OF33 - Neusa Maria Tauscheck

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Anais XVI Encontro Nacional dos Geógrafos
Crise, práxis e autonomia: espaços de resistência e de esperanças
Oficinas
Neusa Maria Tauscheck
Seção: Curitiba
[email protected]
Os vários olhares da paisagem geográfica: vídeos e documentários como formas
de ensinar a Geografia.
Resumo: Vivemos cada vez mais em uma sociedade imagética em que o acesso aos
instrumentos tecnológicos de registro do real são disponibilizados. A presente oficina
tem como objetivo oportunizar aos estudantes e profissionais da Geografia o exercício
teórico/prático sobre o uso do vídeo como uma forma trabalhar com o conhecimento
geográfico. O estudo do entorno e da paisagem geográfica é um recorte no processo de
ensino-aprendizagem. Cabe então a busca teórico-metodológica deste recurso para que
no uso de vídeo o aluno seja também produtor de suas escolhas e analises da paisagem
geográfica.
Introdução:
O ensino de Geografia nos remete a um constante repensar sobre o histórico do
pensamento epistemológico. Este constante aprofundamento exige do profissional da
educação novas leituras e um revisitar cada vez mais refinado de autores tidos como
clássicos na área da Geografia e da Educação. Sendo assim, cabe de forma breve, trazer
algumas inquietações sobre estes dois pilares, Geografia e Educação, que irão
fundamentar a presente oficina. Pretende-se assim apresentar aos leitores indícios
teórico-metodológicos que permeiam a complexa relação entre a Geografia e a
Educação. A Geografia, historicamente, possui uma série de embates a respeito de sua
definição e de seu lugar na esfera do pensamento científico. A definição acaba sendo
uma exigência dos grupos de pesquisadores, porém, para além de definições estagnadas,
procuro trazer aqui uma afirmação que traduz este movimento do pensamento que
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Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN: 978-85-99907-02-3
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acredito ser pertinente na pesquisa e ensino de Geografia. Milton Santos ao ser
perguntado sobre “Como definir hoje a Geografia?” responde:
São possíveis muitas definições; quer dizer, a geografia muda de definição ao longo do
tempo e creio que pode haver várias definições num momento dado da vida da
disciplina. A minha própria resulta de um confronto crítico em relação às outras
definições, aquelas que eu aprendi e que ensinei, e está em conformidade com a
praticabilidade da disciplina, praticabilidade no sentido de sua relação com a produção
de saber, isto é, na sua relação com a chamada realidade e com a possibilidade, que é o
desejo de toda ciência social, de produzir um discurso intelectual que possa ser base de
um discurso político. (...) Talvez devesse começar dizendo que uma definição de
geografia é um obstáculo ao desenvolvimento da disciplia, porque permite descansar o
debate numa preocupação vocabular, em vez de alcançar um debate de conteúdo.
(SANTOS, 2004, p.20)
Sendo assim, a Geografia pensada como uma ciência social passa a ser a opção
teórico-metodológica da presente oficina. No que se refere ao segundo pilar em questão,
a Educação, esta pensada de forma ampla em que a escola é o lugar em que o
conhecimento é seu objeto de ação, cabe citar Wachowicz que em seu livro “Pedagogia
Mediadora”, trata de refletir sobre a Pedagogia e a Educação com as seguintes
afirmações:
Para compreender a Pedagogia como sendo a ciência da Educação, a opção que adotamos
é a epsitemologia histórica, segundo a qual a ciência não nasce dos objetos que escolheu
para estudar, mas sim de um projeto social. Este projeto é a educação escolar, no caso da
Pedagogia” (...) “é preciso esclarecer que o conhecimento da Educação é muito amplo,
pois como vimos seu campo se estende ao conhecimento da pessoa pelos seus sujeitos nas
suas relações de trabalho, sendo este trabalho o de aprendizagem, o que nos remete às
ciências da educação. (WACHOWICZ, 2009, p.11 ep.33)
A aprendizagem, portanto, é o foco de nossa atenção como professores de
Geografia. E, pensar a aprendizagem como Wachowicz aponta é pensá-la dentro de um
projeto maior de sociedade, ou seja, o ensino do conteúdo geográfico permeado da
minha posição política frente a sociedade.
Dentro destas perspectivas iniciais, a realização da oficina terá como premissa
abordar o uso do vídeo como um recurso didático por meio do qual a aprendizagem por
meio do exercício do olhar geográfico sobre o entorno, tem como um dos seus
interlocutores o uso de um equipamento tecnológico: câmeras de vídeos como forma de
registro.
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Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN: 978-85-99907-02-3
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O estudo do entorno nesta oficina tem como intenção criar um momento de
exercício e reflexão de como nós educadores da Geografia lidamos no nosso cotidiano
com um número cada vez maior de informações visuais. No nosso deslocamento diário
somos bombardeados por uma série de instrumentos técnicos-culturais e ambientais que
compõem a paisagem geográfica. Cabe a nós, educadores, um repensar teóricometodológico a este respeito para que possamos em nossas salas de aulas, estabelecer
situações ricas de análise da paisagem, para que o uso da imagem (vídeos, fotos,
gravuras,) não se restrinja a um mero ver e analisar mecânico e sem significado.
A escolha da temática da oficina é resultado de minha experiência como
professora de Metodologia do Ensino de Geografia no curso de Formação de Docente
na Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental da Rede Estadual do
Paraná no colégio Instituto de Educação do Paraná Erasmo Pilotto, em Curitiba. Na
minha prática escolar, desenvolvi nos últimos dois anos o exercício pedagógico da
elaboração de documentários.
Nessa proposta teórico-metodológica sobre o uso do documentário foi
oportunizado aos alunos dos 4º anos do curso, o aprofundamento sobre como aprender e
ensinar Geografia a partir do entorno do IEPPP. Dentro desta perspectiva o recorte
geográfico foi o traçado do rio Ivo, do córrego Bigorrilho e do rio Belém, no bairro
Centro em Curitiba. Portanto, foi realizada uma análise geográfica dos rios urbanos e
das suas características no processo de urbanização de Curitiba, resultante de políticas
públicas e da ação da população local (moradores e o uso do rio pela atividade
comercial e residencial). O trabalho de campo realizado serviu como uma fonte primária
para o documentário geográfico-ambiental realizado pelos alunos, por acreditarmos que
as fontes secundárias disponibilizadas são incipientes para a pesquisa de caráter
pedagógico. A produção dos documentários foi, assim, fonte para futuras pesquisas,
bem como material pedagógico a ser utilizado no ensino de Geografia. Aula de campo
em trajetos do percurso do córrego Bigorrilho, rio Ivo e rio Belém tiveram como
objetivo captar imagens. Outro momento do trabalho pedagógico foi a sistematização
das fontes pesquisadas por meio da escrita de um roteiro cinematográfico. Houve assim
a transformação das fontes, pesquisas, informações obtidas na aula de campo em um
vídeo (documentário) e por fim, a socialização do documentário para a comunidade
escolar.
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Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN: 978-85-99907-02-3
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Crise, práxis e autonomia: espaços de resistência e de esperanças
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A partir destas reflexões teóricas-metodológicas e da minha prática pedagógica
como professora de Geografia, pretendo por meio da presente oficina, oferecer um
momento no qual o exercício do olhar geográfico da paisagem seja mais uma vez o foco
de debate sobre o ensino de Geografia.
Objetivos:
- Estabelecer um espaço dialógico entre o professor oficineiro e os demais
participante sobre o ensino de Geografia na Educação Básica;
- Debater sobre o ensino de Geografia por meio do conceito de entorno e o uso
da linguagem visual;
- Exercitar a produção “caseira” de um vídeo sobre a paisagem do entorno
vivenciado pelo professor e participantes da oficina;
- Reflexão sobre as possibilidades teórico-metodológicas do vídeo no ensino de
Geografia na Educação Básica.
Metodologias:
- Breve apresentação dos objetivos da oficina de forma dialogada;
- Saída no entorno da sala da oficina/do prédio com o objetivo de observar e
registrar por meio de um vídeo “caseiro” a paisagem geográfica;
- Retorno à sala da oficina após a captação das imagens, reprodução dos vídeos
elaborados;
- Debate sobre a experiência de elaboração do vídeo e sua possibilidade de
aplicação em sala de aula como um recurso teórico-metodológico no ensino de
Geografia.
Bibliografia
CASTROGIOVANNI, Antonio Carlos (org.)...[et al.]. 2. ed. – Porto Alegre :
Editora da Universidade/UFRGS/ Associação dos Geógrafos Brasileiros – Seção Porto
Alegre, 1999.
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NAPOLITANDO, Marcos. Como usar o cinema na sala de aula. 4.ed.., 2.
reimpressão – São Paulo : Contexto, 2009.
SANTOS, Milton. Testamento intelectual/Milton Santos; entrevistado por Jesus
de Paula Assis; colaboração de Maria Encarnação Sposito. – São Paulo : Editora
UNESP, 2004.
WACHOWICZ, Lílian Anna. Pedagogia Mediadora. Petrópolis, RJ : Vozes,
2009.
Materiais necessários:
1 Data show,
1 Note Book
3 Câmeras filmadoras digitais com cartão de memória. (OBS: não havendo a
disponibilidade das câmeras filmadoras, há a possibilidade do uso de câmeras
fotográficas que tenham o recurso de filmagem também com cartão de memória)
Número de Participantes: 15
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