As Ciências Humanas no Curso de Engenharia G.M.Scrignoli1, E.R.Colombo1, G.S.Olguin1, P.H. L. S.Matai1 1 Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo 1.Introdução O engenheiro, por ser um agente de criação, de aplicação do conhecimento das ciências exatas e de desenvolvimento tecnológico, é comumente definido como um profissional de caráter exclusivamente técnico. No entanto, ao pensar no engenheiro, no âmbito geral, como um ser que transforma, soluciona problemas e gera progresso, consegue-se estabelecer uma relação direta entre a sociedade e esse profissional. A partir deste ponto, o engenheiro deixa de possuir um caráter exclusivamente técnico e assume uma personalidade generalista, humanista. Segundo Marco Aurélio Cremasco, “É fundamental para o engenheiro desenvolver uma visão sistemática do mundo, ou seja, reconhecer que, como agente de transformação social, ele faz parte do todo”. [1] Ao ter em mente seu papel na sociedade, é de profunda importância que o engenheiro possua a formação tanto na área técnica quanto na área humana. Tais conhecimentos possibilitam-no desenvolver bases científicas e tecnológicas com respaldo da ética, além de contribuir para o aperfeiçoamento da dialética, do trabalho em equipe, de organizar pensamentos, de dissertar, de interpretar e de apresentar projetos. Assim confirma Cremasco: “O ponto essencial é quanto mais investir no indivíduo como ser humano, maiores são as oportunidades de sucesso num ambiente de trabalho em que a capacidade de se relacionar bem é uma prioridade”. [1] 2. Objetivo Embasando-se em tal contexto, o objetivo deste trabalho consiste na discussão da contribuição de disciplinas das ciências humanas inseridas na grade curricular de engenharia para a construção do caráter social, crítico, ético e problematizador. 3. Material e Métodos O trabalho consiste, primeiramente, em apresentar o engenheiro como um cidadão ativo na sociedade, gerando, portanto, a definição ampla e generalista deste profissional. A fim de comparar o conceito de engenharia estabelecida no presente trabalho com a perspectiva dos estudantes que pretendem seguir o referido curso, foram analisados dados referentes aos alunos de escolas de ensino médio e cursinho, cuja intenção era tornar-se engenheiros. Do mesmo modo, foram analisados dados da Avaliação de Ensino da Escola de Politécnica da Universidade de São Paulo com o intuito de observar se os estudantes que já a cursam possuem de fato a visão do que realmente é a engenharia. Por fim, o trabalho aborda o conceito das ciências humanas e seus campos de atuação, visando à contribuição de tais ciências para o ensino em Engenharia. 3.Resultados e Discussões Observou-se pelos dados que os estudantes do ensino médio e cursinho possuem a concepção de que as ciências humanas estão distantes da engenharia. Tal realidade perpetua-se aos graduandos em engenharia, segundo a Avaliação de Ensino da EPUSP. Ou seja, hoje, a EPUSP não aborda conceitos de ciências humanas no curso de engenharia. 4. Conclusão Através das análises contidas nesse trabalho, é possível concluir que o engenheiro, como agente transformador e inerente à sociedade, necessita de formações de caráter técnico e humano, procurando harmonicamente integrá-las.. Ao inserir disciplinas de ciências humanas na grade curricular do curso de engenharia, bem como relacionar o conteúdo técnico com suas aplicações e efeitos sociais, possibilita-se uma formação plena, completa, capaz de constituir um profissional sócioresponsável com maior capacidade de relacionamento interpessoal. Portanto, mostra-se necessária a reestruturação curricular do curso de engenharia além da mudança de postura dos docentes, garantindo uma visão mais problematizadora, crítica, do conteúdo transmitido. A formação do engenheiro, deste modo, transcenderá o ato de obter apenas o conhecimento restrito, puramente técnico, para possuir a sabedoria filosófica de mundo, de valores, de princípios e do próprio homem. 5.Referencias Bibliográficas [1] Cremasco, M. A., ”A Responsabilidade Social na Formação de Engenheiro