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Original
Ganança FF,Original
GanançaArticle
CF, Pires/ Artigo
APBA, Duarte
JA
Realidade Virtual para o Tratamento da Cinetose: Resultados Preliminares
Virtual Reality for the Treatment of Patients with Motion Sickness: Preliminary Results
Fernando Freitas Ganançaa*; Cristina Freitas Ganançab; Anna Paula Batista de Ávila Piresc; Juliana Antoniolli Duartec
Universidade Federal de São Paulo, Departamento de Otorrinolaringologia e Distúrbios da Comunicação Humana, SP, Brasil
b
Universidade Federal de São Paulo, Departamento de Fonoaudiologia, SP, Brasil
c
Universidade Federal de São Paulo, Mestrando em Otorrinolaringologia, SP, Brasil
a
*E-mail: [email protected]
Resumo
Cinetose é a intolerância ao movimento, resultante do conflito entre informações sensoriais vestibulares, visuais e proprioceptivas durante a
movimentação passiva em veículos ou à movimentação do campo visual com o corpo imóvel. A Reabilitação Vestibular por meio de Realidade
Virtual (RVRV) pode ser utilizada para seu tratamento e visa recriar mudanças ambientais, estimulando os sistemas sensoriais para ajustar os
reflexos envolvidos no controle postural e nas estratégias de equilíbrio. Este estudo objetiva avaliar a eficácia da RVRV em pacientes com
cinetose, através de ensaio clínico randomizado, em que 16 pacientes com diagnóstico de cinetose foram aleatoriamente distribuídos para
tratamento com RVRV ou por intermédio de reabilitação vestibular (RV) com protocolo de Cawthorne e Cooksey (CC) por 4 semanas. Os
pacientes foram avaliados antes e após a RV, por meio da aplicação do questionário Dizziness Handicap Inventory (DHI), da Escala Visual
Analógica (EVA) e da posturografia computadorizada. Após a RV, observou-se diminuição significativa nos escores do DHI, EVA e nos
parâmetros de velocidade e área de oscilação à posturografia em ambos os grupos. Já na comparação entre os grupos, pela análise da EVA,
o grupo de RVRV apresentou-se superior (p=0,007) após 4 semanas de tratamento. Com o uso da RVRV, obtiveram-se resultados superiores
à RV realizada por meio de protocolo de CC em relação ao aspecto da autopercepção da intensidade da tontura. Entretanto, em relação aos
aspectos de qualidade de vida e parâmetros da posturografia, ambos os métodos foram eficazes, não obstante os resultados mais precoces por
meio da RVRV.
Palavras-chave: Equilíbrio Postural. Reabilitação. Doenças Vestibulares. Tontura.
Abstract
Motion sickness is intolerance to the movement, on account of conflict between vestibular sensorial, visual and proprioceptive information
during passive motion in vehicles or movement visual area with motionless body. The use of Vestibular rehabilitation with virtual reality
(VRVR) recreates ambiental changes that serve for stimulus to visual, vestibular, and somatosensory systems. The VRVR can adjust the
vestibulo-ocular reflex and vestibulo-espinal reflex responsible for postural control and balance control. Objective: The aim of the study was to
verify the results of VRVR in patients with motion sickness. A clinical trial was performed. Patients with medical diagnoses of motion sickness
were randomly assigned to VRVR or vestibular rehabilitation (VR) by Cawthorne and Cooksey (CC) protocol. Before and after both types of
VR, the patients were assessed with the Dizziness Handicap Inventory (DHI), Analogical Visual Scale (AVE), and computerized posturography.
After the VR, a statistically significant decrease in scores assessed by DHI and AVE, and speed parameters and posturography to sway area
were observed in both groups. When comparing all groups, AVE showed that the VRVR group was superior (p = 0.007) after 4 weeks of
treatment. VRVR provided better results than the vestibular rehabilitation by CC protocol with respect to the self-perception of the intensity
of dizziness. However, considering quality of life and posturography parameters, both methods were effective in lowering scores, despite the
earlier results by VRVR.
Keywords: Postural Balance. Rehabilitation. Vestibular Diseases. Dizziness.
1 Introdução
Cinetose é a intolerância ao movimento, resultante do
conflito entre informações sensoriais vestibulares, visuais e
proprioceptivas durante movimentação passiva em veículos
ou movimentação do campo visual com o corpo imóvel. A
Reabilitação Vestibular (RV) visa recriar mudanças ambientais
estimulando estes sistemas sensoriais para ajustar os reflexos
envolvidos no controle postural e nas estratégias de equilíbrio1-3.
Vários autores verificaram a eficácia da RV no tratamento
da cinetose1-5. Os protocolos mais utilizados baseiam-se em
realização de exercícios repetidos de olhos e cabeça, com
o objetivo de promover a habituação do sistema vestibular,
Rev. Equilíbrio Corporal Saúde, v. 6, n. 1, p. 3-10, 2014
amenizando ou eliminando os sintomas desta afecção
e obtendo recuperação funcional e global do equilíbrio
corporal. A habituação vestibular depende de adaptações
neurais multifatoriais, substituições sensoriais, recuperação
funcional dos reflexos vestíbulo-oculares (RVO) e vestíbuloespinais (RVE), como também da alteração do estilo de vida,
recuperação das seguranças física e psíquica1,2.
A RV pode ser realizada também por meio de estimulação
visual com experimentação de vários ambientes visuais,
estímulos conflitantes, o que requer a integração dos
sistemas vestibular, visual e somatossensorial, promovendo o
6
fenômeno da adaptação vestibular pelo SNC . De acordo com
3
Realidade Virtual para o Tratamento da Cinetose: Resultados Preliminares
Viirre e Sitarz7, mudanças no movimento da imagem podem
induzir à adaptação das respostas vestibulares, o que pode ser
alcançado pelo uso de dispositivos de realidade virtual. Estes
dispositivos possibilitam a imersão em um mundo ilusório,
em que a percepção do ambiente é modificada por um
estímulo sensorial artificial, o qual pode provocar um conflito
8
vestíbulo-visual e a mudança do ganho do RVO .
A Reabilitação Vestibular por meio de Realidade Virtual
(RVRV) é um novo método para o tratamento da cinetose e
pode apresentar resultados mais eficazes e precoces que outros
protocolos de RV utilizados há mais tempo. Desta maneira,
o objetivo deste estudo foi avaliar os resultados da RVRV
e compará-los aos resultados da RV, por meio do protocolo
Cawthorne e Cooksey (CC), em pacientes com cinetose.
2 Material e Métodos
Trata-se de um ensaio clínico randomizado, realizado
nos setores de Equilibriometria e Reabilitação Vestibular do
Departamento de Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e
Pescoço da Universidade Federal de São Paulo, com a inclusão
de pacientes com diagnóstico de cinetose. Todos os participantes
foram esclarecidos previamente a respeito da pesquisa e
assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. A
pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em pesquisa da
mesma instituição sob o protocolo número 1543/09.
Foram incluídos pacientes com diagnóstico de cinetose
primária à avaliação otoneurológica, os quais não apresentavam
outra doença vestibular associada e eram dos gêneros masculino
ou feminino, cujas idades variavam entre 18 e 65 anos de
idade. A avaliação otoneurológica constou de história clínica,
audiometria, imitanciometria e vectoeletronistagmografia
computadorizada (VENG). Foram excluídos pacientes que
apresentavam limitações visuais ou motoras.
A casuística foi composta de 16 pacientes, distribuídos
aleatoriamente em 2 grupos, de acordo com o tipo de
reabilitação realizada. O grupo 1 foi submetido à RVRV,
baseada em estímulos visuais controlados pelo computador
que aparecem em lentes de óculos acoplados à cabeça do
paciente. O grupo 2 foi submetido à reabilitação vestibular
por intermédio de protocolo de CC.
A RVRV foi baseada em um programa de realidade
virtual, utilizando o equipamento Balance Rehabilitation
9
Unit, da Medicaa® , o qual fornece estímulos visuais que
elicitam respostas oculomotoras de perseguição, movimentos
sacádicos, optocinéticos, reflexo vestíbulo-ocular e a interação
visuo-vestibular. Neste programa, os estímulos visuais
disponíveis são foveais (perseguição ocular lenta e sacádica),
retinais (barras optocinéticas, túnel optocinético e trem
optocinético) e de integração sensorial (RVO, supressão do
RVO e optocinético-vestibular). Em cada etapa da reabilitação,
o paciente foi instruído a acompanhar o objeto com os olhos
e em determinadas situações relatou a figura que aparecia
nos óculos, de maneira que o terapeuta pudesse verificar se o
paciente estava realizando corretamente o exercício.
4
A unidade de RVRV combina um computador, um
software operacional, um estímulo que gera o sistema, um
capacete visual de realidade virtual e um cinto de segurança
para evitar possíveis quedas dos pacientes. O instrumento
permite a modificação em tempo real dos estímulos visuais de
acordo com os principais movimentos do paciente, gerando
estímulos que integram reflexos vestibulares e visuais. A
Posturografia Computadorizada (PC) foi realizada em ambos
os grupos anteriormente à RV e após quatro semanas de
tratamento para os grupos 1 e 2. Foram avaliadas as medidas
da área e da velocidade de oscilação do centro de pressão para
cada paciente em cada uma de quatro condições sensoriais.
Estas diferentes condições sensoriais são caracterizadas pela
modificação da superfície de apoio, utilizando-se para tanto
uma espuma sobre a plataforma de força e/ou a presença ou a
ausência de visão. As quatro condições são: 1) paciente com os
olhos abertos e apoio bipodal diretamente sobre a plataforma
de força; 2) paciente com os olhos fechados e apoio bipodal
sobre espuma que se posicionou em cima da plataforma de
força; 3) paciente visibilizando trem optocinético horizontal
e apoio bipodal diretamente sobre a plataforma de força; 4)
paciente visibilizando trem optocinético vertical e apoio
bipodal diretamente sobre a plataforma de força.
O programa de RVRV consistiu em um treinamento
realizado duas vezes por semana, em ambulatório, com duração
de 40 minutos, durante quatro semanas. O grupo 2 realizou o
treinamento com os exercícios do protocolo de CC duas vezes
por semana em ambulatório e os pacientes orientados a repetilo em casa diariamente por um período de quatro semanas. Os
pacientes que apresentassem porventura falta à sessão de RV
a repunham na mesma semana e, se faltassem a três sessões
consecutivas de reabilitação, eram excluídos do estudo.
Os pacientes foram avaliados uma semana antes e
quatro semanas após a RV, por meio de anamnese, com a
aplicação da versão brasileira do questionário Dizziness
10-11
Handicap Inventory (DHI) , escala analógica visual (EVA),
vectoeletronistagmografia (VENG) e PC. Tanto a RVRV
quanto a reabilitação por meio do protocolo de CC foram
realizados durante 4 semanas, com possibilidade de aumento
do período de tratamento, caso os pacientes não obtivessem
melhora clínica esperada. Para avaliar a autopercepção dos
efeitos incapacitantes impostos pela tontura, foi aplicado o
10
DHI , um questionário de 25 questões (7 referentes ao aspecto
físico, 9 ao aspecto emocional e 9 ao aspecto funcional), o
qual foi adaptado para aplicação na população brasileira por
11
Castro et al. . A avaliação da auto-percepção da intensidade
da tontura foi realizada por meio da aplicação da EVA, que
consiste de uma escala milimetrada na qual os pacientes
apontam o local correspondente à intensidade da tontura,
logo após a qual foi realizada medição com régua, variando
a medida de zero a 10 cm, na qual zero indica ausência de
tontura e dez a tontura de intensidade máxima. Compararamse as médias obtidas do DHI, EVA e PC antes e após o término
da RV para cada um dos grupos e entre os grupos.
Rev. Equilíbrio Corporal Saúde, v. 6, n. 1, p. 3-10, 2014
Ganança FF, Ganança CF, Pires APBA, Duarte JA
de Mann-Whitney. Foi utilizado também o programa
computacional SPSS versão 17.0 com nível de significância
12
para os testes de 5% .
A casuística foi constituída por oito pacientes em cada
grupo. As médias de idade, o sexo e o resultado ao VENG
estão descritos na Tabela 1. Não houve diferença quanto ao
sexo, média de idade e resultado à VENG entre os grupos.
Todas as variáveis foram analisadas descritivamente.
Para as variáveis quantitativas, esta análise foi feita através
da observação dos valores mínimos e máximos e do cálculo
de médias, desvios-padrão e quartis (percentil 25, mediana
e percentil 75). Para as variáveis qualitativas calcularamse frequências absolutas e relativas. Para a comparação dos
momentos pré- e pós-RV foi utilizado o teste não-paramétrico
Tabela 1: Caracterização dos grupos de pacientes com cinetose quanto ao gênero, idade e
resultado obtido à vectoeletronistagmografia (VENG).
Grupos
Variável
2
7/1
6/2
0,522a
2/ 4/ 2/ 0
1/ 5/ 1/ 1
0,620a
35,13 (14,14)
32,38 (10,18)
0,833b
Sexo (F/M), n
Resultados do Exame vestibular VENG
(Sem alterações/ SVPIB/SVPDD/SVPDE)
Idade, média (DP)
p-valor
1
Teste de Fischer
Teste Mann-Whitney
Nível de significância: α = 0,05
Legenda: SVPIB= Síndrome Vestibular Periférica Irritativa Bilateral
SVPDD= Síndrome Vestibular Periférica Deficitária Direita
SVPDE= Síndrome Vestibular Periférica Deficitária Esquerda
a
b
A Tabela 2 mostra os valores obtidos à aplicação do
DHI e da EVA, antes e após 4 semanas de RVRV no grupo
1, revelando diferença estatisticamente significativa, com
melhora da pontuação nestes instrumentos após o tratamento.
Observou-se também diminuição estatisticamente significativa
dos escores na comparação entre as médias dos valores obtidos à
aplicação do DHI e da EVA para o Grupo 2 antes e após 4 semanas
de reabilitação vestibular por meio do protocolo de CC (Tabela 3).
Tabela 2: Valores obtidos à aplicação da Escala Visual Analógica de Tontura e do Dizziness Handicap
Inventory, antes e após a Reabilitação Vestibular realizada por meio de realidade virtual em pacientes
com cinetose (n=8).
Avaliação
EVA
DHI Físico
DHI Emocional
DHI Funcional
DHI Total
Momento
Média
DP
Mínimo
Máximo
Mediana
Pré
6,38
2,67
1,00
10,00
6,50
Pós
1,63
2,13
0,00
6,00
1,00
Pré
13,50
5,53
2,00
20,00
14,00
Pós
7,25
4,89
0,00
16,00
7,00
Pré
11,25
10,19
0,00
32,00
7,00
Pós
5,75
8,10
0,00
24,00
3,00
Pré
17,75
12,35
4,00
36,00
17,00
Pós
7,75
5,80
0,00
16,00
7,00
Pré
42,50
23,73
12,00
84,00
40,00
Pós
20,75
15,27
6,00
54,00
17,00
p- valor*
0,011
0,011
0,017
0,028
0,012
* Teste Wilcoxon
Nível de significância: α = 0,05
Legenda:
EVA: Escala Visual Analógica
DHI: Dizziness Handicap Inventory
Tabela 3: Valores obtidos à aplicação da Escala Visual Analógica de Tontura e do Dizziness Handicap
Inventory, antes e após a reabilitação por meio de protocolo de Cawtorne e Cooksey em pacientes com
cinetose (n=8) após 4 semanas de tratamento.
Avaliação
EVA
Momento
Média
DP
Mínimo
Máximo
Mediana
Pré
6,63
2,13
3
10
7
Pós
5,25
1,48
3
8
5
Rev. Equilíbrio Corporal Saúde, v. 6, n. 1, p. 3-10, 2014
Continua ...
p- valor*
0,034
5
Realidade Virtual para o Tratamento da Cinetose: Resultados Preliminares
Avaliação
DHI Físico
DHI Emocional
DHI Funcional
DHI Total
... Continuação
Mediana p- valor*
Momento
Média
DP
Mínimo
Máximo
Pré
11,75
4,71
4
18
12
Pós
9,50
4,37
2
16
10
Pré
11,50
8,92
4
30
8
Pós
1.025
7,51
2
26
8
Pré
18,25
12,84
4
36
14
Pós
16,50
11,65
2
34
15
Pré
41,50
22,84
16
82
38
Pós
36,25
20,85
12
72
34
0,007
0,248
0,053
0,011
* Teste Wilcoxon
Nível de significância: α = 0,05
Legenda:
EVA: Escala Visual Analógica
DHI: Dizziness Handicap Inventory
O grupo 2 submetido à reabilitação por meio do protocolo
de CC, apesar da melhora, ainda apresentava-se sintomático
após as 4 semanas e optou-se por prolongar a reabilitação
vestibular por 12 semanas. A Tabela 4 mostra a comparação
entre os resultados no grupo 2, obtidos à aplicação do DHI e
EVA antes e após 12 semanas de reabilitação.Na comparação
entre os grupos 1 e 2 não houve diferença (p>0,05) quanto
aos dados do DHI, após o tratamento. Em relação à EVA,
observou-se diferença estatisticamente significativa (p=0,007),
apresentando o grupo 1 menores médias dos escores (Tabela 5).
Tabela 4: Valores obtidos à aplicação da Escala Visual Analógica de Tontura e do Dizziness Handicap
Inventory, antes e após 12 semanas de tratamento no grupo que utilizou o protocolo de Cawtorne e
Cooksey (n=8).
Avaliação
EVA
DHI Físico
DHI Emocional
DHI Funcional
DHI Total
Momento
Média
DP
Mínimo
Máximo
Mediana
Pré
6,63
2,13
3
10
7
Pós
3,50
1,77
0
3
4
Pré
11,75
4,71
4
18
12
Pós
8,00
3,85
2
14
8
Pré
11,50
8,92
4
30
8
Pós
8,00
8,41
0
26
4
Pré
18,25
12,84
4
36
14
Pós
12,25
8,31
2
24
8
Pré
41,50
22,84
16
82
38
Pós
27,50
16,92
4
56
24
p- valor*
0,010
0,011
0,010
0,017
0,012
* Teste Wilcoxon
Nível de significância: α = 0,05
Legenda:
EVA: Escala Visual Analógica
DHI: Dizziness Handicap Inventory
Tabela 5: Comparação entre os valores obtidos à aplicação da Escala Visual Analógica de
Tontura e do Dizziness Handicap Inventory, antes e após 4 semanas de reabilitação vestibular
entre os grupos de reabilitação vestibular por meio de realidade virtual (grupo 1) e que utilizou o
protocolo de Cawtorne e Cooksey (grupo 2).
Avaliação
EVA
DHI Físico
DHI Emocional
6
Grupo 1
Continua ...
Grupo 2
Momento
Média
Momento
Média
Pré
6,38
Pré
6,63
Pós 4 semanas
1,63
Pós 4 semanas
5,25
Pré
13,50
Pré
11,75
Pós 4 semanas
7,25
Pós 4 semanas
9,50
Pré
11,25
Pré
11,50
Pós 4 semanas
5,75
Pós 4 semanas
10,25
p- valor*
p=0,007
p=0,310
p=0,099
Rev. Equilíbrio Corporal Saúde, v. 6, n. 1, p. 3-10, 2014
Ganança FF, Ganança CF, Pires APBA, Duarte JA
Avaliação
DHI Funcional
DHI Total
Grupo 1
... Continuação
Grupo 2
Momento
Média
Momento
Média
Pré
17,75
Pré
18,25
Pós 4 semanas
7,75
Pós 4 semanas
16,50
Pré
42,50
Pré
41,50
Pós 4 semanas
20,75
Pós 4 semanas
36,25
p- valor*
p=0,127
p=0,083
* Teste Wilcoxon
Nível de significância: α = 0,05
Legenda:
EVA: Escala Visual Analógica
DHI: Dizziness Handicap Inventory
Na comparação entre os resultados obtidos após as
primeiras 4 semanas de tratamento para o grupo 1 e após 12
semanas para o grupo 2 também não foi encontrada diferença
entre os grupos quanto ao DHI. Contudo, à EVA houve
tendência à diferença estatística (p=0,053) apresentando o
grupo 1 menor média dos escores (Tabela 6)
Tabela 6: Comparação entre os valores obtidos à aplicação da Escala Visual Analógica de Tontura
e do Dizziness Handicap Inventory, antes e após 4 semanas de reabilitação vestibular para o grupo
1 e após 12 semanas para o grupo 2.
Avaliação
EVA
DHI Físico
DHI Emocional
DHI Funcional
DHI Total
Grupo 1
Grupo 2
Momento
Média
Momento
Média
Pré
6,38
Pré
6,63
Pós 4 semanas
1,63
Pós 12 semanas
3,50
Pré
13,50
Pré
11,75
Pós 4 semanas
7,25
Pós 12 semanas
8,00
Pré
11,25
Pré
11,50
Pós 4 semanas
5,75
Pós 12 semanas
8,00
Pré
17,75
Pré
18,25
Pós 4 semanas
7,75
Pós 12 semanas
12,25
Pré
42,50
Pré
41,50
Pós 4 semanas
20,75
Pós 12 semanas
27,50
A Tabela 7 mostra os valores encontrados à avaliação pela
PC dos pacientes do grupo 1 antes e após a RVRV. Houve
diferença estatística significativa com aumento da velocidade
p- valor*
p=0,053
p=0,671
p=0,394
p=0,204
p=0,318
de oscilação nas condições 1, 2 e 3; e diminuição na área
de oscilação na condição 2 na comparação antes e após o
tratamento.
Tabela 7: Valores obtidos à posturografia computadorizada, antes e após 4 semanas para o grupo que realizou
reabilitação vestibular por meio de realidade virtual (n=8).
Momento
Área
Média
DP
Mínimo
Máximo
Mediana
Pré
3,14
3,42
0,42
10,25
1,89
Pós
4,51
3,73
0,37
10,98
4,47
Continua ...
p- valor*
0,327
Condição 1
Velocidade
Área
Pré
1,14
0,82
0,48
2,65
0,68
Pós
1,42
0,96
0,53
3,16
0,96
Pré
17,15
20,86
6,20
68,22
11,48
Pós
9,59
6,33
3,36
23,63
9,10
Pré
4,16
2,26
2,95
9,70
3,30
Pós
2,41
0,76
1,17
3,46
2,50
0,017
0,012
Condição 2
Velocidade
Área
Pré
7,97
9,03
0,84
26,72
3,28
Pós
24,07
45,24
0,75
133,41
4,43
Rev. Equilíbrio Corporal Saúde, v. 6, n. 1, p. 3-10, 2014
0,017
0,069
7
Realidade Virtual para o Tratamento da Cinetose: Resultados Preliminares
... Continuação.
Mediana p- valor*
Momento
Média
DP
Mínimo
Máximo
Pré
1,97
1,17
0,78
3,87
1,52
Pós
3,27
3,08
0,60
10,00
1,99
Pré
8,22
8,39
1,56
22,25
4,49
Pós
16,02
20,70
0,68
60,98
7,76
Condição 3
Velocidade
Área
0,025
0,093
Condição 4
Velocidade
Pré
3,06
1,68
1,05
5,54
2,87
Pós
3,64
2,31
1,00
7,84
2,90
0,401
* Teste Wilcoxon
Nível de significância: α = 0,05
Considerando os valores da PC obtidos para o Grupo 2
(Tabela 8) antes e após a reabilitação pelo protocolo de CC,
houve diferença estatística significativa com aumento da
velocidade de oscilação nas condições 1 e 2. Contudo, não
houve diferença estatística na área de oscilação do corpo
em nenhuma das condições estudadas. Na comparação entre
os resultados obtidos após a RV à PC não houve diferença
(p>0,05) entre os grupos (Tabela 9).
Tabela 8: Valores obtidos à posturografia computadorizada, antes e após 4 semanas de reabilitação por meio de
protocolo de Cawtorne e Cooksey em pacientes com cinetose (n=8).
Momento
Área
Média
DP
Mínimo
Máximo
Mediana
Pré
3,88
3,65
0,51
12,61
1,78
Pós
1,23
0,90
0,30
10,34
3,04
p- valor*
0,674
Condição 1
Velocidade
Área
Pré
1,23
0,90
0,48
2,98
0,69
Pós
1,36
0,92
0,55
3,06
0,79
Pré
9,53
1,75
5,75
11,36
9,89
Pós
8,69
3,02
3,06
12,85
10,02
Pré
3,25
0,62
2,68
4,70
3,07
0,012
0,327
Condição 2
Velocidade
Área
Pós
2,43
0,79
1,19
3,66
2,12
Pré
3,92
2,74
1,43
8,72
2,84
Pós
4,73
3,17
0,98
9,41
3,05
0,036
0,398
Condição 3
Velocidade
Área
Pré
3,65
3,07
0,75
8,95
1,37
Pós
3,63
3,62
0,62
10,15
1,87
Pré
4,07
4,65
1,43
15,24
2,49
Pós
6,77
7,85
0,87
25,38
4,25
Pré
2,29
1,06
1,20
3,84
1,57
Pós
3,73
2,79
1,54
9,84
2,34
0,889
0,263
Condição 4
Velocidade
0,161
* Teste Wilcoxon
Nível de significância: α = 0,0
Tabela 9: Comparação entre os valores obtidos à Posturografia Computadorizada, após 4 semanas de reabilitação
vestibular por meio de realidade virtual (grupo 1) e após 12 semanas de reabilitação vestibular por meio do protocolo
de Cawtorne e Cooksey (grupo 2).
Área
8
Grupo
Média
DP
Mínimo
Máximo
Mediana
1
4,51
3,73
0,37
10,98
4,47
2
1,23
0,90
0,30
10,34
3,04
Continua ...
p- valor*
0,563
Rev. Equilíbrio Corporal Saúde, v. 6, n. 1, p. 3-10, 2014
Ganança FF, Ganança CF, Pires APBA, Duarte JA
Grupo
Média
DP
Mínimo
Máximo
... Continuação
Mediana p- valor*
Condição 1
Velocidade
Área
1
1,42
0,96
0,53
3,16
0,96
2
1,36
0,92
0,55
3,06
0,79
1
9,59
6,33
3,36
23,63
9,10
2
8,69
3,02
3,06
12,85
10,02
0,600
0,834
Condição 2
Velocidade
Área
1
2,41
0,76
1,17
3,46
2,50
2
2,43
0,79
1,19
3,66
2,12
1
24,07
45,24
0,75
133,41
4,43
2
4,73
3,17
0,98
9,41
3,05
1,000
0,636
Condição 3
Velocidade
Área
1
3,27
3,08
0,60
10,00
1,99
2
3,63
3,62
0,62
10,15
1,87
1
16,02
20,70
0,68
60,98
7,76
2
6,77
7,85
0,87
25,38
4,25
0,834
0,674
Condição 4
Velocidade
1
3,64
2,31
1,00
7,84
2,90
2
3,73
2,79
1,54
9,84
2,34
0,792
* Teste Wilcoxon
Nível de significância: α = 0,05
Avaliou-se neste estudo dois grupos de pacientes com
cinetose com características semelhantes com relação ao sexo
e à idade.
Quanto ao tratamento da cinetose, vários autores
1-5
confirmaram a eficácia da reabilitação vestibular . Trendel
et al.13 observaram melhora em 80% de pacientes com
cinetose por meio de estimulação optocinética. De acordo
7
com Viirre, Sitarz , mudanças no movimento da imagem
podem induzir a adaptação das respostas vestibulares, o que
pode ser alcançado pelo uso de dispositivos de realidade
virtual. O objetivo de realizar a RV usando um sistema de
realidade virtual é recriar mudanças ambientais relacionadas
aos estímulos visuais, vestibulares e somatossensorais, para
ajustar os RVO e RVE envolvidos no controle postural e nas
estratégias de equilíbrio. A realidade virtual permite que o
sujeito com disfunção vestibular seja exposto a situações de
conflito dentro de um ambiente controlado, o qual diminui a
dependência visual para o controle postural, aumentando a
14
contribuição dos estímulos vestibulares e somatossensoriais .
A realidade virtual é um instrumento útil clinicamente sendo
utilizada para o tratamento de doenças músculo-esqueléticas,
15
na reabilitação de sequelas de AVC e para déficit cognitivos
e acredita-se que possa otimizar também o tratamento da
cinetose.
Observou-se no presente estudo melhora estatisticamente
significativa dos escores do DHI pré e pós RVRV nos
aspectos físico, emocional, funcional e no total. E à EVA
houve decréscimo com diferença estatisticamente significativa
nos valores pré e pós reabilitação. Quanto à avaliação à PC
observou-se aumento da velocidade de oscilação para os dois
Rev. Equilíbrio Corporal Saúde, v. 6, n. 1, p. 3-10, 2014
grupos na comparação entre o momento pré e pós RV. Com
relação à diminuição de área de oscilação do corpo apenas
foi encontrada diferença para o grupo 1. Estas duas alterações
(aumento de velocidade e diminuição de área) representam
uma melhora no controle postural destes pacientes.
Quanto à avaliação dos escores da EVA, observa-se que
após quatro semanas de tratamento na comparação entre os
grupos a RVRV mostrou escores menores estatisticamente
significativos. Contudo, na comparação após 12 semanas
de reabilitação, para o grupo 2 houve redução dos escores
mas desta vez apenas com tendência a diferença estatística
o que indica que a RVRV promove resultados mais precoces
no tratamento destes pacientes. As vantagens do uso de
realidade virtual são menor tempo de tratamento, apenas
quatro semanas quando comparado as 12 semanas requeridas
pelo protocolo de CC, além da menor frequência de sessões,
apenas duas por semana sem a exigência do treinamento
diário, que por muitas vezes é cansativo e diminui a adesão
do paciente ao tratamento. Contudo, estes dispositivos de
RV ainda apresentam alto custo financeiro, o que representa
uma barreira principalmente quanto à aquisição nos serviços
públicos de saúde. Além disso, são necessários outros
estudos com casuística maior e aferição em longo prazo
para avaliação dos benefícios do uso da realidade virtual no
tratamento de pacientes com cinetose.
4 Conclusão
Com o uso da RVRV obteve-se resultados superiores à
reabilitação vestibular realizada por meio de protocolo de CC
sob o aspecto da autopercepção da intensidade da tontura.
9
Realidade Virtual para o Tratamento da Cinetose: Resultados Preliminares
Entretanto, em relação aos aspectos de qualidade de vida e
parâmetros da posturografia ambos os métodos foram eficazes
na diminuição dos escores, contudo, com resultados mais
precoces por meio da RVRV.
Referências
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Rev. Equilíbrio Corporal Saúde, v. 6, n. 1, p. 3-10, 2014
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