o Prêmio Nobel da Paz. Quando visitava o papa João Paulo II, em 1983, ela sofreu um primeiro ataque cardíaco e, seis anos depois, teve um segundo ataque, este mais grave. Vindo a falecer, no dia 05 de setembro de 1997, após ser vítima de uma parada cardíaca, o povo indiano, superando as diferenças religiosas, saiu às ruas, aclamando aquela que se tornara Mãe da Índia. O papa estabeleceu o dia 05 de setembro como data de celebração da festa de Madre Teresa. Ela é hoje uma das bemaventuradas mais conhecidas no mundo. O processo de sua beatificação é considerado um dos mais rápidos da Igreja Católica. As normas jurídicas do Vaticano ditam que, para iniciar um processo de beatificação, o candidato deve ter, no mínimo, cinco anos de falecimento. O processo de Madre Teresa, no entanto, foi iniciado dois anos após sua morte e aos cinco anos de falecimento já estava concluído. O milagre atribuído à ela é a cura de uma indiana, que possuía um tumor no estômago. Para que Madre Teresa seja canonizada será necessário comprovar mais um milagre. As Missionárias da Caridade atuam em mais de 120 países. No Brasil, elas desenvolvem projetos há mais de 20 anos nos estados do Amazonas, Bahia, Rio de Janeiro e Sergipe. Amar a vida A vida é uma oportunidade, aproveite-a. A vida é beleza, admira-a. A vida é felicidade, saboreia-a. A vida é um sonho, torna-o realidade. A vida é um desafio, enfrenta-o. A vida é um jogo, joga-o. A vida é preciosa, protege-a. A vida é riqueza, conserva-a. A vida é amor, desfruta-o. A vida é mistério, desvenda-o. A vida é promessa, cumpre-a. A vida é tristeza, supera-a. A vida é um hino, canta-o. A vida é um combate, aceita-o. A vida é uma tragédia, domina-a. A vida é uma aventura, encara-a. A vida é um gozo, merece-o. A vida é vida, defenda-a. Madre Teresa de Calcutá 19 IN FORMAÇÃO IN FORMAÇÃO Escola Vocacional do IPV E m janeiro, como já é costume, acontecem mais duas etapas da Escola Vocacional em São Paulo. Desta vez serão realizadas a 3ª e 4ª etapas: Discernimento Vocacional (de 12 a 18) e Maturidade Humano-afetiva (de 19 a 25). As duas etapas anteriores foram realizadas em janeiro deste ano. O evento, promovido pelo Instituto de Pastoral Vocacional (IPV), acontecerá no Centro de Convivência Mãe do Bom Conselho, das Irmãs Agostinianas Missionárias, em Jundiaí (SP). A Escola Vocacional destina-se a cristãos leigos e leigas, consagrados e consagradas, ministros ordenados, que tenham o mínimo de 25 anos de idade e dois anos de experiência no Serviço de Animação Vocacional. As vagas são limitadas. Maiores informações: Tel.: (11) 3931-5365 (Ir. Adelinda, das 14 às 18 horas) E-mail: [email protected] Natal em Família O Centro de Pastoral Popular (CPP) publicou a novena Natal em Família 2003, com o lema: Vida e Vocação para todos. O subsídio apresenta nove roteiros para encontros, com orações, reflexões e músicas. A novena pode ser encontrada nas principais livrarias católicas ou no CPP: Tel.: 0800 61-2226 (gratuito) E-mail: [email protected] Diretório Litúrgico 2004 Anualmente a CNBB elabora o Diretório Litúrgico, que contém os dados atualizados da Igreja no Brasil. O diretório de 2004 foi publicado pelo Centro de Pastoral Popular (CPP). Preço: R$ 10,00. Pedidos: ver endereço acima. 20 CD para Advento e Natal O grupo Pequenos Cantores, de Curitiba (PR), está lançando o CD: Tempo de recomeçar, contendo músicas para as missas do Advento e Natal. As canções são de autoria da professora Teresa de Fátima Rodrigues, de Londrina (PR), e a direção artística é da Ir. Custódia Cardoso. Editora Paulus está realizando o projeto: Tel.: 0800 164011 (gratuito) Plano Global do CELAM Inspirado na Carta Apostólica Novo Millennio Ineunte, do papa João Paulo II, o Plano Global do Conselho Episcopal Latino-americano (CELAM) definiu o título para o quadriênio 2003-2007: Há uma Igreja, casa e escola de comunhão e de so- IN FORMAÇÃO lidariedade em um mundo globalizado. O plano tem ênfase cristológica e eclesiológica. Apresenta também uma observação de fé humanizadora. Os desafios da globalização para a pastoral da Igreja Latinoamericana também são abordados no documento. Encontram-se, no Plano Global, 93 projetos, que respondem às necessidades reais das diferentes Conferências Episcopais do continente. Cursos do CESEP O Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular CESEP - está com inscrições abertas para diversos cursos em 2004, entre eles: a) Água é Vida: dom de Deus e responsabilidade humana (Curso de Verão) - de 05 a 17 de janeiro; b) Gênero, Violência e Ética - de 25 de janeiro a 14 de fevereiro; b) Reorganizar a sociedade e a política em tempos de globalização: um desafio para os cristãos - de 02 a 29 de maio. Inscrições e maiores informações: Tel.: (11) 3105-1680 E-mail: [email protected] Concurso para criar o cartaz do Dia Mundial das Comunicações de 2004 A Comissão Episcopal para Cultura, Educação e Comunicação Social, por meio do Setor de Comunicação da CNBB, lançou o concurso nacional para a criação do cartaz comemorativo ao 38º Dia Mundial das Comunicações Sociais, que em 2004 será celebrado no dia 23 de maio, sob o tema: A mídia e a família: um risco e uma riqueza. As inscrições vão até 10 de dezembro. Mais informações: Tel.: (61) 313-8300 E-mail: [email protected] Concurso para escolha de hino oficial Estão abertas as inscrições para o concurso do Hino Oficial do 20º Dia Mundial da Juventude, de 2005, que será realizado na cidade alemã de Colônia, sob o lema: Viemos para adorar-te (Mt 2,2). Os trabalhos deverão ser enviados ao Comitê de Colônia até o dia 29 de fevereiro de 2004. O vencedor receberá um prêmio de cinco mil euros. Mais informações, pela Internet: http://www.wjt2005.de Guia do Rosário O Pontifício Conselho para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes elaborou um pequeno livro de acompanhamento para a oração do Rosário, dedicado aos nômades, viajantes e peregrinos. O livro apresenta cada mistério, com sua citação bíblica de referência e um fragmento de tipo magisterial procedente de intervenções do papa. Inclui igualmente uma oração dedicada a uma categoria específica, como as pessoas do mar, da aviação civil, estudantes em países estrangeiros, trabalhadores dos setores do turismo, das peregrinações ou da estrada. Celebrações Vocacionais A partir da próxima edição da Rogate, as Celebrações Vocacionais - que são editadas como encarte - estarão sendo publicadas com temáticas adiantadas em uma edição, visando facilitar seu uso por parte dos animadores vocacionais. Ao chegar adiantada, a Celebração poderá ser melhor organizada pelas equipes vocacionais. A possibilidade de fazer assinaturas avulsas das Celebrações Vocacionais continua (ver encarte central). 21 ESPECIAL ESPECIAL Índice remissivo 2003 Mais um ano terminou e, tradicionalmente, a Revista Rogate apresenta seu índice com todos os títulos e páginas publicados durante o ano de 2003 ATUALIDADES • Começa o Ano Vocacional (210, p. 09) • Dia Mundial das Comunicações Sociais (212, p. 13) • Dia de Santificação Sacerdotal (213, p. 13) • Evangelho da Vocação (216, p. 07) • Novidades da UCBC (211, p. 12) • UCBC realiza sua 37ª assembléia (215, p. 08) • Vida, dignidade e esperança (209, p. 07) • Igreja, povo de Deus a serviço da vida (218, p. 16) CELEBRAÇÃO VOCACIONAL • A Bíblia na dimensão vocacional. Ir. Célio Laurindo da Silva (215) • A vocação ao serviço, 40º Dia Mundial de Oração pelas Vocações (209) • Corações enamorados pelo Reino. Lucas Bonbazar (213) 22 • Ele está no meio de nós. Dc. Célio Augusto de Oliveira (217) • Nascer com Cristo, renascendo na esperança. Fernando Camargo de Almeida e Vivian Fabrício (218) • Nossos passos a caminho. Ir. Marcos Cardoso (214) • Páscoa: Esperança de Vida. Ir. Valmir de Costa e Carlos José Pereira da Silva (211) • Rezando com Nossa Senhora. Ir. Julieta Cesconetto (212) • Somos todos missionários. Ir. Luiz Caetano Castro (216) • Vida, dignidade e esperança. Dc. João Ademir Vilela (210) • A fé impressa no corpo e na alma, com Derlei Catarina De Luca (210) • Da esperança à utopia, com Paulo Evaristo Arns (213) • IPV: 10 anos pelas vocações, com José Lisboa Moreira de Oliveira (214) • Missão de ser Filho de Deus, com Jesus Cristo (218) • Novos rumos para a Pastoral Vocacional, com Anuar Battisti (215) • Os ministérios não-ordenados, com Paulo Crozera (212) • Sim, mas para onde?, com Susana Santa Catarina (211) • Um balanço do Ano Vocacional, com assessores e leitores da Rogate (217) ENTREVISTA ESPECIAL (p. 03) • A caridade no diaconato, com Zeno Konzen (209) • A dimensão vocacional no Celam, com Gilson Luiz Maia (216) • A atualidade da Carta dos direitos da Família, 20 anos depois (214, p. 09) • A força Afro-brasileira na Igreja (217, p. 10) ESPECIAL • A missão de conviver com o diferente (215, p. 10) • A vocação ao serviço (209, p. 13) • Assembléia da CNBB (213, p. 09) • Configurar-se com Cristo: os jovens diante da opção vocacional - 1ª parte (210, p. 14) • Configurar-se com Cristo: os jovens diante da opção vocacional - 2ª parte (211, p. 07) • Configurar-se com Cristo: os jovens diante da opção vocacional - 3ª parte (212, p. 09) • Crescimento lento, mas constante (216, p. 08) • Simpósio comemora 10 anos do IPV (213, p. 21) ESTUDO • A carta de Judas: um texto esquecido - 1ª parte (214, p. 19) • A carta de Judas: um texto esquecido - 2ª parte (215, p. 16) • A dimensão vocacional no processo educativo (211, p. 14) • A Formação Permanente e a Pastoral Presbiteral (217, p. 14) • A Igreja vive da Eucaristia (213, p. 19) • Missão dos evangelizadores (210, p. 20) • Natal de Jesus, vocacionado do Pai (218, p. 12) • Rosário e Missão (216, p. 16) OPINIÃO (p. 01) • A fantasia de servir,* (212) • A paz é fruto da justiça e da solidariedade, Dom Raymundo Damasceno Assis, Secretário-geral da CNBB (211) • A questão dos números,* (215) • Alguns alinhamentos do Ano Vocacional,* (218) • Amor: fundamento e origem da vocação à vida, Pe. Juarez Albino Destro (209) • Continuemos, pois, nossa missão..., Pe. Juarez Albino Destro (217) • Missão de servir,* (214) • OSIB: 25 anos, Pe. Vitor Hugo Mendes - Presidente da OSLAM (216) • Um chamado à conversão,* (210) • Uma Igreja que caminha,* (213) * Pe. Angelo Ademir Mezzari PASTORAL VOCACIONAL • As coisas mudaram... (209, p. 18) • Duc in altum! (215, p. 12) • O batismo e a formação da comunidade vocacional (210, p. 17) • O Rosário e seus mistérios na ótica vocacional 1ª parte (212, p. 17) • O Rosário e seus mistérios na ótica vocacional 2ª parte (213, p. 15) • Os jovens e a vocação ao amor (211, p. 17) • Os votos religiosos: ato de amor e liberdade 1ª parte (217, p. 07) • Os votos religiosos: ato de amor e liberdade 2ª parte (218, p. 08) • Somos todos vocacionados, seguidores de Jesus (214, p. 15) VIDA CONSAGRADA • A bem-aventurada Madre Teresa (218, p. 19) • A humanidade de um santo (216, p. 19) • Apóstolos e Apóstolas das Divinas Vocações (211, p. 20) • Madre Úrsula Ledóchowska (212, p. 20) • O papel da Vida Religiosa jovem na Igreja e na sociedade (209, p. 19) • Três novos santos missionários (217, p. 20) Todos os temas da Rogate em breve estarão no site a ser lançado em meados de 2004! 23 LEITOR LEITOR Agenda 2004 Estou encantado com a Agenda Vocacional Caminhos 2004! É belissíma, superatualizada e de bom gosto! O IPV está de parabéns! Fizemos, a nível paroquial, um bom uso da agenda deste ano e queremos cada vez mais desfrutá-la, torná-la eco de comunhão e formação. É muito apreciada por nossas lideranças e coordenação de pastoral. É uma fonte de espiritualidade e atualização pastoral, em sintonia com a nossa Igreja. É uma benção a todos nós! Pe. José Alceu S. Albino Curitiba (PR) Informações Sou coordenadora da Equipe de Pastoral Vocacional e Ministérios da Paróquia Nossa Senhora dos Remédios, da cidade de Caxambu, e gostaria de orientações e sugestões com relação ao trabalho a ser realizado com a respectiva pastoral, tais como: livros para estudo, dinâmicas para as reuniões, estudo sobre as vocações na Bíblia, estudo sobre a Liturgia em geral (na 24 missa, por exemplo), compromissos de cada vocação específica. Eleida Maria Magalhães Brochado Caxambu (MG) Nota: Prezada Eleida, você faz uma série de perguntas ligadas à questão vocacional. Vamos tentar ajudá-la. Quanto aos livros para estudo, sugerimos, antes de tudo, o livro Memórias do 1º Congresso Vocacional do Brasil. Ali você encontrará o Texto-base preparatório, que contém a história da caminhada da Pastoral Vocacional no Brasil nos últimos 50 anos, além de reflexão vocacional bíblica e indicações práticas. Traz também o resultado do evento, com uma série de pistas de ação. Há várias experiências e dinâmicas, que poderão ser utilizadas em seu contexto. É um começo! Veja outros subsídios no site: www.ipv.org.br As mensagens enviadas poderão ser editadas pela equipe, favorecendo um melhor entendimento de seu conteúdo.