ANALISE TEMPORAL DO USO DA TERRA NA BACIA DO RIO DOCE Isabel Rodrigues da Rocha UFG/Campus Jataí. E-mail [email protected] Prof. Dr. João Batista Pereira Cabral UFG/Campus Jataí [email protected] Msc. Alécio Perini Martins UFG/Campus Jataí. E-mail [email protected] Pollyanna Faria Nogueira UFG/Campus Jataí E-mail [email protected] Makele Rosa de Paula UFG/Campus Jataí E-mail [email protected] 1. INTRODUÇÃO A retirada da vegetação natural para formação de pastagens e agricultura torna o ambiente mais vulnerável à erosão, sendo um dos problemas causado pelo manejo inadequado do solo. A partir dessa perspectiva buscou-se avaliar o uso da terra da bacia hidrográfica do rio Doce. A presente pesquisa considerou a variação temporal em um intervalo de 25 anos mapeando a área de estudo em duas épocas 1984 e 2009 analisando o uso da terra a partir das atividades antrópicas relacionadas principalmente á agricultura, desde a década de 80, o que interfere diretamente na dinâmica natural. Das diferentes fisionomias encontradas na bacia, merecem destaque as culturas, com destino a produção industrial, como a cana-de-açúcar para a produção de etanol e açúcar, silvicultura com o plantio de eucalipto, para a produção de carvão vegetal, papel e celulose. As pastagens também têm papel significativo na economia local, especialmente porque são destinadas à criação de gado, denominada criação extensiva. A soja e umas das produções de monoculturas de grãos encontradas ao longo de quase toda bacia do rio Doce seguidas pelo cultivo de milho, milheto, sorgo, feijão e outras cultivos em pequenas áreas. A soja e o milho se tornam quase predominante em termos de ocupação, sustentando uma economia baseada em CAI (Complexo-Agroindustrial), como sendo marca Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3 1 característica do processo de industrialização da agricultura juntamente com a produção de monoculturas, como se detecta nas áreas da bacia do rio Doce. 2. OBJETIVOS O objetivo principal desta pesquisa foi identificar as mudanças ocorridas na bacia do rio Doce representada a partir do mapeamento de áreas de uso da terra, principalmente as destinadas a produção agrícola, sendo ao final da pesquisa disponibilizado material científico que dê suporte a ações de planejamento regional e ambiental com vistas à democratização do uso do ambiente em estudo. 3. METODOLOGIA A bacia do Rio Doce esta localizada nos municípios de Jataí, Rio Verde, Caiapônia e Aparecida do Rio Doce no Estado de Goiás, entre os limites latitudinais de 8095415 e 7954415 Sul e longitudinais de 410000 e 505000 Oeste. Para execução da pesquisa foram necessárias bases de imagens e cartas topográficas da área de estudo obtidas nos sites do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), do SIEG (Sistema Estadual de Estatísticas Informações Geografias de Goiás) e do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) A metodologia utilizada na pesquisa seguiu avaliação de uso da terra com uso do Softwere Spring 5.0.2 (Sistema de Processamento de Informações Georefernciadas). A classificação do uso da terra foi realizada pela ferramenta “segmentação” do programa, atribuindo uma classificação de cores e polígonos de acordo com a cobertura vegetal existente na bacia, sendo uma classificação preliminar, pois o programa executa a classificação de cores em pixel, que posteriormente as cores dos polígonos gerados foram associadas aos tipos de cobertura vegetal. O método para essa classificação utilizou da imagem Landsat 5 – sensor TM, órbita-ponto 223/72 e 223/73 com passagem em 11/04/2009, para a imagem atual e para a imagem de comparação da década de 80 na órbita-ponto 223/72 e 223/73 com passagem 25/06/1984 adquiridas do INPE, composição colorida (RGB) nas bandas 3 (B), 4 (G) e 5 (R). 4. RESULTADOS Pelos motivos expostos anteriormente a presente pesquisa teve por objetivo identificar as modificações ocorridas na bacia do rio Doce, tendo como finalidade observar a real situação do Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3 2 ambiente comparando a década de 80 do século XX, buscando promover a adequação ao uso desse ambiente e as suas diferentes ocupações. De acordo com as analises dos dados apresentados na tabela 1, a vegetação natural recobria o equivalente a 22 % da área na década de 80, diferente do período atual, onde a ocupação da bacia por vegetação recobre 13% da área de estudo. Tipo de cobertura vegetal Área km² x km² % Área km² x km² 1984 Água Vegetação Pastagem 2009 9.461.027 0 25.732412 1 859.277.641 22 361.285961 13 1.360.780.795 48 824.320459 30 0 0 3.592574 1 609.189.007 30 1510.367171 53 0 0 44.368361 2 Silvicultura Culturas de ciclo curto % Cana-de-açúcar Total 100 100 Tabela1: Comparação dos valores de cobertura vegetal dos anos de 1987 e 2009. A partir dos dados verificou-se que agricultura ocupou espaço de antigas pastagens e da vegetação natural recobrindo cerca de 54% na atualidade, sendo essa uma atividade muito exercida ao longo da bacia, classificada como culturas de ciclo curto, ou seja, que possuem um período de plantio, desenvolvimento e colheita, inferior a 365 dias. As coberturas de silvicultura e cana-de-açúcar ocupam no período atual cerca de 3%, da área de estudo, seguida pela pastagem com 30% de ocupação. A área de pastagem verificada para o ano de 1984 correspondia ao equivalente de 48%, sofrendo uma redução em 2009 em tono de 18%. Conforme os dois mapeamentos (Figuras 1 e 2) realizados, pode-se dizer que a ocupação da área de estudo variou de acordo com demanda de agronegócios, pois até a década de oitenta no século vinte, predominava na região a pecuária leiteira, mas a partir da década de 90 com incentivo do governo, passou a dominar a produção de milho e soja e no século XXI a produção de cana de açúcar para as industrias sucroalcooleiras. Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3 3 Figura 1 – Mapa de uso da terra interpretado e gerado a partir do mapeamento de images Landsat 5 TM (1984) e suas respectivas ocupações. Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3 4 Figura 2 – Mapa de uso da terra interpretado e gerado a partir do mapeamento da imagem Landsat 5 TM (2009) e suas respectivas ocupações. Das diferentes formas de fisionomias (Figura 3) encontradas na bacia, merecem destaque as culturas, com destino a produção industrial, como a cana-de-açúcar (Foto A) para a produção de etanol e açúcar, silvicultura com o plantio eucalipto (Foto B), para a produção de carvão vegetal, papel e celulose. As pastagens também têm papel significativo na economia local, especialmente porque é destinada à criação de gado (Foto C), denominada criação extensiva. A soja e umas das produções de monoculturas de grãos encontradas ao longo de quase toda bacia do rio Doce (Foto D) seguidas pelo cultivo de milho, sorgo, feijão e outras cultivos. Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3 5 Figura 3 – Fotos representando o uso da terra (2009). A soja e o milho se tornam quase predominante em termos de ocupação, sustentando uma economia baseada em Complexo-Agroindustrial (CAI), como sendo marca característica do processo de industrialização da agricultura de acordo com Graziano da Silva (1998). Ribeiro (2005) enfatiza em seu trabalho as instalações de CAIS (Complexo-Agroindustriais) juntamente com a produção de monoculturas, como se detecta nas áreas da bacia do rio Doce. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS O método aplicado mostrou-se eficiente, representando a realidade expressa por meio de um modelo espacial computadorizado, podendo ser adequados para aplicação em outras áreas de estudo. As unidades mapeadas nas imagens de 2009 retrataram a diminuição das potencialidades físicas naturais da paisagem, que predominavam no ano de 1984. Demonstrando que a classificação do uso da terra na bacia do rio Doce fora alterada pelas atividades antropicas. Assim, pode-se afirmar que a ocupação da bacia no ano de 2009 esta relacionada às produções agrícolas em maior escala, decorrida das perdas de áreas de pastagens e vegetação ao longo da bacia do Rio Doce. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3 6 BERTONI, J. C. LOMBARDI NETO, J. Conservação do solo. 4 ed. São Paulo – SP: Icone. 355 p.1999. EMBRAPA. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. Serviço de Produção de Informação – SPI. Brasília: DF. 412 p.1999. GRAZIANO DA SILVA, J. A nova dinâmica da agricultura brasileira. 2 ed. Campinas: SP – UNICAMP. IE. 211 p.1998. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Cartas topográficas de escala 1: 100.000 (folhas SE-22-V-D-V, SE-22-V-D-V-VI, SE-22-Y-B-III e SE-22-Z-A-I). Disponível em: <http://www.ibge.gov.br>. Acesso em: 15 set. 2009. INPE. Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Catálogo de Imagens – CDSR. Disponível em: <http://www.dgi.inpe.br/CDSR/>. Acesso em: 14 set. 2009. INPE. Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – Divisão de Processamento de Imagens – DPI. Disponível em: <http://www.dpi.inpe.br/spring/>. Acesso em: 11 jun. 2009. RAMALHO FILHO, A.; BEEK, K. J. Sistema de avaliação da aptidão agrícola das terras. 3. ed. Rio de Janeiro: Embrapa/CNPS, p 65. 1994. RIBEIRO, D. D. Agricultura “caificada” no Sudoeste de Goiás: do bônus econômico ao ônus sócio-ambiental. 264 f. Tese (Doutorado em Geografia) – Instituto de Geociências, Universidade Federal Fluminense, Niterói (RJ), 2005. SIEG. Sistema Estadual de Estatísticas Informações Geografias de Goiás. Disponível em: <http://www.sieg.go.gov.br>. Acesso em: 22 jul. 2009. Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3 7