Destaque Setorial - Bradesco Móveis 23 de setembro de 2015 Retração da indústria de móveis tem respondido à queda do consumo de bens duráveis A indústria nacional de móveis se beneficiou, nos últimos anos, da melhora das condições econômicas domésticas, com expansão do crédito, do emprego e da renda, e do dinamismo favorável do setor imobiliário. Entre 2006 e 2012, a indústria cresceu em média 3,5% ao ano. Mas, desde meados de 2013, a atividade do segmento vem caindo, o que se acentuou no último trimestre do ano passado. Essa recente e expressiva queda se deve principalmente à menor confiança do consumidor, que tem postergado sua decisão de compra, especialmente de bens de consumo FONTE: IBGE duráveis, como veículos, eletrodomésticos e móveis – como notamos em outros ciclos de recuo da atividade econômica. Nesse sentido, esperamos que a produção industrial do setor mostre retração de 8,0% neste ano e de 2,0% no ano que vem. Na mesma direção, as vendas no varejo de móveis e eletrodomésticos devem se retrair 11,5% neste ano e apresentar estabilidade em 2016, refletindo também o aumento de preços, decorrente da recomposição dos impostos e aumento dos custos. Nesse sentido, o IPCA de móveis este ano deve ser de 6,2%. PRODUÇÃO INDUSTRIAL DE MÓVEIS (NÚMERO-ÍNDICE DA PRODUÇÃO FÍSICA DESSAZONALIZADO ) 110 Produção industrial de móveis (númeroíndice da produção física dessazonalizado) 107,0 103,8 103,4 105 100 98,0 96,0 95 91,1 93,9 90 87,6 85 82,2 83,1 80 75 Nos últimos 12 meses encerrados em julho deste ano, a produção de móveis recuou 7,4%. Essa tendência tem se intensificado nos últimos meses, à medida que a confiança do consumidor permanece em patamares muito baixos1. Além do efeito do menor otimismo, que implica a postergação do consumo (especialmente de itens que dependem do crédito e são de maior jun/15 mar/15 set/14 dez/14 jun/14 mar/14 set/13 dez/13 jun/13 mar/13 set/12 dez/12 jun/12 mar/12 set/11 dez/11 jun/11 mar/11 set/10 dez/10 jun/10 mar/10 set/09 dez/09 jun/09 mar/09 set/08 dez/08 jun/08 mar/08 set/07 dez/07 74,2 70 jun/07 Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos Leandro de Oliveira Almeida Fonte: IBGE Elaboração: BRADESCO valor), devemos levar em conta a mudança das condições da economia brasileira (com aumento do desemprego e queda dos ganhos reais de renda, além da recomposição dos impostos incidentes na cadeia). A confiança dos empresários da indústria moveleira, medida pela FGV, reforça esse cenário e tende a permanecer em patamar muito baixo. Entre junho e agosto deste ano, o índice atingiu 1 A produção entre maio e julho deste ano mostrou queda interanual de 9,6%, já considerando que, no mesmo período do ano passado, a indústria tinha reduzido sua produção por causa da realização dos jogos da Copa do mundo. Embora esse evento esportivo possa estimular as vendas no varejo, a indústria se adianta alguns meses e no período da Copa tem baixa produção. 1 Ao mesmo tempo, notamos uma mudança na dinâmica das exportações de móveis. No acumulado dos últimos 12 meses encerrados em agosto, as vendas brasileiras aos Estados Unidos cresceram 18,7% e a desvalorização cambial recente deve estimular ainda mais esse crescimento. No entanto, na mesma métrica, as exportações totais moveleiras caíram 4,7%, puxadas principalmente pela queda das vendas de móveis de plástico para a Argentina e de madeira Respondendo também à menor demanda nacional, para outros países da América Latina. De todo modo, as importações de móveis acumulam retração de a participação das exportações na produção do setor 6,7% em US$ nos últimos doze meses encerrados em passou de 4,9% ao final do ano passado para 5,6% em agosto, com destaque para a redução das compras junho. Isso ocorre porque a redução das exportações de móveis de plástico chineses. Vale lembrar que, se deu em um ritmo menor do que a produção nos anos anteriores, a participação das importações doméstica. Para os próximos meses, entendemos sobre o consumo aparente tinha avançado, tendo em que a recente desvalorização cambial deve contribuir vista a maior competividade dos produtos asiáticos para elevar o coeficiente de exportação (que é o valor e a apreciação do real. Daqui para frente, com a das exportações em 12 meses sobre a produção depreciação da moeda brasileira, contudo, o coeficiente doméstica), em grande medida devido à recuperação de importações (que é o valor das importações em 12 das vendas de móveis de madeira para os Estados meses sobre o consumo aparente) deve arrefecer, Unidos (que representaram 15,7% das exportações devido à alta elasticidade das importações à taxa de moveleiras em 2014) e pela alta elasticidade das FONTE: IBGE COEFICIENTES DE EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO DA INDÚSTRIA DE MÓVEIS exportações ao câmbio. câmbio. ELABORAÇÃO: BRADESCO 75,1 pontos, considerando que a média histórica é 100. Já a situação atual dos negócios está em 43 pontos, indicando as dificuldades pelas quais passa a indústria atualmente. Cabe lembrar que a desaceleração do setor imobiliário em curso atinge a compra de móveis. Como está havendo retração das vendas de imóveis novos neste ano, esperamos que isso reforce a queda das vendas moveleiras mais à frente. 7,0% Coef. Exportações Móveis 6,0% 5,8% 5,6% 5,1% 5,4% 5,0% Coeficientes de exportação e importação da indústria de móveis Coef. Importações Móveis 6,1% 4,9% 4,1% 4,0% 3,7% 3,0% 2,3% jun/15 mar/15 set/14 dez/14 jun/14 mar/14 set/13 dez/13 jun/13 mar/13 set/12 dez/12 jun/12 mar/12 set/11 jun/11 mar/11 set/10 dez/10 jun/10 mar/10 set/09 30,0% dez/09 jun/09 mar/09 Fonte: IBGE Elaboração: BRADESCO 28,7% 25,0% 20,0% 17,7% 12,2% 11,9% 9,0% 10,0% 8,7% 7,8% 7,7% 7,4% Combustíveis e lubrificantes Tecidos, vestuário e calçados Comércio Total Veículos e Peças Farmácia, perfum. e cosméticos Material de Construção Fonte: IBGE Elaboração: BRADESCO Outros art. de uso pessoal e dom. 0,0% Móveis e eletrodomésticos 5,0% 5,5% DEPEC 4,6% Livros, jornais, revistas e papelaria 15,0% Hipermercados e supermercados set/08 dez/08 jun/08 mar/08 set/07 dez/07 jun/07 mar/07 set/06 dez/06 jun/06 dez/05 Crescimento acumulado da PMC um ano após o fim da crise dez/11 CRESCIMENTO ACUMULADO DA pmc 1 ANO APÓS O FIM DA CRISE FONTE: IBGE Escritório, informática Destaque Setorial - Bradesco 0,0% 1,5% 0,8% mar/06 1,0% 2,6% 1,8% 2,0% 2 A recuperação econômica, que ocorrerá a partir do ano que vem, será inicialmente puxada pela recuperação da demanda por bens de consumo duráveis, o que inclui o segmento de móveis, e estimulará o crescimento da produção doméstica. Além disso, as exportações de móveis de madeira devem voltar a crescer nos próximos meses, puxadas principalmente pela recuperação das vendas desses produtos aos Estados Unidos, compensando parcialmente a piora do mercado brasileiro. Dessa forma, para este e o próximo ano, esperamos que a indústria de móveis mostre retração de 8,0% e 2,0%, respectivamente. As vendas no varejo de móveis e eletrodomésticos, por sua vez, devem se retrair 11,5% neste ano e apresentar estabilidade no ano que vem. As exportações devem se recuperar até o final deste ano, com crescimento esperado para 2016, tendo em vista a desvalorização cambial e a recuperação da economia norte-americana. Perfil Setorial • As variáveis determinantes para o consumo de móveis são: renda, emprego, crédito ao consumidor e confiança do consumidor. • A indústria moveleira é responsável por 1,3% do valor da transformação industrial do país. • O setor é responsável 3,5% dos empregos industriais do país e por 5,4% das empresas industriais do país. • São Paulo é responsável por 25,4% do valor produzido, em 2º lugar Rio Grande do Sul, 23,1%, e Paraná, em terceiro, com 15,3%, Minas Gerais ocupa o 4º lugar com 10,0%. • A sazonalidade da produção do setor é forte em outubro e novembro, por causa das festas de fim de ano e 13º salário, e baixa em dezembro e janeiro. Já a sazonalidade de vendas é concentrada em dezembro pelo mesmo motivo, lembrando que a produção se adianta às vendas. • Em 2014 dados da PNAD indicam que 648 mil pessoas trabalhavam nesse setor, o que representa 0,7% da população ocupada do Brasil. Destaque Setorial - Bradesco • A indústria de móveis é responsável por exportações de US$ 666 milhões e importações de US$ 630 milhões em 2014. Já os coeficientes de importação e exportação da indústria foram 5,1% e 4,9% em 2014, respectivamente. DEPEC 3 Destaque Setorial - Bradesco Equipe Técnica Octavio de Barros - Diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos Marcelo Cirne de Toledo - Superintendente executivo Economia Internacional: Economia Doméstica: Pesquisa Proprietária: Análise Setorial: Estagiários: Fabiana D’Atri / Felipe Wajskop França / Thomas Henrique Schreurs Pires Igor Velecico / Andréa Bastos Damico / Ellen Regina Steter / Myriã Tatiany Neves Bast / Ariana Stephanie Zerbinatti Regina Helena Couto Silva / Priscila Pacheco Trigo / Leandro de Oliveira Almeida Fernando Freitas / Leandro Câmara Negrão / Ana Maria Bonomi Barufi Davi Sacomani Beganskas / Henrique Neves Plens / Mizael Silva Alves / Gabriel Marcondes dos Santos / Wesley Paixão Bachiega / Carlos Henrique Gomes de Brito O DEPEC – BRADESCO não se responsabiliza por quaisquer atos/decisões tomadas com base nas informações disponibilizadas por suas publicações e projeções. 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