Seleção de dados

Propaganda
SEM INCLUSÃO
Impostos de eletrônicos no
Brasil ainda são de produtos
supérfluos. PÁGINA 3
CORREIO POPULAR
Campinas, segunda-feira, 20 de junho de 2011
Seleção de dados
Dominique Torquato/AAN
/ SOBRECARGA /
Enxurrada de
informações da
internet ajuda a
desenvolver o
cérebro, mas
também pode
causar stress
SITES PARA
PESQUISA
Unicamp: www.unicamp.br
Puc-Campinas:
www.puc-campinas.edu.br
USP: www.usp.br
Unesp: www.unesp.br
UFSCar: www.ufscar.br
Observatório Nacional: www.on.br
Biblioteca Digital:
http://bndigital.bn.br
Patrícia Azevedo
DA AGÊNCIA ANHANGUERA
[email protected]
Checar e-mail, atualizar redes sociais, trocar mensagens pelo celular, trabalhar e
atender ligações. A tecnologia mudou o cotidiano das
pessoas e faz com que o homem seja submetido a uma
enxurrada de informações.
Essa sobrecarga está mudando a forma com que o homem vive e se organiza. “Hoje somos escravos dessas re-
Pressão de estar
on-line prejudica o
lazer, diz cientista
des sociais e ficamos conectados o tempo todo. Nós deixamos de ser somente consumidores e somos fontes de informação. Nós nutrimos as
redes sociais e queremos informação”, conta o neurocientista da Unicamp Li Li
Min.
A empresária Fabiula Bernardes é um exemplo cada
vez mais comum. Passa o dia
inteiro conectada no seu notebook à procura de novidades para aulas de artesanato,
atualiza as redes sociais, o
blog e o site da sua loja e ainda conversa com a família pelo computador enquanto vê
televisão.
“Fico conectada o dia todo, até quando estou em casa. Fico sentada na cama
com o computador para falar
com a família que mora longe e com a TV ligada ou ouvindo música”, conta. Apesar
de fazer várias coisas ao mesmo tempo, Fabiula conta
que consegue se concentrar.
“Vejo o que me interessa e
presto mais atenção naquilo”, diz.
Segundo pesquisadores
da Universidade da Califórnia, em São Diego, quando
estão em casa as pessoas passam em média 12 horas por
dia conectadas ao computador, smartphones ou televisão. Na década de 60, esse
número era de cinco horas,
assistindo à televisão.
Essa avalanche de informações pode tanto ampliar
as funções cerebrais e trazer
benefícios, quanto provocar
stress e ansiedade. As pesquisas mostram que quanto
mais o cérebro é estimulado,
mais ele se desenvolve. “Estudos clássicos mostram que
Li Li Min afirma que o homem moderno é escravo das redes sociais e fica conectado o tempo todo, mas é preciso alternar lazer e descanso
Augusto de Paiva/AAN
Memória armazena fatos e
conhecimentos relevantes
homem moderno é
um consumidor
voraz de
informação, mas não
consegue apreender tudo o
que leu ou acessou ao
longo do dia. O professor
Benito Pereira Damasceno,
vice-chefe do
Departamento de
Neurologia da Faculdade
de Ciências Médicas da
Unicamp, diz que a
memória tem um limite,
especialmente quando o
homem recebe
informações simultâneas,
que vão se acumulando.
“Existe um limite. Uma
informação interfere na
outra e atrapalha o seu
registro. Além dessa
saturação da memória de
curto prazo, existe a
questão da seleção do que é
relevante. Você sempre dá
atenção maior para o que é
mais relevante”, explica.
Damasceno acrescenta que
o ser humano retém as
informações que têm
maior significado para ele.
De nada adianta ler vários
noticiários e se desdobrar
para acompanhar vários
blogs. “Prestamos mais
atenção nas informações
que têm um ponto de vista
afetivo, uma carga
emocional maior. A parte
afetiva influencia muito na
memória”, diz.
Ele conta que a memória
está ligada às associações
que o cérebro faz com
outras informações. “É
O
mais difícil lembrar o nome
de uma pessoa que se
apresenta e vai logo
embora. Quanto mais
associações fizer, mais
consolidado vai ser o
registro e mais fácil será
para lembrar o nome da
pessoa”, explica.
Damasceno diz que quanto
mais atarefada é uma
pessoa, menor é sua
memória de longo prazo. É
por isso que muitas vezes
esquecemos de fatos
antigos. “Quanto mais
atarefada e nova é a pessoa,
menos se lembra das coisas
passado. A memória
recente é mais forte na
juventude porque você
precisa dessa informação
para dar conta da sua
rotina. Quando
envelhecemos, a memória
vai ficando mais nítida. O
corpo se adapta ao novo
modo de vida”, diz.
O professor conta que é
importante que as pessoas
sejam seletivas com as
informações que recebem
para executar bem uma
função ou memorizar o que
é importante. A ideia de
homem multitarefa só é
possível se ele se
concentrar para executar
bem todos seus deveres. “A
pessoa tem que ser seletiva,
deletar e bloquear
momentaneamente o que
não interessa muito e
concentrar no que mais
interessa, não há segredo”,
diz.
com o volume de informações. O órgão é versátil e está
preparado para lidar com
um grande volume de dados
e estímulos. “O cérebro tem
uma neuroplasticidade fantástica, ele dá conta desse volume”, diz Min.
O cientista ressalta que isso não quer dizer que ficar
18 horas por dia conectado
irá garantir uma velhice mais
digna. Os benefícios de estimular o cérebro só terão efeito se a pessoa alternar os momentos de trabalho com lazer e sono. “Se pessoa fica
muito tempo conectada, está
restringindo horas de sono.
E o sono é fundamental para
consolidar a memória”, conta.
Min diz que há um consenso de que o homem precisa de 8 horas de sono, 8 de
trabalho e 8 de lazer para ter
qualidade de vida. “A pressão de estar on-line faz com
que prejudique o horário de
lazer e sono e isso influencia
a memória”, observa.
Li Li Min conta que atividades físicas e de lazer também podem estimular as conexões cerebrais. “O cérebro
pode ser estimulado com lazer e atividade física, é o chamado ócio criativo. Para que
a gente possa chegar aos 80
anos bem, precisamos desses três pilares: sono, trabalho e lazer”, sentencia.
Ansiedade
Fabiula diz que assiste à TV e usa o computador ao mesmo tempo
quanto mais se exercita o cérebro, mais capacidade ele
vai ter. Ele mantém reserva
de memória corretiva a longo prazo”, diz Min.
O cientista explica que o
homem tem cerca de 100 bilhões de neurônios e todos
os dias perde uma boa quantidade deles. “Depois dos 30
anos, as pessoas perdem em
média 70 mil neurônios por
dia. Se a pessoa tem reserva
boa, chega aos 70 anos com
uma quantidade maior de
neurônios e dá conta da atividade diária”, afirma.
Neurocientistas dizem
que não há riscos de o cérebro ficar sobrecarregado
A má notícia é que o fato de
o homem estar em contato
com um grande número de
informações pode provocar
stress. “O que acontece muitas vezes é que o significado
dessas informações trazem
impacto negativo no nosso
cotidiano. A manipulação
dessas informações trazem
um ônus e uma pressão social. O que você antes fazia
em uma semana, hoje tem
que fazer em menos tempo
porque a tecnologia permite
isso. E isso pode provocar
stress. O prejuízo é maior na
esfera emocional”, diz o neurocientista.
Ele observa que informações negativas também podem influenciar o funcionamento do cérebro. “Você
olha uma imagem e ativa um
significado. Pegar uma foto
de violência deixa o seu dia
ruim. Essa informação também vai modificando o cérebro, aumentando ou diminuindo as conexões”, diz.
Alunos precisam de orientação para pesquisar na web
Internet é uma excelente ferramenta para o aprendizado, desde que os professores ajudem o estudante a filtrar as informações confiáveis
César Rodrigues/AAN
Escolher fontes confiáveis
em meio a uma enxurrada de
informações disponibilizadas
pela internet não é tarefa fácil, principalmente para crianças em idade escolar. Estudantes do Ensino Fundamental e Médio têm na rede mundial de computadores uma
importante fonte de consulta
e precisam de orientação para fazer trabalhos escolares.
“A internet é um poderoso
recurso para ser explorado pela escola, temos sites de bibliotecas virtuais, sites das
universidades com teses, dissertações e artigos que tra-
zem material fruto de um trabalho científico”, conta a pedagoga da Puc-Campinas Geisa do Socorro Mendes, professora da disciplina de Tecnologia da Informação e Comunicação.
Geisa diz que pesquisas feitas por universitários devem
se basear em fontes científicas e confiáveis. “Não dá para dimensionar o que tem de
informação na internet, mas
essa informação não é conhecimento, ela tem que ser tratada, analisada e a partir daí
colabora para construir conhecimento”, explica a pro-
fessora.
Alunos do Ensino Médio,
conta, têm condições de avaliar sozinhos as fontes de informação.
“Uma criança do Ensino
Fundamental não consegue
entrar em sites de pesquisa
científicas. Cabe ao professor
orientar e selecionar os sites
que ela pode consultar. Como docente, temos que orientar o aluno para que ele construa senso crítico com relação aos dados”, conta.
A pedagoga diz que o portal do Ministério da Educação (MEC) tem uma série de
dicas de fontes confiáveis para pesquisa. “O site do MEC
tem dicas de sites e orientações aos professores sobre o
uso da tecnologia e até download de softwares gratuitos”,
diz.
Endereços eletrônicos de
universidades como a PucCampinas, Unicamp e Universidade de São Paulo são
fontes interessantes para pesquisar teses de graduação,
mestrado e doutorado.
“Estudantes do Ensino Médio podem consultar as teses
para pesquisas escolares”,
acrescenta.
Geisa diz que as pesquisas escolares devem utilizar sites científicos
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