Nota de Conjuntura Brasileira - Julho a

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Nota Trimestral de Conjuntura:
TERCEIRO TRIMESTRE – 2016
Observatório de Políticas Econômicas | 2016
Equipe Técnica
Paulo Paiva é Professor Associado da Fundação Dom Cabral, Mestre em Demografia pela
University of Pennsylvania (1974). Foi Ministro do Trabalho de 1995 a 1998, Ministro do
Planejamento e Orçamento, de 1998 a 1999, Vice-Presidente do Banco Interamericano de
Desenvolvimento(BID),de1999e2004,PresidentedoBancodeDesenvolvimentodeMinas
Gerais (BDMG), de 2007 a 2011, e foi professor adjunto nos cursos de Graduação e PósgraduaçãoemDemografiaeemEconomiadaUniversidadeFederaldeMinasGeraisde1977
a1990.
Gustavo Henrique Gomes Costa é Assistente de Pesquisa, Bolsista de Apoio Técnico I no
Núcleo de Estratégia e Negócios Internacionais da Fundação Dom Cabral, Mestre em
Economia no CAEN – Universidade Federal do Ceará (2015) e Bacharel em Ciências
EconômicasnaPontifíciaUniversidadeCatólicadeMinasGerais(2011).
Nota Trimestral de Conjuntura 2016
TERCEIROTRIMESTRE–2016
1. SÍNTESECONJUNTURAL
A economia brasileira encerrou o terceiro trimestre de 2016 apresentando uma dicotomia
entre seus resultados. Isto é, embora fora um trimestre marcado por desaceleração da
inflação,elevaçãodosjurosreais–resultadodaquedanaexpectativadeinflaçãopara2017
–, câmbio menos instável e melhora na confiança e expectativas dos mercados,
principalmente por causa das expectativas de longo prazo; houve contração do Produto
InternoBruto(PIB),retraçãonamassaderendimentosrealdostrabalhadoreseexpansãona
taxadedesemprego.
EmrelaçãoaoPIB,valeressaltarque,apóscincotrimestresapresentandodecrescimentosa
taxas cada vez menores, o terceiro trimestre de 2016 contrariou à tendência esperada e
apresentoudecrescimentode0,8%comrelaçãoaotrimestreimediatamenteanterior.Nesse
sentido,observa-seque,aocontráriodaquelasprevisõesdomercado,cujaexpectativaera
de a economia brasileira já poderia passar a apresentar certo gral solidez na reversão do
períododecrisenãoseconsolidaram.
Noâmbitodesagregadodaprodução,aocompararosresultadosdoterceirotrimestrecomo
trimestre imediatamente anterior, observou-se contração de 1,4% na Produção
Agropecuária,1,3%naProduçãoIndustriale0,4%nosetordeServiços. Alémdisso,houve
tambémcontraçãoemtodasasrubricasdaDemandaAgregada,oquemostraquetantoas
famíliasquantoasfirmasestãocautelososquantoasituaçãoatualdaeconomia.
Assim, as expectativas dos mercados para a economia em 2016 são de crescimento de 3,14% com 7,23% de inflação, ao passo que, para o longo prazo (2017), os mercados
passaramaesperarumcrescimentode1,3%daeconomiaeinflaçãode5,07%comrelaçãoa
2016. Esse resultado mostra que os mercados acreditam que, embora a produção, o
Material de responsabilidade do professor
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emprego e os rendimentos reduziram no curto prazo, se esperam que a economia volte a
apresentarsinaisdecrescimentonomédioprazo.
2. PRODUÇÃOEDEMANDAAGREGADA
ProdutoInternoBruto
TrimestreanteTrimestreimediatamenteanterior
Dadosdessazonalizados
Discriminação
PIBapreçosdemercado
Agropecuária
Indústria
Serviços
2015
IIITri
-1,6
-2,1
-1,5
-1,1
IVTri
-1,1
0,4
-2,0
-0,7
ITri
-0,5
-3,7
-0,8
-0,3
2016
IITri
-0,4
-0,8
1,2
-0,6
Consumodasfamílias
-1,9
-0,4
-1,5
-1,0
Consumodogoverno
0,1
-0,9
0,3
0,0
FormaçãoBrutadeCapitalFixo(FBCF)
-3,8
-4,4
-1,6
0,5
Exportação
0,2
0,5
4,8
-1,8
Importação
-6,4
-5,5
-1,5
2,8
Tabela1.ProdutoInternoBruto.
Fonte:ElaboraçãoPrópriaapartirdedadosdisponíveisdoIBGEeBancoCentraldoBrasil.
IIITri
-0,8
-1,4
-1,3
-0,6
-0,6
-0,3
-3,1
-2,8
-3,1
Aproduçãoagropecuáriainternaapresentouqueda(1,4%)nacomparaçãoentreoterceiroe
o segundo trimestre de 2016. Esse resultado levou o setor a uma contração de 6,0%,
comparando-se com igual período em 2015. Segundo o Levantamento Sistemático da
ProduçãoAgrícolafeitopeloInstitutoBrasileirodeGeografiaeEstatística(LSPA/IBGE),esse
resultadoéconsequênciadaquedanasafradeprodutosagrícolas,osquaistêmrelevância
noterceirotrimestre,epelaquedaemsuaprodutividade.Ressalta-sequeasproduçõesde
milho, algodão, laranja e cana-de-açúcar revisaram negativamente suas estimativas de
produção,aopassoqueocaféeamandiocaapresentaramexpansãodetaisestimativas.
AProduçãoIndustrialapresentouquedade1,3%,comparandooterceirotrimestrede2016
contraotrimestreimediatamenteanterior.Assim,operíodofoimarcadoporexpansãode
3,8% da indústria extrativa mineral, a indústria de transformação e a construção civil
apresentaramquedasde2,1%e1,7%respectivamenteeasatividadesdeeletricidade,gás,
água,esgotoelimpezaurbanaregistraramquedade0,2%,namesmabasedecomparação.
AssimaIndústriaregistouquedade2,9%nacomparaçãoentreoterceirotrimestrede2016
contra o mesmo período no ano anterior, uma vez que a indústria de transformação, a
construção civil e a extrativa mineral apresentaram contração de respectivamente 3,5%,
4,9% e 1,3%, ao passo que somente as atividades de eletricidade e gás, água, esgoto e
limpezaurbanaregistrouexpansão(4,3%).
Ressalta-setambémque,comcontraçãoemtodasassuasrubricas,excetonasatividadesde
Serviçosdeinformação(expansãode0,5%)edaestabilidadenasatividadesimobiliárias,os
Serviçosapresentaramquedade0,6%duranteoterceirotrimestrede2016,levaramaum
ajuste de -2,2% comparando o terceiro trimestres de 2016 a igual período em 2015. Esse
resultado repercutiu da contração de 7,4% em transporte, armazenagem e correios e de
4,4% no comércio. Das demais rubricas que compõem à produção de serviços, todas
Material de responsabilidade do professor
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apresentaram retração, exceto as atividades imobiliárias e a administração, saúde e
educaçãopública,asquaissemantiveramestáveis.
Além da Oferta Agregada, no terceiro trimestre de 2016 a Demanda Interna também
apresentoucontraçãoemtodososseuscomponentes.Comparando-seesseperíodoaigual
trimestre de 2015, observa-se que o consumo das famílias consolidou sua sétima queda
consecutiva encerrando o período com retração de 3,4%, uma vez que se comparando ao
segundotrimestrede2016,essacontraçãofoide0,6%.JáaFBCFtevedesempenhonegativo
noterceirotrimestrede2016(-3,1%)oquerepercutiunumaretraçãode8,4%emrelaçãoao
terceirotrimestrede2015.Oconsumodogovernovoltouaapresentarcontração(0,3%)no
terceiro trimestre de 2016. Assim, apresentou também contração em relação ao terceiro
trimestrede2015(-0,8%).
Noterceirotrimestrede2016,asexportaçõesdebenseserviçosapresentouquedade2,8%
e as importações de bens e serviços, reduziram 3,1%, em relação ao trimestre
imediatamenteanterior.Encadeando-seessaanáliseaosresultadosdoterceirotrimestrede
2015,pode-seobservarqueaapreciaçãonataxadecâmbio,orefreamentonaexportação
agropecuária, siderúrgica e extrativa mineral, e a contração na importação de máquinas e
equipamentos, siderurgia, bens e serviços voltados para a indústria automotiva, borracha,
plástico, confecções e calçados, levaram o componente externo da Demanda Agregada
apresentoumodestaexpansãonasexportações(0,2%)equedade6,8%nasimportações.
3. ÍNDICESDEPREÇOS
EvoluçãoobservadadoIPCAversusInflaçãodospreçosadministrados–
acumuladosem12meses
20,0
18,0
16,0
14,0
12,0
10,0
8,0
6,0
4,0
2,0
Meta
set/16
jul/16
mai/16
mar/16
jan/16
set/15
Administrados
nov/15
jul/15
mai/15
mar/15
jan/15
nov/14
set/14
jul/14
mai/14
mar/14
jan/14
0,0
IPCA
Gráfico1.EvoluçãodoIPCAversusinflaçãodospreçosadministrados–acumuladosem12meses.
Janeirode2014asetembrode2016.
Fonte:ElaboraçãoPrópriaapartirdedadosdisponíveisdoBancoCentraldoBrasil.
Material de responsabilidade do professor
| 4 |
No terceiro trimestre de 2016, o IPCA acumulou 1,04%, decompondo-se em 1,20% de
expansãonospreçoslivresresultanteprincipalmentedainflaçãode1,55%nosserviços,ao
longo do trimestre e de 0,53% nos preços administrados. Nesse sentido, de janeiro a
setembro de 2016, acumularam-se 5,50% de inflação e, portanto, a taxa de crescimento
mensal médio da inflação de janeiro a setembro é de 0,61% a.m., contração de 0,06 p.p.
com relação à taxa de crescimento médio observado de janeiro a agosto de 2016. Por
conseguinte,nota-sequeatrajetóriadecrescimentodataxadeinflaçãoem2016continua
arrefecendo e a taxa de inflação acumulada em doze meses está acompanhando essa
trajetória, de modo que se acumulou 8,41% de inflação a.a., em média 0,71% a.m. Em
termosdevariaçãopercentual,verificou-sequeataxadeinflaçãodeoutubroasetembrode
2016 teve queda de 5,49% em relação ao período imediatamente anterior. Cabe ressaltar
que esse resultado de queda na inflação acumulada é esperado, uma vez que o IPCA tem
crescidosempreataxasmenores,exclusiveemperíodosdeacomodaçãodospreços.Cabe
aindaressaltarqueesseresultadodainflaçãoemdozemesesédecompostoem8,65%a.a.
deinflaçãodospreçoslivres(contraçãode0,46p.p.comrelaçãoaoperíodoentresetembro
de 2015 e agosto de 2016) e 7,90% dos preços administrados (que tiveram queda de 0,59
p.p.emrelaçãoasérieobservadadesetembrode2015aagostode2016).
4. TAXADEJUROS
EvoluçãoobservadadaTaxadeJurosReal
10,0
3,0
9,0
JurosNeutros
JurosReais
jul/16
4,0
abr/16
11,0
jan/16
5,0
out/15
12,0
jul/15
6,0
abr/15
13,0
jan/15
7,0
out/14
14,0
jul/14
8,0
abr/14
15,0
jan/14
9,0
TaxaSELIC(eixosec.)
Gráfico2.EvoluçãodataxadeJurosSELICedaTaxadeJurosReal.
Janeirode2014asetembrode2016.
Fonte:ElaboraçãoPrópriaapartirdedadosdaTaxadeJurosSELICedaExpectativadeInflaçãoem12meses
disponíveisnoBancoCentraldoBrasil.FaixasdeJuroNeutroseguemdadosdoFMI.
Umavezquehouvemelhoranasexpectativasdemercadoquantoainflaçãoacumuladano
próximoanoedeoConselhodePolíticaMonetária(COPOM)doBancoCentraldoBrasilter
procurado manter à Taxa de Juros SELIC em 14,25% a.a., o terceiro trimestre foi marcado
pela continuidade na expansão da taxa de juros real que encerrou o período estimada a
8,76% a.a., o que representa um acréscimo de 0,63 p.p. com relação ao trimestre
Material de responsabilidade do professor
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imediatamente anterior. Nesse sentido, cresceram as expectativas de o COPOM passar
reduziraTaxaSELICcomintuitodearefrearoprocessodecontraçãomonetáriaprocurando
apartirdoquatrotrimestrede2016,umavezquetalpolíticadeajusteparecetercumprido
seupapeldelevaràtaxadeinflaçãoparaocentrodesuameta(4,5%a.a.)nomédioeno
longoprazo.
Cabe ainda ressaltar que as expectativas dos mercados são de o reajuste na taxa de juros
SELIC persistirem até que alcancem 11,00% a.a. de modo que se encerre o período de
contração monetária. Contudo, vale explicitar que o ajuste na Taxa SELIC só sustentará à
trajetóriadainflaçãoemcasodeogovernocentralencadeartalpolíticaaumajustefiscal
aindasãofrágeis,demodoqueencerraroperíododecontraçãomonetáriapodetambém
dar espaço para o não cumprimento das metas para os gastos públicos, além de os
mercados investidores passarem a trocar títulos públicos por investimentos no mercado
real, o que a médio prazo geraria inflação. Nesse sentido, a taxa de juros real segue em
trajetóriaascendenteeencerrousetembroa8,76%a.a.(acréscimode4,66%comrelaçãoa
agostode2016.
5. SETOREXTERNOETAXADECÂMBIO
NosEstadosUnidoshouveevoluçãonomercadodetrabalhoenospreçosdeconsumo,além
de uma melhor performance da bolsa de valores, afetando significativamente o PIB nesse
período. Vale ressaltar também a aceleração na atividade econômica no Reino Unido e na
China, que procurou adotar medidas sociais com intuito de melhorar o desempenho da
economia local, além de contribuir para a manutenção nos preços de commodities
metálicas.Nãoobstante,essesresultadosforamcontrastantesàquelesobservadostantona
ZonadoEuroquantonoJapão.
Seguindo esse contexto, houve queda na aversão ao risco e melhora no ambiente de
operaçõesdosmercadosfinanceiros,oqueelevaasexpectativasdeasprincipaiseconomias
fazeremmanutençãodeseusjurosbásicos,oque,porconseguinte,levaaocrescimentoda
expectativaporaumentodaliquideznasprincipaiseconomiasmaduras.
Portanto,aolongodoterceirotrimestrede2016,aeconomiaglobalcontinuouaapresentar
incertezas e heterogeneidade. Ainda assim, as expectativas relacionadas ao crescimento e
aospreçosnasprincipaiseconomiasconsolidaramoamelhoranapercepçãodosmercados
quanto ao ritmo de recuperação global. Desse modo, as condições de liquidez e risco da
economia internacional vem constituindo um cenário benigno para as economias
emergentes.
Evoluçãodataxadecâmbiolivre–DólarAmericano
Material de responsabilidade do professor
| 6 |
4,00
3,50
3,00
2,50
jul/16
abr/16
jan/16
out/15
jul/15
abr/15
jan/15
out/14
jul/14
abr/14
jan/14
2,00
Gráfico3.Trajetóriadataxadecâmbiolivre–DólarAmericano(u.m.c./US$)emédiatrimestraldocâmbio.
Janeirode2014asetembrode2016.
Fonte:ElaboraçãoPrópriaapartirdedadosdisponíveisdoBancoCentraldoBrasil.
6. EMPREGOERENDA
O terceiro trimestre de 2016 apresentou crescimento na taxa de desocupação. Assim,
encerrou-seoperíodocom11,8%dedesocupadosdeacordocomaPesquisaNacionalpor
AmostradeDomicíliosContínua(PNAD-C)elaboradapeloInstitutoBrasileirodeGeografiae
Estatística(IBGE).Emtermosrelativos,issoimplicaqueataxadedesocupaçãocresceu3,8%,
consolidando-se aproximadamente 12,0 milhões de pessoas desempregadas no terceiro
trimestre,ouseja,aocompararcomosegundotrimestrede2016,adicionaram-se437mil
pessoasaocontingentededesempregadosnoBrasil.
Jánohorizontededozemeses,observou-sequemaisde3,0milhõesdepessoasentraram
paraocontingentededesempregados,desdeoutubrode2015asetembrode2016,nesse
sentido,houveexpansãode33,9%nataxadedesemprego,comparadaaoterceirotrimestre
de2015.
EvoluçãotrimestraldataxadedesempregonoBrasil(PNADC)
Material de responsabilidade do professor
| 7 |
12,0
11,5
11,0
10,5
10,0
9,5
9,0
8,5
8,0
7,5
7,0
Taxadedesemprego
jul-ago-set2016
mai-jun-jul2016
mar-abr-mai2016
jan-fev-mar2016
nov-dez-jan 2015
set-out-nov 2015
jul-ago-set2015
mai-jun-jul2015
mar-abr-mai2015
jan-fev-mar2015
nov-dez-jan 2014
set-out-nov 2014
jul-ago-set2014
mai-jun-jul2014
mar-abr-mai2014
6,0
jan-fev-mar2014
6,5
Gráfico4.EvoluçãodataxadeDesocupaçãonoBrasil,portrimestresmóveis.
Janeirode2014asetembrode2016.
Fonte:ElaboraçãoprópriacomdadosdaPNAD-ContínuaTrimestraldisponibilizadapeloIBGE.
A massa de rendimentos real recebido pela população ocupada foi de R$ 176,8 bilhões e,
portanto, não apresentou variação significativa em relação ao segundo trimestre de 2016,
mas apresentou queda de 3,8% com relação ao mesmo trimestre do ano anterior, o que
indicaaceleraçãonatrajetóriadescendentedamassaderendimentosrealobservada.Dado
esse resultado, em relação à população ocupada, verifica-se que o rendimento real médio
habitualmente recebido pela população ocupada foi de R$ 2.015,00 reais. Tal resultado
implica que, embora esse resultado seja pior em doze meses (queda de 2,1%), houve
expansãode0,9%comrelaçãoaosegundotrimestrede2016,conformeoGráfico5expõe.
Evoluçãodorendimentorealmédiohabitualdapopulaçãoocupada
2.120,0
2.100,0
2.080,0
2.060,0
2.040,0
2.020,0
jul-ago-set2016
mai-jun-jul2016
mar-abr-mai2016
Rendimento RealMédioHabitual
jan-fev-mar2016
nov-dez-jan 2015
set-out-nov 2015
jul-ago-set2015
mai-jun-jul2015
mar-abr-mai2015
jan-fev-mar2015
nov-dez-jan 2014
set-out-nov 2014
jul-ago-set2014
mai-jun-jul2014
mar-abr-mai2014
1.980,0
jan-fev-mar2014
2.000,0
Gráfico5.Evoluçãodorendimentomédiorealhabitualrecebidoemtodosostrabalhospelaspessoasocupada,
Material de responsabilidade do professor
| 8 |
portrimestresmóveis.Janeirode2014asetembrode2016.
Fonte:ElaboraçãoprópriacomdadosdaPNAD-ContínuaTrimestraldisponibilizadapeloIBGE.
7. CONFIANÇAEEXPECTATIVAS
7.1 ÍNDICESDECONFIANÇA
ElaboradaspeloInstitutoBrasileirodeEconomiadaFundaçãoGetúlioVargas(IBRE/FGV),as
SondagensdeTendênciasEconômicasprocuramestimaroníveldeconfiançaeexpectativas
da economia. Baseado nessas estimativas, o Gráfico 6 apresenta o Índice de Confiança do
Consumidor (ICC), que encerrou o terceiro trimestre de 2016 com crescimento de 13,04%
em relação ao segundo trimestre do mesmo ano, alcançando 80,60 pontos. Tal nível de
confiança é, em maior parcela, resultado da melhora nas expectativas dos consumidores,
mesmo ante a cautela das famílias tanto em relação a sua situação financeira, quanto a
possibilidadedemelhoranomercadodetrabalho.Nessesentido,noperíododedozemeses,
observa-se que os consumidores melhoram sua confiança em 25,74%. De modo
complementaroGráfico6tambémapresentaràsExpectativasdeInflaçãodoConsumidor,
as quais encerraram o terceiro trimestre de 2016 apresentando queda de 2,00% em doze
meses,repercutindoàúltimarevisãode-6,67%nasExpectativasdeInflaçãodoConsumidor
para2016,observadanoterceirotrimestre.Dessemodooestimadorencerroumostrando
queosconsumidoresesperaminflaçãoacumuladaem2016de9,80%a.a.
EvoluçãoDessazonalizadadosÍndicesdeConfiançadoConsumidoredesuasexpectativas
deinflaçãopara2015
6,0
ICC
jul/16
60
abr/16
7,0
jan/16
70
out/15
8,0
jul/15
80
abr/15
9,0
jan/15
90
out/14
10,0
jul/14
100
abr/14
11,0
jan/14
110
EXPECTATIVASDEINFLAÇÃO(eixosecundário)
Gráfico6.EvoluçãoDessazonalizadadoÍndicedeConfiançadosConsumidores(ICC)edasExpectativasde
InflaçãodosConsumidores.
Janeirode2014asetembrode2016.
Fonte:ElaboraçãoPrópriaapartirdosdadosdasSondagensdasExpectativasdoConsumidorelaboradaspelo
IBRE-FGV.
NoGráfico7.1,observam-seoÍndicedeConfiançadoComerciante(ICOM)eoÍndicede
ConfiançadosprestadoresdeServiços(ICS).Verifica-sequeosindicadoresencerraramo
Material de responsabilidade do professor
| 9 |
terceirotrimestrede2016cotadosa80,4e80,6pontos,respectivamente.Ocrescimento
do ICOM (9,09% no trimestre) é resultado da melhora no ambiente de negócios e da
acomodação das expectativas dos comerciantes e o crescimento trimestral do ICS
(11,23%) é resultado da melhora nas expectativas, principalmente no setor de
transportes,umavezqueaIndústriadeTransformaçãoeaConstruçãoCivilpassarama
anunciar crescimento em sua expectativa de contratações, o que repercute em médio
prazo na contração de serviços. O consolidado de doze meses mostra, em consonância
comoresultadotrimestral,expansãode21,63%noICOMede22,31%noICS.
Similar ao Gráfico anterior, no Gráfico 7.2 se verifica, via o crescimento de 5,76% do
Índice de Confiança da Indústria de Transformação (ICI) no terceiro trimestre 2016 em
relação ao trimestre imediatamente anterior e de 9,71% no Índice de Confiança da
ConstruçãoCivil(ICST)namesmabasedecomparação.Assim,osindicadoresexpandiram
em doze meses, respectivamente 19,35% e 6,88%. Do ponto de vista da Indústria de
Transformação,oresultadoobservadonoterceirotrimestrede2016foide88,2pontos,
emconsequênciadamelhoranasexpectativasquantoaolongoprazo.JáoICST,queestá
mostrando que a construção civil está mais cautelosa do que os outros mercados
observadosnessaanálise,alcançouseumelhorresultadoemquinzemeses:74,6pontos.
OdescolamentodoICSTcomrelaçãoaosdemaisindicadoresdeconfiançamostraquea
construçãocivilestámenosotimistaquantoaolongoprazoeinsatisfeitacomasituação
atualdaeconomiaparaessesetor.
EvoluçãoDessazonalizadadosÍndicesdeConfiançadosProdutores
105
ICOM
ICS
ICI
ICST
jul/16
abr/16
jan/16
60
out/15
60
jul/15
65
abr/15
65
jan/15
70
out/14
70
jul/14
75
jul/16
75
abr/16
80
jan/16
80
out/15
85
jul/15
85
abr/15
90
jan/15
90
out/14
95
jul/14
95
abr/14
100
jan/14
100
7.2
abr/14
7.1
jan/14
105
Gráfico7.EvoluçãoDessazonalizadadosÍndicesdeConfiançadosProdutores,
janeirode2014asetembrode2016.
Fonte:ElaboraçãoPrópriaapartirdosdadosdasSondagensdasExpectativasdoComercioedasSondagensdas
ExpectativasdosServiçoselaboradaspeloIBRE-FGV.
Material de responsabilidade do professor
| 10 |
2016
2017
30/set
31/ago
31/jul
30/jun
31/mai
30/abr
0,00
31/mar
-4,00
29/fev
0,25
31/jan
-3,75
30/set
0,50
31/ago
-3,50
31/jul
0,75
30/jun
-3,25
31/mai
1,00
30/abr
-3,00
31/mar
1,25
29/fev
-2,75
31/jan
1,50
31/dez
-2,50
31/dez
7.2 EXPECTATIVAS
EvoluçãodasexpectativasdemercadoparaocrescimentodoPIB–2016e2017
Gráfico8.EvoluçãodasprevisõesdemercadoparaocrescimentodoPIBparaofinalde2016e2017.
Fonte:ElaboraçãoPrópriaapartirdosdadosdasSondagensdasExpectativasdemercadodispostasnos
RelatóriosFocus,doBancoCentraldoBrasil.
Semanalmente, o Banco Central Brasil publica os Relatórios Focus de Expectativas, os
quais visam observar às previsões do mercado sobre as principais variáveis
macroeconômicas, dada a conjuntura atual. Assim, o Gráfico 8 mostra que, no final do
terceiro trimestre de 2016, os mercados estimam que o crescimento acumulado do PIB
em 2016 ser de -3,14% (revisão de 0,02 p.p. no trimestre) e para 2017 se esperam
crescimento de 1,30% do PIB (melhora de 0,30 p.p. no trimestre). Nesse sentido, os
mercadoscontinuaramamelhorarsuasprevisõesparaocrescimentodoPIB,oqueestá
em consonância com os indicadores de confiança dos produtores. Ou seja, mesmo a
despeitodosresultadosruinsde2016,osmercadosestãoconfiantesquearetomadada
economiaaconteçaaindaem2017.
EvoluçãodasexpectativasdemercadoparaatrajetóriadaInflação(IPCA)–2016e2017
Material de responsabilidade do professor
| 11 |
2016
Lim.Sup.2016
2017
26/set
27/ago
28/jul
28/jun
5,00
29/mai
6,25
29/abr
5,25
30/mar
6,50
29/fev
5,50
30/jan
6,75
26/set
5,75
27/ago
7,00
28/jul
6,00
28/jun
7,25
29/mai
6,25
29/abr
7,50
30/mar
6,50
29/fev
7,75
30/jan
6,75
31/dez
8,00
31/dez
Lim.Sup.2017
Gráfico9.EvoluçãodasprevisõesdemercadoparaatrajetóriadaInflação(IPCA)paraofinalde2016e2017.
Fonte:ElaboraçãoPrópriaapartirdosdadosdasSondagensdasExpectativasdemercadodispostasnos
RelatóriosFocus,doBancoCentraldoBrasil.
OGráfico9apresentaasexpectativasFocusdemercadoparaainflaçãoacumuladanos
anos de 2016 e 2017. Pode-se notar que, ao final do terceiro trimestre os mercados
mantiveramsuasexpectativasbasicamenteestáveis,portanto,esperandoque,atéofim
do ano, a inflação acumulada alcance 7,23%. Essa revisão nas expectativas de inflação
representaqueseesperamqueoperíododereajustesdepreçosmonitoradosobservado
em 2014-2015 não se repita. Além disso, esse resultado representa que a política de
contração monetária então vigente tem alcançado um de seus principais objetivos – a
saber,conteraaltavolatilidadenosíndicesdeinflaçãodaeconomia,conformeoGráfico
9.
Em relação à inflação no longo prazo (2017), os mercados que o terceiro trimestre de
2016esperandoqueainflaçãonoanode2017acumule5,07%a.a.,oquerepresentauma
revisão de -0,43 p.p. durante o trimestre. Os principais fatores que provocaram essa
alteraçãonasexpectativasdeinflaçãoforamapolíticamonetáriavigentedesdemeados
de 2014, somada as expectativas de melhora da situação da economia e ao fim do
período de reajustes nos preços administrados pelo governo central. Embora essas
prospecçõespositivasparaaeconomiabrasileiraapresentemquedanopessimismodos
mercados,oprincipalobjetivodapolíticamonetáriaemlevarainflaçãoparaametaem
4,50%a.a.em2017aindanãoseconsolidou.
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