O avanço da urbanização nas áres de manguezais no município de

Propaganda
Auto Adriano Pereira Rodrigues
Co-autores Fábia Vanessa Fernandes da Silva Ataide
Alysson Pereira de Lucena
Alexandre Ferreira da Silva
Universidade Estadual da Paraíba
[email protected]
O avanço da urbanização nas áreas de manguezais no município de Bayeux PB
INTRODUÇÃO
Desde o surgimento da Geografia como Ciência que a mesma vem se
preocupando com as relações sócio-ambientais e através de seus métodos tenta
compreender a dinâmica da natureza assim os impactos causados pelas ações humanas,
especialmente de grande capital. Isso consolida a teoria que é aceita por diversos
autores, ao enfatizar que o homem é o principal agente transformador do meio.
O presente trabalho tem como objeto de as comunidades ribeirinhas - Porto da
Oficina e Casa Branca - localizadas no município de Bayeux PB, sobretudo as relações
sociedade - natureza estabelecidas no contexto atual.
O tema surgiu da preocupação em querer entender a relação entre as referidas
comunidades e o ecossistema manguezal, demonstrando que o mangue não é um
empecilho ou obstáculo e sim um conjunto dinâmico natural com capacidade de
fornecer diversos produtos seja para o consumo humano ou para bens de serviços, como
madeira para construção de barcos e etc.
No Brasil e no mundo desde o recém concluído século XX vem acontecendo
transformação que nunca ocorrera antes, principalmente com a revolução industrial e a
modernização tecnológica o meio ambiente sofreu impactos profundos, já que as
exigências industriais eram maiores do que quando se fabricava artesanalmente, A
procura por matéria prima aumentou significantemente com o objetivo de manter as
indústrias funcionando a toda capacidade. A natureza era explorada sem nenhuma
preocupação, acreditando que seus recursos eram inesgotáveis.
As relações do homem moderno com a natureza têm causado profundas
transformações no meio natural. No ocidente o homem, com sua visão antropocêntrica
embasada principalmente nas idéias cristãs-judaícas, explorava o meio ambiente como
se estivesse ali para isso, segundo as idéias dessa religião, o homem foi feito a imagem
e semelhança de Deus, e que isso lhe dar o direito de posse sobre todas as coisas
existentes na Terra (DREW, 1983).Nos tempos mais recentes a Geografia retoma a
discussão sobre a relação sociedade – natureza e a busca por novos conhecimentos em
torno desta relação.
OBJETIVO GERAL
Analisar os impactos socioambientais nas comunidades ribeirinhas do município de
Bayeux PB
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Caracterização da área de mangue em Bayeux
Localização da área pertencente à análise
Analisar dados referentes a questão ambiental local
Procedimentos e técnicas utilizadas
A pesquisa se depara com uma importância primordial que é a de, através de
uma investigação científica, analisar a importância da relação entre as comunidades
ribeirinhas (sociedade) e natureza e, até mesmo a dependência de sobrevivência das
referidas comunidades do ecossistema de manguezal.
Dessa forma foram percorridas as seguintes etapas:
a) Pesquisa bibliográfica
Foram
realizadas
pesquisas
bibliográficas
em:
livros,
monografias,
dissertações e artigos. Esse tipo de pesquisa busca conhecer toda documentação possível
com o objetivo de catalogar o máximo de informações sobre o referido tema.
Este levantamento foi feito nas bibliotecas da UEPB (Guarabira), UEPB
(Campina Grande), UFPB, SESC, SENAC, PRODEMA, Biblioteca setorial da UFPB,
Biblioteca do Espaço Cultural e também em sites na internet.
b) Visita às áreas de pesquisa
As visitas às áreas de pesquisa são indispensáveis para o sucesso do trabalho. O
conhecimento que a população local detém e transmite através da oralidade é de suma
importância para o pesquisador. Nesse caso fez-se necessário várias visitas ao local . Foi
através dessas visitas que pode se obter várias informações necessárias a pesquisa. Vale
destacar que essa técnica proporciona viver, conhecer e analisar a área, participando
diretamente dos problemas locais.
A visitação as áreas de pesquisa deu uma nítida visão de como sobrevivem os
pescadores locais. O respeito pelo manguezal é nítido mesmo que submetidos a
situações adversas.
c) Consulta a órgãos públicos
Foi de grande importância a consulta aos órgãos públicos que possam fornecer
qualquer informação de interesse da pesquisa, todavia, ou há uma escassez de dados ou
as informações estão desatualizadas. Porém os dados são de grande valia porque dão
condições ao pesquisador de fazer uma analise da situação atual e anterior. Então as
consultas aconteceram nos seguintes órgãos:
 Prefeitura Municipal de Bayeux
 SUDEMA
 Polícia Florestal
 IBAMA
d) Registro fotográfico
O registro fotográfico foi tão importante quanto as etapas anteriores. Através
dela o pesquisador tem a condição de fazer uma analise ilustrativa da área. O registro
fotográfico foi feito nos respectivos locais de pesca, de forma a mostrar através das
imagens um pouco do cotidiano dessas comunidades.
e) Tabulação e analise de dados
A tabulação dos dados se deu em gabinete com o auxílio dos programas Word e
Excel, os dados foram catalogados no campo e tabulados em gabinete. Após esta etapa
iniciou-se a analise das informações coletadas em campo, que associadas ao referencial
teórico metodológico resultaram no trabalho ora descrito.
CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
O município de Bayeux (MAPA 01) localiza-se na planície flúvio-marinha do
complexo do estuário do Rio Paraíba, localizado na microrregião da Mata Paraibana,
mais precisamente na microrregião de João Pessoa. Sua geomorfologia apresenta
basicamente dois compartimentos: o primeiro ao Norte identificado como a parte baixa
do município, onde se localiza a planície flúvio-marinha, e o segundo onde fica a parte
Sul, o baixo planalto costeiro que também se conhece por tabuleiros.
Localização do município de Bayeux – PB
ESTADO DA PARAÍBA
LOCALIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE BAYEUX NA MESORREGIÃO DA DA MATA PARAIBANA
-
OC
Belém do
Brejo do Cruz
EA N
São José do Brejo do Cruz
Catolé do Rocha
Brejo
dos Santos
Uiraúna
Vieirópolis
Jericó
G RA N D E
Paulista
São Francisco
Pombal
Logradouro
Bom Jesus
Várzea
Cachoeira
dos Índios
São José da
Lagoa Tapada
Condado
Cajazeirinhas
C EA RÁ
Carrapateira
São José
de Piranhas
Santa
Teresinha
Igaracy
Piancó
Monte
Horebe
Serra Grande
Bonito de Santa Fé
Olho d'Água
Mãe d'Água
Pocinhos
Soledade
Salgadinho
Boa
Ventura
Matinhas
Santana
de Mangueira
Gurjão
Campina
Grande
Boa Vista
Parari
São João do Cariri
São José
dos Cordeiros
Caldas
Brandão
Cruz do
Espírito Santo
Riac hão
do Poç o Sobrado
São José
dos Ramos
Santa
Rita
Bayeux
JOÃO
PESSOA
São Miguel
de Taipu
Conde
Queimadas
Fagundes
Pilar
Itabaiana
Itatuba
Salgado de
São Félix
Juripiranga
Pedras de
Fogo
Pitimbu
Caaporã
Boqueirão
Aroeiras
Barra de Santana
São Domingos
do Cariri
Ouro Velho
Alhandra
Cabaceiras
Amparo
Santa Inês
Gurinhém
Ingá
Assis
Chateaubriand
Caturité
Serra Branca
Água
Branca
Tavares
Sapé
Mogeiro
Livramento
Curral
Velho
Gado Bravo
Natuba
Prata
Princesa
Isabel
Manaíra
Serra Redonda Juarez Távora
Massaranduba
Puxinanã
Santo André
Juru
Conceição
Mari
Alagoa Grande
Lagoa Seca
Taperoá
Coxixola
Umbuzeiro
Sumé
Barra de
São Miguel
Caraúbas
São José
de Princesa
Riacho de
Alcantil
Santo
Antônio
Santa Cecília
Congo
Monteiro
Camalaú
PERN
Mesorregião da Mata Paraibana
Zabelê
A M BU
CO
São João do Tigre
São Sebastião
do Umbuzeiro
Escala original: 1:500.000
MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO
FUNDAÇÃO INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA
FONTE: IBGE, 2005.
Escala: 1: 22000
Bayeux
Mulungu
S. Sebastião de
Lagoa de Roça
Passagem
Cacimba
de Areia
Imaculada
Nova Olinda
Lucena
Capim
Cabedelo
Alagoa
Nova
Montadas
Teixeira
Pedra
Branca
Ibiara
Areial
Desterro
Santana
dos Garrotes
Cuité de
Mamanguape
Alagoinha
Esperança
Maturéia
Itaporanga
Diamante
São José
do Bonfim
Itapororoca
Guarabira Araçagi
Algodão de Jandaíra Areia
Olivedos
Juazeirinho
Assunção
Areia de
Baraúnas
Pilõezinhos
Cuitegi
Tenório
Cacimbas
São José
de Caiana
Serraria
Marcação
Rio Tinto
Pilões
Quixaba
Catingueira
Baía da
Traição
Cima
Mamanguape
Pirpirituba
Borborema
Arara
Seridó
Junco do Seridó
Emas
Solânea
Remígio
Santa
Luzia
Patos
Aguiar
Bananeiras
Lagoa
de Dentro
Serra
Duas
Belém da Raiz Estradas
Curral de
Sertãozinho
Casserengue
Cubati
São Mamede
Malta
Coremas
Barra de
Santa Rosa
São José
do Sabugi
São José de
Espinharas
São Bento
de Pombal
Nazarezinho
Cajazeiras
Sossêgo
Pedra
Lavrada
Vista
Serrana
Mataraca
Jacaraú
Caiç ara
Pedro
Régio
Nova
Palmeira
IC O
São Domingos
de Pombal
Aparecida
Riachão
Dona Inês
Cacimba
de Dentro
Damião
ÂNT
Sousa
Marizópolis
Tacima
Araruna
Baraúna
São João do
Rio do Peixe
Santa Helena
Cuité
Picuí
Mato Grosso
Lagoa
A TL
Santa
Cruz
N O R TE
Nova Floresta
São Bento
Lastro
Poço de
José de
Moura
Triunfo
DO
Frei
Martinho
Riacho
dos Cavalos
Bom
Sucesso
Santarém
O
RI O
Poço Dantas
Bernardino
Batista
Brejo do Cruz
C IBGE
-7°30'
A vegetação predominante é o mangue, que na parte Norte ainda encontra-se
bastante preservada e ao Sul praticamente extinta, em função do avanço habitacional
que se concentra principalmente nessa área, com a ocorrência de algumas espécies
como a Rhizophora mangle e o Laguncularia racemosa ou mangue branco. O clima que
predomina é o tropical As, com pluviosidade acima de 180.00mm anuais e temperaturas
médias de 26 ºC (RODRIGUES, 2000 apud MAGALHÃES JR, 2003).
O rio Sanhauá é um rio importante do ponto de vista histórico, pois foi a porta de
entrada dos portugueses que fundaram a cidade de João Pessoa e, infelizmente, é o
principal receptor de esgoto da capital. Enquanto a cidade crescia em direção ao mar,
para o rio que foi o local de sua fundação só sobraram os dejetos dos habitantes. O nível
de poluentes é acentuado, pois não existe tratamento de esgotos.
A situação do rio Paroeira não é diferente assim como o Sanhauá, ele recebe os
esgotos sem tratamento provenientes da cidade de Bayeux, além de outros tipos de
resíduos lançados pelas populações ribeirinhas e efluentes industriais.
Mesmo poluídos esses rios nos revelariam uma linda paisagem se não fosse a
condição precária das populações que residem às margens dos mesmos. Devido a
grande precariedade das comunidades ribeirinhas, o município de Bayeux, literalmente,
escondeu seus elementos naturais que se transformaram apenas em receptores de dejetos
e abrigos das pessoas que não tinham para onde ir.
A cidade padece da maioria dos problemas estruturais característicos do sistema
capitalista. Ao longo dos últimos 40 anos a população cresceu num ritmo acelerado e
passou de 17.338 para 87.561 mil em 2000 tendo assim a maior densidade demográfica
do estado atualmente com 3.186,05 hab/km2 (SALES, 2005).
RESULTADOS E DISCUSSÕES PRELIMINARES
Da população residente em Porto da Oficina , mais de 45% mora a mais de 15
anos. São pessoas que formaram famílias, muitas vezes depois que chegaram para morar
na comunidade e em vários casos já existe a terceira descendência familiar, ou seja, já
nasceram netos dos primeiros moradores dessa comunidade. O crescimento da
população local vem contribuindo para um contínuo aterramento das áreas de mangues,
pois as famílias tendem a construir suas casas por trás das casas já existentes. Conforme
a foto , não há um planejamento adequado, as construções são totalmente desordenadas.
Atividades econômicas da população de Porto da Oficina
A pesquisa mostrou que a comunidade de Porto da Oficina é, em sua maioria
pesqueira, pois, 75% da população vive da pesca, a qual realiza diversas atividades
pesqueiras, conforme os instrumentos utilizados, como: a pesca com a rede de tomada,
com a rede de arrasto, a tarrafa e outros. O restante da população está ocupada da
seguinte forma: 16% trabalha em atividades comerciais e de serviços na capital, haja
vista o pouco desenvolvimento dessas atividades em Bayeux; 7% trabalha em indústrias
no próprio município e 2% são aposentados .
População da comunidade de Casa Branca
A população de Casa Branca é mais antiga que a de Porto da Oficina. A
pesquisa demonstra que mais de 50% vive na comunidade a mais de 15 anos e também
são famílias que em sua maioria se constituíram na própria comunidade.
A ocupação da área de mangue se deu por vários motivos, desde a facilidade de
se conseguir uma casa, até o fato de estar próximo do trabalho, para aqueles que vivem
da pesca e, até mesmo o caso das pessoas que trabalham na capital, mas não têm
condições de morar lá, então freqüentemente, procuram um lugar onde o solo seja
barato e próximo do trabalho.
Atividades econômicas da população de Casa Branca.
Da mesma forma que Porto da Oficina, Casa Branca também tem a pesca como
atividade principal, aproximadamente 70% da população vive disso, porém, nessa
comunidade não há um produto que se destaque. Os pescadores consideram o preço do
produto no mercado como o maior incentivo para a pesca, mesmo a captura sendo
difícil. O restante da população trabalha em outras atividades, sendo: 18% no comércio
e 8% na indústria. A classe operária está distribuída entre as cidades de Bayeux, Santa
Rita e João Pessoa e os 4% restantes são aposentados ou pensionistas .
REFERÊNCIAS
ANDRADE, Plauto Mesquita. Enciclopédia dos manguezais paraibanos. João
Pessoa: Correio da Paraíba, 1976..
CABRAL, Gutemberg José da Costa Marques. A legislação a ser aplicada em defesa
do manguezal. João Pessoa: Gráfica Borges, 1999.
CASTRO, Iná Elias de (org.). Geografia conceitos e temas. Rio de Janeiro: Bertrand
Brasil, 2005.
CASTRO, Josué de. Homens e caranguejo. Rio de Janeiro: Civilização brasileira,
2003.
DREW, David. Processos interativos homem-meio ambiente. Rio de Janeiro:
Bertrand Brasil, 1989.
HAESBEART, Rogério O mito da desterritorialização. Rio de Janeiro: Bertrand
Brasil, 2004.
KOGA, Dirce. Medidas de cidades, entre territórios de vida e território vividos. São
Paulo: Cortez, 2003.
MARCELINO, R. L. Diagnóstico sócio ambiental do estuário do Rio Paraíba do
Norte-PB com ênfase nos conflitos de uso e nas interferências humanas e sua área
de influencia direta. Dissertação de Mestrado. UFPB, PROEMA. João Pessoa, 2000.
MARTINS JR, Everaldo Virgínio. Projeto Rio Paraíba: gestão ambiental integrada da
região estuarina. UFPB, João Pessoa, 2000.
MENEZES, Cláudio Luiz. Desenvolvimento urbano e meio ambiente: a experiência
de Curitiba. Campinas: Papirus, 1996.
SCHAEFFER NOVELLI, Y. Manguezal: ecossistema entre a terra e o mar. São Paulo:
Cariblem Ecological Research, 1993.
SALES, Luiz Gustavo de Lima. Da natureza natural a natureza social – os caminhos
da relação entre sociedade e mangue no município de Bayeux. Dissertação de Mestrado,
Natal, 2005.
WALLACE, Bruce. A humanidade suas necessidades, ambiente, ecologia. Rio de
Janeiro: LTC, 1978.
.VANNUCCI, Marta. Os manguezais e nós. São Paulo: Edusp, 2003.
Download