PADRE MARIANO PINHO Apóstolo da Misericórdia

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PADRE MARIANO PINHO
Apóstolo da Misericórdia
O mais belo nome do amor é a misericórdia. Parece que o amor é mais
amor quando se revela na misericórdia, no modo de perdoar com carinho e
ternura, com capacidade infinita de fazer festa e de curar o pecador que se
arrepende. Se a nós, como a São Pedro, Jesus propõe que perdoemos setenta
vezes sete, ou seja, sempre, infinitamente, sem medida, quanto maior e mais
amorosa é a misericórdia divina. O Rabi de Nazaré em toda a sua vida revelou
a misericórdia do Pai e viveu essa misericórdia com a Madalena, com o
Zaqueu, com a Samaritana, com o Pedro, com o bom ladrão, com todos.
Sempre misericordioso, sempre Bom Pastor que busca a ovelha perdida,
sempre Bom Samaritano que revestido de misericórdia trata com solicitude e
carinho o doente, o pobre, o marginal. O seu Coração como dizemos na
ladainha é “rico de misericórdia”, daí a sua capacidade de pedir perdão para os
seus algozes, para ao que O humilhavam e matavam.
O Padre Mariano Pinho, que centrou a sua vida na meditação e
contemplação de Jesus, que era devoto e amigo de seu Coração, aprendeu
com o Mestre a ser misericordioso. Como sabemos não lhe faltaram calúnias,
artigos insultuosos em revistas e jornais, suspeitas da sua virtude e da sua
castidade, até denegrirem sua boa fama e conseguirem que fosse exilado para
o Brasil. Tinham ciúme da sua virtude? Tinham inveja da sua reputação e dos
elogios que recebia? Tinham raiva de não serem como ele, o pai espiritual e o
director da Beata Alexandrina? Tinham ciúmes da estima que ela lhe prestava
e da maneira como se entendiam essas duas pessoas tão boas e tão santas?
Tinham inveja dos seus eloquentes, sábios e santos sermões, tríduos e
pregações? Tinham ciúme de ser bom escritor, eloquente pregador, mestre
insigne de muitas pessoas que o procuravam para a direcção espiritual e o
sacramento da Reconciliação? Tinham inveja dos cargos que ocupou, do modo
como foi Fundador da revista Cruzada e do Movimento com o mesmo nome?
Tinham cegueira perante a grandeza da luz que irradiava sua virtude e suas
qualidades, seus escritos? O certo é que a “vítima” tinha que ser destruída.
Nada faltou: nem testemunhas falsas, nem colegas que escreveram contra ele,
nem queixas junto da autoridade eclesiástica, nem manobras sujas junto dos
superiores da Ordem. Com tudo isto só conseguiram, uma coisa: ajudar a
fazer, a edificar um santo.
O Padre Mariano soube sempre ter uma postura digna. Foi heróico no
modo como soube aceitar a dor, a calúnia, o vitupério. Soube ir até ao extremo
na capacidade de perdoar e ser misericordioso. Atingiu as setenta vezes sete
vezes, no modo como lidou com os caluniadores e difamadores, com ordens
aparentemente injustas, com os escritos insultuosos. Sempre muito sereno
soube encontrar em seu coração capacidade de misericórdia. Sabemos que
rezava e suplicava por todos os seus inimigos. Não se queixava ou lamentava.
Disso deram testemunho muitos dos seus companheiros jesuítas e muitas das
pessoas que confessava e dirigia. Não lhe ouviam um queixume, uma palavra
de lamento ou de revolta. Verdadeira vítima, como ovelha levada ao
matadouro, sofria no silêncio, rezava pelos inimigos e distribuía misericórdia.
Aprendeu com o Divino Mestre e com seu Coração misericordioso. Viveu as
belas lições que pregava e que escreveu no Mensageiro do Coração de Jesus
de que foi Director vários anos.
Já no Brasil a viver seu exílio imposto pela obediência para o afastarem
de Balasar e da Alexandrina, o Padre Mariano, um dia teve este pequeno
desabafo: Que só se admirava que os confessores dessem a absolvição às
pessoas que tão gravemente o caluniaram, sem exigirem que se retratassem e
dissessem a verdade. Era um clamor de justiça. Mas continuou em silêncio
humilde, com coração de misericórdia. E foi esta misericórdia que ensinava a
todos os que dele se abeiravam. Suas palavras sábias, repletas de conteúdo
evangélico edificavam e consolavam, faziam crescer na fé, na esperança e na
caridade, ajudavam a edificar na santidade. Não pregava nem vivia a “sua”
doutrina, mas deixou-se embeber da Palavra de Jesus e vivia a sua
misericórdia.
Anos mais tarde, já depois da sua morte, uma pessoa que muito o tinha
caluniado, foi depor no Processo de Canonização de Alexandrina Maria da
Costa e resolveu, inspirada pelo Espírito Santo e movida de sentimento de
verdade e de justiça que antes não teve, resolveu, dizíamos, dizer a verdade. O
que de grave e calunioso, tremendo e falso, tinha afirmado acerca do Padre
Mariano Pinho era mentira. Ele era um homem santo e digno. Foi tarde de
mais, pode-nos parecer, mas a luz brilhou, a verdade foi dita, a boa fama foi
reposta no seu lugar, a dignidade do Padre Mariano voltou a ter credibilidade e
raios de santidade. Ele no Céu devia ter-se rido e dito: “só agora”? A Divina
Providência tem os seus tempos e os seus caminhos. A hora da justiça e da
verdade chegou. Bendito seja Deus por isso. O Padre Mariano que sempre
usou de misericórdia para com todos devia ter feito festa ao acolher esta
verdade e pedido a Deus perdão por esta pessoa, como sempre fez ao longo
da vida.
Se a misericórdia é o coração debruçado sobre a miséria, o Padre
Mariano Pinho, sempre teve o seu coração nessa atitude. Por isso perdoou
sempre, desculpou sempre, arranjou coragem para se não revoltar, não criticar,
não condenar quem tão mal o tratou. Por isso, talvez sobretudo por isso, a
Beata Alexandrina foi encarregada de transmitir ao Padre Mariano um recado
de Jesus: “Um dia seria elevado às honras dos altares e venerado como
santo”. Todos vivemos esta esperança. Todos queremos que estas palavras
tenham cumprimento.
P. Dário Pedroso
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